Waste Energy Magazine ED. 01

Vol. 01 | Nº 01 | MAI/JUN 2021 www.energywastemagazine.com

Fórum Valorização Energética de Resíduos O evento contará com a participação dos Principais Players, Especialistas do setor e Representantes da Academia. Discutiremos sobre os principais desafios e oportunidades que teremos para o setor de Valorização Energética de Resíduos.

27 e 28 MAIO

2021

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A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) tem como objetivo fomentar a recuperação energética de resíduos, resolvendo simultaneamente dois grandes problemas atuais do Brasil e do mundo: a destinação dos resíduos sólidos e a geração de energia limpa.

A ABREN integra o Global Waste to Energy Research and Technology Council (GWC), instituição de tecnologia e pesquisa proeminente que atua em diversos países, com sede na cidade de Nova York, Estados Unidos, tendo por objetivo promover as melhores práticas de gestão integrada e sustentável de resíduos por meio da sua recuperação energética, conhecida como Waste-to-Energy (WTE) ou Energy from Waste (EfW). O Presidente Executivo da ABREN é também o Presidente do WtERT Brasil, representando desta forma o Conselho Global do WtERT (GWC).

A ABREN é associada da Associação Internacional de Resíduos Sólidos ou International Solid Waste Association (ISWA) e da Federação da Indústria Alemã de Gerenciamento de Resíduos, Água e Matérias-primas ou Bundesverband der Deutschen Entsorgungs-, Wasserund Rohstoffwirtschaft e. V. (BDE), o que permite à ABREN receber informações relevantes sobre o mercado de resíduos internacional, participar de eventos, integrar grupos técnicos de trabalho e buscar a troca de conhecimento para o desenvolvimento do mercado brasileiro.

ÍNDICE EDIÇÃO FRG Mídia Brasil Ltda.

CHEFE DE EDIÇÃO Tiago Fraga JORNALISTA RESPONSÁVEL Ingrid Ribeiro Souza COMERCIAL Cláudio F. Oliveira, Leonardo Amorim CONTEÚDO Maria Victória Coimbra Pacheco COMITÊ EDITORIAL Colaboradores da edição SUPERVISÃO Eliane T. Souza

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REVISÃO Queila Marisa Tremarin DISTRIBUIÇÃO Carlos Alberto Castilhos REDES SOCIAIS Nicole Fraga EDIÇÃO DE ARTE E PRODUÇÃO Vórus Design e Web

www.vorusdesign.com.br

DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA Empresas do setor de carros e veículos elétricos e mobilidade urbana, geração distribuída e energias renováveis, sustentabilidade, câmaras e federações de comércio e indústria, universidades, assinantes, centros de pesquisas, além de ser distribuído em grande quantidade nas principais feiras e eventos do setor no Brasil VERSÃO Eletrônica PUBLICAÇÃO Bimestral

18 04 Mercado brasileiro de saneamento energético Lodo de esgoto, caminhos tecnológicos para recuperação 14 energética 18 Entrevista com Yuri Schmitke, presidente da ABREN 22 Tecnologia de gaseificação Gomes Area Manager America & Africa da 32 André BIANNA IGUAÇUMEC João Carlos de Oliveira Mello Presidente da 36 Thymos Energia 38 André Tchernobilsky fundador da ZEG Ambiental

CONTATO 41 3225.6693 +55 41 3222.6661 +55

E-MAIL comercial@grupofrg.com.br COLABORADORES Mauro Basquera, Vitor T. Arioli, Maria de F. N. C. Rosolem, Sandra M. C. Tome, Thiago C. do Nascimento, Gisele P. da S. Oliveira, Cesar S. Vieira

Os artigos e matérias assinados por colunistas e ou colaboradores, não correspondem a opinião da Revista de Resíduos de Energia, sendo de inteira responsabilidade do autor.

A Revista ESM é uma publicação da

Curitiba - PR – Brasil Para reprodução parcial ou completa das informações da Revista de Resíduos de Energia é obrigatório a citação da fonte.

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MERCADO BRASILEIRO de saneamento energético Yuri Schmitke presidente da ABREN

I. Impactos do novo marco do saneamento na recuperação energética de resíduos O novo marco regulatório do saneamento cria duas condições estruturantes diferenciadas para a consolidação do mercado de recuperação energética de resíduos sólidos urbanos no Brasil.

Os contratos com o Poder Público devem ser feitos por meio de contratos de concessão, mediante prévia licitação, sendo vedados os atuais contratos de programa, convênios, termos de parcerias, e qualquer outro instrumento jurídico de natureza precária que possibilita arranjos de curto prazo, em geral de cinco anos, não vinculantes aos futuros dirigentes locais eleitos.

Nessa modalidade, os termos contratuais são válidos e oponíveis pelas partes por 30 anos, o que, para além de assegurar maior segurança jurídica aos contratantes, igualmente confere ao investidor um prazo maior de amortização do seu investimento inicial perante os bancos/ 4

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agências financiadoras. Com um contrato perene e de longo prazo torna-se então possível implementar usinas de recuperação energética de resíduos, que exigem elevados custos de capital inicial.

O novo marco do saneamento também traz a possibilidade de que o custo para a gestão de resíduos possa ser incluído às tarifas de tratamento de água e esgotamento sanitário já existentes e historicamente pagas pelos consumidores, o que aumenta a adimplência e pode ser oferecida como garantia de recebíveis aos agentes financeiros, permitindo assim a implementação de usinas de recuperação energética de resíduos.

O atual sucateamento dos serviços de tratamento de resíduos sólidos urbanos no Brasil se explica pela inexistência de contratos de longo prazo e a cobrança de uma taxa municipal pelo próprio município, cujo valor pode vir a não ser repassado para o prestador do serviço pú-

blico. Tal estrutura tem gerado endividamento de algumas empresas prestadoras do serviço de gestão de resíduos e resultado em má qualidade do serviço prestado.

A ABREN defende a utilização da recuperação energética como alternativa aos aterros sanitários existentes, e a imediata implementação de aterros sanitários nos locais em que existem lixões e aterros controlados. Logo, os aterros sanitários são importantes neste momento de transição, mas jamais podem ser encarados como a solução definitiva.

O País precisa aproveitar este novo marco do saneamento para estruturar projetos de recuperação energética, seja no curto ou no médio prazo, sob pena de continuarmos a destruir o meio ambiente e causar grave dano à saúde pública, além de perder a oportunidade de gerar energia limpa e renovável por meio de resíduos pós-reciclagem, o que está compreendido dentro do conceito de economia circular.

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II. Ações da ABREN no setor de recuperação energética de resíduos A ABREN é apontada como a responsável direta pelo primeiro leilão dedicado para venda da energia elétrica que será gerada nas usinas de recuperação energética de resíduos sólidos urbanos. Tais leilões são indispensáveis para o financiamento de projetos de recuperação energética de grande porte, conhecidos como waste-to-energy (WTE), sob a modalidade project finance. A venda antecipada da energia elétrica permite o oferecimento dos recebíveis ao agente financeiro a juros reduzidos, que somado à constituição de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), tem grande potencial de atrair investidores, inclusive de outros setores, em razão da desnecessidade de garantias pessoais e segurança do negócio.

A ABREN elaborou o texto base do PL 513/2020, de autoria dos Deputados Arnaldo Jardim e Geninho Zuliani, que traz diversos incentivos para o desenvolvimento das usinas de recuperação energética, incluindo metas de desvio de biorresíduos de aterros sanitários, o que trará enormes benefícios para o meio ambiente e a saúde pública.

Juntamente com a ABIMAQ, a ABREN fundou a Coalizão Valorização Energética de Resíduos, que hoje conta com a adesão da ABEMI, ANIP, ABGD, COGEN, SOBRATEMA, CervBrasil, ABERS, CONATREC e Coopercaps, estas duas últimas representando aproximadamente 2.000 catadores de materiais recicláveis, cujo objetivo é a articulação com o Poder Público para a aprovação de leis e regulamentos necessários ao desenvolvimento da recuperação energética de resíduos no Brasil.

A ABREN tem fomentado a recuperação energética junto a diversos órgãos da adminis-

tração pública, participando de reuniões e apresentando estudos técnicos específicos junto ao MME, EPE, ANEEL, MMA, MDR, MS, ME, Casa Civil, PPI, IBAMA, CNI, CNM, FIEP, Caixa Econômica Federal, BNDES, Banco Mundial, BID, Nações Unidas, órgãos ambientais Estaduais (CETESB, IBRAM), associações setoriais, Governos Estaduais (SP, RJ, DF, PR, SC, RS, CE, MG, entre outros) e até órgãos municipais, como o município de Palmas – TO e Curitiba – PR. A ABREN é instituição filha do Waste to Energy Research and Technology Council – WtERT, representando assim o WtERT Brasil, cujo presidente da ABREN é também o presidente desta notável instituição de pesquisa e tecnologia que está presente, inclusive, nos países que estão entre as 10 maiores economias do mundo. O WtERT Brasil possui mais de 20 doutores em seu rol de experts, tendo atuado na elaboração de contribuição para o Plano Nacional de Resíduos Sólidos – PLANARES, e atualmente trabalha na elaboração do Guia Nacional da Recuperação Energética de Resíduos.

A ABREN também é associada do BDE, associação alemã de reciclagem de materiais e gestão de resíduos, detém acordo de cooperação técnica com a AVALER, associação portuguesa de valorização energética de resíduos sólidos urbanos, acordo de cooperação técnica com o Consórcio Italiano de Biogás, e parceria com o Ecoprog, notável instituição mundial que publica estudos de mercado sobre este setor.

A ABREN organizou evento internacional no MME (2019), encontro de associados (2020) e 20 webinares durante a pandemia da Covid-19, sendo 5 internacionais, contando com alguns dos maiores especialistas do mundo, como o Presidente do WtERT global (EUA), o PhD Nickolas Themelis, e o Presidente do FEAD (União Europeia) e do

BDE (Alemanha), Peter Kurth.

Também estiveram presentes representantes de grandes players mundiais, como CNIN (França), Martin (Alemanha) e Hitachi Zozen Innova (Suíça), e empresas e representantes de Portugal, Itália, Áustria e Finlândia.

Este ano a ABREN está organizando o Fórum Valorização Energética de Resíduos, que ocorre nos dias 27 e 28 de maio, e contará com a presença de Ministros, Secretários de Estado, Deputados, Presidentes de associações da Coalizão, e grandes players mundiais e nacionais que atuam na recuperação energética, dentro outros parceiros estratégicos que trabalham com certificação, créditos de carbono e estratégias de descarbonização.

A ABREN lançou este ano, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o MBA Executivo em Administração: Recuperação Energética e Tratamento de Resíduos, inédito no Brasil, sendo seu programa totalmente customizado para aqueles que buscam promover melhores práticas de gestão integrada e sustentável de resíduos sólidos. Trata-se de um curso inédito no Brasil e que conta com um corpo docente altamente qualificado, inclusive professores de Portugal, Alemanha e França.

