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NARRATIVAS ENCANTADORAS
NARRATIVAS ENCANTADORAS
Foto de Sarah Pflug pelo site Burst
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Scuola Eugenio Montale e Convita
Un intreccio vitale
Dalla collaborazione della nell’elaborazione dei suoi significati e Scuola Italiana Eugenio Mondella sua rappresentazione in un’ottitale con l’associazione Convica di reciprocità e di solidarietà, svita è nato un dialogo che ha permesso luppando le competenze trasversali un intreccio articolato di narrazioni, implicate nel sapere, nel saper essere promuovendo quella rete che agisce e nel saper fare. Nel corso dell’espein senso proattivo e si profila come rienza, il progetto offre nello specifico strumento insostituibile nelle sfide la preziosa possibilità di accedere alla che la scuola deve affrontare nello storia anche attraverso le emozioni, le scenario attuale. L’associazione Condifficoltà e le speranze contenute nelvita è un ente creato dal Patronato di le testimonianze condivise, consenSan Paolo che si rivolge alla comunità tendo al gruppo classe di interrogarsi italiana e in particolare alle persone sul passato in uno spazio di co-codella terza età. La Scuola si colloca in struzione dei suoi significati anche a una posizione attiva nella costruziolivello intergenerazionale favorendo, ne di quella rete con il territorio che così, anche il processo dell’apprendipermette «di convertire le incertezze mento della lingua italiana e l’elabodel cambiamento culturale in scenari razione di multipli linguaggi. più rassicuranti, in cui il policentriNegli anni precedenti, l’esperienza smo dei suoi membri dà vita a una si è articolata attraverso lo scambio di convivialità delle differenze e, quindi, corrispondenza cartacea individuale a nuove forme di integrazione, cooe poi attraverso un incontro di grup perazione, solidarietà sociale», come po tra gli alunni e gli utenti dell’Asricordano Orlando e Pacucci 1 . sociazione. Quest’anno, le lezioni si
In tale quadro, il dialogo coltivato sono imperniate anche sullo spazio dalla Scuola e dal Patronato ha dato intersoggettivo della dimensione so luogo a un contesto di apprendimenciale della rete ed è stata proposta to in cui gli alunni possono sperimenl’elaborazione di narrazioni in codici tarsi in una relazione interpersonale, differenti. La relazione è stata infatti
1 ORLANDO, Vito e PACUCCI, Marianna, La scommessa delle reti educative. Il territorio come comunità educante. LAS. Roma 2005. costruita, in un primo momento, attra verso il linguaggio delle immagini e la realizzazione di un video e poi, in un secondo momento, attraverso il lin guaggio scritto declinato in tre generi narrativi distinti: il genere autobiogra fico, la storia illustrata e il fumetto.
Partecipi sin dalle prime fasi del progetto, gli alunni del primo anno della Scuola secondaria di primo grado sono riusciti brillantemente a infondere vitalità ed entusiasmo — con i loro racconti — ai nostri amici del Convita, consapevoli della ricchezza delle esperienze a cui hanno potuto accedere grazie alle loro storie, ma anche dell’importanza di riflettere sulla propria identità come cittadini attivi del mondo.
Mara Munari
Prof.ssa di Italiano e di Storia

Vovó Nenê interpretata dall’educatrice e cantastorie Cris- tiane Velasco, mamma dell’alunna Dora

montale e convita
O elo entre Montale e Convita. Dos jovens aos idosos, trocando histórias de vida. Contando vivências da imigração italiana em São Paulo com o olhar da antiga geração e contando o sentimento de ser um jovem da nova geração de 2020. Essas trocas foram recolhidas pela contadora de histórias Cris Velasco que, junto com a sua personagem Vó Nenê, fez uma curadoria e recontou trechos, reelaborou e integrou criativamente, com bom humor, os relatos.
Nos tempos da Vovozinha
O que seria de nós seres humanos se não pudéssemos contar histórias?
