Revista Em Família nº56

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INSPETORIA SANTA CATARINA DE SENA

Inspetoria Santa Catarina de Sena

| Ano 40 | n° 56 maio junho julho e agosto | São Paulo | SP

Educadores sem fronteiras: compromisso com a Educação Salesiana


Editorial “Eu sou sempre uma missão; Tu és sempre uma missão” Prezados Leitores, estamos para iniciar o Mês Missionário Extraordinário com o tema: “Batizados e enviados: A Igreja de Cristo em missão no mundo” e também com o Sínodo Pan-Amazônico, que tem como tema: “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. São dois eventos convocados pelo Papa Francisco: feliz coincidência para a Igreja continuar assumindo sua natureza missionária. Dom Bosco, ao fundar o nosso Instituto, transmitiu-lhe um patrimônio espiritual inspirado na caridade de Cristo, Bom Pastor e imprimiu-lhe um forte impulso missionário. Assegurando a missionariedade do Instituto, o Artigo 75 das Constituições do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, diz: “A dimensão missionária – elemento essencial da identidade do Instituto e expressão de sua universalidade – está presente na nossa história, desde as origens. Fazendo-nos presença de Igreja, contribuímos para maturar nesses nossos irmãos – especialmente nos jovens – a experiência do amor pessoal de Deus, que poderá fazer nascer neles o desejo de acolher o Evangelho e de ser, por sua vez, testemunhas e apóstolos”. Quantas Filhas de Maria Auxiliadora, no decorrer dos 147 anos de vida do Instituto, testemunharam a fé em Jesus Cristo, foram capazes de anunciar a Boa Notícia do Reino com alegria e audácia e souberam doar suas vidas até as últimas consequências pela salvação das pessoas, sobretudo das juventudes! Isso é SANTIDADE! Santa Maria Domingas Mazzarello tinha um único desejo: “Tornar Jesus conhecido e amado”. Hoje, Papa Francisco, nos convida a ser missionárias e missionários, tendo a certeza de que: “Eu sou sempre uma missão; Tu és sempre uma missão; Cada batizada e batizado é uma missão”. Maria, Estrela da nova Evangelização e Missionária do Pai, abençoe todos os missionários e missionárias e abra os nossos corações para a coragem e a audácia na missão educativoevangelizadora. Rezemos pelo bom êxito do Sínodo Pan-Amazônico! Fraternalmente,

Ir. Helena Gesser Redação, produção e distribuição Ir. Maria de Lourdes Macedo Becker, Andréa Pereira Projeto gráfico Andréa Pereira Capa : Banco de Imagens Revisão Ir. Maria de Lourdes Macedo Becker, Fotos Inspetoria Santa Catarina de Sena Colaboração Irmãs e Comunidades da Inspetoria Santa Catarina de Sena

Contato editorial@fmabsp.org.br

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EM FAMÍLIA | Ano 40 | nº 56

Centro de Comunicação Marinella Castagno Rua Três Rios, 362, Bom Retiro 01123-000 São Paulo | SP Tel. 55 11 3331 7003 www.salesianas.org.br Em Família é uma publicação formativa que divulga e informa sobre o cotidiano das comunidades das Filhas de Maria Auxiliadora na Inspetoria Santa Catarina de Sena, e suas frentes de trabalhos.


Sumário

EDUCADORES SEM FRONTEIRA

Boletim Salesiano

PODCASTING: PROCESSO MIDIÁTICO

Andréa Pereira

Relembre e fique sabendo o que aconteceu em nossas comunidades nos meses de maio, junho, julho e agosto programe-se para as próximas atividades. Divirta-se, emocione-se, Em Família.

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DOM BOSCO E SUA PEDAGOGIA DA ALIANÇA

Ir. Celene Couto

SUPERPROTEGER É PREVINIR?

Renata Lela

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Editorial Capa Artigo Registro É Festa Lembrança

Cartas Que surpresa linda, e motivo de orgulho para nós, a notícia da inauguração do MEMORIAL DAS FMA DO BRASIL! Parabéns! Um abraço do tamanho da iniciativa ímpar desse Memorial, extensivo à Ir. Helena e a todas as FMA que fazem a Inspetoria de São Paulo. Com carinho e gratidão sua Ir. Edneth Muito obrigado pelo envio da “Revista em Família”. Realmente, repleta de gestos de ressurreição. Parabéns. Um abraço fraterno, P. Asídio.

Muito linda a Revista Em Família! Os conteúdos são muito pertinentes não só para informação, mas, sobretudo, para a formação pessoal. Obrigada pelo trabalho competente.

Ir. Adair Aparecida Sberga

Grazie di cuore delle belle notizie che ci mandi. Con affetto e un abbraccio sr. Piera Cavaglià

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Educadores sem Fronteiras Por Boletim Salesiano

Articulado pelo Vides (Voluntariado Internacional Mulher, Educação e Desenvolvimento), o projeto “Educadores sem fronteiras” levou professores brasileiros a promoverem um seminário sobre espiritualidade e pedagogia salesiana em Angola, na África. ano 69 – setembro 2019

Durante as férias de julho, um grupo de 12 educadores da Rede Salesiana Brasil (RSB) e do Centro Universitário Teresa D’Ávila (Unifatea), pertencentes à Inspetoria Santa Catarina de Sena, foi até Angola, na África, para transmitir alegria e conhecimento. O grupo “Educadores sem fronteiras”, articulado pelo Vides São Paulo, realizou o 4 | Em Família

Seminário Internacional de Espiritualidade e Pedagogia na Prática da Educação Salesiana, que ocorreu nos dias 17 a 25 de julho, nas cidades de Luena, província de Moxico, e Cacuaco, em Luanda. No total, cerca de 400 professores angolanos participaram do seminário. Foram momentos intensos de reflexão


Capa e troca de experiências, aprofundando diversos temas sobre educação. Uma experiência rica e representativa da proposta de voluntariado educativo salesiano, conforme explica na entrevista a seguir a irmã Metka Kastelic. Natural da Eslovênia, ela chegou ao Brasil em 2014, com a missão de revitalizar o Vides São Paulo, do qual é hoje a coordenadora. A experiência já vinha de sua terra natal, onde acompanhava grupos de voluntariado, entre eles os que anualmente iam para as casas das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) em Angola. “A minha paixão pela África me acompanha desde 2002, quando pela primeira vez a visitei, ainda como uma jovem vocacionada”, afirma.

voluntariado, isso é sobretudo uma forma de partilha entre as inspetorias das FMA do mundo todo. [É nesse contexto que] há um ano nasceu o projeto “Educadores sem fronteiras” com os professores voluntários, articulado pelo Vides São Paulo com o objetivo de formar, orientar e transmitir um pouco do que somos, conhecemos e ensinamos, dando a nossa contribuição para transformar a sociedade. Em parceria com a RSB e a Unifatea, selecionamos os educadores das presenças das FMA em São Paulo, com os quais preparamos a proposta de um seminário para a realidade das escolas salesianas, católicas e, também, da rede pública de Angola.

Ir. Metka, o que é o projeto “Educadores sem fronteiras”? A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo, afirmou Nelson Mandela, e para nós que fazemos parte da Família Salesiana educar e evangelizar são uma vocação; é o nosso modo de ser e de viver. A Madre-geral, irmã Yvonne Reungoat, estimula muito o

Como foi a preparação do projeto? A realização de um projeto certamente depende do empenho na preparação, do investimento e da paixão de todos os que estão vivenciando a proposta. O “Educadores sem fronteiras” conta com três fases: preparação, realização e pós-vivência. Na parte

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preparatória de seis meses tivemos cinco encontros e muito trabalho individual ou em equipe. Cada membro financiou sua passagem, o visto e as vacinas. Junto com os patrocinadores providenciamos kits para os 400 professores angolanos que participaram do Seminário. Além disso, levamos livros e materiais didáticos e uma doação financeira que será aplicada em uma nova escola de cursos profissionais na periferia de Luanda. A senhora poderia explicar o que é o Vides? O Vides é uma associação de voluntariado internacional promovida pelo Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, com Estatuto Consultivo nas Nações Unidas (ONU). A sigla Vides é originalmente na 6 | Em Família

língua italiana (Volontariato Internazionale Donna Educazione Sviluppo - Voluntariado Internacional Mulher, Educação e Desenvolvimento), pois a fundação ocorreu na Itália, em 1987. Inspiramonos no projeto educativo salesiano para responder as exigências locais, agindo para a promoção de mulheres, jovens e crianças em condições de vulnerabilidade social, através da implementação de intervenções educacionais e de treinamento, cooperação com países em desenvolvimento e voluntariado. O Vides trabalha para a construção de um mundo em que cada indivíduo possa levar uma vida digna, baseada na distribuição equitativa de recursos materiais e intelectuais, capaz de determinar seu presente e seu futuro por meio da igualdade de oportunidades.


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O Vides deseja criar condições para que todos possam acolher o convite do Papa Francisco “a não ficar olhando a vida do balcão”, mas descer e estar no meio de quem está excluído das oportunidades sociais. Acredito que o humanismo salesiano tem ótimas bases para que a prática do voluntariado (seja missionário, social ou educativo) desperte o generoso povo brasileiro.

que a nossa porta está sempre aberta também para as pessoas de outras religiões ou de boa vontade que tenham o desejo de participar e contribuir nos projetos de voluntariado, para que juntos possamos unir forças e traçar os caminhos de fraternidade universal e de paz. Todos estão convidados a conhecer nossos projetos e propostas no Facebook videssaopaulo ou Instagram: @videssp.

Como um jovem ou um educador salesiano pode participar do Vides? As propostas do voluntariado Vides são desenvolvidas em colaboração com o âmbito da Pastoral Juvenil Inspetorial da Inspetoria Santa Catarina de Sena, em São Paulo. Este ano o nosso tema-guia são os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Destaco

Por Boletim Salesiano ano 69 setembro 2019

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“Chegamos com muita expectativa, no sentido de partilhar o pouco que tínhamos com os professores locais, e volto com a certeza de que aprendi muito mais do que ofereci. A experiência foi fantástica, em todos os níveis, tanto na questão da discussão e dos aspectos teóricometodológicos, a gestão pedagógica, aplicação dos planos, a discussão que pensamos para o Seminário, mas principalmente na experiência de vida. Sinto que saímos mais vivos, mais atentos à formação individual e coletiva de pessoas, em especial dos jovens os quais temos compromisso de educar todos os dias.” Alan Nardi – Instituto Nossa Senhora Auxiliadora – INSA, Araras

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“Sou professora do Me inscrevi no ‘Profe no início do ano e pa foi uma experiência formações dos pro e a palavra que m que vivemos é ‘apr tanto e a todo mo Salesianas e com educativa! Os an sabem acolher, sab têm sem se import sabem festejar co repletos de arte.”

Tatyane Requena – Jose dos Campos


o ensino fundamental I. essores sem fronteiras’ articipar deste projeto a única! Participei das ofessores em Cacuaco melhor descreve tudo rendizagem’. Aprendi omento com as Irmãs m toda comunidade ngolanos realmente bem partilhar o que tar com a quantidade, omo ninguém e são

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“Viemos com o intuito de ser formadores, mas saio daqui hoje como uma pessoa formada, no carinho Salesiano, no amor fraternal e na humanidade. Trabalhamos aqui com várias pessoas de distintas maneiras, uma cultura diferente e saio hoje com uma visão completamente mudada e com carinho no coração”. Marco Aurélio Tupinambá – Unifatea, Lorena

– Instituto São José, São

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Artigo

A Santidade na Escola de Dom Bosco – 2ª. parte Por ALDO GIRAUDO, SDB - UPS (ROMA) Traduzido por Ir. Vilma Bertini

SEGUNDA PARTE 3. MORTIFICAÇÃO DOS SENTIDOS E ASCESE APOSTÓLICA Apesar das aparências, a proposta da santidade “fácil”, não é para Dom Bosco uma diminuição de qualidade. De fato: - supõe como ponto de partida a conversão do coração e a totalidade da “entrega a Deus”; - é caracterizada por uma atitude volitiva e batalhadora; - exige um constante controle de si mesmo, mediante o exame de consciência diário e a 10 | Em Família

prática regular e frequente do sacramento da reconciliação; - implica uma entrega confiante ao “fiel amigo de sua alma”, o confessor-diretor espiritual. A ascese, como caminho de santidade, era proposta, por Dom Bosco, aos jovens numa prospectiva adaptada à condição de cada um, corrigindo os possíveis desvios de uma espiritualidade mal-entendida e reconduzindoos continuamente à vivência concreta do cotidiano, que não deve ser apenas acolhido, mas abraçado com alegria, segundo o próprio


Artigo estado de vida. Ele retomou e aplicou à condição juvenil a sensibilidade humanista e o ensinamento de São Francisco de Sales. Apresentou assim, um tipo de “mortificação positiva” da qual estavam eliminadas as intemperanças e inúteis austeridades, embora permanecendo exigente, pois centralizada na vivência concreta do dia-a-dia e nos deveres de estado. Ele considerava um leque muito grande de deveres, todos ligados à própria condição: “deveres de piedade, de respeito e obediência para com os pais e de caridade para com todos”. Consequentemente “sugeria aos jovens alunos não os jejuns e austeridades de própria escolha, mas a diligência no estudo, a atenção na escola, a obediência aos superiores, a suportação dos incômodos da vida como o calor, frio, vento, fome, sede”, superando-os não como imposição externa de uma força maior mas acolhendo-os serenamente “por amor de Deus”. No mesmo nível, ele colocava os deveres derivados do preceito evangélico da caridade: usar de “bondade e caridade” para com o próximo, suportar seus defeitos, “dar bons conselhos”, “fazer favores aos colegas, levarlhes água, lustrar os sapatos, servir à mesa [...], varrer o refeitório, o dormitório, transportar o lixo, carregar pacotes e baús”. Todas estas coisas, segundo Dom Bosco, devem ser feitas “com alegria” e “com satisfação”. De fato “a verdadeira penitência não consiste em fazer aquilo que nos agrada, mas no fazer aquilo que agrada ao Senhor e que serve para promover a sua glória”. Portanto, o valor espiritual destas situações existenciais fica garantido pela intenção com a qual as enfrentamos e pela finalidade que lhes atribuímos: O que deverias sofrer por necessidade -lembra a Domingos- oferece-o a Deus e se tornará virtude e merecimento para

tua alma”. Dom Bosco concorda com Santa Teresa de Lisieux ao prospectar a perfeição como o “viver a caridade”, tornando-a concreta no serviço para com o próximo, sem interesses egoístas, vivendo amavelmente, tranquilos e fiéis aos seus deveres mesmo entre contrariedades e sofrimentos. A mortificação, proposta por Dom Bosco, portanto, é antes de tudo um instrumento ascético com o objetivo de dominar as pulsões dos instintos, controlar os sentidos, corrigir os defeitos e construir as virtudes. Mas possui também uma conotação mística, pois cresce em proporção ao grau de caridade interior: “Quando o amor de Deus toma posse de um coração, nenhuma coisa do mundo, nenhum sofrimento o aflige, pelo contrário, cada sofrimento da vida se transforma em consolação. Nos jovens corações já nasce um nobre pensamento: na vida se sofre por uma grande causa e, no céu, está reservada uma gloriosa recompensa pelos sofrimentos vividos na terra”. A prospectiva amorosa na qual Dom Bosco propõe a ascese dos próprios deveres se fundamenta naquele “dar-se totalmente a Deus”, sobre o qual já falamos, como sendo a forma substancial (batismal) da vida cristã assumida com decisão e entusiasmo. Deste movimento interior resulta necessariamente, uma vivência de caridade alegre e ardente, um fervor operativo intenso e sereno. Esta absoluta decisão de doar-se, que faz o cristão entrar naquele estado de plena obediência ao Pai, própria de Cristo na condição de servo, assumida livremente por amor, ilumina de nova luz o sentido e o valor das ações cotidianas. Assim, é exemplar a experiência de Miguel Magone: se antes ele deixava com tristeza as queridas recreações para ir fazer seus deveres, sentidos como um peso (Vite, 119), depois se poderá vê-lo “correr em primeiro lugar para os maio | junho| julho e agosto 2019


