Revista Segurador Brasil - Edição 164

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Ano 20 | Número 164 | 2021

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NOVOS TEMPOS NOVAS OPORTUNIDADES

Coberturas para pets e bikes, modernização no ramo saúde, seguro residencial - mais valorizado com o home office. Proteção contra os riscos cibernéticos. Novas formas de eventos híbridos. São alguns caminhos promissores.

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Desempenho positivo do setor!, segundo avaliação da CNseg. Seguradoras fecham o ano otimistas!, de acordo com o Índice de Confiança do Setor de Seguros


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Em 2020 o setor de seguros foi colocado à prova. Mesmo diante dos desafios de um ano atípico, seguradoras, resseguradoras, operadoras de saúde, prestadoras de serviços e corretores reagiram de forma imediata e deram um show de resiliência, estratégia e força. O Prêmio Segurador Brasil 2021 vai enaltecer os que mais se destacaram e homenagear estes verdadeiros vencedores! Com a assinatura de referência no setor, a 18ª Edição vai ocorrer em abril, mantendo o formato híbrido/virtual do ano passado. Vale ressaltar que o evento recebeu a chancela de sucesso por parte das empresas participantes e obteve grande audiência e repercussão entre os players do mercado.

A premiação virtual mantém as características que compõem o DNA do Prêmio Segurador Brasil: Credibilidade, Transparência, Critérios Técnicos de Avaliação, Extrema Visibilidade e Fomento da Indústria Nacional de Seguros. Diferentemente das demais premiações existentes no mercado, o Prêmio Segurador Brasil reconhece com exclusividade e pioneirismo os “Melhores Desempenhos” das seguradoras/conglomerados de grande e médio porte - resultados globais e por ramos em Seguros, Previdência Privada, Capitalização e Resseguradoras Locais, além das “Líderes de Mercado” (market share) e de “Maior Crescimento de Vendas”, em todos os seg-

mentos. Os resultados “Destaque” no mercado e as empresas “Inovadoras” também integram a premiação. A indicação técnica dos premiados (Melhor Desempenho, Liderança, Maior Crescimento de Vendas e Destaques) é baseada na análise elaborada pela equipe de economistas e estatísticos da SILCON Estudos Econômicos. Paralelamente, o Prêmio Segurador Brasil traça um panorama ressaltando a relevância das empresas prestadoras no setor, entidades e profissionais na implantação e desenvolvimento de serviços, conceitos e produtos para o mercado segurador brasileiro, bem como as iniciativas em prol do consumidor e da sociedade.


Capa

Freepik

Novas oportunidades para Novos tempos

A modernização no Ramo de Saúde que ganhou prioridade para as pessoas, as novas coberturas no seguro Residencial - mais valorizado com o home office -, a proteção contra os riscos cibernéticos que cresceram junto às transações via Internet, seguros para bike e pets, e as novas formas de eventos híbridos são alguns caminhos promissores Edson Motta, especial para Segurador Brasil O ano de 2020 será lembrado como de extraordinários desafios para todas as atividades econômicas, incluindo o seguro. O coronavírus atingiu ricos e pobres, e, ao impor uma quarentena prolongada, necessária, praticamente paralisou a produção, comprometeu empregos e a renda, desencadeando a pior crise econômica desde 1929. “O setor de seguros sentiu naturalmente os impactos de um cenário adverso nos campos econômico e sanitário, mas está entre os setores mais resilientes à profunda recessão, e entre os que mais rapidamente se recuperam”, afirma Marcio Coriolano, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). 4

Alguns ramos de seguros foram evidenciados durante a pandemia, quando as atenções se voltaram à importância da saúde e da vida.