III. Situação dos aterros sanitários no Brasil Segundo dados do Ministério do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério do Desenvolvimento Regional (SNIS e SINIR, 2020), a Região Nordeste destina 4,4 milhões de ton/ano aos lixões e 4,3 milhões a aterros controlados, e a Região Sudeste destina 3,6 milhões de ton/ano de RSU aos lixões e 5,3 milhões de ton/ano para aterros controlados.

No entanto, em termos percentuais, temos o seguinte ranking de destinação final inadequada dos resíduos sólidos urREVISTA DE RESÍDUOS DE ENERGIA

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banos no ano de 2019, do pior para o melhor: a) Região Norte: 34,9% lixões e 29,8% aterros controlados, total 64,7%; b) Região Nordeste: 31,5% lixões e 32,9% aterros controlados, total 64,4%; c) Região Centro-Oeste: 22,8% lixões e 35,9% aterros controlados, total 58,7% d) Região Sul: 11,1% lixões e 18,3% aterros controlados, total 29,4%. e) Região Sudeste: 10,1% lixões e 17,2% aterros controlados, total 27,3%;

Fonte: CETESB, São Paulo, 2019.

Percebe-se, portanto, que as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste possuem problemas graves de gestão ambientalmente adequada de RSU, pois destinam mais da metade de seus resíduos para aterros controlados e lixões, ao passo que a Região Sudeste aparece em primeiro lugar quanto à gestão ambientalmente adequada dos RSU, em termos proporcionais, seguida da Região Sul.

A água contaminada com chorume ou o lixiviado gerado pelos resíduos sólidos urbanos causa comumente diarreia e desinteira, uma das maiores causas de mortalidade infantil. O manuseio inadequado do lixo urbano por catadores também causa doenças, em especial a contaminação com o Coronavírus, que permanece vivo por algumas horas ou até alguns dias, a depender das condições da superfície.

A acúmulo do lixo cria vetores de doenças, como baratas, ratos, moscas, escorpiões e mosquitos que transmitem uma série de doenças, como malária, febre amarela, dengue e Zica Vírus. Importante lembrar que o mosquito é 180 vezes mais letal que cobras, hipopótamos e tubarões, segundo a Fundação Bill e Melinda Gates.

Em 2018, o STF proibiu a construção e ampliação de aterros sanitários em áreas de preservação ambiental (APPs), sendo que 12 dos 28 aterros que recebem lixo de 11 capitais brasileiras estão em APPs. Rio de Janeiro (Seropédica) e São Paulo (Caieiras), respondem juntos pelo lixo de 20 milhões de habitantes, depositados em área de preservação ambiental. Tal situação leva à necessidade de disposição de 13 milhões de toneladas por ano em novas áreas, sendo que as usinas de recuperação energética são a melhor solução para este problema.

As doenças causadas pelo contato inadequado com o resíduo sólido urbano são a cisticercose, cólera, desinteria, febre tifoide, filariose, giardíase, leishmaniose, leptospirose, peste bubônica, salmonelose, toxoplasmose, tracoma, triquinose, entre outras graves doenças que podem levar à morte do paciente.

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Além disso, muitos aterros sanitários no Brasil estão chegando no fim da sua vida útil, como aponta a CETESB em aná-

lise do Estado de São Paulo realizada em 2019, demonstrando o esgotamento de aproximadamente metade dos aterros existentes em dois anos.

A disposição do lixo urbano em aterros sanitários é uma forma primitiva e ultrapassada de destinação dos resíduos sólidos urbanos não tratados, ou seja, do lixo urbano in natura que não passou pela reciclagem do que for possível, compostagem da fração orgânica e recuperação energética da fração pós-reciclagem.

Países como Alemanha, Áustria, Bélgica, Suíça, Finlândia, Dinamarca, Holanda, Suécia, Singapura e Japão conseguiram eliminar completamente a utilização de aterros sanitários para resíduos não tratados, sendo que somente as cinzas não reaproveitáveis da recuperação energética de resíduos e o digestato ou adubo da compostagem não reaproveitados é que são depositados em aterros, mas como são resíduos inertes não oferecem nenhum risco ao meio ambiente ou à saúde pública.

O Tratado da Economia Circular da União Europeia (2015),

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ciada da ABREN), com 80 MW de potência instalada e capacidade de tratamento de 3.000 toneladas por dia, já tendo recebido licença prévia ambiental.

A empresa FOXX HAZTEC pretende instalar a URE Barueri no município da Barueri (SP), com 20 MW de potência instalada e capacidade de tratamento de 825 toneladas por dia, já tendo obtido a licença ambiental de instalação.

A empresa Ciclus desenvolve projeto de 30 MW de potência instalada, com capacidade de tratamento de 1.300 toneladas por dia, já tendo obtido a licença prévia ambiental.

Na baixada santista, onde sobem a serra do mar mais de 100 caminhões por dia por ausência de local seguro no litoral paulista para disposição de lixo, pretende-se instalar uma usina com capacidade de tratamento de 2.000 toneladas por dia, com 50 MW de potência instalada.

Fonte: CETESB, São Paulo, 2019.

que entrou em vigor em 2020, prevê a eliminação completa da disposição de resíduos não tratados em aterros sanitários, tendo em vista que a recuperação energética de resíduos reaproveita a energia de resíduos não recicláveis, substitui a geração termoelétrica fóssil por energia limpa e renovável, o que mitiga emissões de gases de efeito estufa e elimina o dano à saúde pública e ao meio ambiente na contaminação da água potável.

O quadro abaixo apresenta as diferenças entre aterros sanitários e usinas de recuperação energética. Vale dizer, a destinação final dos resíduos não recicláveis tem apenas duas opções, o tratamento orgânico 8

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e o tratamento térmico, sendo que a recuperação energética é a mais utilizada mundialmente e também pode receber parte ou a totalidade da fração orgânica, a depender da tecnologia utilizada.

IV. Projetos de recuperação energética em desenvolvimento no Brasil As regiões que estão mais avançadas com projetos de recuperação energética de grande porte são as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, totalizando 6 projetos com 195 MW de potência instalada.

O município da Mauá (SP) conta com o projeto URE Mauá, do Grupo Lara (empresa asso-

No município da Diadema, há projeto para usina de 500 toneladas por dia de RSU, com 15 MW de potência instalada, desenvolvido pela empresa SABESP, que celebrou contrato de 40 anos com o município.

Existem projetos menores de gaseificação e pirólise, como o gaseificador da WEG instalado na cidade de Mafra (SC), mas que ainda aguarda a instalação de equipamentos para geração de eletricidade por meio do syngás para entrar em operação comercial, o que deve ocorrer em breve.

No Brasil também temos duas usinas de biodigestão anaeróbia.

Uma na região metropolitana de Curitiba, de propriedade da CSBioenergia, com 2,8 MW de potência Instalada, e que trata lodo de esgoto conjuntamente com RSU de fonte industrial e do CEASA. Outra planta situa-se em Ponta Grossa, do Grupo Philus, com capacidade de tratar até 30

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toneladas de RSU por dia, tendo entrado em operação comercial este ano.

A ABREN tem buscado fomentar a criação de mecanismos de financiabilidade junto a diversas instituições, com a estruturação de concessões de 30 anos e a cobrança de tarifa na conta de água, assim como mecanismos de contratação de energia elétrica de longo prazo, como os leilões regulados realizados pelo MME. Outra alternativa relevante apresentada pela ABREN é a concessão conjunta ou em parceria das atividades de recuperação energética de resíduos, recolhimento de RSU e transporte público, de modo que uma mesma empresa seja responsável pela usina, caminhões de lixo e parte dos ônibus urbanos, ambos elétricos e que irão consumir a energia gerada pela usina.

Tais projetos são bastante atrativos em razão da redução dos custos da energia elétrica, pois a atividade de autoprodução de eletricidade não paga ICMS e encargos legais, mas apenas a tarifa de distribuição (TUSD), que neste caso pode ser reduzida ou inexistente, a depender das condições do projeto.

Além disso, concessões de eletromobilidade conjunta com usinas de recuperação energética trazem reduções de gases de efeito estufa com a substituição dos combustíveis fósseis por veículos elétricos, e podem ser financiadas com as garantias da coleta do RSU e/ou da tarifa do transporte público concedido.

V. Potencial brasileiro das usinas de recuperação energética de resíduos A ABREN calculou o potencial brasileiro com base nas 28 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes, que representa 48% da população brasileira ou 100 milhões de habitantes. Essas regiões têm o po-

tencial de gerar 18,9 TWhe (Terawatts hora elétrico) por ano, ou 2,3 GW (Gigawatts) de capacidade instalada, considerando o poder calorífico médio do Brasil de 7.500Kj/kg (quilojaules por quilograma), mensurado com base no estudo do IPEA (2012) executado em 90 cidades brasileiras, e o rendimento elétrico bruto padrão de 28% da planta, que é a eficiência de conversão do calor da combustão na caldeira em energia elétrica.

Para se chegar ao custo de capital inicial a ser investido (CAPEX) nas usinas de recuperação energética por combustão, que é a tecnologia mais utilizada em todo o mundo para Resíduo Sólido Urbano, foi utilizada a média do CAPEX por MWt (Megawatt térmico) de 48 projetos ao redor do mundo (Europa, China, Oriente Médio e Ásia), no importe de 1,5 milhões de euros por MWt instalado.

Com base nesses dados, chegou-se no valor total de investimentos no Brasil de R$ 75 bilhões, que reflete o custo do CAPEX total de 118 usinas de 20 MWe de potência instalada, para atendimento de 3% da demanda nacional de eletricidade, fazendo o tratamento de 60 milhões de toneladas ano de resíduos urbanos, que representa o lixo de 48% da população brasileira.

Ressalte-se que ainda existe enorme potencial de investimento em biodigestão anaeróbia da

fração orgânica do resíduo sólido urbano, que pode gerar eletricidade a partir da queima do biogás ou gerar biocombustível a partir do biometano, que constitui cerca de 55% da composição do biogás, e é um gás renovável que pode ser misturado em qualquer fração com o gás natural.

Outro importante potencial reside no coprocessamento, que consiste na separação e blendagem do Combustível Derivado de Resíduos (CDR), fração não reciclagem e inorgânica do RSU, que hoje já é utilizado em diversas cimenteiras em substituição ao coque (combustível fóssil), para produção de clínquer, utilizado na fabricação do cimento Portland.

O Brasil possui 38 fábricas com licença ambiental para o coprocessamento, mas substitui apenas 3% do combustível fóssil por CDR do lixo urbano, sendo que Alemanha substitui 62%, Bélgica 58%, Suécia 49%, França 35%, Itália 36% e Portugal 19%.

