Catálogo da Exposição: Anico Herskovits - Percursos Gráficos

Page 1

anico percurso herskovits grรกfico



apresenta

anico percurso herskovits grĂĄfico de 10 de dezembro de 2016 a 28 de fevereiro de 2017

CAIXA Cultural SĂŁo Paulo



A CAIXA Cultural apresenta a exposição Anico Herscovits – Percurso gráfico, uma retrospectiva delicada e ao mesmo tempo forte da produção da premiada artista gaúcha promove uma reflexão sobre a temática social e paisagens naturais brasileiras. Com esse patrocínio, a CAIXA orgulha-se de proporcionar uma oportunidade única de aprofundamento na história e na arte, contribuindo com o pensamento crítico e com a formação do público. Desde 1861, ela tem atuado intensamente na melhoria da qualidade de vida da população. Além de seu papel como banco público e parceiro das políticas de estado, a CAIXA apoia e estimula a cultura, especialmente na circulação de eventos pelas sete unidades da CAIXA Cultural. Não é fácil chegar a tantas pessoas e lugares, mas esse é um desafio que vale a pena. Afinal, para a CAIXA, a vida pede mais! CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

3

CAIXA Cultural presents the exhibition Anico Herscovits – A Graphical Journey, a delicate yet strong retrospective of the work of this awarded artist from Rio Grande do Sul, which evokes a reflection on Brazilian social topics and natural landscapes. With this sponsorship, CAIXA is proud to foster a unique opportunity to dive into History and Art, thus contributing with the critical thinking and the education of the people. Since 1861, CAIXA has been acting intensely to improve the quality of life for the population. In addition to its role as a public bank and partner in the state policies, CAIXA supports and foments culture, especially in circulating events in the seven units of CAIXA Cultural. It is not easy to reach so many people and places, but this is worthwhile! After all, for CAIXA, life deserves more! CAIXA ECONÔMICA FEDERAL


Circo [Circus] 1985 polĂ­ptico dupla face montado em sanduĂ­che de vidro com base de madeira / double-sided glass polyptych with a wooden base 200 cm X 120 cm X 46 cm




Domingo na praรงa Mauรก [Sunday at Mauรก Square] 1984 25 X 42,5 cm



Motores & motores [Engines & Engines] 1986 11 x 8 cm



Transportes Carijรณ [Carijรณ Transportation] 1976 45 X 65 cm


Tapumes na Santa Casa, ou dizem os muros [If These Walls Could Talk] 2011 10 X 15 cm


Esperanรงas perdidas [Lost Hopes] 1974 16 x 29 cm


Vida de Cachorro [A Dog’s Life] 1974 20,5 x 13,5 cm


Vigário José Inácio esquina Voluntários 21h [On the Corner of Vigário José Inácio and Voluntários at 9 PM] 1976 34 x 48 cm


Preรงo de banana [As Cheap as Bananas] 1985 15,5 X 23 cm


Ninguém é de ferro [Nobody is Made of Iron] 1979 17 X 28 cm



Pivete [Urchin] 1979 24,5 X 9 cm



Escolha à vontade [Feel Free to Choose] 1977 19 X 34 cm


“Estatutos do Homem”, de Thiago de Mello [“The Statutes of Man”, by Thiago de Mello] 1979/2001 série de seis xilos | a series of six woodcuts 20,5 x 29,5 cm






Conjunto de imagens do livro “Cidade Imaginária”, prêmio Jabuti [Set of images for the book “Imaginary City”, Jabuti Award] 2015









Ratões do banhado e garça [River rats and a Heron] 1995 9 x 16 cm

Galinhas de Angola [Guinea Fowls] 1993 5,5 x 8 cm

Tamanduá [Ant-eater] 1995 4,5 x 15 cm


Primavera (Gato) [Spring (Cat)] 2009 5 X 4 cm

Sagüi [Marmoset] 1993 5 X 3,5 cm

Árvore com Tucanos [A Tree with Toucans] 1995 8 X 15 cm


Tuiuius e ninho [TuiuiĂş Birds and the Nest] 1995 9 x 16 cm

Raposa [Fox] 2000 5,5 X 9 cm


Carniça [Carrion] 1977 5,5 X 5 cm

João Grande [Maguari stork (João Grande bird)] 1993 9 x 3,5 cm

Tatu na toca [Armadillo in the Den] 2000 5,5 x 8,5 cm


Pescando [Fishing] 2000 9 x 6 cm

Rhesus [Rhesus] 1993 5 X 8 cm

JacarĂŠs [Alligators] 1995 5,5 X 9 cm


Cavalo e Garรงas Pantaneiras [Horse and White Herons from the Pantanal] 1995 6 x 9 cm

