A Bancária - 6 de março de 2023

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A Bancária

"Arte: Até que todas sejamos livres". (Aline Adolphs)

Março: mês da mulher

No mês de março, as lutas das mulheres ganham mais visibilidade. O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, propõe a reflexão sobre temas como assédio, feminicídio, saúde da mulher, jornada de trabalho, preconceitos, machismo e tantos outros que perpassam as pautas levantadas pelas mulheres há séculos Alguns destes temas fazem parte desta edição de "A Bancária", feita exclusivamente por mulheres. A participação da mulher no mundo do trabalho e no movimento sindical das trabalhadoras se consolida e se renova a cada dia e as conquistas são evidentes. Contudo, ainda há um longo caminho a ser percorrido para garantir a equidade de gênero, a equiparação salarial e o respeito à mulher.

No SindBancários, as mulheres protagonizaram diversos momentos históricos, como a "Greve Proibida", de 1979 Também tocaram importantes projetos nas mais diversas áreas e deixaram um inegável legado e patrimônio cultural.

Nos bancos, as trabalhadoras desbravaram campos, abrindo espaço para a ascensão da mulher em cargos de chefia. De datilógrafas e taquígrafas, as mulheres se transformaram em caixas, gerentes. Mostraram a sua cara e deixaram de ser invisíveis

Na batalha contra a violência, estabeleceram códigos e redes de apoio, como a criação de uma cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho, em 2010, para a instalação de canais de combate ao assédio moral e, na última campanha salarial, no ano passado, a inclusão de mais uma cláusula na CCT para o combate ao assédio sexual Com relação à saúde, as mulheres são as que mais adoecem por conta da sobrecarga de trabalho. Seja em home office ou presencialmente, a jornada de trabalho feminina é mais pesada. E, nessas horas, o atendimento psicossocial, oferecido pelo departamento de saúde do sindicato é fundamental Enfim, são muitas as frentes de batalhas, mas estamos na luta, aguerridas e unidas!

Porto Alegre, 6 de Março de 2023
SindBancariosPOA SindBancarios SindBancarios (51)3030-9400 www.sindbancarios.org.br 3ª Edição

GIROPELOSBANCOS

BRADESCO

SindBancários cobra manutenção de empregos com incorporaçõesdeagênciasdoBradesco

Diretores do Sindicato se reuniram com representante do Bradesco no dia 28 de fevereiro para tratar das incorporações de agências O diretor regional do Banco recebeu o secretário-geral do SindBancários, Luis Gustavo Soares, e os diretores da Fetrafi-RS Edson Rocha e Sandro Cheiran Os dirigentes cobraram a manutenção dos empregos dos bancários e bancárias das cinco agências que serão incorporadas em abril Conforme o diretor do Bradesco, não haverá desligamentos em decorrência das mudanças Se ocorrerem demissões no banco a partir de agora, Soares orienta que os trabalhadores comuniquem o Sindicato, para quepossaatuarnoscasos.

CAIXA

EntidadescobramdefiniçõesdaCaixaparaDeltade2022

Até o momento ainda não houve definição dos critérios para a promoção por mérito referente ao ano-base 2022 na Caixa Econômica Federal Deltas representam 2,34% do salário-padrão do empregado, e representantes dos trabalhadores defendem que todos os elegíveis o recebam. “Os debates iniciaram apenas em novembro passado, mas logo esbarraram na ausência de consenso entre a representação da Caixa e a dos empregados”, relembra a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE)daCaixa,FabianaUeharaProscholdt

ITAÚ

Itaú lucra mais de R$ 30 Bi em 2022, mas trabalhadores não sãobeneficiadoscomcrescimento

O Itaú Unibanco obteve Lucro Líquido Recorrente Gerencial – que exclui efeitos extraordinários – de R$ 30,786 bilhões em 2022. Representante do RS na Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, o diretor do SindBancários, Eduardo Munhoz defende que o banco deveria compensar o que está faltando na PLR, cujo pagamento da segunda parcela ocorreu em 1º de março. “É incoerente anunciar lucro recorde e repassar uma PLR que não acompanha este crescimento. Esperamos que a valorização dos empregados do Itaú venha através de parcela complementar de resultados e aumento das bolsas de estudos concedidas aos bancários”, avalia o diretor.