Vale ressaltar, a utilização do CDR, que também pode ser por meio de resíduos industriais (têxtil, pneu, etc.), industriais perigosos e biomassa (carvão vegetal, lodo de esgoto e resíduos agrícolas), está dentre as metas de redução de gases de efeito estufa, sendo que a meta do Brasil para 2050 é substituir até 44% por combustíveis alternativos.

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VI. Benefícios da recuperação energética no Brasil Os investimentos iriam reduzir significativamente o custo com a saúde pública decorrente da má gestão de resíduos. Os 13 países com uma taxa tratamento térmico de RSU, superior a 25% do total gerado, estão também entre os 16 primeiros países no Índice de Saúde e Bem-Estar do Fórum Econômico Mundial.

A instalação de usinas de recuperação energética de resíduos (URE) permite incomensuráveis benefícios à saúde da população.

Segundo estudos da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA, 2015), o custo do atendimento médico à população afetada pela má gestão dos RSU é calculado entre 10 e 20 $/T (dólares por tonelada) de RSU, equivalente a uma média de 75 R$/t (reais por tonelada).

Somente nas 28 regiões metropolitanas do Brasil com mais de 1 milhão de habitantes, seria assim possível economizar cerca de R$ 2,4 bilhões por ano, ou R$ 72 bilhões em 30 anos na saúde pública.

Se consideramos todo o lixo não tratado e que pode causar dano à saúde pública, que representa aproximadamente 96% das 79 milhões de toneladas geradas por ano no Brasil, o gasto com a saúde pública perfaz a quantia de R$ 5,6 bilhões de reais por ano, ou R$ 160 bilhões em 30 anos, segundo o estudo da ISWA (2015).

a recuperação energética de 10 mil toneladas de resíduos pode criar até 40 postos de trabalho.

Durante a fase de construção de usinas URE, requerem-se em média de 200 a 300 trabalhadores diretos no pico da obra, que dura cerca de 36 meses. Em fase operacional, uma planta de tamanho médio pode gerar cerca de 80 a 100 empregos diretos permanentes durante 30 anos, sem considerar os indiretos. Por outro lado, para cada 10 mil toneladas de resíduos enviados a aterros, estima-se a criação de somente cerca de 10 postos de trabalho. Se todos os 27 mil integrantes de entidades associativas de catadores de materiais recicláveis em todo o Brasil fossem qualificados para trabalhar em usinas URE eles atenderiam a somente 9 % do total de postos de trabalho gerados.

Os locais onde as usinas de recuperação energética de resíduos (URE) foram implementadas apresentam também as taxas de reciclagem mais elevadas no mundo. No Brasil, elas permitiriam a recuperação de em média 23 kg de metais reciclados para cada tonelada de resíduo tratado. A implantação de usinas nas 28 regiões metropolitanas Brasileiras, com mais de 1 milhão de habitantes, teria potencial de recuperar mais

de 800.000 toneladas de metais por ano, e que continuariam enterrados e perdidos. Aterros não permitem a recuperação de metais.

As URE estão sujeitas à mais rigorosa legislação ambiental e são equipadas com sistemas de tratamento de gases de combustão altamente eficientes, com valores típicos de emissões entre 50% e 75% abaixo dos valores-limite impostos pela diretiva Europeia 2010/75/EU. Esta diretiva requer monitoramento dos limites de emissões de mais de 20 componentes, ao passo que em plantas de combustão com capacidade térmica superior a 50 MW apenas 3 componentes poluentes são monitorados. A resolução SMA 79/2009 adotada pelo Estado de São Paulo utilizou esta diretiva como referência. Os aterros estão sujeitos a regulamentos mínimos de emissão de ar, apesar da emissão de mais de 170 poluentes e 46 toxinas do ar, incluindo 4 cancerígenos conhecidos e 13 prováveis.

O 5º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que as usinas URE reduzem em 8 vezes as emissões de gases de efeito estufa quando comparadas com os aterros, e são a forma mais eficaz para mitigação

Vale ressaltar que os 13 países com uma taxa tratamento térmico de RSU, superior a 25% do total gerado, estão também entre os 16 primeiros países no Índice de Saúde e Bem-Estar do Fórum Econômico Mundial.

A instalação de usinas de recuperação energética de resíduos (URE) permite incomensuráveis benefícios à saúde da população.

Em estudo realizado pela Comissão Europeia, indicou-se que 10

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Fonte: Análises das Emissões Brasileiras de Gases de Efeito Estufa. SEEG, 2020.

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dos gases de efeito estufa dos RSU. Para cada tonelada de resíduo tratado em uma URE, deixa-se de emitir cerca de 1.550 kg de CO2 equivalente em relação a aterros com 20% de queima por flare de segurança.

A implantação de UREs somente nas 28 regiões metropolitanas brasileiras com mais de 1 milhão de habitantes teria potencial de evitar a emissão de cerca de 51 milhões de toneladas de CO2 equivalente anuais, ou 1.53 bilhão de CO2 equivalente durante de 30 anos de operação, o que corresponderia a plantar quase 7 bilhões de árvores neste período.

Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG, 2020), os resíduos formam responsáveis por 4% do total de emissões de gases de efeito estufa no Brasil para o ano de 2019, correspondendo a emissão de 96 milhões de toneladas de CO2 equivalente. Desde 2010, houve um acréscimo de 23% nessas emissões, sendo 65% proveniente de aterros sanitários, aterros controlados e lixões.

VII. Regulação de incentivo para a recuperação energética de resíduos no Brasil Hoje, praticamente não existem mais impeditivos para o investimento em usinas de recuperação energética de resíduos (URE), pois o Governo Federal tem trabalhado articuladamente e de forma integrada, por meio

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de diversos ministérios, como Ministério de Minas e Energia (MME), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e Ministério da Economia (ME), na formulação e execução de políticas públicas para viabilizar as UREs. O MMA, MME e MDR regulamentaram as UREs em 2019, por meio da Portaria Interministerial nº 274, o que trouxe maior segurança jurídica e aqueceu substancialmente este mercado no Brasil.

O MME estará organizando neste ano (2021) o primeiro leilão para contratação de energia elétrica para o atendimento das UREs. Trata-se do leilão A-5, que ocorrerá em setembro deste ano, e há a perspectiva de habilitação de até 195 MW de potência instalada.

O Programa de Parceira de Investimentos (PPI), do Ministério da Economia, gerencia programa de estruturação de PPPs por meio da Caixa Econômica Federal, com quase 30 projetos em andamento e perspectiva de atendimento de até 100 projetos.

Com a celebração de contratos de concessão de 30 anos e leilões regulados que resultam em contratos de compra e venda de energia elétrica de longo prazo, geralmente também por 30 anos, torna-se possível a estruturação de um project finance, em que os investidores não precisam ofertar garan-

tias próprias, o que reduz os custos de financiamento e melhora a atratividade de players para o mercado, inclusive de outros setores e até fundos de investimentos.

A ABREN tem colaborado efetivamente com o Governo Federal para que essas políticas públicas sejam colocadas em prática, especialmente sobre o leilão que será realizado pelo MME em setembro, ato fundamental e imprescindível para que as UREs sejam uma realidade no Brasil, pois sem a garantia de venda da energia elétrica no longo prazo, os riscos envolvidos inviabilizam tais projetos.

Nesse sentido, o único impeditivo hoje é a falta de vontade política, ou seja, o descaso por parte dos prefeitos em buscar as melhores soluções possíveis e economicamente viáveis para a gestão de RSU. No entanto, há a clara perspectiva de que, com o cenário jurídico e regulatório que tem sido criado, muitos projetos de usinas waste-to-energy serão desenvolvidos no Brasil nos próximos anos, especialmente tendo em vista a obrigatoriedade de tratamento de resíduos previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, o que necessariamente perpassa por soluções energética na maioria das ocasiões, e na possibilidade de cometimento de crime de improbidade administrativa pelos prefeitos que não estruturarem concessões de 30 (trinta) anos nos próximos anos.

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LODO DE ESGOTO,

caminhos tecnológicos para recuperação energética

Reges Dias Engenheiro Mecânico Ember Lion Brasil

Introdução O crescente progresso econômico e movimento populacional para os centros urbanos estão gerando um visível aumento da demanda energética, e desafios para o planejamento da destinação de resíduos. A recuperação energética de resíduos é realidade nos países desenvolvidos. Pelo fato dos resíduos sólidos urbanos por serem um problema de superfície e que gera impactos visuais diretos, o impacto midiático os põe em evidência. Mas em outro plano temos o desague de efluentes, que por não gerar um impacto visual direto, acaba por ter pouco apelo social, realidade que não reduz o impacto ambiental causado por estes efluentes.

Por definição, efluentes são resíduos provenientes das atividades humanas, sejam elas urbanas ou industriais, os quais podem ser transportados por escoamento. Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) têm sofrido grande evolução tecnológica, impulsionadas pela diversidade das demandas industriais e dos crescentes volumes urbanos, inúmeras alternativas tecnológicas se destacam nesse contexto, no sentido da eliminação dos efeitos deletérios nos corpos receptores, menor geração de rejeitos e mantendo um 14

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custo viável. Os processos atuais de tratamento seguem sequencias metodológicas que podem resultar em lodos, água de reuso, biogás, energia térmica etc.

A combinação de rotas tecnológicas pode tornar os processos mais eficientes que considerados tradicionais.

O cenário No mundo a tecnologia mais utiliza para o tratamento de esgoto sanitário é a de lodos ativados, que decorre por etapas, iniciando pelo processo de tratamento preliminar, que consiste na remoção dos materiais grosseiros, que podem causar danos aos equipamentos nas etapas posteriores de tratamento, estes

são os primeiros resíduos gerados. No Processo de tratamento primário, a remoção de parte dos sólidos suspensos e da matéria orgânica por processos físicos e químicos, este são a segunda fonte de resíduos do processo. O tratamento secundário remove a matéria orgânica biodegradável, em processo aeróbico ou anaeróbicos, gerando como resíduo o lodo biológico. Ainda podemos considerar o tratamento terciário (avançado), onde por técnicas de microfiltração, adsorção por carvão ativado, cloração, osmose reversa entre outros promovem maior pureza ao efluente.

Após o tratamento temos subprodutos incluindo água de reuso ou limpa, resíduos de gra-

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deamento e os lodos. Os lodos são considerados resíduos sólidos por sua forma pastosa (semissólido), e consequentemente, sem a possibilidade de transporte por escoamento. Este ainda pode passar pelos processos de adensamento, com objetivo de redução de umidade e volume; Estabilização, redução de patógenos e potencial de putrefação; Compostagem, decomposição orgânica; Solarização; Digestão aeróbica; Digestão anaeróbica; e por processos de secagem.

No geral estes processos geram uma redução da periculosidade do resíduo e redução de volume pela diminuição da umidade.

