Repórter do Marão

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08 Dez a 28 Dez’09

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desporto

Amarante FC tem gestão “equilibrada e rigorosa” Jorge Pinto, ex-vereador e antigo responsável pelo futebol juvenil, diz que clube “não entrará em loucuras” Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com

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urante 12 anos Jorge Pinto foi vereador da Câmara de Amarante. Desde 3 de Julho último é o presidente da Direcção do Amarante Futebol Clube (AFC). “São coisas completamente diferentes”, explica Jorge Pinto em conversa com o Repórter do Marão (RM). Condição primeira para dirigir um clube de uma cidade do interior: “é preciso gostar-se muito de futebol”. Acrescenta: “Para se ser dirigente associativo é preciso ter-se uma grande paixão pelo futebol. Venho cá [ao estádio municipal] de segunda a domingo. Se não gostasse de futebol não podia estar aqui”. No entanto, há seis meses, ser presidente do AFC era “uma situação anormal e impensável”, recorda Jorge Pinto, que já tinha sido um dos vice-presidentes e na última época coordenou o futebol juvenil do clube. Aos 51 anos, a situação de aposentado deu-lhe “liberdade de movimentos”. E impôs-se a si próprio uma condição: “onde quer que eu estivesse não ganharia mais um cêntimo. Dou a minha disponibilidade de pensamento e de acção a algumas colectividades”. Além do AFC também dirige o Infantário-Creche O Miúdo. Mas, ressalva, “os meus descontos para a Caixa Geral de Aposentações continuam a ser feitos até aos 61 anos. O único privilégio que eu tenho é a ausência de um trabalho com um horário pré-definido”.

|Não é preciso ser rico para se ser presidente | No fu-

tebol, sempre entendeu “que para se ser presidente é preciso uma certa almofada financeira que eu, pessoalmente, não tenho”. Foram tentadas várias soluções “com pessoas que eventualmente poderiam reunir esses requisitos”, mas “ninguém quis assumir o primeiro lugar”. Foi manifestada “disponibilidade para continuarem a apoiar”. Houve “empresários que disseram que podíamos contar com o apoio deles. Tivemos que encontrar uma solução para Direcção. E foi assim que aparecemos aqui”, recorda Jorge Pinto, salientando que “todos sem excepção, são pessoas que gostam de futebol, que jogaram futebol aqui em Amarante, outros têm cá os filhos como atletas. Aquilo que une todos é a paixão pelo futebol”. Gerir o AFC é “claramente um grande desafio” que exige “a noção muito rigorosa do dinheiro que se tem como certo. Depois, saber quais são as expectativas e onde é

que se pode ir aumentar a receita. Mas partir com muito rigor”, sublinha. Sem “megalomanias” ou “excessos de confiança” e “com o sentido prudente dos tempos em que vivemos”, afirma. É também importante que as pessoas que dirigem “tenham uma boa aceitação social no meio em que vivem. Não precisam de ser ricos ou ter muito dinheiro”, clarifica. O AFC “teve a sorte de desde 2006 até 2009 ter à frente dos seus destinos pessoas com sentido de responsabilidade e que deixaram o clube numa situação estável em termos financeiros”, salienta o presidente.

| Orçamento de 250 mil euros | Com um orçamento anual que ron-

da os 250 mil euros, a Direcção acordou com 80 por cento dos atletas a atribuição de um prémio, na condição de o clube ficar nos seis primeiros lugares, os que garantem a permanência. Não existem prémios de jogos individuais e todo “o dinheiro que entrar no AFC tem que ser devidamente contabilizado e a sua saída da mesma forma”, assegura Jorge Pinto. O AFC está nos primeiros lugares da Terceira Divisão e tem, segundo o presidente, “todas as condições para sedimentar muito fortemente a presença na Terceira Divisão, sempre numa perspectiva de poder chegar à Segunda”. Que é esse “o lugar que o clube, a cidade e o concelho mereciam no panorama do futebol nacional”. As funções de dirigente desportivo obrigaram Jorge Pinto a alterar alguns hábitos: “a única coisa que deixei de fazer foi ir ao cinema. Os fins-de-semana são todos para o futebol”. Passa duas a três horas por dia a ler (livros e jornais, sobretudo na internet). Quando tem tempo livre, entretêm-se “em casa a tratar dos cães e das galinhas. Gosto de pegar numa enxada, ou numa moto-serra e desbastar uns pinheiros, sou meio agricultor”, diz. A paixão pelo futebol transparece também quando recorda, emocionado, “a primeira vez” que se sentou no banco, como director de uma equipa de iniciados. “As lágrimas correram-me porque me lembrei do meu filho [hoje com 19 anos] que foi obrigado a deixar de jogar futebol” quando, já inscrito como jogador de juvenis do Amarante, lhe foi detectado um problema cardíaco grave que o impede de qualquer prática desportiva.


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