Revista Linha Direta

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Já curtiu a página do Sintetel no Facebook? Essa é a ferramenta mais rápida para ficar por dentro de tudo o que acontece nas operadoras, prestadoras de serviço e no teleatendimento. A principal rede social do momento é mais uma forma de integrar trabalhadores e Sindicato. O Facebook do Sintetel traz links diretos para as notícias postadas no site da entidade. São informações que abordam também temas como política, economia e o setor de telecomunicações de forma mais ampla. O objetivo é deixar o trabalhador o mais informado possível de uma maneira rápida, fácil e gratuita. Por lá, também divulgaremos a agenda de eventos do Sindicato, desde assembleias até festas. Então não perca tempo e curta logo o Sintetel no Facebook!


Linha

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Entrevista – “Administrar dinheiro público exige muito

mais responsabilidade do que administrar nosso próprio dinheiro” Em entrevista, José Carlos Guicho, atual diretor de finanças do Sintetel, fala sobre sua vida e sobre a saúde financeira do Sindicato.

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Meio Ambiente – O que fazer com o lixo da Copa? Especialistas em sustentabilidade se reúnem para discutir o destino correto dos resíduos sólidos durante o período da Copa do Mundo de 2014.

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Tecnologia – Para cada perfil, um jogo eletrônico O mercado brasileiro de games se mantém aquecido, mesmo tendo que enfrentar os altos impostos e a pirataria.

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Capa – Qual o futuro que queremos? Rio+20 e Código Florestal agitaram debate sobre o meio ambiente no primeiro semestre do ano.

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Cultura – O futuro incerto da TV Cultura A reestruturação da emissora ainda gera desconfiança sobre um possível processo de privatização.

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EDITORIAS 4 – Editorial

26 – Mulher

8 – Saúde

28 – Aconteceu 33 – Passatempo

17 – Aposentados 24 – Economia

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ARTIGOS 32 – Três processos João Guilherme Vargas Netto 34 – Poemas – Fim de uma paixão e Que pena! Artigo do Leitor

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EDITORIAL

A sustentabilidade está em pauta Recentemente o mundo voltou seus olhos para o Brasil, mais precisamente para o Rio de Janeiro. A cidade foi palco da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. A Rio+20 foi assim conhecida porque marcou os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92).

DIRETORIA DO SINTETEL Presidente: Almir Munhoz Vice-Presidente: Gilberto Rodrigues Dourado Diretoria Executiva: Cristiane do Nascimento, Fábio Oliveira da Silva, José Carlos Guicho e Marcos Milanez Rodrigues. Diretores Secretários: Alcides Marin Salles, Ana Maria da Silva, Aurea Meire Barrence, Germar Pereira da Silva, José Clarismunde de Oliveira Aguiar, Maria Edna Medeiros e Welton José de Araújo.

Almir Munhoz, presidente do Sintetel

Nosso País vive um momento de busca pela conscientização ecológica. Além da realização da Rio + 20, tivemos a recém aprovação do novo Código Florestal. Infelizmente, os resultados não foram ideais. Se por um lado o novo Código não agradou os ambientalistas, a Rio + 20 repetiu o ultrapassado plano de falsas soluções que ficam no campo das intenções, não apresentando nada de concreto. Não existem prazos, nem medidas concretas (como o Protocolo de Kyoto), que nos deem alguma garantia. Diferente da ECO92, na qual o mundo se inflou de esperança e ações para agir na defesa de um mundo sustentável, a Rio+20 teve mais nome que ação. Nós, dirigentes do Sintetel, entendemos que é importante qualquer iniciativa que tenha por objetivo preservar os recursos naturais e a redução de resíduos sólidos. O Planeta não pode mais sofrer com as agressões. Algo tem que ser feito pela preservação da natureza. Nesta edição, reservamos duas matérias sobre o tema ecologia e sustentabilidade, sendo que uma delas é a principal, a matéria da capa.

Jurídico: Humberto Viviani juridico@sintetel.org.br OSLT: Paulo Rodrigues oslt@sintetel.org.br Recursos Humanos: Sergio Roberto rh@sintetel.org.br COORDENAÇÃO EDITORIAL Diretor Responsável: Almir Munhoz Jornalista Responsável: Marco Tirelli (MTb 23.187) Redação: Emilio Franco Jr. (MTb 63.311), Marco Tirelli Estagiárias: Renata Sueiro e Renata Moraes Diagramação: Agência Uni (www.agenciauni.com) Fotos: F.F. Fotografia e Jota Amaro Colaboradores: João Guilherme Vargas Netto, Paulo Rodrigues e Theodora Venckus Impressão: Gráfica Unisind Ltda. (www.unisind.com.br) Distribuição: Sintetel Tiragem: 10.000 exemplares Periodicidade: Quadrimestral Linha Direta em Revista é uma publicação do Sindicado dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo | Rua Bento Freitas, 64 Vila Buarque | 01220-000 | São Paulo SP | 11 3351-8899 www.sintetel.org | sintetel@sintetel.org.br SUBSEDES ABC: (11) 4123-8975 sintetel_abc@uol.com.br Bauru: (14) 3231-1616 sintetel_bru@uol.com.br Campinas: (19) 3236-1080 subtel.cas@terra.com.br R.Preto: (16) 3610-3015 subribeirao@sintetel.org.br Santos: (13) 3225-2422 subsede.santos@terra.com.br S.J.Rio Preto: (17) 3232-5560 sindicato.sp@terra.com.br V. Paraíba: (12) 3939-1620 sintetel_sjc@uol.com.br O Sintetel é filiado à Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações), à UNI (Rede Sindical Internacional) e à Força Sindical. Os artigos publicados nesta revista expressam exclusivamente a opinião de seus autores.

Almir Munhoz Presidente

Carta “Aprecio muito os temas abordados e a forma dinâmica com a qual tratam destes.” Roberto Novaes Alves – São Paulo

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Diretores Regionais: Elísio Rodrigues de Sousa, Eudes José Marques, Jorge Luiz Xavier, José Roberto da Silva, Ismar José Antonio, Genivaldo Aparecido Barrichello e Mauro Cava de Britto.

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ENTREVISTA

“Administrar verba pública exige muito mais responsabilidade do que administrar nosso próprio dinheiro”. Em entrevista, José Carlos Guicho, atual diretor financeiro do Sintetel, fala sobre sua vida e sobre a saúde financeira do Sindicato por Emilio Franco Jr. e Marco Tirelli

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asado, pai de cinco filhos e avô de quatro crianças, José Carlos Guicho, diretor financeiro do Sintetel, nasceu em Ourinhos e cresceu politicamente em Presidente Prudente. Aos 18 anos, formou-se técnico em edificações e foi trabalhar na barragem da usina de Capivara, em 1975. Em seguida viajou para São Paulo, onde trabalhou nas obras do Cebolão. Em outubro do ano seguinte, foi admitido na Telesp para trabalhar no prédio da Vila Mariana. “Lá era um celeiro de sindicalistas”, conta. De lá também saíram Osvaldo Rossato (ex-presidente do Sintetel) e Almir Munhoz (atual presidente). Em 1977, Guicho foi transferido para Prudente. Lá se formou em Ciências Contábeis com extensão em Economia e Administração. Em janeiro de 1978 se filiou ao Sintetel e, anos depois, tornou-se colaborador da entidade. Foi diretor regional de Bauru e chegou à diretoria executiva como vice-presidente. Na gestão seguinte, passou a comandar as finanças do Sindicato. Em entrevista a Linha Direta em Revista, Guicho conta sua história e faz um balanço de sua gestão como diretor financeiro. Linha Direta em Revista: Como foi seu início no setor de telecomunicações?

José Carlos Guicho: Meu primeiro cargo na Telesp foi de auxiliar técnico em mediações de projetos. O objetivo era alinhar as plantas de redes subterrâneas com a de outras empresas para não haver conflitos. Depois, fui para o setor de gerenciamento de contratos. Quando fui transferido para Prudente, cheguei quando a Telesp encampou as empresas regionais, fez as expansões e instalou o DDD. Fui para o interior com a intenção de ser projetista, mas como a mão de obra era escassa, virei também gerenciador de contratos e fiscal de obras. Enfim, eu era um coringa. Foi ótimo, pois aprendi muito. LDR: Como começou sua vida sindical? JCG: O ex-presidente Rossato era meu chefe na época. Ele era delegado sindical e eu, desde 1982, era colaborador. Algum tempo depois, ele voltou para São Paulo e eu fiquei na vaga dele. Não tínhamos a facilidade que se tem hoje, nosso trabalho sindical era difícil. Acompanhávamos os processos que os trabalhadores moviam contra a empresa na região. Na greve de 1990, nosso grupo se destacou. Não tínhamos experiência em paralisação, mas nosso pessoal ganhou os trabalhadores no convencimento. A Vanda, a Célia e o Emildo se destacaram e conseguimos parar LINHA DIRETA em revista  5


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Presidente Prudente, Assis e Presidente Venceslau. Em 1998, fui destacado para a diretoria regional de Bauru junto com o companheiro Jorge Luiz Xavier, que foi muito importante na minha vida sindical. Rea-lizamos muitas coisas boas em um momento difícil, pois estavam em curso os PDVs e PDIs na então Telefônica. Não posso deixar de citar dois companheiros que muito me ajudaram, o ex-presidente Geraldo Cardoso e o Dr. José dos Santos Neto. LDR: Como ingressou na diretoria executiva? JCG: Após quatro anos como diretor regional, fui designado para vice-presidente, cargo que ocupei de 2002 a 2005. Quando cheguei, o Sindicato estava começando a organizar o departamento de negociações e também a OSLT (Organização Sindical nos Locais de Trabalho) pela necessidade de reorganizar a nossa base. Após a privatização, havia a necessidade de encontrar meios para adaptar o Sindicato à nova realidade com a chegada de empresas de teleatendimento e prestadoras de serviços.