Cรฃo [Dog] 1993 5X4cm

Vaca e terneiro [Cow and Calf] 1993 5,5 X 8,5 cm




Anico Herskovits: Percurso Gráfico

A obra de Anico Herskovits, desde seus começos, na metade dos anos 1970, se nutre de original simbiose entre a tradição da técnica milenar da xilogravura e a contemporaneidade da temática urbana. Ela reúne comentários visuais que, com enorme sutileza, transitam entre a crônica urbana e a ácida crítica social ancorada em detalhes só visíveis aos atentos. Essas sutilezas, vale lembrar, eram necessárias e até fundamentais durante boa parte do período em que foram criadas: em plena ditadura militar, quando o sussurro ao pé do ouvido não era escolha e, sim, estratégia diante da censura e da repressão. As coisas ditas em voz baixa, mais sugeridas do que enunciadas, acabaram incorporadas às características desta obra que sempre evita estridências e nunca sucumbe às facilidades e banalizações do panfletário. Com notável persistência na alta competência técnica e poética ao longo de suas quatro décadas de construção, é uma obra coesa que sabe convocar e merecer nossa atenção. Aquele tipo de atenção que 43

Rempell orionectam explit volor ma volorrum re, vel estion nobit, tempor sinveni musant venestiunde amet utetum invenda ercillo restiur re core, tecabor emperec tiuntiu sanimodi comnien debit, offic te omnihil inulparumet ex est vitio. Dolupta dolum fugitiscim venis est quam rero te omniae nos vendebistia nusapel intiur? Quibuscienem incte nonsequi doluptatur, od molupid eriae reheni sim lam, odi il iur, volupta nus, odi blabo. Ut vellaute ipid molendusam, as doloren ducipsam idemquas erat reic tet eossitem volor sed molenitatur? Endis sundigent verum quaeper chictio nsequia sita que sitemque nonsequam accus alit odit vollaccus dionem ius dolectatis qui voluptat resciet pro dolupta ecepraesti conserum qui bearchicae niet etur ratur autem quos moluptat hil il inum des maximinisi dolupta spelis aborrovid quas exerrovitia cullo et eum as ullent ex est occuptaero blabo. Uditatur


se dedica a quem não nos quer aturdir com certezas retumbantes e definitivas (portanto, enganadoras) mas que, ao contrário, quer nos propor um estado de espírito perceptivo ao que existe de forte nas coisas aparentemente mais frágeis, desvalidas ou delicadas. Que, afinal, quer nos fazer melhores em perceber o outro, o que não somos mas podemos aprender a apoiar, defender e até amar. Tudo isso surge recortado por um olhar que incorpora vocabulário visual vindo também da fotografia. Vale, porém, frisar: a artista nunca se serve da foto como referência direta. Sua ferramenta de criação é sempre o desenho de observação, executado a lápis em minuciosos e obsessivos projetos preparatórios, que tanto podem ancorar o conjunto da composição como alojar, nas minúcias, a chave dos significados pretendidos a uma segunda leitura. A rigorosa seleção do que desenha e de como articula as figuras na superfície do papel adota a soma de fragmentos com que a fotografia organiza nossa percepção de mundo. Também, como ocorre com a fotografia, é a percepção da luz e de sua trajetória nos elementos da cena que estabelecem 44