Saúde: prioridade e modernização

O ramo de seguro saúde foi diretamente impactado pela Covid-19, em razão do aumento de atendimentos de casos, da ocupação de leitos, e da contratação de novos planos. Se por um lado os hospitais receberam mais pacientes com casos de coronavírus, também registraram queda de pacientes por outras doenças, principalmente tratamentos e cirurgias eletivos, com a intenção de postergar ao máximo a ida ao hospital. Nesse sentido, a medicina é uma

das áreas que mais se beneficia com os avanços tecnológicos. A discussão em torno da regulamentação da telemedicina – o atendimento ao paciente por vias digitais – há muito era tida como caminho para o futuro. Já vinha sendo aplicada em alguns casos para ampliar a atenção primária, incentivar e promover a prevenção e aprimorar diagnósticos. Por isso, as empresas voltadas para serviços digitais no setor de saúde, as chamadas healthtechs, vinham chamando a atenção de investidores e usuários. Mas a pandemia acelerou tudo e a ferramenta foi autorizada pelos órgãos competentes, entre eles o Conselho Federal de Medicina e o próprio governo federal. Publicada em fevereiro de 2019, a Resolução 2.227/18


Fotos Arquivo SB

Luiz Fernando Rolim Sampaio, Seguros Unimed: garantimos a segurança das pessoas e a continuidade da operação

aprovava a realização de consultas entre médico e paciente a distância. Entretanto, a norma causou polêmica e respostas de várias entidades médicas, que desejavam contribuir com seu conteúdo. No fim, a medida acabou sendo revogada. Contudo, após a OMS (Organização Mundial da Saúde) ter declarado estado de pandemia devido à rápida disseminação do coronavírus, o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou provisoriamente o uso da telemedicina no Brasil. A decisão, tomada com urgência a pedido do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi um desfecho para a medida que estava sob análise há mais de um ano. Doutor Luiz Fernando Rolim Sampaio, superintendente de Provimento Saúde na Seguros Unimed, afirma que há uma grande demanda para as seguradoras que atuam no ramo de Saúde. “Os desafios assistenciais são enormes e dependem fortemente do comportamento e das diretrizes do setor público. Estamos atuando muito próximos aos nossos clientes, desde março de 2020, espe-

“Apostamos na inovação digital como âncora da estratégia assistencial na pandemia. A Teleorientação Médica 24 horas, implementada no mês de março via aplicativo, permite que os clientes do ramo Saúde recebam orientações confiáveis, em caso de dúvidas ou mesmo sintomas da Covid-19, com segurança e sem precisar sair de casa. O serviço tem se mostrado bastante efetivo, minimizando a exposição ao risco das pessoas em ambientes hospitalares. Também disponibilizamos o agendamento de videoconsultas com médicos especialistas da rede credenciada, para casos não relacionados à Covid-19, incluindo psicologia”. Apesar dos impactos econômicos da pandemia, o setor encerrou 2020 com 47,5 milhões de beneficiários em todo o país. De acordo com a Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), esse número não era ultrapassado desde o primeiro semestre de 2017. O total de vínculos avançou 1,2% em 12 meses, o que representa aproximadamente 555 mil novas vidas no período.

cialmente os corporativos, facilitando o entendimento da pandemia e orientando quanto aos serviços disponíveis aos beneficiários”, garante. A Seguros Unimed estruturou um plano de enfrentamento à crise baseado em três eixos prioritários: saúde das pessoas – clientes e colaboradores; saúde do negócio – continuidade da operação e aceleração digital; e colaboração com a sociedade – ampliação de projetos sociais e ambientais “Para proteger a saúde do nosso time, instalamos, em março de 2020, mais de 1,4 mil colaboradores diretos Residencial e o home office e indiretos em home office, em cerca Decisão forçosa por conta da de dez dias, garantindo a segurança pandemia, o home office, hoje, atindas pessoas e a continuidade da nos- giu status de padrão para pelo mesa operação, em todo o país”, revela. nos 43% das empresas brasileiras.

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Thales Lemos, Sancor Seguradora: planos de elaboração de um produto híbrido, aliando as coberturas residencial e empresarial

