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Plano Nacional de Cinema

O filme da minha vida

A lista de filmes poderia ser longa, pois são muitos os filmes que nos tocam. No entanto, dado o tema solicitado, escolhi “Os condenados de Shawshank”, do realizador Frank Darabont. A história tem como cenário o interior de uma prisão e as diversas interações que ali são estabelecidas entre prisioneiros, guardas e o diretor. Interações, onde a violência está sempre presente, mas onde o companheirismo, o respeito e a lealdade por vezes também acontecem. Encontramos duas personagens principais – Andy Dufresne (Tim Robbins) que é um banqueiro acusado e condenado pelo homicídio da mulher e do seu amante. Andy, que garante ser inocente, é enviado para a prisão de Shawshank, onde cumpre a sentença de prisão perpétua. Ali estabelece uma longa amizade com o prisioneiro Red Boyd (Morgan Freeman) que é o narrador desta história e que também está condenado com a mesma pena. Andy, com formação superior na área das finanças, torna-se uma peça importante num esquema de fuga aos impostos entre os guardas e de lavagem de dinheiro realizado pelo diretor de Shawshank (Samuel Norton). Acaba por encontrar dentro da prisão uma testemunha para o seu caso, inocentando-o da acusação de homicídio, mas a sua importância em garantir a manutenção dos esquemas ilícitos dentro da prisão levam o diretor a recusar a reabertura do seu processo. (Re)ver este filme faz todo o sentido neste tempo, um tempo em que muitas vezes ouvimos vozes a reclamar pelo regresso da prisão perpétua e até da pena de morte, apesar de Portugal ser um dos países mais seguros do mundo. É um filme sublime porque nos permite uma profunda reflexão sobre a desumanização do ambiente prisional e, sobretudo, da prisão perpétua. São vidas sobre quem se impôs uma sentença longa e, praticamente definitiva, mas sem qualquer possibilidade de reabilitação. Mesmo que alguns, já velhos, consigam a liberdade condicional, como aconteceu com um dos protagonistas, na verdade a institucionalização prisional limitalhes a capacidade para sobreviverem em sociedade. Não têm amigos cá fora, já não têm familiares à sua espera e a própria sociedade não tem mecanismos para os acolher. Os Estados com prisão perpétua ou pena de morte encaram o individuo como pessoa que tem apenas de ser castigada e não recuperada. E assim temos estados que satisfazem apenas a vontade de vingança por parte das vítimas e dos seus familiares, mas que são incapazes de exercer a justiça num plano mais equilibrado. E esse equilíbrio implica reabilitação, a qual deveria ser sempre acompanhada de uma avaliação psicológica séria, garantindo-se desta forma a oportunidade de se seguir um novo caminho depois de se ter cumprido uma pena. Portugal tem um sistema judicial que prevê castigo e recuperação e, apesar de muitas limitações e necessárias correções, apresenta uma taxa de criminalidade

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