Revista Em Cena nº 19

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EM

CENA

Ano XIV - Número 19 Julho/Agosto 2011

TRABALHO NOTURNO E OBESIDADE Especialistas alertam que mudança na rotina de trabalho e falta de exercícios físicos são alguns dos fatores que podem contribuir para a obesidade



índice

julho/agosto 2011

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EDITORIAL CARTA DO LEITOR ESPECIAL Trabalho noturno x obesidade

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ENTREVISTA Ministro da Saúde

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PERSONAGEM DA SAÚDE Claúdio Souza

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SAÚDE/COMPORTAMENTO Medo de dirigir

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SAÚDE/BEM-ESTAR Fibrose cística

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ATUALIDADE Cidadania digital

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TENDÊNCIA Faculdade da beleza

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BELEZA Transformação

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LAZER E TURISMO Araraquara e Ibitinga

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CULTURA Literatura de cordel

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MEIO AMBIENTE Sacolas biodegradáveis

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FATOS E FOTOS Pinhal

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ENCARTE SINSAÚDE 12 de maio Dia Internacional da Mulher julho/agosto 2011 - EM CENA - 3


editorial

Brasil está em alerta na luta contra a obesidade A obesidade é um dos grandes problemas de saúde no mundo. Ao todo são 400 milhões de obesos e a previsão é que este número aumente para 1 bilhão daqui a 10 anos. A preocupação das autoridades médicas vai muito além dos “quilos a mais” adquiridos. O distúrbio desenvolve uma série de doenças consideradas um fator de risco, como o colesterol, a hipertensão e os males cardiovasculares. Até médicos e especialistas brasileiros estão em alerta, pois os índices de excesso de peso têm atingido mais da metade da população: os homens representam 50,1% desta parcela e as mulheres 48%. De acordo com a pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada no período de 2008 a 2009, o percentual do sexo masculino cresceu 20,2%, comparado com o fim da década de 80, enquanto o feminino teve um aumento de 6,6%. O risco é de o País atingir em uma década as mesmas proporções atuais dos Estados Unidos, que é de 63%. Os motivos que levam as pessoas a adquirir o distúrbio são vários, entre eles fatores comportamentais, genéticos e metabólicos. Segundo estudos, até a insônia é uma causa para a doença. É justamente isso que podemos observar na matéria especial desta edição “Obesidade: trabalho noturno contribui para o excesso de peso”. A mudança na rotina alimentar e a troca do horário de sono também podem contribuir para o desenvolvimento do distúrbio. Esta afirmação é comprovada por uma pesquisa da Universidade de Harvad, nos EUA, e defendida pelo professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Lício Velloso. Mas isso não quer dizer que os profissionais da saúde e segurança, que, geralmente,

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exercem atividades nesse período, ou até aqueles que trabalham em serviços 24 horas em mercados, farmácias e postos de gasolina, por exemplo, vão desenvolver excesso de peso. Como dito anteriormente, a obesidade depende de inúmeros fatores e até de alterações no funcionamento hormonal. Por este motivo, é bom ficar atento à saúde e procurar a ajuda de um especialista se o seu índice de massa corporal (IMC) estiver muito alto. A dica dos especialistas para quem trabalha à noite é manter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos regularmente. Assim, o profissional evita o sobrepeso ou a obesidade e até a cirurgia bariátrica, considerada um procedimento arriscado para o paciente e só indicada, em último caso, quando nem a medicação ajuda na perda de peso. Atento aos estudos sobre o assunto, o Sindicato da Saúde procura auxiliar os funcionários do setor, garantindo que os hospitais e demais estabelecimentos de saúde informem sobre o risco do excesso de peso e forneçam um cardápio adequado para quem faz o plantão noturno. A edição da Em Cena destaca ainda uma entrevista com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que fala sobre a Emenda 29, dentre outras questões de relevância para o setor da saúde. Mas a revista também traz matérias muito interessantes, como o medo de dirigir e formas de superar este trauma; a nova faculdade que visa aprimorar a profissão de cabeleireiro e a expansão da literatura de cordel no Brasil. Estes são apenas alguns exemplos. A revista traz muitas outras matérias interessantes. Confira. Boa leitura! Edison Laércio de Oliveira Presidente


expediente - carta do leitor

“Mais uma surpresa! Realmente a revista Em Cena consegue a cada edição se superar. A matéria sobre o erro de medicamento, que levou à morte a garota em São Paulo, deixa claro que os hospitais têm que avaliar melhor o acondicionamento dos remédios e as indústrias farmacêuticas têm que usar rótulos diferenciados, que chamem a atenção para que, numa emergência, não haja troca de medicamento. Todos nós estamos sujeitos a erro, pois somos humanos.” Marisa Begossi - Campinas

“Bárbara a reportagem de moda inclusiva. Até que enfim alguém se preocupou com estas pessoas. A indústria da moda acha que só as magras e bem-feitas de corpo têm direito de se vestir bem. Não se preocupa com pessoas fora do padrão de medida, como as que têm alguma deficiência ou as mais ‘gordinhas’. A dificuldade de encontrar uma roupa bonita e da moda é bastante grande e quando encontramos é muito mais cara. Parabéns a toda a equipe que desenvolve esta fantástica revista!” Márcia Rodrigues - Araras

“Diversificar temas não deve ser tarefa fácil, por isso parabenizo a equipe que produz as matérias da revista Em Cena. A cada edição, a revista está mais interessante, leve e mais bonita. Sem falar da linguagem simples e clara, que nos remete a querer fazer esporte radical, como a matéria sobre arvorismo. Continuem a produzir cada vez melhor a revista que nós, leitores, agradecemos. Parabéns!” Alexandre A. P. Silva - Campinas

“Caro Edison, que excelência de material que conta um pouco da história do Sindicato da Saúde de Campinas. Acabei de ver os DVDs sobre os 70 anos de história do Sinsaúde Campinas e Região. Como cresceu e se organizou este sindicato! É uma pena que temos somente uns poucos sindicatos como o seu. Parabéns a você, como comandante desta grande luta, aos outros membros da diretoria e às demais pessoas que têm contribuído para o sucesso alcançado ao longo dos anos.” - Raimundo Simão de Melo - procurador regional do Trabalho - Campinas “Primeiramente quero parabenizar pela revista. Estava na recepção de um consultório médico, em Campinas, e comecei a vascular as revistas quando uma com a bandeira do Brasil na capa me chamou a atenção. Era a revista Em Cena. Em Descalvado, cidade onde moro, nunca tinha visto esta revista; os assuntos me chamaram a atenção e acabei levando a revista para casa. As matérias e a diagramação da revista são de muito bom gosto. Também achei muito legal a festa que vocês fazem para as crianças em outubro. Sucesso nas novas edições!” Fábia Cirelli - Descalvado Sua opinião ou sugestão é muito importante! Correspondências para esta seção: Por e-mail: srodrigues@sinsaude.org.br ou domma@domma.com.br Por carta: Rua Duque de Caxias, 368, Centro, CEP 13015-310 – Campinas/SP

EXPEDIENTE Esta é uma publicação do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Campinas (Sinsaúde) Site: www.sinsaude.org.br E-mail: sinsaude@sinsaude.org.br Presidente: Edison Laércio de Oliveira Diretora de Comunicação: Sofia Rodrigues do Nascimento Redação e criação: DOMMA Comunicação Integrada

Editora responsável: Sirlene Nogueira (Mtb 15.114) Redação: Ana Carolina Barros ( Mtb 58.939), Andressa Vilela (Mtb 57.810), Daniella Almeida (Mtb 4.352), Mariana Dorigatti (Mtb 60.431), Sirlene Nogueira e Vera Bison (Mtb 12.391) Projeto gráfico: Javé Editoração: Felipe Teixeira e Caio Capela Capa: Ari Ferreira, Felipe Teixeira e Caio Capela Fotografia: Ari Ferreira Tiragem: 22 mil exemplares

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especial - saúde no brasil

Obesidade

Trabalho noturno pode contribuir para o excesso de peso Estudo revela que, além do distúrbio, as pessoas que exercem atividades nesse período, também estão sujeitas a desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares

O

sedentarismo e a mudança na rotina de trabalho contribuíram para que a técnica de enfermagem Rosemari Baís da Matta chegasse ao grau mais perigoso do excesso de peso, a obesidade mórbida. Em 2010, ela era uma das 15 milhões de pessoas no Brasil, segundo o Ministério do Trabalho, que exercia suas funções à noite. Os motivos para essa escolha são vários: maior remuneração; garantia de recolocação no mercado de trabalho ampliada com o surgimento de serviços 24 horas, por exemplo, em farmácias, supermercados e lojas de conveniência; e a exigência profissional, como no caso dos profissionais de saúde e vigilantes. Rosemari foi atraída pelas vantagens salariais, mas viu