LDR: Quais são os gastos mais relevantes do Sintetel? JCG: Creio que sejamos o único Sindicato a manter quatro colônias de férias. Temos sete subsedes e uma frota de mais de vinte carros para servir a base. Não adianta ter frota velha porque o custo de manutenção é alto. Fazemos mais de cem mil impressões mensais entre jornais, boletins e revistas. Mantemos ativistas, estruturas físicas da sede e das subsedes. Temos advogados à disposição, setor de homologação e CCP. A entidade mantém mais de 100 funcionários.

O Sintetel representava cerca de 30 mil trabalhadores naquela época, hoje representa mais de 200 mil. Nosso sindicato foi um dos únicos, senão o único, a crescer após a privatização. O departamento de negociações pegou quem efetivamente trabalhava com Telecom e trouxe para a categoria. Hoje, o Sintetel representa toda a cadeia produtiva do setor. Desde os fabricantes até a ponta da instalação.

LDR: Como está a situação financeira do Sintetel?

LDR: O Sr. acredita que sob sua gestão houve avanço na administração financeira do Sindicato?

LDR: Quais são os planos de investimentos futuros?

JCG: Não dá para comparar a atual administração com as anteriores. Isso porque o sindicato cresceu muito. Nós fizemos um novo e informatizado plano de contas. O gasto tem que ser planejado com aplicação da sobra de caixa. Fazemos previsão de gastos. Elaboramos a previsão orçamentária anual e, no final do ano, fazemos o balanço. Tudo é mostrado em assembleia aberta para os associados, responsáveis por aprovar os números. A verdade é que administrar dinheiro público exige muita responsabilidade.

JCG: Meu sonho é instalar lan houses para os trabalhadores. Locais onde eles possam ter internet gratuita. Estamos também negociando com a Telefônica para assumir a administração de alguns Telesp Clubes. Queremos ficar cada vez mais próximo do trabalhador. Uma das minhas metas é formar novos dirigentes sindicais. Outra ideia é usar o casarão para fazer cursos de formação profissionalizante. Nós precisamos formar mão de obra qualificada para o nosso setor. Já fizemos isso no passado e precisamos voltar a fazer. LINHA DIRETA em revista  7

JCG: Positiva. Podemos dizer que o Sindicato está sanado e estamos ampliando a estrutura. Queremos construir um clube campestre. Compramos a subsede em Ribeirão Preto e vamos inaugurá-la até agosto de 2013. Queremos todas as subsedes próprias. Desde que a Unidade na Luta assumiu, o Sindicato cresceu muito.


SAÚDE

Preço mínimo, arrecadação e lucro ao máximo Eficácia da Lei do Preço Mínimo para cigarros divide opiniões. Para os fumantes, sustentar o vício do cigarro está cada vez mais caro

O

por Renata Sueiro

mercado do tabaco brasileiro passou por uma grande reestruturação nos últimos anos. Quem se lembra dos comerciais da Marlboro exibidos na década de 90 e dos maços vendidos a preços pequenos, consegue mensurar essas mudanças. O governo alinhou estratégias e novas medidas na área econômica com o objetivo de controlar a cultura do fumo, a política de preços, a arrecadação tributária e coibir o mercado ilegal no País. Entre as modificações, destaca-se a elevação dos tributos sobre o produto e a implantação da Lei do Preço Mínimo, ocorrida em maio deste ano. Um comparativo de mercado mostra que em 2000, o Brasil mantinha-se entre os países com o cigarro mais barato do mundo. O maço custava pouco menos de um real. Nos anos seguintes o valor apresentou aumentos gradativos. Em 2012, o produto teve reajuste de 41% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O Brasil ocupa a quinta posição no ranking de países com cigarro mais caro do mundo, com base nos fatores salariais e custo de vida. Segundo estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), o Índice de Custo de Vida subiu 0,68% em abril deste ano, impulsionado pela alta no preço dos cigarros.

Eficácia da Lei do Preço Mínimo O aumento de preços é parte de uma política de con8  LINHA DIRETA em revista

trole aplicada pelo Governo Federal. Segundo estudo realizado pelo Ministério da Saúde em 2000, o aumento dos impostos sobre o cigarro é a maneira mais eficaz de reduzir o consumo do produto e elevar a contribuição tributária, principalmente entre os jovens e pessoas de baixa renda. No entanto, as medidas aplicadas drasticamente no começo deste ano dividem opiniões. “Vai ter aumento de contrabando”. Foi com essa frase que o analista e coordenador do núcleo de Projetos da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), José Alberto Schontag, expressou a sua opinião ao jornal online Valor Econômico. Ele afirmou que o reajuste brusco iria fazer com que os consumidores de baixa renda encontrassem alternativas para sustentar o vício. Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com a Souza Cruz – uma das maiores empresas de tabaco do País –, respalda a afirmação do coordenador ao mostrar que o aumento provoca um movimento negativo no setor, entre elas, a migração do consumidor para o mercado ilegal. Inácio da Silva, dono de uma banca de revista na Praça da República, em São Paulo, compartilha da mesma opinião. “O aumento pode impulsionar o crescimento do mercado paralelo, pois quem comprava o cigarro por menor valor, com a alta, pode passar a buscar produtos ilegais”, afirma. Além disso, para Inácio, a Lei do Preço Mínimo não faz diferença no combate aos produtos marginais. “Já faz alguns


Eight, cigarro contrabandeado do Paraguai.

anos que o cigarro legal supera o valor de R$ 3, não vejo utilidade na legislação aplicada”, desabafa. Com o objetivo de impedir as vendas marginais, em 1º de maio entrou em vigor a Lei do Preço Mínimo, que estabelece o piso de R$ 3 no valor dos cigarros. O varejista que não cumprir a lei poderá ter a mercadoria apreendida e fica sujeito a pagar multa e à proibição de venda de cigarros por cinco anos. A medida foi implantada com o objetivo de coibir a evasão tributária que ocorre no setor de cigarros pela prática predatória de preços – quando as empresas reduzem os valores de venda abaixo do seu custo, com o objetivo de eliminar os concorrentes do mercado. Assim, o produto não comporta o montante dos tributos federais e estaduais. O policial federal do departamento de narcotráfico, Cristiano Souza, considera que a medida é positiva para o mercado. “Toda determinação que vem para coibir a ilegalidade deve ser implantada”, declara. Além disso, a fixação de preços mínimos impulsionará a recuperação de arrecadação tributária do setor, direcionando os gastos à saúde pública com doenças

derivadas do tabagismo. Para os teleoperadores Caroline Pirello, 20, e Wesley Gabriel Silva, 19, a mudança tem apenas o objetivo de encher os cofres públicos sem retorno para o brasileiro. “Se o preço continuar aumentando, as pessoas vão comprar os cigarros mais baratos ou deixar de comprar produtos necessários para sustentar o vício”, afirma Caroline. “Acho difícil fiscalizar tantos pontos de venda. Aqui no centro, cigarros como o Eight são vendidos a R$ 2 em quase todos os bares e botecos”, ressalta Wesley.

Campanha pelo cumprimento da medida legislativa Para garantir o cumprimento da nova legislação, a Souza Cruz lançou uma campanha nacional que deve abranger mais de cinco mil municípios brasileiros. Serão distribuídos cartazes, panfletos, anúncios, adesivos e outros materiais de conscientização. Para Andrea Martini, presidente da empresa, a campanha será positiva entre os consumidores e lojistas. “A ação busca construir um ambiente que garanta a sustentabilidade do nosso negócio e o futuro do país”, alega. LINHA DIRETA em revista

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MEIO AMBIENTE

O que fazer com o lixo depois da Copa? Especialistas em sustentabilidade se reúnem para discutir o destino correto dos resíduos sólidos durante o período da Copa do Mundo de 2014

A

por Renata Moraes

reforma ou a construção dos estádios que receberão os jogos da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, estão a todo vapor, mas pouco ainda se fala do destino dos resíduos sólidos - lixo que pode ser reciclado - dessas construções e de todo o evento. Preocupados com essa temática, especialistas em sustentabilidade e entidades do setor debatem o destino e a reciclagem dos resíduos sólidos nas cidades-sede da Copa do Mundo. “O objetivo é discutir a política nacional de resíduos sólidos, sua implantação, os desafios e as perspectivas”, comenta o ex-secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Nabil Bonduki. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, cada brasileiro produz em média 1,1 kg de lixo por dia. O

“As cidades-sede da Copa são prioridade no plano de resíduos sólidos do Ministério do Meio Ambiente”, afirma Nabil Bonduki.

