Trauma BoleTEAM SBAIT edição 22

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Editorial Residência de Cirurgia Geral em 3 anos: o que muda para a Cirurgia do Trauma?

Expediente

fica? Certamente não se tem todas as respostas, mas algumas conclusões são evidentes. É importante salientar que, neste momento, por ser área de atuação da Cirurgia Geral, o candidato que optar pela Cirurgia do Trauma terá que cursar os 3 anos, ou seja, ele deverá apresentar o Título de Especialista em Cirurgia Geral. Sendo assim, já fica claro que mudanças ocorrerão. A primeira delas relaciona-se à qualificação do residente que ingressar na Cirurgia do Trauma, ou seja, teremos candidatos com melhor capacitação para enfrentar uma residência que exige muito. Entretanto, fica o questionamento em relação à procura para esta área de atuação, já que o candidato cursou 3 anos de Cirurgia Geral e terá que cursar mais um ano de trauma. Talvez tenhamos Ricardo Breigeiron menos candidatos por vaga, mas aqueles que o fizerem, é porque realmente se interessam pela Cirurgia do Trauma e querem exercê-la de forma integral. São questões sem respostas definitivas. Outro aspecto a considerar envolve os serviços que oferecem residência em Cirurgia Geral e em Cirurgia do Trauma. Será importante, para estes serviços, que algumas vagas sejam de 3 anos, para que os seus egressos, que se interessarem e optarem pela residência em cirurgia do trauma, não precisem fazer o terceiro ano em outro local, para retornarem após. Provavelmente muitos não retornarão e tomarão outros rumos, enfraquecendo ainda mais a procura. Cito, como exemplo, o HPS-POA. Muitos dos residentes que cursam cirurgia geral neste hospital se interessam por trauma durante a residência e ficam fascinados com toda a dinâmica que o trauma oferece. Sendo assim, as 3 vagas atuais serão de 3 anos, para oferecer a possibilidade do concurso e ingresso na residência de Cirurgia do Trauma no mesmo hospital. Olhando um pouco mais para o futuro, devemos vislumbrar alguns aspectos que poderão, ou deverão mudar, na formação do cirurgião do trauma. Sabemos que, assim como a Cirurgia Geral passou a ser de 3 anos, a Cirurgia do Trauma, com todo o seu arsenal terapêutico e de investigação, deve mudar para 2 anos. Para quem conhece bem o atendimento ao trauma, as mudanças são constantes e o conhecimento é mais complexo e específico. É necessário que o Cirurgião do Trauma tenha conhecimento cirúrgico das diversas áreas e cavidades do corpo humano, tenha discernimento em relação às investigações diagnósticas, saiba tratar um paciente grave tanto no seu primeiro atendimento quanto em UTI e saiba como lidar com as diversas complicações. Ainda, deve ter conhecimento sobre aspectos relacionados à fisiologia do traumatizado e às diversas condutas que irão impedir uma morte precoce. São apenas alguns argumentos que solidificam a ideia da residência em 2 anos. É necessário que trabalhemos com esta ideia junto à Comissão Nacional de Residência Médica e com o necessário apoio e parceria do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Dentro do contexto, e agora olhando para um futuro ideal, poderemos pleitear a Cirurgia do Trauma como uma especialidade médica. Com certeza não se tem todas as respostas para esta mudança na formação do cirurgião geral e, consequentemente, do cirurgião do trauma. O que se pode garantir, principalmente para aqueles que trabalham para a melhoria do ensino e assistência relacionados ao trauma, é paciência, perseverança, comprometimento e análise dos resultados das mudanças que estão por vir. SBAIT

A residência, introduzida pelo famoso cirurgião Willian Haslted e definida como um aprendizado em serviço sob supervisão, é atualmente uma das etapas mais importantes na formação médica. O aumento exponencial do conhecimento médico e científico propicia, nas diversas especialidades, uma necessidade de aprofundamento em campos de atuação muito específicos. Na área cirúrgica, a residência é fundamental e quase obrigatória, proporcionando ao médico a capacidade de fazer clínica cirúrgica e habilitar-se sob o ponto de vista prático. A residência em Cirurgia Geral é uma das áreas mais procuradas no nosso país, sendo uma das especialidades básicas que, além de formar um especialista, serve de pré-requisito para outras especialidades cirúrgicas. Até o momento, no Brasil, o período de formação do cirurgião geral era de 2 anos, ao diferente da maioria dos países do Mundo que exige um período maior. A necessidade de aumentar o tempo de residência em Cirurgia Geral para 3 anos era algo que estava sendo discutido há muito tempo e se mostrava como uma necessidade quase inquestionável. Isto irá ocorrer a partir do próximo ano. Para fazermos uma análise de como a modificação para 3 anos da residência em Cirurgia Geral pode influenciar na residência em Cirurgia do Trauma, é importante conhecermos o que mudou e como será esta nova formação do cirurgião geral. Tenho acompanhado, ao longo dos últimos meses, as discussões sobre este assunto. Em março de 2017 e em maio de 2018, ocorreram, no Conselho Federal de Medicina de Brasília, os dois Fóruns sobre o tema em que estavam presentes vários membros da SBAIT e do CBC, além da secretária executiva da Comissão Nacional de Residência Médica, Dra. Rosana Leite de Melo. Tal discussão também teve espaço nos diversos Conselhos de Medicina dos estados, no sentido de tentar esclarecer e tomar a decisão certa. Nem tudo se esclarece, mas algumas coisas já estão definidas. A primeira delas, acredito eu, é de que os 3 anos são necessários e irreversíveis. Dito isso, vamos ao funcionamento: Para que se tenha o título de especialista em Cirurgia Geral, será necessário completar os 3 anos. Entretanto, haverá, também, outra forma de residência em cirurgia, denominada de Cirurgia Básica, em que o residente cursa 2 anos e sai com um certificado de Cirurgia Básica. Esta residência será um degrau para aqueles que querem cursar outra especialidade cirúrgica com necessidade de 2 anos de formação em cirurgia como pré-requisito. Serão dois concursos diferentes, em que o candidato deve optar pela Cirurgia Geral ou pela Cirurgia Básica, sendo que cada serviço poderá escolher quantas vagas serão oferecidas para cada modalidade. Um detalhe importante é que, se o candidato que fizer concurso para 3 anos quiser sair da residência ao completar o segundo ano, pois fez concurso e passou para outra especialidade cirúrgica, ele está autorizado e receberá o certificado de 2 anos. Caso isto ocorra, o serviço abrirá uma vaga para o terceiro ano, com concurso, para algum candidato que fez prova para 2 anos e não passou na especialidade cirúrgica pleiteada. Já me perguntaram algumas vezes o que é melhor para os serviços em termos de escolha entre 2 ou 3 anos. Confesso que não tenho a resposta definitiva e talvez ninguém tenha. É possível que tenhamos as respostas daqui a 3 anos. Serão tentativas com acertos e erros e com análise dos resultados. Ainda dentro do contexto, é importante o esclarecimento pormenorizado aos acadêmicos sobre esta mudança, para que possam optar analisando os prós e contras de cada modalidade. No que diz respeito à matriz de competências para os residentes, que não vou citá-la aqui pois não é o foco, acredito ser importante a flexibilidade em termos de região do país, características e vocação de cada instituição formadora, pois, somente assim, será viável oferecer os 3 anos de residência. Se analisarmos em termos de mercado, creio que daqui a alguns anos, caso continue este novo sistema, teremos menos especialistas em Cirurgia Geral, o que pode influenciar positivamente nos concursos quanto à diminuição do número de candidatos por vaga, e na assistência, pois teremos profissionais com melhor qualificação. E a residência em Cirurgia do Trauma, em relação a esse novo contexto, como