BANCO DO BRASIL

BBanuncianovoCódigodeÉtica,comavançosnosconceitos deassédiomoralesexual

O Banco do Brasil terá um novo Código de Ética, previsto para ser lançado em março O material deve trazer avanços para os conceitos de assédio moral e sexual, com exemplos de histórias reais, e uma linguagem mais moderna e humanizada, com foco na diversidade Para a diretora da Fetrafi-RS, Priscila Aguirres, a expectativa é que o novo código contemple as demandas da categoria “Temos um número grande e crescente de funcionários adoecidos em função do assédio sofrido diariamente, seja pelos superiores e mesmo o assédio institucional Precisamos mudar o perfil de gestão do BB O primeiro passo é explicitando essa mudançapeloCódigodeÉtica”,observaadirigente

BANRISUL

Banrisul tem lucro ajustado de R$ 251,1 milhões no 4º trimestre e queda anual de 2,7%

O Banrisul registrou lucro líquido ajustado de R$ 251,1 milhões no 4º trimestre de 2022, aumento de 82,1% frente ao 3º trimestre e 2,7% menor em relação aos R$ 258 milhões do 4º trimestre de 2021. O lucro líquido ajustado em 2022 atingiu R$ 780,8 milhões, representando uma queda de 21,2% frente a 2021. Para a secretária-geral do SindBancários, Silvia Chaves, o resultado ocorre principalmente pelo momento econômico e político do país.

“Os números mostram o resultado de uma gestão privatista, alinhada ao modelo econômico federal, que durante todo tempo investiu no desmonte dos bancos públicos. E, ainda assim, com toda a estrutura da máquina do governo apostando contra, o banco demonstra sua potência e sua vitalidade, com papel fundamental no desenvolvimento econômico do estado”, opina a dirigente.

SANTANDER

Justiça condena Santander por esconder informações do MPT

Atendendo a pedidos do Ministério Público do Trabalho (MPT), a 4ª Vara do Trabalho de Campinas determinou multa diária de R$ 150 mil para o Santander, caso continue negando informações ao Grupo Especial de Atuação Finalística, instituído em junho de 2020 para investigar as razões da baixa execução de recursos repassados pelo Governo Federal no Programa Emergencial de Suporte a Empregos A investigação foi motivada por uma matéria especial do Intercept Brasil, publicada em maio de 2020 "Este é mais um exemplo em que vemos o Santander se expondo para o mercado e sofrendo as consequências de descumprimento dos órgãos competentes de fiscalização Não entendemos o porquê de o banco não contribuir com o MPT", pontua o secretárioexecutivo do SindBancários e representante na Comissão de Empresa do Santander, Luiz Cassemiro. "O Santander é uma instituição multinacional consolidada no mercado mundial Desnecessárias algumas posturas por parte do banco, pois não condizemcomolemadobancoqueéSimples,PessoaleJusto!"

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SindBancários promove evento do Mês das Mulheres em 18 de março

O Mês das Mulheres será celebrado pelo SindBancários com um evento ao ar livre marcado para o dia 18 de março. A “Feira da Vivi” ocorrerá das 11h às 18h, no novo terreno adquirido pela entidade, na rua Riachuelo, 661, no Centro Histórico de Porto Alegre

A diretora da pasta de Mulheres e Juventude, Carmen Lúcia Guedes, explica que o nome é uma homenagem à diretora de Formação do Sindicato e empregada da Caixa, Virgínia Maria de Faria Jorge, militante nos movimentos sindical e de mulheres.

“Resolvemos dar o nome de ‘Feira da Vivi’ para homenagear a nossa colega e amiga, que faleceu de Covid19, quando o governo genocida de Bolsonaro se recusava a comprar vacinas Vivi presente!”, declarou Carmen

Quem era Vivi

A ideia para o evento surgiu das feiras de rua realizadas na Capital, segundo a diretora de Cultura e Sustentabilidade do SindBancários, Ana Guimaraens. “A população tem curtido muito as feiras de rua. Nesse espírito, decidimos fazer a nossa somente com mulheres vendendo seus produtos, mostrando a sua arte e participando das rodas de conversa. É uma forma interessante de dar visibilidade e empoderamento para as mulheres no nosso mês”, disse.