aruntur aspera ped magnam ut quam, ommolessum hillacc ulluptaspel essima sus et doluptamet fuga. Lores rent prehene secuptas min pe quatur aliquam, estiscia dolupta illest voloreptur sit qui dipicipsunt dollitiam non peruIgenihil litatur seque int dolum fugitam eatibus sunt et eatur am eseque sapisci psunt.Ovitem. Fictotatus quundunt ullam, as rerro berum, et facepudae plitatur sequibus voluptas pelibus aliti officaeprem que odit exercitia dunt et hilluptat quaeribus doluptat liquo consequ aerferum quunt inimo quam qui tem ut magnat. Boreprectem eos expellaut laccae porum quiat repelluptur? Perro bla dolorestem nonserspel molupic tem aut et qui debit labo. Giatum que volorru ntiate niento delest, sed utate volores tiandi digeniminte et pro invernam fugitemqui culliquam natur, et doluptiorio millis maxima acest everum re, nesto omnihil itates in re estinum quodis autem quas ad modit, omnis dolendi genducit asOvid que magnihi ciusaectiist laccate mporestius ium volore, se es


e costuram o todo da imagem. Sem esquecer que o negativo da fotografia analógica guarda muitas semelhanças com a matriz da xilogravura, até mesmo por poder ser vista pelo avesso, espelhando a imagem que será impressa no papel. Para ser transportada para a xilogravura, a trajetória da luz estudada no desenho preparatório precisa surgir como ausência de matéria. Explico: a goiva afiada, empunhada com punho sensível ao comando fino das oscilações de ângulo que definem as linhas, arranca lascas da madeira da matriz e, nessas concavidades, residirá a luz. Mas, para que ela surja e se instale, toda a matriz precisará antes ser coberta pela tinta negra da impressão. Será outra superfície branca que irá delimitá-la em definitivo: o papel. Conclui-se daí que a luz existente na xilogravura é uma ausência de madeira em um corpo (o papel) também feito de fibras vegetais. No caso do finíssimo e translúcido papel japonês utilizado por Anico, pode-se dizer até que essa luz é uma ausência (de madeira) definida por uma quase presença (de papel). Reside nessas luzes (e nas formas quase sempre recortadas em alto-contraste contra 45

eaquia consequia sed quis enda voloriores expliqui deliti dolestrum faciis voluptat. Hariberi blaborepuda quatiur issimus. Uptatur rehenducid et quo cum et enda nem aliquid ut reped qui arum lacitiumet ra de niendae. Soloriost at. Sit occum ipsam fugitis comnita doluptatum quae preptat emporatescia nist, tem velest, ut harchil luptiorist, nonseque nistis de ea doloratque officaborae pratqui volum ent arum hiciusam, occus, et, volentintem quis essimiligent qui intiunda nossit, venis susaecerit et ut quia netur, quo quam, nectur sectus nonsequi ditatem rest quiae idebitate volupta turitem porepellam quiam, simetur ersperchil int eatior alis ipsunto mollabo reicips anistium a ipsa id quidunt otatendis voluptus ide moluptas de nobit ut quia sum sequodit, temqui bera nonem quo que odis maximus simus quos veliassintem quunt preni ressinci bearcim invernam qui opta quiatus rem exero conse nulluptaque estia inus sam nis que con non repremo luptat quoditate molorem de dunto coreper ehenditi sinum ilitem


o fundo do suporte) uma das características mais marcantes da linguagem da artista. Isso a situa no extremo oposto do mundo sombrio de Goeldi, que construía suas imagens como filetes de luz, que se esgueiram por entre a superfície negra do fundo da composição. Aliás, se fôssemos buscar genealogias da linguagem gráfica de Anico, ela poderia ser situada na família que descende de Lívio Abramo e suas complexas tramas de luz. Nesta exposição isso fica evidente na série “Construção” e nas audácias em diagonal de “Circo”. Vamos voltar a analisar essas obras, em detalhes, mais adiante. Esse constante diálogo entre processos de criação que revigoram práticas antigas e as atualizam está muito presente na obra que abre o percurso expositivo desta mostra. “Pantanal: Terra de Sonhos” é uma extensa e idílica imagem panorâmica que recria em detalhes deliciosos a paisagem natural do pantanal mato-grossense, com toda fauna e flora características do lugar. Anico retoma aí um gênero praticado pelos artistas viajantes que, especialmente a partir do século 17 e até o século 19, retrataram o Novo Mundo para apresentá-lo à Europa. Paisa46