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ATENDIMENTO INTEGRADO AO TRAUMATIZADO Presidente: José Mauro da Silva Rodrigues (SP) 1º Vice-Presidente: Ricardo Breigeiron (RS) 2º Vice-Presidente: Tercio de Campos (SP) Secretário Geral: Marcelo Augusto Fontenelle Ribeiro (SP) 1º Secretário: Amauri Clemente da Rocha (AL) 2º Secretário: Bruno Vaz de Melo (RJ) 1º Tesoureiro: Daniel Souza Lima (CE) 2º Tesoureiro: Fabio Henrique de Carvalho (PR) Comitê Pré-Hospitalar: Rodrigo Caselli Belém (DF)

Secretária: Nancy Job (secretaria@sbait.org.br) Comunicação Digital: CRM Media (cristiane@crmmedia.com.br) Assessoria de Imprensa: Capovilla Comunicação (imprensa@sbait.org.br) Contabilidade: Consuport Redação TRAUMA BoleTEAM: Cristiane Regina da Silva Manzotti e Patrícia

Comitê Ligas do Trauma: Bárbara Seidinger (PR) Comitê de Educação: Diogo Valério Garcia (SP) Comitê de Desastres: Josiene Germano (SP) Comitê de Qualidade e Registro de Trauma: Paulo Roberto Carreiro (MG) Comitê de Prevenção: Gustavo Pereira Fraga (SP) Comitê de Acreditação: Edivaldo Utiyma (SP) Conselho Consultivo e Fiscal: André Gusmão (BA), Carlos Alberto Fagundes (ES), Sizenando Starling (MG), Sandro Scarpelini (SP) e Carlos Otávio Corso (RS).

Capovilla Jornalista Responsável: Patrícia Capovilla (MTb 31.445) Edição de Arte: Karina Brito – Proteção Publicações Ltda Capa: Freepik

Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado - www.sbait.org.br - Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278, 6º andar - Bela Vista - São Paulo - SP CEP 01318-901 - Fone/Fax (11) 3188 4558 - Horário de funcionamento: de segunda a sexta feira, das 12h00 às 18h00. Tiragem: 800 exemplares


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Reconhecimento

Ex-presidente da SBAIT recebe prêmio em Congresso Mundial de Cirurgia de Emergência na Itália aos 55 anos de idade, após anos dedicando-se à cirurgia de urgência em seu hospital, destacando-se no ensino e na pesquisa, com mais de 500 artigos publicados. O prêmio foi criado pela WSES em 2008 e já foi concedido a 10 importantes cirurgiões de diferentes países que se dedicam à cirurgia de urgência e trauma. “É uma Dr Fraga no momento do recebimento do prêmio grande honra receber esse prêmio, que já contemplou cirurgiões o Intergastro & Trauma, quando tivemos que eu muito respeito e admiro, como 1240 participantes. Aproveito para o Prof. Rao Ivatury, que ficou como compartilhar esse prêmio com todos professor visitante na Unicamp por um os colegas assistentes, residentes, mês em 2014, e o Prof. Ronald Maier, equipe multiprofissional, alunos ligantes recém-eleito presidente do American e parceiros que têm divulgado Campinas College of Surgeons”, diz Fraga. “Com no cenário internacional da Cirurgia”, certeza, esse prêmio é fruto do trabalho completa o ex-presidente da SBAIT da Disciplina de Cirurgia do Trauma nos últimos anos e ao grande congresso, o 4o da WSES, que organizamos em eminário Campinas em maio de 2017 junto com Arquivo Pessoal

O Prof. Gustavo P. Fraga, ex-presidente (2013-2014) e membro honorário da SBAIT e, atualmente, professor associado e coordenador da Disciplina de Cirurgia do Trauma da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), participou, de 27 a 30 de junho, do 5th World Society of Emergency Surgery (WSES) Congress, em Bertinoro, na Itália. Fraga compôs a mesa redonda “Management of Intrabdominal Infections”, com a aula sobre “Abdominal Sepsis”, e apresentou um caso clínico para discussão na sessão “Hit the Expert Session My Milennium errors and fails”. O 5th WSES Congress teve 321 participantes, entre eles, alguns membros honorários internacionais da SBAIT: Ari Leppaniemi, Ernest Moore, Raul Coimbra, Rao Ivatury e Ronald Maier. Fraga foi surpreendido ao receber o Prêmio Orazio Campione, que é uma homenagem que leva o nome desse professor titular da Universidade de Bologna. Campione faleceu em 2003,

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Segurança Viária é discutida em Paulínia com representantes de diversas prefeituras

Internacional

Arquivo Pessoal

O Prof. Dr. Bruno M. Pereira esteve recentemente ministrando aulas em três diferentes congressos na Europa, representando a Sociedade Mundial do Compartimento Abdominal (WSACS), na qual é o atual presidente, e a Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT), na qual é o atual diretor-presidente do Capítulo São Paulo. Sua primeira parada foi na cidade de Santander, Espanha, onde ministrou aulas

Dr Bruno Pereira entre os convidados do evento

relacionadas ao tratamento moderno do abdome complexo, incluindo o abdome aberto, utilização de terapia de pressão negativa e fistulas enterroatmosféricas. Logo após, desembarcou na cidade de Copenhagen, Dinamarca, para o Congresso Europeu de Anestesia (Euroanestesia 2018), onde ministrou aula sobre controle de fluidos e reanimação hemostática. Por fim, Pereira se dirigiu para Örebro, Suécia, onde participou do 2º Endovascular Repair and Trauma Management Sym­ posium, um movimento mundial que reúne especialistas renomados da área para discutir sobre novos rumos do controle da hemorragia no Trauma, incluindo o uso do REBOA (Ressuscitative Balloon for the Occlusion of the Aorta). Lá estiveram especialistas como Prof Ernest Moore, Joe DuBose, Megan Brenner, Tal Horer e Victor Reza, entre outros. O Dr João Sahagoff, do Rio de Janeiro, também participou, representando a Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular.