A “Feira da Vivi” contará com bancas de artesanato, rodas de conversa, shows e food trucks, tudo organizado e protagonizado por mulheres. Quem tiver interesse em expor seus trabalhos manuais no dia, prioritariamente bancárias, deve preencher um formulário (qr code abaixo), até o dia 10 de março. Devem constar nome, telefone, tipo de produto e foto do mesmo.

Virgínia Faria, a Vivi, era admirada pelos colegas de banco e também do sindicato. Os bons momentos, de confraternização e de luta, seguem vivos na memória de quem conviveu com ela. Sempre à frente das mobilizações da categoria, a dirigente era considerada determinada, com voz ativa, sabia defender suas ideias e convencer os demais sobre elas. Além do perfil proativo, também era parceira e acolhedora. "A Vivi sabia separar amizade de trabalho, respeitava as diferenças, era muito prestativa, ajudava quem precisasse, seja no trabalho ou vida pessoal. Só tinha um defeito: ser gremista", brincou a colorada Carmen.

Sindicato terá dois podcasts especiais para as mulheres

Em alusão ao mês das mulheres, o SindBancários terá dois podcasts especiais das bancárias. Os programas irão tratar de assuntos de interesse das mulheres, com convidadas da categoria Um deles abordará o tema assédio, pauta relevante no meio bancário, e o outro será sobre minorias, com a presença de mulheres negras e LGBTs Os programas serão gravados no estúdio RAO, na sede do sindicato, e disponibilizados posteriormente no canal do Youtube da entidade.

No Dia da Mulher, SindBancários promove show de Marietti Fialho no Teatro de Arena

Show Marietti Fialho & Cia Luxuosa

Data: 8 de março, Dia Internacional da Mulher

Horário: 20h

Local: Teatro de Arena (Av Borges de Medeiros, 835 – Centro Histórico, Poa)

Ingressos:

Inteira: R$ 20

Meia (Estudantes, Idosos e Classe artística): R$ 10 Bancários R$ 10

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As estenógrafas: trajetória

das mulheres bancárias

A história das mulheres no setor bancário teve início há mais de 100 anos. Na tese de Doutorado “Trabalho no banco: trajetória das mulheres gaúchas desde 1920”, a historiadora Áurea Tomatis Petersen conta que o Banco da Província do Rio Grande do Sul começou a admitir mulheres em seus quadros por volta de 1920. A primeira funcionária do banco teria sido Alzira Borges de Almeida, natural de Vacaria, admitida no dia 4 de maio daquele ano.

No ano de 1925, outra pioneira, Gismunda Amélia Maria Pezzi (19091974) foi convidada para trabalhar no Banco Francês Italiano para a América do Sul. Gismunda se destacou na empresa e passou por todos os cargos que eram ocupados por mulheres naquela época. A trajetória levou-a a alcançar mais um cargo de destaque: a presidência do Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul.

Essa abertura para a contratação das mulheres no sistema bancário teve como mola propulsora a expansão da atividade econômica no Estado e a necessidade de realização de inúmeras tarefas consideradas auxiliares do trabalho mais qualificado executado pelos homens.

Códigos de guerra

A partir dos anos 30, os serviços repetitivos, como datilografia e taquigrafia, eram entregues às mulheres. Um número maior de mulheres ingressou no serviço bancário a partir da generalização do uso da máquina de datilografar.

"As mulheres tinham o poder dentro do banco, pois dominavam a estenografia, uma forma de escrita por símbolos. Por vezes elas usavam este conhecimento para se comunicar por códigos”, conta o historiador e assessor do SindBancários, Péricles Gomide.

As primeiras mulheres a serem contratadas pelo Banrisul, em 1943, tiveram que fazer um teste de datilografia antes de entrar no Banco, além da prova de conhecimentos gerais. Em entrevistas gravadas para uma oficina literária do SindBancários em 2010, um grupo de quatro das sete trabalhadoras, que tinham idades entre 18 e 25 anos na época em que foram contratadas, afirmaram que os mais de 200 funcionários homens do Banrisul eram cordiais e as tratavam como “filhas” ou “pupilas”.