De acordo com pesquisas, o modelo garante aumento de produtividade e mais felicidade no trabalho. A tendência também tem impulsionado o seguro residencial. O seguro residencial possui diversas coberturas no mercado, entre elas: incêndio, queda de raio, explosão, roubo ou furto de bens, danos elétricos, vendaval e granizo, quebra de vidros, desmoronamento, impacto de veículos ou queda de aeronave, danos a terceiros, mas também manutenção residencial, com os serviços de hidráulica e elétrica, o que pode ajudar em casos de imóveis alugados, inclusive. Na pandemia, a solução se expandiu ainda mais devido ao home office, houve em muitas situações uma valorização da solução diante de uma maior utilização do bem. A demanda, inclusive, fez com que muitas companhias repensassem o produto para cuidar do usuário e muitos corretores passaram também a oferecer mais a solução, com o intuito que gerar mais oportunidades de negócios e proteção ao cliente. O usuário também demonstrou maior interesse, já que, estando mais tempo em casa, viu a necessidade de efetuar peque6

nas reformas, manutenção e garantir a segurança da família dentro do lar. Foram incluídas coberturas como seguro para pets e assistência para bikes (no caso de bikes, há seguradoras que também se especializaram no ramo, como a Argo Seguros). Na Sancor Seguros, a carteira cresceu no ano passado, com alta de 60% no segundo semestre, período em que o trabalho remoto foi consolidado. Esse aumento também refletiu no market share da Companhia. O ramo, que ocupava 0,3% do total, subiu para 0,5% com a novidade. O superintendente de operações de Auto, Vida e Residencial da Sancor, Thales Lemos, confirma a origem do aumento pela procura

do seguro residencial e destaca os principais benefícios. “A adesão ao teletrabalho e o momento de crise aumentaram a busca por proteção de bens. Por isso, o produto residencial se enquadra perfeitamente, pois protege a residência de uma forma geral, incluindo os equipamentos do segurado usados para o trabalho, como computadores, principalmente de eventos que causam danos elétricos, como tensão na rede, e até mesmo relacionados às questões climáticas, como raios, tempestades e vendavais”, lembrou. Com a permanência deste sistema de trabalho, a seguradora mantém a expectativa de crescimento no portfólio, com, pelo menos, mais 10% de alta, já no início deste ano. “Para nós, o home office é algo que veio para ficar e a tendência é que as pessoas continuem procurando proteção para seus bens e equipamentos dentro de casa”, analisou. Lemos ainda destaca outras vantagens do produto, que o deixam mais completo e atrativo. “A aquisição pode até ser motivada pelo trabalho, mas nosso residencial vai além, com pacotes de assistência acima da média. Um exemplo disso é a cobertura para atendimento aos animais de estimação, garantindo reembolso

Cristina Camillo, Camillo Seguros: produto cyber (responsabilidade pelo vazamento de dados) tem sido bastante procurado na corretora


de consultas e cirurgias”, disse. Outro benefício é a facilidade de contratação: “os parceiros que usam o aplicativo, conseguem realizar a venda imediata e a apólice passa a valer em cinco minutos”. O executivo adianta que está nos planos a elaboração de um produto híbrido, aliando as coberturas residencial e empresarial, para proteger equipamentos das empresas dentro da casa do colaborador, bem como outros benefícios necessários nessa transição.

Seguro na internet e na LGPD

Com o distanciamento social imposto pela pandemia, muitos setores deram saltos tecnológicos, e houve exponencial aumento do comércio eletrônico. O seguro contra riscos cibernéticos se consolidou neste cenário e sua importância foi reforçada com o advento da nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que pode levar a muitas empresas a serem punidas com pesadas multas por uso inadequado das informações das pessoas. A apólice de seguro de riscos cibernéticos (cyber risks) protege contra roubo e extravio de dados e é uma boa alternativa para as empresas se adequarem. A diretora da Camillo Seguros, Cristina Camillo, revela que o produto tem sido bastante procurado na corretora. “O seguro cyber, como é conhecido, oferece proteção às empresas no que se refere à responsabilidade pelo vazamento de dados, bem como eventuais prejuízos financeiros de ataques cibernéticos, incluindo aqueles trazidos à tona pela nova legislação, como a necessidade de notificação e monitoramento em caso de vazamentos, e as tão temidas multas que poderão ser aplicadas às empresas”, explica.

