Usuários é Prioridade

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editorial

Agenda estratégica

Sergio Watanabe é presidente do SindusCon-SP, vicepresidente da CBIC e diretor da Fiesp Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: presidente@ sindusconsp.com.br

Algumas demandas das manifestações populares de junho foram atendidas e outras adiadas. A área econômica do governo voltou-se para o curto prazo. Contenção de despesas oficiais e nova elevação da taxa de juros vieram para frear a escalada da inflação – o que também não se concretiza de uma hora para outra. A dúvida é se tais ações serão complementadas por medidas que estimulem os investimentos privados e deem eficiência aos recursos públicos, superando a atual crise de confiança. Neste ambiente de incertezas, cabe à construção trabalhar por uma agenda estratégica que melhore o ambiente de negócios e eleve a produtividade do setor. Há espaço para uma atuação junto à União, aos governos estaduais e às prefeituras para a superação de obstáculos.

das medidas que precisam ser adotadas. A terceirização na construção civil merece ser reconhecida como inerente à atividade econômica do setor, geradora de empregos de qualidade e, portanto, inibidora da rotatividade de mão de obra que caracterizou o setor até há poucos anos. Para aumentar a produtividade, é preciso elevar a oferta de qualificação profissional e o grau de industrialização dos processos de construção. Seriam bem-vindas uma política nacional de qualificação para o setor, estímulos à adoção de novos processos e maior concorrência na área de equipamentos. A crescente escassez na oferta de terrenos para a habitação deve ser atacada, mediante políticas e ações concretas de desenvolvimento urbano adotadas com a participação da sociedade, incluídas as entidades de construção e incorporação. Estas políticas precisam estar integradas à elevação da mobilidade urbana e contemplarem parcerias entre entes públicos e privados. Para auxiliar neste planejamento, o governo federal poderia criar um banco de dados com informações geradas eletronicamente pelas prefeituras, como emissão de alvarás de construção, área autorizada para construção, tipo de edificação, dados sobre localização associadas ao zoneamento etc. Cabe às entidades da construção levar estas e outras propostas aos governantes que se mostram dispostos a ouvir a sociedade. Se a classe política está cada vez mais mobilizada pela disputa eleitoral que se avizinha, a construção precisa trabalhar por um horizonte de longo prazo. Conseguir encontrar denominadores comuns a esses interesses frequentemente divergentes é o grande desafio do setor.

A burocracia está travando inclusive os investimentos do setor público Tais gargalos são conhecidos. O excesso de tributos e encargos ainda precisa ser aliviado, pois a desoneração da folha de pagamentos da construção, embora tenha sido benéfica para empresas com muita mão de obra própria, acabou onerando as construtoras que terceirizam um grande volume de serviços. União, Estados e Municípios precisam agilizar os procedimentos de análise e aprovação de obras de habitação e infraestrutura, porque a burocracia está se tornando um obstáculo até para o investimento público. Rever e simplificar legislações, centralizar decisões em agências “Poupatempo da Construção” e informatizar trâmites são algumas

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sumário

Presidente Sergio Tiaki Watanabe

voz do leitor

CONFIANÇA NO FUTURO Concordo com o artigo “Futuro promissor” do vicepresidente Mauricio Bianchi (edição 124, pág. 18): com financiamento suficiente, demanda contínua por moradia e necessidade permanente de ampliação da infraestrutura, podemos manter a confiança na construção e nos prepararmos para atender o mercado. Odair Senra Vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP

RETIFICAÇÃO

Capa SINDUSCON-SP MOSTRA NOVO PADRÃO DE SISTEMAS PREDIAIS......... 6 • Seminário revela avanços nos sistemas • Desafiador, case incorporou inovações • Eletropaulo abre canal para construtoras • Via Fácil agiliza trabalho dos Bombeiros • Placas solares: dúvidas persistem

QUALIDADE............................................... 14 • Setor ensina aplicação ideal de argamassa MEIO AMBIENTE........................................ 21 • Congresso discute eficiência energética • Conferência lança propostas para resíduos RELAÇÕES CAPITAL-TRABALHO.................. 25 • Iniciados os preparativos para a Megasipat SINDUSCON-SP EM AÇÃO........................... 27 • Sindicato pediu fim da contribuição adicional ao FGTS • Fundações em destaque RESPONSABILIDADE SOCIAL...................... 28 • Inclusão é possível, ensina mestre PCD HABITAÇÃO............................................... 29 • Setor quer mais agilidade nos licenciamentos

A reportagem “Inovando a grande obra”, sobre a Construction Expo 2013 (edição 124, pág. 38), é de autoria de Nathalia Barboza.

Escreva para esta Seção

e-mail: noticias@sindusconsp.com.br correio: R. Dona Veridiana 55, 2º andar, 01238-010, São Paulo-SP

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Diretores Paulo Brasil Batistella (Jurídico) Salvador de Sá Benevides (Rel. Internacionais) Diretores das Regionais Eduardo Nogueira (Ribeirão Preto) Elias Stefan Junior (Sorocaba) Emilio Carlos Pinhatari (São José do Rio Preto) Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente) Márcio Benvenutti (Campinas) Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru) Ricardo Beschizza (Santos) Rogério Penido (São José dos Campos) Sergio Ferreira dos Santos (Santo André) Representantes junto à Fiesp Titulares: Eduardo Ribeiro Capobianco, Sergio Porto; Suplentes: João Claudio Robusti; José Romeu Ferraz Neto Assessoria de Imprensa Rafael Marko - (11) 3334-5662 Nathalia Barboza - (11) 3334-5647 Fabiana Holtz - (11) 3334-5701 Conselho Editorial Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto SUPERINTENDENTE José Luiz Machado editor responsável Rafael Marko

CARGA TRIBUTÁRIA................................... 33 • Desoneração sai com trapalhadas REGIONAIS................................................ 34 • Santos discute estruturas de concreto • Tarifas oneram m² em Bauru • Campinas revê leis urbanísticas

colunistas Conjuntura | Eduardo Zaidan.................................5 Gestão da Obra | Maria Angélica Covelo Silva...........18 Empreendedorismo | Marcos Hashimoto...............20 Gestão Empresarial | Maria Angelica L. Pedreti.......26

REDAÇÃO Nathalia Barboza e Fabiana Holtz (São Paulo) com colaboração das Regionais: Ester Mendonça (São José do Rio Preto); Giselda Braz (Santos); Homero Ferreira (Presidente Prudente); Enio Machado, Elizânio Silva e Tatiana Vitorelli (São José dos Campos); Marcio Javaroni (Ribeirão Preto); Sabrina Magalhães (Bauru); Ana Diniz e Simone Marquetto (Sorocaba); Sueli Osório (Santo André); Vilma Gasques (Campinas). Secretaria: Antonia Matos Arte e diagramação Marcelo da Costa Freitas/Chefe de Arte PUBLICIDADE Vanessa Dupont - (11) 3334-5627 Pedro Dias Lima - (11) 9212-0312 Bruna Batista Avelino - (11) 3334-5659 Thiago Rodrigues - (11) 3334-5637 Vando Barbosa - (11) 97579-8834 Jéssica Schittini - (11) 96646-6525 André Maia - (21) 7834-5379 Eneida Cristina Martins - (11) 99942-7403 Hamilton Silva - (11) 7714-1148 ENDEREÇO R. Dona Veridiana, 55, CEP 01238-010, São Paulo-SP Central de Relacionamento SindusCon-SP (11) 3334-5600 CTP/ impressão: Pancrom Indústria Gráfica Tiragem desta edição: 15,9 mil exemplares

Marketing | Antonio Jesus de Britto Cosenza..............32 Jurídico | Renato Romano Filho..............................38 Marketing de Relacionamento | Rodolfo Zagallo....40 Saúde | Horácio Cardoso Salles.............................42 Soluções Inovadoras | Alessandra Lorenzetti de Castro e .

SEGURANÇA.............................................. 30 • São Paulo faz propostas para mudar a NR 18

Vice-presidentes Cristiano Goldstein Eduardo May Zaidan Francisco Antunes de Vasconcellos Neto Haruo Ishikawa João Claudio Robusti João Lemos Teixeira da Silva Luiz Antonio Messias Luiz Claudio Minniti Amoroso Maristela Alves Lima Honda Maurício Linn Bianchi Odair Garcia Senra Paulo Rogério Luongo Sanchez Yves Lucien de Melo Verçosa

Valdecir Angelo Quarcioni.....44

Opiniões dos colaboradores não refletem necessariamente posições do SindusCon-SP noticias@sindusconsp.com.br www.sindusconsp.com.br facebook.com/sindusconsp twitter.com/sindusconsp youtube.com/sindusconspmkt Disponível na App Store e no Google Play

Construção da Carreira | Felipe Scotti Calbucci.....46

“O papel desta revista foi feito com madeira de florestas certificadas FSC e de outras fontes controladas.”


Conjuntura

Vento de cauda

eduardo may zaidan é vicepresidente de Economia do SindusCon-SP Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: zaidan@rfm.com.br

Iniciamos o ano de 2013 imaginando uma recuperação lenta da construção no primeiro semestre, com maior intensidade no segundo semestre, chegando a um crescimento de 4% em relação a 2012. A construção vive do investimento que todos os outros setores da economia fazem, e investimentos dependem necessariamente das expectativas dos agentes econômicos. Tivemos um primeiro semestre com ausência de boas notícias na conjuntura brasileira, acompanhada de algumas más notícias. Não interessa aqui um juízo de valor se a malaise* tem fundamento ou não, se há injustiça ou má intenção na crítica. Interessa que ela existe e o governo não tem sido capaz de mudar a percepção. Liderar e encontrar os meios legítimos de exercer a liderança é tarefa precípua de governo.

Bem ou mal, essa política proporcionou sucessivos crescimentos do PIB, mesmo no auge da crise financeira de 2008/2009; possibilitou o acúmulo de um expressivo volume de reservas; e conseguiu evitar crises econômicas e sociais como as que vêm sendo registradas na grande maioria dos países desenvolvidos nos últimos anos. Daí decorre a questão: ainda temos espaço para reverter as expectativas? Em vez de nos resignarmos com situação pouco confortável, há espaço para batalharmos por mundanças na condução da política econômica e no ambiente de negócios que possibilitem melhores expectativas? Será que todas as perspectivas de crescimento da construção foram perdidas ou ainda teremos espaço para a volta dos investimentos a tempo de repor as obras que terminarão nos próximos meses? Assim, dois cenários se desenham. No primeiro, a expectativa é de pasmaceira nos próximos dois anos e meio – os primeiros 18 meses até o fim deste governo e os primeiros 12 meses do próximo, antes do que dificilmente a economia tomará novo impulso. No segundo cenário, teremos solavancos mas o voo prosseguirá no piloto automático, cabendo a cada empresa estudar a melhor estratégia. Como cada um de nós tem que pilotar o desempenho da empresa, vamos por enquanto com uma mão no manche e a outra preparada para afivelar o cinto. O radar está um tanto nebuloso nesse momento, mas ainda podemos aproveitar o vento de cauda das obras em andamento, que durarão mais alguns meses.

Vamos com uma mão no manche e a outra pronta para afivelar o cinto Estamos sentindo os efeitos de uma política econômica errática, que apostou suas fichas na inclusão social via consumo, sem criar as condições ideais para simultaneamente elevar a oferta. Visto de outro ângulo, essa mesma política econômica deu continuidade a acertos que se iniciaram ainda no governo FHC e prosseguiram com Lula, como a elevação do emprego e da renda; a expansão do crédito imobiliário a juros menores e prazos mais longos; e mais recentemente a criação de um programa habitacional corretamente alicerçado sobre o tripé subsídios-autopoupança-­ financiamento, que efetivamente contribuiu para diminuir o crônico déficit habitacional.