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que trabalhar nesse período contribuiu para aumentar um problema que já tinha: a obesidade. Hoje, a mulher de 1,75 m de altura tem aproximadamente 190 kg, o que é considerado por especialistas como obesidade mórbida, pois o seu índice de massa corporal (IMC) ultrapassa 60 kg/m². “Eu sempre fui gordinha, mas nos últimos dez anos, após o casamento, a chegada dos filhos e o trabalho no período noturno, o ganho de peso se tornou constante. Sou muito ansiosa, me alimentava sem ter fome. No hospital, durante o meu turno, comia lanche e também a comida servida lá.” Desde o início do ano ela está afastada do hospital. Além do excesso de peso, a técnica de enfermagem desenvolveu um quadro de depressão e enfrenta o agravamento da asma, que é tratada com corticóide, medicamento que também pode proporcionar ganho de peso, dificultando ainda mais o seu emagrecimento. “Quando eu era apenas gordinha nunca me senti mal, hoje sinto canseira, dores fortes nas pernas e na coluna. Faço tudo, mas não com a mesma agilidade de antes”, desabafa. Um estudo da Universidade de Harvard, EUA, realizado em 2009, revelou que durante o período em que uma pessoa exerce a atividade noturna, ela pode desenvolver obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Isso acontece porque a noite de trabalho motiva à redução da leptina (hormônio da saciedade) no sangue, aumentando o risco de adquirir o distúrbio em longo prazo. Neste processo também pode ser elevado o nível do hormônio cortisol estresse e, consequentemente, aumentar a pressão arterial. Segundo a Associação nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), os problemas de saúde mais


frequentes nas pessoas que trabalham à noite são as de origem gastrointestinal (azia, má digestão, úlceras gástricas, irritações do cólon e dificuldades em manter a regularidade intestinal), além das ligadas ao sistema cardiovascular. Pesquisas revelam ainda propensão para o desenvolvimento de câncer de mama e colorretal (aquele que atinge o intestino grosso e o reto). O organismo sente a mudança de hábito. “A vida toda a pessoa seguiu uma rotina e, de repente, a alimentação é alterada. Ela passa a jantar às sete da manhã e tomar café às oito da noite. E durante o trabalho, para se manter ativo, consome comida gordurosa, cafeína e refrigerante”, exemplifica a nuCarolina Chuichman tricionista Carolina Chuichman Nutricionista Ribeiro dos Anjos, mostrando alguns dos errados hábitos que muitos notívagos adotam. De acordo com o professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Dr. Lício Velloso, a redução das horas de sono também contribui para o desenvolvimento do excesso de peso. “Isso acontece porque ficar acordado em horários não convencionais muda o padrão do organismo. Mas é claro que não vai acontecer com todos que trabalham neste período. A obesidade resulta de fatores genéticos e ambientais”, explica. A nutricionista Carolina sugere que para garantir a qualidade das refeições é importante que se estabeleça uma rotina alimentar semelhante à dos trabalhadores diurnos. Mas estas mudanças não devem acontecer de uma hora para a outra, já que o corpo precisa de algum tempo para adaptação. “Quando chega o horário da refeição, sentimos fome e ocorre a liberação de hormônios e enzimas. No entanto, quando o trabalhador inicia uma rotina noturna, há uma

Dicas nutricionais para trabalhadores noturnos - Evitar, principalmente, a ingestão de refeições volumosas, ricas em gorduras, de duas a três horas antes de dormir. - Dividir a alimentação diária em cinco ou seis refeições. - Jantar antes do início do turno, entre sete ou oito horas, ao invés de tarde da noite, por volta de meianoite, por exemplo. - Evitar alimentos ácidos e muito condimentados à noite, porque neste período o metabolismo é mais

alteração do ritmo de secreção destas substâncias, gerando maior dificuldade de digestão, absorção e metabolização dos nutrientes. À medida que se consegue organizar a rotina das refeições noturnas e de descanso durante o dia, esta desordem desaparece e o trabalhador passa a tolerar melhor uma grande refeição no período da madrugada”, explica ela. Apesar das inúmeras tentativas de emagrecimento, com medicamentos e dietas, a técnica de enfermagem Rosemari só procurou ajuda profissional depois de descobrir que estava com um quadro de depressão, ocasionado pela obesidade. O uso do corticóide dificulta ainda mais a perda de peso, por isso ela luta para conseguir implantar um balão intragástrico - uma espécie de bexiga que é colocada no estômago, por um endoscópio, para ocupar parte do órgão e evitar o consumo excessivo de alimentos. O procedimento já foi concedido pelo convênio, mas a dificuldade é encontrar um endoscopista para realizá-lo e acompanhar o caso. “Alguns técnicos chegaram a cobrar até R$ 3 mil para fazer o procedimento”, confidencia. “Eu só posso fazer uma cirurgia bariátrica, aquela que reduz o estômago, se conseguir perder peso. E a alternativa dada pelos médicos foi a Dr. Lício Velloso implantação desse balão, que Professor Unicamp ajuda a reduzir até 33% do peso de quatro a seis meses”, declara Rosemari. A expectativa dela é que depois da cirurgia e de todo acompanhamento profissional, possa chegar a pelo menos 90 kg. Diferente da colega, a técnica de enfermagem Marisa Helena Feliciano de Oliveira já fez esse procedimento cirúrgico há três anos. Durante este período, ela mudou a rotina - apesar de continuar trabalhando à noite - e tem uma alimentação mais saudável e pratica exercícios físicos.

lento, o que auxilia na retenção de líquidos e dificulta a digestão. - Beber bastante água, suco de limão ou água de coco, pois a hidratação durante a noite é muito importante. - Controlar a ingestão de alimentos, como pão branco, biscoitos, alimentos açucarados e frituras. Eles podem afetar os níveis de colesterol e, uma vez que são consumidos durante à noite, com um ambiente de trabalho estressante, eles são ainda mais propensos ao surgimento de doenças cardiovasculares. - Evitar molhos de salada preparados, condimentos, temperos, molho inglês, molho barbecue, molho de soja, catchup, picles, mostarda, azeitonas e chucrute.

- Consumir todos os tipos de frutas: frescas e secas, principalmente nos intervalos entre as refeições (como lanches). - Consumir hortaliças frescas. - Aumentar a ingestão de fibras dietéticas. - Comer uma combinação de frutas (salada de frutas) ou iogurte com cereais, se tiver fome à noite. - Controlar a quantidade de café consumido; deve-se consumir até quatro xícaras de 50 ml em 24 horas. Mais do que isso, tende a causar acidez, gases, flatulência, agitação e interferência no sono.

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especial - saúde no brasil

Conheça mais sobre a obesidade A obesidade é uma doença crônica em que o excesso de gordura acumulada chega a atingir graus capazes de afetar a saúde. Este distúrbio não é exclusividade de um sexo ou idade; homens, mulheres e até crianças, dependendo de fatores genéticos, metabólicos, ambientais ou comportamentais podem se tornar pessoas obesas. A doença apresenta algumas características que são classificadas em: *Obesidade difusa ou generalizada – o tecido gorduroso se distribui de forma homogênea por todo o corpo.

*Obesidade andróide, trocular ou centrípeta – é quando o tecido adiposo se acumula na metade superior do corpo, sobretudo no abdômen. Está relacionada com alto risco de doenças metabólicas e cardiovasculares. Este tipo de obesidade geralmente acomete os homens. *Obesidade ginecóide – é quando a gordura predomina no nível do quadril e é tipicamente feminina. Está associada a um risco maior de artrose e varizes. A doença pode ser diagnosticada por meio do cálculo da massa corporal, que é baseado em uma relação entre o peso e a altura. O resultado do IMC é obtido dividindo-se o peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado.

Até agora perdeu 41 kg. “O trabalho à doenças, como hipertensão ou diabetes, noite muda os seus hábitos. Você passa o que torna arriscado o procedimento”. a comer mais para passar o tempo. Os Segundo o professor, o uso de mediamigos te chamam para um lanche e camentos também é aplicado para o você vai. O café e o refrigerante fazem emagrecimento, mas pode acarretar em parte da rotina, enfim, o peso vai auuma série de efeitos colaterais, entre mentando gradativamente”, conta. eles, a retomada do peso anterior após a Marisa só começou a se preocususpensão dos remédios. par quando um médico chamou sua “É necessário cuidar da alimentação, atenção para o excesso de peso. Na monitorar o peso e ter ajuda de profisMarisa Helena Feliciano Técnica de enfermagem época, ela estava com 1,62 m e pesava sionais, mas quem chegou à obesidade 126 kg. Outros problemas também tem, num primeiro momento, que prosurgiram com a obesidade: a hipertencurar um acompanhamento nutricional são e o colesterol alto. “Quase no final, não conseguia e também especialistas clínicos para verificar se andar, sentia muita canseira e o coração parecia que ia adquiriu alguma doença, como as cardiovascuparar”, diz. lares, por exemplo. Se não houver resultados Ela continua com o acompanhamento de profisneste tratamento, aí receitamos uma medisionais e pretende fazer uma plástica abdominal ainda cação. A cirurgia só acontece em último este ano. “É muito bom experimentar uma roupa e caso, quando a obesidade atinge o grau dar certo. Antes tinha que usar roupas maiores que o 3”, explicou a nutricionista tamanho GG, hoje meu manequim é 46 ou 48, deCarolina Chuichman pendendo da fabricação. Meus médicos querem que Ribeiro dos Anjos. eu ainda perca peso, mas estou Denominada pela satisfeita.” Organização Mundial Para Velloso, a forma corda Saúde (OMS) como a reta de perder peso é por meio “doença epidêmica do século de atividade física e dieta, mas 21”, a obesidade tem sido estudos mostram que apenas a preocupação de médicos e 10% das pessoas conseguem especialistas nos últimos tempos, emagrecer desta forma. “A tanto pelo seu crescimento quando cirurgia bariátrica é recomendada alcance, pois atinge diversas faixas quando a massa corpórea está etárias. “A maior preocupação é com em 35 ou acima de 40, mas para as doenças que surgem com a obesidade Rosemari Baís da Matta Técnica de enfermagem isso a pessoa tem que emagrecer e que, consequentemente, aumentam as alguns quilos, pois nestes níveis chances do paciente morrer”, diz Velloso, professor a obesidade ajuda a desenvolver da Unicamp.