Sendo um produto da linha de Responsabilidade Civil (RC), o seguro cyber cobre danos a terceiros decorrente do vazamento e perda de dados, seja ele por causa externa ou interna, mas pode oferecer também coberturas para a própria empresa, como custos de restauração dos dados e contratação de especialistas do ramo. As coberturas não são apenas para dados digitais, mas também cobrem os dados físicos, como estoque de arquivos. “São várias as proteções desse seguro. Malware e ransomware (softwares maliciosos), que têm sido cada vez mais comuns, por exemplo, estão entre as exposições cobertas no seguro cyber. Além dessas ameaças externas, causas internas podem causar o vazamento ou comprometimento de dados, o que a nova legislação traz consigo diversas novas obrigações e consequentemente eventuais prejuízos financeiros”, aponta Cristina. O risco cibernético está fora da maioria das demais apólices e, portanto, o seguro cyber é, de fato, o mais indicado para cobrir tal exposição. No entanto, algumas segura-

doras que atuam em Responsabilidade Civil, tanto no D&O (directors and officers - seguro para diretores) como no E&O (seguro contra erros e omissões) podem oferecer extensões a alguma parte restrita do risco, mas não são todas. O seguro cyber é importante a qualquer tipo de operação. O número de ataques hacker aumentou mais de 200% desde o início da pandemia e com a LGPD em vigor os clientes estão ainda mais preocupados. A cotação é feita através de um questionário junto às seguradoras que atuam neste ramo e a empresa que tiver um sistema gerenciador e protecional se beneficiará de melhores taxas para a contratação.

Eventos no novo normal

O segmento de eventos foi um dos mais prejudicados pela pandemia. Pela recomendação do isolamento social, muitos foram adiados ou cancelados, provocando um efeito em cadeia. No mercado de seguros de eventos, o impacto foi majoritariamente financeiro por conta do montante de sinistros pagos em

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virtude de cancelamentos de eventos e carência de receitas de prêmios para cobrir os prejuízos. A ausência dos eventos presenciais, desde meados de março do ano passado, quando foi decretada a pandemia e a necessidade do isolamento social, já custou à economia brasileira aproximadamente R$ 200 bilhões em prejuízos em 2020, segundo levantamentos da AMPRO-Associação de Marketing Promocional. Só no Estado de São Paulo, estima-se uma queda de aproximadamente R$ 16,3 bilhões por mês, ou R$ 65 bilhões ao longo dos quatro meses, com oito milhões de empregos prejudicados. Em alguns casos, na realidade das pequenas e médias agências especializadas

– maioria no país, as demissões chegaram a 100% dos colaboradores CLT. Toda essa situação reflete diretamente no setor de seguros de eventos. De forma abrupta, todos os tipos de eventos que seriam realizados foram adiados ou cancelados, e nessa mudança de mercado os seguros tiveram de se ajustar à nova realidade. “O distanciamento social inviabilizou os eventos, e isso nos fez pensar de que forma poderíamos inovar, acompanhar os clientes e lançar novos produtos”, pontua Alexandro Sanxes, diretor Técnico da Berkley Brasil Seguros. “Percebemos então a tendência dos artistas em realizar lives como forma de manter uma receita de patrocinadores, e que cada vez mais as

Alexandro Sanxes, Berkley Seguros: percebemos a tendência dos artistas em realizar lives como forma de manter patrocinadores

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apresentações iam se aprimorando: começaram com um microfone e um violão, depois surgiu o DJ Alok com show pirotécnico, as coisas ganharam uma nova dimensão. Ao mesmo tempo vimos surgir os eventos em cine drive in. Começamos a montar o produto em abril, iniciamos as vendas em junho e em julho a operação rodou bem. Depois do nosso lançamento algumas congêneres criaram essas coberturas, mas produto específico para live e para cine drive in somente a Berkley tem hoje”. Os eventos híbridos abrem ainda espaço para profissionalização ou qualificação de profissionais em novas especialidades, como planejamento e design de eventos digitais. Esses eventos incluem técnicas diferentes, como as de TV, de digital, tanto na parte técnica quanto roteirização, direção artística, produção digital. Os cenários ainda não permitem antever o desempenho do setor segurador neste exercício, mas o mercado acompanha as mudanças da sociedade e seus riscos, e deve continuar se destacando com estes e outros ramos.