Artigo A prospectiva amorosa na qual Dom Bosco propõe a ascese dos próprios deveres se fundamenta naquele “darse totalmente a Deus”, sobre o qual já falamos, como sendo a forma substancial (batismal) da vida cristã assumida com decisão e entusiasmo. Deste movimento interior resulta necessariamente, uma vivência de caridade alegre e ardente, um fervor operativo intenso e sereno. Esta absoluta decisão de doar-se, que faz o cristão entrar naquele estado de plena obediência ao Pai, própria de Cristo na condição de servo, assumida livremente por amor, ilumina de nova luz o sentido e o valor das ações cotidianas. lugares onde o dever o chama, com o desejo de realizar tudo sempre bem [.....] com diligência e aplicação”. Domingos Sávio, fortemente emocionado pela irreprimível experiência interior desencadeada pela homilia sobre a santidade e pressionado interiormente pela “necessidade de ser inteiramente do Senhor”, se sentia levado “a fazer rígidas penitências, passar longas horas em oração”. Dom Bosco, pelo contrário, o exortou a manter uma “constante e serena alegria”, a “ser perseverante em seus deveres de piedade e estudo”. A “participar sempre das recreações com seus companheiros”; ao mesmo tempo o orientou para a ação apostólica: “a primeira coisa que lhe foi aconselhada para tornar-se santo, foi o de empenhar-se para conquistar almas para Deus”. 12 | Em Família

Como outros santos do ‘800’, convencido de que a ação da graça leva para uma vivência fecunda de virtudes morais, de santa operosidade e de obras de caridade, Dom Bosco preferia o esforço da vontade no bem, a operosidade alegre e virtuosa, o relacionamento amigável e serviçal e, sobretudo, a caridade apostólica: “o zelo pelo bem das almas”, para “instruir as crianças nas verdades da fé”, para “ganhar toda a humanidade para Deus”. Todavia, esta tendência ascético-operativa, esta predileção pelo fervor pastoral e missionário em Dom Bosco não se opunham à continua comunhão interior com Deus; ele não negligenciava a oração de união, pelo contrário voltava-se docilmente às inspirações do Espirito Santo e neste clima orante, formava os seus discípulos. 4. VIVER NA PRESENÇA DE DEUS Aqui se insere o tema da oração, entendida por Dom Bosco como relação amorosa, comunhão de pensamentos, afetos e sentimentos com Deus. Ele dizia: “ Rezar é elevar o próprio coração a Deus e entreter-se com Ele por meio de santos pensamentos e devotos sentimentos”. Portanto, a oração que ele promovia tinha, como primeiro objetivo a elevação do espirito e a invocação da graça para resistir às tentações, desapegar o coração do pecado, crescer na virtude. Neste sentido. desenvolveu um método de oração que valorizava as práticas comuns de piedade como caminho eficaz para chegar “ao espírito de oração” (assim ele o chamava). As orações da manhã e da noite, as frequentes invocações ou jaculatórias, ao longo do dia, as leituras espirituais, as cotidianas “visitas” na capela, os tríduos, as novenas, os retiros mensais e os exercícios espirituais eram, práticas orientadas a criar e incrementar uma constante conversação


Artigo interior e uma ligação afetuosa, e a alimentar um sentido adorante da presença de Deus para assim, entrar em um “estado” de contínua comunhão. Também nisto, o nosso Fundador insiste sobre a facilidade e a simplicidade, convidando a preencher o dia com breves momentos de oração, desde o alvorecer até a conclusão do dia, para que cada ação “diligentemente” realizada, fosse “orientada” e oferecida ao Senhor . Olhando as páginas do ‘Giovane Provveduto’ (‘Jovem instruído’), os livros que escreveu, assim como os Regulamentos dos Salesianos, das Filhas de Maria Auxiliadora, dos Cooperadores não encontramos nada de complicado, pesado, apenas práticas de piedade sóbrias e agradáveis, mas caracterizadas pelo fervor, confiança, amorosa oferta de sí: “Coisas fáceis, que não assustam e não cansam o fiel cristão, em particular a juventude. [...] Façamos as coisas fáceis, mas que sejam feitas com perseverança” (Vite, 135). Ele levava em conta a sensibilidade juvenil e popular e portanto levava em consideração a afetividade, a amizade com Cristo, a ternura materna de Maria. Estava convencido que o educador cristão tinha como tarefa empenharse para “fazer os jovens adquirirem gosto pela oração”. Por isso os exercitava ao pensamento da “presença de Deus”, Pai amorosíssimo, os convidava para elevar, de tanto em tanto, o coração e a mente ao Criador, os encorajava a “conversar familiarmente” com Ele, em qualquer lugar, a exemplo de Domingos Sávio que, “mesmo em meio aos brinquedos mais barulhentos, recolhia seu pensamento e com piedosos afetos elevava seu coração a Deus. Educava também as atitudes externas (o sinal da cruz, a genuflexão, a compostura do corpo durante a oração), queria uma pronúncia clara e calma das palavras, dava grande importância à

música e ao canto sacro, cuidava da beleza dos ambientes dedicados à oração e à harmonia e solenidade das liturgias. Mediante estes simples meios, Dom Bosco objetivava, para si e para os outros, a aquisição de um estado interior de amor permanente, capaz de impregnar os pensamentos, unificar os afetos, orientar as ações. O “estado de oração”, no seu modo de ver, não é somente um “grau” de oração porque está sempre acompanhado por uma tensão voltada ao aperfeiçoamento moral: despojamento, esforço de superação e domínio de si, paciência, vigilância, fidelidade, perseverança no bem, benevolência. É um estado de ânimo recolhido, em um estilo de vida modesto, centrado sobre o essencial, laborioso e caridoso, aberto à ação interior da graça que preserva da dispersão dos pensamentos e da banalidade das modas sem nada subtrair à vivacidade alegre da existência. Cria-se assim uma dimensão interior elevada, a única verdadeiramente capaz de transformar o pátio, a escola, as oficinas e o escritório em lugares salesianos privilegiados do encontro com o Senhor. Deste modo, o Santo Educador deu, radicalmente, um novo significado ao tradicional preceito da fuga mundi dentro de um contexto de modernidade. Graças ao espírito de oração, a fuga do mundo e a imersão no mundo se integram, se harmonizam na doação de si, no assumir responsavelmente o cotidiano, em estilo cristão. Oração, fervor apostólico e mortificação são faces da consagração do coração. “Proposta alta”, feita, por Dom Bosco, também aos discípulos e discípulas na vida consagrada, aos Cooperadores adultos assim como aos jovens mais simples, aos quais exortava: “Coragem, portanto, comecemos logo a trabalhar para o Senhor; teremos alguns sofrimentos neste mundo mas depois será eterno o premio que maio | junho| julho e agosto 2019


Artigo teremos no outro”. Além disso, a sua direção espiritual dava máxima importância à prática sacramental: “considerai, meus jovens, que os dois suportes mais fortes que tendes para vos ajudar a caminhar pela estrada do céu são os sacramentos da confissão e comunhão” (Regulamento, 36). Dom Bosco valorizou os sacramentos numa prospectiva pedagógica e espiritual. A insistência sobre a frequência aos sacramentos é motivada pela consciência da fragilidade humana e da necessidade de sustentar a vontade para dar-lhe firmeza no bem e na virtude; mas também pela convicção da poderosa ação transformadora do Espírito Santo que, agindo por meio dos sacramentos, realiza a purificação radical e cria as condições favoráveis para que o Senhor possa tomar posse do coração” e formá-lo na caridade. Aqui percebemos o motivo da sua insistência sobre a escolha de um confessor estável, de um amigo da alma, ao qual entregar-se para ser orientado nos caminhos do Espírito. Na relação de confiança, o confessor personaliza o programa espiritual: ensina a arte do exame de consciência, forma à contrição perfeita, estimula propósitos eficazes, guia nos caminhos da purificação e das práticas virtuosas, introduz ao gosto pela meditação e a prática da presença de Deus, ensina como conseguir uma fecunda comunhão com o Cristo eucarístico. Confissão e comunhão frequentes estão intimamente ligadas na pedagogia espiritual de Dom Bosco. Com a confissão assídua e regular se promove a vida “na graça de Deus” e se alimenta aquela tensão virtuosa que permite uma aproximação “sempre mais digna” da comunhão; ao mesmo tempo, mediante a comunhão eucarística, a pessoa se polariza em Cristo a fim de que a graça encontre espaço para agir em profundidade, transformar e santificar. 14 | Em Família

Esta preocupação explica o clima afetivo no qual Dom Bosco colocava a devoção eucarística. Durante o ofertório da missa, por exemplo, ele convidava os jovens a retribuir o amor oblativo do Cristo imolado, com o dom de si: “Vos ofereço meu coração, minha língua para que no futuro eu não deseje nem fale de outra coisa a não ser daquilo que diz respeito ao vosso santo serviço”. Assim também, no agradecimento pela comunhão: “Ah, se pudesse ter o coração dos serafins do céu, para que a minha alma ardesse de amor pelo meu Deus” [...] Asseguro que para o futuro vós sereis sempre a minha esperança, o meu conforto, somente vós a minha riqueza [...]. Ofereço-me todo inteiro a vós; ofereço-vos minha vontade, para que não deseje outras coisas senão aquelas que a Vós agradam; vos ofereço as minhas mãos, os meus pés, os olhos, a língua, a boca, a mente, o coração, tudo vos ofereço, guardai todos estes meus sentimentos para que cada pensamento, cada ação não tenha outro objetivo senão o que é de vossa maior glória e vantagem espiritual para a minha alma”. São textos inspirados na literatura devota do tempo, mas se os relacionarmos com os esforços formativos, usados por Dom Bosco, particularmente com o específico modelo de santidade que ele promoveu, adquirem um valor único, porque nos revelam os mecanismos interiores intuídos pelo santo educador para o envolvimento de seus jovens em relação à amizade com Deus e à perfeição cristã. Também a piedade mariana adquire, em Dom Bosco, uma clara e específica função pedagógica, embora mantendo as características típicas da devoção do ‘800. Podemos constatar isto no perfil biográfico de Miguel Magone, onde, a devoção a Maria Santíssima culmina -como diz D.Caviglia- em uma “pedagogia da


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adolescência, que é, portanto e sobretudo, pedagogia da castidade”. Mas não é somente isto. De fato, Dom Bosco narra que Miguel, ao meditar um versículo bíblico escrito sobre uma imagem de Maria -Venite, filii, audite me, amorem Domini docebi vos- sentiu-se inspirado a escrever uma carta ao diretor “onde dizia como a beata Virgem lhe havia feito ouvir sua voz, o chamava para tornarse bom e que Ela mesma queria ensinar-lhe o modo de temer a Deus, de amá-Lo e servi-Lo”. Eis uma correta pedagogia mariana capaz de fazer perceber o apelo interior do Espírito até para um jovem distraído e dissipado, para leválo a uma atividade espiritual mais intensa e nele acender o desejo da santidade. Na vida de Domingos Sávio, a tensão espiritual atinge o vértice com o ato formal e solene do dia 8 de dezembro de 1854, quando o jovem renova as promessas da primeira comunhão e repete: “Maria, vos dou o meu coração; fazei que ele seja sempre vosso! Jesus e Maria, sede

sempre os meus amigos! Mas por piedade, fazei-me morrer, antes que eu caia na desgraça de cometer um só pecado!”. “Tomando assim Maria, como sustentáculo da sua devoção -comenta Dom Bosco- as atitudes por ele assumidas se apresentavam tão edificantes e unidas a atos de virtude, que comecei, desde então, a anotá-las para não esquecê-las”. São estas expressões que revelam a dimensão dinâmica da devoção mariana ensinada por Dom Bosco: uma devoção não alienada do cotidiano, mas integrada nele, capaz de fornecer energias morais e espirituais para a prática do bem, em uma visão de plenitude humana e espiritual -de santidade, portanto- que impregna toda a vida interior e a o agir. CONCLUSÃO Analisei os pontos nodais dinâmicos da proposta de vida e santidade cristã apresentada por Dom Bosco aos jovens. É importante notar que os mesmos dinamismos, caracterizam maio | junho| julho e agosto 2019


Artigo os ensinamentos espirituais do nosso Fundador quando se dirige aos consagrados e consagradas, aos leigos (“Cooperadores”), acentuando sempre a radicalidade cristã e a tensão apostólica. Por exemplo, o formulário da profissão religiosa, inserido na edição italiana das primeiras Constituições Salesianas (1875), tem, na introdução uma declaração que ilustra, de forma evidente, a radicalidade batismal da consagração salesiana, como a entendia Dom Bosco: Professando as Constituições salesianas entendo prometer a Deus aspirar à santificação da alma com a renúncia aos prazeres das vaidades do mundo, com a fuga de qualquer pecado advertido e de viver em perfeita castidade, em humilde obediência, em pobreza de espirito. Sei também que professando estas Constituições devo renunciar a todas as comodidades e a todas as riquezas da vida, e isso unicamente por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem entendo consagrar cada minha palavra, ação, pensamento por toda a vida (Regra 44-45) Escreve Dom Bosco em sua primeira carta circular aos salesianos (09 junho 1867): Cada um deve entrar na Sociedade guiado pelo único desejo de servir a Deus com maior perfeição e de fazer o bem a si mesmo. Entenda-se bem, fazer a si mesmo o verdadeiro bem, bem espiritual e eterno. [...] Nós temos como fundamento as palavras do Salvador que diz: Quem quiser ser meu discípulo venda tudo quanto possui no mundo, dê aos pobres e me siga. Mas aonde ir, onde segui-lo, se não tinha um palmo de terra para repousar sua cabeça cansada? Quem quiser ser meu discípulo, diz o Salvador, siga-me com a oração, com a penitencia, especialmente, renegue-se a si mesmo, assuma a cruz das tribulações cotidianas 16 | Em Família

e me siga [...] Mas até quando segui-Lo? Até a morte e se fosse necessário, até a morte de cruz. É isto que, em nossa Sociedade, faz quem gastar suas forças no sagrado ministério, no ensinamento ou outro trabalho sacerdotal, até mesmo a uma morte violenta de cárcere, exílio, ferro, água, fogo até que, depois de tudo ter suportado ou ter morrido com Jesus Cristo aqui na terra, possa ir gozar com Ele no céu” (Fonti Salesioane 1, 822). Também quando fala aos leigos, Dom Bosco apresenta a perfeição cristã como uma configuração radical a Cristo. De fato, ninguém, escreve ele em 1856, “pode vangloriar-se de pertencer a Jesus Cristo se não se esforça para imitá-lo”. Portanto, em sua vida e em suas ações, deve retratar “a vida e as ações do próprio Jesus Cristo: “deve rezar como Jesus rezava”: como Ele deve estar disponível [...] aos pobres, aos ignorantes, às crianças”, fazendo-se tudo a todos. “Deve tratar o seu próximo, como o tratava Jesus Cristo”; “deve ser “humilde” como Ele e considerar-se “como o menor de todos e como servo de todos”. “O cristão deve obedecer como obedeceu Jesus Cristo, o qual se submeteu a Maria e a São José, ao seu Pai celeste até à morte e à morte de cruz”. “O verdadeiro cristão, ao comer e beber, deve ser como era Jesus Cristo nas núpcias de Caná de Galileia e em Betânia, isto é, sóbrio, temperante, atento às necessidades dos outros”. “O bom cristão deve ser, com seus amigos, assim como era Jesus Cristo com São João e São Lázaro. Deve amá-los no Senhor e por amor de Deus; confiar a eles, cordialmente, os segredos de seu coração; e se eles caem no mal, deve agir com toda solicitude a fim de faze-los voltar ao estado de graça. O verdadeiro cristão deve sofrer com resignação as privações e a pobreza, como as sofreu Jesus Cristo, o qual não tinha sequer