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Veja o exemplo: IMC (kg/m2)

Grau de risco

Tipo de obesidade

18 a 24,9

Peso saudável

Ausente

25 a 29,9

Moderado

Sobrepeso (pré-obesidade)

30 a 34,9

Alto

Obesidade grau I

35 a 39,9

Muito alto

Obesidade grau II

40 ou mais

Extremo

Obesidade grau III (mórbida)

De acordo com ele, no mundo existem 400 milhões de obesos e a previsão é que daqui a 10 anos aumente para um bilhão. “O motivo para ocorrer este aumento, entre outras coisas, é a mudança no comportamento, a melhora na produção de alimentos e o enriquecimento das classes. Com o poder aquisitivo maior e com alimentos mais saborosos no mercado, é claro que haverá mais consumo, e consequentemente, um maior ganho de peso.” Uma pesquisa do Ministério da Saúde, realizada entre 2006 e 2009, revelou que a soma dos índices de sobrepeso e obesidade dos brasileiros aumentou consideravelmente, de 42,7% para 46,6%. O número de obesos também subiu de 11,4% para 13,9% neste mesmo período. Sinsaúde tem ação voltada para pessoal do noturno Garantir salários condizentes com as funções no noturno e condições de trabalho adequadas e mais confortáveis são

A obesidade pode ser prevenida se a pessoa levar uma vida saudável, com boa alimentação e com a prática de atividades físicas regulares. O tratamento envolve necessariamente a reeducação alimentar, o aumento de exercícios físicos e, eventualmente, o uso de algumas medicações auxiliares. Dependendo da situação de cada paciente, pode ser indicado o tratamento com um psiquiatra. Nos casos de obesidade, em quem a origem está associada a outras doenças, o tratamento deve inicialmente ser dirigido para a causa do distúrbio. A cirurgia só é recomendada quando o excesso de peso atinge o grau 3, conhecido como ‘obesidade mórbida’.

metas da diretoria do Sinsaúde Campinas e Região (Sinsaúde), entidade que representa os profissionais da área da saúde. “Na área da saúde não é possível trabalhar somente no período diurno, então trabalhamos para que o esforço e a dedicação dos Edison Laércio de Oliveira Presidente do Sinsaúde funcionários sejam valorizados e reconhecidos pelos empresários”, explicou o presidente da entidade, Edison Laércio de Oliveira. Os profissionais do setor, representados pelo Sinsaúde, usufruem de benefícios, como sobretaxa nas horas noturnas em índices superiores à legislação, além da garantia de uma hora de interrupção na jornada. Os estabelecimentos de saúde são obrigados a oferecer salas adequadas ao descanso dos funcionários, além de alimentação para os que trabalham à noite. “Defendemos que isso seja feito com a supervisão dos nutricionistas da ‘casa’ para que seja oferecida uma alimentação saudável e nos horários adequados para a manutenção da saúde dos empregados”, reforça. Os trabalhadores da saúde ainda usufruem de jornada especial de trabalho, também conquistada pelo Sindicato representativo, podendo cumprir seis horas diárias com cinco ou seis folgas ou 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso com duas ou três folgas mensais. “O pessoal do noturno normalmente atua no sistema de 12x36 e as folgas mudam conforme o estabelecimento”, conclui Edison Oliveira.

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entrevista - ministro da saúde fotos: divulgação

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Ministro da Saúde

defende a regulamentação da Emenda 29

E

m entrevista exclusiva para a Em Cena, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fala sobre as metas que pretende atingir à frente do cargo e defende a implantação da Emenda Constitucional 29, que fixa os percentuais mínimos a serem gastos no setor por Estados e municípios e diz que esta é uma importante ferramenta para resolver os problemas de financiamento na área da saúde. Sete meses após assumir o Ministério, o médico sanitarista também discute as condições de trabalho para os profissionais do setor, tendo como foco a questão da formação profissional, além de considerar, como prioridade em sua gestão, o atendimento de qualidade para a área da saúde mental, trabalhando e investindo principalmente com outros ministérios e órgãos federais na política nacional de combate ao crack. Confira a entrevista na íntegra: Em Cena: Quais são as principais metas a serem atingidadas área da saúde no País? Padilha: De imediato, honrar os quatro principais compromissos assumidos pela presidenta Dilma durante o período eleitoral: ampliar a cobertura da rede de urgência


e emergência com a criação de 50 UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) em integração com o Samu, cujos recursos para construção estão assegurados no PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento); implantar a rede cegonha, que vai acompanhar desde o pré-natal até o parto; elaborar e executar um programa de enfrentamento, prevenção, tratamento e reinserção dos usuários de crack; e aumentar a oferta de medicamentos gratuitos por meio do Farmácia Popular. Isto combinado com o fortalecimento da atenção primária e medidas de melhoria do processo de gestão com a implantação do Cartão Nacional de Saúde.

Estados e para os municípios. É evidente que precisamos ampliar a disponibilidade de recursos para a saúde, mas a origem deste dinheiro não é alçada do Ministério da Saúde definir. A nossa tarefa é não se deixar de lado o desafio de gerenciar melhor, com maior transparência e eficiência, os recursos de que já dispomos.

Em Cena: Qual será a política adotada para a área da saúde mental? “A saúde precisa de mais dinPadilha: Garantir atendiheiro, mas se a gente não fizer mento de qualidade também nesta área é uma prioridade o máximo com o que temos é desta gestão, que continuará absolutamente impossível pen- ampliando a política nacional de saúde mental. De 2003 sar em exigir o que quer que a 2009 houve aumento de seja a mais da população.” Em Cena: O ministro é 142%, passando de R$ 619,2 favorável à regulamentação milhões para R$ 1,5 bilhão da Emenda 29? Quais muao ano no setor. Com estes danças traria para o finanrecursos, pudemos impleciamento na área da saúde? mentar mais de 1,5 mil Centros de Atenção Psicossocial Padilha: A regulamentação da Emenda 29 é uma (CAPs) em todo o País, dos quais parte atende especififerramenta importante no enfrentamento do tema do camente usuários de álcool e drogas, e fortalecer a atusubfinanciamento da saúde. Para montá-la, temos de ação de profissionais de saúde que atuam nos Núcleos firmar um compromisso com os governadores e prefeide Atenção ao Saúde da Família (Nasfs), em municípios tos, de todos os partidos, em defesa de regras claras para com até 20 mil habitantes. o setor. Sob a orientação da presidenta Dilma Rousseff, Todo mundo sabe e concorda que a saúde precisa de estamos trabalhando com outros ministérios e órgãos mais dinheiro, mas se a gente não fizer o máximo com o federais na política nacional de combate ao crack, que que temos é absolutamente impossível pensar em exigir contempla desde a repressão ao tráfico até a recuperação o que quer que seja a mais da população. Quero dizer e reinserção social dos dependentes. Na área da saúde, que não vamos conseguir mais recursos para a área se queremos estimular o envolvimento da família e a mobinão mostrarmos antes para a sociedade para onde vai o lização de toda a sociedade nesta empreitada. dinheiro e se está sendo bem empregado. O governo está investindo R$ 140,9 milhões na implantação de um total de 6.120 leitos destinados à inEm Cena: Qual a opinião do ministro em ternação e ao acolhimento de usuários de crack e outras relação à reedição da CPMF, agora denominada drogas. Destes, 2,5 mil leitos já são disponibilizados em CSS? hospitais gerais, integrantes da rede local de serviços de Padilha: Quando comparamos nossa realidade à dos saúde. Outros 2,5 mil leitos estão sendo implantados demais países emergentes, não encontramos nenhum em comunidades terapêuticas, que constituem serviços modelo de cobertura e atendimento público da área com de acolhimento, em regime de residência, a pessoas com a dimensão do SUS (Sistema Único de Saúde). Custear transtornos decorrentes do uso de drogas, sem comproeste modelo tem sido um desafio para a União, para os metimento clínico grave.

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entrevista - ministro da saúde

saúde da população, ou seja, aumenta-se a atenção para Em Cena: O ministro tem algum projeto as ações básicas e ambulatoriais de saúde para que se voltado para a profissionalização dos trabalhareduzam as intervenções hospitalares. dores da saúde, que pertencem tanto ao setor Aliada ao fortalecimento das ações básicas e de público quanto ao privado (hospitais que posurgência e emergência, a quantidade de leitos de intersuem leitos destinados a pacientes do SUS), nação do SUS aumentou. A própria pesquisa do IBGE visando à melhoria na qualidade de trabalho aponta que em 2002, a rede pública contava com destes profissionais? 146.3 mil leitos hospitalares. Ano passado este número Padilha: Nós precisamos discutir com a sociedade, chegava a 153 mil. com as universidades e com as entidades da saúde a Por fim, as ações de assistência básica e primária questão da formação profissional, tendo em vista a universalização do atendimento e a redefinição das demandas dos usuários por conta da mudança no perfil socioeconômico do Brasil, que implica transformações na pirâmide etária e ampliação nas “Garantir atendimento de qualidade também na área da saúde doenças típicas dos países mental é uma prioridade desta gestão, que continuará ampliando a desenvolvidos. Criar condições de política nacional de saúde mental.” trabalho para os profissionais em todo o País é, certamente, uma questão central na condução têm o potencial de resolver mais de 80% dos agravos deste processo. Eu estou convencido que, com nossa de saúde da população. Por isso, o Ministério da Saúde dimensão continental e nossa diversidade, não teremos defende que a atenção básica seja a principal porta de uma alternativa única, rígida. É a partir do diálogo que entrada do cidadão na rede pública de saúde. vamos definir quais são viáveis e para quais contextos. Uma possibilidade é avançar na idéia de termos uma Em Cena: Ainda segundo os dados do IBGE, carreira do SUS, cujos servidores atuariam em situações a oferta de equipamentos hospitalares de específicas. Medidas concretas já foram tomadas, com tecnologia mais avançada aumentou no País, participação do Congresso Nacional, como o reforço porém com excesso no setor privado e escasno quadro da saúde das Forças Armadas e o estímulo sez para pacientes do SUS. Como garantir mais a profissionais formados com apoio do ProUni ou do acesso à população que utiliza o SUS? FIEs (Fundos de Investimento ao Estudante) a atuarem Padilha: A nossa grande preocupação é ampliar no SUS. o acesso ao serviço e financiar estratégias claras que viabilizem isso. Precisamos concentrar governadores, Em Cena: Pesquisas recentes do IBGE mosprefeitos, setor filantrópico, saúde suplementar, para tram redução significativa dos leitos hospitacolocar no centro do debate esta ampliação. lares que estão bem abaixo do preconizado O Governo Federal tem fortalecido e ampliado pela OMS. Em sua opinião, a que se deve esta a rede de atendimento integrado (Saúde da Família, redução? Ela é prejudicial à população? Samu, UPAs, saúde bucal, medicamentos), além de Padilha: A política nacional de saúde, coordenada aumentar os investimentos na ampliação e em reformas pelo Ministério da Saúde e executada pelos Estados e da rede hospitalar pública. Entre 2003 e 2009, o MiMunicípios, está alinhada à tendência mundial de se nistério da Saúde construiu e apoiou financeiramente a priorizar o atendimento primário, de emergência e os construção de 30 hospitais, 12 deles nas regiões Norte serviços de apoio ao diagnóstico com o objetivo central e Nordeste. de se reduzir drasticamente as internações hospitalares. Além disso, desde 2003, o Governo Federal investiu Isso significa uma mudança de foco na assistência à mais de R$ 6 bilhões em infraestrutura, pesquisa e

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personagem da saúde - cláudio souza

Profissional polivalente Trabalhador da saúde tem na atividade musical a fórmula para aliviar o estresse. ‘Trabalhar com música é mais que prazer. É terapia.’

