Caderno de Resumos 2º Colóquio de Estudos Saramaguianos

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A noite. Entre o drama moderno e o ensaio sobre o jornalismo português Marco Aurélio Abrão Conte*

Conquanto a obra narrativa de José Saramago tenha já motivado incontáveis estudos acadêmicos aquém e além das fronteiras do mundo lusófono, incursões suas em domínios estrangeiros à escrita romanesca padecem, ainda hoje, de certo desprestígio por parte da crítica literária. É sabido que um estrato expressivo da crítica saramaguiana relegou, à guisa de exemplos, sua crônica, sua poesia e seu teatro a uma condição secundária, a partir da qual tais gêneros não figuram senão como elementos que orbitam, temática e formalmente, os romances de Saramago, potencializando-os, com o que se acaba por ignorar aspectos fundamentais relacionados à autonomia e à configuração estética desses textos. Tal postura analítica, que busca vislumbrar os indícios do romancista em outras áreas de atuação do escritor, é particularmente sensível nos estudos de seu drama, frequentemente tachado de naturalista, neorrealista ou, até mesmo, anacrônico e estruturalmente conservador por supostamente estar filiado a paradigmas estéticos já há muito superados pelo teatro europeu. Pretende-se, com esta intervenção, situar A noite, peça de estreia do escritor, publicada em 1979, no contínuo do drama moderno e, com isto, revelar de que forma Saramago rompe com noções caras ao teatro mimético, como a ação e o diálogo, configurando, mais propriamente, um fórum político, em que tais categorias são tensionadas a fim de fazer emergir uma lógica menos acional que ensaística, por meio da qual se articulam impressões particulares a respeito do jornalismo oficioso que em Portugal se fazia durante o Estado Novo. Palavras-chave: José Saramago. Literatura. Teatro. Jornalismo.

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