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Ensaio sobre a cegueira: vícios e virtudes

Ensaio sobre a cegueira: vícios e virtudes humanas

Gabriela Silva*

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A obra de José Saramago tornou-se conhecida pelo tratamento especial da linguagem, a construções narrativas e sobretudo a leitura do tempo, da história e do sujeito. Através de suas personagens, Saramago expõe as sombras da sociedade, com ênfase numa crítica voltada para a Igreja e o Estado. Em Ensaio sobre a cegueira, publicado em 1995, romance que compõe o ciclo alegórico da obra saramaguiana, é uma narrativa a respeito da irracionalidade do mundo contemporâneo, representada através de uma cegueira ética, moral e política. As personagens, não nomeadas, identificadas por seus papéis sociais ou funções, são figurações de vícios e virtudes humanas. Assim, ao enunciarmos uma perspectiva da obra de José Saramago, em “Ensaio sobre a cegueira: vícios e virtudes humanas”, procuramos perceber o engendramento dessas personagens, seu movimento na narrativa e como, por meio do seu comportamento, o romancista nos mostra a sua interpretação do mundo.

Palavras-chave: José Saramago. Personagem. Ensaio sobre a cegueira.

* Gabriela Silva é natural de São Paulo, formada em Letras, especialista em Literatura Brasileira (2003), Formação de Leitores (2005), mestre (2009) e doutora (2013) em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica — Rio Grande do Sul (PUCRS). Tem pós-doutorado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa no Centro de Estudos Comparatistas. A pesquisa é sobre as novas identidades de escrita portuguesas. Realizou pós-doutorado na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e Missões, com o tema o

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romance de Almeida Faria. Tem artigos e ensaios publicados em livros e revistas acadêmicas a respeito de Literatura Portuguesa. Atualmente é professora-visitante na Universidade Federal de Lavras — Minas Gerais.

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O legado jornalístico de Saramago: a atuação da FJS por meio da revista cultural Blimunda

Henrique Mendes*

Apresenta-se um panorama dos sentidos expressos nos conteúdos jornalísticos de Blimunda, e busca-se enxergar a revista desde a sua relevância no contexto cultural e político atual, a partir do que ela possibilita de amplificação de temáticas, valores e vozes que reclamem por mudanças sociais no debate público, os quais relacionam-se à atuação intelectual de Saramago e de Pilar, interventores e intelectuais públicos com práticas em diversas frentes e sob um contexto interpelado por estruturas de dominação e resistência, com as quais estiveram em permanente embate e conjunção respectivamente. A atuação dos sujeitos que compõem a Fundação José Saramago (FJS), discursivamente posta em Blimunda, não se trata, então, apenas da tarefa louvável de conservação do legado saramaguiano, mas expressam a vontade desses homens e mulheres em intervir em um contexto de construção de valores e posicionamentos em favor das lutas por igualdade e reconhecimento, com repercussões que visam ao humanismo e à democratização da cultura. Ao mesmo tempo, Blimunda, a mulher que colhia vontades e via o interior das pessoas, vem possibilitando à equipe da FJS também experimentar formatos, gêneros e linguagens do fazer jornalístico cultural no contexto da web que até podem ser inicialmente vistas como práticas pequenas perto do tamanho dos problemas sociais com os quais a humanidade se depara no momento, mas que, ao fundo, podem estar estabelecendo relações com aspirações mais amplas cujas pistas se encontram em lugares onde os campos da comunicação social, da literatura e das políticas culturais se relacionam.

Palavras-chave: Literatura. Jornalismo. José Saramago. Revista Blimunda.