M

ãos que aferem pressão, auscultam semana quando trabalha como DJ. “É o combustível para coração, ministram medicamentos são recarregar as energias e começar renovado na segundaas mesmas que manipulam giz escolar, feira.” músicas e iluminação para festas. Assim é a rotina do enfermeiro Cláudio Cesar de Souza. DJ começou na adolescência Aos 38 anos, formado em Enfermagem pela Faculdade Amante da música, desde os 14 anos, Cláudio Cesar de Anchieta, de Jundiaí, em 2010, ele Souza começou a ‘fazer som’, com uma desempenha multitarefas: é enferaparelhagem rústica, no colégio onde esmeiro na Santa Casa de Vinhedo, tudava em Jacupiranga, cidade próxima técnico de enfermagem na Santa a Registro. A partir daí, os convites para Casa de Valinhos, supervisor do tocar em festas começaram a surgir e, aos Curso Técnico de Enfermagem no poucos, sentiu a necessidade de aprimoColégio Santana - que funciona rar seus equipamentos. “Comecei com dentro da Santa Casa de Vinhedo disco de vinil, que possibilitava dar um -, pós-graduando nos cursos de toque pessoal à música e produzir efeitos Atendimento Pré-hospitalar e Doespeciais. Com a chegada dos CDs, os cência e DJ nos finais de semana. recursos não eram os mesmos, mas ainda Cláudio na Santa Casa de Vinhedo O ingresso na área da saúde assim conseguia fazer um bom trabalho”, aconteceu acidentalmente. Em 1990, ao acompanhar a conta ele. esposa para se inscrever num concurso que daria direito Com o avanço da tecnologia e o lançamento de coma fazer um curso de auxiliar de enfermagem gratuito pela putadores com softwares (programas) de músicas, dedicaPrefeitura da cidade de Registro/SP, resolveu se inscrever dos à manipulação ou criação de áudio e efeitos especiais, também. “Para minha surpresa, eu passei e ela não; foi aí quase todos os equipamentos de um estúdio de DJ foram que comecei a estudar para crescer na profissão”, conta substituídos. “Com isso foi possível reduzir a quantidade Cláudio, que começou como auxiliar de enfermagem, em de equipamentos necessários para uma apresentação, pre1991, passou a técnico e, agora, é enfermeiro. Após convalescendo, assim, ao bom profissional, o conhecimento cluir a Faculdade de Enfermagem, ingressou nos cursos musical, a habilidade e a criatividade diante do público”, de pós-graduação. “Além de me preparar melhor na área explica Cláudio. da saúde, terei a possibilidade de dar aulas e Atualmente, o profissional da saúde assumiu tantas realizar o sonho de ser professor”, diz ele. tarefas que lamenta não ter tempo para uma A rotina diária desse profissional é atividade física, “mas assim que terminar minha intensa, mas ele garante que pós, com certeza, vai sobrar um tempinho. todo estresse acumulado Enquanto isso não acontece, uso a música é compensado nos para alguns movimentos corporais”, diz ele. finais de

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saúde/comportamento - medo de dirigir

Medo de

Dirigir Um pavor que acomete 6% dos motoristas brasileiros e está relacionado a insegurança, mau aprendizado, perfeccionismo, traumas e medo de se expor

N

os dias de hoje saber dirigir e possuir O sofrimento de Regina acabou quando resolveu um veículo deixou de ser uma questão procurar ajuda especializada para o seu caso com a de luxo e passou a ser uma necessidade, psicóloga Adriana Lindoio Potye, da Clínica Escola sobretudo nas grandes cidades, onde Cecília Bellini de Campinas, centro especializado em os lugares são distantes e o trânsito é cada vez mais tratamento psicológico para pessoas que apresentam caótico. trauma de direção. Contudo, também cresce em um De acordo com a psicóloga, os ritmo assustador o número de pessoas motivos mais comuns que levam uma que, por motivos diversos, adquiriram pessoa a adquirir o problema são o o medo de dirigir e, por isso, depenmedo do desempenho e da exposidem do transporte público ou de amição, perfeccionismo e insegurança. gos e familiares, por exemplo, para se “Devido a um aprendizado ruim locomover. De acordo com a Organique tiveram na autoescola, muitas zação Mundial de Saúde (OMS), 6% pessoas se sentem despreparadas para dos motoristas habilitados no Brasil enfrentar o trânsito e procuram ajuda sofrem com a chamada amaxofobia, até sentirem confiança para dirigir”, Regina Célia Fonseca Barbieri Ex-paciente que é o pânico de guiar um automóexplica. vel. Deste índice, 80% são mulheres O tratamento na clínica é realizado com idade entre 30 e 60 anos. de forma psicológica, com sessões em Esse foi o caso de Regina Célia Lima Fonseca grupo, duas horas por semana e também de maneira Barbieri que, após sofrer três assaltos dentro de um prática, em que o paciente vai gradativamente tendo carro, ficou traumatizada por 12 anos e dependia das contato com o automóvel. “Sempre com a minha caronas do marido. Mãos suadas, pernas tremendo presença no carro, os pacientes começam a dirigir e coração disparado eram as sensações sentidas por numa rua bem tranquila e vão evoluindo até conseRegina ao chegar perto do volante. guirem realizar o percurso em uma rodovia”, explica “Só de ver uma moto eu já entrava em pânico, fiAdriana. cava cada vez mais apavorada até que um dia eu parei O programa também inclui dez objetivos que de vez e assim se passaram 12 anos”, conta. os pacientes listam no começo do procedimento

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terapêutico, com lugares que desejariam dirigir, indo do mais fácil para o mais difícil. Depois de cumpridos os dez objetivos é concedida a alta. “Meu primeiro lugar foi o drive-in do McDonald’s, nunca vou esquecer”, conta a ex-paciente Regina Célia, que agora recuperou sua autoestima, confiança e independência.

torista é prudente no trânsito. Em 2010, elas cometeram oito vezes menos infrações do que os homens. De cada 100 condutores que morreram no trânsito somente três eram do sexo feminino e nove em cada 100 mulheres que morreram no trânsito no ano passado estavam dirigindo. No registro de infrações, o sexo feminino também comprova ser mais prudente; os homens cometeram, em média, oito vezes mais faltas. As mulheres foram responsáveis por 548.5 mil infrações, de um total de 4,8 milhões registradas de 2001 a 2010.

Mulheres no volante Um conceito comum que persiste ainda na sociedade contemporânea considera as mulheres como motoristas ruins ou com menos habilidade que os homens. Segundo a psicóloga Adriana Lindoio Potye Adriana Lindoio Potye, este é um dos motivos Cordialidade Psicóloga que levam as mulheres a se sentirem inseguras A violência enfrentada no trânsito nos dias e menos incentivadas. “O fato de 90% dos de hoje é um fator importante a ser considerameus pacientes serem do sexo feminino é cultural, pois muido, pois contribui para a formação de pessoas inseguras e estitas sentem a cobrança, ficam bloqueadas e não conseguem mula o comportamento agressivo e indelicado entre os motoenfrentar o medo”, esclarece a especialista. ristas. Por isso, as técnicas de direção devem estar associadas à Porém, indo na contramão do que a sociedade acredita, responsabilidade de quem está ao volante. “O que deve haver foi apresentado pelo Departamento Estadual de Trânsito entre os condutores é cordialidade, um respeitando o outro e (Detran)/RS estatísticas que comprovam o quanto a mocontribuindo para um trânsito mais gentil”, finaliza a psicóloga Adriana Lindoio Potye.