Fomos feitos para comunicar e para compartilhar narrativas. E assim fizemos nesses meses de distanciamento social. A super Vó Nenê tornou os dias dos nossos alunos mais alegres e engraçados durante essa quarentena. Essa vovó brincalhona e a sua neta, a contadora de histórias Cristiane Velasco, nos contaram tantas aventuras inspiradas na obra de Italo Calvino. Foram momentos de afetividade, lúdicos, e pudemos conectar os alunos com as narrativas da tradição oral. Rimos, choramos, transformamos. Mas como foi que surgiu essa vovó divertida? A própria Cristiane nos contará!
Minhas duas avós foram muito presentes na minha infância e o imaginário que plantaram em mim faz parte das histórias que conto hoje. Minha avó materna, Elizabeth, era missionária norte-americana e sempre morou comigo. Eu e minhas irmãs organizávamos rodízios para ver quem iria dormir em sua cama. Ela apagava todas as luzes e cantava uma parlenda em inglês que terminava assim: «Vamos para dentro da barriga da vaca?» Lá na escuridão encantada, a Granny contava histórias... Meu maior medo era que ela morresse, mas quando isso realmente aconteceu, encontrei em mim uma coragem que desconhecia.
Já minha avó paterna, Yolanda, também me ensinou sobre medo e coragem, mas de um jeito bem tor to: era ela que me amedrontava. Essa “bruxavó” parecia um tiranossauro rex com um metro e meio de altura, a mão direita espalmada no coração, como se sentisse dores constantes e a esquerda buscando me pegar. Seu pai era siciliano, mas ela nasceu em São Paulo e morava na Vila Monumento. Era praticamente analfabeta e falava aos berros um português “italiana do”. Espargia todos com suas mágoas, lamentações, chantagens e maldições: «Se fizer marcriação, ingrata, Deus vai te dar o pago!»
A Vó Nenê, como ficou conhecida, chamava qualquer um de nenê, não importava a idade. A cozinha de sua casa era vermelha. Ela também. Tingia o cabelo de acaju, porque gostava de tudo «bem fantasiado, ornando», ou seja, combinando. Ela comia escondi do, exagerava sempre. Depois passava mal do “estombro”, e ainda mentia de boca cheia: «Não comi nada, magina!». Eu me lembro da sensação de sua mão gordurosa de salame, as unhas afia das em cor de vinho agarrando minha infância. Ela me aprisionava em sua cama de viúva e, se eu ousasse esca par, ameaçava: «Fica com a vó, nenê, que se não o bicho sai por debaixo da cama e garra vossa canela!» Durante muito tempo desconfiei do silêncio do vão da cama...
Bem mais tarde, trabalhando com educação infantil, comecei a revisitar minha relação com ela. Como as crianças adoram histórias de vida, resolvi contar alguns casos da Vó Nenê, como por exemplo a mania dela por banho. Ansiosa pela janta, fechava cedo as janelas da casa e berrava chamando as netas (Cristiane, Patrícia e Giuliana): «Crisê, Patê, Giulê! Vem tomar banhinho, nenê!»
Um dia percebi que a Vó Nenê já estava fazendo parte do imaginário das brincadeiras de alunos e alunas e, através do espelho das crianças, fui descobrindo sua graça! Passei a entrevistar minha avó, e ela adorou me contar suas histórias: «Lembrei de outra, nenê, tá gravando?» Meu pai diz que essas narrativas são inventadas, mas ela jura que aconteceram de verdade, o que para mim é o que menos importa. O fato é que hoje falamos a mesma língua macarrônica e juntas damos muita risada. Vó Nenê faz xales e belas rosas de crochê para meus figurinos que, segundo ela, todo mundo cobiça.
Há pouco, enviei uma mensagem perguntando sobre sua participação no projeto da Escola Eugenio Montale. Transcrevo aqui a resposta que ela gravou para mim: «Minha nossa vida, nenê, a vó tá tão orgulhosa que me dói até a garganta de alegria! Que beleza a companhia “das criança” na quarentena. E a vó, que nunca pôs os pé na Itália, pode viajar com as história, nenê. Agradece todo mundo! Avisa que, quando essa pandemia do pandemônio acabar, a Vó vai fazer uma visita por lá... Beijo, tichau!»
Cristiane Velasco
Educadora e Contadora de Histórias, mãe da aluna Dora