*mal-estar

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capa

Sistemas: usuário é a prioridade Fotos: Gabriel Pevide

Seminário do SindusCon-SP reflete novo padrão dos equipamentos prediais Nathalia Barboza

À luz da entrada em vigor da exigibilidade da Norma de Desempenho (NBR 15.575), o 9º Seminário Tecnologia de Sistemas Prediais: Qualidade e Inovação, realizado em julho pelos Comitês de Tecnologia e Qualidade (CTQ) e de Meio Ambiente (Comasp) do SindusCon-SP, em parceria com o Secovi-SP, refletiu o novo padrão que o segmento de instalações prediais começa a vivenciar, focado em ganhos de produtividade e em uma abordagem mais sistêmica. A flexibilidade do projetista na escolha do sistema predial ideal, levando em conta as soluções adequadas a cada edificação ou a cada tipo de usuário, foi uma das características mais valorizadas pelos palestrantes. É sob esta perspectiva que as normas de instalações prediais de água fria (NBR 5.626) e água quente (NBR 7.198) estão sendo revisadas na ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), destacou Carlos Barbara, membro do CTQ e coordenador da Comissão de Estudos (CE) de revisão das normas. “Nosso trabalho está unificando as duas normas, diminuindo o caráter prescritivo dos textos normativos, incorporando as inovações e o conceito de uso racional de 6

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água”, comentou. Segundo ele, as normas em vigor não acompanharam diversos avanços: as novas tecnologias; as novas tipologias de rede –com medição individualizada, por exemplo–, os novos sistemas de distribuição ponto a ponto e a lei da fração solar. “Isto sem falar nas quebras de paradigma em relação a economia de energia e acessibilidade (acessos via shafts, elementos correndo fora da alvenaria e carenagens de fácil acesso)”, apontou Sérgio Gnipper, secretário da CE das normas de água. “Queremos privilegiar os critérios de desempenho, dando liberdade para o projetista usar o sistema que julgar adequado, contanto que justifique sua escolha na documentação do projeto”, comentou Barbara. Gnipper foi contratado por um pool de entidades para elaborar o texto-­base da nova

Batlouni, Watanabe, Borges e Genioli, na 9ª edição do evento, que lotou o auditório do Centro Britânico


diretor da Consultoria Tesis, a NBR 15.575 “não deve atender só as necessidades conscientes dos usuários. As necessidades inconscientes são a causa da maioria das reclamações futuras”. Segundo ele, “é funGnipper: nova norma chegará em 2014 damental entender quem vai habitar a edificação e quais os requisitos que se aplicam a sua forma de utilização, além de estudar, com método, a aplicação de uma determinada Norma de Desempenho tecnologia, até porque é importante garantir Segundo Gnipper, poucos itens perque os moradores saibam e consigam usá-­ manecerão com exigências padrão e novos la e que a manutenção seja feita de forma critérios serão incluídos, entre eles o de cuiadequada”. dados contra a contaminação bacteriológica Para o consultor, deve-se questionar a e o de certificação de projetos e produtos. escolha dos componentes “por sua aplicaA preocupação com vazamentos, infilção”, ou seja, pelo que é mais importante trações e canos entupidos também passa ser para o futuro usuário, como no caso de optarprioridade na Norma de Desempenho –em -se por mais conforto ou por mais economia especial a Parte 6, dedicada aos sistemas hide água. drossanitários. Segundo Orestes Gonçalves,

norma. O documento ficou pronto em fevereiro de 2012 e está guiando o trabalho da CE que deve terminar neste ano. “Em outubro o debate deverá ser completado com a abertura de uma consulta pública. A nova norma poderá entrar em vigor no início de 2014”, disse Barbara.

Seminário revela avanços O 9º Seminário de Sistemas Prediais, que lotou o Centro Brasileiro Britânico, foi aberto pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe. Ele insistiu na criação de uma agenda da construção, que chamou de “positiva”, para fazer frente ao momento único que o Brasil está vivendo, no qual a economia não vai bem e os jovens foram para as ruas. “Questiona-se o que farão [neste momento] as entidades representativas da sociedade civil. Cabe a elas prepararem uma agenda positiva que responda à solução dos gargalos do setor. Precisamos ter respostas para a burocracia que atrapalha os empreendedores”, afirmou. “Este é o momento para as entidades de classe se mobilizarem para destravar os negócios e formar um bom ambiente de

segurança jurídica”, completou, pedindo sugestões de melhorias, que podem ser enviadas pelos canais de comunicação do SindusCon-SP, como o e-mail presidente@ sindusconsp.com.br . Ao lado de Watanabe estiveram o coordenador do CTQ, Jorge Batlouni Neto; o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Secovi-SP, Carlos Alberto de Moraes Borges; e o coordenador da Comissão de Trabalho de Sistemas Prediais do CTQ, Renato Genioli. Todos eles destacaram a parceria com a Secovi-SP em seminários conjuntos. “O segmento de instalações é um tema estratégico em termos de custos, desempenho e tecnologia, e passou a ser visto de maneira sistêmica, a partir da perspectiva da Norma de Desempenho”, comentou Carlos Borges.

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CAPA

Desafiador, case inova Cada vez mais comuns, os edifícios altos e os megaempreendimentos têm criado enormes desafios para as incorporadoras e construtoras mas também ótimas soluções para todo o mercado. Um dos bons exemplos disso é o Jardim das Perdizes, bairro planejado da Tecnisa, apresentado em detalhes no Seminário de Sistemas Prediais do SindusCon-SP. mais amplas (chamadas de Faixa de GentiFabio Villas Boas, diretor da empresa, leza Urbana), com rampas e piso podotátil contou que, pela primeira vez, o Ministério para orientação de deficientes visuais, Público convocou a Tecnisa para elogiar a iluminação das ruas e do parque em LED, solução de enterramento das tubulações fiação subterrânea para energia elétrica, na frente do empreendimento, que está detelefonia e TV paga, vagas de garagem com senvolvendo na Barra Funda, zona central estação de recarga para veículos elétricos e de São Paulo. “Eles querem que o modelo sistema de segurança integrada. vire padrão em futuros empreendimentos Uma das grandes novidades é o Sisteculturais.” ma Drenagem Zero, Segundo ele, outro diferencial a despeito da desBairro planejado da do bairro, segundo confiança inicial do Tecnisa tem diversas Villas Boas. “Depois poder público, o prodo veto da Prefeitura jeto mostrou-se econovidades em ao sistema de caixas nomicamente viável. sistemas prediais treliçadas, comprovadamente eficientes Tupiniquim na absorção da água da chuva, encontramos O empreendimento terá 30 torres de 27 uma solução tupiniquim, de tubos que vão andares (mais cobertura), com 3.516 unirecolher 100% do que chover na área do dades residenciais e 500 salas comerciais. empreendimento. Garantimos 7.500 m³ de O Jardim das Perdizes está num terreno água recolhida após uma chuva torrencial de 250 mil m², o que, por si só, significou de 12 minutos”, afirmou. Mesmo assim, um primeiro grande desafio para a Tecnisa por força de lei, serão construídas piscinique, segundo Villas Boas, até 2008 só havia nhas, para retardar o escoamento das águas trabalhado empreendimentos com áreas dez pluviais. vezes menores. A decisão do uso de caixas sifonadas As nove ruas e duas avenidas do nas tubulações internas das unidades, empreendimento estão prontas, além de segundo Villas Boas, é outro exemplo de um parque de 44 mil m² –equivalente ao produtividade. “Só com a instalação destas Trianon– com ciclovia, playground, pista de caixas teremos uma economia de 50 mil cooper, aparelhos de ginástica e sinal wi-fi. pontos de ligação”, lembrou. A infraestrutura inclui ainda calçadas 8

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Perspectiva artística da implantação do novo bairro planejado da região da Barra Funda


VEM AÍ MAIS UM SEMINÁRIO DO SINDUSCON-SP

24 DE OUTUBRO

TEATRO RENAISSANCE realização

coordenação

patrocínio


CAPA

Eletropaulo abre um canal exclusivo para construtoras A AES Eletropaulo divulgou aos participantes do Seminário de Sistemas Prediais do SindusCon-SP que, a partir de julho, passou a atender em um canal exclusivo as construtoras que precisam pedir ligações provisórias ou definitivas de energia elétrica. A ideia é agilizar o atendimento às construtoras de modo diferenciado em seis das lojas próprias da Eletropaulo. “Inovamos no processo para reduzir os prazos”, afirmou Silvio Duarte Junior, coordenador de Clientes Varejo da Eletropaulo. O novo procedimento, que segundo Duarte Jr., ainda poderá receber melhorias, não descarta o comparecimento de um representante da construtora ao canal de atendimento presencial, mas a entrada do pedido passa a seguir um fluxo exclusivo. A concessionária apresentou o novo modelo segundo o qual as empresas passariam a utilizar a Senha “K” (veja no fluxograma). Projeto piloto O esforço de melhoria nos processos internos da concessionária começou após um convite do CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) do SindusCon-SP para conversas no final de 2012. Naquela ocasião, os construtores puderam expor suas queixas e dúvidas e destacar Os caminhos da Senha “K” 2 - AÇÕES DO "CANAL PRESENCIAL"

1 - AÇÕES DO CLIENTE “CONSTRUTORA” COMPARECIMENTO AO CANAL DE ATENDIMENTO PRESENCIAL

- 6 (SEIS) LOJAS, PARA DAR ENTRADA AO PROCESSO;

3 - AÇÕES DO “GRUPO TÉCNICO”

ATENDENTE ESPECÍFICO PARA O CLIENTE “CONSTRUTORA”,

EXECUTA A

O QUAL INICIA O PROCESSO

PROCESSOS;

SOLICITADO;

ANÁLISE DOS

IDENTIFICAÇÃO COMO CLIENTE “CONSTRUTORA” E

AVALIAÇÃO DA

DOCUMENTAÇÃO ENTREGUE,

QUE SERÁ ENVIADO AO

RECEBIMENTO DE SENHA

E EMISSÃO DO NÚMERO

CLIENTE DENTRO DO

ESPECÍFICA P/ O ATENDIMENTO

DE PROTOCOLO;

EMITE O PARECER TÉCNICO PRAZO ESTABELECIDO

(EM ATÉ 30 DIAS)

ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS E/OU PRAZOS DO PROCESSO;

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revista notícias da construção DO DIRECIONAMENTO PROCESSO PARA A ÁREA TÉCNICA

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a necessidade urgente de abrir diálogo com a Eletropaulo. O trabalho conjunto a partir daí resultou, no final de fevereiro, em um projeto piloto com a participação das empresas do CTQ para testar o novo modelo de atendimento, que passou a valer para todas as empresas do setor. Mesmo assim, Rogério Pereira Jorge, gerente de Marketing e Novos Negócios da Diretoria Comercial da Eletropaulo, reconhece haver diversos pontos a serem melhorados. Segundo ele, a concessionária já trabalha para reduzir os prazos de atendimento para pedidos de ligações, para agilizar as respostas dos gestores sobre informações solicitadas pelas construtoras, na rastreabilidade e digitalização dos documentos, o que deverá permitir o acompanhamento do processo via website. Além disso, o gerente reconheceu dificuldades em relação às exigências da Eletropaulo no caso de ligações definitivas –os construtores reclamaram que algumas vezes a concessionária só reivindica suas demandas meses depois da data do pedido, no momento em que a construtora já contava com a efetivação da ligação. “De fato tivemos problemas com fornecedores de transformadores. Conscientes disto, estamos fazendo nossa lição de casa no desenvolvimento de novos fornecedores”, afirmou. 4 - PÓS ATENDIMENTO Pereira Jorge também acenou com a pose-mail: sibilidade de avaliar a clientes.corporativos demanda dos próximos @aes.com meses para verificar TELEFONE a viabilidade de abrir 2195-2800 OU LOJAS PRÓPRIAS lojas exclusivas para as construtoras.



CAPA

Bombeiros abrem o Via Fácil O Corpo de Bombeiros apresentou no 9° Seminário de Sistemas Prediais o Via Fácil Bombeiros, serviço informatizado de pedidos de análise de projetos, vistorias técnicas, formulários de atendimento técnico (FAT), entre outros. O serviço começou a operar em março, ainda em caráter experimental. Segundo o capitão Marcelo Alexandre Cicerelli, do Departamento de Segurança contra Incêndios, quando todos os problemas forem resolvidos, “os pedidos de vistoria só serão aceitos via web, no portal www.corpodebombeiros. sp.gov.br”. Pelo Via Fácil podem ser solicitados: análise de projetos, vistorias, Formulários de Atendimento Técnico (FAT), atendimentos ao público e pareceres de comissões técnicas. Entre as facilidades do novo serviço,

descreveu Cicerelli, está a facilidade de gerar boletos do Banco do Brasil e de pagar as taxas online. “O sistema tem sido desenvolvido desde 2011 e servirá para padronizar as informações, integrar o sistema ao Portal do Empreendedor (SIL) e agilizar a geração de boletos e o pagamento das taxas”, disse. Além disso, o Auto de Vistoria pode ser impresso pelo usuário, que não precisa mais se deslocar para uma unidade da corporação para retirar o documento. “Em breve, qualquer cidadão poderá saber se uma edificação está com o auto de vistoria válido ou não”, comentou Cicerelli. No futuro, também, os bombeiros poderão preencher “in loco” os detalhes das vistorias, com o uso de tablets. O Corpo de Bombeiros também está desenvolvendo funcionalidade para que seja possível fazer o upload de plantas e a certificação digital dos projetos.