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saúde/bem-estar - fibrose cística

Fibrose cística

Pouco conhecida, a doença é causada por um distúrbio nas secreções de glândulas do corpo, fazendo com que o paciente precise de cuidados diários para ter uma vida normal

Q

uem vê a linda e saudável Giovanna Gomes Giacomelli, de 7 anos, não imagina que ela convive com uma doença rara e que exige algumas restrições e cuidados diários. Trata-se da fibrose cística, um mal que acomete um a cada três mil nascimentos na população caucasiana (branca), sendo mais rara na população negra e na asiática. Giovanna,

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que teve risco de morte devido às cirurgias feitas quando recém-nascida, herdou a doença por meio de um gene defeituoso da mãe e outro do pai, tendo como consequência a formação de um muco mais espesso no organismo, que dificulta a passagem de substâncias que são importantes para o crescimento e funcionamento de algumas partes do corpo, pois envolve todas as glândulas secretoras: as do suor, pâncreas, canais biliares do fígado, dos brônquios e outras. De acordo com o gastroenterologista Antonio Fernando Ribeiro, que é coordenador do Centro de Referência em Fibrose Cística da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os principais sintomas da doença são o suor muito salgado; insuficiência pancreática, com má digestão dos alimentos e consequente perda de nutrientes pelas fezes; esterilidade nos homens; diabetes, principalmente após a segunda década de vida e doenças respiratórias crônicas, com tosse


frequente, chiado, além de infecções e dificuldade progressi- ficar doente”, explica a mãe Adriana Giacomelli. va para respirar. Além disso, Giovanna e todos os que convivem com “O acometimento respiratório e suas complicações a fibrose cística precisam de uma alimentação hipercalóconstituem o fator limitante de vida nos pacientes com rica, pois o sistema digestivo tem dificuldade de absorver fibrose cística, embora com a descoberta de novos antia gordura dos alimentos. Assim, todas as guloseimas que, bióticos, medicamentos cada vez mais efetivos na fluidez geralmente, são restritas ou controladas pela maioria das das secreções; novas técnicas de fisioterapia, com o depessoas, são permitidas para os fibrocísticos. senvolvimento de centros especializados no tratamento, e “Eu costumo sempre preparar os alimentos com mais com o conhecimento cada vez maior dos mecanismos que gordura, incrementando os pratos com queijo, creme de determinam a doença, hoje os pacientes com fibrose cística leite e outros ingredientes que deixam os pratos mais calórisobrevivem até a idade adulta e levam uma vida normal”, cos”, conta Adriana. esclarece o médico. Dessa forma, pode-se dizer que o paciente Para ter mais qualidade de vida, Giotem chances de ter uma vida normal, principalvanna, que pretende ser dentista quando mente nas fases menos sintomáticas da doença. crescer, realiza a rotina de cuidados diários Isto vai depender muito de como ele e a família com naturalidade. Entre eles estão a ingesvão lidar com a rotina dos compromissos diátão das cápsulas de enzimas antes de todas rios que são impostos pelo problema. as refeições; o uso de medicação, orientada “Infelizmente, nossa sociedade privilegia pelos médicos, como antibióticos, inalação, o forte, o belo e o poderoso, mas isso não suplementação de vitaminas e sais minerais; impede que a pessoa com fibrose cística seja um coleta frequente das secreções respiratórias cidadão, cumpra seus deveres e usufrua de seus para avaliação microbiológica; acompanhadireitos, com a ajuda de sua família da socieAntonio Fernando Ribeiro mento periódico nos centros de referência a dade civil e do Estado”, diz o médico Antonio Gastroenterologista cada dois ou três meses para procedimentos Fernando Ribeiro. médicos e a prática da fisioterapia respiratória. Pilates no tratamento para a fibrose cística “A Giovanna sabe da seriedade da doença e por isso faz Recentemente, um novo recurso para o tratamento de os tratamentos sem reclamar. O importante é sempre conpacientes com fibrose cística foi estudado pela fisioterapeuta versar e explicar que se ela quer continuar tendo uma vida Caroline Buarque Franco, aluna de mestrado do Programa normal é imprescindível que tome os remédios para não da Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de julho/agosto 2011 - EM CENA - 17


saúde/bem-estar - fibrose cística

Medicina da Unicamp. Ela realizou o primeiro realizar o trabalho, sendo também uma ótima ferratrabalho, no mundo, desenvolvido menta para os pacientes realizarem exercícios com pilates em pacientes com a em casa”, esclarece. doença congênita. “A presença de desvios postuSociedade de Assistência à Fibrose rais é facilmente observado nessas Cística pessoas, em consequência da tosse Além dos tratamentos disponíveis atualfrequente e da grande quantidade mente, os familiares dos pacientes com fibrose de secreção pulmonar. Os doentes cística contam com o reforço de um grupo de apresentam a sensação de cansaço funcionários e voluntários da Fibrocis (Sonas atividades diárias, como correr, ciedade de Assistência à Fibrose Cística), que pular e subir escadas; a realização presta atendimento aos portadores da doença Caroline Buarque Franco do pilates, além de melhorar a no setor de pediatria do Hospital de Clínicas Fisioterapeuta postura, abrindo a região do tórax, (HC) da Unicamp. O trabalho da instituição que é bem afetada pela tosse, ajuda compreende uma abordagem do lado social e a reduzir o cansaço e a sensação de falta de ar. Estes psicológico dos doentes, principalmente com as criansão os primeiros resultados conseguidos nas primeiras ças e suas famílias. Por meio do entrosamento com a sessões”, explica Caroline. equipe do HC é feito um acompanhamento caso a Após este estudo, a profissional se prepara para caso e as famílias da região também são orientadas solançar o “Manual de Pilates para Crianças e Adolesbre como lidar com as dificuldades diárias de convívio centes”, com um capítulo focando a importância da e como obter a medicação de alto custo. aplicação do método no tratamentoa da fibrose cística. Para conhecer mais sobre a entidade, entre em “O projeto de publicar o manual tem o objetivo de contato pelo fone (19) 3243-0877 ou acesse a página despertar o interesse e habilitar outros profissionais a na internet www.fibrocis.com.br.

Giovanna realiza os exercícios de pilates para ajudar no tratamento da fibrose cística

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atualidade - cidadania digital

A força da cidadania na era

digital

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m 26 de março de 2011, centenas de monumentos e residências em todo o mundo apagaram as luzes por 60 minutos para comemorar a “Hora do Planeta”(www.horadoplaneta.org. br) em uma iniciativa mundial para sensibilizar a opinião pública para o problema da mudança climática. E como esta ação foi possível de se concretizar? Bastou usar o meio de comunicação mais completo e democrático já criado pelo homem: a internet. O ciberativismo, ou ativismo digital, é um fenômeno que alterou a forma de muita gente se expressar. Com a possibilidade de difundir reivindicações, o espaço virtual se transformou no ‘habitat’ natural do ativista, que descobriu a força da web para reforçar a sua cidadania. No Brasil, as possibilidades são enormes. De acordo com dados do Censo de 2010, 81 milhões de brasileiros acessam a internet e 51 milhões de pessoas se utilizam das diversas mídias sociais (Twitter, Facebook, Orkut) para obter informações. Somando-se a isso as eleições para presidente do ano passado, disputadas tanto nas ruas quanto na web, pode-se imaginar a grande influência que o universo on-line tem, principalmente no campo político. Dentro desse contexto a Avaaz (www.avaaz.org), uma ONG internacional de ciberativismo, que possui milhões de membros, afirma poder alterar políticas públicas por meio da pressão popular compactada em uma petição on-line com uma mensagem de um ou dois parágrafos, e milhares ou milhões de assinaturas. Sua linha de atuação consiste em defender causas que vão desde a libertação de presos políticos até a proteção da Amazônia, por exemplo. Segundo a gerente de Mobilização da Ong Avaaz no Brasil, Graziela Tanaka, uma das campanhas de maior impacto no Brasil foi o ‘Ficha Limpa’, que luta contra a corrupção e a impunidade no País. Na época, a ONG recebeu mais de 40 mil mensagens no período de cinco dias, que, juntado a outras mobilizações, contribuíram para criação da lei no Congresso e Senado Nacional. A divulgação partiu da lista de membros da Avaaz, via Twitter e Facebook. “A Graziela Tanaka simplicidade da idéia contribuiu bastante, pois

Gerente da ONG Avaaz

qualquer pessoa podia participar, enviando mensagens contra a corrupção. Este manifesto chegou aos deputados e muitos deles ficaram um tanto assustados, pois não estavam acostumados com este tipo de envolvimento dos eleitores. Não só nesta área, mas, em muitos outros casos, José Renato Analista de Sistemas as campanhas podem mover milhões de pessoas em situações de urgências globais, como o Tsunami, por exemplo, que arrecadou milhões de dólares para ajudar as vítimas”, pontua Graziela. Além de questões políticas e ambientais, as ações sociais também repercutem bastante na web. Elas vão desde ajuda para catástrofes globais, como mobiliza a Avazz, para singelas solidariedades, como o caso da campanha “Um Caminho para o Lúcio” (www.umcaminhoparaolucio.com.br), criada pelo analista de sistemas e aluno do curso de Mecânica de Precisão, da Faculdade Técnica (Fatec)/SP, José Renato de Oliveira. Por meio da internet, o estudante desperta a consciência das pessoas para a história de Lúcio, um deficiente mental e cadeirante que não tem acessibilidade para sair de casa. “Com o dinheiro arrecado por meio de um bazar que criamos no site, construíremos uma plataforma elevatória (elevador) para Lúcio, que não precisará mais ser carregado toda vez que tiver que descer a estreita escadaria da sua casa para ir ao médico fazer seu tratamento”, explicou o analista. Sites, blogs, redes sociais, lojas virtuais. O mundo digital oferece diversas possibilidades para aproximar as pessoas das decisões do País, captar recursos e promover ações. “Com certeza, a internet é um valioso instrumento para exercermos nossa cidadania. É uma ferramenta que nos permite não apenas fortalecer, mas perpetuar ideias que pequenas, podem se tornar grandiosas”, conclui Renato. Veja alguns sites onde você pode exercer sua cidadania na web • www.horadoplaneta.org.br • www.umcaminhoparaolucio. • www.fichalimpa.org.br com.br • www.avaaz.org • www.votenaweb.com.br

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tendência - faculdade da beleza

Beleza

com nível superior Cuidar da aparência deixou de ser apenas uma preocupação estética. Passou a ser questão de saúde estudada em faculdades

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a última década, a relação da sociedade com a aparência física deixou de ser apenas uma questão estética para se tornar assunto de saúde. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o setor de beleza cresceu 10,5% nos últimos 14 anos, e com ele cresceram também

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os riscos que a busca pela perfeição pode provocar. Produtos danosos lançados todos os dias no mercado, aliados a clientes ávidas por fórmulas mágicas de beleza e profissionais despreparados em salões, formam uma combinação perigosa à saúde. Estes fatores, entre outros, apontaram para a necessidade de prepaDanuzio Silva Reitor da Faculdade BSGU rar com maior profundidade os profissionais do setor para lidar com as mudanças de forma responsável. Ensino superior Percebendo a carência da área de estética por conhecimento técnico, acadêmicos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) voltaram os olhos para o setor a fim de dar mais respaldo à profissão, criando, em 2011, um curso superior para cabeleireiros. Conforme resolução do Ministério da Educação (MEC), o curso na Faculdade BSGU, denominado Estética e Cosmética com ênfase em Design de Cabelo, está classificado na área de saúde. Danuzio Silva, ex-pesquisador da Unicamp, reitor da Faculdade BSGU, historiador e doutor em Arte, Cultura e Educação, explica o fundamento desta classificação. “A profissão de cabeleireiro envolve o trato com produtos químicos e instrumentos perfurocortantes, os quais os profissionais precisam aprender a lidar de forma correta para não colocar a si próprio e seus clientes em risco. Portanto,


