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ÁRVORE DO CONHECIMENTO

ÁRVORE DO CONHECIMENTO

O processo formativo na prática

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FIABE, STORIE E LINGUAGGI TEATRALI

O processo formativo da nossa escola está pautado em um percurso pedagógico multicultural. Isto implica no alinhamento de alguns conceitos que permeiam nosso currículo e nossas ações.

Infográfico realizado por Vitor Inoue

Cultura Em nossa escola, muitos são os projetos que envolvem um vasto repertório de histórias clássicas e contemporâneas, de gêneros, autores e estilos que contemplam diferentes contextos culturais. Contar histórias para crianças é uma atividade bastante comum. Os interlocutores geralmente são adultos que revestem as histórias com suas marcas pessoais para entreter os pequenos. Porém, neste simples ato, que se repete há muitos e muitos anos, estão embutidos princípios fundamentais para a formação das crianças. As histórias oferecem muito mais do que um universo ficcional e carregam consigo grande bagagem cultural e de valores sociais. Quando entram em contato com as narrativas, sejam elas transmitidas de forma oral ou escrita, as crianças são estimuladas a vagar pelo imaginário, pelo subjetivo, o que contribui para seu desenvolvimento intelectual e afetivo já que, nesse sentido, elas são auxiliadas a reconhecer, mesmo de forma inconsciente, alguns de seus problemas e encontrar perspectivas de soluções, mesmo que provisórias. Pedagogia de projetos Um dos projetos desenvolvidos com os alunos da Escola da Infância, intitulado Fiabe, storie e linguaggi teatrali e idealizado pelo atelierista Roberto Nottoli, teve como objetivo manter, mesmo que de forma remota, o contato das crianças com o universo narrativo e oferecer possibilidades de recontar e transformar histórias já conhecidas ou criar outras, a partir de seus desejos e de seu próprio repertório.

Metodologias ativas Em suas aulas com os pequenos o maestro Roberto contou e recontou histórias utilizando técnicas e linguagens variadas: fantoches, teatro de sombras, dramatizações. Dessa forma, ele ofereceu instrumentos para que as crianças pudessem recorrer ao repertório que adquiriram durante as aulas para se tornarem autoras de suas versões. Ao final do projeto, o nosso atelierista fez uso das cartas de Propp 1 : são 31 sequências, em forma de cartas com imagens, que compõem a história. Cada sequência representa uma situação típica no desenrolar da trama de um conto de

fadas, referindo-se em particular aos personagens e seus papéis precisos (por exemplo, o herói ou o antagonista). Gianni Rodari, em seu livro Gramática da Fantasia, também sugere as cartas de Propp como recurso para o trabalho com as narrativas: «Por que usar exatamente as cartas de Propp e não outras cartas fantasiosas, ou um grupo de imagens escolhidas ao acaso, ou uma série de palavras do vocabu lário? Parece-me evidente: cada carta Propp não representa apenas ela mes ma, mas um filão inteiro do mundo fabulístico, um fervilhar de ecos fantásticos, para as crianças familiarizadas com as fábulas, com sua linguagem e seus temas [...] Parece-me assim que as “funções” fabulísticas, de qualquer maneira ajudam as crianças a se co nhecer também. 1 E as funções estão ali prontas para serem usadas; jogá-las fora é um esbanjamento inútil. [...] se quisermos ensinar a pensar, devemos primeiro ensinar a inventar» 2 . Criativ idade Fazendo uso das cartas que confeccionaram durante o projeto e explorando o seu próprio repertório, as crianças puderam assumir o papel de raccontastorie e levar para dentro de casa novas histórias para serem compartilhadas com seus familiares. É fundamental proporcionar aos alunos situações em que se reconheçam como protagonistas criativos de suas aprendizagens, reelaborando e atribuindo novos significados aos seus objetos de conhecimento.

Marcella Olivati

Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil e Ensino Fundamental – Anos iniciais

¹ Cartas de Propp: recurso resultante do estudo de con- tos de fadas realizado pelo linguista e antropólogo russo Vladimir Propp. O autor estudou as origens históricas do conto de fadas nas sociedades tribais e no rito de ini- ciação e extraiu dele uma estrutura que também propôs como modelo para todas as narrativas. ² RODARI, Gianni. Gramática da Fantasia. Trad. Antonio Negrini. São Paulo: Summus. (1982)

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