ONSV

SBAIT é representada em congressos

Dr Thiago Calderan, representando a SBAIT durante o evento

O 1º Seminário de Segurança Viária e Integração de órgãos gestores ocorreu no dia 14 de junho, em Paulínia (SP), e reuniu mais de 54 prefeituras e 200 participantes de diversos estados. O objetivo foi discutir de maneira prática e eficiente todas as vertentes que influenciam a gestão pública e a necessidade de uma maior integração entre as esferas Federal, Estadual e Municipal para a gestão de trânsito. O evento foi promovido pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), parceiro SBAIT, que foi representada pelo cirurgião Thiago Calderan.


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Prevenção

SBAIT desenvolve treinamento de primeiros-socorros para estudantes A SBAIT (Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado) e o Grupo Surgical, com o apoio do Instituto Terzius, desenvolveram o curso Treinamento de Emergência nas Escolas, destinado a alunos. No dia 24 de maio, estudantes de nível secundário da Escola Americana de Campinas, foram os primeiros a participarem do treinamento. O objetivo do curso é capacitar os estudantes para agirem com primeiros-socorros, dentro ou fora do ambiente escolar, em alguns tipos de emergências médicas. Os estudantes aprenderam as técnicas de Reanimação Cardiopulmonar (RCP) e também como realizar procedimentos para desengasgar crianças, bebês e adultos, como a Manobra de Heimlich, e quais são as medidas necessárias para estancar sangramentos. A ação foi coordenada pelo diretor do capítulo SP da SBAIT, Dr Bruno Pereira. A ideia do curso surgiu após a morte do menino Lucas, de Campinas, que engasgou com um pedaço de salsicha em uma excursão da escola em que estudava. Desde então, a mãe de Lucas, Alessandra Zamora, vem desenvolvendo um amplo trabalho para a sanção da Lei Lucas, que prevê que o ensino de primeiros socorros seja incluído na grade

Comunicação SBAIT

Alunos da Escola Americana da Campinas foram os primeiros a participar do curso reforça Pereira

Alunos do Ensino Médio participaram do treinamento

curricular dos alunos e obriga escolas, creches, berçários públicos e particulares, além de locais de recreação infantil, a proporcionarem a capacitação de seus funcionários para a prestação de primeiros socorros.

“Nós decidimos sair na frente e treinar os alunos da Escola Americana de Campinas. Esperamos que este trabalho cresça e alcance o maior número de pessoas. Isso vai permitir que muitas vidas sejam salvas em nosso País”,

SBAIT difunde a prevenção do trauma Pela ocasião do Movimento Maio Amarelo, que mobilizou todas as regiões

do Brasil e diversos países em torno da causa da redução das estatísticas no trânsito, a SBAIT promoveu amplas ações de conscientização e prevenção da doença trauma durante todo o mês de maio. A Campanha da SBAIT “Não Foi Acidente”, veiculada nas redes sociais, promoveu, com peças publicitárias, a reflexão na população sobre suas escolhas e ações no trânsito, mostrando que a prevenção de ocorrências depende realmente de cada um de nós, como não dirigir após consumir bebida, não ultrapassar em local proibido, usar o cinto de segurança e não usar o celular enquanto dirige. A Campanha teve um alcance de 271. 882 pessoas nas redes sociais, promovendo interação com 35.116 pessoas, entre

compartilhamentos e comentários. Além da Campanha da SBAIT, também foram realizadas ações locais, com orientações diretamente à população, edições especiais do Programa P.A.R.T.Y. Brasil, que atua na prevenção do trauma relacionado ao uso de álcool na juventude, entre outros eventos, organizados pelos capítulos e membros SBAIT em todas as regiões do país. Essas ações, especialmente a Campanha SBAIT, promoveram ampla repercussão também na mídia, onde membros SBAIT foram convidados para entrevistas ao vivo em rádios, TVs, mídia online e impressa, aproveitando a oportunidade para difundir a consciência da doença trauma e como ela pode ser evitada.


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SBAIT 2018

APH é destaque no XIII Congresso Brasileiro da SBAIT Evento terá atualização e troca de experiências com os melhores profissionais da área Estamos em contagem regressiva para a realização do XIII Congresso Brasileiro da SBAIT / XX CoLT, que ocorrerá de 23 a 25 de agosto, em Curitiba/PR. O evento contará com uma programação abrangente, englobando desde a prevenção e atendimento pré-hospitalar até as mais recentes recomendações e novas tecnologias no atendimento ao traumatizado, com um time de especialistas nacionais e internacionais. O XIII Congresso Brasileiro da SBAIT terá uma sala com uma programação específica para os profissionais de Atendimento Pré-Hospitalar-APH. Serão 3 dias repletos de muita aprendizagem e troca de experiências diretamente com profissionais que são

referência na área. A programação científica de APH contará com temas de grande relevância para os profissionais, como Novas Tecnologias, Hemorragia e Choque, Resgate, Transporte Aeromédico, Controvérsias em Imobilização, Resgate

em situações de risco , Queimaduras, Resgate Veicular, Afogamento, Intervenções Avançadas na Cena e Atendimento a Múltiplas Vítimas, entre outros. Dois cursos pré-congresso também estão entre os destaques da programação. O Curso Teórico Prático de Resgate/Transporte Aeromédico e o Curso Prático de Imobilização Pré-Hospitalar em Trauma serão realizados no dia 22 de agosto. As vagas são limitadas! O XIII Congresso Brasileiro da SBAIT e XX Congresso Brasileiro das Ligas de Trauma (CoL) serão realizados entre os dias 23 e 25 de agosto, no Expo Unimed, em Curitiba / PR. Informações e inscrições podem ser obtidas pelo site https://www.sbait2018. com.br.

Edição 2018 do evento terá três cursos pré-congresso A edição deste ano do Congressos SBAIT terá três cursos pré-congresso. O Curso Teórico Prático de Resgate/Transporte Aeromédico será realizado no dia 22 de agosto, das 8h às 18h, e contará, no período da manhã, com aulas teóricas sobre legislação aeromédica, segurança e condutas operacionais de voo no transporte aeromédico, fisiologia aeromédica, transporte aeromédico - fisiopatologia e cuidados no transporte do paciente clínico, infantil e neonatal. Na sequência, no período da tarde, serão realizadas as estações práticas: Aeronave de Asa Fixa, Aeronave de Asa rotativa e discussão de casos reais. O Curso Prático de Imobilização Pré-Hospitalar em Trauma será realizado no dia 22 de agosto e terá duas turmas, uma no período da manhã e outra no período da tarde.