Revista Em Cena e a responsabilidade A revista Em Cena mantém o quadro Transformação, em que leitores se inscrevem para ter uma mudança no visual pelas mãos de profissionais que priorizam a saúde de seus clientes e a excelência dos serviços. Os cabeleireiros Sylvio Alduino, proprietário do Salão Loft Hair, e Nilse Vilela, proprietária do Salão Nilse Vilela Cabelo & Corpo, que participam

do quadro Transformação, são exemplos disso. Tanto é que cursam o ensino superior para cabeleireiros. “O fato de fazer faculdade nos valoriza e também nos dá maior embasamento para saber o que é correto fazer, afinal o conhecimento é bem científico. É interessante ver como nosso olhar sobre outros serviços realizados no salão muda, pois aprendemos até mesmo sobre cutícula e não só do pescoço para cima”, aponta Sylvio.

a realização de boas práticas dentro deste ambiente é fundamental para auxiliar na manutenção da saúde de todos”, explica. Segundo Danuzio, além da prevenção, os cabeleireiros podem atuar na promoção da saúde. Sylvio Alduino Cabeleireiro e aluno “Por enxergarem as pessoas do alto da cabeça, podem visualizar alergias e pragas, além de erros de postura e outros problemas detectados em conversas informais, como o uso errado da automedicação, e alertar o cliente para que se encaminhe ao médico. Além de ensinar como lidar com os cabelos, a função da faculdade é ampliar o olhar do aluno sobre outros fatores importantes em sua profissão”, avalia.

“Sou cabeleireira há 31 anos e optei por cursar faculdade na busca por conhecimento aprofundado. Por incluir matérias, como história, artes, anatomia e psicologia, aprendemos a cuidar melhor das pessoas e de nós mesmos como profissionais. Acredito que esta não seja apenas uma tendência, mas a nova forma de trabalhar daqui em diante”, avalia Nilse.

profissional para capacitar profissionais com conhecimentos técnicocientíficos, isto é, a química aplicada à estética e à cosmética, é urgente. Sem conhecimento técnico, o profissional não está apto para questionar a Nilse Vilela Cabeleireira e aluna qualidade e segurança de produtos utilizados para tratamentos químicos capilares. Estes atributos são importantíssimos para a legitimação de uma categoria profissional competente e ética”, pondera a química.

Saúde dos profissionais Leide Mengatti, vice-presidente do Sindicato da Saúde de Campinas e Região (Sinsaúde), explica que além da saúde dos O perigo das químicas caseiras clientes, a preocupação dos profissionais de salões de beleza Somente no interior paulista existem mais de 10 mil salões com a própria saúde é fundamental. “Seguir as normas de de beleza. Um dos grandes vilões à saúde em muitos destes segurança e usar equipamentos de proteção são indispensáveis, salões é a preparação caseira de produtos. Exemplo clássico como máscaras, ao lidar com produtos químicos; luvas, ao são as polêmicas escovas progressivas que, a partir de 2004, se manusear instrumentos perfurocortantes, além de esterilizar disseminaram contendo formol. Casos de intoxicação e até materiais. Estes devem ser procedimentos básicos”, pondera. morte de profissionais e clientes foram noticiados em diversos Leide é também diretora executiva do Instituto de Saúde Estados brasileiros, como a morte de uma cliente em Goiás Integrada (ISI), que forma profissionais em outra área, a de em 2007, o que levou a Agência Nacional de Vigilância Sani- enfermagem. Ela avalia que, assim como ocorreu com outras tária (Anvisa) a proibir, dois anos depois, a comercialização de profissões, é por meio do conhecimento que a área de estética formol e de produtos com este composto. irá se regulamentar. “Esta é uma discussão que deve ser feita e Mônica Bispo, química com especialização em cosmeo estudo é um grande passo na evolução do setor de estética. tologia, é professora de Química para os cabeleireiros na Isto porque a tendência é que quanto melhor a formação Faculdade BSGU e explica a seriedade de modificar fórmulas profissional, mais alto é o nível de exigência deste trabalhador, sem conhecimento. “As formulações o que faz com que os profissionais ‘batizadas’ têm seu balanceamento al- sejam mais cuidadosos com seu trabaterado. Com a alteração este produto lho e exigentes com as condições para sai completamente da recomendação exercer a profissão. Com a qualidade da Anvisa e, com certeza, no mínide formação profissional, trabalhadomo, terá impactos a saúde e seguran- res e sociedade só têm a ganhar”, frisa ça, tanto do manipulador quanto do a diretora. cliente”, afirma a professora. Mônica explica ainda que as aulas - Faculdade BSGU: (19) 3367-2791 / de química visam tornar profissionais bsgu@faculdadebsgu.com.br Instituto de Saúde Integrada criteriosos, mesmo com produtos fa- - (ISI): (19) 3737-5500 Leide Mengatti Mônica Bispo bricados pela indústria. “A formação - Nilse Vilela: (19) 3227-2129 Vice-presidente do Sinsaúde Química

- Sylvio Alduino: (19) 3258-9013

e diretora executiva do ISI

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beleza - transformação

Cabelo

a moldura do rosto É necessário saber qual é o melhor corte e a cor para valorizá-lo

O

sonho de toda mulher é ter um dia de beleza. Uma oportunidade para se transformar; deixar os profissionais da arte brincar com a aparência, melhorar a imagem diante do espelho e gostar do que vê. É o que aconteceu com Lúcia Vicente Góis, a auxiliar de farmácia do Hospital Estadual

Sumaré, que deixou para trás aquela imagem cansada e se entregou nas mãos mágicas de Fernando Nadaleto, do PH Institute. Para suavizar o rosto de Lúcia, o profissional repicou os cabelos e desfiou as pontas, reduzindo o volume. Como as madeixas já tinham descoloração e estavam bastante danificadas e com três cores, ele fez uma pigmentação de cor, mantendo as mechas mais claras para o efeito de luzes. “O objetivo foi dar um tom PARTICIPE

Se você quer participar da coluna Transformação, entre em contato com a Diretoria de Comunicação do Sinsaúde pelo e-mail: srodrigues@ sinsaude.org.br ou escreva para Rua Duque de Caxias, 368 - Centro Campinas/SP - CEP 13015-310.

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um pouco mais escuro para suavizar o rosto, porque o loiro muito claro deixava-a com aspecto cansado”, explica Fernando. A profissional da saúde ficou realizada quando olhou no espelho e viu seu novo visual. Ela estava com a autoestima baixa e se inscreveu para participar desta coluna. “Desde que tive minha filha, eu brigo com o espelho, não estava contente com minha imagem e o Sinsaúde me deu esta oportunidade e, nas mãos de Fernando, voltei a gostar de mim”, diz Lúcia. Mas não foi só o cabelo que mudou. A produção continuou nas mãos de Thiago Scagliarini. Ele fez uma limpeza no rosto para, em seguida, maquiá-lo. Em tons mais escuros, próprios para a noite, pois já passava das 19 horas, o maquiador usou sombra marrom,

esfumaçou com preto, colocou cílios e finalizou com um tom claro para dar um aspecto iluminado; o blush e o batom rosa completaram o make. “Ela está pronta para ir a uma festa. Seu rosto ganhou beleza e ela está linda!”, comemora Thiago. Lúcia demonstrou a satisfação com o resultado do seu ‘dia da beleza’, fazendo planos para o futuro. “Acho que agora muita coisa vai mudar, eu estou

me sentindo linda e agradeço a toda a equipe que me tratou muito bem e me deu esta alegria”, pontua Lúcia. Para esses profissionais, o prazer é saber que realizaram um bom trabalho e que a cliente gostou. “É um orgulho ver o sorriso no rosto da pessoa ao olhar no espelho e saber que fizemos um trabalho perfeito e alguém feliz!”, finaliza Fernando, que há 30 anos faz a cabeça das mulheres. Fonte: PH Institute - Rua Dona Prisciliana Soares, 106 - Cambuí - Campinas Fones (19) 3252-1055 e 3255-7395

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turismo - araraquara e ibitinga Fotos: divulgação

Interior de São Paulo região central pode ser uma boa opção nas férias

A

raraquara é uma das alternativas para quem pretende conhecer o interior paulista. A 269 quilômetros de São Paulo, a cidade, que é considerada uma das mais prósperas do Estado, oferece a seus visitantes características interioranas com toques de pólo regional. O município que está estrategicamente localizado no centro do Estado de São Paulo tem aproximadamente 208 mil habitantes. Fundado em 22 de agosto de 1817, ele se destaca atualmente nos cenários regional e nacional pela qualidade de vida de sua população, pela exuberante paisagem do local e pela urbanização planejada. Estes são alguns atrativos que trazem constantemente consumidores e empresários para a região. Um dos destaques em Araraquara é a Feira Agro-Comercial e Industrial da Região de Araraquara (Facira), que é realizada anualmente em agosto. O evento ocorre durante 10 dias e tem a finalidade de ajudar as entidades ligadas ao Fundo das Instituições Sociais de Araraquara (Fisa). O desenvolvimento do local e a infraestrutura para receber eventos se devem, em parte, à concentração Igreja Matriz de indústrias na Praça Ruy na cidade, que Barbosa está baseada na agroindústria,