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País coleta diariamente 188,8 toneladas de resíduos sólidos. Desse total, em 50,8% dos municípios, os resíduos ainda têm destino inadequado e vão parar nos 2.906 lixões que o País possui. Apesar da importância que tem para o processo de reciclagem, a coleta seletiva só existe em 443 cidades brasileiras (8% do total), segundo pesquisa feita pela Associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE). Até o ano de 2010, no Brasil não existia uma lei ou algum tipo de política que regulamentava a questão dos resíduos sólidos. Depois de 21 anos de tramitação no Congresso, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi aprovada em 2 de agosto do mesmo ano, durante a segunda gestão do governo Lula. A lei estabelece três principais pontos: fechamento dos lixões até 2014; destinação dos rejeitos (parte dos resíduos que não pode ser reciclada) para os aterros sanitários e elaboração de políticas municipais de resíduos. A meta do Ministério do Meio Ambiente é que o plano nacional seja executado até meados de agosto de 2014, porém o prazo com que os projetos têm sido realizados é um dos fatores de maior preocupação. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro ainda estão muito atrasadas. Segundo Roberto Laureano Rocha, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). “Tudo


Aterro Sanitário do Jardim Gramacho, antes de seu fechamento.

está muito devagar. São Paulo, por exemplo, não tem nem 6% de coleta seletiva”.

do lixo, baseado em três eixos batizados de Brasil sem Lixão, Recicla Brasil e Pró-Catador.

No inicio de junho, depois de 34 anos, deixou de existir oficialmente o Aterro Sanitário do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Considerado o maior lixão a céu aberto do Brasil, recebia até 9,5 mil toneladas de resíduos por dia.

O primeiro terá ações conjuntas entre estados, municípios e governo federal para eliminar todos os lixões até agosto de 2014. O segundo investirá na reciclagem e o terceiro vai estruturar as cooperativas e o trabalho dos catadores. O programa está em fase final de elaboração.

O presidente do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP), José Goldemberg, ressaltou que ações adotadas para receber os jogos de futebol servirão de exemplo para que as cidades-sede, posteriormente, tenham uma política mais séria em relação aos resíduos orgânicos e recicláveis. “A reciclagem ainda é incipiente nos estados brasileiros, mas eu creio que haverá uma tomada de consciência importante porque a Copa vai deixar consequências”, opina. “Se for feito um trabalho adequado, isso permanecerá após o evento”.

O Governo Federal deu o pontapé inicial, mas, para que as exigências desta lei sejam cumpridas, é necessária participação ativa dos governos estaduais e municipais com ações efetivas. E também preparar a população para uma mudança de comportamento em relação à coleta seletiva, benéfica ambiental, social e economicamente.

Investir em uma política de reeducação ambiental é imprescindível. A população continua descartando lixo em locais irregulares e não utiliza os ecopontos adequadamente. Para ajudar a cumprir o plano nacional de resíduos sólidos e reforçar a conscientização da população, o Governo Federal lançou um programa de tratamento

Roberto Laureano Rocha, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) LINHA DIRETA em revista  11


TECNOLOGIA

Para cada perfil, um jogo eletrônico O mercado brasileiro de games se mantém aquecido, mesmo tendo que enfrentar os altos impostos e a pirataria

O

por Renata Sueiro

s jogos eletrônicos estão por toda parte. Quem nasceu entre as décadas de 1960 e 1980 acompanhou de perto a evolução no mundo do entretenimento. Este universo teve início com a criação da máquina de jogos eletrônicos Arcade – semelhante ao fliperama – e dos primeiros consoles domésticos como o Atari 2600. Foi nesse ambiente de novas criações que surgiu o Game Boy – sistema portátil que cabia na palma da mão – e os consoles da Nintendo e da Sega com jogos do Mario Bros e Donkey Kong. Tais joguinhos popularizaram os games no mercado.

Diego Santos, 27 anos, amante de jogos eletrônicos desde pequeno, recorda que o Atari foi o seu primeiro videogame. “Jogava muito o River Ride, era o meu favorito”. Com a evolução tecnológica e a massificação da internet, os games ficaram mais sofisticados. Hoje, os jogadores do mundo todo estão interligados

em tempo real. Os progressos trouxeram uma diversidade de jogos e dispositivos como Sony Playstation 2 e 3, Microsoft Xbox 360, Nintendo Wii, computadores, celulares, Smartphones e iPhones. Com tantas opções, fica difícil definir o público consumidor. Para Daniel Trócoli, diretor executivo da Atrativa Game House, sempre existiu uma concepção errônea sobre os jogos eletrônicos. “Claro que no início os games tiveram forte apelo infantil, mas essas crianças cresceram”, afirma. Atualmente existem jogos para todas as idades. “Em todo lugar as pessoas jogam, seja paciência no escritório, aplicativos no celular enquanto esperam o ônibus ou em redes sociais”, ressalta o diretor. Para Guilherme Tsubota, sócio da 8D Games e diretor da ACIGAMES (Associação Comercial Industrial e Cultural de Games), essa popularização é resultado do grande incremento da indústria nos últimos anos. “Hoje, para cada jogo um perfil de cliente é observado”, explica. No Brasil, o mercado está aquecido. Segundo dados da Newzoo, empresa internacional de estudo e pesquisa no mercado, o País figura na quarta posição do ranking entre os maiores consumidores. São 35 milhões de usuários com idade entre 10 a 65 anos.

Criação: custo e direito autoral O segmento de jogos é maior que das indústrias 12

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fonográfica e cinematográfica juntas. Os custos com ferramentas de criação chegam a ser superiores aos de filmes norte-americanos. O GTA IV teve investimento de 100 milhões de dólares, contra 37 milhões gastos no filme Crepúsculo. O retorno do mercado também é alto. No Brasil, estima-se que até 2016 os jogos eletrônicos devem gerar R$ 3 bilhões para o País. Esse segmento é o mais complicado no que se refere à proteção da obra intelectual. O registro dos jogos não é obrigatório, mas o criador o faz para se resguardar dos plágios e das cópias idênticas. Segundo Renato Opice Blum, presidente do Conselho de Tecnologia da Informação da Fecomércio, nos jogos não se protege a ideia, mas sim o código fonte das imagens, dos textos, dos sons e do conteúdo multimidiático. “Todos devem ser registrados separadamente” alerta.

Segurança da informação Na era da informação e automação, os jogos eletrônicos, principalmente os onlines, sofrem diariamente com práticas ilícitas como a apropriação e divulgação indevida de dados. Para Renato Blum, as empresas devem dobrar os cuidados com a segurança. “Sei de casos em que o usuário teve seus dados fraudados, outros que receberam vírus e até situações de sequestros devido à fragilidade na hora de proteger as informações”, afirma. Para driblar a situação, as empresas investem em equipamentos, gerenciamento e armazenamento de informações e fazem revisões periódicas dos sistemas.

Gargalos Alguns osbstáculos ainda seguram a expansão da indústria brasileira. São três principais gargalos. O primeiro é a falta de mão de obra qualificada. “Falta investimento na educação de profissionais, e isso é um problema”, afirma Guilherme Tsubota. O segundo são os tributos. “Os altos impostos cobrados impedem que o Brasil seja visto como polo de investimento. Consequentemente, as empresas internacionais escolhem países que não são proibitivos, como a Argentina”, lamenta Daniel Trócoli. Para Tsubota, as altas cargas tributárias incentivam a pirataria, terceiro gargalo do setor. Os tributos impactam na acessibilidade e no preço final. Com isso, os jogadores optam por produtos pirateados. “Infelizmente, essa é uma realidade no mercado”, afirma. “É preciso buscar novas formas de cobranças e redução dos tributos”, sugere Trócoli. Para remediar a situação, algumas empresas popularizam seus produtos. A Apple, por exemplo, passou a vender os aplicativos do iTunes a 99 centavos de dólar. As desenvolvedoras de jogos online também sofrem com essa pedra no sapato. Muitas disponibilizam seus jogos por preços irrisórios ou sem cobrar nada, como é o caso da Atrativa Games. “Os usuários pagam uma pequena mensalidade e têm acesso aos jogos com comodidade e segurança”, afirma Trócoli. Mas nem sempre resolve. “Mesmo os jogos sendo de graça, as pessoas pirateiam, isso está na cultura do brasileiro e precisa ser mudado”, desabafa Tsubota. LINHA DIRETA em revista

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CIDADES

Criatividade em alta Estudo mede o desenvolvimento de cidades brasileiras em quesitos que vão além do PIB por Emilio Franco Jr.