Placas solares: dúvidas persistem “Chegou a hora de trabalharmos por uma norma técnica brasileira de sistemas de aquecimento solar de água”, anunciou Paulo Rewald, diretor de Normalização do Secovi-SP, durante o seminário. O pedido de contratação de um especialista que possa redigir um texto-base para a comissão de estudo da ABNT partiu do vice-­presidente de Tecnologia e Qualidade do Secovi-SP, Carlos Alberto Borges. O debate sobre o estágio de aplicação dos sistemas de aquecimento solar da água enfrenta ainda muitos gargalos. “O maior problema hoje é definir qual sistema de reservação usar, para que ele esteja de acordo com a demanda real, 12

e não só com aquela projetada”, comentou José Jorge Chaguri Jr., diretor da Chaguri Consultoria e Engenharia de Projetos. Segundo ele, projetos de instalação dos sistemas de aquecimento de água por energia solar continuam enfrentando desafios, sobretudo aqueles ligados às tipologias aplicadas aos edifícios mais altos. “Ainda temos vários problemas de projeto, desde a desconfiança em relação à eficiência dos componentes, passando por normas técnicas conflitantes com as de outros sistemas e pela falta de interação com a arquitetura ou de suporte técnico dos fabricantes”, apontou. Segundo Chaguri Jr., as normas técnicas de sistemas solares existentes também não alcançam a modelagem de prédios altos. “Para nós, elas hoje servem só como referência”, disse.

Cicerelli, Chaguri, Genioli e Rewald:

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/tema agosto de2013 instalações prediais é

estratégico para a construção civil



qualidade

Manual para fachadas

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Foto: Construtora Cyrela

de melhorar Pela primeira vez, no Brasil, universio desempedade, indústrias e construtoras se uniram nho das argaem um projeto conjunto. É o Consitra 2 massas”, diz (Consórcio Setorial para Inovação TecnolóEstefan. gica em Revestimento de Argamassa), que Entre os acaba de divulgar suas “Recomendações problemas técnicas para seleção da argamassa a ser detectados utilizada em revestimento de fachadas e após visitas diretrizes para controle de produção”. a canteiros, Representantes do SindusCon-SP ensaios e uniram-se a professores do Departamento de Engenharia da Construção Civil da Poli-­ entrevistas, o desplacaUSP e a especialistas da Abai (associação mento de partes do revestimento da fachada da indústria de argamassa), do Sinaprocim mereceu destaque por ter alto grau de risco. (sindicato dos produtores de cimento) e da “O desgaste à imagem de construtoras e inABPC (entidade de produtores de cal) para corporadoras, quanto ocorre, é gigantesco. criar o programa de pesquisa estruturado O custo da recuperação de um revestimento com o objetivo de “desenvolver novas pode superar em muitas vezes o da sua tecnologias de revestimentos de argamassa execução”, lembra Estefan. que sejam mais confiáveis, de alta produtividade, duráveis e competitivas nas diversas Seleção de argamassas situações do mercado brasileiro”. O Consitra 2 constatou haver argaO integrante do CTQ (Comitê de Tecmassas mais suscenologia e Qualidade) tíveis a mudanças no do SindusCon-­S P Consitra divulga processo de produYorki Estefan coorparticularmente denou o Comitê de recomendações técnicas ção, aquelas que contêm Obras, responsável para seleção e uso incorporadores de por avaliar os temas ar (misturados em “Projeto do Revestide argamassas canteiro ou contidos mento” e “Obra”. Os em argamassas inprofessores da USP dustrializadas). Vanderley John e Rafael Pileggi fizeram O grupo admite, no entanto, que a a coordenação técnica do Consitra 2 e o seleção entre uma argamassa dosada em Comitê de Produtos, dos itens “Produtos” e canteiro ou outra industrializada é uma “Equipamentos”, ficou com Fábio Campoescolha própria de cada empresa, levando ra, da Abai. “O tamanho do desafio quebrou em conta o seu sistema de gestão. Mesmo todas as barreiras. Foi necessário abandonar assim, o emprego de argamassa dosada em as soluções empíricas ineficientes; formar canteiro, afirma, exige que a empresa invisequipes mistas, onde todos contribuíssem ta mais no controle de produção, uma vez com conhecimento; estabelecer a formação que deverá controlar um número maior de de um consórcio de longa duração com foninsumos (cimento, cal, areia, aditivos) bem te de financiamento segura e estrutura procomo a dosagem da argamassa. fissional para, então, responder ao desafio

Lixamento do substrato de concreto é procedimento ainda pouco disseminado entre as construtoras



qualidade

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misturador e a quantidade de água também influenciam as características da argamassa. “A variação do teor de água afeta a quantidade de pasta formada e, com isso, as características reológicas da argamassa. Nas que contêm aditivo incorporador de ar, a quantidade de água afeta a ação desses aditivos; por isso, exige-se maior nível de controle da água adicionada”, garantem os especialistas. Para melhores condições de mistura, a água deverá ser adicionada “após os materiais secos serem previamente misturados.” Condições de estocagem Outra preocupação é quanto ao controle do tempo limite entre a mistura e a aplicação. “Não se recomenda o uso de argamassas cujo tempo de mistura seja superior a 1,5 hora para o caso daquelas sem incorporador de ar. Para as que incorporam ar, devem-­ se observar as recomendações do fabricante”, lembra o Consitra. O consórcio recomenda que a argamassa seja consumida imediatamente após a sua produção, evitando-se a centralização da produção em local distante do de consumo. (Nathalia Barboza)

Para o Consitra, alinhamento, prumo e esquadro são dificultados por equipamentos de sustentação dos operários “movidos a arroz e feijão”

Consitra verificou em várias obras os procedimentos de execução das argamassas, como a pré-dosagem da areia em volume

Foto: Consitra

Volumes Para os volumes usuais de misturadores de argamassa disponíveis no mercado brasileiro (45 a 120 litros), o Consitra recomenda 3 minutos como tempo mínimo de mistura para misturadores de 45 litros e 6 para os de 120 litros. O tempo máximo, no caso das argamassas aditivadas, deverá ser definido em função do tipo e quantidade de aditivo empregado, devendo-se respeitar o tempo recomendado pelo fabricante. A sequência de adição dos materiais no

Fotos: Kátia Cristina Zanelatto

Para obter um revestimento uniforme, portanto, é preciso que se tenha uma argamassa também uniforme –pouco suscetível a variações na produção. O Consitra adverte ainda que, por não ser homogênea, a mistura manual “não deve e não pode ser aceita para produção de revestimento de fachada. Também não recomenda a mistura em betoneira, alegando que a ausência de agregado graúdo (brita) diminui a eficiência da mistura e dificulta a completa homogeneização dos materiais. “O Consitra recomenda que a mistura seja feita empregando-se misturadores de eixo horizontal tanto para argamassa produzida em canteiro como industrializada. O volume do equipamento também deve ser compatível com a quantidade de material que se pretende misturar, não ultrapassando 70% do volume do misturador.” Já o tempo de mistura deve ser estabelecido em função das características do equipamento (potência, volume, características da mistura) e dos materiais constituintes (tipo e volume). “Quanto maior o volume de materiais, maior o tempo para a sua completa homogeneização. As argamassas sem aditivos são menos suscetíveis a variações, mas é preciso respeitar um tempo mínimo de mistura. Quando há aditivos na composição, sobretudo incorporadores de ar, o controle dos tempos mínimo e máximo de mistura é fundamental”, adverte o grupo.


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roteIro 1 de novembro (6ª feira) - são PaUlo / ParIs 1º dia - apresentação no aeroporto internacional de São Paulo (GRU) e embarque com nossa assistência em vôo direto air France com destino a Paris (vôo noturno: aF 457 partida às 18h25 - chegada às 8h30). 2 de novembro (sábado) - ParIs 2º dia - Chegada, recepção e traslado ao hotel. Restante do dia livre para atividades independentes. 3 de novembro (domingo) - ParIs 3º dia - dia livre para atividades independentes* 4 de novembro (2ª feira) a 8 de novembro (6ª feira) - ParIs 4º ao 8º dia - 5 dias livres para visita à BaTiMaT 2013 9 de novembro (sábado) - ParIs / são PaUlo 9º dia - dia livre para atividades pessoais. Saída do hotel (check-out) até as 12h. À tarde, em horário a ser informado, traslado com assistência ao aeroporto de Paris (CdG) para embarque vôo air France de regresso ao Brasil. (vôo noturno: aF 454 partida às 23h30 – chegada às 8h05). EstE pacotE inclui: • Parte aérea air France São Paulo/PariS/São Paulo em tariFa claSSe econômica (tariFa gruPo); • traSlado aeroPorto/Hotel/aeroPorto Para o gruPo, com aSSiStência braSileira, conForme o Programa; • PariS: 2-9 nov = 7 noiteS no Hotel radiSSon blu ambaSSador 4*SuP, com caFé da manHã e taxaS incluSoS; • Wi-Fi gratuito noS aPartamentoS; • ingreSSo Permanente viP de viSitação a batimat 2013; • Seguro de viagem mic euroPa, conForme exigência da comunidade euroPeia Para o Período deSSe Programa; • aSSiStência local braSileira do noSSo rePreSentante em PariS;

• maPa de PariS e roteiro de metrô com aceSSo ao PariS nord villePinte. * Consulte nossa programação de tours opCionais EstE pacotE não inclui: • taxaS de aeroPortoS e exceSSoS de bagagenS; • eventuaiS viSitaS técnicaS ProgramadaS PoSteriormente ao noSSo Programa; • bebidaS/reFeiçõeS não mencionadaS e demaiS ServiçoS e deSPeSaS de caráter PeSSoal; • reSPonSabilidade deSta oPeradora Por PaSSaPorteS ou viStoS negadoS ou não obtidoS a temPo Para viagem; • tudo o que não conStar como incluído; • reSPonSabilidade deSta oPeradora Por alteraçõeS de vôoS eventualmente imPoStaS PelaS ciaS. aéreaS.

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G EST Ã O D A O B R A

Rumo à industrialização

Maria Angelica Covelo Silva é engenheira civil, mestre e doutora em engenharia, diretora da NGI Consultoria e Desenvolvimento Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: ngi@ngiconsultoria. com.br

Nos anos 90, as primeiras construtoras certificadas com a norma ISO optaram pela então vigente 9002, por entenderem que não teriam responsabilidade sobre a gestão da qualidade no processo de projeto. No entanto, a legislação brasileira, que coloca o incorporador/construtor (solidariamente) como primeiro responsável pela integridade da obra, fez as construtoras assumirem a responsabilidade de coordenar o desenvolvimento dos projetos. Mas ainda falta conteúdo técnico a essa coordenação. Ela deveria ser parte essencial da metodologia utilizada porque, no caso de erro de projeto, embora exista a responsabilidade técnica do projetista, a construtora jamais poderá alegar que não tomará providência por ter contratado um especialista.

sujeitos. Uma porta, por exemplo, precisa ser especificada levando-se em conta os ciclos de abertura e fechamento diários, se estará exposta à umidade etc. Mas temos uma cultura voltada a especificar um produto pela sua marca, sem que se conheçam ou se exijam do fornecedor as características de desempenho e o atendimento às normas. Ademais, ainda é muito deficiente no mercado o nível de projetos executivos – aqueles cujas especificações, soluções e detalhamento possibilitam executar a obra com definições completas sobre como fazê-lo, assegurando-se o desempenho. E foi preciso criar ainda mais uma instância, o projeto de produção. Mas num país do tamanho do Brasil não dá para pensar que a curto ou médio prazo teremos empresas de projeto especializadas em projetos de produção de impermeabilização, fôrmas, sistemas de vedação, instalações hidráulicas e elétricas etc. Com o advento do BIM – Modelagem da Informação da Construção será impossível não projetar qualquer elemento construtivo em condições de ser executado, pois ao modelar é preciso dar os atributos de cada objeto integrante do modelo. Obra não é o lugar/momento adequado para solucionar aquilo que deveria estar resolvido no projeto. A base da industrialização é o projeto que possibilite gerar construtibilidade, produtividade e desempenho. A industrialização, única saída para a construção nos anos vindouros (o uso intensivo de mão de obra não se sustentará por mais de 10 anos), só será viável com uma pequena revolução no que chamamos de projeto no Brasil.