Com carga horária de quatro horas, o curso visa ensinar e treinar o aluno na imobilização de vítimas de trauma. Serão demonstradas e treinadas várias técnicas, entre elas o uso do colar cervical; prancha de imobilização dorsal; imobilizador lateral de cabeça (head block); cintos de fixação; bandagens triangulares; talas de papelão/talas aramadas; tração de fêmur; Kendrick Extrication Device (KED) e retirada de pacientes com lesão traumáticas de veículos. O treinamento será prático, em esquema de rodízio em estações, sob orientação e supervisão de instrutores experientes em atendimento pré-hospitalar. O público-alvo são profissionais e acadêmicos da área da saúde. O Curso DSTC - Definitive Surgical Trauma Care, que será realizado de 20 a 22 de agosto de 2018, é organizado e difundido pela “International

Association for Trauma Surgery and Intensive Care - IATSIC”, e, no Brasil, em associação com a SBAIT. Tratase de um curso idealizado na Europa e Oceania, com o objetivo de preparar cirurgiões, já formados ou em treinamento, para abordarem lesões traumáticas graves, com atenção especial para estratégias e técnicas cirúrgicas avançadas. O curso é dividido em uma parte teórica e outra prática, baseada em treinamento cirúrgico em pequenos grupos, o que permite excelente oportunidade de treinamento. O curso conta, ainda, com a participação de convidado internacional de grande experiência em cirurgia do trauma. Os cursos possuem vagas limitadas. Para mais informações e inscrições, acesse o site do evento: https://www.sbait2018.com.br/cursos.asp.


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Sistema de Trauma

SBAIT CRIA MANUAIS PARA ORGANIZAR O TRAUMA NO BRASIL Documentos serão apresentados no Congresso SBAIT, que acontece no fim de agosto, em Curitiba

Qual a importância da criação de um Sistema de Trauma no Brasil? O trauma é um problema de saúde pública de enorme magnitude, medido por anos de vida produtiva, incapacidade prolongada ou permanente e custo financeiro. No trauma, o tempo corre sempre contra a vítima e, por isso, é fundamental que todas as etapas da cadeia de sobrevivência sejam conhecidas e respeitadas pelos diversos protagonistas do sistema de socorro, de modo que o tempo entre o acidente e o retorno à vida ativa seja o mais curto possível. No Brasil, o atendimento ao politraumatizado apresenta grandes disparidades e, infelizmente, apesar dos esforços de

diversos setores, os resultados têm sido pouco consistentes e palpáveis. Para esses resultados, contribui uma deficiente assistência às vítimas, que, muitas vezes, é efetuada em moldes desadequados e desorganizados. Neste campo, no nosso país, há lacunas importantes a suprir, tais como a inexistência de dados epidemiológicos consistentes e de registos de trauma adequados. A experiência internacional demonstra o interesse da concentração de recursos e competências para melhor dar resposta ao grande traumatizado. A classificação hierarquizada em níveis de centros de trauma não deve ser entendida como um ranking de atendimento médico, mas como um ranking de recursos e capacidade de fornecer cuidados em níveis de complexidade. Não há intenção de sugerir que as designações de números mais altos sejam menos importantes para o sistema e para os resultados de trauma. A SBAIT, cumprindo seu papel de liderança na atenção à doença trauma, reuniu especialistas para elaborar normas para Freepik

A Comissão de Acreditação em Trauma da SBAIT concluiu o Manual de Acreditação por Distinção em Trauma e o Manual para Sistema de Trauma, que serão apresentados no próximo congresso da sociedade, que acontece entre os dias 23 e 25 de agosto em Curitiba (PR). Na ocasião serão discutidos os principais pontos e realizadas possíveis alterações que possam ser sugeridas pela diretoria. O objetivo é que esses dois manuais sirvam para a implementação de um Sistema de Trauma Brasileiro, que poderia melhorar o atendimento ao traumatizado, desde a prevenção até a reabilitação. Após a aprovação final dos manuais, serão certificados um hospital público e um privado para que se inicie a implementação dos trabalhos. A Comissão de Acreditação em Trauma da SBAIT é composta pelo Prof. Dr. Edivaldo Massazo Utiyama (Prof Titular da Disciplina de Cirurgia Geral e Trauma da FMUSP), que ocupa o cargo de presidente, pelo Dr Pedro Henrique Ferreira Alves e pelo Dr Marcelo Cristiano Rocha (ambos médicos assistentes da Disciplina de Cirurgia Geral e Trauma da FMUSP). Dr Pedro Henrique Ferreira Alves conversou com o BoleTEAM e deu detalhes sobre a importância deste trabalho. Confira a entrevista:

Atendimento ao traumatizado tem diversas falhas no País

o desenvolvimento e implementação do conceito de Sistema de Trauma no Brasil. O trabalho efetuado representa um passo importante num esforço de organização que, se for seguido por todas as entidades atuantes no tratamento destes doentes, salvará muitas vidas e reduzirá incapacidades. De que forma este sistema melhoraria o atendimento ao traumatizado e faria a otimização dos recursos? A organização de uma Rede de Trauma previne a duplicação de recursos, maximiza os já instalados e, potencialmente, melhora o atendimento de outros doentes críticos. Um atendimento técnico e cientificamente eficaz requer uma integração adequada de todos estes componentes – Sistema de Trauma. O ideal é que este sistema fosse totalmente integrado no País? Um atendimento técnico e cientificamente eficaz requer uma integração adequada de todos estes componentes – Sistema de Trauma. Um sistema de trau-


