por dentro

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dentro Graci Apolinário

Copyright © 2024 Graci Apolinário. Todos os direitos reservados à autora.

Revisão

Carol Canêdo

Capa e Diagramação

Renan Torres

Produção Editorial

Carol Canêdo

Assistente de Produção

Eva Canedo

Autora  Graci Apolinário

1ª edição 2024

N172f Apolinário, Graci Por dentro / Graci Apolinário. – Juiz de Fora: Autoria, 2024. 100 p.; 14 x 21 cm.

ISBN: 978-65-981978-4-1

1.Poesia brasileira. 2. Pandemia. 3. Amor. I. Título.

CDD: B869.1

Rua Batista de Oliveira, 931, 2° andar, Granbery 36010-532 - Juiz de Fora, MG - Brasil autoria.casadecultura autoria.editora@gmail.com

por dentro

a metáfora é muito bonita na poesia a vida não é inventada viver não é uma ficção a palavra expressa, mas a marca dói.

crescer dói, fere a alma.

quantas são as vozes das marcas no meu corpo gritando para onde não devo ir?

estou respirando agora e o mundo me diz que já, já me afogarei novamente, mas hoje emergi. estou boiando na travessia azul entre o mar e o céu. as estrelas cintilam e sinto que ainda existe um mundo inteiro para desbravar.

o meu mundo, aquele em mim.

enquanto tudo e todos estão desmoronando, eu renasci sem fórmula. — a vida é espirituosa.

das descobertas mais incríveis que já fiz: a vida é atravessamento.

eu sei o que me ajuda a manter a sensação de vida,

de estar de volta em casa, à vontade.

— minha casa sou eu.

existem dias de verão intenso em que o sol queima o rosto, mas é inverno por dentro.

meu coração está confuso como um novelo de lã, emaranha felicidade com o medo do amanhã.

no fundo do poço com água limpa sempre existe lama. - eu sou várias.

nem todo amor do mundo impede que a dor me toque. — premissa para ser humano.

a nudez oprime, o amor próprio também.

só me descubro tropeçando em sonhos.

quem eu queria ser antes do que sou agora?

— é tão bom saber que eu ainda moro em mim.

meta: continuar a alcançar a linha de chegada e descobrir que nunca desisti. e que existe outra chegada para alcançar. — a vida não para!

depois que eu passei a morar em mim, os ganhos e as perdas são sempre depositados ou debitados na mesma conta. ninguém leva o crédito se a vida é boa ou má.

dizem que sofro de sinceridades. é um sentimento profundo de fidelidade com o que está dentro do coração.

só sei que tropecei em mim mesma e decidi permanecer aqui.

para experimentar o mundo que desejo, é preciso COR.AGEM1. pensar fora da caixa já não serve, é preciso viver fora dela.

1 Eu ouvi por aí que coragem é agir com o coração.

ela se encheu de si para se proteger do mundo. como plástico-bolha, cheio de todo o ar que precisa, repartido em pequenas porções de vida.

ela só não sabia que um dia encontraria uma garota viciada em estourar suas bolinhas de ar.

Não me demoro em lugares onde não encontro amor. — a Frida me ensinou

às vezes eu olho para o céu e sinto saudades de casa. — vivo aqui, mas vim de outro lugar.

cuidado!

seu sorriso pode mudar o dia de alguém. a falta dele também.

cuidado quando alguém te contar histórias sobre você, pois pode acabar acreditando nelas

e mais tarde descobrir que nunca foram verdade. — sobre abandono, famílias tóxicas e relacionamentos abusivos.

já sofri com a experiência de estar calada, …

em total silêncio, enquanto minha mente gritava… … querendo voar. — desejo de liberdade.

mulher é bicho que nasceu entalado pela sociedade.

eu não sei o que faço! mas sei que não saber e sentir traz cura.

sempre trouxe, sempre foi assim.

é importante saber quando caminhar e quando paralisar para o choro vir limpar.

mesmo que eu queira descansar, eu não vou conseguir apagar as marcas imundas que a sociedade machista carimbou em mim.

eu sou atravessamento, mas também sou resistência. percorro meu caminho, transbordo

e, por vezes, preciso parar.

em um mundo de sons e letras, para mim, você toca poesia.

o sol queima.

hoje eu senti o sol queimando o rosto, mas tudo o que eu conseguia pensar era que eu chovia por dentro.

sorte a minha que o sol queimou tão forte e me trouxe a vida. — me obrigou a olhar para fora.

você me pede pra ficar muda, pra calar, só que não existem vozes. é só minha presença… inteira, opaca, mas viva, que você não quer ver ou tenta não enxergar.

todas as experiências de morte que eu tive doeram, mas me ensinaram sobre o prazer de viver.

eu escrevi para sair de mim. agora é com você!

Livro composto em Martel e Big Shoulders Display e impresso em papel Pólen Natural 80g/m² em julho de 2024 pela Editora Autoria.

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