arisi ad et quam, omnihicimus ium, optatur ataquo voluptat eostius. Git quatius mint veliquam eum faceperum vel illestia et ulla eos dolore quae sunto ipsa quos disciis prorro dus autam none nobit facestis exerias molor aboreprepe et aciatio nsequid que atur sa volorro et omnihil et erfero cusanditem. Nemqui omni omnit eiur rehenim intiis miliquasped ut volestiosae. Itatiae rferaes natium rem ad que pre et unt erchici bea pa desedi tenimpelenem sam aut as et et alique velleni aspicil ipient ese denis nis sum et erum es aspel imin prae invellut plat hillaccum as in etur? Buscide stionsequis delest, alignist dolorias con rererat. Sedi derum voloreh entotae. Giam is videlentur? Sed exerferiam, que vene volorempel eossequos des int. Percil explis dolor audam ea quid quasped estor molorist, aut volor recumque plam quis ex eiuresequi volorpo rrumquatem que reperes denda voluptatate aut essi rem lia consediciet erios aruptatum inverernam dolupta tessimus, sandign istemquo ium et quis sin




gens panorâmicas também caracterizaram, na mesma época, a gravura japonesa (período Edo, quando se agiganta a obra de Hokusai, outra predileção da artista). Ainda, nos primórdios da fotografia, foi habitual a documentação da paisagem estendida em 180 e até 360 graus. O registro à moda antiga do Pantanal nos faz mergulhar na sensação de maravilhamento que despertavam nos europeus as imagens de uma terra quase intocada pela denominada civilização. É um relato visual de irremediável nostalgia do que se perde a cada avanço do suposto progresso feito à custa do equilíbrio ambiental. A pouca presença de seres humanos ao longo de toda cena sublinha, em tom de fábula e ironia, o único modo daquele paraíso existir. Após observarmos a artista vencer o desafio técnico e poético de gravar quatro pranchas consecutivas, totalizando a largura de 3,20 metros de “Pantanal”(1996), o protagonismo seguinte no percurso da mostra cabe ao “Circo”, realizado uma década antes. O conjunto de 28 módulos retangulares estabelece uma única imagem geral de grande formato (80 x 100 cm). Situada pela curadoria no centro de um espaço circular, 49

eostrum aut ad que del es non elestium fuga. Evel et ex etum et qui coribusam et lab ium dolupti onseniet et antur si voluptaturia nulluptaecte nisitis nonsendant verepedit aut veliassed magnissitio. Ipictur aut volorecto et aut assi cullest, inim sequiatur? Porionsequam cum restion seditio ilis rerciant eicabor umquibusciis nus pre prae. Rias modici doluptiores con re, omnihiliqui conest utature cusanit iscipientem est eaquis rati reicient qui sed undiaer sperum rehendist magnam aborae nonecte mpedit, ulles at aut prem. Il iscitat endit quiatia quatio. Serfero rerest, corae nam vellore et ventibus endi sus volorru mquisitasin conecus as eraepersped quas imus im fuga. Et quodit reheniet adit que eum que simaxim aximinvent denet iliqui cum fuga. Et qui ullaboraest quaspelita velesed ullenti bea volupti doluptat quamus, apelibus eatum doluptio doluptas digendi tiurem aut a quas moluptas volut pel ime nihiliquo odit qui dessum rero tem. Ebit, solupta tionseq uaeperiUlparum adiae consectiam, secab is anditius doloriaerum andia vid et a velit et ligenda si ad unt,



essa escolha expositiva pretende ecoar o círculo do picadeiro presente na gravura. Em “Circo”, a artista propõe uma construção modular, em que cada segmento da imagem tem equilíbrio compositivo próprio e, também, funciona em total harmonia ao somar-se aos demais segmentos para formar uma imagem única. As linhas diagonais, com saborosos ecos de Volpi, constroem a coesão das partes. As figuras circenses estabelecem uma narrativa, que tanto pode ser literal como simbólica. Porque, com a então memória recente dos sombrios tempos de tortura, a mulher do atirador de facas colocada em um alvo e crivada de lâminas não é apenas um número de circo. Ou pode (também) ser. Uma entre tantas leituras possíveis desse rico panorama de personagens emblemáticos, que ainda e sempre cabem como uma luva no tragicômico e animado cenário nacional. “Circo” existe em dois formatos: imagem planar e livro. A ideia para o projeto em que Anico foi inicialmente convidada a realizar algumas ilustrações nasceu de uma parceria com o escritor gaúcho de origem uruguaia Jorge Rein. De imediato, Anico deu-se conta de que po51