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ma completo é planejado, organizado e coordena as vítimas de trauma em uma área geográfica definida. Este conceito inclui: a prestação de assistência ao trauma desde o momento da lesão até a reabilitação, engajamento ativo nas estratégias de vigilância e prevenção de lesões, bem como no acesso aos cuidados de reabilitação e integração na sociedade. Um sistema abrangente de trauma também precisará incluir pesquisa ativa e treinamento clínico em todos os níveis de atenção. A solução ideal para o problema trauma é uma estratégia eficaz de prevenção de lesões. Quando a prevenção falha, no entanto, ocorrem lesões e estas requerem tratamento. O ambiente apropriado em que este tratamento deve ser entregue é um sistema de trauma. O sistema de trauma abrange todo o espectro da lesão, de trivial ao catastrófico. Ele funciona a partir do momento da lesão até que todo o potencial de reabilitação tenha sido alcançado. O sistema de trauma é o quadro em que instituições e indivíduos prestam cuidados dentro de uma ampla área geográfica. Os centros de trauma não constituem o sistema de trauma. Os componentes clínicos de um sistema de trauma visam garantir a continuidade do atendimento. Qual a maior dificuldade na implantação? A implementação de um sistema de trauma em nível nacional é uma tarefa extremamente complexa por envolver diversos setores e instituições. Diversos níveis de planejamento são necessários. A boa gestão de recursos determina como prioritárias a planificação e a rentabilização de meios existentes. Acreditando-se no potencial da capacidade instalada e na necessidade da tomada de opções estratrégicas, são exigências organizativas:  Atualização da Rede de Referenciação da urgência/emergência Médica: a atual rede carece de atualização e da inclusão de variadas instituições de saúde que, presentemente, funcionam dela desenquadradas. Para além da definição dos pontos da Rede, é imperioso estabelecer os critérios de referenciação primária e transferência inter-hospitalar. Decorrente do crescente funcionamento em Rede, será necessário equacionar temas como o transporte, as comunicações, a telemedicina e os sistemas de informação, entre outros.  Definição de Centros de Trauma no

contexto da Rede de urgências, como parte integrante dessa mesma rede: a experiência internacional demonstra o interesse da concentração de recursos e competências para melhor dar resposta ao grande traumatizado. Será determinante a definição de Centros de Trauma para onde esteja assegurado o encaminhamento desses doentes, sem passagem obrigatória por qualquer outro hospital, só porque se encontra mais próximo.  Qualificação do transporte primário (pré-hospitalar) e secundário (entre instituições).  Acompanhamento da resposta ao trauma: criação de um sistema de informação, com definição de indicadores de acompanhamento e registos obrigatórios de dados.  Qualificação crescente dos profissionais de saúde: investimento na formação em trauma, a qual deverá ser obrigatória, no contexto de projetos estruturantes das organizações responsáveis pela assistência ao traumatizado.  Sistematização de orientações clínicas para as situações mais frequentes e/ ou graves: que promovam a divulgação da boa prática médica. Por favor, nos explique como está sendo desenvolvido este trabalho. Inicialmente, foi apresentada à diretoria da SBAIT uma proposta de criação de uma comissão para o desenvolvimento de um manual de acreditação em hospitais que atendem pacientes vítimas de trauma. Esse trabalho está em andamento com a empresa IQG (O IQG é nacionalmente qualificado como Instituição Acreditadora, Colaboradora e Gestora pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde e responsável pelo setor de planos de saúde no Brasil), e consiste no desenvolvimento e implementação de um manual de acreditação por distinção em trauma. Neste manual, constam os critérios de qualidade e segurança para um hospital ser considerado um centro de trauma em nosso país. Os programas de acreditação ajudam instituições de saúde de todo o país a promoverem um forte compromisso com as questões de qualidade e segurança do paciente. A metodologia de excelência QMentum International™ orienta e monitora padrões de alta performance em qualidade e segurança na área de saúde. Este programa utiliza critérios interna-

cionais de validação mundial. No Brasil, a Accreditation Canada opera em Joint Venture com o IQG para implantação e manutenção desta metodologia internacional. Paralelamente ao desenvolvimento do manual para certificação por distinção em trauma, a comissão desenvolveu o Manual para Sistema de Trauma da SBAIT, cujo objetivo é criar diretrizes nacionais para o desenvolvimento e implementação de Sistemas de Trauma regionais. O desenvolvimento de Sistemas de Trauma permite uma melhora no atendimento ao trauma como um todo, integrando a prevenção, atendimento pré-hospitalar, atendimento hospitalar e reabilitação. A possibilidade de integração e comparação de resultados permite a criação de um Benchmark, gerando padrões ótimos de atendimento e ganho para todo o sistema. O processo de certificação por distinção promove a melhoria dos centros de atendimento gerando melhoramento contínuo do atendimento. A distribuição adequada de recursos permite o gerenciamento dos investimentos, evitando gastos desnecessários e duplicidades no sistema. Por fim, a organização e o correto funcionamento dos Sistemas de Trauma garantem uma melhora da mortalidade, assim como de complicações resultantes do atraso no atendimento definitivo, permitindo reabilitação adequada e diminuição da incidência de traumatizados, através de programas de prevenção. O governo está ou será envolvido neste trabalho da SBAIT? Inicialmente o projeto está em fase de desenvolvimento e aprovação dentro da sociedade médica liderada pela SBAIT. Posteriormente será fundamental a apresentação às entidades governamentais responsáveis para implementação do projeto. As descrições do manual definem os papéis, serviços e recursos institucionais que a SBAIT identificou como sendo necessários para o tratamento ideal do trauma em diferentes ambientes. É da responsabilidade da agência principal do sistema (Ministério da Saúde e/ ou Autoridades Regionais de Saúde) definir a configuração das instalações de trauma que serão necessárias dentro de suas próprias jurisdições para fornecer atendimento ideal e sustentável aos traumatizados.


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Conversa Técnica

Reposição Volêmica no Trauma Grave na Sala de Cirurgia Roseny dos Reis Rodrigues | André Luis Xavier Franco Resumo A reposição volêmica, apesar de muito estudada, ainda é um tema muito controverso na literatura médica. A quantidade ideal de fluidos e a necessidade de transfusão de hemocomponentes a ser administrada variam conforme a situação clínica. No contexto do intraoperatório de pacientes vítimas de trauma grave, uma estratégia guiada por metas parece ser a abordagem mais apropriada, visando, sobretudo, minimizar a quantidade de cristalóides infundidos desnecessariamente.

coloides permanecem mais tempo no meio intravascular quando comparadas às soluções cristaloides. São tipos de coloides a albumina, as gelatinas, os dextranos e o Hidroxietil Amido. 3. Transfusão sanguínea Uma vez que no contexto do trauma, o tipo de choque mais prevalente é o choque hemorrágico, obrigatoriamente devemos nos atentar nesta população, aos sinais clínicos e achados ao exame físico que auxiliem na predição da gravidade e necessidade de transfusão sanguínea. Choques graus III e IV são indicativos de iniciar a transfusão de concentrado de hemácias. Componentes como plasma fresco, plaquetas e crioprecipitados devem ser considerados, sobretudo, durante “sangramentos maciço”. A reanimação focada no “controle de danos” orienta uma “ressuscitação”, cujo foco principal baseia-se na reanimação com hemocomponentes e hemoderivados, ao invés de uso indiscriminado de cristaloides, que favorece a “tríade letal” do trauma. Além da restauração hemodinâmica e dos fatores de coagulação contidos no plasma, outros benefícios desta terapia estão provavelmente relacionados com o reparo da lesão endotelial, marcadamente observado com a melhora do sindecan-1, um marcador de lesão de glicocálix endotelial3-5.