O período de guerra (1939-1945) foi o que motivou a abertura de espaço para as mulheres no banco público. A razão é puramente econômica, conforme esclarece Áurea Petersen. “(...) as empresas passaram a contratar mulheres para não arcar com as despesas que teriam com trabalhadores que fossem convocados, pois a legislação da época determinava que as instituições empregadoras ficariam responsáveis pelo pagamento de 50% do salário de seus empregados chamados para o serviço militar”, conta a historiadora.

Equiparação

No início das contratações de mulheres nos bancos, elas recebiam salários menores que os dos homens. A equiparação salarial no Banrisul, por exemplo, só ocorreu em 1960, quando as trabalhadoras passaram a assumir a função de escriturárias.

O trabalho feminino no setor de vendas dos bancos só foi desbravado na década de 70. Até então, as mulheres precisavam ficar “resguardadas” no trabalho de secretaria, segundo Péricles Gomide. “Nessa época houve uma diversificação do trabalho feminino na sociedade e as mulheres estavam mais independentes e autônomas”, aponta.

A diretora de Cultura e Sustentabilidade do SindBancários, Ana Guimaraens, explica que a virada de chave na carreira das bancárias aconteceu por volta dos anos 2000, quando uma pesquisa com correntistas indicou que as pessoas se sentiam mais seguras em confiar seu dinheiro às mulheres do que aos homens. “A partir daí as mulheres foram colocadas em funções de caixa e muitas conseguiram virar gerentes, como vem acontecendo até hoje”, destaca.

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As grevistas: mulheres que

construíram o sindicato

A participação das mulheres no Sindicato dos Bancários (e das Bancárias) de Porto Alegre remete a uma história de lutas e glórias. Quem conta parte dessa história é a homenageada pelo Sindicato em seus 90 anos, Miriam Aguiar, que chegou no SindBancários no mesmo ano em que para o quadro de funcionárias do Banrisul: 1979.

Coincidência ou não, este foi o ano da "greve proibida", que culminou com a prisão dos então diretores Olívio Dutra e Felipe Nogueira.

"Estávamos no (auditório) Araújo Viana. O Felipe estava conversando comigo e o Olívio estava no palco. Chegou um homem do nosso lado e disse que queria conversar com o Felipe, quando olhei para o palco, já estavam prendendo o Olívio. Foi tudo muito rápido", relembra Miriam. Ela também foi convocada a prestar depoimento na Polícia Federal. "Não podia ir acompanhada por ninguém, nem advogado. Me apresentei na PF e o porteiro disse: 'coloca o crachá no peitinho'. Ali eu já fiquei com medo, pela forma como ele falou. Nunca esqueci". Miriam teve ordem de prisão expedida, mas não chegou a ser presa, pois a greve acabou antes.

No sindicato, onde participou ativamente até 1992, a banrisulense foi diretoraexecutiva suplente e diretora de Cultura e Formação Sindical. Neste período, em 1984, reativou a publicação da revista "Livre", que reuniu textos de grandes nomes como Eduardo Galeano e Juremir Machado.

Antes disso, em 1982, as mulheres do SindBancários criaram um coletivo que passou a organizar as atividades do 8 de Março e outras ações em parceria com grupos feministas de Porto Alegre. "Fizemos um grande evento sobre o 8 de Março e uma exposição de arte no antigo prédio Cacique. Também fizemos um jogral sobre as condições de trabalho para as mulheres e editamos vários cartazes que as pessoas gostavam de emoldurar e levar para casa".