Motivação O novo marco do saneamento tornou o desafio ainda maior com as metas de universalização do tratamento dos resíduos, principalmente os efluentes.

Administrar os custos, área de implantação e subprodutos para as diferentes realidades de indústrias e municípios aumenta ainda mais a complexidade. Soluções com tipos de secagem e beneficiamentos que dependem de geração de resíduos em larga escala ganham espaço nesse mercado. O tratamento de resíduos oriundos de ETEs por possuírem diversas limitações como conter resíduos metálicos, produtos químicos, coagulantes, surfactantes, coliformes fecais, óleos, medicações, graxas e outras substâncias poluentes e/ou tóxicas exigem soluções de alta maturidade tecnológica.

As tecnologias A solução para os problemas dos resíduos produzidos pelas ETEs, sejam urbanas ou industriais, não possuem uma resposta única. As principais rotas e alternativas tecnológicas são: A disposição em aterro também faz parte da realidade dos países desenvolvidos, mas está sendo eliminada, tendo em vista que a disposição destes lodos tem potencial para contamina16

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ção do solo, além de ser uma fonte de energética útil sendo descartada.

Quando consideramos a disposição em solo agricultável o uso de lodos é bem difundido no Brasil, assim como em outros países, no Brasil esta atividade está regulamentado pela resolução CONAMA 375 de 2006, que defini o padrão para deposição, caso de culturas de tubérculos, como exemplo, o solo onde foi depositado lodo só pode ser utilizado novamente após 4 anos da última aplicação, mesmo as condições estando dentro dos limites de patogenicidade, de metais pesados e de outras substâncias potencialmente toxicas exigidos pela da norma.

O uso de Reatores UASB para geração de Biogás é uma alternativa de recuperação energética, individual ou em combinação com outros processos, este possui inúmeras vantagens como alto grau de estabilização do efluente, baixa demanda por área e custos baixos de implantação e tolerância a altas cargas orgânicas. Todavia, por não eli-

minar os patógenos, necessitar de um pós-tratamento complementar, pelo alto tempo de detenção hidráulica e possibilidade de corrosão e odores com uma eficiência de remoção de DBO por volta de 65%. Não se apresentam como uma solução definitiva, principalmente para ETEs de grande porte.

Reatores para recuperação térmica direta, possuem ampla aplicação urbana e industrial nos países europeus, e são bastante flexíveis com relação aos tipos de resíduos, carecendo de poucas etapas de pré-tratamento e tendo com rejeito final material mineral inerte. O sistema recuperação por reator de leito fluidizado borbulhante (FBR), por exemplo, necessita como pré-tratamento do lodo apenas a desidratação a valores facilmente atingíveis pelos processos convencionais de secagem.

No cenário em que os resíduos gerados pela ETE são destinados a aterro temos que o rejeito do tratamento preliminar e os lodos são aterrados, para a situação de compostagem apenas

Segundo o IBGE (2020) o Brasil tem mais de 200 cidades com mais de 150 mil habitantes, que possuem porte para implantação usinas de tratamento térmico lodo, caso este não esteja contaminado, pode ser destinado a adubação de solos. No Processo de recuperação de biogás, o rejeito do tratamento preliminar continua sendo destinado a aterro, e apenas parte do excesso de lodo é consumido pelas bactérias metanogênicas, a outra parte ainda continua no ciclo, sendo destinado aos aterros, além da logística para estes aterros que além de caras e complicadas do ponto de vista ambiental e social. Para a recuperação térmica direta, todos os subprodutos são direcionados para o Reator, que decompõe toda a matéria orgânica, restando apenas a cinzas de composição mineral inerte, perante a faixa usual de temperatura de operação dos reatores de leito fluidizado todos patógenos contaminantes são eliminados.

Perspectiva para o Brasil Segundo o IBGE (2020) o Brasil tem mais de 200 cidades com mais de 150 mil habitantes, que possuem porte para implantação usinas de tratamento térmico. O número de prático de usinas viáveis se torna maior quando consideramos que microrregiões podem formar consórcios, para que juntas consi-

gam ter volume o suficiente de viabilização.

As consequências da implantação de usinas de beneficiamento térmico de resíduos atingem diretamente as três esferas da sustentabilidade, no plano econômico com a geração de energia, proveniente de um resíduo que anteriormente possuía um custo para ser descartado; no plano social, com a geração de empregos e melhoria na qualidade de vida com a não geração de odores e eliminação de patogenicidades; no plano ambiental temos eliminação de um passivo ambiental por meio da decomposição térmica do lodo e demais resíduos gerados pelas estações de tratamento.

A utilização térmica do lodo é indiscutivelmente promissora e eficiente, e passa a ser efetiva quando a insegurança sanitária do uso deste resíduo é verificada para o uso agrícola e constata-se as limitações dos sistemas de geração de biogás. Casos de sucesso de usinas de recuperação energética de lodo são uma realidade pelo mundo, e para o Brasil não será diferente, quando dermos esse passo de desenvolvimento tecnológico.

Referências AMORIM, E.L.C.; BARBOZA, M.G.; Tratamento anaeróbio de esgotos através de reatores do tipo UASB, GTR/CTEC/UFAL, Maceió, 2014.

GODOY, L.C. A Logística na Destinação do Lodo de Esgoto. Revista Científica on-line – Tecnologia, Gestão e Humanismo, v.2, n.1. Guaratinguetá. 2013.

PIRES, T. Recuperação Energética a partir do Lodo de Esgoto.

Monografia – Engenharia Ambiental e Sanitária, Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça, 2020.

PONTES, A. K. S. Avaliação do desempenho ambiental de sistemas de tratamento de efluentes por lodos ativados e biorreatores a membrana. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Florianópolis, 2020.

SENAI.RS. Questões Ambientais e Produção mais Limpa. Porto Alegre, UNIDO, UNEP, Centro Nacional de Tecnologias Limpas SENAI, 2003. 126 p.

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Yuri Schmitke, presidente da ABREN

WASTE ENERGY MAGAZINE - Fale sobre a Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos?

Yuri Schmitke - A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) tem como objetivo fomentar a recuperação energética de resíduos, resolvendo simultaneamente dois grandes problemas atuais do Brasil e do mundo: a destinação dos resíduos sólidos e a geração de energia limpa.

A problemática dos resíduos, produzidos em quantidades cada vez mais monumentais, danificando o meio ambiente, a biodiversidade e a saúde pública, passou a ter uma solução, o da recuperação energética.

A ABREN é uma associação fins lucrativos que representa empresas que atuam nas atividades de recuperação energéticas de resíduos, reciclagem, compostagem, logística reversa, fabricantes de equipamentos e consultores, tendo por objetivo representar os interesses desta cadeia produtiva perante instituições públicas e privadas, propondo soluções regulatórias e de políticas públicas.

A ABREN integra o Global Waste to Energy Research and Technology Council (GWC), instituição de tecnologia e pesquisa proeminente que atua em diversos países, com sede na cidade 18

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de Nova York, Estados Unidos, tendo por objetivo promover as melhores práticas de gestão integrada e sustentável de resíduos por meio da sua recuperação energética, conhecida como Waste-to-Energy (WTE) ou Energy from Waste (EfW). O Presidente Executivo da ABREN é também o Presidente do WtERT Brasil, representando desta forma o Conselho Global do WtERT (GWC).

A ABREN é associada da Associação Internacional de Resíduos Sólidos ou International Solid Waste Association (ISWA) e da Federação da Indústria Alemã de Gerenciamento de Resíduos, Água e Matérias-primas ou Bundesverband der Deutschen Entsorgungs-, Wasser- und Rohstoffwirtschaft e. V. (BDE), o que permite à ABREN receber informações relevantes sobre o mercado de resíduos internacional, participar de eventos, integrar grupos técnicos de trabalho e buscar a troca de conhecimento para o desenvolvimento do mercado brasileiro. A ABREN também é parceira do Consórcio Italiano de Biometano (CIB), tendo por objetivo produzir estudos, eventos e projetos que tenham como escopo o desenvolvimento do biogás e biometano no Brasil.

Qual a expectativa a associação possui para o evento deste ano?

No ano passado a ABREN fez o seu primeiro encontro dos associados, re-

unindo em Brasília 150 participantes, dentre autoridades e especialistas de várias partes do Brasil. Para este ano, a ABREN projeta um grande evento, reunindo especialistas do Brasil e do mundo, buscando aliar o conhecimento acadêmico, autoridades que representam importantes instituições e representantes de tecnologias de ponta, tudo com o propósito de impulsionar investimentos relevantes para este mercado, que passam de R$ 160 bilhões de reais.

Quais os principais temas que serão abordados no evento? a) O painel de abertura terá como título Políticas públicas de incentivo à valorização energética, e contará com a presença de grandes autoridades representante o setor público; b) Em seguida teremos o painel Projetos waste-to-energy no Brasil, com a presença de grandes players deste seguimento de mercado que apresenta a melhor solução para o tratamento de lixo pós-reciclagem; c) Coprocessamento de CDR terá a presença de grandes especialistas para debater a utilização do CDR para a fabricação de cimento no Brasil; d) Licenciamento ambiental de usinas WTE será um painel que contará com autoridades e grandes especialista

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O Brasil possui um grande potencial de investimentos neste setor totalmente inexplorado... irão debater os principais entraves e apresentar soluções para o licenciamento ambiental de usinas WTE para o Brasil; e) A mesa redonda Coalizão Valorização Energética de Resíduos fecha o primeiro dia com presidentes e representantes de importantes associações, e debaterão as principais ações que estão sendo feitas para a promoção de políticas públicas de valorização energética de resíduos; f) O painel internacional Circular Economy in the Context of Energy From Waste, contará com a presença de algumas das maiores autoridades da academia e grandes players mundiais para discutir este relevante tema;

Qual o panorama Waste-to-Energy a nível mundial?

Existem atualmente 2.448 usinas Waste-to-Energy (WTE) em todo o mundo, sendo 35% na Europa e 54% na Asia. Japão lidera com 1.063 usinas, China com 419, Coréia do Sul com 298, França com 127, Alemanha com 98, Estados Unidos com 75, Reino Unido com 54, Itália com 39, Suécia com 34 e Dinamarca com 27 usinas, sendo que 98% destas plantas utilizam a incineração e 2% gaseificação e pirólise para o tratamento de resíduos sólidos.

h) O futuro da gaseificação e pirólise será um painel técnico que irá apresentar tecnologias nacionais deste importante seguimento da valorização energética de resíduos;

As plantas WTE se situam nos centros de muitas cidades ao redor do mundo, sendo considerada hoje a termoelétrica mais limpa em operação. As usinas WTE reduzem em 8x as emissões de gases de efeito estufa quando comparado com aterros sanitários que capturam o metano, eliminam a contaminação da água potável causada por aterros e reduzem significativamente o gasto associado com a saúde pública decorrente do contato inadequado com o lixo urbano. Por essa razão é que os países mais avançados e desenvolvidos tem adotado essa prática para o tratamento dos resíduos pós-reciclagem.

i) O painel Biodigestão Anaeróbia de resíduos irá trazer importantes players do mercado de biogás e biometano para debater soluções para os resíduos no Brasil;

O Brasil produz 80 milhões de toneladas de resíduo sólido urbano por ano. Qual a importância de se debater sobre esse setor no Brasil?

j) O evento será encerrado com o painel que irá tratar da eletromobilidade, créditos de carbono e certificação, que são alguns dos mecanismos alternativos de viabilidade econômica de projetos waste-to-energy.