Artigo Chiave del paradiso = GIOVANNI BOSCO, La chiave del paradiso in mano al cattolico che pratica i doveri di buon cristiano, Torino, Tip. Paravia e Comp., 1856. Filotea = FRANCESCO DI SALES, Filotea. Introduzione alla vita devota. Introduzione di Valentín Viguera; traduzione e note di Ruggero Balboni, Roma, Città Nuova, 2009. Fonti salesiane 1 = ISTITUTO STORICO SALESIANO, Fonti salesiane 1. Don Bosco e la sua opera, Roma, LAS, 2014. GP = GIOVANNI BOSCO, Il giovane provveduto per la pratica de’ suoi doveri…, Torino, Tipografia Paravia e Comp., 1847. MO = GIOVANNI BOSCO, Memorie dell’Oratorio di S. Francesco di Sales dal 1815 al 1855. Saggio introduttivo e note storiche a cura di Aldo Giraudo, Roma, LAS, 2011. Regolamento = GIOVANNI BOSCO, Regolamento dell’Oratorio di S. Francesco di Sales per gli esterni. Torino, Tipografia dell’Oratorio di S. Francesco di Sales, 1877. Regole = GIOVANNI BOSCO, Regole o costituzioni della Società di S. Francesco di Sales secondo il Decreto di approvazione del 3 aprile 1874, Torino, Tipografia Salesiana, 1875. Santa Zita = Vita di santa Zita serva e di sant’Isidoro contadino, Torino, Tipografia P. DeAgostini, 1853. BIBLIOGRAFIA Vite = GIOVANNI BOSCO, Vite di giovani. Le Il cattolico = GIOVANNI BOSCO, Il cattolico biografie di Domenico Savio, Michele Magone provveduto per le pratiche di pietà con analoghe e Francesco Besucco. Saggio introduttivo e note istruzioni secondo il bisogno dei tempi, Torino, storiche a cura di Aldo Giraudo, Roma, LAS, 2012. Tip. dell’Oratorio di S. Franc. di Sales, 1868. Caviglia = ALBERTO CAVIGLIA, Il «Magone Michele»: una classica esperienza educativa, in Opere e scritti editi e inediti di Don Bosco nuovamente pubblicati e riveduti secondo le edizioni originali e manoscritti superstiti, a cura della Pia Società Salesiana, vol. 5, Torino, Società Editrice Internazionale, 1965, 129-247 um lugar para apoiar a cabeça. Ele sabe tolerar as contradições e as calúnias, como Jesus suportou as dos escribas e fariseus, deixando a Deus o cuidado de justifica-Lo. Ele sabe tolerar as hostilidades e injúrias, assim como fez Jesus Cristo quando lhe davam tapas, cuspiam na face o insultavam de mil formas no pretório. O verdadeiro cristão deve estar pronto a tolerar os sofrimentos do espírito, assim como Jesus Cristo quando foi traído por um de seus discípulos, renegado por outro e abandonado por todos. O bom cristão deve estar disposto a acolher, com paciência as perseguições, doenças e até a morte assim como fez Jesus Cristo, o qual com a cabeça coroada de penetrantes espinho, com o corpo lacerado pelas chicotadas, os pés e mãos atravessados pelos pregos, colocou em paz sua alma nas mãos do Pai. De modo que o verdadeiro cristão deve dizer com o apóstolo São Paulo: Não sou eu que vivo, mas é Jesus Cristo que vive em mim (Chiave del Paradiso, 20-23). Santidade fácil, portanto, santidade vivida diariamente no cotidiano, com amor e com o sorriso nos lábios. Mas, certamente uma santidade exigente e fecunda de frutos!

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A religião nos primeiros anos de vida Por João Carlos Teixeira

Se compararmos a vida de uma criança ou adolescente a uma pizza, quantos pedaços você acredita que representariam os amigos? A escola? Quantas fatias representariam as redes sociais, a família ou até mesmo a religião? Pois é, o espaço que reservamos para as coisas que compõem nossa vida determinam a importância que damos a elas. Uma pesquisa feita pela Rede Passei Direto, há cercas de cinco anos, com mais de 2.000 jovens, revelou que eles passavam em média 6 horas por dia conectados à internet. Se retirarmos, mais ou menos, 7 horas para dormir, sobrarão 9 horas para estudar, fazer as mais 18 | Em Família

variadas atividades, alimentar-se e, em vários casos, trabalhar. Bom, todo mundo já percebeu que algumas tradições perderam espaço no complexo mundo de hoje. Mas, quando se fala de tradição, parece que estamos tratando de algo velho, ultrapassado, sem sentido e feito apenas para inglês ver. Por isso, é importante refletir sobre o valor que damos a certas coisas. As práticas religiosas (que são diferentes do conceito de espiritualidade, embora sejam parte dele) perderam espaço para outras demandas tidas como mais importantes, e, na esteira destas transformações, as novas gerações têm, em


Artigo certa medida, aberto mão delas – práticas religiosas – por falta de estímulo /ou de fundamentação sobre sua importância. Mas, voltemos um passo atrás em nossa análise: Quando estão sob responsabilidade dos pais ou responsáveis, os filhos têm algumas de suas escolhas feitas por quem os cria, o que é perfeitamente natural. Isso não se chama tirania, pois estamos falando de um período vital em que as noções de escolhas ainda estão se formando, e tomar a decisão neste momento, ajuda com que façam suas escolhas a seu tempo. Por exemplo, não se pergunta a uma criança de sete anos em que escola quer estudar; qual o menu ela recomenda para o jantar ou se ela prefere viajar com a família ou ficar em casa. Muitas vezes, escolhemos até os times que elas irão torcer. Por que então somos tão frouxos quando o assunto é religião? A espiritualidade é uma parte importante de qualquer ser humano, e os filhos devem acompanhar seus pais às atividades religiosas, assim como os acompanham em festas de família, eventos esportivos e outras coisas que são do universo social dos seres humanos. O tempo e as reflexões próprias à vida adulta se encarregarão de manter os filhos na mesma fé em que foram criados ou não. Mas aí é outra história. Sentar-se à mesa para a refeição, agradecer ao Criador pelo pão diário, pedir e lutar pelos que não o têm em suas mesas, rezar JUNTOS ao iniciar e finalizar o dia, ir à igreja, entre outras práticas, são atitudes fundamentais para se formar um ser humano completo, inteiro, sem lacunas. A espiritualidade é parte essencial de toda pessoa, e deve ser estimulada no ambiente familiar. Criar um filho em uma fé, além de inseri-lo em uma cultura, o ajuda a dar conta de questões

que uma hora ou outra aparecem para todo mundo: “- Por que existo?”; “- Quais são meus valores éticos e morais?”; “- O que acontece quando morremos? “- Existe um sentido maior em viver?” etc. A educação nos primeiros anos de idade é o tempo em que se logra maior absorção de conceitos, valores e costumes. Não tem outro jeito! A criança e o jovem têm que aprender e alguém tem que educar. Se os pais ou responsáveis não quiserem se responsabilizar por isso, que fiquem tranquilos, alguém o fará. Pensem nisso! (João Carlos Teixeira é católico, professor e pai de uma adolescente)

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Dom Bosco e a sua Pedagogia da Aliança Ir. Celene Couto Rodrigues

Nós cristãos entendemos que a existência humana se assenta sobre a base de uma experiência fundamental vinculada ao que chamamos fé. A fé é uma graça, um dom e uma virtude sobrenatural infundida por Deus. Crer só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo (CIC154) e nos leva a fazer uma experiência pessoal do Deus, como fez Paulo a caminho de Damasco (At 9, 1-20). A essência da pessoa humana de Jesus com sua proposta de vida é fundamental para viver a fé cristã. É Jesus de Nazaré, o Cristo, o ungido do Pai, que nos permite descobrir que “Deus é amor” (1Jo4,8) e no que consiste o amar. Por meio da fé em Jesus, temos a convicção que somos seres visitados e habitados por esse mistério de amor que 20 | Em Família

supera a nossa inteligência humana, iluminando-a, outorgando-a com um sentido novo, inusitado e único de vida. Também, é Jesus Cristo nosso modelo na hora de responder à iniciativa amorosa de Deus. Ele foi tomando consciência de sua identidade e missão por meio das experiências vividas como um homem judeu de seu tempo. Nem sempre é fácil descrever Jesus histórico e sua vida. Nos evangelhos, misturam-se as atividades de Jesus e as interpretações feitas, posteriormente, pelas comunidades cristãs. Mas, é inegável que Jesus é originário da aldeia de Nazaré e passou sua vida pública pregando, atuando e andando de uma aldeia para outra na Galileia. Seus atos, ensinos, ditos e parábolas eram enraizados nas experiências


Artigo da vida camponesa de sua terra (NAKANOSE, 2004). Jesus, por meio de uma relação profunda com Deus, até o ponto de descobrir o verdadeiro rosto de Abbá, o Pai, foi reconhecendo-se como o Filho e tomou para si a mesma causa. Paulatinamente, compreendeu que sua missão era conviver e libertar as pessoas empobrecidas, exploradas e excluídas pelo Império e seus colaboradores. Com sua vida prática, realizou o Reino de Deus, abrindo espaços de vida para os pobres e marginalizados. Porém, não compreendido pelos poderosos de seu tempo, foi perseguido e morto, mas, ressuscitou ao terceiro dia, tornando-se essa, a verdade culminante da nossa fé (CIC 638). É esse o itinerário que seus seguidores são chamados a trilhar. A EXPERIÊNCIA DE DOM BOSCO Dom Bosco, a seu modo e segundo as condições socioculturais da época, desenvolveu de maneira exemplar a experiência fundante da fé e do seguimento a Jesus Cristo. Viveu autenticamente da fé, alcançando assim uma esplêndida harmonia entre natureza e graça, convicto de estar sustentado pelo amor singular de Deus e da presença materna de Maria. Dom Bosco vivia em profunda relação com Deus e “vivia como se visse o invisível”(MB II, 2018), afirmava Dom Rua. Isso o sustentou para tomar decisões audazes e que deram tom e verdadeiro sentido à sua vida. Gradativamente, foi conhecendo, envolvendo e apaixonando-se pela salvação dos jovens mais pobres e abandonados. Já ordenado sacerdote caminhava pelas ruas de Turim, deparando-se com a triste realidade de adolescentes e jovens migrantes, vítimas da fome, do analfabetismo, da exploração sexual, do trabalho escravo, do abandono familiar e social. Eram meninos pobres e sem a chance de serem reconhecidos como cidadãos e cristãos, que viviam

nas periferias, expostos a todo tipo de perigos. Assim, percebemos que Deus estava preparando o novo em sua vida e, por meio da experiência da dor, expressa no sofrimento dos jovens mais pobres, nasceu uma esperança: ajudar esses jovens a mudar a realidade em que viviam. “Não escolheu os jovens mais pobres somente porque sentiu pena. O que Dom Bosco sentiu foi compaixão evangélica” (RODRIGUES, 2018). Assim, é possível perceber que nada foi acidental em sua vida, tocado nas entranhas, decidiu dedicar toda a sua vida por essa causa, tornou-se assim, partícipe do mistério da salvação. O Espírito do Senhor deu a Dom Bosco um olhar penetrante sobre o mundo juvenil, sobre as necessidades, expectativas e urgências dos jovens, sobretudo, dos mais pobres. A atividade educativa foi para ele o sacramento do encontro com Deus. Podemos afirmar, inclusive, que o encontro com os jovens se transformou em seu autêntico encontro pessoal com Deus. Partindo da premissa de buscar o bem espiritual dos jovens e sua salvação, desenvolveu o Sistema Preventivo, sem intenções teóricas, mas, sim, para responder às necessidades dos jovens de sua época. O Sistema Preventivo apresenta características próprias, pois tem por base o jeito de Dom Bosco: ensinar evangelizando e evangelizar educando. Para ele, “educar é prevenir o mal, por isso, artisticamente potencializa o bem, fazendo emergir a força libertadora do amor educativo” (RODRIGUES, 2017), exprime diferentes formas de racionalidade, baseando-se sempre na fé e na bondade que está dentro de cada ser humano. Fica claro para toda a Família Salesiana: a relação educativa com os jovens configura a espiritualidade de seus membros devido à intrínseca união entre pedagogia e espiritualidade que nos deixou Dom Bosco. Nele e com ele, o Sistema Preventivo se personificou, ou seja, ganhou vida, e este, por sua vez, passou a ser parte essencial da espiritualidade maio | junho| julho e agosto 2019


Artigo Em consequência, a base da experiência salesiana pode ser representada graficamente, por meio, de um único rosto: Deus nos jovens. A relação entre os dois é mais estreita que a existente entre causa e efeito, como ocorre na frente e no verso das moedas. Qualquer transformação em uma delas muda também o valor e o significado da outra. E, como veremos em seguida, cabe concluir que, dentro do universo salesiano, sem os jovens tornase impossível a maturação espiritual como também, terminamos por desconhecer Deus. salesiana. Assim, o Sistema Preventivo é, em sua essência, concomitantemente, método e espiritualidade que caracteriza o rosto genuíno de nossas ações pastorais. Por isso, a nossa missão educativa tem como finalidade dar plenitude de vida não apenas aos jovens, mas a todas as pessoas envolvidas no processo educativo nos vários ambientes, obras e presenças onde trabalhamos (FMA, 2006). Em consequência, a base da experiência salesiana pode ser representada graficamente, por meio, de um único rosto: Deus nos jovens. A relação entre os dois é mais estreita que a existente entre causa e efeito, como ocorre na frente e no verso das moedas. Qualquer transformação em uma delas muda também o valor e o significado da outra. E, como veremos em seguida, cabe concluir que, 22 | Em Família

dentro do universo salesiano, sem os jovens torna-se impossível a maturação espiritual como também, terminamos por desconhecer Deus. Até aqui, a intenção foi de apresentar a identidade e o caminho espiritual percorrido por Dom Bosco. O lógico prolongamento deste aspecto constitui no Sistema Preventivo, ou seja, na Pedagogia da aliança com Deus por meio dos jovens. A PEDAGOGIA DA ALIANÇA Ao ser chamado por Deus para colaborar com Ele na salvação dos jovens, Dom Bosco respondeu doando sua vida inteira por essa causa. O amor de Deus, com sua graça se transformou em seu projeto de vida. O conhecimento que Dom Bosco possuía dos jovens nunca se desvinculou de sua fé no amor proveniente de Deus, expressão da manifestação de um humanismo cristão carregado de esperança e otimismo. Escreveu Dom Bosco na introdução do devocionário Jovem Instruído: “Queridos jovens, eu vos amo de todo o coração; é me suficiente saber que sois jovens, para que vos ame profundamente. Encontrareis autores muito mais virtuosos e mais ilustrados do que eu, mas dificilmente podereis achar alguém que mais do que eu vos ame em Jesus Cristo e mais do que eu deseje a vossa verdadeira felicidade. Amo-vos porque conservais em vosso coração o tesouro da virtude: enquanto possuis tal tesouro tendes tudo” (2012). Por isso “o que se refere ao bem da juventude em perigo..., eu me lanço até à temeridade (MB II, 2018) pois, “prometi a Deus que até meu último suspiro seria para meus pobres jovens” (MB III, 2019). E, dizia sempre aos seus jovens “Por vós estudo, por vós trabalho, por vós eu vivo, por vós estou disposto até a dar a vida” (MB I, 2018).


