Jornal de Negócios - 01 de Novembro de 2018 - Edição 295

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8 | JORNAL DE NEGÓCIOS

Depois dos 60 também

Eles já são quase 120 mil Microempreendedores Individuais (MEIs) no Estado

Vicente e Eliane Guimarães vendem sua produção de molhos e geleias em feiras veganas

F

oi-se o tempo que aposentadoria significava inatividade. Seja pela necessidade de complementar de renda ou a vontade de atuar com algo prazeroso e oportuno, pessoas com mais de 60 anos escolheram o caminho do empreendedorismo. Só no Estado de São Paulo são quase 120 mil Microempreendedores Individuais (MEIs) com 61 anos ou mais. Eles representam 6,1% dos mais de 1,9 milhão de MEIs. No ano passado, essa participação era de 5,7%. Há três anos era de 4,3%. De acordo com o consultor do Sebrae-SP Ruy Barros, os empreendedores mais velhos, até por terem mais experiência, não se arriscam tanto e procuram identificar uma oportunidade de negócio promissor

e também ligado a uma área que eles gostam. “Apesar de estarem ansiosos pelos resultados rápidos, eles assimilam as orientações e fazem a lição de casa e o plano de negócios. Eles planejam mais”, destaca. Pesquisa do Sebrae-SP sobre empreendedorismo na terceira idade mostra que a principal motivação para abrir o negócio de 36% dos entrevistados foi ter uma fonte de renda ou complementar a renda familiar. Foi o caso do casal que mora em São Paulo, Vicente e Eliane Guimarães, de 64 e 66 anos, respectivamente. A situação apertou e os ganhos como vendedor de Vicente não estavam fechando as contas. Foi então que surgiu a ideia de comercializar molhos de pimenta, geleias, pastas

e conservas. A receita do molho é de Vicente e as outras criações e adaptações são da Eliane, que chegou a trabalhar como professora de informática e antes de empreender era dona de casa. “Hoje sou uma dona de casa tentando ser uma empreendedora”, diz. A rotina de cuidar da casa e da produção da Vi Pimenteiro é puxada. Comprar os vidros, esterilizar, produzir artesanalmente, etiquetar e vender em eventos. “Minha maior recompensa é essa: ficar feliz. É loucura, tem horas que fico extremamente cansada, mas é compensador. Você se sente útil, se sente capaz. Saímos felizes dos eventos, é muita energia boa. O mais gostoso de tudo não é só vender. É quando a pessoa chega para degustar e

elogia. Não tem dinheiro no mundo que pague”, conta Eliane. As vendas começaram em um bazar no condomínio de uma amiga há um ano. Desde então, não pararam mais. Entre tropeços e acertos, o casal encontrou seu público-alvo: os produtos são vendidos em feiras veganas e vegetarianas. “Nós participávamos de tudo quanto é feira e eventos e aprendemos que não é bem assim. Fiz cursos do Sebrae pela internet, participei de várias oficinas e do projeto de alimentação fora do lar. Aprendi muita coisa. Não consegui colocar tudo em prática ainda. Mas uma das coisas mais importantes que aprendi é que você precisa descobrir quem é o seu público-alvo. Hoje eu sei qual é e é nele que focamos. Na verdade, não


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