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representada pela cana-de-açúcar e laranja, e também por outros setores, como a indústria têxtil e tecnologia de informação. O município ainda é privilegiado na área de transporte de cargas, pois é cortado por rodovias importantes e abriga um dos principais terminais ferroviários de carga do País, ligando regiões produtoras (centro-oeste) e exportadoras (capital paulista e portos marítimos). O turista que visita Araraquara pode encontrar, além de vários corredores comerciais, dois shoppings centers e diversificada rede gastronômica, com pratos das cozinhas nacional e internacional. Depois das compras e de experimentar a gastronomia da região, o visitante pode curtir as atividades culturais e conhecer um pouco mais da história do município, visitando a Casa da Cultura “Luiz Antônio Martinez Corrêa” ou o Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria. E quem sabe até ir ao Teatro Municipal de Araraquara, considerado um dos mais modernos do interior, com capacidade para 460 pessoas. Em um passeio simples é possível se encantar com a arquitetura do local, que tem 200 anos. Segundo a Coordenadoria de Prestação do Patrimônio Histórico e Cultural, há 28 imóveis tombados, sendo oito particulares. Outra opção, durante o percurso, é caminhar ao ar livre no Parque Infantil ou no Bosque Botânico. E para quem gosta de esporte, não pode deixar de conhecer o Estádio Arena da Fonte. O local recebe


Saiba como Ibitinga se tornou a capital nacional do bordado Na década de 30, o bordado foi divulgado em Ibitinga por mulheres como Dioguina Martins Sampaio Pires, Maria Gonçalves Amorim Grilo, Marieta Macari Pires e Maria Braga. Elas ensinavam o bordado em máquinas de costurar, chamadas de

maquininhas, para as moças e senhoras ibitinguenses. A partir daí, o bordado passou a ser um complemento na renda familiar. A evolução na forma de produção e nas matérias-primas utilizadas foi rápida. As máquinas elétricas chegaram por meio da Escola de Bordados Singer, montada por Gottardo Juliani, revendedor da marca, que projetou o equipamento especialmente

grandes clássicos e até campeonatos, como o Brasileirão. Araraquara também tem grande tradição esportiva: no futebol com a Associação Ferroviária de Esporte (AFE) e no basquete com o Palmeiras/Araraquara, o antigo time do Clube 22 de Agosto. Ibitinga Na região de Araraquara está localizado o município de Ibitinga. A cidade, com 52 mil habitantes, possui no turismo de compras a base para a existência e desenvolvimento da cadeia produtiva do bordado. A atividade artesanal é responsável pelo desenvolvimento do local nos últimos anos. Ao todo são 2.100 estabelecimentos comerciais e industriais, além de uma série de serviços relacionados à fonte de renda. Juntos, estes setores são responsáveis por aproximadamente 35 mil empregos, o que representa cerca de 90% da população economicamente ativa do município. A Feira de Artesanato é uma das atrações da cidade. Ela acontece todos os sábados na Praça Ruy Barbosa, em frente à Igreja Matriz, das 6 às 13

De cima para baixo: Casa da Cultura e Estação Ferroviária de Araraquara e os famosos bordados de Ibitinga

para atender o mercado da cidade. Com a evolução dos maquinários, o bordado passou a ser principal fonte de renda do município. Hoje, apesar de a tecnologia ter aprimorado o processo de fabricação das confecções bordadas, o grande diferencial ainda é a mão de obra, com acabamentos e técnicas artesanais que se especializam a cada dia.

horas. Anualmente, também é realizada a Feira do Bordado de Ibitinga, onde mais de 200 expositores apresentam seus produtos. Os visitantes podem conferir, este ano, a 38ª edição entre os dias 7 e 17 de julho. Apesar de o município ser conhecido como a Capital Nacional do Bordado, a Prefeitura tem se preocupado em desenvolver outras atividades turísticas na região, como os eventos religiosos anuais: a Via Sacra e o Corpus Christi. A natureza do local também é privilegiada, por isso os visitantes podem conhecer o encontro das águas dos rios Tietê e Jacaré-Guaçu e a eclusa do Rio Tietê e Pantanal paulista, onde fauna e flora são similares ao Pantanal matogrossense, com várias espécies de animais, algumas em extinção, como onça-parda, tamanduá-bandeira, veadocampeiro e jacaré tinga. Justamente para estimular o turismo ecológico, foi criada uma parceria entre a Prefeitura da cidade, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ibitinga (Faibi) e a Fundação Florestal para desenvolver dois projetos, um relacionado a trilhas ecológicas e outro sobre passeio de barco. A previsão da Secretaria de Turismo de Ibitinga é que a iniciativa vire realidade ainda neste segundo semestre.

Saúde -

Araraquara é uma das subsedes do Sindicato da Saúde Campinas e Região (Sinsaúde), na qual estão vinculadas algumas cidades próximas, entre elas, Ibitinga. O presidente regional é o técnico de enfermagem Antônio Aparecido dos Santos, o Toninho. A unidade sindical representa cerca de 3 mil profissionais em 13 estabelecimentos de saúde. Veja abaixo. HOSPITAL

Santa Casa e Maternidade de Ibitinga

Hospital Psiquiátrico Espírita Cairbar Schutel

Santa Casa N. S. Fátima e Beneficência Portuguesa

Hospital São Sebastião de Borborema

Santa Casa de Nova Europa

Santa Casa Misericórdia de Araraquara

Santa Casa de São Miguel - Tabatinga

Irmandade São José de Novo Horizonte

Santa Casa e Maternidade D. Julieta Lyra - Itápolis

Lab. de Análises Clínicas Dr. Arnaldo Buainain

Unidade de Tratamento Dialítico de Araraquara

Maxi - Medical Diagnóstico por Imagem - Araraquara

Unimed de Araraquara Coop. de Trabalho Médico

Antonio Ap. dos Santos Diretor do Sinsaúde

julho/agosto - 2011 - EM CENA - 25


dica cultural - cordel

O cordel

como difusor da cultura popular Ainda que seja uma arte que se confunde com as origens do próprio Brasil, até a estreia da novela da TV Globo, ‘Cordel Encantado’, muita gente ainda desconhecia o universo do cordel. O estilo literário também está ligado às artes plásticas, ao teatro, à música e outras linguagens que vão muito além dos estereótipos abordados pela trama global

O

fotos:divulgação

cordel é poesia Uma arte popular Pode ser contada em versos Metrificados com rimar Na escrita ou na canção O que importa é a devoção Nesta arte milenar! A Literatura de Cordel tem raízes na Europa, quando trovadores da Idade Média divulgavam velhas histórias nas praças, em textos memorizados e cantados por cegos em troca de esmola. Os cordéis foram batizados com este nome por serem expostos para venda pendurados em cordões. Narrativas de heroísmo, guerra, amor, viagens e conquistas marítimas, além de fatos do cotidiano, eram os temas preferidos do público. Trazidas para o Brasil no século 17, na bagagem dos colonos portugueses e espanhóis, as histórias eram decoradas por quem sabia ler, transmitida de forma oral e transformada pela memória do povo. Enraizado no Nordeste, principalmente nas cidades do interior, o cordel também servia como expressão para expor os problemas sociais de cada região. Segundo o estudo monográfico ‘Comunicação Social e Resistência Cultural na Literatura de Cordel’, Marco Haurélio realizado pelo jornalista Alan BarPesquisador e cordelista

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reto, como um jornal, o cordel assumiu a função de informar às pessoas fatos da região, façanhas de cangaceiros, casos de rapto de moças, crimes, estragos da seca, efeitos das cheias, entre outras temáticas. A oralidade também é um elemento forte do estilo literário. Antigamente, os versos eram declamados pelos trovadores; hoje, os cordelistas, cantadores e violeiros assumiram esta função. De acordo com o pesquisador em cultura popular e cordelista Marco Haurélio, o cordel que se conhece atualmente (com predominância da sextilha setissílaba, ou seja, em versos rimados e metrificados) nasceu na Paraíba com os poetas Leandro Gomes de Barros (considerado por Drummond o rei da poesia do sertão) e Silvino Pirauá de Lima, consolidando-se como atividade editorial no Recife e na região do Brejo paraibano e se espalhando por outras regiões do Brasil por meio do migrante nordestino. “O nosso cordel aproxima-se, em certo ponto, da poesia popular praticada em Portugal, Espanha, França, Itália e na América espanhola. Em especial quando retrabalha temas da tradição oral. Mas apresenta uma temática mais Arievaldo Viana abrangente e dialoga, desde Cordelista e professor


Conheça alguns movimentos e instituições fomentadores do cordel no Brasil Academia Brasileira de Literatura de Cordel (RJ) - é a entidade literária máxima a reunir, no Brasil, os expoentes deste gênero literário, típico da região Nordeste, com sede no Rio de Janeiro, fundada em 7 de setembro de 1988. Atualmente, é presidida por Gonçalo Ferreira da Silva. Outras informações: www.ablc.com.br Bodega do Brasil (SP) - movimento constituído por artistas da cultura popular, cujo objetivo é fazer o intercâmbio entre a classe artística, o público e os meios sociais, com apresentações e exposições de trabalhos. O movimento acontece uma vez por mês no Centro de São Paulo. A Bodega é coordenada pelos cordelistas Costa Senna e Daniella Almeida. Informações: www.bodegadobrasil.blogspot.com.