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Indubitavelmente, “Dom Bosco, não passou um só dia, não pronunciou palavra, não fez um trabalho que não tivesse por objetivo a salvação da juventude”, afirmava Dom Rua (2012). As palavras acima, nos deixam claro como o sistema nasceu da praxe de uma vida inteira consagrada aos jovens. Assim, para conhecer e, sobretudo, viver a espiritualidade salesiana, temos que examinar a experiência vital e operativa de Dom Bosco. Portanto, considero mais adequado falar mais de estilo do que de método educativo. De fato, o Sistema compreende um conjunto de atitudes, de escolhas, de atuações intencionais e oportunas, das quais emergem, nítida e claramente sua própria personalidade como educador. A fonte e base do Sistema Preventivo segundo Dom Bosco é a caridade: “A prática deste sistema está apoiada nas palavras de São Paulo ‘Charitas benigna est’... A virtude da caridade, naturalmente, conduzida pela amizade e sensibilidade humana” (MB II, 421). O amor educativo é a caridade cristã que se transforma na essência do seu estilo de educar.

Para ele é um amor que se doa gratuitamente, inspirado na caridade de Deus que precede a toda criatura com sua providência e a acompanha com sua presença e a salva dando sua própria vida. A alma de seu estilo educativo é a amorevollezza, que traduzimos como, amor demonstrado, bondade afetuosa, a acolhida incondicional que cria o clima de familiaridade com os jovens e que torna possível uma sensibilidade aberta à comunicação e à receptividade. Este último aspecto revela sua intenção pedagógica, uma das mais geniais intuições psicológicas e um dos mais valiosos princípios pedagógicos e espirituais de Dom Bosco, que se apresenta no diálogo da Carta de Roma em algumas frases: — Como reanimar estes meus caros jovens, para que retomem a antiga vivacidade, alegria, expansão? — Com o amor! — Com o amor? Mas os meus jovens não são bastante amados? Sabes quanto os amo. Sabes maio | junho| julho e agosto 2019


Artigo Dom Bosco viveu, na relação com os jovens do primeiro Oratório, uma experiência espiritual e educativa que chamou de Sistema Preventivo. O sistema – seu jeito de educar - exige, como modalidade fundamental, a presença educativa cotidiana entre os jovens pois a experiência de ser amado é fonte primeira para tornar a pessoa capaz de amar sem interesses. quanto por eles sofri e tolerei no decorrer de bem quarenta anos, e quanto suporto e sofro mesmo agora. Quantas privações, quantas humilhações, quantas oposições, quantas perseguições para darlhes pão, casa, professores e especialmente para garantir-lhes a salvação da alma. Fiz tudo quanto soube e pude por eles, que são o amor de toda a minha vida. — Não falo do senhor! — De quem então? Dos que me fazem as vezes? Dos diretores, prefeitos, professores, assistentes? Não vês como são mártires do estudo e do trabalho? Como consomem sua juventude por aqueles que a Divina Providência lhes confiou? — Vejo, sei perfeitamente; mas isso não basta. Falta o melhor. — Que é que falta, então? — Que os jovens não somente sejam amados, mas que eles próprios saibam que são amados. — Mas, afinal, não têm olhos? Não têm a luz da inteligência? Não vêem que tudo o que por eles se 24 | Em Família

faz é por amor deles? — Não, repito, isso não basta. — Que é preciso, então? — Que sendo amados nas coisas que lhes agradam, com participar em suas inclinações infantis, aprendam a ver o amor nas coisas que naturalmente pouco lhes agradam, como a disciplina, o estudo, a mortificação de si mesmos; e aprendam a fazer essas coisas com entusiasmo e amor. Dom Bosco viveu, na relação com os jovens do primeiro Oratório, uma experiência espiritual e educativa que chamou de Sistema Preventivo. O sistema – seu jeito de educar - exige, como modalidade fundamental, a presença educativa cotidiana entre os jovens pois a experiência de ser amado é fonte primeira para tornar a pessoa capaz de amar sem interesses. O Sistema Preventivo é a expressão suprema de sua aliança pessoal com Deus. A espiritualidade de Dom Bosco foi construída na entrega total aos jovens, pela pedagogia e espiritualidade intimamente unidas e enraizadas em dupla confiança: em Deus e nos jovens. Podemos afirmar que o Sistema Preventivo é sua Pedagogia da Aliança com Deus, baseada na confiança, no amor e na colaboração afetuosa. Consiste em um modo de amar expresso por meio de gestos e palavras de uma vida inteiramente dedicada à salvação da juventude. Tudo o que Dom Bosco fez pelos jovens, foi orientado à educação cristã. A relação educativa, com eles, não se reduzia à ação pedagógica, mas, o ponto alto de seu acompanhamento educativo, consistia no acompanhamento espiritual. Os elementos do sistema educativo de Dom Bosco eram atuados em comunidades educativas conscientes, entusiastas e com capacidade de apresentar de forma ativa a vida cristã, ocupando, um lugar primordial, a relação pessoal entre o educador e o educando. Em sua ação, o educador


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salesiano, deve procurar fazer-se confiar pelos jovens e confiar nos jovens. E, nisso, Dom Bosco foi um autêntico modelo. Perguntamos, então: Como se dá a relação educativa com nossos destinatários? Podemos dizer que estamos fazendo um autêntico acompanhamento educativo e espiritual? Quais aspectos podemos melhorar no acompanhamento educativo? O que podemos fazer pessoalmente para que em nossas comunidades educativas se deem passos para o acompanhamento espiritual? Dom Bosco viveu a fidelidade a Deus, na fidelidade aos jovens, ganhando-os pelo amor a fim de que fossem ganhados para o amor (BRAIDO, 2004). Neste sentido, o Sistema Preventivo faz do aluno um amigo, de tal modo que o educador passa falar com a linguagem do amor e a educação passa a ser “coisa do coração” (BOSCO, 2012). Referências Bibliográficas BÍBLIA. Português. A Bíblia de Jerusalém. Nova edição revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2002. BOSCO, João. A pedagogia de Dom Bosco em seus escritos. São Paulo: Editora Salesiana, 2004. 32p. BOSCO, Dom. Carta de Roma, EDEBE, 2012

BRAIDO, Pietro. Prevenir, não reprimir: o sistema educativo de Dom Bosco. São Paulo: Editora Salesiana, 2004. 375p. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, 1993. EDEBE, Memórias Bibliográficas vol.II, 2018 EDEBE, Memórias Bibliográficas vol.II, 2019 EDEBE, Memórias Bibliográficas vol.III, 2019 EDEBE. O Sistema Preventivo e a Educação da Juventude. Fontes Salesianas. 2012 INSTITUTO FILHAS DE MARIA AUXILIADORA Para que todos tenham vida e vida em abundância. Linhas orientadoras da missão educativa das FMA. TURIN: ELLEDICI, 2006. NAKANOSE, Shigeyuki. Quem é Jesus no Evangelho de Marcos? (Is 65,17-66,4). Estudos Bíblicos, n. 65, p. 48-61, 2004. RODRIGUES, Couto Celene. Educação para a cultura e a paz através da força profética do Sistema Preventivo, 2017 RODRIGUES, Couto Celene. O Processo de Discernimento e a escolha existencial de Dom Bosco pelos jovens pobres e abandonados, 2018

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Podcasting: um processo midiático interativo Por Andréa Pereira

Ao pensar no podcast é importante pensar o contexto de sua produção e consumo. Pierre Lévy (1999, p.17) teórico francês estudioso das novas tecnologias de comunicação que aparecem com o advento da internet, define o ciberespaço: [...] o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (LÉVY, 1999. p. 17). É necessário o entendimento de suas características técnicas e funcionais. É apresentado um panorama da expansão das novas tecnologias, as mudanças de consumo 26 | Em Família

e seu impacto nas mídias, além de um breve histórico e conceitos importantes sobre o ciberespaço e o podcast Por fim, foram apresentados dois exemplos de como esse meio de comunicação tem suas particularidades nas mudanças de hábitos de consumo cultural, e como está mídia sonora interativa funciona, e suas características de interatividade ORIGEM Citado pela primeira vez em 12 de fevereiro de 2004, pelo jornalista Ben Hammersley, no jornal britânico The Guardian. O termo surgiu com a união das palavras Ipod (dispositivo de armazenamento de áudio) e Cast – vindo da expressão inglesa broadcast (transmissão pública e massiva de informações).


Artigo Com a profusão de aparelhos portáteis reprodutores de arquivos de áudio, notadamente os de formato MP3, surgiram várias novas ideias de como automatizar o acesso ao conteúdo de audioblogs e demais programas de áudio. O método que mais teve sucesso foi a possibilidade desse download ocorrer automaticamente através de programas chamados “agregadores”, utilizando uma tecnologia já empregada para blogs: o feed RSS (Really Simple yndication)[...] [...]Segundo Mack e Ratcliffe (2007), esse sistema só foi utilizado da forma como entendemos hoje como podcasting em 2004, quando Adam Curry desenvolveu uma forma de transferir o áudio disponibilizado através do RSS para o agregador iTunes a partir de um script de Kevin Marks.[...] [...]Em linhas gerais, podcasts são programas de áudio, cuja principal característica é o formato de distribuição que os diferencia dos programas de rádio tradicionais e até de audioblogs e similares, o podcasting. Também há os chamados videocasts, programas audiovisuais que utilizam a mesma forma de distribuição de dados dos podcasts, embora menos difundidos que os programas exclusivamente de áudio. (ASSIS; LUIZ, 2010, p.2) CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS Para que todo o sistema em que o podcasting se baseia funcione são necessários vários processos trabalhando conjuntamente. A simples publicação de arquivos de áudio em uma página da internet, por si só, não pode ser classificada como podcasting e, consequentemente, esses arquivos não podem ser caracterizados como podcasts, mesmo que possuam várias edições e periodicidade. Existem casos de podcasts produzidos por

empresas de comunicação e mídia, embora em parcela sutil. Muitas vezes, até existe a referência a “podcast”, mas habitualmente se trata de um programa de áudio sem regularidade que não pode ser baixado por RSS e sequer via download, o que é contrário ao preceito básico do podcasting. Logo, a maioria dos podcasts, assim como grande parte dos blogs, são produzidos por pessoas não necessariamente ligadas profissionalmente à área de Comunicação, mas sim pessoas que simplesmente utilizam seu tempo livre para projetos pessoais relacionados à internet. (ASSIS; LUIZ, 2010) Pode se traçar um paralelo do podcast ao que pensa Henry Jenkins (2008) sobre o aparecimento de novos cineastas. O pesquisador afirmou que a internet e a tecnologia permitiram que novos produtores de cinema surgissem, pois com isso se tem não apenas uma nova plataforma de divulgação dos novos filmes, como também o barateamento do custo de produção de filmes, pois câmeras digitais e filmes rodados com elas são muito mais baratas e fáceis de se trabalhar do que os antigos Super-8. O mesmo aconteceu com o podcast. Para se produzir um podcast em casa não é imprescindível um conhecimento técnico muito avançado ou altos investimentos. Teoricamente, é necessário um computador, um microfone, fones de ouvido e uma placa de áudio com capacidade de gravação e reprodução de sons. Dependendo do formato e linguagem escolhidos para o podcast, pouca preparação é obrigatória. Há a elaboração de uma pauta, a apuração, a gravação em si, a edição com o uso de recursos sonoros ou não, para posterior distribuição do material, que inclui o upload dos arquivos de som e, por fim, a publicação em sites, blogs e redes sociais. A denominação podcast é dada tanto ao maio | junho| julho e agosto 2019


Artigo arquivo transmitido via podcasting, quanto ao coletivo desses arquivos. É importante ressaltar que a simples publicação de arquivos de áudio em uma página da internet, por si só, não pode ser classificada como podcasting e, consequentemente, esse arquivo não pode ser caracterizado como um podcast, mesmo que possuam várias edições e periodicidade. (ASSIS; LUIZ, 2010, p.3-4)

Em meados de 2006, com poucos remanescentes da “primeira geração” de podcasters ainda publicando, vários novos podcasts surgiram e a mídia voltou a ter um crescimento, especialmente a partir de 2008, quando o Prêmio iBest, então um dos principais prêmios brasileiros voltados à internet, incluiu a categoria “podcast” para julgamento exclusivo por voto popular, na qual o vencedor foi o NerdCast que será analisado neste artigo. Em 2008, foi realizada a primeira edição do Prêmio Podcast, sendo a primeira premiação exclusiva para podcasts, com várias categorias de votação popular e júri oficial, recebendo grande divulgação nos próprios podcasts. O prêmio Best Blogs Brasil, especializado em premiar blogs, também acrescentou a categoria “podcast” em sua edição de 2008.

Os formatos de podcast: •Menção do Patrocinador: - No início da leitura de recados, o anunciante é mencionado por trazer aquele programa, “num oferecimento de...”. •Spot/Testemunhal: Inserção de um spot ou anúncio testemunhal do anunciante •Pacote de Programa Patrocinado: Pacote incluindo inserção de um banner na postagem do podcast, menção do patrocinador, spot / O NOVO HÁBITO DOS BRASILEIROS testemunhal. Categorizado como uma mídia de nicho, •Programa Temático: incluindo escolha do mas em constante ascensão, os podcasts tema pelo anunciante vêm conquistando cada vez mais adeptos no Brasil. Dos cerca de 120 milhões de internautas ORIGEM NO BRASIL brasileiros, 40% já escutaram podcast. Esse e O primeiro podcast brasileiro surgiu já em outros dados interessantes foram revelados 2004. Sendo mais preciso, foi em 21 de outubro em uma pesquisa realizada pelo Ibope de 2004 que Danilo Medeiros criou o podcast recentemente. Digital Minds, que surgiu como parte do blog São 50 milhões de pessoas que já escutaram de mesmo nome. Esse não foi o primeiro blog a algum programa do tipo pela internet, sendo disponibilizar arquivos de áudio para download, que 16 milhões (19% do total) ouvem podcasts mas o primeiro a fazê-lo através do podcasting. ao menos três vezes por semana. Segundo a Em 2005, foi organizada a primeira edição pesquisa, os ouvintes mais regulares têm de 16 da Conferência Brasileira de Podcast (PodCon a 24 anos de idade. Brasil), primeiro evento brasileiro dedicado Com audiência fiel, esse número tende a exclusivamente ao assunto. Posteriormente, crescer consideravelmente nos próximos anos. passou a fazer parte do Fórum de Mídias Não é à toa que o Spotify — um dos serviços de Digitais e Sociais. Durante a PodCon 2005, foi streaming de áudio mais utilizados nos quatro organizada a Associação Brasileira de Podcast cantos do planeta. No entanto, mesmo com (ABPod). US$ 500 milhões destinados para aquisições de 28 | Em Família


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podcast em 2019, o Spotify não é o preferido dos ouvintes. De acordo com PodPesquisa 2018, os 5 agregadores mais utilizados são: Outra grande vantagem do podcast em relação a outros formatos de mídia é a possibilidade de escutar em qualquer dia, a qualquer hora e em qualquer lugar. Trata-se de uma excelente opção para quem deseja tornar útil o tempo gasto em idas e voltas (no carro, no ônibus, no metrô, no avião etc.), ou em qualquer outra atividade do dia a dia. Segundo PodPesquisa 2018 realizada pela ABPod (Associação Brasileira de Podcasters) os podcasts mais ouvidos no Brasil são: Nerdcast (57%), Não Ouvo (21,2%), Mamilos (13%), Café Brasil (9,1%). O fato de a maioria dos podcasts brasileiros surgir por iniciativas pessoais e voltada a nichos não valorizados pela “mídia de massa” faz com que dê suporte para o acesso à comunicação de setores que outrora eram marginalizados nesse contexto.