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ão Paulo é considerada por muitos como a locomotiva do País. A participação da cidade no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que é a soma de todas as riquezas produzidas, baseia essa ideia. Só que PIB não é suficiente para refletir também o grau de produção cultural, intelectual, de inovação e até mesmo social de um determinado lugar. Essa é a conclusão da Fecomercio paulista ao lançar o “Índice de Criatividade das Cidades”. Elaborado pela instituição durante um ano, o estudo traz novos dados sobre o potencial dos munícipios e estados brasileiros. Para isso, leva em conta não só o PIB - considerado ultrapassado para medir a chamada economia criativa - mas também as conexões, a criatividade e as inovações. “O indicador traz informações inéditas e fornece subsídios para adoção de medidas públicas e privadas”, alerta Guilherme Dietze, da Fecomercio de São Paulo.

Cidades e estados mais criativos E quem são os destaques brasileiros na pesquisa com os 27 estados e as 50 maiores cidades? O campeão no índice geral – soma dos campos econômico, social e criativo – é o Distrito Federal, líder nos dois primeiros quesitos. Perde apenas para o Rio de Janeiro em criatividade. O estado que abriga a cidade maravilhosa, por sinal, aparece em segundo na classificação geral. Resta a São Paulo a medalha de bronze. 14  LINHA DIRETA em revista

A lanterna da pesquisa coube ao Maranhão. Quando o estudo foca nas cidades, São Paulo retoma sua condição de locomotiva. Mas a responsável por isso não é a economia, como se imaginava. Isso porque a pesquisa, neste aspecto, leva em conta outros fatores além do PIB, como a renda por pessoa e o número de empresas por habitantes. Os paulistanos perdem nesse quesito específico para outras cinco cidades. Porto Alegre tem o melhor desempenho. Na média econômica, social e criativa, a capital paulista é o grande destaque. Mérito do fator social, que inclui saúde, segurança, acesso à tecnologia e empregabilidade.

Campinas e Santos Quem surpreende no ranking é Campinas. Quarta colocada geral, a cidade lidera em criatividade, cuja definição ainda é bastante abstrata. Santos é o terceiro município no campo econômico. “Poderia facilmente estar melhor se desse mais atenção para fatores sociais e criativos”, pontua Dietze. Entretanto, a metodologia de análise para esse novo conceito desperta críticas. “Fico preocupada quando falamos que tal lugar é menos criativo e tal cidade é mais”, pondera Ana Carla Fonseca Reis, assessora em economia criativa para a Organização das Nações Unidas (ONU). Para ela, o conceito engloba vários fatores e não pode ser retratado facilmente em da-


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dos. A explicação é simples. Um local criativo não é apenas onde ideias nascem e projetos são postos em prática, mas principalmente o aproveitamento que as pessoas fazem do espaço.

Arte nas ruas A medição deve ser feita pela soma de inventividade, conexão entre os diferentes grupos sociais e cultura, defende a especialista. “Uma cidade com arte nas ruas e boa música coloca o cidadão no contexto da criatividade”, exemplifica ao ressaltar que as pessoas devem ser estimuladas a serem criativas. Isso acontece, por exemplo, na Virada Cultural, que reúne durante 24 horas as mais variadas atrações, grande parte delas de graça, no centro decadente da cidade de São Paulo. O evento atrai público de todas as regiões do município. Mas o ideal são iniciativas que durem mais de um final de semana por ano. Nesse aspecto, Londres serve como referência. Os famosos ônibus de dois andares, por exemplo, propiciavam aos usuários a visão de partes da cidade que poucos notavam. Esses lugares eram geralmente mal cuidados, principalmente embaixo de pontes. O governo, pensando em estimular os passageiros no caminho para o trabalho, resolveu preencher aqueles espaços com grafites e mensagens otimistas. Ou seja, intervenções artísticas na rua também são bem-vindas. Malabaristas em semáforos, músicas nas calçadas e grafites em lugares degradados, tudo colabora para que a cidade se cerque de ideias criativas que ajudam as pessoas a relaxarem em meio à correria do dia a dia.

Call Parade Antenada nesse conceito, a Vivo, que substituiu a marca Telefônica em todo o Estado, inovou durante o processo de troca dos telefones públicos. No lugar dos antigos “orelhões” verdes-limão, espaço para o colorido da nova marca e para intervenções artísticas. O projeto se chama Call Parade. Na tradução livre, seria algo como Parada Telefônica. Alguns telefones receberam cores diferentes e vibrantes e outros ganharam visuais mais arrojados. 16  LINHA DIRETA em revista

Os pedestres que caminham pela Avenida Paulista, um dos locais do projeto, se deparam com orelhões que são verdadeiras obras de arte. A quantidade de pessoas tirando fotos e o visível encantamento delas mostram que pequenas mudanças para tornar as cidades mais criativas ajudam a despertar o senso artísticos e o bom humor. São iniciativas como essa que o estudo da Fecomercio ainda busca formas de medir. A tarefa de incluir o aproveitamento cultural e criativo do espaço público é tarefa complicada. A economista e pesquisadora Lídia Goldenstein resume o problema. “A discussão ainda está muito pobre porque continua atrelada ao velho paradigma, ao jeito antigo de pensar o Brasil”. Por isso, a assessora da ONU, Ana Carla, acredita que o Índice, em uma segunda edição, precisa dar menos atenção para a questão econômica e mais para o aproveitamento do espaço criativo. Pena que o exemplo da Vivo seja apenas temporário.


APOSENTADO

Da Ucrânia para a CTB Vindo de família de cinco irmãos, o ucraniano Stefan Fediczko nasceu em 1934 numa pequena cidade na fronteira com a Polônia chamada Starjava por Marco Tirelli

S

tefan Fediczko viveu sua infância em plena Segunda Guerra Mundial. No início, em 1941, os alemães invadiram a Ucrânia. “Meu pai e minha madrasta foram capturados para trabalhar a troco de comida em uma fazenda na Áustria”, conta. Enquanto seus pais trabalhavam, Stefan frequentava a escola alemã; assim ele estudou por dois anos, foi alfabetizado e aprendeu seu segundo idioma. Ele conta que o sistema era muito rígido e que as crianças não brincavam. “Após as aulas, éramos designados pelos nazistas para levar lanche aos prisioneiros italianos e franceses que estavam trabalhando nos campos”, recorda. Stefan recorda que os dois anos na escola alemã foram terríveis. “Estávamos em aula, de repente tocava a sirene e saíamos correndo para nos esconder no abrigo antiaéreo”, lembra. “Quando terminavam os bombardeios, saíamos às ruas e só víamos fumaça e destruição”. Em 1944, todas as aulas foram suspensas devido à intensidade dos bombardeios. Após a guerra, até 1947, a família permaneceu em um campo de refugiados sustentado pela ONU (Organização das Nações Unidas). Quando as escolas reabriram, Stefan foi obrigado a estudar em uma instituição polonesa por um ano. Assim, aprendeu seu terceiro idioma. Quando os aliados conseguiram instalar uma escola ucraniana, Stefan estudou nela por

mais dois anos. Como no campo havia gente de diversas nacionalidades, era preciso repatriá-las. A opção era permanecer na Áustria ou imigrar para Austrália, Brasil, África do Sul ou América do Norte. “Meu pai escolheu o Brasil”, lembra Stefan. Em junho de 1947, a família Fediczko desembarcou no porto do Rio de Janeiro. A exceção foi sua irmã mais velha, que já era casada e o marido queria ir para Inglaterra. Após 15 dias na cidade maravilhosa, a família viajou para São Paulo, onde existia um programa social do governo em parceria com a ONU que abrigava os refugiados. “Certo dia chegou ao abrigo um capataz italiano recrutando imigrantes para trabalhar na lavoura de café. Então lá fomos nós para o município de Colina, interior do Estado”, conta Stefan. A fazenda de café pertencia a uma tradicional e rígida família da região. Eles eram obrigados a comprar mantimentos no armazém da fazenda. “Não estávamos acostumados com a comida brasileira, nós consumíamos mais massas e farinha, o que era muito caro na época. A conta de nossa família no armazém era altíssima e com o que ganhávamos na lavoura não conseguíamos pagar a dívida”, relembra. O pai de Stefan não se conformou com a situação. LINHA DIRETA em revista  17


18 DIRETAem emrevista revista 18   LINHA LINHA DIRETA


Com as poucas joias que a família havia trazido da Ucrânia, saudou a dívida e foram para Barretos. Lá, seu pai foi trabalhar como marceneiro. Com a convivência com a criançada brasileira, Stefan aprendeu seu quarto idioma.

No dia 31 de dezembro de 1982, Stefan trabalhou pela última vez como funcionário da Telesp após 29 anos de empresa.

Algum tempo depois, a família transferiu-se para São Paulo e Stefan aprendeu, com seu pai, o ofício de marceneiro.