Quem também participou incisivamente da greve de 79 foi Ana Santa Cruz Uma das primeiras lideranças femininas do Sindicato, Ana integrava a Comissão de Mobilização Com a prisão dos diretores, assumiu o comando da paralisação Foi presa pela PF em 12 de setembro de 1979 e teve seu companheiro, Fernando Santa Cruz, desaparecido Em entrevista ao jornal A Bancária, de 2008, a ex-dirigente do SindBancários declarou que "o sindicalismo, pelo menos naquela época, era um mundo masculino" "Acho que nunca consegui enfrentar os companheiros da direção de igual para igual Sempre é difícil para as mulheres disputar o seu espaço", falou na época. No final de julho de 2019, o ex-presidente Jair Bolsonaro provocou o então presidente da OAB-SP, Felipe Santa Cruz, filho de Ana, com uma ameaça Bolsonaro disse que poderia contar para ele como seu pai, Fernando Santa Cruz, um homem de esquerda que combateu a Ditadura Militar, morrera Depois dessa intimidação, a milícia digital que sustentava o presidente nas redes sociais passou a perseguir a família Santa Cruz Ana passou a ser alvo de ataques nas redes e ameaças de morte Ela reside no Rio de Janeiro, território de milícias e reduto eleitoral de Bolsonaro e seus filhos

Rejane Michaelsen Farias (falecida em 2021)

Também foi agredida na greve do Banrisul (2010), onde trabalhou por mais de 30 anos Rejane levou uma cacetada que abriu sua cabeça, mas, mesmo sangrando, ela continuou protestando antes de ir ao hospital Sempre lutou por direitos e contra o desmonte dos serviços públicos

Agredida na greve do Banrisul (2010), pelo Coronel Mendes, na frente da agência central, Elisa chegou a fraturar o ombro Ela foi diretora do SindBancários e da Fetrafi-RS, além de delegada sindical

Anna Miragem

Ingressou no Banrisul em 1985, como escriturária Em 1990 foi eleita presidenta do SindBancários Oriunda do movimento estudantil da cidade de Porto Alegre e estudante do Curso de História UFRGS, lutou contra a ditadura e pela democratização do país, sendo uma das responsáveis pela construção do Partido dos Trabalhadores

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Elisa Farias (falecida em 2021)
Mulheres que fizeram parte da história do Sindicato

Transtornos mentais crescem nos últimos anos entre bancárias

O acúmulo de funções gera sobrecarga nas mulheres, o que pode causar uma série de problemas físicos e mentais Essa realidade atinge o público feminino de várias idades e profissões, e é um problemarecorrentenacategoriabancária

Pesquisa realizada pelo SindBancários, em parceria com a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), mostrou que as mulheres são maioria (55,7%) entre quem sofre com os transtornos mentais comuns (TMC) São sintomas depressivos, ansiosos e/ou somáticos que geram sofrimento psíquico e podem incapacitar tanto para o trabalho quantoparaavidaemgeral

Uma comparação entre Censo Bancário realizado em 1997 e Pesquisa da UFCSPA de 2014/2015 mostra aumento de 22,3% para 55,7% na prevalência de TMC em mulheres bancárias Esse cenárioépercebidonoDepartamentodeSaúdedoSindBancários, onde a maioria dos atendimentos decorre de problemas de saúde mental

A coordenadora do Grupo de Ação Solidária (GAS) do Departamento, Jaceia Netz, explica que os casos mais frequentes sãocausadospordepressão,ansiedadeeestressepós-traumático

"Caminhando por aí" promove saúde e bem-estar de aposentadas

O projeto Caminhando por aí, do Núcleo de Aposentados do SindBancários, já existe há quatro anos Em 2023, em alusão aos 90 anos da entidade, foi lançado o desafio dos 90km, que visa percorrer esse trajeto até 1º de novembro

A diretora da pasta de Aposentados e de Seguridade Social do sindicato, Natalina Gue, comenta que as mulheres são maioria absoluta nas atividades "Normalmente as mulheres são mais cuidadosas com a saúde, se preocupam em envelhecer bem, por isso participam do projeto, já que as caminhadas contribuem para melhorar a agilidade e proporcionar o equilíbrio entre corpo e mente", destaca a dirigente

O projeto dos 90km já completou 17km até agora Quem quiser ainda pode participar, é só recuperar nas semanas seguintes a quilometragem perdida Mais informações podem ser obtidas com Natalina pelo telefone 51 99962-3146 (WhatsApp)

Segundo ela, isso reflete principalmente o assédio, moral e sexual, sofrido pelas bancárias, além da pressão, em especial nos bancos privados, onde há cobranças para cumprimento de metas "O adoecimento ocorre em função dos métodos de gestão dos bancos, que sobrecarregam funcionários Há uma legislação que protege a saúde do trabalhador no Brasil, mas que é sistematicamente descumprida nos locais de trabalho", afirma a coordenadora

Serviço de Saúde do SindBancários

O Departamento de Saúde dispõe de assistente social, técnica em segurança do trabalho, advogado especialista em previdência e acidente de trabalho, e psicólogo.