O Brasil possui um grande potencial de investimentos neste setor totalmente inexplorado.

g) Modalidades de financiamento de usinas será o painel que contará com grandes especialista do mercado financeiro;

A ABREN calculou o potencial brasileiro de usinas WTE com base nas 28 regiões metropolitanas com mais de 1

milhão de habitantes, que representa 48% da população brasileira ou 100 milhões de habitantes. Essas regiões têm o potencial de gerar 18,9 TWhe (Terawatts hora elétrico) por ano, ou 2,3 GW (Gigawatts) de capacidade instalada, considerando o poder calorífico médio do Brasil de 7.500Kj/kg (quilojaules por quilograma), mensurado com base no estudo do IPEA (2012) executado em 90 cidades brasileiras, e o rendimento elétrico bruto padrão de 28% da planta, que é a eficiência de conversão do calor da combustão na caldeira em energia elétrica.

Para se chegar ao custo de capital inicial a ser investido (CAPEX) nas usinas de recuperação energética por combustão, que é a tecnologia mais utilizada em todo o mundo para Resíduo Sólido Urbano, foi utilizada a média do CAPEX por MWt (Megawatt térmico) de 48 projetos ao redor do mundo (Europa, China, Oriente Médio e Ásia), no importe de 1,5 milhões de euros por MWt instalado.

Com base nesses dados, chegou-se no valor total de investimentos no Brasil de R$ 75 bilhões, que reflete o custo do CAPEX total de 118 usinas de 20 MWe de potência instalada, para atendimento de 3% da demanda nacional de eletricidade, fazendo o tratamento de 60 milhões de toneladas ano de resíduos urbanos, que representa o lixo de 48% da população brasileira.

Ressalte-se que ainda existe enorme potencial de investimento em biodigestão anaeróbia da fração orgânica do resíduo sólido urbano, que pode gerar eletricidade a partir da queima do biogás ou gerar biocombustível a partir do biometano, que constitui cerca de 55% da composição do biogás, e é um gás renovável que pode ser misturado em qualquer fração com o gás natural.

Outro importante potencial reside no coprocessamento, que consiste na separação e blendagem do Combustível Derivado de Resíduos (CDR), fração não reciclagem e inorgânica do RSU, que hoje já é utilizado em diversas cimenteiras em substituição ao coque (combustível fóssil), para produção de clínquer, utilizado na fabricação do cimento Portland.

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O Brasil possui 38 fábricas com licença ambiental para o coprocessamento, mas substitui apenas 3% do combustível fóssil por CDR do lixo urbano, sendo que Alemanha substitui 62%, Bélgica 58%, Suécia 49%, França 35%, Itália 36% e Portugal 19%.

Vale ressaltar, a utilização do CDR, que também pode ser por meio de resíduos industriais (têxtil, pneu, etc.), industriais perigosos e biomassa (carvão vegetal, lodo de esgoto e resíduos agrícolas), está dentre as metas de redução de gases de efeito estufa, sendo que a meta do Brasil para 2050 é substituir até 44% por combustíveis alternativos.

Os investimentos iriam reduzir significativamente o custo com a saúde pública decorrente da má gestão de resíduos.

Os 13 países com uma taxa tratamento térmico de RSU, superior a 25% do total gerado, estão também entre os 16 primeiros países no Índice de Saúde e Bem-Estar do Fórum Econômico Mundial. A instalação de usinas de recuperação energética de resíduos (URE) permite incomensuráveis benefícios à saúde da população.

Segundo estudos da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA), o custo do atendimento médico à população afetada pela má gestão dos RSU é calculado entre 10 e 20 $/T (dólares por tonelada) de RSU, equivalente a uma média de 75 R$/t (reais por tonelada). Somente nas 28 regiões metropolitanas do Brasil com mais de 1 milhão de habitantes, seria assim possível economizar cerca de R$ 2,4 bilhões por ano, ou R$ 72 bilhões em 30 anos na saúde pública.

Em estudo realizado pela Comissão Europeia, indicou-se que a recuperação energética de 10 mil toneladas 20

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de resíduos pode criar até 40 postos de trabalho. Durante a fase de construção de usinas URE, requerem-se em média de 200 a 300 trabalhadores diretos no pico da obra, que dura cerca de 36 meses. Em fase operacional, uma planta de tamanho médio pode gerar cerca de 80 a 100 empregos diretos permanentes durante 30 anos, sem considerar os indiretos. Por outro lado, para cada 10 mil toneladas de resíduos enviados a aterros, estima-se a criação de somente cerca de 10 postos de trabalho. Se todos os 27 mil integrantes de entidades associativas de catadores de materiais recicláveis em todo o Brasil fossem qualificados para trabalhar em usinas URE eles atenderiam a somente 9 % do total de postos de trabalho gerados.

Os locais onde as usinas de recuperação energética de resíduos (URE) foram implementadas apresentam também as taxas de reciclagem mais elevadas no mundo. No Brasil, elas permitiriam a recuperação de em média 23 kg de metais reciclados para cada tonelada de resíduo tratado. A implantação de usinas nas 28 regiões metropolitanas Brasileiras, com mais de 1 milhão de habitantes, teria potencial de recuperar mais de 800.000 toneladas de metais por ano, e que continuariam enterrados e perdidos. Aterros não permitem a recuperação de metais.

As URE estão sujeitas à mais rigorosa legislação ambiental e são equipadas com sistemas de tratamento de gases de combustão altamente eficientes, com valores típicos de emissões entre 50% e 75% abaixo dos valores-limite impostos pela diretiva Europeia 2010/75/EU. Esta diretiva requer monitoramento dos limites de emissões de mais de 20 componentes, ao passo que em plantas de combustão com

capacidade térmica superior a 50 MW apenas 3 componentes poluentes são monitorados. A resolução SMA 79/2009 adotada pelo Estado de São Paulo utilizou esta diretiva como referência. Os aterros estão sujeitos a regulamentos mínimos de emissão de ar, apesar da emissão de mais de 170 poluentes e 46 toxinas do ar, incluindo 4 cancerígenos conhecidos e 13 prováveis.

O 5º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que as usinas URE reduzem em 8 vezes as emissões de gases de efeito estufa quando comparadas com os aterros, e são a forma mais eficaz para mitigação dos gases de efeito estufa dos RSU. Para cada tonelada de resíduo tratado em uma URE, deixa-se de emitir cerca de 1.550 kg de CO2 equivalente em relação a aterros com 20% de queima por flare de segurança.

A implantação de UREs somente nas 28 regiões metropolitanas brasileiras com mais de 1 milhão de habitantes teria potencial de evitar a emissão de cerca de 51 milhões de toneladas de CO2 equivalente anuais, ou 1.53 bilhão de CO2 equivalente durante de 30 anos de operação, o que corresponderia a plantar quase 7 bilhões de árvores neste período.

Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG, 2020), os resíduos formam responsáveis por 4% do total de emissões de gases de efeito estufa no Brasil para o ano de 2019, correspondendo a emissão de 96 milhões de toneladas de CO2 equivalente. Desde 2010, houve um acréscimo de 23% nessas emissões, sendo 65% proveniente de aterros sanitários, aterros controlados e lixões.

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TECNOLOGIA DE GASEIFICAÇÃO em leito fluidizado como solução definitiva para destinação final de resíduos sólidos e urbanos

Eng. Felipe Rinaldi Barbosa Eng. Luciano Reis Infiesta

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despertar da sociedade de consumo a partir da revolução industrial trouxe um aumento crescente da produção média de resíduo sólido individual e da demanda por energia elétrica (ABRELPE, 2017; THOMAZ, 2017). A partir de tal constatação, torna-se premente repensar o conceito desses resíduos, pois o seu tratamento inadequado pode se tornar insustentável ambientalmente, trazendo significativos prejuízos à humanidade. Por outro lado, a rota da recuperação energética pode solucionar a destinação ambientalmente adequada bem como auxiliar no suprimento de energia.

síduos é majoritariamente encaminhada para aterros sanitários, aterros controlados e lixões. Por conseguinte, 41% destes estão destinados a rotas inadequadas, tornando a problemática do lixo inexorável.

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2017) podemos observar que no país são geradas 214.868 toneladas diárias de resíduos sólidos urbanos (RSU), número que vem apresentando constante crescimento com o passar dos anos.

Atualmente, a destinação final da parte coletada destes re22

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Porém, de acordo com o artigo 54 da Lei 12.305/10, os resíduos sólidos devem ter sua disposição final ambientalmente adequada, inibindo o atual direcionamento. Outrossim neste sentido, dispõe o §1° do artigo 9º da referida Legislação, in verbis: “Art. 9

Figura 2. Destinação Final dos Resíduos Urbanos.

Fonte: ABRELPE/IBGE

Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental. (...)”

Onde depositamos o nosso lixo e para onde vai o nosso esgoto?

E como podemos solucionar este problema e ainda obter benefícios?

Tradicionalmente no Brasil estes resíduos são depositados em lixões, aterros e aterros sanitários, que degradam áreas, geram chorume que contamina afluentes e gás metano que contribui com aquecimento global. As unidades de reciclagem mais modernas, apesar de utilizarem técnicas avançadas de triagem e preparação, destinam mais de 70% dos resíduos recebidos à aterros. A Ember Lion tem a solução para o pesado impacto que os resíduos urbanos geram no meio ambiente e no orçamento das grandes cidades.

A Ember Lion possui equipe com mais de 25 anos de experiência em engenharia, fabricação e montagem de plantas industriais de geração de energia em território nacional, que em sociedade e intercâmbio de tecnológico, agrega tecnologia de recuperação energética em Reator de Leito Fluidizado da RASCHKA, empresa Suíça, conceituada por mais de 100 plantas instaladas na Europa e Ásia.

Sustentabilidade Ambiental As emissões atmosféricas na usinas Ember Lion são altamente controladas, estando muito abaixo dos limites das mais rígidas legislações do mundo.

Redução dos resíduos gerados a menos de 10% do volume inicial. Geração de energia limpa, sem odores, ruídos ou poluição indesejados.