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Época de Pandemia

Setor de seguros surpreende com desempenho positivo. E melhor que o da maioria dos outros segmentos da economia

Fotos Arquivo SB

Coriolano: uma das razões do desempenho positivo reside no fato de ter havido uma aproximação e uma sinergia muito grandes entre seguradores e corretores Com o objetivo de discutir como foi o ano de 2020 no mercado segurador brasileiro e as tendências para 2021, o Sindicato das Seguradoras de São Paulo (SindSeg-SP) realizou uma live com a participação do presidente da CNseg, Marcio Coriolano, e do

presidente do Sincor-SP, Alexandre Camillo, mediada pelo presidente do SindSeg- SP, Rivaldo Leite. Em se falando do ano de 2020, evidentemente que a pandemia do novo coronavírus teve um papel de destaque, fazendo com que o setor

Camillo: as seguradoras souberam trazer produtos bem alinhados às necessidades dos segurados, além de uma rede de distribuição extremamente preparada 10

saísse de um crescimento de 12,3% em 2019 para 1,3% em 2020, como pontuou Marcio Coriolano. Ele afirmou que essa queda é até positiva, comparada com a queda da indústria e do setor de serviços, que foi bem maior. O único setor que se salvou foi o agroindustrial”, afirmou. Complementando o presidente da CNseg, Alexandre Camillo lembrou que no ano passado o Brasil teve uma retração de 4,1% no PIB e mesmo os países com quedas não tão acentuadas no PIB tiveram um desempenho na indústria do seguro positivo como o nosso nessas circunstâncias. Detalhando o desempenho do setor de acordo com os diferentes segmentos, Marcio Coriolano afirmou que o resultado no Brasil foi influenciado positivamente, sobretudo pelos segmentos de Saúde e de Danos e Responsabilidades, este último que cresceu cerca de 6%, enquanto o seg-

Rivaldo: na pandemia, a procura pelos serviços associados aos seguros residenciais mais que dobrou, ultrapassando os de guincho


Capacidade de enfrentamento e superação do setor Mas se o mercado segurador brasileiro teve esse desempenho considerado tão positivo para as circunstâncias, qual seria a razão? Segundo Coriolano, uma das razões reside no fato de ter havido uma aproximação e uma sinergia muito grandes entre seguradores e corretores, além de um “comprometimento muito maior de nós todos”. Outra razão citada por ele para esse bom desempenho foi a possibilidade de se poder contar com uma tecnologia muito efetiva, que possibilitou, além do trabalho remoto, o incremento dos canais digitais de comercialização, “impedindo que os consumidores ficassem desassistidos”. Além disso, lembrou Camillo, as seguradoras souberam trazer produtos bem alinhados às necessidades dos segurados. “Quando nos deparamos com uma crise, temos que nos virar com o que temos e tínhamos seguradoras muito bem preparadas tecnologicamente e atentas às necessidades dos consumidores, além de uma rede de distribuição extremamente preparada”, sintetizou o presidente do Sincor-SP.

mais que dobrou, ultrapassando os de guincho”, afirmou o presidente do SindSeg- SP, Rivaldo Leite. Outro segmento que apresentou desempenho “espetacular”, segundo Coriolano, foi o de Responsabilidade Civil, com muita gente querendo se

proteger contra eventuais processos. “O ramo de pessoas também não foi tão ruim, pois Vida Risco teve um bom desempenho, apesar do VGBL e PGBL, que não foram tão bem devido à grande volatilidade dos ativos”, complementou.

O papel do Governo e da Susep Reconhecendo os avanços regulatórios que, em suas palavras, “vão possibilitar um melhor desempenho do setor em 2021”, o presidente da CNseg destacou como positivas a regulação do Sandbox, que “pode ajudar a criar novos patamares de tecnologia e novos nichos de negócio”; a norma que estabelece proporcionalidade de requisitos de capital de solvência de acordo com o tamanho das sociedades seguradoras, e as normas de flexibilização de contratação por combos para produtos de ramos elementares. Coriolano, entretanto, lembrou que no início da pandemia vivíamos “um período de ultrarregulação, com o setor submetido ao estresse de eficiência e eficácia”, ao mesmo