O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h. Mais informações e agendamentos podem ser obtidos pelo telefone 51 99576.4174 (WhatsApp)

O GAS - Grupo de Ação Solidária acontece nas quartasfeiras, às 15h. O GAS é um espaço para compartilhar experiências relacionadas ao adoecimento no trabalho.

Teletrabalho: Vantagens & Desvantagens

Quero trabalhar em casa para passar mais tempo com os meus filhos”

Quem nunca ouviu essa frase? O trabalho remoto, teletrabalho ou home office tornou-se uma realidade durante a pandemia, impactando principalmente a vida das mulheres

Via de regra, são as mulheres as responsáveis pelo trabalho do cuidado, ou seja, a organização da rotina dos filhos, a atenção aos pais idosos, ao marido doente, à limpeza da casa, entre outros Com a pandemia, este e o trabalho profissional ocuparam o mesmo espaço físico Para as bancárias, essa relação se mostrou positiva por um lado e negativa por outro. O teletrabalho foi uma conquista do movimento sindical ao ser incluído na Convenção Coletiva da categoria, mas cada banco vem regulamentando a modalidade conforme sua organização interna

Empregada da Caixa, Daiane* encarou o teletrabalho como uma solução para questões de logística “Estou em teletrabalho desde março de 2020, começo da pandemia. Regressei por dois meses ao presencial, por revezamento, mas pedi ao Banco para voltar ao teletrabalho, pois mães com filhos pequenos têm tido prioridade", conta a mãe de dois filhos, de 9 e 7 anos

"Pra mim sempre foi tranquilo por ter um parceiro que pega junto, que cumpre suas responsabilidades dentro de casa Então, o teletrabalho me proporcionou a oportunidade de ficar mais tempo com meus filhos, estar mais presente, e ao mesmo tempo ficar com eles de manhã em casa”, revela

Já para Luiza*, empregada do Banco do Brasil, o trabalho remoto não foi tão positivo, pelo menos durante a pandemia da Covid-19 “No início foi difícil, eu não tinha uma estrutura em casa para isso Meu filho tinha 5 anos e precisava de atenção Somente depois que ele voltou à escola presencialmente que eu pude me centrar mais no trabalho”, relembra

“Apesar de conseguir render bem e bater as metas, ficar sozinha em casa foi deprimente, senti falta da troca de experiências, da convivência com colegas O melhor dos mundos seria trabalhar parcialmente em home office e pessoalmente”, diz a bancária do BB, que voltou à agência por decisão própria, assim que o Banco retomou as atividades presenciais

Porto Alegre, 6 de Março de 2023
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*Nomes fictícios para proteger a identidade das bancárias.

Juntas e mobilizadas, mulheres enfrentam o Assédio Sexual e Moral no ambiente bancário

Conscientização e união das trabalhadoras bancárias é urgente no enfrentamento aos casos de violência

São múltiplas as violências que atingem as mulheres em uma sociedade ainda tão machista. Desde a supostamente inofensiva cantada na rua, passando por relações abusivas, jornadas duplas e triplas de trabalho, maiores obstáculos para ascender na carreira, exclusão nos espaços de poder, até os números alarmantes de feminicídio, são diferentes camadas de abuso e opressão a que são submetidas as mulheres.

No ambiente de trabalho das bancárias, a naturalização da violência se traduz em salários menores, discriminação nas oportunidades, pressão por metas, cobranças extras, entre outras, fazendo com que elas estejam mais vulneráveis a doenças relacionadas ao trabalho. Violações ou abusos tem potencial para afetar destrutivamente a saúde psicológica, física ou sexual, bem como a dignidade e o ambiente familiar ou social das trabalhadoras.