Como foco na utilização consciente dos recursos naturais, por meio da recuperação energética, estruturamos o núcleo de nosso negócio. Onde unimos fabricação nacional com a tecnologia que é sinônimo de confiança pelo mundo, e nos dispomos a oferecer a melhor tecnologia de beneficiamento térmico de resíduos, totalmente compatível com as características e composições dos resíduos sólidos das cidades brasileiras e de relevante fração da indústria nacional, transformando o que é rejeito e custo em energia.

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Pela força de lei, espera-se alcançar resultados positivos em relação às atuais adversidades oriundas da precária disposição final do lixo, como o impacto na saúde pública via disseminação de doenças, a contaminação ambiental do solo e de águas subterrâneas pelo chorume, a poluição atmosférica pelo gás metano (gerado na decomposição da matéria orgânica presente no lixo) e a invasão de áreas úteis para o descarte do passivo ambiental. De acordo com o Ministério da Saúde (Brasil), cada real investido em saneamento básico, incluso o gerenciamento de resíduos, preserva nove reais de despesas com a saúde (FUNASA, 2017).

O tratamento adequado de resíduos sólidos urbanos é um processo que ocasiona dificuldades enfrentadas pela maioria dos municípios brasileiros, sendo esta uma tarefa de crítica importância para garantir qualidade de vida aos cidadãos e que deve ser feita em consonância com as devidas medidas de preservação da sustentabilidade ambiental.

A recuperação energética dos resíduos sólidos permite que o próprio conceito do resíduo para o município tenha uma ressignificação, transformando o material descartado, classificado como inútil, em matéria prima de um novo processo. Além disto, conjuntamente com o saneamento dos prejuízos ambientais acarretados pela disposição errônea, a geração de energia advinda dos resíduos auxilia no modelo econômico da matriz energética nacional.

A descentralização da matriz energética reduz custos de transmissão e distribuição, principalmente em comunidades mais afastadas de grandes centros de geração. Sendo assim, os resíduos sólidos urbanos possuem um papel fundamental neste desenvolvimento descentralizado de geração de energia elétrica através da cogeração, visto que a geração dos resíduos 24

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sólidos também tende a ser descentralizada.

de fornecimento de energia descentralizada.

Mais ainda, populações que apresentam maior desenvolvimento econômico também representam parcelas maiores de consumo, tal a qual com maior geração de resíduos e maior demanda de energia elétrica; desta forma há associação direta entre a produção de combustível e demanda por energia local.

Após a formação do gás de síntese, este poderá ser enviado a moto-geradores de ciclo Otto, ou a caldeiras à gás para a geração de energia elétrica via ciclo Rankine. Uma usina para aproveitamento energético de resíduos sólidos urbanos pode ser dividida em três etapas.

Além da descentralização, a diversificação das matrizes energéticas também é o melhor método para evitar colapsos e garantir que a demanda seja coberta. No cenário brasileiro, onde as hidrelétricas são a principal fonte de geração, em momentos de falta de energia a demanda é suprida pelo acionamento de termelétricas, que incluem o custo variável do combustível e a liberação de gases de efeito estufa.

Dentre estes conceitos de planejamentos e em virtude do supra exposto, a utilização de resíduos sólidos urbanos com finalidade de recuperação energética por meio de processo de gaseificação em leito fluidizado (ou seja, um conjunto de reações químicas que processam o resíduo no interior de um reator em constante movimento e alta temperatura para a geração de gás combustível, denominado gás de síntese) vem se tornando uma forte vertente para a destinação final deste passivo ambiental e uma importante fonte

A primeira configura uma linha automatizada de processamento, capaz de absorver o resíduo de entrada (seja este urbano in natura e/ou recuperado de aterro ou lixão). O processamento efetuado deve considerar as condições do resíduo nacional, em que não se tem a segregação adequada, portanto faz- se mister encorpar a fração orgânica e inorgânica no combustível. Nesta linha, são removidos materiais inertes para aumento de rendimento do processo (tais como vidros e metais) e então estes materiais são destinados apropriadamente, ocasionando uma receita secundária. Também, são ajustadas características no combustível final para melhor performance da tecnologia, tais como umidade e granulometria controladas, obtendo um combustível homogêneo e de poder calorífico definido, denominado Combustível Derivado de Resíduo (CDR).

O CDR (combustível derivado de resíduo) é uma mistura de diversos materiais sólidos (orgâ-

Figura 3. Diagrama de blocos que descreve as operações unitárias da confecção do CDR

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nicos e inorgânicos), triturados com características padronizadas de umidade, poder calorífico e granulométrica, cujos os principais componentes presentes são: papel, papelão, tetra pack, fraldas e absorventes, isopor e espumas, plástico duro, plástico filme ou mole, borracha, orgânicos, óleos graxos e borras de hidrocarbonetos (inclusive tintas), madeira (rejeitos da construção civil, embalagens diversas, resíduos de podas de arvores), trapos e tecidos em geral (inclusive estopa industrial e oficinas mecânicas).

Para proporcionar uma solução definitiva, a linha deve encorpar no CDR que será utilizado para recuperação energética todas as frações possíveis presentes na heterogeneidade do resíduo sólido urbano (RSU), exclusos apenas os materiais inertes os quais não detém poder calorífico (tais como vidros, sedimentos e metais, pois estes não possuem energia potencial química para que possam contribuir para geração de energia e, portanto, absorvem rendimento no processo sem benefícios).

A segunda etapa conta com a gaseificação em si, possibilitando o tratamento termoquímico do combustível gerado, obtendo o gás de síntese. A gaseificação pode ser definida como oxidação parcial, à elevada temperatura 500 °C – 1400 °C e pressão variável (atmosférica a 33 bar), de material carbonáceo sólido ou semissólido (biomassa/madeira, resíduos, carvão, etc.), gerando um gás combustível (gás de síntese, principalmente H2, CH4 e CO) (Morrin et al., 2012; Hernández, Ballesteros e Aranda, 2013).

O gás gerado é usualmente composto por CO, CO2, H2, CH4, traços de hidrocarbonetos mais pesados (C2, C3 e C4), água e nitrogênio, podendo em alguns processos gerar contaminantes como partículas de coque, alcatrão, ácidos e óleos, além das cinzas oriundas da fração inerte

na composição do combustível (Bain, et al. 2011).

do limitações nas características necessárias ao combustível.

A composição desse gás de síntese varia em função do tipo de biomassa e do processo de utilizado. Os processos de gaseificação que utilizam o ar como agente gaseificante costumam apresentar melhores resultados econômicos, uma vez que não se utiliza um fluído com valor de mercado ou dependente de dispêndios de energia térmica ou elétrica, como o vapor. Todavia, o nitrogênio presente no ar persiste por todo o processo e é incorporado na composição do gás gerado, diluindo seu poder calorífico. Inobstante a isto, para o viés final de geração de energia elétrica, não há prejuízos técnicos.

A geração do gás de síntese depende da oxidação incompleta e, por consequência, da indisponibilidade química de oxigênio.

Do contrário, a reação imediata de um material combustível na temperatura de processo seria a de combustão. Portanto, a geração do gás de síntese ocorre após o esgotamento do suprimento de oxigênio durante as reações exotérmicas, as quais garantem a manutenção de temperatura do sistema. Como não há oxigênio na formação do gás, diversos compostos deletérios ao meio ambiente são inibidos e permite-se que o gás combustível seja devidamente tratado em pequenos volumes antes de seu aproveitamento energético, controlando a formação de toxinas usualmente geradas em diversos processos denominados waste to energy.

Dentre os diversos tipos de gaseificadores destaca-se o modelo de leito fluidizado (Fluidized Bed Gasifier), cuja alimentação de ar atmosférico por de baixo da grelha da câmara do reator vertical mantém o combustível triturado/moído em suspensão (fluidizado) para controle das reações químicas. A fluidização baseia-se fundamentalmente na circulação de sólidos juntamente com um fluido (gás) impedindo a existência de gradientes de temperatura, de pontos muito ativos ou de regiões estagnadas no leito, proporcionando um maior contato superficial entre sólido e fluido, favorecendo a transferência de massa e calor e inibin-

Entretanto, alguns componentes podem ser formados a partir de compostos que contém cloro e enxofre mesmo na ausência de oxigênio, como por exemplo partes do CDR advindas de policloreto de vinila ou borracha sintética, que são encontrados no RSU. Mesmo na ausência de oxigênio quimicamente disponível, estes compostos podem formar hidrácidos como sulfeto de hidrogênio ou ácido clorídrico. Para impedir que tais substâncias sejam carreadas junto

Figura 4. Diagrama de blocos que descreve as operações unitárias da geração de gás de síntese

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ao gás de síntese até sua oxidação, formando passivos ambientais, pode-se adicionar no sistema agentes neutralizantes, tais como carbonato de cálcio ou hidróxido de sódio, que precipitarão os compostos que contenham cloro ou enxofre em sais inertes.

O resíduo urbano no cenário brasileiro, por conta da sua contaminação da fração orgânica (úmida) e inorgânica (seca) é carreado com alto teor de umidade. Ao entrar no reator, a umidade prejudica a eficiência do processo térmico, mormente devido à absorção de energia durante a troca de fase da água pelo seu calor latente. Portanto, uma forma eficiente de controlar este efeito é através de um processo de secagem final do CDR, após já retirada mecanicamente parte da umidade do RSU através das operações unitárias de trituração. Para garantir ainda mais eficiência, parte do gás de síntese gerado no próprio processo pode prover o aporte térmico necessário nesta secagem, dispensando os custos operacionais provenientes de qualquer fonte externa de energia.

Por fim, a última etapa configura o aproveitamento energético do gás de síntese, que pode ser usufruído para geração de calor, vapor, energia elétrica ou reagente químico. O gás gerado poderá ser utilizado como combustível diretamente em moto-geradores, onde a explosão interna aciona geradores acoplados ou, diretamente em combustores do tipo caldeiras aquatubular e turbo-geradores, acionados pelo vapor gerado pelo processo.

A melhor eficiência energética está no ciclo Otto, com um rendimento de aproximadamente 35%, mas sua viabilidade econômica é limitada a 2 MWe. Para a geração de potências superiores a 2 MWe, a utilização do ciclo Rankine com rendimento de aproximadamente 25% torna-se a opção mais viável economicamente para a geração elétrica na utilização de gaseificadores em 26

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Figura 5. Diagrama de blocos que descreve as operações unitárias da Usina Termoquímica de Geração elétrica

leito fluidiado, devido ao ganho de escala e consequentemente ao menor investimento e custo operacional de R$/MW instalado.

Todas estas etapas podem ser realizadas contíguas em um único terreno, possibilitando desta forma um empreendimento desde a entrada de resíduos urbanos tais como são coletados das residências, mantendo a mesma logística de coleta já empregada pelo município, alterando apenas seu ponto de destinação, até a geração de energia elétrica e integração com a rede.