bastante ampla como: “Uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando. ” (2008, p.27) Mais especificamente é um: Fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. (Ibid., p.27) Este conceito é importante para compreensão da teoria ao redor do podcast. A transformação digital gerou a mudança no comportamento das pessoas. A sociedade digital influencia nesta nova mídia podcast, tudo tem quer rápido se antes você usava uma fita cassete, você usa o podcast em qualquer lugar. JENKINS (2009) considera que as novas tecnologias modificam as relações sociais A CONVERGÊNCIA MIDIÁTICA através da convergência e de um contexto Jenkins definiu convergência de forma cultural mais colaborativo, participativo e maio | junho| julho e agosto 2019


Artigo democrático e utiliza de plano reflexivo três pilares que sustentam a cultura da convergência: convergência tecnológica das mídias, cultura participativa e inteligência coletiva como afirma Gallo e Coelho, 2016 apud JENKINS, 2010) A segmentação de assuntos é uma forma de atrair o público certo para determinada informação. Dividindo em grupos, os clientes ou uma marca de acordo com os interesses de cada um. Então, partindo desse pressuposto, quando você segmenta o gosto do seu cliente, você atinge um mercado maior. A alteração no comportamento e no estilo de vida das pessoas tornou o podcast a mídia ideal para quem busca informações sobre assuntos específicos. O consumo deste público é altamente engajado, pois é uma mídia de nicho, que vai atingir menos pessoas, mas a qualidade desse público é diferente, é um público mais fiel que compartilha o conteúdo e até de ajudar para o projeto continuar. OBJETO DE ESTUDO É possível observar que os conceitos abordados anteriormente mostram suas facetas na prática. Para que haja exemplos mais recentes analisados um pouco mais a fundo, a seguir são abordados mais dois casos. Eles têm o intuito de ilustrar como o podcasting é utilizado como meio sonoro analisando os podcasts Nerdcast e Café Brasil O Nerdcast completou 13 anos em 2019 com 1 milhão de downloads por episódio e como primeiro lugar de audiência em podcasts no Brasil. Os assuntos são história, ciência, cinema, quadrinhos, literatura, tecnologia, games, RPG. Com discurso informal, divertido, reúne convidados para roda das discussões com temas nerds. O programa é publicado toda sexta-feira 30 | Em Família

com duração média de 90 minutos. Atualmente o podcast mais premiado do Brasil com média de 1,5 milhão de plays por episódio. Café Brasil é um portal que surgiu em 2005, é um ambiente no qual você encontra educação continuada. Utiliza discurso de que estimulam você a praticar uma espécie de “fitness intelectual” para manter seu cérebro em forma. Disponibilizam “Iscas Intelectuais”, pequenas reflexões sob forma de artigos, discussões, vídeos, podcasts, cartuns e outras formas de expressão. Aborda vários aspectos da vida em sociedade e abre espaços para que você participe com suas opiniões. O Portal Café Brasil foi idealizado e é mantido pelo escritor, cartunista Luciano Pires. Em 2007 foram 427 mil downloads. Em 2013 atingiu a barreira dos 3 milhões. Analisando os dois objetos, destacamos a audiência do NerdCast que é direcionado para a cultura Nerd, destacando séries e assuntos geek, voltando a tecnologia, por se tratar de um canal premiado e reconhecido no meio, observa-se o profissionalismo e suporte técnico na produção sonora. Nesta perspectiva, é preciso tempo para compreender e estudar temas, assuntos atuais que tenham relevância para o público. Os criadores necessitam deste tempo para conhecer sua matéria-prima, uma vez que este conhecimento é primordial e necessita de destreza para produção, edição, entrevistas. Estas competências adquiridas ao longo dos anos, é um fator diferencial comparados aos outros podcastings produzidos no Brasil. Como afirma Rezende (2007) a maioria dos podcasts é produzida de forma intuitiva e sob forte referencial da linguagem de rádio. Porém, como o podcast é livre, não requer tantos recursos tecnológicos para produção,


Artigo deixando assim as produções mais abertas e com combinações inusitadas. Essa liberdade na experimentação e na criação de conteúdo sonoro, caracteriza o que chamamos de “working progress”. Trata de de uma experimentação coletiva, imediata e contínua, já que o podcaster7 pode modificar o formato, alterar conceitos e ideias a cada programa publicado a partir de sua própria avaliação ou da resposta instantânea dos usuários e dos colegas da comunidade (REZENDE, 2007, p.04) A produção está mais esmerada, com edições cuidadosas e tratamento de áudio caprichado. Outro forte motivo para o crescimento dos podcasts é o fator econômico. A produção de um podcast mediano custa muito menos do que a produção de um programa de TV ou um programa de rádio. Com microfones, um software de edição e um serviço de hospedagem na web é possível produzir e distribuir um podcast. Ao observamos o podcast Café Brasil, percebe-se um direcionando para conteúdos culturais que gera conteúdo com análise críticas do jeito para ajudar a tirar as pessoas da letargia. O idealizador Luciano Pires conversa com o ouvinte de ponta a ponta, numa narrativa sempre muito bem construída, misturada com músicas nem sempre tradicionais que ele garimpa pessoalmente e com tempo de duração menor que 30 minutos. Ambos possuem a mesma distribuição de conteúdo artigos, vídeos, fóruns de discussão e redes sociais. Mesmo com um grupo menor de profissionais envolvidos o Café Brasil se estabeleceu com audiência ao longo dos últimos anos, tornando-se um novo hábito entre os ouvintes, segmentando está mídia para uma classe social,

criando uma oportunidade para conteúdo de nicho. Podcasts que cobrem temas específicos atingem públicos específicos. Nesses casos, a audiência se sente parte de comunidades de interesse e de um clube fechado. Percebe-se o crescimento de acesso a esta mídia no Brasil, mas é importante destacar que é uma mídia direcionada para um nicho. Ela é disseminada em uma classe especifica. PROCESSO MIDIÁTICO Segundo Primo (2005), “podcasting é um processo midiático que emerge a partir da publicação de arquivos de áudio na internet”. Dá-se ênfase no processo que não termina em si, mas sim emerge de sua exposição ao público e compartilhamento instantâneo. A problematização vista na Internet das Coisas sobre meios não-conectados jamais fora questão para o podcast. A bidirecionalidade é atributo primordial em sua produção, sendo também da convergência. Um enquadramento mais recente e mais apropriado para o podcast é na diferença entre meios de comunicação com funções massivas ou pós-massivas. Na proposição do estudioso brasileiro Lemos (2007, p.11): Ou seja, viabiliza uma produção independente de alcance global e oferece uma experiência de multimídia pois, não fica restrito ao ambiente sonoro, no formato podcast a interação ocorre em outras configurações. Alex Primo ressalta que o podcast surge como um novo processo midiático na Internet, e oferece formas particulares de interação. A ultrapassagem interativa do podcasting em relação à radiodifusão ocorre em sua abertura para o debate. Essa relação dialogal não acontece no espaço assíncrono dos episódios, maio | junho| julho e agosto 2019


Artigo O podcasting é um processo midiático que emerge a partir da publicação de arquivos de áudio na Internet”. Esses arquivos de áudio podem ser trechos de programas de TV, palestras de universidades, opiniões sobre determinados assuntos postados em sites, em blogs, plataformas específicas com arquivos de áudio, etc.

O podcasting é um processo midiático que emerge a partir da publicação de arquivos de áudio na Internet”. Esses arquivos de áudio podem ser trechos de programas de TV, palestras de universidades, opiniões sobre determinados assuntos postados em sites, em blogs, plataformas específicas com arquivos de áudio, etc. A difusão descentralizada na internet, segue formato que a informação é transmitida em uma via direcionada de muitos emissores para um único receptor, já que cada receptor escolhe o que quer acessar. O podcasting funciona segundo o modelo da Internet, sendo “puxado” pelos receptores quando estes desejam. Conforme Primo (2005) “o podcasting surge como um novo processo midiático na Internet, e oferecem formas particulares de interação” mas no blog do podcast. Com raras exceções, (PRIMO, 2005, p. 02) cada podcast tem um blog vinculado, onde não apenas se oferece informações sobre CONCLUSÃO os podcasters, descrição e arquivos de Podcasting é considerado um processo cada episódio, mas também uma janela de midiático interativo, não foca na emissão, e comentários (PRIMO, 2005 p.18). sim na interação do emissor com a audiência. De acordo com o quadro evolutivo dos meios Nesta interação o receptor escolhe o que e de comunicação, temos três fases de consumo quando consumir de acordo com um conteúdo midiático: segmentado e direcionado para um nicho a) Consumo partilhado: o consumo de produtos especifico. radiofônicos e televisivos era feito em grupos, As possibilidades de aplicação dessa caracterizado pela troca imediata de impressões tecnologia geram expectativas dentro das mais acerca da programação; diversas áreas, o “poder da emissão” agora está b) Consumo individualizado: com o nas mãos dos usuários da rede que, da mesma barateamento dos aparelhos receptores, o forma que produzem seus programas, podem consumo é feito de forma privada e, na maioria gravar suas músicas, produzir seus e-books, das vezes, individualmente; divulgar produtos e serviços, divulgar seus c) Consumo privado e compartilhado: a partir audioblogs, etc. de uma vasta programação disponível, o consumo O sucesso do podcasting é atribuído à ausência se dá de forma privada, mas é caracterizado de regras rígidas na criação dos programas, pelo imediato compartilhamento de impressões, além da identificação entre a audiência e os explicitadas por meio de sites de redes sociais. emissores das mensagens e, principalmente, 32 | Em Família


Artigo pela constante interação e estímulo à participação ativa dos ouvintes na construção das mensagens. Com números expressivos em relação à aderência e fidelidade do público, o podcast vem ganhando espaço como nova mídia. Observamos está participação com os números de playsviews dos Poscast Nerdcast e Café Brasil, que somam quase 2 milhões de plays por programa. Importante destacar que o interesse do mercado publicitário nesta mídia ganha mais espaço entre editoras, produtoras de filmes, marcas de produtos relacionados à cultura nerd e outros. É necessário continuar estudando tais mídias e seus processos comunicativos, acompanhando seu amadurecimento na busca de se compreender estes fenômenos. Pode-se concluir que o consumo e interesse por podcasts tem aumentado substancialmente. Alguns sinais evidentes mostram que mudanças estão acontecendo, e estamos diante de um salto gigantesco no consumo da mídia podcast.

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Ed. Aleph, 2008. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2 ed. São Paulo: Aleph, 2009 LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999 LUCIO, LUIZ. O Podcast no Brasil e no Mundo: um caminho para a distribuição de mídias digitais, 2006. MACK, S.; RATCLIFFE, M. Podcasting Bible. Indianapolis: Wiley, 2007. MEDITSCH, Eduardo. O ensino de radiojornalismo em tempo de Internet. In: Desafios do rádio no século XXI, organizado por Sonia Virgínia Moreira e Nélia Rodrigues Del Bianco. Rio de Janeiro: Intercom UERJ, 2001. MEDITSCH, Eduardo. O Rádio na Era da Informação. Santa Catarina: Insular, 2001.

BIBLIOGRAFIA ASSIS, Pablo de. LUIZ, Lúcio. O Podcast no PRIMO, A. F. T. Para além da emissão sonora: Brasil e no Mundo: um caminho para distribuição as interações no podcasting. Revista Intexto, n. de mídias digitais. Anais do XXXIII Congresso 13. Porto Alegre, 2005. Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom, Caxias do Sul, 2010 REZENDE, D. D. Podcast. Reinvenção da comunicação sonora. Anais do XXX Congresso CASTRO, G. G. S. Podcasting e Consumo Brasileiro de Ciências da Comunicação. Santos: cultural. In: Revista e-Compós, nº4, dezembro Intercom. 2007 2005. Disponível em: <http://bit.ly/OXPZCo>. Acesso em 2 junho 2007 VANASSI, G.C. Podcasting como processo midiático interativo. Caxias do Sul: Universidade FOSCHINI, A.; TADDEI, R. 2006. Conquiste de Caxias do Sul, 2007. Disponível em < http:// a Rede: podcast. São Paulo. Disponível bit.ly/1n8lkgH> Acesso em 20 junho 2019. em:<http://www.terra.com.br/informatica/ pdfs/conquiste_a_rede_podcast.pdf>. 2006. maio | junho| julho e agosto 2019


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Gratidão Por Paulo Pio

A gratidão não custa nada - e tem um valor imenso! Augusto Branco

A emoção da gratidão é tão sublime e faz tão bem na relação entre as pessoas, que por mais que tentemos enquadrá-la de forma definitiva, nunca encontraríamos uma maneira ideal de expressá-la. Ela é o reconhecimento do bem que nos fazem, é a verdadeira linguagem do coração. O sentimento de gratidão honra e enobrece o homem. Segundo Spinoza: “ela é uma alegria que acompanha a ideia de sua causa, quando essa causa é a felicidade do outro”. “A gratidão é a memória do coração” - Antístenes. 34 | Em Família

Trata-se de uma virtude leve e luminosa que deve ser partilhada todos os dias com os seres que nos cercam. Devemos educar nossas emoções para exercitá-la nos pequenos acontecimentos da vida. Seu poder transformador é imenso e alquímico. Devemos agradecer todos os dias pelo sol, pelos pássaros, pela natureza tão bela, pelos amigos, pela família, pela saúde e até pelos problemas do dia a dia, que nos ajudam a identificar onde podemos mudar nossa conduta. O psicólogo americano Robert Emmons, da Universidade de Miami, nos mostra em um estudo científico, realizado com centenas de americanos


Artigo sobre a gratidão, que pessoas que a praticam cotidianamente possuem uma melhor perspectiva de vida e atingem mais facilmente seus objetivos. Segundo ele, “a prática da gratidão ajuda as pessoas a extraírem o melhor da vida”.

- total – 50,00 reais A mãe ergueu os olhos e ele ficou ali, a espera de uma resposta. Feito isto, ela pegou um novo papel e escreveu:

“A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Ela torna a negação em aceitação, caos - Nove meses que te transportei quando estavas em ordem, confusão em claridade. Ela pode transformar uma simples refeição em banquete, dentro de mim – DE GRAÇA. - O tempo de minhas orações enquanto estiveste uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz doente – DE GRAÇA. para o hoje, e cria uma visão para o amanhã”. - Todas as noites em que o esperei chegar das Melody Beattie. baladas, orando a Deus pela sua segurança – DE Gregg Krech, autor do livro, Naikan: “Gratidão, GRAÇA. Graça e a Arte Japonesa da Auto-Reflexão”, sugere - Todas as lágrimas vertidas no silêncio do meu em seu livro que façamos todos os dias três quarto, causadas por atitudes impensadas tuas – perguntas: DE GRAÇA. - O que recebi hoje? - O que eu dei? - Que problemas causei?

- Por brinquedos, comida, roupa lavada, pelas fraldas trocadas – DE GRAÇA.