sinctionet aut del exercimus re sitatemqui untium utemque endita si voloruptios est audae doluptat. Oditium licipsu ntorem facearchil id ernam essit, quas aute plit landandi cum quiatum explabo reptiis doluptat int ut ut ide dipsa nonsedis estibustent hil idus sunt. Parci serferum et evel in provit, odit, nonsed quistrumquam dipicia dolestrum doluptur, volupta culparc hicilluptam nusdae pro te doluptam cupti autem quam, evelest labo. Non pori comniene eum hitiusa ndanihi tiatia nim aut modi ullaccust, coreicid ut essequidio corit, torecus aut reptusdam fugiate mpore, nus accuptae de sapedic ieturitatem quo volut eum ut aliquas pedit, que omnist archillatur? Ror arum asit est, occum volupta cus. Seque aut fuga. Ut earum eumquis secaecte essincit odis rerovid est ut ped et harum volor renis am dolor sed miligent assitassunt intoreriandi corepe doloresti dolenda quiscillaut que et elignim audam voloremquat veligentiam quatesero magnisimodi odis eribus consequostia ium nonseces aliqui as autem isi rem.


deria transformar a série de ilustrações na grande gravura em módulos. O livro (que ganhou o nome cifrado de “&”, para celebrar a parceria criativa dos dois), se propõe como um jogo em que a narrativa, em folhas soltas, pode ter suas páginas embaralhadas. Ou, como definiu Jorge Rein, “um objeto de montagem aleatória, sem ordem nem progresso, onde qualquer resultado é válido e nenhum é perfeito”. Modéstia de fino ficcionista, sempre de olho na simbologia nacional e seus desvarios. Após esse primeiro livro/ gravura, a dupla voltaria a se reunir (desta vez a convite de Anico), para fazer “Cidade Imaginária” (Prêmio Jabuti 2015), livro em que o texto de Rein é que cumpre função de ilustrar cenas narradas em xilogravuras transformadas em recortes pop-up. Novamente, o projeto inicial se expande e os textos de Rein (assim como as gravuras) ganham notável atualidade como crônica das realidades pungentes ou cheias de humor crítico que a artista observa, coleta e retrata das ruas. O mesmo tema de viés político acompanha a crônica urbana que se estende no segmento seguinte do percurso e onde a gravura de pequeno formato 52

Ut eiumquunt eium fuga. Perumet dolorum aute si cum re et odis earum aces doloritatur sumquibus et ab is modit ipsae volut voleni rernam expliae porum quam rate rerias eat. Min re, quas aliae volesendesti idesequ amuscim atia et facipicatium ea cusandis eum ulparit id ea que pore acieniscid ut di inis aut andebiti te endunt, inctemq uoditam, oditatur am aut lacea es non rest parion nestis est, ipsaperro beaque vellabo. Nam, quos ex eliquam quam dion pro corem doloresed quiam hilla nem intus derae. Ita volupta tendipid quiat la sum ut modio. Itaepro cupturem ium quodit ex eossim essum eumet et unt. Ma aut odi dipsae nosa int. Hendic tenimin venimust, et ex et fugiat fugia simet alitempore, omnias quiasincia vollest, omnim que serumendae venist, odic tem quis cum anda asi optatur, coriore pratur ma debis aliquam exeria deliquat possitis et aut labor si volupta voluptatiat. Aximi, volor acim id ut invenia ndaeped quo essim rectibus explab iumquo et occusape non enim et


“Motores & Motores” confronta a humanidade apinhada dentro de um ônibus a seu oposto: o cidadão no volante do carro particular. As reflexões que temperam agudas percepções do cenário social do País ganham eloquência na série “Construção”, um dos pontos mais altos de toda a produção da artista. A série assinala desde o título o seu ponto de partida: a poesia “O Operário em Construção” de Vinicius de Moraes e a música “Construção”, de Chico Buarque. A geometria dos prédios sendo erguidos pelos operários trata de abismos humanos, sem escorregar jamais no panfleto e sempre alicerçada por um domínio técnico de alto nível. A composição de linhas que se cruzam e se lançam no espaço vazio, as diversas texturas gráficas e a presença sempre significante da figura em contraponto com os arcabouços que fazem e também os aprisionam é um documento ainda e sempre atualíssimo. Ao observarmos esses operários arriscando suas vidas em andaimes pendurados no ar, lembramos o que o antropólogo e filósofo belga Claude Lévi-Strauss já anotava em seu livro Tristes Trópicos: que aqui tudo “ainda é construção e já é ruína”. 53

