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Arquitetura pós-moderna
from Relatorio TH4-B
by rjgfo
Arquitetura pós-moderna
Na última década do século XX, há uma nova etapa da gestão capitalista do espaço urbano em curso. Otília Arantes (1993) traz como marco o Plano de Uso do Solo de Paris (Plan d’Occupation des Sols) de 1989, em que amplia o coeficiente de ocupação do solo, liberando mais espaço para escritórios e reduzindo as limitações de gabaritos e alinhamentos de edificações, em nome de uma “modernização do parque imobiliário”, criando condições mais favoráveis para os investimentos privados.
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Aliado a isso, existem fortes indícios de mudanças significativas na arquitetura, tanto na teoria, quanto na prática. Utilizando o exemplo acima como referência, nota-se que as atividades arquitetônicas, em especial as urbanísticas, dependem muito de políticas públicas e são muito afetadas pelo estado de bem-estar social e pela transição de políticas neoliberais e de estado mínimo. Apesar do exemplo ser na França, a ideia repercute em todo o mundo, agora muito mais globalizado.
Há diversas narrativas em curso, como a de Aldo Rossi, de visualizar a cidade como grande construção coletiva, na qual o arquiteto também participa; a de Venturi, incorporando a ideia da propaganda e da arquitetura de espaços de consumo, mesclando arquitetura erudita com cultura de massa; influenciando a visão de Koolhaas, que assume certo cinismo e aceitação com a realidade multifacetada e muitas vezes paradoxal, que por sua vez converge com certo fatalismo de Peter Eisenman, em que acredita que nada pode ser feito por parte da arquitetura; por fim contrapõe-se com o discurso de Jean Nouvel, que não aceita como resultado, mas sim como condição, projetar tendo que negociar.
Na prática, ocorre a crítica a grande política de fachada, sustentada por projetos monumentais assinados pelos grandes nomes do star system da arquitetura. Em geral, grandes equipamentos culturais, como exemplo emblemático, o Arco de La Défense, planejado para ser sede da UNESCO, se torna uma imensa torre de escritórios. “Travestido de símbolo da União dos Povos, veio redimir uma cidade até então maldita, fantasiando de urbe antiga o mundo dos negócios.” (ARANTES, 1993)
Como projetar fugindo dessa lógica de mercado? Como evitar que a expansão desmedida do capitalismo gere espaços marcados pela desigualdade, por regiões negligenciadas ao lado de condomínios luxuosos? Como evitar esse “realismo sujo”, em que as fachadas dos edifícios não
Em linhas gerais, é esse o nó da renovação urbana em andamento nos países afluentes, com repercussões óbvias na periferia, e cuja decifração realista depende do próximo passo da crítica do pensamento arquitetônico contemporâneo. (ARANTES, 1993, p. 230)
Favela de paraisópolis ao lado de empreendimento imobiliário de luxo