Stefan Fediczko associou-se ao Sintetel em 1º de fevereiro de 1956. “Nós contribuímos voluntariamente para construir a atual sede do Sintetel. Nós doávamos um salário descontado em dez vezes para levantar o prédio que está aí hoje”, orgulha-se. Em seguida, os trabalhadores também se mobilizaram para construir as colônias de férias com o mesmo sistema de contribuição voluntária. “Eu sempre participava das reuniões e das assembleias”, salienta.

Admissão na CTB Em 1953, Stefan Fediczko estava com 19 anos de idade quando foi admitido na Companhia Telefônica Brasileira para ocupar o cargo de marceneiro nos barracões da Rua Garibaldi. Quando Stefan foi preencher a ficha de admissão, precisou citar qual idioma falava. “Eu escrevi lá que falava alemão, polonês, ucraniano e português. O chefe chamou o pessoal e disse: ‘olha, temos um poliglota’. Foi uma situação muito engraçada”, diverte-se.

Associado número 7016

Em 1957, Fediczko casou-se com Stela e constituiu família. O casal tem dois filhos, quatro netos e uma bisneta de cinco meses.

Após a aposentadoria, Stefan conta que montou uma empresa e prestou serviços para a Telesp por mais 15 anos. Em 1998, veio a privatização e os espanhóis acabaram com tudo. Desde 2003, Stefan reside no município de Piracaia, onde leva uma vida tranquila ao lado da esposa. Mas faz questão de não perder o vínculo com o Sintetel e por isso comparece em todos os eventos voltados aos aposentados.

Após 17 anos de empresa, em 1970, Stefan foi promovido a chefe de setor. “Passei a coordenar as áreas de marcenaria, relojoaria e obras civis e dávamos manutenção em toda Capital e Grande São Paulo”, explica.

Uma grande alegria na vida deste experiente ucraniano foi o reencontro com sua irmã, que reside na Holanda. “Após 53 anos, por meio da Cruz Vermelha dos Estados Unidos, descobri o paradeiro dela e fui visitála, foi uma emoção muito grande”, comemora.

LINHA DIRETA em revista

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CAPA

Qual o futuro que queremos? Rio+20 e Código Florestal agitaram debate sobre o meio ambiente no primeiro semestre do ano por Emilio Franco Jr. e Renata Moraes

Há exatos 20 anos, a cidade do Rio de Janeiro tornouse a capital mundial da ecologia ao sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (conhecida como Cúpula da Terra ou Eco 92). E a história se repetiu com a RIO+20, também conhecida como a Conferência Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. A Rio+20 aconteceu entre os dias 13 e 22 de junho. O evento reuniu chefes de Estado e governo de 193 nações, além de milhares de participantes da sociedade civil, com o objetivo de debater os rumos que o planeta deve tomar em relação ao crescimento sustentável e as formas de reduzir as agressões ao meio ambiente. As discussões oficiais foram baseadas em dois temas: “a economia verde” e “a erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”. Os debates mais aprofundados também abordaram questões como balanço dos últimos 20 anos em relação ao meio ambiente e os direitos das mulheres, vis20  LINHA DIRETA em revista

tas como protagonistas desta nova sociedade.

Cúpula dos Povos Organizada pelo Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20, a Cúpula dos Povos aconteceu em paralelo à discussão principal da Conferência. O objetivo foi discutir Justiça Social e Ambiental. O evento reuniu cerca de 15 mil representantes da sociedade civil e de movimentos sociais de vários países entre os dias 15 e 23 de junho, no Aterro do Flamengo. As discussões giraram em torno das causas e de possíveis soluções para a crise socioambiental e também do fortalecimento dos movimentos sociais no Brasil e no Mundo. Passados 20 anos da discussão inicial da Rio 92, os participantes da Cúpula alegam que nada mudou e que as ações da ONU não foram cumpridas. A pauta sugerida pela Rio+20 sobre economia verde é considerada insatisfatória pelos movimentos, devido aos modelos de produção e consumo capitalistas.


Cúpula dos Povos reprova o resultado da Rio+20

Presidenta Dilma Roussef defende o documento final da Conferência Rio+20

Protestos e Reinvindicaçoes marcaram a RIO+20

Greenpeace apresentou a proposta de desmatamento de popular

Documento final: O futuro que queremos Após muitas discussões e negociações, o documento final “O Futuro que Queremos” foi assinado pelos chefes de Estado e governo, tendo como principais questões o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a manutenção dos princípios da Rio+20 e a criação dos Objetivos de Desenvol-

A Rio + 20 serviu de inspiração para a clássica escultura de areia da Praia de Copacabana, tendo ao fundo o Forte, onde foi realizado o Humanidade 2012

vimento Sustentável para 2015. O documento final englobou temas como fim da pobreza, ampliação da capacidade de estratégias ambientais e criação de um conselho com todos os estados membros da ONU e de um fórum para discutir a sustentabilidade. Ficou acordado que o conceito de economia verde será trabalhado de acordo com as LINHA DIRETA em revista

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características dos países.

com maciço apoio da sociedade civil.

O governo analisou a Conferência como positiva, não apenas pelo relatório conclusivo, mas por todas as discussões e pela efetiva participação dos países.

O imbróglio começou ano passado. A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de Lei do novo Código Florestal mesmo com a orientação do governo para que a base aliada votasse contra. Assim, o texto seguiu os trâmites normais e foi para o Senado Federal. Por lá, os parlamentares modificaram diversos pontos que desagradavam ambientalistas e a equipe do governo.

Mas as resoluções da Rio+20 receberam muitas críticas dos ambientalistas e dos movimentos sociais, que o classificaram como “pouco ambicioso” e sem “ações concretas” para o desenvolvimento sustentável. Para protestar, integrantes da sociedade civil assinaram uma carta endereçada aos governantes com o título de “A Rio+20 que não queremos”, na qual classificaram o texto da conferência como fraco. O documento oficial “o futuro que queremos” deixou a desejar em relação aos avanços conquistados nos últimos 20 anos, desde a Rio 92. A carta dos movimentos sociais diz que a sociedade civil não aceita o texto da Rio+20 e expressa decepção com os resultados e com as decisões tomadas. Mais de mil ambientalistas e representantes das ONG’s assinaram a carta aberta para demonstrar a indignação popular. “Registramos nossa profunda decepção com os chefes de Estado, pois foi sob suas ordens e orientações que trabalharam os negociadores e esclarecemos que a sociedade civil não compactua nem subscreve esse documento”, diz um trecho da carta. O Sintetel se junta às vozes críticas e reintera que o documento final da Rio+20 deixou a desejar. “A população está cada vez mais consciente de que é preciso crescer com a preservação do meio ambiente. O documento deveria ser mais ambicioso e estabelecer metas rígidas para os países”, afirma Almir Munhoz, presidente do Sintetel.

Código Florestal Outro tema ligado ao verde que ocupou as discussões populares no primeiro semestre deste ano foi a votação do novo Código Florestal brasileiro. De um lado, os ruralistas, e de outro, os ambientalistas. A diferença é que enquanto os primeiros estavam isolados na defesa de seus interesses, o segundo grupo contava 22 LINHA DIRETA em revista

Com as mudanças, a proposta continuou a não ser ideal para os defensores do meio ambiente, mas incomodava muito mais os donos de terras produtivas. A percepção, à época, era de que os defensores do verde sairiam vitoriosos, mesmo com pequenos reveses. Mas como existiram alterações no projeto aprovado inicialmente, a norma do Congresso Nacional manda o texto voltar para a casa de origem. Na Câmara, onde existe uma forte e bem articulada bancada ruralista, o texto foi retalhado e os avanços conseguidos no Senado, na visão do governo, se perderam. Com a proposta novamente nas mãos dos deputados, foram diversas mudanças para proteger interesses dos pecuaristas e fazendeiros. No final das contas, o governo saiu derrotado com a aprovação de um projeto que não deixava claro as obrigações dos proprietários de terra na conservação do ambiente e os livrava de possíveis punições. Os principais motivos de polêmica eram a definição do tamanho da Área de Preservação Permanente (APP) nas propriedades – que são os locais vulneráveis como beira de rios, topo de morros e encostas -, a área de reserva legal – mata nativa que deve ser preservada dentro da propriedade - e a ausência de punição aos desmatadores. Com essas e tantas outras polêmicas, o projeto seguiu para análise e sanção presidencial sob forte pressão contrária da opinião pública. Durante o período regimental para Dilma e sua equipe sancionarem o projeto, explodiram pelo Brasil manifestações pedindo o veto do Código Florestal aprovado na Câmara.