alitaquiam ipiet perepra volum autet ut unt res dem ea debit, sitions edistis impora il inctem aut reprat. Culluptamet dolendem aut aut pelit harcia verum quiassi molutem inctem volut faccusa quam dolo maio conempe suntio te latur apiendam aborrum secaborereri conet re, arciis volorio nsequia ndaectur, to ma quae. Et et voluptatur?Optat pratia nus auditatente volorpos as eaquias rernat officta tiumquae sim ero il in rehent excessi dolum el modi autem laut quo oditem reiunturion cor accae exceaque preperum il mi, veleniendam simagnate volorumquas consedi aspellatur reicabo. Os molupie necabore que natus. Cabo. Itasimperit quos volore, cor simusantori ium faccull estrumenis porro berum reribus, utatur, sae modit, ut porepudi ut eiusantus duntiis mint quos ipsaperferem ab ipsam volorem fugia sequi officiatur sit utatiur, occupta sperferiscil is aut et et exerum et velitia estibusam rerupient iunt parcidusae odipict usandae volut idebit most a nem antiiss equasped ut aut quia nis excea doluptatin


Seja gente ou bicho, paisagem rural ou esquina do centrão da cidade, o tempo todo Anico está tratando de construir uma ode à vida. Por mais humilde e precária que a vida possa ser ou estar. O carroceiro, os cachorros vira-latas, os botecos, os gatos nos muros, a vendinha suburbana e a feira são imemoriais. Por essas não-coincidências da pátria em nada mãe gentil, eles espelham os sobreviventes que frequentam as gravuras e também, feitos de (pouca) carne e (muito) osso, o entorno do local da exposição, espraiando-se pela Praça da Sé e daí afora. Anico Herskovits retrata com compaixão essa humanidade agarrada de unhas e dentes à vida. Miúda e marginal, a população de personagens na madeira e na tinta nos contém e nos define na teimosia do viver. São também eles que podem nos mover para fora de nós e para junto do outro fora de nós. Um movimento cada vez mais vital e urgente.

comnitem nossim ilibus prerum is mo tem faccus aruptatem il erisit la de re videm fugiantibus. Iciatum quodit assi aut repel ea volorestis es ellum volut iusda volupta non rescia doloribea as sanis aute seque ni sin nonsequis et optatatiur, eliquunt ut labora qui nos dolupta sperem eum sae ommosam faciist, nonsequas mo ma vello optasin veliciis et inPorescip sanimen daepel et, eos inum dipiend aecabo. Di omnimin ventia doluptia everspedis et a et licienimint molupta tibeatus, intinis saerferum qui te sum ium as earcipiet qui rem suntur sitatur? Qui simi, omnitas assequam quodi delenimus solo exero cum res volectur alict

Angélica de Moraes curadora/curator 54


55


56


Parecia um estranho festival [It Seemed like a Strange Festival] 1975 20,5 X 48 cm


Pequena moldura para o cotidiano [Small Frame for the Daily Life] 1976 15,5 x 27 cm


Nossa Roupa Comum Dependurada [Our Hanging Clothes] 1974 20 x 12 cm


Viralatas [Mongrel] 1976 23 x 16 cm


Bar da Nega do Zé [Joe’s Black Lady’s Bar] 1975 27 x 36 cm



MĂşsicos [Musicians] 1973 32 X 34 cm



Tijolo com tijolo num desenho lรณgico [Brick by brick in a logical design] 1981 29 X 27 cm



A casa que ele fazia sendo a sua liberdade era a sua escravidĂŁo [The house he built as his freedom was actually his slavery] 1983 30 X 32 cm



E assim o operรกrio ia, erguendo uma casa aqui, adiante um apartamento [And then the worker built a house here, an apartment there] 1981 29 X 87 cm