Será preciso revolucionar o modo de elaboração de projeto no país Nas reuniões de coordenação, geralmente faltam elementos tais como: os requisitos iniciais que o empreendimento deve atender para que todos possam trabalhar a partir deles; o desempenho pretendido para o edifício em seus vários subsistemas; as condições de exposição do empreendimento que devem ser caracterizadas; as normas que incidem sobre este empreendimento em cada especialidade de projeto; e os pontos a atender entre estas normas, que devem ser discutidos entre todos. Outro aspecto crítico dos projetos são as especificações. Os materiais, componentes e sistemas construtivos precisam ser especificados definindo-se as características necessárias para o ambiente em que serão empregados (em suas condições de uso) e para as condições de exposição a que estarão

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empreendedorismo

Aqui não tem herói

MARCOS HASHIMOTO é pesquisador da Faculdade Campo Limpo Paulista coordenador do Centro de Empre­en­dedorismo e professor da Faap. É autor de vários livros Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: prof.hashimoto@ uol.com.br

Quanto mais ouço e leio definições sobre o empreendedor, menos creio que haja profissionais com esse perfil. Dizem que ele deve ter: visão, liderança, capacidade administrativa, proatividade, determinação, perseverança, ousadia, bons relacionamentos, autoconfiança, espírito de equipe, comprometimento, firmeza de caráter, empatia, comunicabilidade, independência, planejamento etc. E se poderia perfeitamente acrescentar: bom hálito, gostar de criancinhas e ajudar velhinhas a atravessar a rua. Esta figura endeusada não existe. As pessoas que você conhece verdadeiramente empreendedoras têm todas estas qualidades? Provavelmente não. Mas se falamos de pessoas normais, por que algumas dão certo com seus negócios e outras não?

longo e detalhado estudo de viabilidade. São muito centrados e objetivos. O terceiro tipo são mais realizadores, não ficam tendo ideias fantasiosas nem fazendo estudos e análises. São fazedores, gostam de por a mão na massa, têm urgência de ver as coisas implantadas, não sabem pedir, preferem fazer eles mesmos. Sãos “carregadores de piano”, arregaçam as mangas e fazem acontecer. São muito dinâmicos, ativos, ansiosos, focados em resultados, orientados à prática. O quarto perfil necessário a uma equipe empreendedora é o integrador, que promove a união do grupo, a utilização de todo o potencial de cada membro, a integração de esforços por objetivos comuns e a exploração da motivação intrínseca que mobiliza cada indivíduo. O quinto e último perfil é o promotor, que também sabe se relacionar muito bem com pessoas, não com a equipe interna e sim com a externa, formada por parceiros, clientes, investidores, fornecedores, terceiros etc. É quem consegue vender a ideia para obter recursos (financeiros ou não) e obter apoio geral para o projeto. O sucesso de alguns nos negócios está condicionado à capacidade de atrair pessoas que complementam as características do empreendedor, por meio de um perfil pessoal diferente que supre as necessidades por trás de um projeto bem sucedido. Empreendedorismo é sempre coletivo. Como nenhum empreendedor é o mítico herói que possui os cinco perfis, é com o início do negócio que ele vai trazendo uma ou mais pessoas com os perfis que o empreendedor não possui, mas necessários para levar o projeto ao sucesso.

Reunir uma equipe com vários perfis aumenta chance de sucesso A resposta: não há um, mas vários perfis de empreendedores. Alguns, mais voltados ao processo de criação de soluções e identificação de oportunidades, conseguem pensar fora da caixa, olhar para onde todos olham e enxergar o que ninguém vê. Estes, mais criativos, têm uma visão de futuro mais ampla, são mais inspirados, mas também vivem com a cabeça nas nuvens tendo mil ideias, não conseguem realizar nenhuma, mas querem continuar imaginando futuros brilhantes e idealizar soluções inovadoras. Já outros são mais racionais, organizados, planejados. Sabem fazer um bom plano de negócio, têm um perfil bem técnico e os pés fincados no chão. Quase não se arriscam, e só ousam fazer algo diferente depois de

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MEIO A M B IENTE

Eficiência energética é tema de Congresso Com foco em soluções para o consumo eficiente de energia no mercado imobiliário, o vice-presidente de Meio Ambiente do SindusCon-SP, Francisco Vasconcellos, palestrou durante o 10º Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (COBEE), em julho, na capital paulista. Em busca de canais que possam contribuir para um bom trabalho nessa área, Vasconcellos propôs uma união de forças com a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), organizadora do evento. “A união de esforços, nesse caso, pode ser muito interessante para todos: às empresas associadas a estas entidades e o mercado de retrofit de edifícios de uma forma geral”, afirmou. Ao expor como o sindicato vê a questão e o que acredita que deve ser feito, o vice-­ presidente discorreu sobre o que é importante para as construtoras e incorporadoras ao se pensar em um projeto. Na avaliação de Vasconcellos, a popularização da etiqueta Procel Edifica representa um ponto central e nevrálgico para avançarmos em eficiência energética no Brasil. “Vejo que a questão da sustenta-

bilidade está inserida no entendimento dos consumidores de imóveis, mas o selo de eficiência energética (a etiqueta) não está”, afirmou o vice-presidente. Do painel que discutiu Edificações e Arquitetura também participaram Bárbara Kelch, da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), e Roberto Lamberts, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em sua apresentação, Bárbara falou sobre o atendimento a certificações e as semelhanças e diferenças com modelos que já são aplicados em outros países. Lamberts, por sua vez, defendeu a criação de uma certificação para edifícios em uso. “Estamos comprando ilusões ao se etiquetar na primeira etapa. Os resultados dependem de como a edificação será utilizada, e o operador faz toda a diferença”, explicou. Promovido pela Abesco, o evento reuniu especialistas e representantes de órgãos do governo, bem como profissionais de empresas nacionais e internacionais que atuam no setor. (Fabiana Holtz)

Lamberts, Vasconcellos, Aguiar e Bárbara no debate: união de esforços


meio ambiente

Conferência Livre sobre Resíduos aponta os principais gargalos Encontro lançou propostas para a implantação do Plano de Gestão Como parte dos preparativos para a 4ª Conferência Municipal de Meio Ambiente, o SindusCon-SP promoveu no final de julho em seu auditório a Conferência Livre: Resíduos da Construção Civil, com apoio das secretarias de Serviços e do Verde e Meio Ambiente do Município. O encontro, que reuniu 60 representantes de diversos segmentos da cadeia da construção, contou com as presenças de Simão Pedro Chiovetti, secretário municipal de Serviços; Luis Eduardo Damasceno, coordenador do Cades (representando o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Ricardo Teixeira); Silvano Silvério, presidente da Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana) e Maria Salete Marretti, coordenadora de programa da Amlurb. Acompanhado dos vice-presidentes Odair Senra (Imobiliário) e Francisco Vasconcellos (Meio Ambiente), ao iniciar o evento Sergio Watanabe, presidente do sindicato, destacou a importância desse trabalho, que sempre contou com o apoio do SindusCon-SP. “Gostaria de agradecer a presença de todos pelo empenho e interesse no assunto, acrescentando sugestões para o debate”, disse. Para Vasconcellos, o setor está amadurecido com relação ao tema, que está em pauta desde a elaboração da Resolução Conama 307/2002. “A necessidade principal é que a política pública esteja bem definida para o pequeno e para o grande gerador”, afirmou. “A presença de Silvério aqui renova nossas 22

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expectativas na disposição das secretarias em solucionar o problema”, acrescentou, ao ponderar que as construtoras, ao descontaminarem terrenos, não são as vilãs, mas sim parceiras na defesa do meio ambiente. Organizado pelo Comasp (Comitê de Meio Ambiente), o encontro propôs ações para a implementação do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do município. As propostas Durante a reunião, Lilian Sarrouf, coordenadora técnica do Comasp, apresentou as propostas que serão levadas pelo SindusCon-­ SP para a Conferência. Entre os principais pontos, o sindicato pede a implantação da política municipal para resíduos de construção na cidade de forma integrada com a região metropolitana; o alinhamento das Políticas Nacional, Estadual e Municipal e a padronização do Plano de Gerenciamento de Resíduos do grande gerador, bem como do fluxo do documento nos órgãos municipais. O sindicato destaca também a necessidade da implantação de equipamentos públicos e privados que possibilitem a correta destinação dos resíduos e rejeitos; adequação do Cadastro do Grande Gerador (Decreto

Vasconcellos, Silvério, Watanabe, Damasceno e Senra deram início ao debate


Municipal no. 51907/2010) de acordo com as especificidades do setor; inclusão no site da prefeitura de uma relação de locais para destinação dos resíduos; adequação da classificação dos resíduos, que seria compatibilizada com a Lista Nacional de Resíduos e a Resolução Conama 307, facilitando o gerenciamento e o levantamento de indicadores; a discussão de metas tangíveis e passíveis de medição e o início do debate com fabricantes sobre logística reversa. Política de gestão Em sua apresentação, Silvério chamou a atenção para a questão dos pontos viciados (locais irregulares de descarte de lixo). “Esse é um problema sério que a cidade ainda enfrenta. São cinco mil pontos atualmente e vejo um esforço da municipalidade em busca de solução”. Ciente do problema, Simão Pedro destacou que espera ver a redução deles como um dos legados de sua gestão e parabenizou o SindusCon-SP “por trabalhar sempre com muita responsabilidade, pensando na cidade”. Salete falou sobre o plano municipal de resíduos e as principais dificuldades para sua implementação. “É importante ter um sistema de informação único. O intercâmbio de informações com os municípios vizinhos é fundamental para o fortalecimento de nossas ações”, disse. Segundo ela, o município conta com 66 ecopontos na cidade e até 2016

a meta é chegar a 140. “Por enquanto atendemos 110 mil habitantes por ecoponto, o ideal seria atender de 25 mil a 40 mil”. Em 2012, a prefeitura aplicou 908 multas pelo descarte irregular de pequenos volumes, 179 pelo descarte irregular de grandes volumes e 307 por cadastro irregular. O debate levantou questões importantes como a dificuldade para descarte de determinados materiais como gesso e latas de tinta, além da distância dos Ecopontos. A forte resistência por parte dos técnicos de órgãos municipais em aceitar os agregados de reciclados também foi apontada por um membro da Abrecon (Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição). “Estamos tentando comprovar por laudos técnicos que os ecopontos não são incompatíveis com áreas residenciais”, afirmou Salete. Com relação à dificuldade de descarte, Lilian afirmou que a classificação dos resíduos precisa ser refeita. Aliado a isso, é necessário desenvolver um sistema para acompanhamento desse descarte. A 4ª Conferência Municipal de Meio Ambiente acontecerá entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro. (Fabiana Holtz)

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Maria Salete e Lilian ouviram propostas para o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

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CapaCitação profissional treinamento

em

destaque

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de

setembro

bauru

ribeirão preto

dia 10 Formação de Preço de Venda Aplicado à Construção Civil

dia 16 Técnica de Liderança para Mestre de Obras

Campinas

santo andré

dia 12 Gestão de Pessoas na Construção Civil

dia 12 Gerenciamento de Resíduos

dia 19 Gestão de Obras de Concreto Armado

mogi

diaS 16 e 17 Analista em Previdência e Dpto. Pessoal

dia 18 Desenvolvimento de Analista Previdenciário (Legislação – Custeio e Benefício)

dia 16 Contabilidade para Não contadores e profissionais da Construção Civil

dia 23 Gestão de Materiais/ Almoxarifado para Setor da Construção Civil

dia 20 Noções da Área Fiscal para Engenheiros e Administradores de Obras

presidente prudente

dia 25 Entendendo a Construção Civil na Área Previdenciária

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dia 26 Licitações de Obras e Serviços de Engenharia

santos dia 13 Formação de Preço de Venda Aplicado à Construção Civil são José dos Campos dia 20 Gestão de Projetos na Construção Civil são José do rio preto dia 27 Responsabilidade das Empresas de Construção Civil no Momento de Terceirizar Serviços

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REL A Ç Õ ES C A PIT A L - TR A B A L H O

Parceiros preparam a 14ª Megasipat Os vice-presidentes de Relações Capital-Trabalho e de Responsabilidade Social do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa e Maristela Honda, comandaram em julho uma reunião com os parceiros e apoiadores da Megasipat (Mega Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho). O encontro deu início aos preparativos para a edição 2013 do evento que promove a cultura prevencionista entre os trabalhadores das empresas associadas. Neste ano, a Megasipat fará sua 14ª edição, com o tema central “Segurança e Saúde – Trabalhe com Esta Ideia”. A expectativa é de reunir mais de 2.500 trabalhadores nos 12 dias de evento, incluindo as etapas da Delegacia de Mogi das Cruzes e dos funcionários do setor administrativo do SindusCon-SP, que abrirá o calendário em 30 de agosto.