tempo em que ocorria uma “avalanche de projetos de lei” no Legislativo, com desdobramentos nem sempre potencialmente positivos. Alexandre Camillo também criticou algumas iniciativas da Susep que, em sua visão, trouxeram “desassossego à distribuição”, afirmando que “não adianta querer ensinar a nadar quem está se afogando. Temos que jogar a boia”. O presidente do Sincor-SP ainda cobrou uma atitude mais enérgica do Governo em relação ao mercado marginal de seguros que, segundo ele, retira recursos das seguradoras e corretoras, faz o Estado perder receita vinda dos impostos e ainda destrói a imagem institucional do seguro. Reprodução

mento Vida ficou estável e o de Capitalização caiu. “O seguro Residencial, por exemplo, cresceu porque a casa das pessoas passou a ser também o local de trabalho e de educar os filhos”, afirmou. “Na pandemia, a procura pelos serviços associados aos seguros residenciais

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Perspectivas para o futuro “Em vista de tudo que realizamos em 2020, faremos um trabalho ainda melhor em 2021, mas o desafio é grande”, disse o presidente da CNseg, complementando que “existem várias oportunidades, mas elas dependerão da capacidade de nos mobilizarmos em conjunto e exigir que o Governo e o Congresso façam o seu papel de estabilização e nos dê os instrumentos necessários”.

Coriolano também reconhece que a capacidade de vacinação terá um papel importante na retomada, bem como as políticas pró-cíclicas, que envolvem tanto o auxílio emergencial aos cidadãos que perderam renda, como o auxílio a certos setores de negócios, por meio de subsídios e empréstimos. Outro fator lembrado por ele foi o da necessidade de incorporar mais

gente ao mercado segurador. “Nós alcançamos apenas 30% dos cidadãos brasileiros, pois 70% da população ganha menos de dois salários mínimos. É tanto um dever moral quanto de negócios do nosso mercado propor um marco regulatório para que possamos expandir o setor negócio por meio do microsseguro, ou seguros inclusivos, ou o nome que se dê”, concluiu.

O mercado segurador fechou 2020 em alta. Os prêmios emitidos – ou seja, o faturamento das seguradoras – totalizaram R$ 11,5 bilhões em dezembro 2020, 11,2% a mais do que o último mês de 2019. Os dados, divulgados em fevereiro pelo Boletim IRB+Mercado, publicação do serviço de dados do IRB Brasil RE, o IRB+Inteligência, apontam ainda que as seguradoras acumularam R$ 123,8 bilhões em 2020, crescimento de 5,5% ante o ano anterior. Para Lucas Mello, do IRB+Inteligência, o resultado mostra a resiliência do setor de seguros mesmo diante de um ano atípico: “Os dados de 2020, ao mostrarem que o faturamento do setor cresceu pelo sétimo mês consecutivo em um ano difícil, reforçam que o mercado é forte e cumpre seu papel, colaborando com a recuperação da economia”. O Boletim IRB+Mercado também mostra que o índice de sinistralidade das seguradoras, em dezembro de 2020, apresentou aumento de 3,5 pontos percentuais quando comparado com o último mês de 2019. Já no 12

Reprodução

IRB+Inteligência aponta avanço de 11,2% no mercado segurador

acumulado do ano passado, a proporção das despesas com sinistros em relação ao faturamento alocado no mês recuou 1,1 ponto percentual. No total, cerca de 40% dos grupos seguradores tiveram crescimento dos prêmios emitidos na comparação entre 2020 e 2019. Apesar do segmento Vida representar 37% do faturamento do setor, arrecadando R$ 4,2 bilhões em dezembro de 2020 – alta de 4,7% frente ao mesmo período de 2019 –, foram os ramos Rural e Corporativos de

Danos e Responsabilidades que obtiveram as maiores evoluções desde 2015: 30,3% e 14,9%, respectivamente. Outra variação positiva ocorreu no segmento Crédito e Garantia, que acumulou R$ 434 milhões, em dezembro, e fechou o ano com crescimento de 10,6%. O Boletim IRB+Mercado resume as operações de seguros e resseguros a partir dos dados públicos disponibilizados pela Susep, com foco nos seguros de danos, responsabilidades e pessoas.