Meu filho, depois de somar tudo, te dou meu Conta-nos: -- Quando eu listo o que recebo e o que dou todos os dias, o que se apresenta na amor verdadeiro – DE GRAÇA --. coluna de doação é muito menor do que eu tenho na coluna de recebimentos. Ao ler o que a mãe havia escrito o filho, com os olhos marejados, disse-lhe: -- Mãe, desculpe minha A ingratidão é um equívoco para o ser humano e ingratidão, você não me deve nada, eu é que te um fardo muito pesado para se carregar. devo tudo. -- Um rapaz foi ter com a mãe e entregou-lhe um papel, depois de limpar as mãos no avental, ela “A gratidão é a virtude das almas nobres” leu-o: Esopo. - Por cortar a grama - 05 reais - Por limpar o quarto esta semana - 10 reais - Por tomar conta do meu irmão - 10 reais - Por jogar o lixo fora – 05 reais - Por trazer boas notas – 10 reis - Por limpar e varrer o quintal – 10 reais maio | junho| julho e agosto 2019


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O valor da Inteligência Emocional no trabalho e na vida Por Claúdia Caltabiano

Doutora em Psicologia pela Universidade de Salamanca – Espanha. Pós-Graduada em Formação de Docentes para o Ensino Superior. Professora de Psicanálise na AMPC (Associação Mineira de Psicanálise Contemporânea). Palestrante sobre Saúde Mental. Eu diria MÁXIMA! Não só porque vejo no dia-dia no consultório, mas porque acredito que somos seres psicossomáticos (do grego psykhé = psico -mente, e do soma = corpo), ou seja, somos uma unidade que funciona indissociavelmente, e a separamos apenas para a finalidade de estudo, por exemplo: a medicina estuda o corpo e a psicologia estuda a mente. Há também quem nos lembre que somos seres sociais, espirituais e influenciados pela cultura que nos circunda. Houve-se um tempo, muito recente por sinal, em que falávamos do famoso QI (quoficiente de inteligência), onde era considerado um bom profissional, ou uma pessoa muito capaz, quem obtivesse um QI alto nos famosos testes de inteligência. As crianças ainda são avaliadas e julgadas pela sua capacidade de esperteza. Avaliamos e confundimos a saúde mental com a 36 | Em Família

presença da inteligência lógico/matemática no indivíduo. Porém, desde meados dos anos 80, quando em 1983 Howard Gardner introduziu a teoria das Inteligências Múltiplas, onde descreve que apenas os indicadores do QI não seriam suficientes para delimitar a capacidade cognitiva como um todo, que conceitos como Inteligência Interpessoal e Inteligência Intrapessoal começaram a ganhar mais enfoque. Aos poucos o termo Inteligência Emocional foi aparecendo em alguns autores e em 1995 Daniel Goleman despertou o interesse mundial com o livro “Inteligência Emocional”, enfatizando a necessidade de identificar os próprios sentimentos e a capacidade de lidar com eles. O problema é um pouco mais complexo quando analisamos a atual sociedade, em que não nos é ensinado a Educação Emocional. Não aprendemos nas escolas nada


Artigo parecido com isso, e somos influenciados pelo ambiente no qual vivemos desde a mais tenra infância, afinal, sabemos que é a partir da maneira como trocamos experiências com as pessoas e com o mundo, que começamos aprender a SER. Winnicott (1896 – 1971) foi um psicanalista e pediatra inglês que chamou a atenção para a importância do ambiente na formação da nossa personalidade. Também foi esse teórico que alertou para o fenômeno da dissociação do estado emocional com o estado mental. Para ele, existem diferentes esferas que fazem parte do nosso psiquismo, sendo a mente (a parte cognitiva) apenas um elemento deste funcionamento, a outra parte muito importante é a capacidade de nos conectarmos com o que nos rodeia (tempo – espaço – realidade externa – outro, etc…). Podem existir pessoas brilhantes, intelectualmente falando, experts em suas profissões, mas completamente fracassados na vida social e familiar. Hoje entendemos que um bom profissional é aquele que sabe trabalhar em equipe, se comunicar bem, estar conectado com o ambiente que o rodeia além de ter habilidades sociais que facilitem o seu trabalho como um todo. A parte técnica (do conhecimento) é importante sim, mas sem as outras capacidades, o contato com a empresa e/ou colaboradores não flui, comprometendo o andamento do trabalho. Por exemplo, pode existir um excelente administrador de curriculum invejável, porém mau líder, que não consegue se comunicar bem com os outros gestores e membros de sua equipe. Sabemos que no ambiente profissional devemos, além da capacidade técnica/cognitiva, apresentar diversas outras capacidades, tais como, comunicação, sensatez, simpatia, destreza social, conhecimento da empresa como um todo (e aqui podemos ressaltar a necessidade de se dar bem

com outros setores da empresa que não apenas o seu). E todas essas características vão além da inteligência lógico/matemática. Outros exemplos comuns são acadêmicos brilhantes, com títulos e artigos importantes, mas que não são bons na oratória, ou seja, não são capazes de passar o seu conhecimento adiante, e consequentemente não seriam bons professores, pois não basta ter conhecimento, é necessário fazer a roda do saber girar, e isso implica em ser capaz de se conectar com os estudantes e fazer com que eles internalizem o conhecimento, senão o conhecimento fica apenas no professor e a roda não gira. E por falar em professores e educação, Edgar Morin, filósofo, sociólogo e antropólogo francês, esteve em 2010 para uma Conferência em Fortaleza – CE e escreveu o livro: “Os 7 saberes necessários para a educação do futuro”, onde ressalta a importância de educar as pessoas com um novo enfoque inter-poli-trans-disciplinar que seja capaz de religar todos os saberes. Em realidade a Educação Emocional passa também por essa grande revolução do conhecimento, onde nos deparamos com a necessidade de religar saberes e nos conectarmos de forma consciente e sadia com o FORA DE MIM a fim de reconhecermos em nós mesmos aspectos não percebidos e que tanto influenciam no nosso trabalho e na nossa vida. Portanto, não basta ser apenas inteligente no seu campo do saber, é preciso saber conviver com os que nos rodeiam. E isso implica em saber comunicar-se, analisar o ambiente como um todo, desenvolver empatia, saber colocar-se, e inclusive o mais difícil hoje em dia: saber a hora de parar, respirar, se cuidar e cuidar dos que nos rodeiam. Fonte: Assessoria UNIFATEA

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Superproteger é prevenir? Como posso ser um fator de proteção para as crianças e adolescentes? Por Renata M. Lela – Psicóloga – CRP: 06/68519 Especialista em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva Infância e Adolescência; “Os genes não agem de modo independente dos ambientes, mas interagem com eles de um modo bastante flexível, ligam e desligam quando necessário, muitas vezes dentro de minutos ou horas” Sue Gerhardt (“Porque o amor é importante”) Frustração!! Dor!! Sofrimento!! Mágoa!! Injustiça!! O quanto nós queremos evitar a qualquer custo que alguém que amamos vivencie essas experiências? E se esse alguém for uma criança ou adolescente que amamos? Alguém ali do nosso círculo de relações, que convive conosco e que, por vezes, faríamos de tudo para vivenciarmos nós o sofrimento e não permitir que eles passem por essas vivências. Mas temos pago um preço muito alto por isso! Um preço caro demais!! E quem tem sofrido, é justamente aqueles que temos tentado proteger. 38 | Em Família

Temos visto jovens desmotivados, sem interesse pela sua própria vida, sem propósito e, muitas vezes, deixando-se levar pela convivência e pela opinião de outros jovens, por ídolos rasos e superficiais encontrados na Internet, os famosos Youtubers, e por séries, filmes, que tem ocupado um espaço de extrema importância na vida de nossos jovens, espaço que muitas vezes, aqueles que deveriam ocupar, acabam deixando vazios. Estudos tem demonstrado que setenta e cinco por cento dos transtornos mentais tem início na infância e grande parte deles poderiam ser prevenidos.


Artigo Mas a grande questão é: onde tudo isso se junta? Qual o caminho que leva tudo isso a culminar em atos onde vemos nossos jovens tirando a própria vida, fazendo uso de drogas, tirando a vida de outras pessoas? Nosso país está na contramão do mundo quando o assunto é Suicídio, ou, valorização da vida. Enquanto os números mundiais apontam para a queda nos números de suicídio ocorridos, o Brasil apresenta números ascendentes, com métricas que assustam, principalmente na faixa etária dos 15 aos 29 anos, sendo a segunda causa de morte dentro dessa faixa etária, ficando atrás apenas de mortes causadas por acidentes de trânsito. Todos os dias no Brasil, 30 pessoas tiram a própria vida. A resposta para a pergunta feita acima não é única. Ela pode ter várias possibilidades de respostas, mas algumas, com certeza, são as principais. A principal delas é a prevenção e parece clichê dizer que a base está na infância, mas está! Olhar para a infância como um período no qual podemos semear colheitas futuras, faz parte de todas as nações que cultivam índices altos de resultados positivos em saúde mental e em educação, bem estar e qualidade de vida. Educar as crianças emocionalmente, é a principal maneira de prevenirmos transtornos mentais sérios futuramente, além de cuidar de quem cuida, ou seja, trabalhar com os pais, professores e com todos que tem o papel de estar na linha de frente com as crianças. Quando falamos de educação emocional, falamos de ensinar as crianças a conseguirem identificar, manejar e lidar com suas emoções, ainda que elas não sejam positivas, como lidar

com a raiva, tristeza, medo, saber resolver conflitos, enfrentar a frustração. Quando conseguimos fazer isso, estamos proporcionando para essas crianças oportunidades de aprender habilidades de vida, habilidades de convívio social, desenvolvimento de autonomia e de independência e estamos dando condições a ela de se tornar um adolescente e um adulto mais resiliente e socialmente competente. A resiliência, que é a capacidade que nós seres humanos, possuímos de enfrentar situações difíceis e conseguir superá-las, pode ser fortalecida através das oportunidades que são vivenciadas de superação e de fortalecimento, quando a criança resolve conflitos, busca solução para seus problemas e consegue se perceber como um indivíduo que possui seu poder pessoal e sua capacidade de resolver suas próprias demandas, sem precisar que alguém faça isso por ela. Quando isso não é feito, quando realizamos pela criança algo que ela já é capaz de realizar, é como se estivéssemos dizendo a ela que ela é incapaz de conseguir superar algo e estamos favorecendo sentimentos de insegurança, medo e a dependência emocional, que a longo prazo poderá ser extremamente perigosa, quando essa criança, na adolescência, começar a se aproximar de amigos e ídolos (que naturalmente fazem parte do processo de formação de identidade do indivíduo na adolescência). Ao precisar de referência e de alguém que lhe forneça suporte, não sabemos em quem poderá buscar e onde encontrará essa referência. Sem contar que adolescentes, adultos e até mesmo crianças, emocionalmente mais maio | junho| julho e agosto 2019


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Educar as crianças emocionalmente, é a principal maneira de prevenirmos transtornos mentais sérios futuramente, além de cuidar de quem cuida, ou seja, trabalhar com os pais, professores e com todos que tem o papel de estar na linha de frente com as crianças. frágeis, possuem maior tendência a apresentar quadros de transtornos mentais como depressão, ansiedade, entre outros quadros que estão entre um dos principais motivos pelos quais uma pessoa pode cometer suicídio (a Depressão é um dos principais motivos que leva alguém a cometer suicídio). Através de estudos atuais na área da saúde e da neurociência, sabemos que fatores como o ambiente em que a criança está inserida, pessoas com as quais ela convive, são fatores imprescindíveis para criar fatores de proteção que podem fortalecer esse adolescente futuramente. Ambientes com violência, estressantes, com negligência ou mesmo ambientes com características de superproteção podem se configurar em ambientes tóxicos e favorecer o desenvolvimento de transtornos mentais. 40 | Em Família

Sabe-se atualmente que o ambiente pode ser ainda mais importante que a própria tendência genética. Penso que agora é possível de compreender onde a superproteção, a infância e a prevenção se juntam, não é? A Disciplina Positiva, nos coloca que todo ser humano, possui quatro necessidades básicas, que são, a necessidade de se sentir aceito e pertencente ao meio no qual se está inserido, a necessidade de conseguir desenvolver seu senso de poder pessoal e de autonomia, a necessidade de poder desenvolver e aprender habilidades de vida e habilidades sociais e ser educado de forma firme e gentil. Mas ao ler esse texto, pode ser que algumas dúvidas possam surgir, como por exemplo: de que forma posso agir diferente com meu filho ou com meu aluno, de que forma posso ser um facilitador de emoções positivas e semear colheitas futuras que serão também positivas? De que forma posso conseguir possibilitar que a criança ou o adolescente consiga desenvolver as habilidades acima? Como posso conseguir no dia-a-dia prover para que as necessidades básicas acima sejam atendidas para as crianças e adolescentes com os quais convivo? Vou deixar algumas dicas que podem ajudar: - Procure deixar a criança fazer o que ela já consegue fazer, mesmo que ainda em pequenas tarefas. Utilize o seguinte lema: Nunca faça pela criança o que ela já consegue fazer por ela mesma! Isso irá proporcionar oportunidades de desenvolvimento de autonomia, aprendizado de habilidades de vida importantes, além de sentimentos muito positivos e uma sensação de que ela é capaz, de que ela consegue;


Artigo - Acolha, seja escuta ativa da criança, mesmo que não concorde com o que ela tem para lhe dizer, mas escute primeiro para depois se colocar e expressar sua opinião, sempre de forma respeitosa. Tal comportamento será de extrema importância na adolescência, quando eles crescem e precisam compartilhar e conversar sobre os grandes dilemas e dificuldades que encontram; - Faça combinados em que eles tenham horários para a realização das tarefas pessoais e de suas responsabilidades, como estudo, tarefas de escola e tarefas de casa, quais as funções deles no dia-a-dia doméstico, no dia-a-dia da sala de aula. Tais aprendizados são importantíssimos para desenvolver a responsabilidade, a disciplina pessoal, senso de colaboração, ajuda, empatia; - Esteja presente (presente de verdade), sem eletrônicos, só você e sua criança, brinque, jogue, dê risadas, vá passear, faça o que a criança goste e o que ela escolha. Isso gera conexão, confiança, vínculos e emoções positivas; - Dê opções de escolhas limitadas, como permitir que a criança escolha entre duas ou três opções que você previamente selecionou para que ela sinta que é respeitada, valorizada e exercite a autonomia e a independência; - Permita que sua criança fale sobre como ela se sente nas situações, e procure validar o que ela está sentindo. Nunca desmereça os sentimentos e emoções dela. Tente conduzir a percepção de que ela possa perceber se a maneira como ela agiu na situação foi adequado ou não após estar mais calma e você também. Se for preciso, peça um tempo e só volte após estar melhor para resolver a

situação; - Nunca e em hipótese alguma aja com violência e lembre-se que gritos, ameaças, humilhações e chantagens são também um tipo de agressão. Crianças criadas em ambientes onde há violência, possuem tendência muito maior a desenvolver transtornos mentais no futuro; - Cuide de você. Quanto mais você estiver bem, mais conseguirá ser exemplo e espelho positivo para os comportamentos dela. Mais equilibrado estará e melhor condições terá de conseguir colocar em prática todas as dicas anteriores. No fundo, todos nós podemos conseguir ser fator de proteção e auxiliar na prevenção dos transtornos mentais e do suicídio. Todos podemos colaborar na valorização da vida, ainda que em nossa própria casa com nossos filhos. Mas também devemos estar atentos a qualquer mudança de comportamento e ou sinal diferente em nossos filhos e se caso isso acontecer, não deixar de buscar ajuda. Um dos maiores aprendizados que podemos ter e deixar para nossas crianças é o de que não conseguimos dar conta de tudo. Somos uma comunidade de ajuda e podemos sempre pedir ajuda quando precisarmos. Aprender com nossas vulnerabilidades também é um dos maiores aprendizados que podemos deixar e a base para a resiliência. Afinal, aceitar que está difícil é começar a pensar na solução, não é mesmo?