Uma das novidades é a volta da Megasipat da Capital para a unidade Orlando Lavieiro Ferraiuolo do Senai (Tatuapé), após um ano no Senai do Brás. Na reunião, representantes do Se­nai­­ SP, Sesi-SP, Seconci-SP e do Centro de Integração da Mulher (CIM-Mulher) expuseram suas propostas de atividades para este ano. Abílio Weber, diretor do Senai Ta­ tuapé, sugeriu palestras sobre a presença de mulheres nos canteiros, drogas, mobilidade urbana e segurança em andaimes, aproveitando o interesse em relação aos cursos de qualificação exigidos pela NR 35 para trabalho em altura. Outros temas Ricardo Flores, médico do trabalho e supervisor da Gerência de Promoção da Saúde do Sesi-SP, propôs abordar os temas “ergonomia e posturas” e “aspectos de comunicação e audição”. Maria Luiza Semple, da Divisão de Qualidade de Vida do Sesi, sugeriu, entre outras atividades, distribuir a cartilha “Moradia Segura”, que busca sensibilizar o trabalhador para os perigos dos acidentes domésticos. Além dos exames médicos convencionais, a gerente de Comunicação do Seconci-SP, Fátima Cardoso, recomendou intervenções sobre dependência química e saúde do homem. Já com o objetivo de bloquear o perverso ciclo da violência doméstica, a diretora executiva do CIM-Mulher, Cintia de Almeida, sugeriu abordar o tema “Construindo a fortaleza interior”. (NB) Música ao vivo é uma das revista notícias da construção / Agosto 2013 estratégias do grupo teatral que atua na Megasipat

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G EST Ã O EMPRES A RI A L

Só ética não basta

Maria Angelica Lencione Pedreti é professora de Contabilidade e Finanças da FGV e mestra em Administração de Empresas; trabalha em Planejamento Estratégico Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: maria.lencione@ fgv.br

Temos discutido a Governança Corporativa, os mecanismos de controle e recompensa que buscam mitigar os Conflitos de Agência, os quais ocorrem quando um profissional contratado (agente) toma decisões administrativas em causa própria, em detrimento dos acionistas para os quais trabalha (principais). Assim todo um mercado se forma para defender os interesses da empresa e de seus acionistas. Exemplo: a formação de um Conselho de Administração, com a função de limitar os poderes do executivo máximo, o presidente da companhia, evitando que ele legisle no interesse próprio. Temos também os auditores, internos e os externos (ou independentes). Ao auditor interno cabe otimizar os processos da companhia, eliminando riscos e retrabalhos, bem como documentar todos os procedimentos, cuidando, portanto, da gestão do conhecimento da companhia.

de Administração. Isso tudo aliado aos mecanismos de recompensa, que procuram vincular os interesses dos agentes aos dos principais, por exemplo, premiando-os sempre que os preços das ações subirem... É todo um mercado, que movimenta muito dinheiro, que não existiria se os envolvidos, os agentes, os principais e as companhias tivessem simplesmente caráter. Sim, porque apenas ética não é suficiente. Ética significa fazer a coisa certa diante de todos. Caráter significa fazer a coisa certa mesmo quando não há qualquer pessoa olhando. Percebe a diferença? Ora, se o agente foi contratado para defender os interesses do principal, é isso o que ele deveria fazer, seja diante de todos, seja só perante sua própria consciência. E se esse agente tiver tal caráter, não haverá a necessidade de instrumentos de controle, de fiscalização ou sequer de motivação, já que sua maior motivação será cumprir a missão para a qual foi contratado. Imagine o leitor o tamanho da economia que as empresas teriam, ao eliminar tais custos. Sem dizer que isto possibilitaria mais investimentos e melhores condições de trabalho, partindo-se do princípio de que também as organizações teriam caráter, não apenas ética. E todos, agentes, principais, companhias produziriam mais, além de possivelmente serem mais felizes, terem paz. A esta altura, o leitor deve estar se perguntando: quando ela vai dizer como obtemos isso tudo... A resposta: é uma questão de opção. De cada um. Depois que cada um optar, saberemos o resultado da sociedade. Estou torcendo por nós!

Responsabilidade do agente é agir certo mesmo quando não o vigiam Aos auditores externos, ou independentes, cabe dar fé pública sobre os comunicados da empresa para os demais stakeholders: eles realizam auditorias, baseadas em procedimentos testados e aprovados em comitês de contabilidade internacional, buscando confirmar se a operação relativa ao comunicado realmente existe, se está devidamente avaliada e se foi contabilizada, refletindo sua verdadeira essência. Assim, cabe a eles a responsabilidade da transparência! Tampouco podemos nos esquecer do Conselho Fiscal, cuja principal função será fiscalizar as ações administrativas desempenhadas pelos executivos e pelo próprio Conselho

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Foto: Gabriel Pevide

SINDUSCON - SP EM A Ç Ã O

Sindicato contra 10% para o FGTS Manifestação pelo fim da contribuição social patronal adicional de 10% sobre o saldo do FGTS nas demissões sem justa causa foi enviada em julho pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, à ministra-­ chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. “O setor empresarial não suporta mais a excessiva carga tributária. A presidente Dilma Rousseff pode aliviar os ônus sobre as empresas, sancionando o Projeto de Lei do Senado, que acaba com a contribuição”, escreveu o presidente. Dilma acabou vetando o projeto, alegando que o fim da contribuição reduziria investimentos em programas sociais e expansão da infraestrutura. No fechamento desta edição, o setor empresarial e a oposição mobilizavam-­ se para derrubar o veto no Congresso. (RM)

Fundações em destaque Para fechar os últimos detalhes do Curso de Prática de Fundações, visitaram o SindusCon-SP em julho Frederico Falconi, Hélio Silva Júnior (Fundamenta Engenharia de Fundações), Ivan Grandis (Abeg), Sussumu Niyama (Tecnum Engenharia), Urbano Rodriguez Alonso, José Luiz de Paula Eduardo (presidente da Diretoria Normativa da Abeg), Arcindo Vaquero Y Mayor (presidente da Abesc), Walter

Roberto Iorio (Embrageo Engenharia), Milton Golombek (presidente da Abeg) e Jaime Domingos Marzionna (Engeos Engenharia). Receberam os visitantes o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; os vice-presidentes Cristiano Goldstein e Paulo Sanchez; o coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade, Jorge Batlouni; e o superintendente José Luiz Machado.

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RESPONS A B ILID A DE SOCI A L

Mestre PCD ensina que inclusão é possível Sidney Santos comemorou com um mês de antecedência o 22° aniversário da Lei de Cotas (23 de julho). Portador de uma lesão de plexo braquial que lhe tirou o movimento do braço esquerdo após um acidente de moto em 2008, ele se formou mestre de obra pela Escola Orlando Laviero Ferraiuolo (Senai Tatuapé). A profissão ele já exercia na construtora Magma, graças a seu empenho, que o fez buscar os cursos do Senai. “Filho de pedreiro não degenera. Ia levar o almoço para o meu pai e tomei gosto pelo canteiro de obra. Quando me acidentei, estava cursando engenharia elétrica e trabalhava como projetista. O acidente adiou meus planos, mas não acabou com o meu sonho.” Ele confessa que os valores da pensão do INSS “até que são suficientes para suprir as necessidades”. Entretanto, ele queria mais e a decisão de enfrentar o mercado de trabalho, afirma, foi acertada. Santos assumiu um ritmo frenético em busca de qualificação: fazia em média sete cursos do Senai por ano. E começou em julho a frequentar os três cursos de encarregado (armador, carpinteiro e pedreiro). Em uma boa lição de autoestima elevada, ele ensina: “Quero a carreira máxima. Para esta vaga de mestre, eu, que tinha 28 anos, concorri com gente muito experiente. Entendi que não é preciso superar minhas limitações mas aperfeiçoar minhas técnicas; quebrei o paradigma de que um mestre se faz no canteiro. Fui formado na sala de aula!”. Qualificação de PCDs O SindusCon-SP é um dos grandes incentivadores da inclusão de pessoas com deficiência nos canteiros. Este movimento tem ganhado fôlego desde quando o sindicato iniciou um trabalho de sensibilização junto às construtoras, em parceria com 28

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representantes dos trabalhadores, médicos do Seconci-SP e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. Para Roberto Falcão Bauer, conselheiro do SindusCon-SP, “é fundamental que a alta administração das construtoras conheça suas obrigações, como cidadão e empresário, reconhecendo a diversidade e a Lei de Cotas”. José Carlos do Carmo, coordenador do Projeto de Inclusão de PCDs da SRTE-SP, diz que a atitude proativa do SindusCon-SP “deveria ser seguida no Brasil todo, ainda que esta postura não receba a mesma resposta de todas as empresas do setor”. Ele avalia que as empresas têm conseguido superar as “dificuldades reais”, com o incentivo do Pronatec –programa federal de qualificação de trabalhadores, O Pronatec já viabilizou a formação de 24 alunos com deficiência como almoxarifes, conta Abilio Weber, diretor do Senai Tatuapé. Outros cursos estão abertos a este público. “É impossível dizer que o Senai poderá atender toda a demanda, mas já elevamos o número de professores e disponibilizamos turmas também nos canteiros de obra”, afirma. (Nathalia Barboza)

Sidney Santos, no trabalho: empenho pessoal para vencer os desafios do mercado de trabalho


H A B IT A Ç Ã O

Setor quer mais agilidade nos licenciamentos Em reunião no SindusCon-SP em julho, empresários do segmento de habitação popular solicitaram ao secretário estadual da Habitação, Silvio Torres, a intercessão do governo paulista para agilizar a tramitação dos processos de licenciamento de empreendimentos habitacionais. Torres se dispôs a verificar o que pode ser feito. Ele comentou que este problema seria solucionado se, a exemplo de outros países, o licenciamento ficasse a cargo de organismos privados, que se responsabilizariam por suas decisões. Do encontro realizado por iniciativa do secretário participaram o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; os vice-presidentes Cristiano Goldstein, Luiz Antônio Messias e Odair Senra; o vice­presidente de Habitação da Apeop, Luiz Antonio Zamperlini; e representantes de diversas construtoras de habitação popular. Torres veio acompanhado do subsecretário de Agência Paulista de Habitação Social do Estado, Reinaldo Iapequino. Watanabe lembrou que, na pesquisa feita por SindusCon-SP, CBIC e FGV no pri-

meiro semestre e que apontou 14 principais gargalos na edificação de habitação popular, em primeiro lugar figuravam a demora dos licenciamentos e as exigências feitas para a aprovação de projetos, muitas vezes ao alvitre dos servidores. O secretário também foi informado de que o atendimento à Norma de Desempenho, cujas exigências passaram a vigorar para projetos a serem protocolizados desde 19 de julho, deverá encarecer as obras de habitação popular. Torres comentou que, no caso impacto sobre este aumento de custo no Programa Minha Casa Minha Vida, o ideal seria a revisão dos preços máximos a serem pagos pelo governo federal. Segundo ele, se o governo estadual tivesse que elevar o subsídio, precisaria reduzir o número de unidades habitacionais. Torres anunciou que o governo paulista esperava lançar ainda neste mês o edital para a construção de 20 mil unidades habitacionais por meio de PPPs na capital paulista. A contratação deverá ocorrer em outubro. (Rafael Marko)