Este modelo de geração de energia elétrica utilizando resíduos solidos urbanos, levou a indústria nacional a realizar estudos direcionados junto a construção de uma planta de demonstração em escala semi-industrial para um processo de gaseificação em leito fluidizado circulante.

Destas pesquisas, foi concebido um reator de estrutura cilíndrica em aço inoxidável revestida internamente com material de baixa condutividade térmica o qual cria um volante térmico para o processo termoquímico de gaseificação dos materiais carbonosos diversos.

No interior do reator, há um ciclone especialmente projetado que propicia a reciclagem de qualquer material carbonáceo não convertido em gás de síntese, inibindo a geração de alcatrões carreados pelo gás no processo termoquímico.

A planta de demonstração está localizada no município de Mauá no estado de São Paulo e conta com uma potência térmica instalada de 1 MW e geração de 714 Nm³/h de gás combustível com PCI de 1400 kcal/Nm³, apresentando capacidade de consumir até 353 kg/h de CDR com PCI de 3770 kcal/kg.

A planta possui dois sopradores de ar de processo, dois trocadores de calor, silo de armazenamento, sistema de alimentação, sistema de extração de cinzas, sistema de lavagem dos gases, flare, termopares, transdutores de pressão e outros periféricos pertinentes ao processo. Sua alimentação e os controles de temperatura e pressão são realizados por software dedicado e específico, o qual corrige por padrões algoritmos de PID – proporcional, integral e derivada.

Por se tratar de um reator contendo no seu interior gases combustíveis com alta temperatura e pressurizado, há um sistema de alimentação composto por válvulas hidráulicas especialmente projetadas que permitem a alimentação do combustível derivado de resíduo sólido no reator sem que haja escapes de gases para o ambiente.

Para o aproveitamento dos gases combustíveis, a planta de demonstração possui a possibilidade de consumi-lo de duas formas independentes ou simultâneas sendo elas: fornalha de combustão dos gases de síntese e um moto-gerador de capacidade de 180 kWh de energia elétrica.

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Figura 6. Vista Externa e interna da Planta Piloto em Mauá-SP

Figura 7. Válvuas de Alimentação e sistema de extração de cinzas

quanto as emissões atmosféricas do processo. Nos anos de 2007 a 2011, foram realizados testes de campo em parceria com a Vale do Rio Doce, utilizando como combustível resíduos industriais.

Este processo foi realizado e monitorado pela empresa ERM – Environmental Resources Management, com o acompanhamento do órgão ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, onde ficou comprovado que as emissões atmosféricas estão abaixo dos LOQ i-TEQ. Estes resultados apresentam diversos benefícios em relação à destinação em aterros ou mesmo que os processos comuns de incineração de resíduos sólidos urbanos, até mesmo aqueles que apresentam sistemas de tratamento de gases de combustão. Em adendo, as cinzas são classificadas como resíduos não perigosos (Classe II) perante a normativa NBR 10004.

Os resultados mostraram que as emissões atmosféricas atendiam as resoluções brasileiras vigentes SMA 79 e CONAMA nº 316 e a formação de dioxinas e furanos foram ínfimas.

Figura 8. Moto gerador 180 kW e Fornalha.

Figura 9. Ensaio de emissões de gaseificação de resíduos industriais

Testes em campo neste laboratório mostram pelos resultados que o processo de gaseificação com resíduos em leito fluidizado

mantém constante produção de gás de síntese, suficiente para aproveitamento energético e apresenta excelentes resultados

A partir destes valores atingidos, somados à constante produção do gás combustível gerado no processo de gaseificação, novos testes de campo foram realizados na planta de Mauá-SP, utilizando como combustível o CDR proveniente de resíduos sólidos urbanos.

Este novo trabalho contou com a colaboração do órgão ambiental do Estado de São Paulo – CETESB coordenado pelo setor de projetos especiais - CTAE, professores da Universidade de São Paulo e a Empresa SGS – Societé Générale de Surveillance para o controle das emissões atmosféricas. Os testes contaram com a oxidação do gás de síntese proveniente da gaseificação do Combustível Derivado de Resíduo Sólido Urbano na fornalha da planta de demonstração e a coleta, monitoramento e análise das emissões atmosféricas diretamente da chaminé desta forREVISTA DE RESÍDUOS DE ENERGIA

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tidos, cujo o limite máximo para este passivo ambiental é de 0,5 ng/Nm³.

Figura 10. Coleta das emissões atmosféricas na chaminé pela empresa SGS

Os mesmos testes foram realizados e comparados com a resolução SMA 79, em vigor exclusivamente no estado de São Paulo, o qual segue os padrões europeus de emissões atmosféricas. Seguindo a mesma linha comparativa, o teor de Dioxinas e Furanos – D&F atingiram os índices de 0,0262 / 0,0089 / 0,0083 ng/Nm³ contra os 0,1 ng/Nm³ permitidos pela resolução.

Baseado nos resultados obtidos, a gaseificação em leito fluidizado apresenta-se bastante promissora. Posteriormente, a empresa Carbogas Energia, detentora da patente tecnológica deste processo de gaseificação em leito fluidizado em parceria com a Vale do Rio Doce, resguardada pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), pela propriedade intelectual n° PI 1001589-2, passou a prestar seus esforços para disseminação desta tecnologia como rota ambientalmente adequada para destinação de resíduos sólidos urbanos e industriais.

Figura 11. Resultados dos testes - Resolução CONAMA 316

nalha, sem qualquer filtragem ou tratamento dos produtos de combustão (gás bruto).

térmicos, com limites de emissões de diversos parâmetros expressos em mg/Nm³ ou ng/Nm³.

Os parâmetros seguidos na interpretação dos resultados obtidos para as medições atmosféricas foram os indicados pelas resoluções brasileiras CONAMA n° 316 e SMA-79. Estas duas resoluções vigentes norteiam os órgãos ambientais no Brasil em relação à validação de processos

Os dados obtidos em comparativo com a resolução CONAMA n° 316 apresentaram resultados satisfatórios em todos os requisitos. Para dioxinas e furanos, nas três amostras retiradas, os índices de 0,04 / 0,01 / 0,01 ng/ Nm³ ficaram até 50 vezes menores do que os padrões permi-

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Até o primeiro semestre de 2021, dois projetos já estão em fase de construção com licença ambiental expedida, os quais incluem a destinação final integral da produção de resíduos urbanos em dois municípios da região sul de Minas Gerais, além de resgatar o passivo ambiental existente (em um caso aterro sanitário e em um lixão a céu aberto), para utilizar os resíduos já enterrados e que detém poder calorífico como combustíveis, promovendo a gradual recuperação destas áreas.

O projeto mais desenvolvido está localizado no município de Boa Esperança / MG, com a usina em 70% de seu avanço físico.

A unidade pretende consumir 40 toneladas diárias de RSU provenientes da geração municipal e resgatar 20 toneladas diárias do

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Pelas presentes linhas, é possível notar que há diversos benefícios na migração da destinação final de resíduos sólidos urbanos para rotas nobres, convertendo um passivo ambiental em um ativo econômico, como o gás de síntese ou a energia elétrica. O incentivo à disseminação desta tecnologia desempenha, desse modo, função importante na solução de dois grandes desafios mundiais: destinação final de RSU e geração de energia elétrica com recursos renováveis.

Referências Bibliográficas:

Figura 12. Resultados dos testes - Resolução SMA 79

passivo ambiental para recuperação energética.

O empreendimento contendo todas as etapas necessárias, da entrada dos resíduos até a geração de energia elétrica, ocupa uma área total de 7800 m².

A tecnologia de gaseificação por leito fluidizado foi desenvolvida para implantação em módulos operacionais de 50 ton/ dia até 300 ton/dia de resíduos sólidos urbanos cada. Os módulos menores já apresentaram resultados operacionais e econômicos interessantes para o atendimento a pequenos municípios (com aproximadamente 50 mil habitantes). Assim como o módulo em implantação no município de Boa Esperan-

ça, que terá capacidade de geração de 1,25 MWh de energia elétrica.

Os resultados dos experimentos já realizados também verificaram que viabilidades mais vantajosas são atingidas em módulos capazes de processar 300 ton/dia de resíduos sólidos urbanos, gerando até 6 MWh de energia elétrica e ocupando uma área de aproximadamente 15.000 m². Em locais que necessitem de maior porte, mais de um módulo pode ser instalado, de forma que se obtenha maior fator de capacidade com melhor performance operacional em cada módulo. Essa prática pode contribuir para maximizar resultados e minimizar os custos do empreendimento.

Figura 13. Usina Termoquímica de Boa Esperança

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ABRELPE. Associação Brasileira das Empresa de Limpeza Pública e Resíduos especiais. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil, 2017; BAIN, Richard L.; BROER, Karl. Gasification. National Renewable Energy Lab. (NREL), Golden, CO (United States), 2011; BARBOSA, Felipe Rinaldi. Avaliação tecnoeconômica da implantação de motogeradores para substituição do ciclo rankine na geração de energia elétrica a partir da gaseificação em leito fluidizado de combustível derivado de resíduo.

UNIFESP, 2018; FUNASA, 2017; http://www.funasa.gov.br/todas-as-noticias/-/ asset_publisher/lpnzx3bJYv7G/ content/-cadareal-gasto-em-saneamento-economiza-nove-em-saude-disse-ministro-da-saude?inheritRedirect=false; HERNÁNDEZ, J. J.; BALLESTEROS, R.; ARANDA, G. Characterisation of tars from biomass gasification: effect of the operating conditions. Energy, v. 50, p.

333-342, 2013; INFIESTA, et al. "Design of an industrial solid waste processing line to produce refuse-derived fuel." Journal of environmental management 236 (2019): 715719; INFIESTA. Gaseificação de resíduos sólidos urbanos (RSU) no vale do Paranapanema – PROJETO CIVAP. USP, 2015; MORRIN, Shane et al. Two stage fluid bed-plasma gasification process for solid waste valorisation: Technical review and preliminary thermodynamic modelling of sulphur emissions. Waste management, v. 32, n. 4, p. 676-684, 2012; THOMAZ, Rodrigo Alan. Demanda de energia elétrica no Brasil: 1995-2015.

2017.

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E N TR E V I S TA

André Gomes

Area Manager America & Africa da BIANNA IGUAÇUMEC

WASTE ENERGY MAGAZINE - Fale sobre a BIANNA e seus países de atuação?

de equipamentos para o tratamento de resíduos. Qual é o diferencial da empresa?

André Gomes - Bianna recycling é uma multinational de referência no setor da fabricação de equipamentos para o tratamento de resíduos.

A visão da Bianna é ser uma empresa internacional com proximidade com nossos clientes, uma referência no setor e com crescimento sustentado.

Somos fabricantes de equipamentos, concebemos e construímos linhas de tratamento de resíduos e oferecemos um conjunto diversificado de projetos “chave na mão”. Colocamos ao alcance dos nossos clientes, serviços de engenharia, consultadoria, assessoria e manutenção.