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III Encontro Interamericano de Formação das Oficinas de Planejamento e Centros de Formação Profissional em Guadalajara/México Ir. Celene Couto Rodrigues O III Encontro Interamericano das Oficinas de Planejamento e Desenvolvimento (OPDs) e Oficinas dos Centros de Formação Profissional (CFPs) foi realizado nos dias 3 a 7 de junho de 2019, na cidade de Guadalajara, no México. Estavam presentes oitenta participantes de vinte e três Inspetorias, sendo dezoito salesianos de Dom Bosco, cinco Filhas de Maria Auxiliadora e cinquenta e oito leigos de dezessete países da América Latina e de cinco ONGs internacionais. Da Inspetoria Santa Catarina de Sena participaram Irmã Ana Luisa Medeiros, Irmã Celene Couto e Rosemeire Gomes, gestora de projetos sociais de nossa Inspetoria. O objetivo desse projeto é formar comunidades de aprendizagem, por meio das partilhas das boas 42 | Em Família

práticas que acontecem nas diferentes realidades de nossas obras salesianas. A transversalidade do trabalho em rede, a sinergia e trabalho colaborativo permitem aproveitar o grande potencial que temos em nossas Inspetorias e nos âmbitos de trabalho de cada um dos países da América Latina. Nesse encontro, demos continuidade à formação iniciada, em maio do ano passado, em Cochabamba/ Bolívia. No encontro passado, em São Paulo, o maior tema foi o Marco Lógico, metadologia muito importante quando se precisa elaborar um projeto com base nas necessidades reais do território. Já, nesse encontro, na Oficina dos Centros de Formação Profissional, conduzida pela consultora,


Registro María Lehmann, foram estudadas estratégias de monitoramento, mas, sobretudo, discutido porque e para que monitoramos os projetos. Como filhos e filhas de sonhadores, como Dom Bosco e Madre Mazzarello, devemos formar nossos jovens de hoje não apenas para reproduzir um sistema, mas sim, para criar algo novo. Para isso, precisamos ensiná-los aprender a aprender. Assim se fará a transformação do mundo! Nesse contexto, na Oficina de Planejamento e Desenvolvimento, aprofundamos os tipos de competências, o perfil competencial, estratégias de ensino, sequências didáticas, acompanhamento psicossocial, a metodologia Sense Maker e compartilhamos as boas práticas desenvolvidas em nossas obras da América Latina. Grande é a relevância desses encontros em que podemos sentir ‘in loco’, a imensidão, efetividade e inculturalidade do nosso carisma e a importância de nos fortalecer em rede. Apenas unindo forças e compartilhando saberes e talentos somos capazes de compreender e empreender metodologias mais complexos com o intuito de sermos mais focados, mais profissionais e, principalmente mais enraizados no carisma salesiano, sendo resposta credível, ainda hoje, aos jovens por meio através do Sistema Preventivo de Dom Bosco. Concluímos nossos dias no México, na festa de Pentecostes, com o coração repleto de gratidão, aos pés de nossa querida Mãe, Nossa Senhora de Guadalupe, rezando por nosso amado povo brasileiro, por toda a nossa inspetoria e jovens, pedindo sua intercessão por todos que fazem parte de nossas vidas e que inspiram nossa missão e entrega cotidiana.

realizadas em diversos países. A dinâmica de partilha em grupos foi muito rica e gratificante.” (Ir. Ana Luiza Medeiros). “Foram dias intensos de formação, aprendizagem e muitas respostas. Vivi e recebi tudo como um grande carinho de Deus por mim. Esses encontros nos permitem aprofundar conhecimentos a fim de formular projetos em resposta às necessidades dos nossos amados jovens, assim como fizeram Dom Bosco e Madre Mazzarello.” (Ir.Celene) “Para mim, o mais importante é fortalecer o sentimento de pertença de um trabalho que extrapola nossas fronteiras e qualifica nosso trabalho salesianamente para à missão em cada uma das nossas realidades. Retornei ao Brasil com um coração de que somos rede, uma verdadeira família criada por Dom Bosco e Madre Mazzarello” (Rosemeire Gomes)

“A possibilidade de participar deste Encontro realizado, no México, foi para mim uma grande experiência e troca de informações. Nesta 3ª oficina, tivemos a oportunidade de trabalhar as Competências. Por meio de uma bem conduzida e esclarecedora Oficina sobre Competências Gerais e Transversais, que proporcionou vivência concreta do tema abordado, abrindo portas para o desenvolvimento do trabalho em nossas oficinas com maior propriedade e clareza Houve, também, apresentações de boas práticas maio | junho| julho e agosto 2019


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Planejamento e Cultura Digital são temas do II EncPolo SP Entre os dias 3 a 5 de junho próximo passado, Comunicadores das Inspetorias Santa Catarina de Sena, das Filhas de Maria Auxiliadora e Nossa Senhora Auxiliadora, dos Salesianos de Dom Bosco, participaram do II Encontro de Comunicação Social do Polo São Paulo da Rede Salesiana Brasil, o EncPolo. O evento foi realizado no Centro de Espiritualidade Flos Carmeli, em Mairiporã-SP, situado em meio à Serra da Cantareira e pertencente às Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus. A abertura foi realizada pelo delegado inspetorial para a Comunicação Social dos SDB, Anderson Bueno, que fez memória do encontro anterior e ressaltou a importância do evento. Na sequência, foi realizada uma dinâmica para a integração do grupo, orientada pela assessora de comunicação das FMA, Andréa Pereira. A coordenadora de Comunicação das FMA, Ir. Maria de Lourdes Becker, conduziu a oração inicial, apresentando o vídeo do Papa Francisco com a mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado em 1º de junho, que teve como tema “’Somos membros uns dos outros’ (Ef 4, 25): das comunidades de redes sociais à comunidade humana”. Assessorado por Guilherme Tell Barbosa, da Rede Salesiana Brasil de Comunicação, o EncPolo teve dois eixos de estudos: Planejamento e Gestão de Marketing e Cultura Digital. Ele iniciou os trabalhos 44 | Em Família


Registro apresentando as etapas de maturidade de uma empresa e as diferenciações entre projetos e processos. No âmbito mais específico de planejamento, apresentou o Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act), utilizado para planejamento, controle e melhoria contínua de processos, juntamente com algumas ferramentas de apoio, como a Análise 360º, Análise SWOT, as “cinco forças de Porter”, o plano de ação 5W2H e planejamento de mídias. Segundo Guilherme, essas metodologias e ferramentas de marketing, aliadas ao trabalho de comunicação, se potencializam ao serem trabalhadas com uma boa proposta de valor da organização, ou seja, os benefícios e diferenciais que o cliente ou o usuário terá ao utilizar seus produtos e serviços. No caso da educação salesiana, seja ela por meio das escolas, do ensino superior ou das obras sociais, esse conceito está atrelado não diretamente com a qualidade do ensino típico salesiano, mas ao ambiente positivo proporcionado aos alunos, educandos e demais usuários. O assessor da RSB-Comunicação também falou sobre a importância do marketing de experiência, afirmando que hoje os consumidores e os públicos em geral não buscam apenas produtos e serviços, mas as experiências que esses podem proporcionar e que podem ser compartilhadas. Na área de comunicação digital, Guilherme falou de diversas estatísticas sobre mídias e apontou ferramentas de análise que as equipes salesianas de comunicação e marketing podem utilizar para analisar cenários, seus concorrentes e planejar melhor suas ações e a produção de conteúdo. Também apresentou os conceitos de persona, uma representação fictícia do público real que permite um melhor foco das ações de comunicação e marketing nas mídias digitais. Complementando os conteúdos, os comunicadores participaram de oficinas de planejamento e montagem de personas. Os trabalhos foram finalizados com a apresentação de alguns cases positivos e negativos das unidades

para troca de experiências e com o sorteio de uma camisa do Magnus Futsal, cortesia do Colégio Salesiano São José, de Sorocaba, do qual a equipe é parceira.

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Alunos do Ensino Médio do Instituto São José promovem a 1ª Salesionu – Simulação da Organização das Nações Unidas (ONU) Por Geovani Amorim Nos dias 9 e 10 de agosto, os alunos do particulares da cidade. Ensino Médio do Instituto São José realizaram

Em um primeiro momento, sob a orientação

o “SALESIONU”, uma simulação da Organização do Coordenador Pedagógico Professor Mestre das Nações Unidas (ONU).

Glauco de Souza Santos, o grupo passou por

Esta é a primeira vez que a Escola participa uma formação com os professores de História, do evento, promovido pelos alunos dos 3ºs Diego Alvarez Garcia e Felipe Oliveira Martins, anos do Ensino Médio, envolvendo alunos dos para ampliação do conhecimento sobre ONU, 9ºs anos do Ensino Fundamental e os alunos Relações Internacionais e sobre a dinâmica de dos 1ºs e 2ºs anos do Ensino Médio. O evento Simulações. também recebeu inscrições de outros Colégios 46 | Em Família

Esse tipo de encontro, com estudantes, é


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realizado há mais de 40 anos pelo mundo de Saúde) – explorando sobre a “Influência da e o primeiro aconteceu na Universidade de sociedade digital na saúde mental”. Harvard, nos Estados Unidos. No Brasil, a

A discussão dos temas propostos para este

simulação é mais comum em faculdades e projeto, também contribui para que os jovens universidades do que em escolas públicas ou compreendam o valor das normas, das regras particulares.

sociais, da ética, da retidão, da coerência

O 1º SALESIONU reuniu cerca de 150 alunos, e da cooperação e tomem posições mais representando vários países, que debateram conscientes diante das circunstâncias e das sobre temas globais e relevantes para a problemáticas dos diferentes países. atualidade.

A aluna do 3º ano do ensino médio, Sophia

Cada representante do comitê teve de Lapadula, de 17 anos, que participou como esclarecer o posicionamento que o país secretária geral da simulação, conta que o representado tem em relação aos temas evento promoveu crescimento cultural e propostos nas discussões. As causas debatidas foram: CSNU (Conselho

pessoal para os alunos. “Eu acredito que a simulação da ONU traz

de Segurança das Nações Unidas) – explorando uma visão de mundo muito maior para o aluno sobre a “Guerra da Caxemira”, ACNUR (Alto que participa, e nesse especialmente, percebi Comissariado das Nações Unidas para os que todos se sentiram muito bem acolhidos e Refugiados) – explorando sobre a “Xenofobia estão realmente tentando se colocar e opinar no século XXI”, e a OMS (Organização Mundial nos debates. Muitas vezes, ficamos limitados maio | junho| julho e agosto 2019


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com a realidade do nosso país. Ser exposto a nossa rede um foco de esperança para a um pensamento contrário ao seu traz muito humanidade. crescimento, não só por aprender como as

“Foi

emocionante

acompanhar

a

coisas são vistas por outro lado, mas também proatividade, o zelo, a dedicação dos alunos para fortalecer os argumentos. A simulação que compuseram a organização do evento, mostra como o debate civilizado pode gerar bem como o esforço e a vontade dos crescimento e sucesso em todas as áreas. No que vieram participar. É um exercício que mundo digital em que vivemos hoje é muito desenvolve o respeito, a responsabilidade, as importante que, acima de tudo, saibamos ser boas relações, e nos enche de esperança nas humanos”, comentou.

próximas gerações para construir um mundo

“Simulações da ONU, como a SalesiONU, são melhor e possível”, destacou o Professor de mais que um evento. É um projeto complexo História, Diego. que dura meses de criação, pesquisa,

Ao longo de todo esse processo, os alunos

organização logística, busca de patrocínio, desenvolvem uma maturidade intelectual estudo e conhecimento de mundo”, ressaltou sem medida e aprendem na prática questões o Coordenador do Ensino Médio, Glauco.

globais e atuais. A SalesiONU auxiliou nossos

Como professor, sinto um orgulho enorme, alunos a se formarem como cidadãos. e vejo a plena realização de nossa proposta

Para a Diretora Pedagógica do Instituto São

educacional. Que o evento cresça e faça de José, Irmã Lucia Maistro, o evento é a realização 48 | Em Família


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de um sonho. “Há anos atrás, alguns jovens já pediam o evento na escola, mas não tínhamos estrutura para realizá-lo. Este ano, além dos alunos do terceiro ano do ensino médio que encabeçaram o evento, tivemos a coordenação do professor Glauco de Souza Santos, juntamente com outros professores, que transformaram esse sonho em realidade. A simulação foi realizada de forma muito bonita. Eu acompanhei com muito carinho o evento e, sem dúvida, pude perceber o potencial dos jovens. Eles são verdadeiros protagonistas, e promoveram uma interação muito grande entre si. Os alunos saem desse evento com outra visão de mundo”, destacou.

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Projeto de Espiritualidade Missionária Por Ir. Huimin

O Primmeiro PEM, I Projeto de Espiritualidade Missionária em terras brasileiras, foi realizado, entre os dias 24/04 a 13/05/19, com início no Colégio de Santa Inês, São Paulo. Éramos 24 participantes, provenientes de cinco países: duas Irmãs do Uruguai, duas do Chile, uma do Paraguai, cinco FMA, uma cooperadora salesiana e um padre salesiano da Argentina e doze Irmãs do Brasil. Desde o primeiro momento, sentimos que o Projeto foi cuidadosamente preparado, pensado e rezado por toda a equipe. O grande tema que o norteou foi: “Nossa Senhora” e o lema: “O Espírito e a Esposa dizem: Vem Senhor Jesus” e o logo escolhido representou bem a realidade do nosso Brasil. Em todas as Comunidades, fomos esperados e recebidos com muito carinho, expressos nos 50 | Em Família

mais variados gestos. Além do conteúdo apresentado, estudado, visitamos algumas obras, escolas, faculdades das FMA e dos SDB. O grupo se entrosou bem e juntas agradecemos a Deus por tanta fidelidade e entrega à juventude. As apresentações da vida e da história dos inícios do Instituto, em terras brasileiras, foram apresentadas, por onde passamos, com competência. As Irmãs coordenadoras estiveram sempre presentes e nos fizeram amar, ainda mais, a nossa história e a valorizar o passado como semente para o futuro. Destacamos, com especial carinho, a atuação de Irmã Dulce Hirata que, de forma incansável e com muita simplicidade, característica de sua pessoa, nos contagiou com seu sentido de pertença ao


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Instituto. Destacamos alguns lugares como ponto alto dessa etapa: O Memorial das Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil em Guaratinguetá, SP; o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, SP com visita à Sala dos milagres, a Cúpula, o Mirante e o Museu; o local do acidente em Juiz de Fora,MG, local do acidente que causou a morte de D. Luíz Lasagna, quatro Filhas de Maria Auxiliadora e de D. Joana Lusso, mãe de Irmã Marta Lusso e de um clérigo salesiano. Outro importante destaque foi o encontro com Monsenhor Filippo que, com toda confiança e amor ao carisma salesiano, preparou o canteiro para que as Filhas de Maria Auxiliadora lançassem as sementes neste solo brasileiro. A determinação e o empenho das Irmãs, que nos precederam, construíram nova história, ancoradas unicamente no Evangelho e nos sonhos de Dom Bosco e de Madre Mazzarello e nos falaram da fé, da coragem da entrega da vida a serviço do Reino.