No caso das mulheres, em muitas situações o assédio sexual se mistura e se sobrepõe ao assédio moral O episódio de Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa afastado do cargo por denúncias de assédio contra empregadas do banco, mostra que estamos longe de garantir ambientes saudáveis e seguros para todas nós, mulheres Escancara, ainda, que por trás de assediadores há estruturas e organizações responsáveis, permissivas ou omissas Não é apenas Pedro Guimarães, não é apenas na Caixa, e as bancárias sabem disso

O papel da mobilização

Assim que as denúncias contra Pedro Guimarães foram expostas, entidades sindicais organizaram um Dia Nacional de Luta contra o assédio moral e sexual Na negociação da Campanha Nacional 2022, bancárias conquistaram cláusulas sobre repúdio às práticas de assédio nos bancos, além de garantir treinamento para gestores e empregados no que diz respeito à prevenção

São essas ações de exposição e combate aos casos de abuso que não apenas conscientizam a sociedade sobre as discriminações sofridas pelas mulheres, mas também colocam a ação organizada e conjunta como uma das principais formas de combateàviolênciadegênero

Ao mesmo tempo em que gerou sofrimento e outras consequências graves, o episódio parece ter servido para ampliar a visibilidade sobre o tema do assédio às mulheres no meio bancário. Meses depois do ocorrido, a nova presidente da Caixa, empossada pelo presidente Lula, Rita Serrano, anunciou que a gestão pelo medo no banco acabou, fazendo referência às gestões de Guimarães e Daniella Marques Consentino, que o substituiu, indicados por Bolsonaro. “Tomarei todas as medidas que estiverem ao meu alcance para combater o assédio e a gestão pelo medo. O ambiente de trabalho precisa ser agradável, com respeito e diálogo”, afirmou. Para Rachel Weber, diretora de Políticas Sociais da Fenae, a coragem das bancárias da Caixa ao romperem o silêncio e apresentarem as denúncias incentivou outras mulheres a não se calarem mais. “As denúncias retiram daquela velha e nauseante zona de conforto o comportamento machista e misógino da opressão e da agressão”, avalia a dirigente.

NaanálisedeRachel,éurgentequeasnovasgestõesimplementem políticas eficazes em proteção e defesa dos direitos das mulheres “Vítimas precisam de garantia de estabilidade no emprego e serem afastadas do ambiente de agressão; denúncias precisam ser apuradas com o envolvimento irrestrito de representações sindicais”,pontua

O que fazer diante de um caso de assédio

Casos de assédio no trabalho têm como um dos principais efeitos o silenciamento da vítima, que costuma se calar diante do abuso por medo de represálias. Segundo levantamento de 2020 feito pelo LinkedIn com a consultoria Think Eva*, apenas 5% das vítimas recorrem à área de RH das empresas. Entre as principais causas citadas para não levarem a denúncia adiante estão impunidade dos agressores (78%), descaso (64%), receio de exposição (64%) e medo de demissão (60%).

Não podemos naturalizar a prática do assédio, julgar ou culpar vítimas. Não podemos proteger abusadores. É preciso falar. O Departamento de Saúde do SindBancários está à disposição das bancárias para amparar as trabalhadoras que estejam em busca de orientação, por meio do whatsapp (51) 9576-4184.

*https://thinkeva com br/estudos/o-ciclo-do-assedio-sexual-no-ambiente-de-trabalho/

Basta à violência doméstica e ao assédio sexual!

Para acolher e prestar atendimento às bancárias e financiárias em situação de violência doméstica e assédio sexual, o SindBancários, em parceria com a Contraf CUT, criou o Canal Basta! Não irão nos calar!. Conforme a diretora Priscila Aguirres, os direcionamentos dados pelo setor jurídico são feitos por profissionais especializadas no tema. “Com uma equipe 100% feminina, o Basta! presta atendimento jurídico humanizado e sigiloso, além de realizar o acolhimento das mulheres por meio do Departamento de Saúde do Sindicato”.

tendimento sigiloso e com equipe 100% feminina, treinada para garantir a privacidade da mulher.