Palavras chave Reposição volêmica, fluidorresponsividade, terapia volêmica guiada por metas, choque hemorrágico 1. Introdução A administração de fluidos é algo muito comum na prática clínica, sobretudo, no período perioperatório e na abordagem inicial do doente politraumatizado. No entanto, apesar de existirem inúmeros estudos sobre o tema, o tipo e a quantidade ideal de fluidos a ser administrado no período perioperatório continuam a ser motivo de controvérsia na literatura médica. Apesar das diversas ferramentas de monitorização hemodinâmica disponíveis atualmente, a reposição volêmica no período perioperatório ainda permanece, em parte, em bases empíricas, tendo em vista que não dispomos da medida direta do volume total dos líquidos corporais e da sua distribuição pelos diferentes compartimentos corpóreos (intracelular, intersticial e intravascular).

4. Monitorização hemodinâmica funcional Atualmente, para análise de fluidorresponsividade, utilizamos a monitorização hemodinâmica funcional (Variação da Pressão de Pulso ou delta PP, Variação do Volume Sistólico ou VVS e Elevação Passiva das Pernas), que, diferentemente das variáveis hemodinâmicas estáticas (pressão arterial, pressão venosa central, pressão de oclusão da artéria pulmonar, débito cardíaco e saturação venosa central), é capaz de predizer a resposta do débito cardíaco à infusão de fluidos. Os pacientes responsivos a volume são aqueles nos quais ocorre um aumento do débito cardíaco em consequência da expansão volêmica. A pressão de pulso arterial (diferença entre a pressão sistólica e diastólica) é diretamente proporcional ao volume sistólico do Ventrículo Esquerdo (VE) e inversamente proporcional à complacência arterial. Visto que a complacência arterial não muda significantemente durante o ciclo respiratório, as variações da pressão de pulso são diretamente relacionadas com as variações do volume sistólico do VE. Estudos demonstram que, quando medidos em condições ideais (ventilação mecânica controlada, volume corrente acima de 8 ml. kg-1, ausência de arritmias

Arquivo Pessoal

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2. Tipos de fluidos A reposição volêmica tem sido vastamente estudada nos últimos anos, tanto na terapia intensiva quanto no período perioperatório, no entanto, a quantidade exata de fluidos a ser administrada aos pacientes permanece incerta. Tanto a hipovolemia quanto o excesso de volume são danosos aos pacientes. Cristaloides As soluções cristaloides podem ser divididas em: hipotônicas (ex: soro glicosado), isotônicas (ex: soro fisiológico 0,9%, Ringer Lactato e Plasma Lyte®) e hipertônicas (Cloreto de Sódio 7,5%). Coloides Os coloides são soluções que apresentam macromoléculas (geralmente, maiores do que 40kDa) como polissacarídeos e polipeptídeos de fonte animal ou vegetal em sua composição. Por apresentarem macromoléculas incapazes de cruzar o endotélio vascular, as soluções

André Luis Xavier Franco - Graduação em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública; Residência em Clínica Médica pela Escola Paulista de Medicina; Residente de Anestesiologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo)

cardíacas, ausência de hipertensão intra-abdominal ou condições de tórax aberto), valores de delta PP e VVS > 12-14% apresentam excelente acurácia na avaliação de pacientes respondedores a volume. Esses valores são obtidos a partir de monitores que avaliam a curva de pressão arterial invasiva (delta PP) ou através de monitores que avaliam as ondas de pulso (VVS). Outra forma de avaliar a resposta à infusão de fluidos é realizando a elevação passiva das pernas (Passive Leg Raising). Ao abaixar o decúbito dorsal de 45º para o plano horizontal e elevar as pernas 45º do plano horizontal, podese avaliar a variação do débito cardíaco por métodos que avaliam a onda de pulso (ex: Vigileo®) ou através do uso de ecocardiograma. Um aumento de 10% do débito cardíaco após 1 minuto do teste prediz resposta à expansão volêmica.4 Este método pode ser, no entanto, limitado nos pacientes vítimas de traumas graves por conta das lesões associadas. 5. Reposição volêmica guiada por metas Tendo em vista as técnicas de avaliação de fluidorresponsividade, é possível estabelecer uma abordagem da reposição volêmica intraoperatória guiada por metas macro e micro-hemodinâmicas. Um alvo pressórico deve sempre estar incluso na criação de um protocolo de terapia guiada por metas. Um valor de pressão arterial média de 65 mmHg como alvo pressórico em indivíduos previamente normotensos parece adequado para evitar que a hipotensão leve à diminuição da perfusão cerebral e coronariana. O tratamento da hipotensão deve levar em conta critérios de fluidorresponsividade (ex: delta PP ou VVS) e índices de perfusão tecidual, como o lactato (objetivando a normalização ou o “clareamemento”do lactato). A saturação venosa central de oxigênio está diretamente relacionada com a extração tecidual de oxigênio e ao balanço entre oferta e demanda de oxigênio. Essa medida indica o quanto de oxigênio é extraído pelos órgãos antes de retornar para as câmaras direitas do coração. Estados de baixo débito cardíaco e de hipovolemia são causas de Saturação Venosa Central abaixo de 70%. Apesar de muito utilizada no passado, a saturação venosa central vem sendo substituída pelas medidas de monitorização hemodinâmica funcional. Outro parâmetro útil para guiar uma terapia por metas é a diferença arteriovenosa de CO2, que está proporcionalmente relacionada à produção de CO2 e inversamente relacionada ao débito cardíaco. Estudos demonstraram que, quando a diferença arteriovenosa de CO2 foi superior a 6 mmHg, houve piora dos desfechos clínicos dos pacientes, apesar de uma saturação venosa central superior a 70%. 6.Conclusão: Em pacientes de alto risco pré-operatório, politraumatizados ou submetidos a cirurgias de grande porte, a administração de fluidos, levando em consideração parâmetros da macro e micro-hemodinâmica guiados por metas, parece ser a abordagem ideal para evitar a hipovolemia ou a administração excessiva de fluidos. A transfusão deve ser considerada em pacientes com choque hemorrágicos graus III e IV para garantir a oferta de oxigênio e evitar a disóxia celular.