Análise | DILMO BANTIM MOREIRA

A proteção do seguro e o novo mundo Segundo dados da CNseg, o setor de seguros cresceu 1,30% no ano de 2021. Embora não se tenha registrado um crescimento tão positivo quanto nos anos anteriores, ainda sim esta é uma boa notícia. Obviamente que há um longo caminho a percorrer e não se pode prever como o mercado de seguros irá se comportar, mas, os players desse segmento econômico têm se mostrado adaptáveis e resilientes. Dentro do atual cenário: mudou o ponto de vista sobre produtos a serem oferecidos, bem como sobre os meios de os distribuírem; os meios digitais receberam um impulso vigoroso, mostrando-se este como uma maneira eficiente de alcançar os clientes para atendimento de novas demandas. Considere-se, inclusive, que o modo de atuação das entidades e órgãos que regulam e orientam seguradoras, resseguradoras e corretores de seguros e operadoras de seguro saúde, caminharam no sentido de ajustar regras, produtos e distribuição de seguros para que fosse possível facilitar o acesso da proteção desse instituto à sociedade, principalmente nesse momento de instabilidade provocado pela emergência mundial de saúde. O intensificado desenvolvimento da comercialização via internet pelos corretores de seguro, seguradoras e operadoras de seguro saúde, assim como a instalação do Sandbox pela Susep, demonstram o empenho do mercado de seguros como um todo, orientado pelo mesmo ideal de proteção às pessoas e empresas. No Brasil, estima-se que o número de pessoas conectadas à internet represente aproximadamente 134 milhões de usuários (base: ONU/Agência Brasil) e, no bojo desse ambiente digital, presenciou-se o lançamento de produtos pelas seguradoras tradicionais para contratação digital e, também, o surgimento das insurtechs, estas últimas nascidas em “berço digital”, com produtos securitários e meios de distribuição com utilização plena de meios remotos e documentação digital, desde a contratação até o envio de apólices e certificados, assim como no tratamento de sinistros e indenizações. Entendendo o ambiente da internet como sendo uma via cada vez mais relevante de acesso aos consumidores, é importante que os players do universo

securitário estejam atentos sobre como divulgar e comercializar produtos em plataformas como Instagram, Facebook, Linkedin, Clubhouse (talvez) e eventuais novos ambientes que se apresentarem. Investimento no desenvolvimento de produtos cada vez mais orientados à satisfação das tendências atuais dos clientes, assim como para a melhoria de sua qualidade de vida, combinando coberturas de seguro e serviços úteis, são cada vez mais importantes. Por exemplo, há produtos no mercado nacional no segmento de Pessoas, nos quais os clientes podem optar entre um grande leque de coberturas, aquelas que entendem serem mais adequadas às suas necessidades, montando assim o plano que desejam, respondendo às perguntas de análise e assinando a proposta, tudo de forma cem por cento digital. Outro exemplo de produto adaptado e que já é uma realidade de consumo em outros países, tendo potencial para ser bastante procurado por aqui, são os Seguros Intermitentes ou “on-demand”. Tratam-se de seguros que oferecem cobertura de acordo com o perfil de garantia escolhido pelo segurado, como por exemplo, para proteção durante o período que está com o carro fora de sua garagem, ou apenas durante um período de viagem. Outra vertente que vem ganhando bastante espaço nesse ambiente digital é o serviço de Telemedicina, atuando como orientação médica online, facilitando acesso à saúde, seja por meio do esclarecimento de dúvidas ou até mesmo como forma de acompanhamento do bem-estar das pessoas. O fato é que estamos vivenciando, antes mesmo do que estivéssemos preparados, um novo mundo em que comportamentos foram modificados radicalmente. Em um espaço pequeno de tempo, todos tivemos que aprender novos modos de conviver em sociedade, desde relações pessoais até profissionais, passando então a pensar mais na manutenção da segurança, saúde e do próprio futuro. A indústria do seguro sempre demonstrou capacidade de atender à tais necessidades e agora, mais uma vez, chamada à responsabilidade para atendimento desta demanda, com certeza realizará o cumprimento desta nova expectativa de levar a proteção do seguro a todos. 13