Veta, Dilma Foram muitas as pressões desde o momento em que o texto passou pelo crivo dos deputados. A partir do sim ao projeto pelos parlamentares, a decisão final estava na mão da presidenta Dilma. Vetar ou não vetar, essa era a questão. Organizações não governamentais deram início às campanhas “Veta, Dilma” ou “Veta Tudo, Dilma”. Até mesmo a atriz Camila Pitanga entrou na história. Durante a entrega do título de Doutor Honoris Causa concedido por cinco universidades públicas do Rio de Janeiro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a artista, que trabalhava como mestre de cerimônias, interrompeu o protocolo oficial para pedir à presidenta o veto. Até o personagem Chico Bento, do cartunista Maurício de Sousa, se juntou aos insatisfeitos. Com esses tipos de manifestações, o movimento passou a ganhar ainda mais visibilidade. Diversos abaixoassinados circularam pela internet e por grandes eventos realizados nas capitais. Na Virada Cultural paulistana, por exemplo, ativistas recolhiam assinaturas contra o projeto. Com o claro apoio da população, Dilma mediu o risco político de contrariar a escolha da maioria dos parlamentares. Ela sabia que o veto total poderia não cair bem. Assim, dedicou-se ao que era mais grave. Barrou 12 artigos do projeto e alterou a redação de outros 32. Para viabilizar o veto, encaminhou ao Congresso, junto com o comunicado sobre sua decisão, uma Medida Provisória (MP) para regular as questões que ficaram abertas. Mesmo assim, a decisão da presiden-

Protesto em Brasília contra o Código

ta não agradou por completo os militantes de causas ambientais. “A decisão de não exercer o veto total é sinal de que ela [Dilma] aceitou o tratoraço ruralista”, esbravejou, em nota, Márcio Astrini, integrante do Greenpeace. O que o governo fez foi recuperar, em boa parte, o projeto aprovado pelos senadores. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, explicou a decisão do governo. “O veto parcial foi feito para não permitir a redução da proteção da vegetação e para promover a reestruturação ambiental sem que ninguém pudesse ser anistiado ou ter as regras flexibilizadas”, explicou ao listar ainda problemas de inconstitucionalidade e insegurança jurídica no projeto aprovado na Câmara. No fim das contas, tanto ambientalistas quanto ruralistas teceram críticas ao novo Código Florestal. O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, entretanto, defendeu a decisão final da presidenta. “O código não é dos ambientalistas e nem dos ruralistas. É o código daqueles que acreditam que o Brasil pode produzir com respeito ao meio ambiente”.

Ministros anunciam vetos ao Código Florestal LINHADIRETA DIRETA em emrevista  revista  23 23 LINHA


ECONOMIA

Agora é Guerra Governo federal inicia batalha contra os juros altos do País por Emilio Franco Jr.

A

presidenta Dilma Rousseff parece ter encontrado a principal linha de ação de seu governo para este ano: a guerra contra os juros altos. Depois de passar os primeiros 12 meses de mandato se dedicando a estruturar e reestruturar a equipe de governo, a presidenta continua sua tentativa de colocar o Brasil no rumo. Em 2011, ministros envolvidos em escândalos de corrupção foram limados da administração e os cargos de segundo escalão, divididos entre partidos aliados, sofreram trocas significativas. Postos de chefia em empresas estatais estratégicas, principalmente no setor energético – especialidade da presidenta -, estão sendo ocupados por pessoas de confiança da petista. Para além dos ajustes éticos e técnicos, Dilma começou 2012 empunhando a bandeira da redução significativa dos juros. O primeiro movimento veio por parte do próprio governo. A taxa Selic, referência para os juros praticados no País, vem sofrendo sucessivas e contínuas quedas. Já está no menor nível da história. O objetivo é tornar o investimento mais barato, aquecer o mercado consumidor e ajudar no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O Copom (Comitê de Política Monetária), órgão do Banco Central responsável pela fixação dos juros, está alinhado com o projeto do governo. Até agora, as atitudes tomadas pelo colegiado não contrariaram em nada os anseios da equipe econômica de Dilma.

Poupança Quando os juros caíram para 8,5% ao ano, a presi24  LINHA DIRETA em revista

denta precisou ter pulso firme para mexer na remuneração da poupança e encarar o medo dos brasileiros em relação a alterações na caderneta. Os que viveram a época Collor, quando os depósitos foram confiscados, ficaram relativamente receosos. Mas o próprio mercado tratou de acalmar os ânimos. No final das contas, o governo conseguiu fazer a mudança sem nenhum trauma. A alteração foi necessária por um motivo simples. A remuneração da poupança, de 6% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), tornava a caderneta mais atrativa do que fundos de investimento sempre que a Selic estivesse igual ou menor a 8,5%. Isso poderia fazer com que houvesse migração maciça de dinheiro desses fundos para a poupança, o que causaria problemas, pois o governo usa esses investimentos para financiar a dívida do País. Por isso, a administração federal decidiu impor a seguinte regra: toda vez que a Selic estiver igual ou menor que 8,5% ao ano, o cálculo para o rendimento da poupança passa a ser de 70% da taxa de juros mais a TR. Dessa forma, a caderneta não atrai os recursos de outros fundos. A regra, entretanto, só atinge os depósitos feitos depois de maio. Para os demais, o cálculo continua igual mesmo com a taxa abaixo dos 8,5%.

Juros bancários Com o governo fazendo aos poucos sua parte, Dilma elegeu outro vilão para a economia e para o desenvolvimento do País. O alvo passou a ser o sistema fi-


Por enquanto, Alexandre Tombini, presidente do Copom, segue à risca os desejos da presidenta Dilma.

Ministro da Fazenda garante que acesso facilitado ao crédito não aumentará inadimplência.

nanceiro. O spread – diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o quanto cobram para emprestá-los – foi duramente atacado pela presidenta em cadeia nacional de rádio e televisão.

os Estados Unidos em 2008, quando as pessoas não conseguiram honrar as dívidas com a aquisição de casas e apartamentos, o que levou a falência de instituições do sistema financeiro.

Apesar da chiadeira de setores do mercado, os bancos entenderam o recado, se não por bem, na marra. As instituições públicas, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, logo atenderam ao apelo da presidenta e começaram a cortar significativamente os juros cobrados de pessoas físicas e empresas. Financiar imóveis, automóveis e pegar dinheiro emprestado, por exemplo, ficou mais barato. Aos bancos privados, só restou seguir a tendência. Bradesco, Itaú/Unibanco e Santander anunciaram pouco depois cortes de até 50% nas taxas cobradas.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o aumento da renda dos brasileiros e a entrada de novos empregados formais no mercado de trabalho impedirá a perda de controle por parte dos consumidores. “A situação no Brasil é bastante saudável”, afirmou o ministro a jornalistas em Brasília. “Está havendo queda da inadimplência e aumento gradual do crédito”, completou. Para Mantega, a crise europeia deixou os brasileiros mais cautelosos, por isso o aumento da renda foi usado para quitar dívidas.

O movimento é contínuo. Cai a Selic, os bancos voltam a reduzir as taxas. A preocupação que surge com o acesso ao dinheiro facilitado é o aumento da inadimplência. Apesar disso, o governo assegura que não há risco de acontecer por aqui a mesma crise que assolou

As atitudes tomadas pelo governo Dilma visam manter aquecida a economia brasileira nesse momento de grave crise nos mercados internacionais. Para isso, o País busca se aproximar, nas palavras da presidenta, “de níveis civilizados de juros”. LINHA DIRETA em revista

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MULHER

Discussão avança Supremo Tribunal Federal decide que aborto de feto sem cérebro não é crime por Renata Moraes

A

pós oito anos de discussão, o Supremo Tribunal Federal (STF) descriminalizou o aborto em mulheres grávidas de fetos anencéfalos (sem cérebro ou com parte dele). Elas poderão agora optar por interromper a gravidez com direito a assistência médica da rede pública ou particular de saúde. A anencefalia é caracterizada pela ausência de caixa craniana e ou pela maior parte do encéfalo. “É uma anomalia congênita e multifatorial que pode ser causada por fatores genéticos, hereditários, geográficos, nutricionais ou pela associação de todos”, explica o ginecologista Thomaz Gollop, especialista em Medicina Fetal e docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Ele explica que o feto anencéfalo pode ter uma sobrevida vegetativa por al-

guns dias ou semanas, mas a sua morte é inevitável. O Brasil está em 4º lugar nos casos de anencefalia. De cada mil nascidos, um apresenta a anomalia. Com apenas 12 semanas de gestação, já é possível diagnosticar a alteração cerebral por meio de ultrassom. Dr. Thomaz alerta que os riscos para a mãe em manter a gravidez de um anencéfalo são muitos, dentre eles possíveis hemorragias após o parto, pois normalmente estes bebês se encontram em posições anormais e também apresentam os ombros mais largos, o que dificulta na hora do parto. “O papel dos médicos é orientar e apontar os dois lados, porém a decisão de interromper a gravidez cabe somente à mulher e, em alguns casos, ao seu companheiro”, afirma.

A legalização total do aborto Com a decisão do STF em descriminalizar o aborto de anencéfalos, inicia-se uma discussão para a ampliação do direito integral da prática. Feministas e instituições de Direitos humanos afirmam que cabe somente à mulher o direito de escolher em prosseguir ou não com a gestação. O aborto é uma realidade no Brasil. Segundo a pesquisa Nacional do Aborto, produzida em 2010 por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Brasília, uma em cada cinco brasileiras até 40 anos já fez aborto.