Caravana do Cordel (SP) - projeto coletivo, construído por poetas populares nordestinos, radicados em São Paulo. O grupo, que é formado por poetas, artistas plásticos, músicos e pesquisadores, reúne muita gente nos eventos realizados em São Paulo, mantendo viva a tradição da poesia popular. A Caravana é coordenada por Varneci Nascimento, Marco Haurélio, Costa Senna, Pedro Monteiro, Nando Poeta, João Gomes de Sá e Cacá Lopes. Ucran - União dos Cordelistas, Repentistas e Apologistas do Nordeste (SP) - entidade, fundada em 1988, em São Paulo, é formada por artistas populares, apologistas, pesquisadores, repentistas e cordelistas. A Ucran é presidida pelo repentista Sebastião Marinho. Outras informações: www.ucran.com.br. Unicordel - União dos Cordelistas de Pernambuco (PE) - é um movimento de

promoção e defesa da poesia popular, composto por poetas, declamadores, folheteiros, editores e pesquisadores. Suas ações prezam pela oralidade do cordel, apresentado em mercados públicos, escolas, universidades, bares, restaurantes e eventos culturais. Ela é presidida pelo cordelista José Honório da Silva. Outras informações: www.josehonorio.com.br. ACLC - Academia Caruaruense de Literatura de cordel (PE) - tem o objetivo de formar novas gerações de leitores e produtores de literatura de cordel e homenagea os mestres cordelistas da região. Casa Rui Barbosa (RJ) - possui o maior acervo de literatura popular em versos da América Latina e uma extensa bibliografia, composta de catálogos, antologias e estudos especializados com mais de 9 mil folhetos de cordel. A iniciativa está ligada ao Governo Federal. Outras informações: www. casaruibarbosa.gov.br.

sempre, com outros gêneros literários. E foi assim que ele ganhou uma feição própria, que se torna único”, explica ele.

o principal responsável pela reelaboração das outras expressões artísticas. “Temos exemplos muito felizes em outras artes, em que artistas contemporâneos estão sempre bebendo na Diversidade artística fonte cordeliana. Penso que esta diversidade de O cordel também está presente em outras linguagens expressa a força do cordel na nossa vertentes da cultura. Um bom exemplo desta cultura brasileira”, avalia. influência está no denominado “Movimento Na televisão, atualmente a novela ‘Cordel Maria Alice Amorim Armorial”, fundado pelo escritor Ariano SuassuEncantado’ leva ao grande público a riqueza Pesquisadora e jornalista na na década de 70, no Recife. Ele cria uma arte da temática desta literatura, alvo de elogios e erudita a partir de elementos da cultura popular, críticas dos que estão diretamente ligados à encontrados nos folhetos de cordel, e a vincula a música, cultura popular. dança, artes plásticas, teatro, cinema e televisão. O ‘Auto da Para o cordelista e professor Arievaldo Viana, alguns dos Compadecida’ (1955) e ‘A Pedra do Reino’ (1970) são alguns pecados de ‘Cordel Encantado’ são os sotaques. “Estão exade seus clássicos que, além da linguagem literária, também gerados, estereotipados, distantes da realidade da maioria dos aderiram à linha teatral, cinematográfica e televisiva, sendo Estados do Nordeste. Parece que, para o elenco e a direção comum a todos a ligação com elementos cordelísticos. da novela, o único sotaque que prevalece é aquele do ‘baiano Na música, artistas, como Antônio Carlos Nóbrega, Alceu preguiçoso’, de fala cantada, que a própria mídia se encarreValença, Nando Cordel, Elba e Zé Ramalho, estão fortemen- gou de criar e difundir. Desde já fique claro o meu respeito e te ligados ao estilo literário. Nas admiração pelo povo baiano”, ressalta artes plásticas, a xilogravura (deViana. senho que ilustra as capas dos Já, Maria Alice Amorim acrefolhetos) é a arte que melhor dita que vários temas da literatura representa o cordel, tendo nos tradicional nordestina são abordados artistas J. Borges, Marcelo Soacertadamente por ‘Cordel Encantaares, Dila e José da Costa Leite do’. “O cangaço é bastante recorrente seus principais representantes. na literatura de cordel, assim como Como o universo do cordel a narrativa de rapto de princesa, é muito rico e nele existe todo do casamento e do encantamento um imaginário simbólico da relacionado às sagas de reis e rainhas, cultura nordestina, a jornalispríncipes e princesas. No cordel é ta e pesquisadora em cultura comum tramas que envolvem poder popular Maria Alice Amorim e conquista. Nisso a novela acertou”, afirma que este imaginário é justifica a pesquisadora. julho/agosto 2011 - EM CENA - 27


meio ambiente - sacola biodegrádavel

Estado de São Paulo quer extinguir sacolinhas até final de

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Especialista alerta que sacolas biodegradáveis geram gás metano e sugere criação de uma boa gestão de resíduos

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sacolinha plástica tem sido consideraou a venda de sacolas plásticas a consumidores em da a grande “vilã” do meio ambiente, todos os estabelecimentos da cidade. O prazo para principalmente nos últimos anos os empresários se adequarem é até o dia 31 quando aumentaram as discussões de dezembro. O estabelecimento sobre a criação de medidas para reduzir a poluição comercial que não cumprir a causada por ela. A solução encontrada para amedeterminação poderá ser multanizar o problema foi a proibição do entre R$ 50,00 e do seu uso. Para viabilizar esta R$ 50 milhões. tendência, em maio deste ano, o Mesmo antes de a governador de São Paulo, Geralcapital paulista aderir à do Alckmin, assinou um acordo medida, o interior já vinha com a Associação Paulista de criando alternativas para dimiSupermercados (Apas), prevendo nuir esse hábito. No mês de junho a extinção destas embalagens até começou a vigorar em Americana o final de 2011 em todo o terriuma lei semelhante, de autoria tório paulista. do vereador Odair Dias (PV). Além dessa iniciativa do Assim, como o município, Estado, as campanhas contra as outras cidades, como Ernesto Paulella sacolinhas surtiram efeito em Monte Mor, Rio Claro, Professor todo o País e elas estão proibidas Ipeúna, Itapetininga e em 14 capitais: Aracajú, Belo Taubaté também criaHorizonte, Brasília, Florianópolis, Goiânia, João ram legislações sobre o assunto. Pessoal, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio Mas o debate sobre a proide Janeiro, São Luís, Teresina e Vitória. Recentebição desse tipo de embalagem mente, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ainda exige que sejam oferecidas sancionou a lei que proíbe a distribuição gratuita outras opções para o transporte

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foto:divulgação

de produtos, como as sacolas retornáveis ou biodegradáveis (feita de material orgânico) e até incentivos para a mudança de costume. Por isso, alguns supermercados, por exemplo, cobram pelas sacolinhas utilizadas pelo consumidor ao preço que varia de R$ 0,99 a R$ 1,99, para que as pessoas se acostumem a usar a sacola retornável. As sacolinhas orgânicas são consideradas por alguns especialistas como uma boa opção, pois levam 180 dias para decompor, enquanto as comuns, feitas de polietileno, que é derivada do petróleo, chegam a demorar de 100 a 200 anos para se deteriorar. Em contrapartida, o professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC), Ernesto Paulella, diz que apesar do material orgânico ficar menos tempo presente no solo, durante o seu processo de decomposição ele libera gás metano na atmosfera. “A sacolinha biodegradável é totalmente orgânica. Durante a sua decomposição, além do chorume, que é um líquido contaminante e causa impacto nas águas, no procedimento ela (sacola) vai gerar ainda o gás metano, que é o pior dos gases no efeito estufa, que agride a camada de

ozônio. Portanto, você troca um problema por outro”, alerta Paulella. Na opinião do professor, as embalagens comuns não deveriam ser extintas, pois elas são de grande utilidade no transporte dos produtos. O que pode ser feito é criar uma boa gestão de resíduos, educar e informar a população sobre a forma adequada de descarte. Ele sugere também a adoção de práticas usadas antigamente pelos consumidores, como carregar as compras em caixas de papelão e sacos de papel, para tentar diminuir a utilização das sacolas. Descarte das sacolinhas Muitas vezes, as pessoas, sem a devida informação, acreditam que estão agindo corretamente ao reaproveitar as embalagens plásticas para depositar o lixo, só que na verdade este é um costume errado. Em vez de contribuir com o meio ambiente, estão enviando para o aterro sanitário um material que vai demorar até 200 anos para deteriorar. “Não podemos ver a sacolinha como vilã. O problema é o uso inadequado e a maneira como as pessoas a descartam”, afirmou o professor Ernesto Paulella. Ele explica que o esse “mau hábito” pode gerar uma série de problemas, entre eles a ocupação do espaço físico da natureza por este tipo de plástico; o aumento dos riscos de enchentes nos centros urbanos, porque os saquinhos vão parar nos bueiros; e a causa de morte de animais aquáticos, quando eles se alimentam do material. Segundo Paulella, a forma correta de descartar a sacola é separá-la para a reciclagem, mas quando é utilizada para colocar restos de alimento ou objetos indesejados, por exemplo, a indicação é depositar a embalagem em um saco de lixo, como é exigido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

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saúde em fatos e fotos

Espírito Santo do Pinhal

A

cada edição desta publicação, o Sinsaúde Campinas e Região presta uma homenagem aos trabalhadores de sua base de representação que acreditaram e depositaram sua confiança na entidade, empenhando-se em suas lutas e conquistas para que a entidade ultrapassasse as barreiras do tempo e garantindo uma imagem forte e positiva há mais de sete décadas. Os homenageados nesta edição são os profissionais de Espírito Santo do Pinhal que atuam nos mais variados setores, mas integram uma só equipe quando o assunto é dar qualidade de vida aos pacientes. São trabalhadores que lutam para ter seu trabalho reconhecido e respeitado pela sociedade e não medem esforços para isso. Nas edições anteriores tiveram destaque, nesta coluna, os trabalhadores das cidades que compõem a base de Tupã, Araraquara, Americana, Amparo, Atibaia, Dracena, Araras e Itapira, que, assim como Pinhal, são formadas por profissionais que acreditam no Sinsaúde e apoiam seu trabalho. Cada profissional, independente do trabalho que exerce, enfrenta desafios diários para salvar vidas e luta para vencêlos. Entre ganhos e perdas, dores e alegrias, os profissionais da saúde de Pinhal se mostram capazes de enfrentar os problemas impostos no dia a dia pela profissão. Homenageá-los nesta página é uma forma de agradecer a dedicação e o esforço em porporcionar o bem-estar às pessoas que necessitam de seus cuidados.

Hospital Bezerra de Menezes

Hospital Francisco Rosas

Clínica Sayão

Hospital Francisco Rosas

Hospital Bezerra de Menezes

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Hospital Francisco Rosas


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