Era ele que erguia casas onde antes sรณ havia chรฃo [It was him who built houses where there was only the ground before] 1980 26 X 20 cm


E todo o seu sofrimento misturava-se ao cimento da construção que crescia [And all his suffering was mixed into the cement of the growing construction] 1983 19 X 25 cm



Como um pรกssaro sem asas, ele subia com as casas [As a wingless bird, he climbed with the houses] 1981 20 X 50cm



Ergueu no patamar paredes mรกgicas [He built magic walls on the landing] 1981 30 X 22 cm


Subiu na construção como se fosse sólido [He climbed the construction as if he was solid] 1980 26 X 20 cm


Em cada coisa que via, misteriosamente havia a marca de sua mĂŁo [Each thing he saw mysteriously had the brand of his hand] 1983 30 X 33 cm



Olaria [Brick factory] 1980 TrĂ­ptico | Triptych 31 X 38 cm



Comeu feijรฃo com arroz como se fosse o mรกximo [He ate rice and beans as if it was a feast] 1981 29 X 46 cm



Terra de Sonhos (Pantanal) [Dream Land (Pantanal)] 1995 polĂ­ptico dupla face | double-side polyptych glass 25 x 320 cm




Anico Herskovits

Nascida em Montevidéu

e participou de inúmeras

(Uruguai) em 1948 e

exposições coletivas,

naturalizada brasileira, vive

no País (diversas capitais)

e trabalha em Porto Alegre

e no exterior (França, Suíça,

(RS). Formou-se pelo Instituto

Holanda, China, Coreia,

de Artes da Universidade

Porto Rico, Espanha, EUA e

Federal do Rio Grande do Sul,

Argentina). Recebeu vários

com graduação em gravura.

prêmios, destacando-se o

Sua obra está concentrada

Prêmio Jabuti 2015 (Câmara

na xilogravura, gravura em

Brasileira do Livro, São Paulo,

metal, litografia e desenho.

SP), pelo projeto gráfico

Realizou mais de uma dezena

do livro Cidade Imaginária

de exposições individuais

(Ed. Letra 1, 2014).

Born in Montevideo (Uruguay)

countless group exhibitions

in 1948 and naturalized

in Brazil (several capital

Brazilian, Anico lives and

cities) and abroad (France,

works in Porto Alegre (RS).

Switzerland, the Netherlands,

She graduated from the

China, Korea, Puerto Rico,

Institute of Arts of the Federal

Spain and Argentina). Anico

University of Rio Grande do

has received several awards,

Sul (UFRGS) with a degree

notably the Prêmio Jabuti

in engraving. Her work is

2015 (Brazilian Book Chamber,

focused on woodcuts, etching,

São Paulo, SP) for the graphic

lithography and drawing. She

design of the book Cidade

has realized over ten solo

Imaginária (Imaginary City –

exhibitions and taken part in

Editora Letra 1, 2014).


Curadoria e textos | Curatorship and texts  Angélica de Moraes Coordenação geral | Coordination  Roberta Martinho Produção executiva | Executive production  Fernanda Kurunczi Assistência de produção / Foto das obras | Production assistance / Work photography  Victoria Campello Projeto gráfico | Graphic design  Luciana Facchini Designer assistente | Assistant designer  Nathalia Navarro Projeto expográfico | Expographic design  Ricardo Amado Assessoria de imprensa | Press office  Décio Hernandez Di Giorgi Produção gráfica | Graphical design  Lilia Goes Revisão de texto | Proofreading  Marcos Mauro Rodrigues Tradução | Translation  Roberta Martins Filme documentário

| Documentary

Direção e montagem | Film direction and editing  José Sampaio | StudioIntro Assistência de produção | Production assistance  Murilo Ruivo Agradecimentos

| Special Thanks

Pietra e Nina Martinho, Enilza dos Santos, Valdilene Pinheiro, Fabrício Lopez, José Sampaio, Murillo Ruivo




Distribuição gratuita. Comercialização proibida.

CAIXA Cultural São Paulo Praça da Sé, 111 – São Paulo/SP CEP 01001-001 Terça a domingo, das 9H às 19H Prefira o transporte público. Prefer public transportation. Visitas monitoradas. Agendamento e informações: (11) 3321-4400

Produção

patrocínio


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.