Foi muito importante conhecer e aprofundar a vida das primeiras Irmãs. Pudemos constatar a vivência do carisma salesiano, as características de cada Irmã, o espírito de sacrifício, a simplicidade, as delicadezas, o carinho, a coragem, a oração, a alegria, a serenidade, a pobreza, o amor para com as meninas e Irmãs, enfim caminheiras fiéis e incansáveis. Tudo isto nos animou e impulsionou a viver e a rever as nossas atitudes. Que o exemplo, o testemunho, os gestos dessas nossas Irmãs, que experimentaram a grandeza do amor de Deus, fecundem de santidade a nossa vida; que muitas jovens generosas, a serviço do Reino, possam, com a mesma audácia, continuar a história nos dias de hoje, sendo, com Mazzarello, auxiliadoras da Auxiliadora. Sentimo-nos orgulhosas de ser Filhas de Maria Auxiliadora e por fazer parte da Inspetoria Santa Catarina de Sena. Obrigada por essa experiência tão rica de salesianidade. À Irmã Helena, ao Conselho, às nossas Comunidades, nossa eterna gratidão e orações. maio | junho| julho e agosto 2019


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Noviças, Irmãs e Jovem Vocacionada participam da Semana Missionária na Inspetoria Santa Catarina de Sena Por Ir. Denize Salvador – BPA e Denise Alencar - BMT Nos dias 30 de junho a 07 de julho de 2019 foi jovens, seguem os entusiasmados depoimentos realizada, na Inspetoria Santa Catarina de Sena, a da jovem vocacionada, das noviças e Irmãs: Semana Missionária, em diversas comunidades

“Fui enviada para a comunidade Santo

do Estado de São Paulo, com a participação Expedito, em Arujá-SP, que está sob os cuidados de alunos e de educadores de Colégios de Pe. Celso. Para mim, foi uma experiência de das FMA. As noviças e Irmãs do Noviciado crescimento e de fortalecimento vocacional. Interinspetorial Nossa Senhora das Graças-SP A comunidade local, constituída por pessoas participaram, junto com os vários grupos, desta de muita fé e por jovens engajados e ação evangelizadora. As comunidades que comprometidos com as pastorais em que atuam, receberam a presença da juventude salesiana nos recebeu de forma muito calorosa e amiga. foram revigoradas e animadas pelo anuncio Acredito que, também, o estar junto a eles no da Palavra de Deus e pela alegria salesiana dos oratório; na Igreja e nas visitas às famílias, foi 52 | Em Família


Registro uma experiência de fé e de crescimento para os missionários do Instituto Madre Mazzarello. Os jovens missionários mostraram-se responsáveis e dedicados. Foi uma semana em que todos se doaram: missionários e comunidade. O sentimento que tenho é de alegria e vontade de continuar a crescer. Ficamos hospedados na casa das Irmãs Missionárias da Santíssima Eucaristia (fundada por Pe. Celso), que nos acolheram com muita alegria e disponibilidade. Sou grata a Deus por esta oportunidade, por ter estado em meio a eles e pelas novas amizades. Quem sabe se de Arujá surja alguma vocação Salesiana. ” Adriana Soares Dantas (noviça do primeiro ano) – Inspetoria Santa Teresinha/AM. “Tive a oportunidade de, neste ano, com o Colégio Santa Inês, participar da Semana Missionária na cidade de Torre de Pedra. Foi uma experiência rica e fecunda junto aos jovens e à comunidade que nos acolheu. Visitar as famílias, ter os momentos recreativos com as crianças e mulheres me fez crescer na capacidade de me colocar no lugar do outro, de estar mais sensível às necessidades ao meu redor e de ver o rosto de Deus em cada um e em cada realidade. Além de toda a vivência, reafirmo que, estar com os jovens é sempre uma oportunidade de reavivar e confirmar a vocação.” Bruna Rodrigues Lôbo (noviça do segundo ano) - Inspetoria Madre Mazzarello/BH “A minha experiência na missão foi sensacional, pois aprendi muito com cada pessoa que deixou, em mim, algo muito especial. Abençoar as casas foi muito bom, como também, o levar a Palavra de Deus aos lares. Com o trabalho missionário, ajudamos

no despertar da fé de vários participantes. O trabalho, no oratório, foi muito gratificante, principalmente por ver a felicidades das crianças brincando conosco. Acho que, da mesma forma, que as pessoas aprenderam conosco, nós também aprendemos muito com elas”. Camile Pessutti Figueiredo – Vocacionada e Acólita na Paróquia São João Bosco, Alto da Lapa/SP. “A Semana Missionária, em Tremembé, com os jovens do Instituto São José foi um tempo de graça, junto à comunidade da Imaculada. Ficou forte, para mim, o contato com as famílias nas visitas às casas e a presença das crianças e adolescentes no oratório. Pude perceber o quanto a comunidade é sofrida. Mas, apesar disso, carrega a alegria e a esperança. Ficaram muito gratos pela amizade, pela vida partilhada. Obrigada por mais essa oportunidade de missão e conversão. ” Ir. Celia Regina Pinto- Inspetoria Santa Catarina de Sena/SP “Tive a alegria de realizar a Semana Missionária em Americana- SP. Na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, junto à comunidade Nossa Senhora Aparecida, com o grupo de jovens e educadores do Instituto Nossa Senhora Auxiliadora de Araras e da Obra Social Salesiana de Apoio Fraterno (OSAF). Acreditar na capacidade da juventude não é utopia. O protagonismo dos jovens missionários, sua audácia permeada de alegria nata, com a maneira própria do ser salesiano, com toda certeza contribuiu de forma grandiosa para o anúncio da Palavra de Deus nesta missão. Quão gratificante foi esta experiência, todas as atividades próprias da missão foram vivenciadas profundamente maio | junho| julho e agosto 2019


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e, de modo muito particular, tenho-a como para que participem da comunidade com muito uma chama ardente que aqueceu, ainda mais, entusiasmo. Marcou-me ver o protagonismo a resposta que procuro dar de forma positiva, dos jovens missionários. Sem dúvida, essas neste seguimento à Vida religiosa como Filha experiências que são proporcionadas aos jovens de Maria Auxiliadora. Enfim, gratidão é o são muito valiosas. Pois, no encontro com a sentimento que prevalece, caminhar em busca realidade sofrida de muitas pessoas contribui do crescimento do ser é a esperança que me para o amadurecimento pessoal. Para quem move, a partir desta nova experiência obtida” acompanha fica a lição de vida das partilhas Denise Alencar (noviça do primeiro ano) e amizades.” Ir. Denize Salvador – Inspetoria Nossa Senhora Aparecida, Porto Alegre/RS, -Inspetoria Santa Teresinha/AM. na assistente do noviciado interinspetorial. “A experiência missionária, em Cássia dos Paróquia Jesus Ressuscitado, na comunidade São Judas, na cidade de Tremembé, SP. Foi Coqueiros-SP, com os jovens missionários do “Participei

da

Semana

Missionária,

uma experiência muito significativa. Participar Colégio Nossa Senhora Auxiliadora de Ribeirão com os jovens da semana missionária foi uma Preto, foi sem dúvida, uma vivência profunda de humanamente. fraternidade, fé e fortalecimento da vida cristã, Encontrar as famílias, fazer a oração e bênção demonstrado claramente na alegria salesiana, nas casas, brincar com as crianças no oratório, foi no espírito de família e no protagonismo juvenil. oportunidade

de

crescer

muito importante. Cada momento de encontro Foi uma semana singular na qual aprendi muito com as pessoas foi de animação e motivação e sou grata pelos diversos momentos edificantes 54 | Em Família


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que vivi. ” Giselle Ferreira dos Santos (noviça do próximo. Momento de ser presença fecunda primeiro ano) -Inspetoria Maria Auxiliadora- PE e de se sentir fecundado pela presença de “A Semana Missionária é uma experiência Deus nos sorrisos, olhares, histórias, alegrias e muito rica de aprendizagem, crescimento e sofrimentos que encontramos. Este ano, tive fortalecimento na vocação. Estar em meio a alegria de integrar um grupo de 77 pessoas aos jovens é uma alegria. Pude perceber um entre alunos, ex-alunos, assessores, Irmãs e clima de responsabilidade, doação e partilha. Formandas. Nosso campo de missão foi em A visita às famílias foi um momento de Tremembé- SP, na Paróquia Jesus Ressuscitado. aprendizagem, de escuta das necessidades Divididos em três grupos, atendemos a três de cada um que encontramos e de oração em comunidades pertencentes à paróquia. Destaco conjunto com eles para testemunhar a palavra a alegria salesiana, sempre viva em nossos de Jesus. No oratório, meu sentimento foi de jovens e que transbordou nas partilhas com a alegria em estar com as crianças partilhando comunidade e o protagonismo dos mesmos e oferecendo o amor a Jesus Cristo. Enfim, que, com seus jeitos singulares, abraçaram a expresso meu sentimento de gratidão a Deus missão e deram o seu melhor, com o desejo pela oportunidade! ” Justiane de Jesus Pinheiro de levar o amor de Cristo àquela comunidade, Ferreira (noviça do segundo ano) -Inspetoria espalhando o carisma de Dom Bosco e de Santa Teresinha/AM.

Madre Mazzarello. Com o coração alegre,

“A Semana Missionária é sempre uma agradeço a Deus por mais essa rica experiência oportunidade de encontro com Deus e com o em meu caminho vocacional, onde pude sentir maio | junho| julho e agosto 2019


Registro o apelo Dele em ser sempre presença fecunda onde estiver, pois o acompanhamento exige de nós dedicação, escuta, pois nossos jovens e comunidades estão sedentos de presenças que transformam a vida de forma positiva. Luana Oliveira (Noviça do segundo ano) - Inspetoria Santa Catarina de Sena/SP “Nesse ano, tive oportunidade de participar da Semana Missionária Salesiana, junto à juventude salesiana do Instituto São José e alguns membros de educadores (assessores), em Tremembé-SP, na comunidade Nossa Senhora da Imaculada Conceição, que tem por matriz a Igreja Nossa Senhora da Rosa Mística. Foi uma rica experiência de alegria e de espiritualidade salesiana. Realizamos visitas às famílias, bênçãos, partilha da Palavra de Deus e escuta junto às pessoas que encontramos. Pude contemplar a presença de Deus na alegria e no sorriso de cada criança e jovem, que estava no pátio. Fica forte, para mim, o aprendizado da escuta, o espírito de família salesiana, o cultivo da espiritualidade do Bom Pastor, renovando o chamado de Deus, como também a esperança e o entusiasmo da parte dos missionários alunos do Instituto, o seu protagonismo. Pelos momentos vivenciados, com muita esperança, alegria e gratidão sinto-me fortalecida na fé, no carisma salesiano, no seguimento a Deus, em favor da juventude, opção de missão para minha vida.” Maria Diana Azevedo (noviça do primeiro ano) - Inspetoria Santa Teresinha/AM. “Participar da Semana Missionária, com os alunos e assessores do Colégio de Santa Inês, na cidade Torre de Pedra, foi uma experiência maravilhosa, onde pude confirmar a minha 56 | Em Família

vocação junto ao povo mais necessitado. A semana foi um momento de enraizamento no amor de Deus que se fez presente na simplicidade das famílias visitadas, que foram testemunho de vida e estar no oratório junto as crianças e os adolescentes foi semear o amor profundo que Dom Bosco e Madre Mazzarello também tiveram com os meninos (as)”. Natalina Ferreira Melo (noviça do segundo ano) Inspetoria Santa Teresinha/AM “A Semana Missionária, em Tremembé, na comunidade São Judas, foi uma experiência rica e significativa, foram dias vividos no espírito da partilha com os jovens, adolescentes e famílias. Pude levar meu conhecimento, evangelizar e principalmente pude levar o amor de Deus. Ao mesmo tempo, aprendi deles a alegria simples da vida cotidiana. Agradeço a Deus a oportunidade de experimentar, em meio as pessoas, a entrega, o doar-se ao serviço da evangelização, a experiência de vida e o crescimento espiritual. Tal experiência estará sempre presente em minha vida”. Olívia Maria Matas (noviça do primeiro ano) - Inspetoria Nossa Senhora Auxiliadora- PE “Tive a oportunidade, de fazer minha experiência missionária junto aos adolescentes da Casa Betânia de Guaratinguetá. Éramos um grupo de doze pessoas, contando adolescentes e assessores. Nossa experiência se deu na cidade de Roseira, situada no Vale do Paraíba, em São Paulo, na comunidade São José, Barretinho. Afirmo que, com todas as experiências que fizemos de visita e bençãos nas casas, oratório com as crianças e adolescentes, celebrações com as famílias participantes da comunidade,


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a palavra que fica é gratidão a Deus, por seu imenso cuidado e proteção. Por proporcionarme ir ao encontro da vida, pisar o solo sagrado da existência de cada pessoa, e colocar-me a escuta de suas histórias. Histórias carregadas de sofrimento e, portanto, enraizadas na fé e confiança na presença de Deus que sustenta e da força para seguir em frente. Ir ao encontro da vida, dos escombros da humanidade, fezme questionar como sinto e valorizo a presença de Deus em minha vida.” Tatiane Cristina das Graças (noviça do segundo ano) - Inspetoria Madre Mazzarello/BH “A experiência vivenciada, junto aos jovens na Semana Missionária, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, em Canas, fez-me perceber o valor do protagonismo juvenil e do ardor missionário no coração de cada um. O encontro com as famílias nos ajudou a renovar nossa fé, pois, em seus testemunhos, percebemos uma

entrega confiante em Deus, mesmo em meio as dificuldades e com histórias de vida tão sofridas. A fecundidade desta experiência é concretizada, dia após dia, no convite de Deus a olhar para os seus pequeninos e de nunca perder a fé e a esperança em sua presença sempre terna e constante”. Thaísa Mara de Souza (noviça do primeiro ano) - Inspetoria Madre Mazzarello/ BH. Com estes depoimentos, temos a certeza de que estamos a caminho da conversão diária, da busca pela santidade junto com os jovens. Colocamos em prática o convite do Papa Francisco que afirma que é importante cultivar a “cultura do encontro”, ser Igreja em saída, instrumentos de paz e fé. Entretanto, com nosso estilo próprio de ser, fazendo Jesus Cristo conhecido e amado, pois nossa meta é Jesus, nosso jeito é Dom Bosco e Madre Mazzarello. maio | junho| julho e agosto 2019


É Festa

Celebrando a vida - Aniversariantes SETEMBRO

02. Lucia Maistro 06. Fabiana Florêncio Cavalcante 07. Silvana Soares 08. M. Genoveva Corrêa 10. Monaliza Carolina M. Bernardino 12. Célia Apparecida da Silva 14. Aparecida Geralda de Freitas 15. Iraydes Corrêa 16. Thaísa Mára de Souza |(nov.) 17. Manoracy Medeiros 19. Ana Francisca Azevedo 25. Paola Battagliola (Conselheira Visitadora) 26. Maria Helena Moreira (Cons. Geral – Comunic) 30. Cecy Lazzarini OUTUBRO

06. Maria Aparecida Almeida 07. M. Bernardina Gonçalves 08. Anna Bello Soares 10. Rosana M. Cavalcante 11. Maria Dirce Martins 12. Alzira Mateus de Lima Maria Gazzetto Metka Kastelic 19. Terezinha dos Santos 21. Josefina Fortunato

22. Clarice Quereguini 23. Maria Izabel Ferreira 25. Célia Maria Moreli 27. Maria Nieves Reboso (Cons. Geral – Formação) 28. Nair Pasqualini 31. Maria Auxiliadora V. Grande NOVEMBRO

02. Aparecida de Fátima Barboza – Chen Huimin 05. Aldahyr de Bortoli – Mirian Morotti – Rosângela Maria Clemente 07. Esther Venturelli – Fátima Aparecida Peixoto 08. Beatrice Dallabona 09. Giselle dos Santos Ferreira (nov.) 12. Ivone Brandão de Oliveira 15. Célia Regina Querido – Maria Olívia Matas (nov) 17. Augenir Marin 20. Silvania Cássia Pereira 22.Cecilia Vassalo Grande 25. Nilza Fátima de Moraes 26. Lourdes Nunes dos Reis 28. Gisele Rodrigues Coelho 30. Flávia Maria Romeiro

LEMBRANÇA + 8 de maio de 2019 - Sra. Marisa Masseo Hirata, cunhada de Irmã Dulce Hirata + 14 de maio 2019 - a Sra. Maria Helena Salles de Oliveira - irmã de Ir. Maria Isabel Salles + 03 de junho - Mauro Paschoalini, sobrinho de Irmã Nair + 01 de julho – Madre Antonia Colombo (homenagem especial – pequena biografia) + 18 julho: D. Maria José Vieira Florentino + 20 julho Sra. Inês irmã das Irmãs Matilde e Anna Maria Orlando + 09 de agosto: o Sr. João Correia, cunhado. de Ir. Anna Bello.

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Programe-se

PROGRAME-SE

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, E o que nossas mãos apalparam do Verbo da Vida - porque a vida manifestou-se: nós vimos e vos damos testemunho e vos anunciamos esta vida eterna, que estava voltada para o Pai e que nos apareceu – o que vimos e ouvimos vo-lo anunciamos para que estejais também em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filhos Jesus Cristo E isto vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa.” 1Jo 1,1-4

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