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Zamperlini, Torres, Watanabe e Iapequino durante reunião no sindicato

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s e g u r a n ça d o t r aba l h o

Paulistas fazem propostas à NR 18 Em julho, o SindusCon-SP sediou quatro dias de reuniões dos Grupos de Estudo convocados pelo órgão tripartite CPR-SP (Comitê Permanente Regional do Estado de São Paulo) para a NR 18 (Norma Regulamentadora sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção). Os grupos foram formados para analisar e propor mudanças ao texto-base da NR 18, colocado em consulta pública. Os GEs foram formados voluntariamente por representantes de todo o setor produtivo – gestores, engenheiros e técnicos de segurança do trabalho ligados a fabricantes, fornecedores e usuários. Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-­SP e coordenador do CPR-SP, explica que os debates “foram democráticos e enriqueceram o processo de revisão da norma”. Para ele, não se exigiu convergência entre os participantes. “Todas as sugestões serão enviadas ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e analisadas no CPN (Comitê Permanente Nacional)”, aponta. Gestão e controle O GE1 ficou responsável pelos itens que fazem menção a documentos e relatórios do PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção), SESMT e PAE (Plano de Ações de Emergência), além da organização do canteiro e atividades em vias públicas. Entre as sugestões, ao item 18.5. Formação propôs-se deixar claro quem é o profissional legalmente habilitado, o trabalhador qualificado e o capacitado, além de estabelecer carga horária mínima e conteúdo programático para a capacitação dos operadores de máquinas e equipamentos. Foi proposta ainda alteração no texto para permitir que certos equipamentos não tenham operadores fixos, ou para que fossem operados em outras demandas do canteiro. É 30

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o caso das Plataformas de Trabalho Aéreo, operadas pelos próprios trabalhadores. Já para o item 18.9 (Organização dos canteiros de obra e frentes de trabalho), o grupo sugeriu que as vestimentas dos trabalhadores que exerçam atividades nas vias públicas, movimentação e transporte vertical de materiais e locais com pouca iluminação devem atender a ABNT NBR 15.292: Artigos Confeccionados – Vestuário de segurança de alta visibilidade. Outro aspecto debatido foi a manutenção na norma das especificações mínimas para o dimensionamento das galerias que haviam sido retiradas do texto-base. Instalações Elétricas O GE2 tratou dos trabalhos perigosos com energia elétrica e fogo. O grupo comemorou o item de instalações elétricas, proposto pelo governo, que trouxe várias questões não abordadas pela antiga NR 18. Já sobre o controle de energias perigosas (item 18.4), o GE2 enfatizou o bloqueio de segurança, não apenas alertando, mas impedindo física e logicamente os acidentes através da utilização de bloqueios, travamentos e sinalização industrial adequada, evitando que máquinas, equipamentos e energia elétrica possam ser acionados no momento de sua intervenção. Segundo Robinson Leme, da Feticom, “o item é novo e importante” e esta será “a primeira NR a descrever com maiores detalhes os procedimentos”. O G3, que abordou itens como Máquinas, Equipamentos e Ferramentas Diversas (18.11) e Estrutura de concreto (18.17), destacou a ampliação do escopo de implementação de medidas de controle em obras de escavação, fundação, desmonte de rochas,

Ishikawa: trabalho democrático formulou sugestões para revisão da NR 18


terraplanagem, drenagem e pavimentação (item 18.14) como “um ganho para a NR 18”. O item foi proposto na consulta pública e recebeu melhorias do G3 em relação aos trabalhos de escavação de tubulão a céu aberto, tais como o uso de cobertura translúcida tipo tenda, com película ultravioleta, sobre montantes fixados ao solo e a utilização de iluminação blindada à prova de explosão. No 18.5.6.5.3, que fala sobre o perfil do profissional habilitado a treinar os operadores de máquinas e equipamentos, o grupo pediu que o subitem “b” –experiência continuada e comprovada de 24 meses como operador do equipamento– seja alterado para “ter ensino médio completo”. A avaliação é de que ter experiência na operação não qualifica o profissional para ministrar treinamentos. O grupo também pede vistorias diárias dos equipamentos e máquinas antes do início dos serviços, pelo operador, com validação do responsável da obra, conforme orientação do responsável técnico do equipamento, atendidas as recomendações do manual do fabricante, devendo ser registrada a vistoria em livro de inspeção. Já a proposta de um item novo sobre a supervisão por profissional habilitado permitiria que as operações assistidas tenham a presença de um engenheiro, segundo avaliação de necessidade por um responsável, para garantir as especificações e procedimentos.

No item carpintaria (18.15), o grupo entendeu que a proposta da consulta pública deixou a desejar quanto à melhoria da serra circular de bancada. O grupo sugeriu inserir garantias de que o equipamento não seja montado no canteiro. Proteção contra queda O foco do G4 foram as estruturas metálicas, as medidas de proteção contra quedas de altura e os andaimes, entre outros. O grupo foi contrário à redução da altura do sistema guarda-corpo para 1 m e achou prudente mantê-la em 1,20 m. O grupo também fez críticas ao subitem Cadeiras Suspensas, por entender que a retirada das principais características de fabricação e a não citação da NBR 14.751 como referência precarizaram as exigências mínimas. A proposta é “amarrar” a instalação do equipamento ao item 18.22.8 alínea “e” da consulta pública, bem como a parâmetros de ancoragem, capacitação do trabalhador e integridade do equipamento. No item 18.23 – Cabos de aço, Cintas e Cabos de Fibra Sintética, o G4 considerou ter havido um retrocesso em relação à regulamentação de 2002, que criou parâmetros para a exigência de cordas para o sistema trava-quedas. O grupo sugeriu o atendimento à NBR 15.986/2011, garantindo o uso de cordas mais resistentes. (Nathalia Barboza)

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marketing

Clamor das ruas

Antonio Jesus de Britto Cosenza é consultor de empresas e professor da EAESPFGV e da BBS Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: cosenza@ cosenzaeassociados. com.br

Marketing é uma grande orelha: EAR. Isso significa: Entender; Atender; Reter. As ruas do Brasil e do mundo estão a dar os seus recados. Um grande pensador de administração, falecido em 2005, dizia ser dever do administrador praticar o que o mercado comporta e não o que o mercado suporta; caso contrário, será trocado por um de seus concorrentes. Nossos políticos ou não sabem isso ou não vislumbram o alcance dessa afirmação. As ruas brasileiras demonstram descrença total na classe política. Demandam prisão de condenados, alijamento do poder de corruptos, infraestrutura para a saúde, educação e transporte público. Mas os governantes não tomam decisão. O mercado formado por cidadãos, sem direitos à cidadania, não suporta mais o descalabro moral e o pouco caso social.

Governantes deveriam aplicar os princípios básicos do marketing Parece que parte da “classe política”, antes de ascender ao poder, pratica atos de vandalismo, arrastões em restaurantes e lanchonetes, invasão de prédios residenciais, como um treinamento para a ascensão ao poder, quando, já bastante experiente e habilitada pelo intenso programa de treinamento, poderá exercer a corrupção deslavada sem receio ou temor de punição, uma vez que a complacência está no DNA da nossa cultura. Os arrastões se sucedem em número cada vez maior e os atos de vandalismo nas manifestações fazem parte da “formação na ação”, tão apreciada pelas esquerdas radicais. É essa a turba que comporá a “classe política” da nova geração? Essa é a camarilha que se

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instalará no centro do poder e da corrupção dos novos tempos? É hora de dar início ao processo de Entendimento. Não há mais tempo para delongas protelatórias de plebiscito pelo qual os eleitores menos esclarecidos farão a vontade dos governantes, de acordo com as campanhas milionárias a serem financiadas com recursos públicos. Que se aprovem as medidas necessárias, em caráter de urgência. A ausência de infraestrutura leva à imobilidade urbana e ao caos social. Bastaram alguns dias de greve dos motoristas de ônibus para vermos um trânsito fluir como nunca, na cidade de São Paulo. Será necessária prova mais contundente que essa, para que se invista no transporte metroviário nessa cidade? Para que o Atendimento produza resultados, um bom começo seria a aprovação do voto facultativo. Afinal, uma democracia implica o exercício do direito do voto, e não sua compulsoriedade. Isso eliminaria o populismo, reduziria a corrupção e mudaria o perfil da nossa “classe política” que passaria a exercer a sua função de legítima representante das expectativas dos cidadãos, agora com acesso aos direitos da cidadania por tanto tempo desejados. Como decorrência do atendimento, teremos a Retenção do eleitor. Ele se tornará um militante árduo de seu partido. Existirão partidos efetivamente representativos de visões político-econômicas, mas não em quantidade inconcebível, como no presente. O mesmo valerá para as entidades sindicais, que se reduzirão ao número de profissões, se é que serão necessárias. Eis o admirável mundo novo demandado pelo marketing das ruas.


C A R G A TRI B UTÁRI A

Desoneração e RET menor saem com trapalhadas Finalmente, a prePrazo para regras Abertura de CEI Contribuição Previdenciária sidente Dilma Rousseff serem cumpridas sancionou em 19 de juAté 31/3/13 Contribuição de 20% sobre a folha Até o término da obra lho a Lei 12.844, que De 1º/4/13 até Contribuição de 2% sobre a receita bruta Até o término da obra estabelece a chamada 31/5/13 desoneração da consAté o término da obra De 1º/6/13 até Opção pela contribuição de 2% sobre a 31/10/13 receita ou 20% sobre a folha de pagamento – trução: a substituição da exceto para quem recolheu 20% em 19/7 contribuição patronal ao A partir de Contribuição de 2% sobre a receita bruta Até o término da obra INSS, de 20% sobre a 1º/11/13 folha de pagamento, por Obs.: As empresas que tenham aberto CEI de 1/4 até 31/5 e que em julho tenham recolhido 20% 2% sobre a receita bruta, precisam fazer o recolhimento de 2% sobre a receita bruta e pedir compensação ou restituição. até 31 de dezembro de 2014, para as empresas de edificações enquadradas nos grupos 412, Quanto às empresas não responsáveis 432, 433 e 439 do CNAE 2.0. pela CEI da obra, o enquadramento na deEstas construtoras estão sujeitas à desosoneração levará em conta apenas o CNAE neração a partir de 1º de novembro de 2013, da atividade principal: aquela de maior mas poderiam antecipar a nova contribuição receita auferida ou esperada. Caso a receita de 2% relativa à receita de junho desde que principal corresponda a um dos CNAEs a recolhessem em 19 de julho. Entretanto, enquadrados na desoneração, a empresa a notícia da sanção e publicação da lei em deverá recolher a contribuição de 2% sobre edição extra do Diário Oficial com data do a receita relativa a todas as suas atividades. dia 19 só chegou ao conhecimento das emSegundo a advogada Rosilene Carpresas no dia 22 de julho. Por esta trapalhada valho Santos, da Assessoria Jurídica do do governo, as construtoras que poderiam SindusCon-SP, a retenção das contribuições se beneficiar com o recolhimento dos 2% previdenciárias dos subcontratados desonesobre a receita de junho perderam o prazo rados cai de 11% para 3,5%. para fazer a antecipação. A lei também reduziu a alíquota do Infraestrutura RET, de 6% para 4%, nas incorporações A lei ainda dispõe que as empresas de imobiliárias sob o regime do patrimônio de infraestrutura dos grupos 421, 422, 429 e afetação, com efeito retroativo a 4 de junho 431 da CNAE 2.0 entrarão na desoneração de 2013. Por conta da mesma trapalhada do de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2014. governo, as empresas que recolheram em 22 No fechamento desta edição, continua­ de julho o RET a 6% aguardavam, no fechava em aberto a questão de como ficará o mento desta edição, orientação da Receita cálculo dos indicadores de custos da construsobre possível compensação ou restituição. ção, como o INCC e o CUB, cujas fórmulas originais não contemplam a desoneração. Recolhimentos diversos A concretagem (grupo 439 do CNAE) Para as empresas responsáveis por aberfoi um dos setores onerados pela lei, o que tura de CEI, a lei criou diversas situações de repercutiu no preço deste serviço, segundo recolhimento ao INSS (ver quadro acima). a Abece. (Rafael Marko)