Gerar valor através da redução do impacto ambiental dos resíduos e garantir a sustentabilidade do planeta.

Dentro da Bianna sou área manager da América & África, ou seja, tenho a meu cargo o desenvolvimento dos mercados dos países da América & África, incluindo as sucursais, parcerias e distribuidores ou agentes.

A BIANNA é uma multinacional de referência no setor da fabricação

Para isso é crucial a presença e estrutura nos diversos mercado, como por exemplo a parceria a nível do mercado Brasileiro feita em 2012 e que gerou a Bianna Iguaçumec que dispõe uma unidade fabril com 6.800 m2 e estrutura técnica para dar serviço aos nossos clientes.

Conte sobre o projeto da unidade de tratamento de Salto (SP)?

A unidade de tratamento de Salto (SP) é um projeto da Bianna Iguaçumec

A visão da Bianna é ser uma empresa internacional com proximidade com nossos clientes, uma referência no setor e com crescimento sustentado...

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com capacidade de triagem superior a 100 toneladas / dia. Uma linha que processa os resíduos mecanicamente, separando materiais orgânicos e recicláveis, e com um objetivo: que apenas o mínimo vá para um aterro sanitário, conforme exige a Política Nacional de Resíduos Sólidos. É uma fábrica alinhada ao nosso duplo compromisso com o cliente e o meio ambiente: garantir o aproveitamento máximo do potencial de riqueza existente nos resíduos urbanos. Um projeto que, além de prolongar a vida útil dos aterros e gerar rentabilidade para o cliente, é fonte de emprego e riqueza para a região, dando mais um passo em direção à sustentabilidade.

Projetada pela equipe técnica da Bianna Iguaçumec, a Planta de Recuperação de Resíduos de Salto incorpora equipamentos e tecnologias de última geração que aumentam a rentabilidade da planta e geram maiores índices de rentabilidade pela maximização do volume de resíduos recuperáveis.

Alguns dos elementos-chave desta planta são: a pré-seleção de itens volumosos, o abridor de bolsas, o tromel para a separação da fração orgânica ou a cabine de triagem manual para a recuperação de recicláveis. O material que não é recuperado para reciclagem é triturado para sua recuperação como Combustível Derivado de Resíduos.

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Buscamos a máxima valorização dos resíduos com soluções avançadas e inovadoras que minimizam o impacto no meio ambiente.

Não se trata do que fazemos com o resíduo, senão o que podemos obter com a sua gestão rentável

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E N TR E V I S TA

A usina, que começou a operar em março, foi inaugurada em agosto em solenidade com a presença do secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido, e da presidente da CETESB, Patrícia Iglecias.

Como a empresa vê o atual cenário do setor de RSU? E qual a expectativa para os próximos 5 anos?

Estimativa revela que quantidade de lixo produzido no mundo será 70% maior em 2030.

A produção de lixo no mundo deve ter um aumento de 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões de toneladas até o ano de 2025, segundo as estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

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Em nossa opinião a gestão dos resíduos e o descarte correto de materiais se torna cada dia mais imprescindível para que o mundo caminhe para um desenvolvimento sustentável.

O sistema de coleta e reaproveitamento de lixo é um dos serviços públicos mais caros em todo o mundo, de acordo com o Pnuma, a gestão de resíduos tem enorme potencial para transformar problemas em soluções e "liderar o caminho para o desenvolvimento sustentável" por meio da recuperação e reutilização de recursos valiosos.

Em outras palavras, o aproveitamento econômico dos resíduos pode ser o caminho.

Por essa razão a Bianna criou a Bianna Thermo Value Solutions onde fazemos

a recuperação do potencia energético dos resíduos e desta forma minimizamos a deposição em aterro.

Com a Bianna Thermo Values Solutions damos resposta ao tratamento dos resíduos em especial da fração resto.

Mas também diminuir a contribuição do sector dos resíduos ou de outros sectores para a produção de, GEE, numa perspectiva de Economia Circular.

Aqui entram as tecnologias, WtE, da Bianna Thermo Values Solutions que consistem em métodos de tratamento de resíduos que permitam recuperar a energia contida nos mesmos.

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E N TR E V I S TA

João Carlos de Oliveira Mello Presidente da THYMOS ENERGIA

A THYMOS ENERGIA FOI UMA DAS ENTIDADES FUNDADORAS DA ABREN, POIS ACREDITA QUE A GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS É UMA NECESSIDADE URGENTE DA SOCIEDADE...

WASTE ENERGY MAGAZINE - THYMOS é uma das maiores empresas brasileiras de consultoria e gestão de energia. Qual o diferencial de vocês no setor?

JOÃO CARLOS - O diferencial da Thymos Energia é atuar nas principais questões regulatórias e temas de fronteira do setor elétrico, e ao mesmo tempo, entregar soluções para os clientes em uma linguagem simples e direta. Por exemplo: o setor perdeu muito tempo com a discussão sobre separação de lastro e energia. Ao passo que, desde sempre, a Thymos Energia mencionava a importância de não reinventar a roda e olhar para o que foi feito nos mercados de energia elétrica mais avançados, que é a contratação de capacidade por meio de novos empreendimentos, que é justamente o caminho que vem sendo seguido nas novas leis publicadas sobre o assunto.

Outro exemplo é o fato do setor estar bastante atrasado em questões relacionadas à abertura integral de mercado e a Thymos Energia tem trazido para discussão a experiência internacional,

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os acertos e erros de outros países em diversos aspectos nesse tema. Da mesma forma, a Thymos Energia foi uma das entidades fundadoras da ABREN, pois acredita que a geração de energia a partir de resíduos sólidos urbanos é uma necessidade urgente da sociedade pois resolve dois problemas, o da destinação de resíduos e o da segurança energética por meio da oferta de energia próximos aos centros urbanos.

biogás a partir de resíduos sólidos urbanos, essa fonte poderia atender até 6,4% da demanda nacional de energia elétrica, considerando as 28 regiões metropolitanas do país com mais de 600 mil habitantes. Uma única usina de 20 MW é capaz de retirar 825 toneladas/dia de resíduo sólidos urbanos que quando não tratados adequadamente contami nam o ar, o solo e lençóis freáticos.

Para a empresa qual a importância de se debater sobre as questões de RSU no Brasil?

Felizmente, o tema começou a ser endereçado no final de 2020, quando as usinas RSU passaram a ser um produto específico a ser disputado nos Leilões de Energia Nova.

É fundamental. No Brasil, por ano, cerca de 7,3 milhões de Mt (toneladas métricas) de resíduos são descartados indevidamente em lixões ou incinerações a céu aberto. Dos 5.600 municípios brasileiros, cerca de 3.326 municípios ainda não possuem um sistema adequado para destinação final de RSU. O Brasil tem o potencial para a implantação de, no mínimo, 250 usinas de 20 MW. O que representaria o investimento de cerca de R$ 160 bilhões. Aliado ao potencial das usinas de

Quais os projetos da THYMOS para o próximo ano?

Continuar atuando nos temas de fronteira do setor elétrico brasileiro e ao mesmo tempo lidar com o forte crescimento da empresa. A Thymos Energia vem atendendo uma quantidade crescente de investidores estrangeiros interessados a investir no setor elétrico brasileiro.

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André Tchernobilsky fundador da ZEG AMBIENTAL

WASTE ENERGY MAGAZINE - A ZEG está entre as 100 startups Fale sobre a ZEG Ambiental e sua brasileiras para ficar de olho. Confundação? te sobre esse reconhecimento?

JOÃO CARLOS - A ZEG Ambiental foi fundada logo após a implementação da PNRS (Politica Nacional de Resíduos Sólidos) em 2010, e desde o início tivemos um propósito de promover sustentabilidade, corrigir os problemas graves de saneamento que existem até hoje no Brasil, e fundamentalmente acreditávamos que somente tecnologia e inovação poderiam ajudar em nosso propósito.

O nome ZEG, apareceu de uma busca na internet por palavras que significassem futuro. ZEG em Georgiano significa “O dia depois de amanhã”, no início fazíamos projetos de reciclagem e triagem de resíduos. Quando desenvolvemos um reator que transforma lixo em energia, começamos a dizer que ZEG também significava “Zero Emissions Generation”.

O sonho se transformou muito maior quando O Grupo Capitale Energia entrou na ZEG em 2018, e a transformou num “hub” de tecnologias e projetos com geração de energia renovável.

Hoje a ZEG tem varias frentes de tecnologia, consideradas como estado da arte, como por exemplo o FlashBox. Tecnologia inclusive considerada como a mais eficiente do mundo em outros países e por organizações importantes mundiais.

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A ZEG Ambiental, em 2018, quando recebeu o prêmio de inovação da Votorantim, chamou a atenção, pela simplicidade e eficiência do Flashbox, um reator que transforma lixo em energia que fica dentro de um container Plug&Play de 40”. Esse programa de reconhecimento das startups promovido por um importante grupo de comunicação sobre economia do Brasil, acabou nos selecionando como uma das melhores no segmento de sustentabilidade.

A ZEG Ambiental realmente promove a solução do lixo em pequenos e médios municípios e industrias sempre focada nos pilares de sustentabilidade: Social, Ambiental e Econômico.

Quais os projetos que a empresa possui espalhados pelo Brasil?

Hoje na ZEG Ambiental temos 2 no estado de MG. Um inicia o comissionamento em julho e o outro em agosto ainda deste ano de 2021.

Além disso estamos estruturando financeiramente outros 6 projetos no Sudeste, Sul e Nordeste. Os investimentos previstos para fim deste ano e começo do ano que vem beiram cerca de R$ 400 milhões de reais.

Qual a importância do setor de RSU em nível mundial?

Se considerarmos que o Brasil sozinho gera 80.000.000 de toneladas de lixo por ano, e esses valores somente aumentam, que mais de 50% deste montante que encheria de lixo até a tampa centenas e centenas de estádios do Morumbi, ainda não tem qualquer disposição adequada, e extrapolarmos para grande parte de outros países, principalmente os ainda em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, conseguimos imaginar a importância em se ter uma solução para o RSU. Estamos falando de bilhões de toneladas por ano que ainda utilizamos a natureza para reciclar e tratar tudo o que o ser humano gera. Só que a natureza já está saturada e não consegue mais cuidar disso pra gente. Então vemos cada vez mais proliferação de doença e pragas, contaminação de lençóis freáticos e oceanos, e agora as mudanças do clima. O RSU é responsável por mais de 10% de toda a geração de gases de efeito estufa do planeta.

Quando se resolve o problema do lixo (RSU), está diretamente solucionando problemas sanitários, de saúde, de geração de energia limpa e renovável e de desenvolvimento social com proteção ambiental.

Na minha opinião, o RSU deveria ser uma das prioridades em qualquer política pública de qualquer sociedade.

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