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ABRIR CAMINHOS O meu estágio profissional no CCF

Abrir caminhos...

Raquel Brito - Psicóloga Estagiária

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O MEU ESTÁGIO PROFISSIONAL NO CCF

O meu nome é Raquel Brito, sou mestre em Psicologia Clínica pelo ISPA-IU e encontro-me a realizar o meu estágio profissional de acesso à Ordem dos Psicólogos Portugueses, no Colégio Campo de Flores.

Um dos meus objetivos profissionais, ao nível do estágio em contexto escolar, passaria por desenvolver uma intervenção promocional, preventiva e remediativa, com o objetivo geral de desenvolver as capacidades e competências dos alunos e grupos, promovendo contextos facilitadores da aprendizagem e do desenvolvimento de competências pessoais e sociais.

A literatura remonta-nos para a importância do desenvolvimento de competências sócio-emocionais, correlacionando-se de forma significativa com a saúde psicológica, a aprendizagem, o exercício da cidadania e o sucesso pessoal e profissional. Devido à pandemia a que todos nós fomos sujeitos, verificou-se um acentuar de dificuldades relacionais nos jovens, tais como a capacidade de resolver situações de forma autónoma e adaptada, lidar com as emoções, regular o comportamento, ser resiliente, mostrar empatia e comunicar eficazmente.

Desta forma, ao longo do meu estágio profissional, elaborei um programa sobre competências sócioemocionais destinado às turmas do 6.º ano, com o objetivo de promover os aspetos anteriormente referidos. Este programa dividiu-se em 8 sessões e os temas desenvolvidos nas mesmas foram: Emoções, Tristeza, Raiva, Medo. O objetivo era conhecerem as emoções básicas e identificarem-nas nas suas variadas componentes (sensações corporais, pensamentos e comportamentos); Pensamentos e Comportamentos, procurando conhecerem o impacto que os pensamentos têm nas nossas ações, recorrendo a uma atividade em que teriam que introduzir alternativas mais positivas aos exemplos de pensamentos automáticos negativos, que, muitas vezes, nos surgem; Estilos e Barreiras de Comunicação, no qual aprenderam quais os vários estilos de comunicação existentes e, ainda, realizaram uma atividade que promovia a compreensão das possíveis barreiras à comunicação; Resolução de Problemas, através de uma atividade em que perante uma situação-problema, cada grupo teria que encontrar estratégias para a sua resolução e, por último, Cooperação, com uma atividade mais dinâmica para promoção da capacidade de envolvimento entre pares aquando de um objetivo comum. As dinâmicas relacionadas com estes temas procuraram ser com recurso a metodologias de aprendizagem ativas, realizadas em grupos com os alunos a envolverem-se e a solucionarem diretamente as atividades e tarefas propostas.

Para além do programa atrás referido, realizei uma intervenção com um grupo específico de crianças do Pré-Escolar (5 anos). Nesta idade, as crianças apresentam diferentes níveis de desenvolvimento global e, deste modo, favorecer alguma estimulação direcionada ao nível social, emocional e cognitivo, facilitará a entrada no percurso escolar, desconstruindo possíveis dificuldades até aqui apresentadas. O objetivo do

programa seria trabalhar e estimular competências pré-académicas, emocionais e psicomotoras, essenciais para a aprendizagem. Numa componente cognitiva, procurou-se estimular a memória de trabalho, aumentar a atenção nas tarefas, com recurso ao jogo da memória ou a atividades de diferenças e semelhanças e, também, promover o raciocínio lógico-matemático, com realização de jogos que estimulam o conceito de número e quantidade.

Ao nível sócio-emocional, pretendeu-se aumentar a capacidade de persistência nas tarefas, aumentar a resistência à frustração face ao erro ou à dificuldade, promover interesse e motivação pelo currículo escolar. Na componente motora, desenvolver a noção e o controlo do próprio corpo (e.g: num percurso pré-definido, colocar a mão esquerda, direita ou ambas ou o pé esquerdo, direito ou ambos consoante o que é apresentado), potencializar a motricidade global, através de atividades que promovam o equilíbrio (e.g: percorrer uma linha reta ou zig-zag) e aperfeiçoar a motricidade fina, ou seja, a forma como são usados os dedos, as mãos e os braços de forma coordenada para realizar uma atividade, determinando a capacidade em utilizar a caneta ou a tesoura com eficiência. Para isso, as crianças realizaram atividades de colorir figuras, como também contornar linhas e formas. Enfatizando que é através do brincar que mais se aprende, as atividades desenvolvidas procuraram ser essencialmente lúdicas.

Por fim, como a transição de ciclo é sempre um acontecimento impactante na vida das crianças e jovens, é importante criar momentos que facilitem a integração e o bem-estar dos alunos. Deste modo, pensou-se abordar as mudanças e as expectativas e preocupações que se fazem acompanhar das mesmas, numa sessão com as turmas do 4.º ano. No início da sessão, os alunos elaboraram um desenho que representasse aquilo que sentem em relação ao 5.º ano e, posteriormente, foram convidados a partilhar os seus desenhos. Sentimentos como o receio/nervosismo, pelo facto de existirem muitas disciplinas e novos professores, confiança e alegria, por transitarem de ano e conhecerem novos colegas e tristeza, por se separarem da turma habitual e dos professores titulares, estiveram presentes nas partilhas de todas as turmas. De seguida, procurou-se informar os alunos sobre as mudanças e gerir as expectativas relativamente às mesmas: mais disciplinas, maior quantidade de professores, separação da turma e, ainda, a normalização de possíveis sentimentos de nervosismo que possam estar presentes nesta fase.

Todo este processo vai ao encontro da minha maior motivação como psicóloga, poder contribuir para o desenvolvimento saudável e integral das crianças e jovens de hoje, para que sejam adultos sãos amanhã. Com isto, quero agradecer ao Colégio Campo de Flores e, especialmente, ao Departamento de Psicologia e Orientação Escolar (DPOE), por me darem oportunidade de me desenvolver a nível pessoal e profissional. Acredito que serei melhor psicóloga graças a esta experiência!

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