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regionais

Santos discute estruturas de concreto Engenheiros, arquitetos, técnicos, mestres e estudantes lotaram o auditório da Regional Santos para ouvir as recomendações do presidente do Conselho Consultivo do SindusCon-SP, Roberto José Falcão Bauer. Na palestra, o diretor t­écnico do grupo Falcão Bauer – Centro Tecnológico de Controle de Qualidade, falou sobre a “Durabilidade e Vida Útil de Estruturas de Concreto Armado”. O encontro, promovido duas vezes por ano, é resultado de uma parceria entre o grupo Falcão Bauer e o SindusCon-SP. Diante da complexidade do tema, o conteúdo da palestra foi distribuído em dois dias (27 de junho e 4 de julho). Diante do sucesso da primeira palestra, o foco agora está voltado para o próximo evento, que ocorrerá no

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segundo semestre, de acordo com o diretor da Regional, Ricardo Beschizza. Em momento de expansão de projetos por toda a região e de mudança no perfil dos clientes, que estão mais exigentes, o intercâmbio de conhecimentos técnicos se torna necessário e é justamente isso que a Regional vem propiciando, através da parceria com o centro Falcão Bauer. “A busca por qualificação é fundamental, sobretudo para os profissionais da construção civil”, diz Beschizza. A novidade para o segundo semestre é que está em discussão a participação da Unimonte, o que levaria a palestra ao auditório da Universidade, que permitiria a participação de mais estudantes no evento. (Giselda Braz)

Falcão Bauer palestrou sobre a durabilidade e vida útil de estruturas de concreto armado


Tarifas oneram m² em Bauru Outro entrave para o Enquanto o governo fecrescimento do setor na cideral cria incentivos para o dade é a própria legislação desenvolvimento da construmunicipal. “Por um lado, as ção civil no país, com ações leis que definem o que pode e como a desoneração da folha o que não pode ser construído de pagamento das empresas, o na cidade, como Plano Direpoder público de Bauru segue tor, Leis de Zoneamento (de na contramão, criando tarifas 1983) e de Ocupação do Solo, com valores totalmente fora estão totalmente ultrapassada realidade. É o caso das das. A Lei de Zoneamento, taxas de contrapartida que por exemplo, considera como estão sendo cobradas pelo Parreira cobra revisão de tarifas estritamente residenciais alDepartamento de Água e Esgumas áreas onde, hoje, o comércio é indisgoto (DAE) para novas ligações. Com isso, pensável. Mas para abrir um estabelecimento o custo do metro quadrado de uma obra na no local é preciso transformar o espaço em cidade também está maior. ‘corredor comercial’, o que depende de O alerta é do diretor da Regional Bauru aprovação dos vereadores. É preciso uma do SindusCon-SP, Renato Parreira. Segundo revisão urgente”, afirma. ele, os empresários entendem o momento O diretor do SindusCon-SP também que a cidade enfrenta, concordam com a chama atenção para a morosidade na aprovanecessidade de se investir na ampliação da ção de projetos, que por razões burocráticas infraestrutura e não se recusam em colaborar pode demorar vários meses. com os custos. “A cidade ficou anos sem Como representante da indústria da investir na ampliação da rede. Agora, precisa construção, o SindusCon-SP já levou todas agir rápido para sanar as deficiências. Só que as reivindicações ao prefeito Rodrigo Agosos empresários não podem pagar essa conta tinho. (Sabrina Magalhães) sozinhos, é injusto”, defende.

Campinas revê leis urbanísticas Com o objetivo de analisar e propor alterações na legislação urbanística da cidade, a Regional Campinas do SindusCon-­ SP se uniu à Prefeitura em um grupo de trabalho para debater o uso e ocupação do solo, loteamentos, edificações e código de obras. “São leis que precisam ser modernizadas e até o final do ano teremos toda a análise da legislação e as propostas de melhoria”, diz o diretor da Regional, Márcio Benvenutti. A legislação municipal passou por tantas mudanças nos últimos 20 anos que,

na avaliação da Administração Municipal, a tornou mais carregada de subjetividade, com inúmeros dispositivos legais gerando também uma insegurança na relação jurídica. “O principal problema dessas alterações feitas ao longo dos anos é que geram dupla interpretação. E precisamos trazer clareza, inclusive informatizando todo o sistema”, salienta Benvenutti, destacando que a reorganização da legislação vai eliminar a subjetividade e definir fluxos e competências para o ciclo de aprovação dos projetos. (Vilma Gasques)

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C l a ss i f i c a d o s

Anuncie nos classificados (11) 3334-5627 comercial@sindusconsp.com.br


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JUR Í DICO

Aliciar é ilegal

renato romano filho é assessor jurídico do SindusCon-SP, membro de seu Conselho Jurídico, da CPRT e do Fórum dos Advogados da CBIC, e sócio da Romano Filho Sociedade de Advogados Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: renato@ romanofilho.adv.br

Muito se discute sobre a subcontratação de serviços na atividade da construção civil. No entanto, o setor não é capaz de empreender sem subcontratar, pois é impossível alguém possuir especialização para executar, por conta própria, uma obra da fundação ao acabamento, passando pelas instalações elétricas, hidráulicas e uma infinidade de serviços. Não é por outro motivo que o artigo 455 da CLT trata da responsabilidade do empreiteiro principal em caso de inadimplência do subempreiteiro. Não obstante, vem crescendo o número de empresas construtoras autuadas por subcontratação de serviços. Em muitos casos, subcontratadas são acusadas de aliciar trabalhadores em outros estados para empregá-los nas obras do empreiteiro principal. Como resultado, há a descaracterização dos contratos e as empresas ficam sujeitas a um longo processo administrativo. É comum a formalização de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) obrigando a criação de procedimentos para evitar a subcontratação de empresas que supostamente aliciam trabalhadores.

conhecimento da prática em questão. E é compreensível: em todas as vezes a contratação desses trabalhadores ocorre em local distinto daquele da execução dos serviços. Quando cientificadas do fato, as contratantes têm tomado todas as providências e criam mecanismos para que a situação não se repita. Seguindo a regra do artigo 455 da CLT, registram esses trabalhadores retroativamente, pagam todas as verbas decorrentes da relação de trabalho e, quando é o desejo do trabalhador, providenciam a passagem de retorno ao local de origem. Pagam a multa imposta pelo Ministério do Trabalho e, muitas vezes, firmam até TACs com o Ministério Público do Trabalho para não mais subcontratarem empresas que se utilizam de trabalhadores nessas condições. Todavia, não se pode perder de vista que a prática de aliciamento, na totalidade dos casos a que tivemos acesso, se dá pela empresa subcontratada. Não obstante, o que vem sendo observado é o seguinte: a empresa contratante, que efetivamente não incidiu em qualquer prática de aliciamento e mesmo assim tomou todas as precauções para regularizar a situação provocada por outrem, acaba tendo o seu nome encaminhado para a denominada “lista suja” do Ministério do Trabalho. Como consequência, fica privada da obtenção de crédito de qualquer espécie, o que pode inviabilizar o exercício da atividade econômica. Por outro lado, quem efetivamente procedeu de forma ilícita sequer é autuado. Ou seja, continua com todos os instrumentos para agir ao arrepio da lei e a ludibriar trabalhadores e empresas idôneas.

Mas quem infringe a lei segue livre para cometer novas irregularidades O problema é realmente muito sério e o aliciamento vem sendo considerado pelo Ministério do Trabalho como condição análoga ao trabalho escravo. Realmente, tal prática deve ser combatida de forma implacável. Todavia, há uma questão que precisa ser enfrentada nessa situação extremamente grave e delicada. Na maior parte das vezes, as empresas, ao subcontratarem, não têm 38

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marketing de rel acionamento

Relação é pessoal

RODOLFO ZAGALLO é presidente do Grupo ZAZCOMM. e fundador do C3 – Clube da Construção Civil. Atua há 15 anos no mercado de comunicação e marketing Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: rodolfo@ zazcomm.com.br

Há muito tempo o mundo fala de mar­ keting de relacionamento, que no Brasil surgiu cerca de cinco anos atrás. Mesmo depois de tanto tempo, esta ferramenta eficaz na conversão de grandes negócios ainda é trabalhada de forma primária, quando é trabalhada. Costumo brincar com meus clientes e parceiros fazendo a seguinte pergunta: qual a sua estratégia de relacionamento com o cliente? As respostas são as mais variadas e na grande maioria eles estão gastando dinheiro de uma forma não assertiva. O marketing de relacionamento consiste em gerar um vínculo quase afetivo com o cliente, conhecer suas preferências gastronômicas, esportivas, hobbies etc. Consiste em se relacionar de uma forma mais abrangente com o cliente e a pessoa física com quem estamos lidando.

Executivo deve ser tratado como uma pessoa física e não jurídica A maior falha que se comete nesta área é tratar o cliente como pessoa jurídica e não como pessoa física. O executivo abordado tem preferências diferentes das da empresa. Hoje ele está em uma companhia e amanhã poderá estar em outra, onde, se bem trabalhado, será um novo cliente. Resumindo: marketing de relacionamento é obrigatoriamente one to one. A seguir comento ações típicas de mar­keting; algumas demandam muito investimento sem resultado, ou pior, resultado negativo; e sugiro uma ação barata que acerte direto no alvo. Pergunta: Como você presenteia seu cliente no aniversário dele? Respostas 40

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frequentes: Cartão de aniversário, um bom vinho, uma caixa de chocolate... Comentários: Cartão de aniversário foi feito por gráfica e é o mesmo para todos, não é pessoal nem reflete seu conhecimento sobre o cliente, não é relacionamento e sim marketing direto. Você sabe se seu cliente bebe vinho ou prefere uísque, ou pior, se ele é evangélico e não bebe, ou ainda mais se está tentando parar de beber? Você sabe se seu cliente está obeso e tentando emagrecer a todo custo? Pergunta: Seu cliente é casado, separado ou viúvo? Resposta: Sei lá! Comentário: Imagine se você lhe manda um presente que vale para o casal e ele acaba de perder a esposa, ou não é casado nem tem namorada. Pergunta: Para qual time de futebol seu cliente torce? Resposta: Sei lá! Comentário: Imagine se, sabendo para qual time ele torce, quando este ganha um jogo você manda uma camiseta de treino ou um livro histórico da equipe como lembrança. Resultado: Gol! Os dois primeiros exemplos são ações que quase todas as empresas realizam e têm a certeza de que estão fazendo bem feito, mas podem estar perdendo clientes com isso. O terceiro exemplo é o que ninguém pensa em fazer, mas que trata o cliente como pessoa física num relacionamento one to one. Podemos ir até mais longe e nos relacionarmos não só com o executivo, mas também com sua família, gerando um vínculo maior. Desta forma, então, podemos dizer sobre marketing de relacionamento: Mito: grandes investimentos trazem bons resultados. Verdade: conhecer bem o seu cliente é a certeza de um bom relacionamento.