Roseny dos Reis Rodrigues - Anestesiologista e intensivista do Hospital das Clínicas da FMUSP e Hospital Israelita Albert Einstein-SP; Título Superior de Anestesiologia pela SBA; Título de Especialista AMIB; Doutorado pela Universidade de São Paulo

Referências: 1. Vane MF, Junior PN, Vane LA. Composição Corporal e Princípios da Reposição Volêmica. Tratado de Anestesiologia SAESP. 8ª edição. Rio de Janeiro; Atheneu; 2017. p 1501-1514. 2. Marino PL. Ressuscitação com Coloides e Cristaloides. Compêndio de UTI. 4ª edição. Porto Alegre; Artmed, 2015. p 209-228. 3. Rocca GD, Vetrugno L, Tripi G, Deana C, Barbariol F, Pompei L. Liberal or restricted fluid administration: are we ready for a proposal of a restricted intraoperative approach? BMC Anesthesiol. 2014 Ago 1; 14:62. 4. Freitas F. Monitorização hemodinâmica funcional. Medicina Intensiva Abordagem Prática. 2ª edição. Barueri 2015. p 116-123. 5. Stefano Barelli and Lorenzo Alberio. The Role of Plasma Transfusion in Massive Bleeding: Protecting the Endothelial Glycocalyx? Front Med (Lausanne). 2018; 5: 91. Published online 2018 Apr 18. doi: 10.3389/fmed.2018.00091.


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Cursos

DSTC e DATC são realizados no país Disciplina Cirurgia do Trauma FCM Unicamp

e, com esse curso, podemos realizar esse treinamento”, diz. O curso, que foi realizado na Legolândia, FCM – Unicamp, no Hotel Vitória Express e também no Núcleo de Cirurgia Experimental, na Unicamp, abrangeu uma programação específica para os anestesistas, composta por parte teórica e prática. Em Maceió, o Curso DSTC foi realizado entre os dias 18 e 20 de maio, no Centro de Convenções do Hotel Jatiúca Maceió, onde aconteceram as atividades teóricas, e no CESMAC (Centro de Ensino Superior de Maceió), onde houve as atividades práticas. O curso DSTC de Maceió recebeu 18 alunos e contou com a participação dos Instrutores Carlos Mesquita, de Coimbra (Portugal), diretor do curso, Henrique Alexandrino (também de Coimbra), Tadeu Gusmão Muritiba (Maceió/AL), Sizenando Vieira Starling (Belo Horizonte/MG) e Amauri Clemente da Rocha (Maceió/AL), coordenador local do curso.

Participantes e Instrutores DSTC DATC em Campinas

Membro Honorário SBAIT é novo presidente da ESTES O membro honorário internacional da SBAIT Dr. Carlos Mesquita é o novo presidente eleito da ESTES (European Society for Trauma and Emergency Surgery) para o biênio 2019-2020. A eleição ocorreu no início do mês de maio, em Valência (Espanha), no decorrer do 19º Congresso Europeu de Trauma e Cirurgia de Emergência. Dr Carlos Mesquita é cirurgião do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e, frequentemente, vem ao Brasil participar dos eventos SBAIT e como instrutor de cursos DSTC. “Não posso deixar de agradecer a todos os que, ao longo do percurso, contribuíram para o culminar desta eleição, esperando estar à altura do que, seguramente, me será exigido, a começar pelo Congresso de Oslo, em 2020, que decorrerá durante a minha presidência”, diz Mesquita, sobre a nova responsabilidade que acabou de assumir. A SBAIT aproveita para parabenizá-lo e desejar muito sucesso em seu novo desafio.

como já é realizado em outros países. O curso reuniu 29 participantes, sendo 21 alunos no DSTC e 8 alunos inscritos no DATC. Para o presidente da SBAIT, Dr José Mauro da Silva Rodrigues, a união dos dois cursos é muito significativa. “É importante que as equipes trabalhem em conjunto, especialmente os anestesistas,

Internacional Simpósio de Cirurgia de Urgência é realizado em São José dos Campos/SP Ocorreu no dia 22 de maio, em São José dos Campos /SP, o Simpósio Internacional de Cirurgia de Urgência, com a presença de quatro convidados internacionais. Após a abertura do evento, feita Prof. Luis Antonio Vani, diretor da Faculdade de Ciências Médicas de São José dos Campos, Humanitás, o Dr Henrique Alexandrino (Departamento de Cirurgia – Hospitais da Universidade de Coimbra / Portugal) deu início à programação com a palestra: “Novos Endpoints de Reanimação: ouvir a célula e não os vasos”. Na sequência, o Dr. Luis Vale (anestesiologia – Hospital Nélio Mendonça – SESARAM – Madeira / Portugal) apresentou sobre o tema “MRMI – a doutrina em catástrofe: Experiência em Madeira” “O papel do anestesiologista no Damage Control Surgery” foi apresentado por Dr. Sergio Baptista, anestesiologista – Hospitais da Universidade de Coimbra / Portugal. Em seguida, Dr Carlos Mesquita (Cirurgia Geral/Cirurgia de emergência – Hospital da Universidade de Coimbra/ Portugal) apresentou a palestra “Do ATLS

ao ETC – Haverá lugar para ambos os cursos? “. A programação encerrou-se com um debate que reuniu os participantes e foi moderado por Dr Gustavo P. Fraga, coordenador do Comitê de Prevenção da SBAIT. O evento foi realizado na Humanitas – Faculdade de Ciências Médicas de São José dos Campos e reuniu 170 participantes, entre médicos e estudantes de medicina. A organização ficou por conta dos membros da SBAIT Dr. Danilo Stanzani e Dr. Marcos Antonio da Silva. SBAIT

Entre os dias 24 e 26 de maio, ocorreram em Campinas /SP, os cursos DSTC (Definitive Surgical Trauma Care/ Cuidados Definitivos na Cirurgia de Trauma) e DATC (Definitive Anaesthetic Tr a u m a C a r e C o u r s e / C u i d a d o s Definitivos de Anestesia no Trauma). É a primeira vez no Brasil que o curso DATC é realizado simultaneamente com o DSTC,

Membros SBAIT estiveram presentes no evento


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Campanha

SBAIT realiza ações de prevenção a queimaduras durante festas juninas Evento reuniu mais de 30 alunos, entre médicos e residentes Atenta à época de comemorações de festas juninas e julinas, que ocorreram nos meses de junho e julho em todo o país, a SBAIT, juntamente com as Ligas de Trauma e o Programa Salvando Vidas (CoBraLT / SBAIT), realizou a campanha de prevenção de queimaduras, visto que é comum, durante as festas, o uso de fogos de artifício e brincadeiras com fogueiras. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, queimaduras são a quarta maior causa de morte entre as crianças, devido à falta de noção do risco e das sequelas causadas por esse trauma. De acordo com a SBAIT, a maior parte (62,1%) das ocorrências relacionadas à queimadura ocorre dentro do ambiente doméstico e, através de cuidados simples, pode-se evitar a maioria dessas ocorrências. Como prevenção é o caminho mais seguro e menos custoso, a Liga do Trauma

da Unicamp, juntamente com os Bolsistas SAE – Unicamp, organizou uma campa-

nha do Salvando Vidas para conscientizar a comunidade acerca das formas de se evitar e dos riscos de traumas causados por queimaduras. Para atingir esse propósito, foi lançado um folder e um vídeo, que intensificaram as ações de divulgação nas mídias sociais, trabalhando com a sociedade dicas de prevenção e cuidados no manuseio da vítima. A campanha teve como objetivo levar instruções simples que, ao serem adotadas, auxiliam a evitar esses traumas, esclarecer e impedir a propagação de mitos de utilização de substâncias caseiras, como borra de café e pasta de dente, muito comumente aplicadas em queimaduras.As ações alcançaram cerca de 45.000 pessoas durante o período de divulgação. Para conferir o material, acesse http:// blog.sbait.org.br.