Ultrassonografia de um bebê

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LINHA DIRETA em revista

A jovem V.A.Z (que prefere não ser identificada) faz parte desse grupo. Hoje com 27 anos, ela relata já


Dr. Thomaz Gollop, especialista em Medicina Fetal e docente da Universidade de São Paulo.

Padre Sérgio Grigoletto, Mestre em Teologia e doutor em Bioética.

ter feito aborto mais de uma vez. “O primeiro fiz os 19 anos, namorava há pouco mais de um ano um rapaz de 20 e eu estava me preparando para entrar na faculdade”. V.A.Z revela que o casal não estava preparado para ter aquele filho e que seu pai a apoiou na decisão.

por exemplo, acredita que “embora a gestação de uma criança com anencefalia seja um drama para a família e especialmente para a mãe, considerar o feto anencéfalo como ‘não pessoa’ é o mesmo que destituí-lo do direito fundamental à vida e descartar um ser humano frágil e indefeso”.

O procedimento foi feito em uma clínica especializada, que lhe cobrou na época R$ 2 mil reais. A jovem conta que o aborto foi tranquilo e que o corpo respondeu bem. “Senti uma cólica breve e mais nada”.

V.A.Z acredita que não há sofrimento para o feto quando é realizado o aborto. “A verdade é que o sistema nervoso não está formado no início da gestação, por isso o feto não sente nada, nem dor, nem medo”, afirma. “Precisamos parar de hipocrisia e tratar o assunto sob o ponto de vista médico, e não mais da religião”.

O ginecologista e obstetra Alberto Madeiro, também pesquisador do Anis (Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero), alerta para os benefícios da legalidade do aborto. “Em locais onde é permitido, e, portanto realizado em condições seguras, a frequência de hemorragias, infecções, perda do útero e até mesmo morte é rara”. O aborto realizado em condições inseguras é causa de doença e de morte entre as mulheres, principalmente as mais jovens e pobres. Segundo o Dr. Alberto, a experiência em outros países mostra que a legalização não aumenta o número de abortos, mas apenas protege a saúde das mulheres. Em contrapartida, nem todos são favoráveis a esta legalização. Movimentos religiosos se declaram contra, mesmo nos casos de anencefalia. A Igreja Católica,

Com 12 anos de experiência no sacerdócio, o Padre Sérgio Grigoletto, Mestre em Teologia e doutor em Bioética, defende que o aborto traz, principalmente, graves consequências emocionais à mulher. “Mesmo quando é realizado com todas as condições médicas necessárias, as feridas emocionais são as mais difíceis de serem superadas”. V.A.Z concorda que o lado emocional é pior. ”Eu penso muito sobre isso, me questiono e me culpo em alguns momentos, mas não me arrependo”, afirma. Para a surpresa de alguns, a jovem relata vontade de ser mãe. ”Eu quero ter filhos, mas quero ter a certeza de que seja no melhor momento”. LINHA DIRETA em revista  27


ACONTECEU

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Almir Munhoz, presidente do Sintetel, recebe das mãos do vereador Cláudio Prado a Salva de Prata, honraria concedida pela Câmara Municipal de SP (foto 1); José Carlos Guicho, diretor de Finanças, discursa na comemoração do Dia Internacional da Mulher em S.J. do Rio Preto (foto 2); Diretoria do Sintetel é homenageada na Câmara Municipal de SP pelos 70 anos da entidade (foto 3); José Carlos Guicho e Almir Munhoz (Sintetel), Carlos Ortiz (Secretário Estadual das Relações de Trabalho), Major Olímpio (deputado estadual) e Gilberto Dourado (Contcop) durante a homenagem (foto 4); Comemoração do Dia Internacional da Mulher ocorrida em S.J.do Rio Preto (foto 5); Subsede de Campinas realiza confraternização do Dia das Mães (foto 6).

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Aprovação da Convenção Coletiva 2012/ 2013 nas prestadoras. (foto 7 e 8); Germar Pereira da Silva, diretor de Aposentados, e José Carlos Guicho, diretor de Finanças durante a Festa das Telefonistas (foto 9); Comemoração do Dia das Telefonistas no auditório do Sintetel (foto 10); Sintetel realiza protesto em frente ao prédio da Vidax pelo fim das irregularidades (foto 11); Subsede de Santos promove evento esportivo em comemoração aos 70 anos do Sintetel (foto 12).

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CULTURA

O futuro incerto da TV Cultura A reestruturação da emissora ainda gera desconfiança sobre um possível processo de privatização por Marco Tirelli

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ambalalão, Vitrine, Castelo Rá-tim-bum e Cocoricó são programas que marcaram época quando a TV Cultura era considerada referência nacional de emissora pública, cultural, educativa e sem fins lucrativos. A Cultura é mantida pela Fundação Padre Anchieta administrada por um conselho de intelectuais - e patrocinada, em grande parte, com verba do Governo de São Paulo. A TV tem orçamento de R$ 187 milhões, sendo que R$ 85 milhões são provenientes do Estado. O restante vem de prestação de serviços às secretarias de Educação e de Trabalho e Emprego, além de receitas com publicidade. Mas já faz algum tempo que o governo de São Paulo adota uma política de cortes e demissões na Rádio e TV, o que tem sacrificado o emprego de jornalistas e radialistas. De acordo com o jornal Unidade, do sindicato dos jornalistas do Estado de São Paulo, na atual gestão do economista João Sayad, indicado pelo ex-governador José Serra (PSDB), houve mais de mil demissões, extinção de programas culturais, empobrecimento de material próprio e entrega da programação a veículos privados, como o jornal Folha de São Paulo.

Em meio aos debates, no mês de maio, a Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa realizou uma reunião com a finalidade de ouvir o diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, para falar sobre o assunto. 30  LINHA DIRETA em revista

A reestruturação era necessária, diz Sayad Segundo Sayad, era preciso readequar a estrutura. “Reduzimos o quadro, pois saímos da TV Assembleia e da TV Justiça”, conta. Isso significou o corte de 250 pessoas. “Estávamos fugindo do nosso foco e por isso abandonamos as atividades que não faziam parte do objetivo e nos davam prejuízos”, explica. Ele defende que a TV aumentou as horas de produção interna em 20% com 30% a menos de funcionários. Sobre um possível desmonte da Cultura, Sayad foi categórico: “não há nada que se possa chamar de privatização ou terceirização. Temos a intenção de, no futuro, abrir para produções independentes”. A TV manteve na grade programas tradicionais como Roda Viva, Ensaio e Jornal da Cultura e introduziu produções novas como Quintal da Cultura e Cartãozinho Verde. “Ainda estrearemos o Show do Cocoricó ao vivo e, no segundo semestre de 2013, chegarão novidades”, conta Sayad ao adiantar que uma delas é o programa Pedro e Bianca, sobre o cotidiano de crianças da rede pública de ensino. “Hoje nossa grade é composta por 2/3 de programação infantil”, destaca. Além disso, Sayad salienta que a missão da TV Cultura é apresentar uma programação diferenciada. “O telespectador tem que experimentar coisas novas. Não queremos audiência a qualquer custo”, pontua.

O perigo de abandonar o caráter público A abertura da TV Cultura para programas da iniciativa privada preocupa deputados, entidades sindi-


cais, sociedade civil e militantes da luta pela democratização da comunicação. Atualmente, já existe a TV Folha e, futuramente, programas do jornal O Estado de São Paulo e da revista Veja. “Eu não vejo nada de excepcional na TV Folha que justifique sua entrada numa TV Pública. Os profissionais da Cultura podem fazer melhor”, afirma o deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL). O deputado estadual Simão Pedro (PT), presidente da Comissão de Educação e Cultura e membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, afirma que o debate é importante, pois há vozes críticas no conselho e a TV Folha será reavaliada após seis meses no ar. Para a deputada Leci Brandão (PC do B), a Cultura ainda é uma alternativa à mediocridade das TVs comerciais. “As maiores audiências estão nos piores

programas”, discursa. A cantora acrescenta ainda que o programa Manos e Minas só está no ar devido à grande manifestação pública. O programa havia sido extinto em agosto de 2010, quando João Sayad, então recém-empossado presidente da TV Cultura, decretou o seu fim junto com outros programas. Tal fato gerou revolta, com grande manifestação contrária nas redes sociais. Assim, Manos e Minas voltou ao ar em novembro do mesmo ano. “Esta atração não pode sair pois é uma manifestação do universo do jovem da periferia e da cultura de rua”, defende Leci. Diante de toda essa situação, o telespectador torce para que a TV Cultura continue sendo a voz destoante da programação comercial para trazer conhecimento à sociedade e fugir da massificação dos lixos culturais representado pelos realities shows.