PREVEN Ç Ã O E S A Ú DE

De olho no diabetes

HORÁCIO CARDOSO SALLES é clínico geral e pneumologista pela Faculdade de Medicina de Marília, e gerente Médico Ambulatorial do Seconci-SP Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: comunicacao@seconcisp.org.br

O Diabetes Mellitus é uma doença incurável, não transmissível, um distúrbio do metabolismo: o aumento do teor de glicose no sangue devido à diminuição, ausência ou não utilização da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas. A doença não poupa ninguém, crianças, jovens, adultos ou idosos, atingindo cerca de 120 milhões de pessoas no mundo. Até 2018, esse número chegará a 280 milhões. Nosso organismo precisa de combustível para funcionar. A glicose existente nos alimentos é o nosso combustível. Quando nos alimentamos, a glicose passa para o sangue. Todavia, para penetrar nas células, necessitamos da insulina, que funciona como se fosse um “transportador”, levando-a para o interior das células, onde fornece energia.

frequência, tiver rápido aumento ou perda de peso, demora na cicatrização de ferimentos, sentir coceiras pelo corpo, dificuldade para enxergar ou dormência, formigamento, choque ou câimbras nas pernas e nos pés. Mediante a existência de fatores de risco e determinados sintomas, o exame incialmente realizado é a dosagem de glicose no sangue em jejum. A taxa normal é de 70 a 106 mg/ dl de sangue, lembrando que o diagnóstico é sempre estabelecido pelo médico. O diabetes não controlado pode levar à cegueira por retinopatia diabética, e à catarata, que figuram entre os riscos mais comuns. Porém há outros agravantes, como os distúrbios circulatórios em pernas e pés, podendo chegar à gangrena e consequente amputação, hipertensão arterial, enfarte do miocárdio (duas a três vezes mais frequente entre os diabéticos), problemas renais e impotência sexual masculina. A boa notícia é que todas essas complicações podem ser evitadas mediante um controle eficaz da doença. A alimentação balanceada figura no topo da lista. A maior parte da glicose vem dos alimentos que você ingere, por isso, o importante é que a alimentação seja equilibrada em quantidade e em qualidade. Outras recomendações essenciais: substitua o açúcar por adoçantes, utilize corretamente os medicamentos, controle o peso, o estresse e a pressão arterial, pratique atividade física, tenha cuidado com a pele, olhos, dentes e pés e equilibre o trabalho com repouso e lazer. O Seconci-SP conta com equipe de clínicos e toda a estrutura laboratorial para um diagnóstico preciso, garantindo também aos usuários o devido acompanhamento e controle da doença.

Atividade física, controle periódico e boa alimentação são fundamentais Quem tem Diabetes Tipo 1 não fabrica insulina e precisa recebê-la por toda a vida. Quem tem o Tipo 2 fabrica pouca insulina ou não consegue utilizar a que produz, precisando seguir um controle alimentar, aliado ou não ao uso de medicamentos. Não há causa definida para o Diabetes Mellitus, mas a carga genética tem sua influência, especialmente se existirem outros fatores de risco, tais como obesidade, estresse, sedentarismo, doenças infecciosas, abalos emocionais e gravidez. É importante reconhecer os sintomas antes que a doença se agrave e cause maiores danos. Por isso, consulte um médico se você ou alguém de sua família tiver sensação de cansaço ou de fraqueza repetidamente, sentir muita sede, muita fome, estiver urinando com

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SOLU Ç Õ ES INOV A DOR A S

Aditivos ao cimento ALESSANDRA LORENZETTI DE CASTRO é engenheira civil, doutora em Ciência e Engenharia de Materiais/USP e pesquisadora do LMCC/IPT

VALDECIR ANGELO QUARCIONI é químico, doutor em Engenharia Civil/USP e pesquisador do LMCC/IPT Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: alcastro@ipt.br quarciva@ipt.br

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A industrialização da construção é irreversível e os aditivos surgem como materiais chaves na obtenção de um concreto autoadensável, para viabilizar a aplicação de um concreto massa ou para se bombear e aplicar mecanicamente um revestimento de argamassa. Uma questão fundamental, que consiste talvez na maior limitação para se dispor de uma norma técnica única e abrangente para a sua caracterização, é a diversidade de aditivos para concretos e argamassas. De acordo com a NBR 11768, aditivos para concreto de cimento Portland são definidos como produtos que, adicionados em pequena quantidade às misturas, modificam algumas de suas propriedades, no sentido de melhor adequá-las a determinadas condições. As substâncias químicas ativas das formulações dos aditivos podem ser orgânicas ou inorgânicas, distribuídas num veículo líquido, pastoso ou sólido, podendo interagir física, química e físico-quimicamente com as partículas de cimento. Mehta e Monteiro dividem, de forma ampla, as substâncias empregadas como aditivos em dois tipos: substâncias que começam a agir instantaneamente sobre o sistema águac­imento, por meio da modificação da tensão superficial da água e pela sua adsorção na superfície das partículas de cimento; e substâncias que se dissociam em seus íons constituintes, afetando as reações químicas entre os compostos do cimento e a água, de alguns minutos até algumas horas após sua adição. Os aditivos são classificados de acordo com sua função principal, embora algumas vezes sejam mencionadas suas ações secundárias. Na classificação, são considerados aditivos os produtos adicionados em quantidade não maior que 5% da massa de cimento contida no concreto, exceto pigmentos inorgânicos para o preparo de concreto colorido. No Brasil,

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a NBR 11768 classifica os aditivos em: redutor de água ou plastificante; redutor de água de alta eficiência ou superplastificante; incorporador de ar; retardador de pega; acelerador de pega; e acelerador de resistência. Porém, há outros, não contemplados na norma brasileira, que vêm sendo incorporados às misturas de concreto, tais como modificador de viscosidade, compensador de retração, inibidor de corrosão e redutor da expansão álcali-agregado. Os aditivos modificam as propriedades de argamassas e concretos nos estados fresco e endurecido. Porém, não se conhecendo bem as propriedades e ações de um aditivo pode ocorrer uma incompatibilidade entre este material e o cimento utilizado, gerando efeitos adversos às argamassas e concretos tais como: rápida perda de abatimento, resultando em baixa coesão, aumento na porosidade e, geralmente, em misturas pouco trabalháveis; aumento drástico da quantidade de ar incorporado, reduzindo a resistência mecânica; aumento da exsudação; não ocorrência da redução da quantidade de água prevista, resultando num concreto com grande quantidade de água e com baixa resistência mecânica e durabilidade; a ação como retardador pode não ocorrer, gerando sérios problemas no lançamento, adensamento e acabamento do material; e a ação como acelerador pode não ocorrer, gerando problemas de acabamento e de resistência nas idades iniciais. Ensaio para determinação do teor de cloreto em aditivo


A eficiência de qualquer aditivo varia de acordo com a dosagem de argamassas e concretos, bem como com as propriedades dos materiais constituintes das misturas. A composição química do cimento empregado nas obras tem um papel determinante na compatibilidade do aditivo com a matriz cimentícia, que pode ser prejudicada quando há alguma alteração significativa na composição do cimento. Por exemplo, mudanças nos combustíveis empregados em coprocessamento na indústria do cimento podem refletir negativamente no desempenho de um aditivo utilizado no concreto produzido com este cimento. Com alguns aditivos, deve-se considerar a quantidade de sólidos e não a massa total do aditivo na forma líquida. No que diz respeito ao teor de água presente nos aditivos, este deve ser deduzido do valor total da água de amassamento da mistura, a fim de não alterar a relação água/cimento definida para o concreto. Quanto à verificação do desempenho dos aditivos para uso em argamassas e concretos de cimento Portland, a NBR 11768 estabelece os ensaios que devem ser realizados para uma análise comparativa a uma mistura de referência (sem aditivo) quanto à redução de água de amassamento, à consistência da mistura, ao teor de ar na mistura fresca, ao tempo de pega, à resistência à compressão, e no caso de aditivos retardadores e acelerados, à perda de consistência ao longo do tempo. A NBR 10908 é a norma utilizada para avaliar os aditivos químicos empregados em materiais à base de cimento. Trata-se de um texto aplicável às três classes de aditivos disponíveis no mercado: líquido, pastoso e sólido. A norma prescreve os métodos para determinação do pH, teor de sólidos, massa específica, teor de cloretos e análise por infravermelho (opcional), para verificar a uniformidade de aditivos de um mesmo lote ou de diferentes lotes de uma mesma procedência. O foco dessa norma não é identificar a composição do material, mas fixar parâmetros para o consumidor verificar a homogeneidade dos produtos que adquirir num dado período consecutivo. Porém, esta norma não permite a caracte-

rização básica dos vários aditivos empregados; e os usuários principais desses produtos (centrais de concreto e indústrias de argamassas) não dispõem de um ferramental normativo adequado para a caracterização dos mesmos. Como são poucos os fabricantes de aditivos, com predominância de empresas multinacionais, facilitam-se os contatos diretos e mais frequentes entre fabricantes e usuários, e os acordos técnico-comerciais entre estes são ferramentas determinantes na garantia da qualidade desses produtos. Assim, na próxima revisão da NBR 10908 seria oportuno que sua Comissão de Estudo considere com maior atenção a diversidade de produtos disponíveis para detalhar e enriquecer o texto normativo, de forma que um aditivo tenha caracterização mais detalhada, mesmo com foco na verificação da uniformidade de aditivos de um lote ou de diferentes lotes de uma mesma procedência, compatibilizando com a normalização internacional. A ABNT tem como meta concluir até 2014 a atualização de todo o seu acervo de aproximadamente 7.500 normas técnicas, de forma que no prazo máximo de cinco anos toda norma técnica publicada seja revisada. Pre­vêse que neste semestre seja iniciada a revisão da NBR 10908, de ensaios de caracterização de aditivos, e para esta tarefa o CB-18 conta com a colaboração de laboratórios acreditados pelo Inmetro como o de Materiais de Construção Civil do IPT e o da ABCP, além dos fabricantes de aditivos, centrais de concreto e indústrias de argamassas.

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Mecanismos de estabilização de suspensões: (a) eletrostática, (b) estérica e (c) eletroestérica; (d) esquema da ação eletroestérica de superplastificante à base de policarboxilatos na pasta de cimento

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CONSTRU Ç Ã O D A C A RREIR A

Empresas criativas desbravam novos mares Felipe Scotti Calbucci é graduado em Comunicação Social e gerente de Property & Construction da Michael Page, com foco em recrutamento de gerentes e diretores para construtoras e incorporadoras Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: felipecalbucci@ michaelpage.com.br

Não é novidade para os que acompanham o dia a dia da economia que o mercado brasileiro cresce em ritmo mais lento do que esperávamos, impactando diretamente o mercado de trabalho. Contudo, no médio prazo, não há motivo para preocupação, pois sempre haverá espaço para bons profissionais. Neste cenário, as empresas buscam se reinventar. Fazem-no por meio da criação de metodologias para ganhos de eficiência, bem como pela realização de melhores negociações junto aos fornecedores, com o objetivo de assim conseguirem obter boas margens e manterem o seu lucro. Há aqueles que desbravam verdadeiros oceanos azuis, criando novas linhas de negócios e inclusive aumentando sensivelmente seus quadros de colaboradores. No segmento de Real Estate, tenho reparado um movimento na direção desses novos negócios.

da Tecnologia da Informação, como data­centers e torres de transmissão para celular. Fiz questão de mencionar estes novos investimentos para que os leitores percebam que há bastante espaço no mercado de trabalho relacionado à incorporação e construção. O perfil dos colaboradores requerido pelas empresas que seguem estes rumos é o de profissionais criativos e com visão de negócios, capazes de se adaptar a novos mercados e buscar novos conhecimentos. Recomendo o livro “A estratégia do Oceano Azul” de W. Chan Kim e Renée Mauborgne, representantes do The Blue Ocean Strategy Institute, localizado no Insead (Instituto Europeu de Administração de Negócios). Esta obra mostra exemplos de empresas que se reinventaram, fugindo da concorrência e criando um novo mercado. Outro ponto importante a se destacar é o fato de que existem muitas empresas dos mercados tradicionais de construção, tais como os segmentos residencial, comercial, varejo, galpões e infraestrutura, apresentando bons resultados e, consequentemente, contratando pessoas. Há também empresas que, mesmo passando por períodos difíceis, seguem contratando em busca da eficiência que mencionei no início. Por fim, a mensagem que quero deixar é que sempre existe espaço para as empresas se desenvolverem de forma independente do cenário econômico. Tal desenvolvimento depende das pessoas que formam a empresa. Uma equipe qualificada e motivada certamente é capaz de superar qualquer desafio.

Bons profissionais são requeridos mesmo na atual desaceleração Por exemplo, muitos empresas estão analisando o mercado de loteamentos, cujo custo de investimento é menor e aparentemente mais seguro, apesar de ter seu retorno em longo prazo. Outra novidade são as empresas de self-storage (guarda-bens), negócio bastante comum nos Estados Unidos. Trata-se de um depósito para que pequenas empresas armazenem seus produtos ou pessoas físicas guardem seus pertences. Além disso, fundos de investimento de Real Estate estão entrando em negócios 46

revista notícias da construção

/ agosto 2013


14ª

evento g r a t u it o

MEGA SEMANA INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO 2013

vagas limitadas

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