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Ligas do Trauma

P.A.R.T.Y. Brasil continua conscientizando jovens sobre escolhas corretas no trânsito CoPELT

297 participantes, de sete instituições de ensino da cidade e região, que se tornaram multiplicadores da prevenção no trânsito O objetivo do programa é fazer com que o jovem veja, controle e diminua os riscos potenciais de trauma no trânsito, alertando-o sobre a importância de fazer escolhas corretas e refletindo sobre as consequências em seu futuro. Existem vários núcleos do Programa P.A.R.T.Y. Brasil em diversas regiões do país, sobre orientação da SBAIT. Para saber mais informações sobre o Programa e como implantar um em sua região, entre em contato pelo site: https://programapartybrasil. wordpress.com/contato/

Curso de Trauma internacional marca Pré-CoLT em Campinas

P.A.R.T.Y. Campinas

O Programa P.A.R.T.Y. tem como missão a conscientização de jovens frente aos riscos no trânsito relacionados a atitudes impensadas e seus agravos à saúde, em

Nos dias 22 a 24 de maio, a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, recebeu cerca de 366 participantes das áreas de medicina, enfermagem e fisioterapia, no Curso de Trauma – Pré XX Congresso Brasileiro de Ligas do Trauma (Pré CoLT). O evento contou com a organização das Ligas do Trauma da Unicamp e da PUC Campinas e fez parte de uma das ações do movimento Maio Amarelo, trazendo conteúdo acadêmico-científico aos profissionais que atuam no atendimento ao traumatizado desde o Pré Hospitalar até a Reabilitação. O Curso de Trauma – Pré XX CoLT recebeu, no total, mais de 60 palestrantes renomados, entre eles, quatro palestrantes de Portugal, sendo dois cirurgiões (Carlos Mesquita e Henrique Alexandrino) e dois anestesistas (Sérgio Baptista e Luis Vale) e os membros da atual diretoria da SBAIT, o presidente Dr José Mauro Rodrigues, o diretor do Comitê de Prevenção Dr Gustavo Fraga, e a diretoria do Comitê de Desastres Dra Josiene Germano, dentre muitos outros excelentes profissionais que acrescentaram muito conhecimento.

plano individual e coletivo. Desenvolvido por Ligas do Trauma de todo o País, ele já atingiu milhares de jovens. Neste ano, apenas no P.A.R.T.Y. Ribeirão Preto, foram

SBAIT RS

Membros SBAIT durante o evento

Nos dias 25 e 26 de maio, ocorreu o IV Simpósio Gaúcho de Emergência e Trauma (PRÉ-CoLT), organizado pelas Ligas Acadêmicas do Trauma das Universidades da Região Metropolitana de Porto Alegre – PUCRS, ULBRA, UFCSPA e UFRGS. O evento foi realizado na sede da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) e contou com mais de 600 inscritos e o apoio da SBAIT.

O Simpósio encontrase em sua quarta edição e apresenta, como objetivo, inte­ grar profissionais es­ pecialistas nas áreas de emergência e trauma, como bombeiros, enfermeiros, psicólogos, médicos emergencistas e cirurgiões. Nesse evento, foram abordados temas como atendimento pré-hospitalar, novas tecnologias utilizadas no âmbito da emergência, múltiplas vítimas, mindset do emergencista e condutas em trauma abdominal. Além disso, foi tema de discussão multiprofissional o acidente ocorrido na Boate Kiss, em Santa Maria – RS, o qual completa cinco anos e classificase como a maior mobilização do serviço de saúde pré-hospitalar do estado do Rio Grande do Sul.

Liga do Trauma da Unicamp

Arquivo SBAIT RS

Pré-CoLT reúne grande público

Evento reuniu 366 participantes


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Agenda

 TRAUMA Teleconferência SBAIT - ÚlTRAUMA Teleconferência SBAIT - Última quarta-feira de cada mês, das 17h às 18h (horário de Brasília). Mais informações: secretaria@sbait.org.br.  Pan American Trauma Tele-Grand Rounds - Todas as sextas-feiras, casos apresentados por diferentes instituições, via Telemedicina, com início programado em horários intercalados. Mais informações: fkuchkarian@med.miami.edu.  Emergência RS - Desastres e Catástrofes - De 16 a 18 de agosto de 2018, no Hotel Continental - Porto Alegre/RS. Informações: http://emergenciars.com.br/  XIII Congresso SBAIT/XX Congresso CoLT - De 23 a 25 de agosto de 2018, em Curitiba/PR. Informações e inscrições: http://www.sbait2018.

Event

os

com.br.  XIX Congresso de Cirurgia do Rio de Janeiro - Tema Central: “A Cirurgia na Era da Inovação”, XXXIII Fórum de Pesquisa em Cirurgia - Curso do American College of Surgeous: Revisão em Cirurgia Geral Baseada em Casos Clínicos - Dias 11 a 15 de setembro de 2018, no Centro de Convenções do Windsor Flórida Hotel, Flamengo, RJ. Informações: https://congressocirurgiacbcrio.com.br.

 VI Congresso Brasileiro de Medicina de Emergência Adulto e Pediátrico - ABRAMEDE 2018 - Dias 25 a 28 de setembro de 2018, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza/CE. Informações: http://www.abramede2018. com.br/.  77th Annual Meeting of AAST and 4th World Trauma Congress - De 26 a 29 de setembro de 2018, Manchester Grand Hyatt, San Diego, CA. Informações: https://www.world-coalition-trauma-care.org.  IX Congresso Internacional de Atualização em Neurociências - De 04 a 06 de outubro de 2018 no Hospital Israelita Albert Einstein - Morumbi - São Paulo - SP. Informações:www.einstein. br/eventos/neurociencias . *Associados SBAIT possuem 10% de desconto no valor da inscrição.


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