João Sayad, presidente da Fundação Pa- Leci Brandão, deputada estadual e can- Simão Pedro, presidente da Comissão de dre Anchieta. tora e compositora. Educação e Cultura da Assembleia. LINHA DIRETA em revista

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ARTIGO

Três processos Dois grandes processos jurídicos deformaram a história brasileira e um terceiro ameaça fazer nela um grande mal. O primeiro processo foi a Devassa ordenada contra a Conjuração Mineira de 1789. A repressão foi feroz, com delações, prisões, suicídios e condenações à morte. De 1789 a 1792, quando as penas foram aplicadas e Tiradentes enforcado (porque as outras foram comutadas), o terror esteve na ordem do dia de forma tão exagerada que até a corte portuguesa criticou a ferocidade do visconde de Barbacena, governador de Minas Gerais. Mas, de fato, as autoridades coloniais portuguesas conseguiram, com a Devassa, consolidar a ideologia que justificou durante anos a repressão aos movimentos independentistas brasileiros. O processo de Tiradentes conseguiu adiar até 1822 nossa independência, retirando-a do quadro revolucionário da independência norte americana e da Revolução Francesa e transferindo-a para a conjuntura política mundial de hegemonia do reacionarismo sob a batuta do Congresso de Viena. O segundo processo cujos efeitos foram daninhos à democracia e à representação partidária das lutas do povo brasileiro foi o da cassação do registro do partido comunista pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 1947, decidida naquela corte com votação apertada (três a dois) e com base em argumentos muito fracos como as diferenças no texto dos Estatutos e a partícula “do” no nome do PC do B, que demonstrava a filiação estrangeira dos comunistas. Seguiram-se à cassação do registro, a cassação dos mandatos, a intervenção em sindicatos e a intermitente suspensão de jornais e outras publicações. Com a ilegalidade do PC, canhestramente enfrentada pelo partido e seus dirigentes postos na clandestinidade, o fantasma da Guerra Fria passou a assombrar desde cedo a democracia brasileira excitando o anticomunismo, deformando a representação partidária, retardando o avanço das forças de esquerda e manchando a Constituição. O terceiro processo está em curso; é o do mensalão. O processo em si é o processo do “caixa dois”, porém os meios de comunicação, a opinião publicada e a oposição veem nele o processo da política, contrapondo a ela um moralismo exacerbado, hipócrita e pervertido. Tenta-se transformar aquilo que seria normal, um julgamento de procedimentos ilegais, posto que infelizmente corriqueiros, com provas, condenações e absolvições, em um linchamento da política e de políticos com efeitos deformantes que já se fazem sentir e serão sentidos mais à frente. Observe-se, que em geral, os moralistas não são favoráveis ao financiamento público das campanhas eleitorais, exigência democrática oculta entre os arroubos condenatórios. Dois processos deformaram nossa história; o terceiro, esperemos que não faça o mesmo.

João Guilherme * * João Guilherme Vargas Netto é assessor sindical do Sintetel e de outras entidades.

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LINHA DIRETA em revista


PASSATEMPO

Como se diz EU TE AMO O ser humano busca o amor, amar e ser amado de alguma maneira. Para expressar esse sentimento, usa-se o termo “EU TE AMO”, que independente do idioma, expressa carinho e

afeição. Linha Direta em Revista traz como curiosidade desta edição a forma de dizer “EU TE AMO” em diversos idiomas. Aprenda!

CAÇA-PALAVRAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL 2012

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

F T E L A E V G B O H K P F G W R A N T O N I O H R N G E E

W O L E W R Y U H N Q D A S V Z L P O B W X Ç E G V I F N V

X D F D E T Q Z Z J N W O M A R I A Z H J A U Ã E Ç O O I E

R W V D A O V L C Q K Y L L Õ D M J F D Y R G X D C R N O T

A Ç J I J U L I A N A A A N S M A U R I C I O L A G O L D S

G Ã E E B A L Ã B X N O Ã T Ã Y L U C L O N I T N A R A T Õ

Italiano = ti amo

Alemão = ichliebdich

Japonês = aishiteru

Árabe = anabehibank

Latino = te amo

Armênio = yeskezsiru- Libanês = bahibak men Lituano = tave myliu Búlgaro = obicham te Mandarin = wo ai ni Cambojano = soro lahn nhee ah Marroquino = ana Chinês = ngo aiy ney moajaba bik a

Catalão = t’estimo’ Coreano heyo

=

Solução

Norueguês = jeg elsker deg

= sarang Persa daaram

doo-set

Croata = volim te

Polonês = kocham Dinamarquês = jeg el- ciebie sker dig Português = eu te Holandês = ik hou amo van jo Romero = te ubesk Inglês = i love you Russo = ya tebya liubEslovaco = lu’ bim ta liu Espanhol = te quiero Sérvio= volim te – te amo Sueco = jag alskar dig Esperanto – mi amas Suiço = ichlieb di vin Estiope = afgreki’

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R O B E R T O

T S A X

U

O L A M A R M I M A A U R I C I O

O N I T N A R A T

D D I E J T O U L I A N A

Q R O N Ã B F U Q T R I M I D A L V V O Q B W Õ C W U A T N

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H E A O B M L G C L U Õ M D Q W Ç K G R Ã R L E U V J N S H

S T E N N E V E

T B R B H U E Ã H E J Õ G N Z T Õ A U X N U G O Y X O V I Ç

I

Ana MARIA Braga ANTÔNIO 'BHVOEFT BRUNO Gagliasso EDDIE Murphy ELTON John GUGU Liberato HUMBERTO Martins JORGE Ben Jor JULIANA Paes JÚNIOR KRISTEN Stewart Lady GAGA LIMA Duarte MAURÍCIO Mattar PAOLA Oliveira Quentin TARANTINO ROBERTO Carlos RONALDINHO Gaúcho STEVEN Tyler VLADIMIR Brichta XUXA

Z O Z T N H Z G X R A Z Ç T C W G M D X E N E G R O J Z R W

E R O H U M B E R N A G U G U L D E L T O N I R N I H M P A O I D A A G L L A V A G N T O O N U R B N X E I G O R O J J U N I

Quem nasce sob o signo de Áries (21 de março a 20 de abril) poderá ser uma pessoa de ação, coragem, franqueza, egoísmo, teimosia, persistência, autoritarismo e com vocação para a liderança. Aqui, alguns arianos famosos.

Z R X M R O N A L D I N H O P A C K T Z O O K I G W E A K Q

K R

FOTO: ESTEVAM AVELLAR/TV GLOBO

Arianos famosos

Albanês = te dua

Francês = je t’aime Grego s’agapo

Taiwanese = wag a ei li Turquia = seni seviyorum

Havaiano = aloha wau Ucraniano = ya tebe ai oi kahayu Húngaro = szeretlek Icelândico = eg elska Vietnamita – anh ye u em tig Indonesiano = saya Yiddish = ikh hob cinta padamu dikh LINHA DIRETA em revista

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ARTIGO DO LEITOR

FIM DE UMA PAIXÃO

QUE PENA!

Triste, quando uma paixão vai chegando ao fim,

Que pena, que amor não resistiu e se acabou,

Quando o abraço, já não é mais apertado,

Não suportou tantas brigas e discussões,

O beijo molhado se tornou seco e apagado,

Que pena, que a paixão aos poucos se dissolveu,

O brilho nos olhos mostra o não ao invés do sim.

Não aguentou amarguras e tantas desilusões.

Triste, quando o silêncio começa a ser constante,

Que pena, que aquele sentimento forte enfraqueceu,

As lembranças vão castigando a saudade,

Não suportou o silêncio triste e sem ação,

É a suave e doce paixão que já está muito distante,

Que pena, que o arrepio do corpo não mais aconteceu,

É a solidão que se aproxima, fria e sem piedade.

Não aguentou o desprezo de uma alma sem emoção.

Triste, quando um assunto se torna banal,

Que pena, alegria do início aos poucos se evaporou,

Onde os pensamentos agora são diferentes, Os objetivos que não alcançaram o seu ideal, Nessa paixão não houve sobrevivente. Triste, quando a paixão perde as forças, E o desânimo vai crescendo dentro da gente, Um sentimento jogado ao deleite das moscas, A frieza que vai se alojando em cada mente. Triste, quando não há mais lugar para o prazer, E tudo é realizado por obrigação, Vai se perdendo o tesão de se viver,

Não suportou o tédio e a mesmice do dia a dia, Que pena, que o sorriso do rosto se desmanchou, Não aguentou e chorou ao ver que alguém partia. Que pena, a união nunca foi assim tão completa, Não suportou o ciúme e o egoísmo pessoal, Que pena, foi embora a alma gêmea que se acha certa, Não aguentou o diálogo frio e formal. Que pena, que sonho a dois não deu certo, Não suportou o pesadelo de uma história rotineira,

A alegria vai se transformando em desilusão.

Que pena, que a pessoa querida não está por perto,

Triste, quando a emoção vira conversar sem sentido,

Não aguentou o sacrifício de compreender a vida inteira.

E tudo se encaminha para a dor da separação, A esperança da tentativa corre perigo, é amizade que insiste em substituir a paixão.

Que pena! José Miguel dos Santos – São Paulo Conheça outros trabalhos do autor no http://poesianacidade.blogspot.com/

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LINHA DIRETA em revista


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