(51) 97401 0902

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@cinebancarios

CINEMA

Filmes dirigidos por diretoras brasileiras em cartaz na semana do Dia da Mulher no CineBancários

Em homenagem à vida e à luta das mulheres, que ganha especial destaque no mês de março, o CineBancários exibe três filmes dirigidos por cineastas mulheres.

MATO SECO EM CHAMAS - 14h20

Direção: Adirley Queirós e Joana Pimenta

Brasil/ Drama/ 153min

14 ANOS

Sinopse: Léa conta a história das Gasolineiras de Kebradas, tal como ecoa pelas paredes da Colméia, a Prisão Feminina de Brasília, Distrito Federal, Brasil

QUANDO FALTA O AR - 17h

Direção: Ana Petta e Helena Petta

Brasil/ Documentário / 2022 / 81min

10 ANOS

Sinopse: O filme registra o trabalho realizado por profissionais do SUS em uma das maiores crises sanitárias da história Quando Falta o Ar traz a interseção da saúde com a religiosidade, a desigualdade social e o racismo estrutural presentes no país O documentário aborda a pandemia com foco nos diferentes tempos e dimensões envolvidas no cuidado em saúde, revelando a face humana da luta coletiva contra a COVID 19

A PORTA AO LADO - 19h

Direção: Júlia Rezende

Brasil/ 2022/ Drama/ 1h53min

16 ANOS

Sinopse: Rafa (Dan Ferreira) e Mari (Letícia Colin) vivem um relacionamento tranquilo e estável, dentro dos moldes mais tradicionais Juntos há mais de cinco anos, os dois se acostumaram com a rotina e a monotonia da vida de casados Mas quando Fred (Túlia Starling) e Isis (Bárbara Paz), um casal que vive um relacionamento aberto, se muda para o apartamento ao lado, Mari acaba sendo levada a questionar seu casamento e considerar outras formas de se relacionar O encontro entre os dois casais provoca desejos, dúvidas e inseguranças, transformando completamente a vida dos quatro

Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 12 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 6. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo. Mais informações pelo telefone (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br

SindBancários retoma curso de inglês

O SindBancários retomou o curso de inglês oferecido à categoria na segundafeira, dia 6 de março As aulas ocorrem todas as segundas, das 9h às 10h30min, na sede da entidade (rua General Câmara, 424, Centro Histórico de Poa)

O curso é voltado a bancárias e bancários sindicalizados e tem o custo de R$45 por aula As inscrições podem ser feitas com a diretora da pasta de Aposentados e de Seguridade Social, Natalina Gue, pelo telefone 51 999623146 (WhatsApp)

O curso de inglês faz parte do projeto "Abra sua mente", uma iniciativa do Núcleo de Aposentados, e vai para o quarto ano As aulas ministradas pela professora Andréa Garbinato, graduada em Letras (Inglês) pela Unisinos, são dinâmicas e com foco na conversação

SindBancariosPOA SindBancarios SindBancarios (51) 3030-9400 www.sindbancarios.org.br

EXPEDIENTE ABancária

Jornal do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) - Filiado à CUT e à Fetrafi-RS.

Presidente: Luciano Fetzner Barcellos.

Diretor de Comunicação: Gilnei Nunes (MTB 9286).

Jornalista Responsável: Aline Adolphs (MTB 10236).

Redatoras: Amanda Zulke (MTB 14474), Aline Adolphs (MTB 10236) e Camila Kila (MTB 16064).

Projeto gráfico, diagramação e arte: Fernanda Hartmann. Ilustração: Aline Adolphs.

Fotos: Arquivo, Divulgação

Impressão: Gráfica Relâmpago. Tiragem: 6 mil exemplares. Casa dos Bancários -

Rua General Câmara, 424 | CEP 90010-230 | Porto Alegre | RS | Tel: (51) 3030.9400

Jornal feito 100% por mulheres

4 Porto Alegre, 6 de Março de 2023
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A Bancária - 6 de março de 2023 by Sindicato dos Bancários - Issuu