Desafio

Reprodução

Especialistas apontam as tendências do setor

Os caminhos para o desenvolvimento em 2021 foram comentados por especialistas de diversas áreas do setor de seguros. O conteúdo integra o vídeo produzido pela Educa Seguros para o mercado. Anderson Ojope, fundador da Educa Seguros e diretor de Conteúdo do portal Seguros na Prática, acredita que os desafios de 2020 em decorrência da pandemia se mantêm ainda neste ano. Por isso, para ele, o profissional precisa continuar estudando, se aperfeiçoando. “O consumidor está mais exigente e o corretor não pode deixar de pensar em aprimorar a experiência do cliente. Thiago Fecher, corretor especialista em seguros de transportes do Se14

preocupações do consumidor, em virtude do cenário atual que colocou a saúde de todos em xeque, seguido – pelo mesmo motivo – do seguro de vida, pois as pessoas passaram a se preocupar mais com o planejamento financeiro. Outros riscos têm chamado atenção de setores específicos, como o seguro de responsabilidade civil, em especial para os profissionais da área de saúde, e para administradores (D&O). Aliado a isso, a LGPD está impactando a gestão das empresas, e faz com que o seguro cyber entre no radar da maioria”. As parcerias que os corretores podem realizar com outros profissionais do setor, de acordo com Bruna Garcia, fundadora da Megaluzz Desenvolvimento de Negócios, devem receber uma atenção especial nos próximos meses. “Corretores podem guros na Prática, analisa que a maior se desenvolver por meio de parcerias, tendência é a empatia. “Este é um ano tanto co-corretagem com especialisde recuperação, ainda vivemos um trauma econômico e social e precisamos ter empatia com as situações que “Acabou aquilo vamos encontrar. O corretor que tide fechar o seguro, ver empatia e conseguir entender seu arquivar e ficar cliente e o momento pelo qual todos estamos passando, contornando os esperando por 11 meses desafios para falar dos riscos e produpara ter contato com tos, terá um diferencial”, diz. o cliente novamente, Para Lovani Goreti, corretora esesperar ter endosso ou pecialista em seguro de vida e presinistro para mostrar vidência privada, mesmo com as o trabalho do corretor. dificuldades da pandemia e as reguÉ preciso construir lamentações do mercado de seguros, o setor está crescendo e alguns riscos jornada, analisar perfis têm tido destaque. “O seguro saúde dos clientes” figurará como uma das principais


tas em determinado produto, e juntos acabam tendo um conhecimento técnico superior do que teriam sozinhos, ou na divisão de tarefas, quando um atua no backoffice enquanto outro na prospecção, ou ainda parceria com empresas para novas estratégias, criação de clubes de benefícios, oferecer condição diferenciada para contratação de produtos, trabalhar campanhas. Muitos corretores também estão estabelecendo parcerias estratégias com outras empresas para terceirizar atividades das quais não são especialistas, como o RH, o corretor não precisa perder tempo de vender com algo que ele não é bom se tem outras empresas que fazem de maneira mais assertiva e mais rápido”. Kleber de Paula, fundador da startup Cliente Agente, defende que a tendência em 2021 é apostar na experiência do cliente. “Acabou aquilo de fechar o seguro, arquivar e ficar esperando por 11 meses para ter contato com o cliente novamente, esperar ter endosso ou sinistro para mostrar o trabalho do corretor. É preciso construir jornada, analisar perfis dos clientes, criar segmentações de perfis similares na corretora e começar a entregar conteúdos que façam sentido a cada grupo. Lembrar o cliente das assistências dos seguros, estabelecer

“A tendência é estar presente nas redes sociais, as pessoas não pedem mais cartões e sim os contatos das redes, o corretor que não tiver este domínio não vai conseguir se engajar” conexão com o cliente nas redes sociais, para ser mais lembrado e, com isso, vender mais”. Os corretores de seguros apresentadores do canal Profissional de Seguros, Fabio Sorolla e Marcelo Brancacci, enfatizaram a importância do aperfeiçoamento. “O setor é muito dinâmico e por isso é indispensável a profissionalização, aprender ramos como o seguro cyber que é tendência em 2021”, diz Sorolla. “Os profissionais de seguros precisam buscar temas como marketing digital e venda consultiva, não pensar em aprender sobre produto, mas conhecer cada vez mais as pessoas”, completa Brancacci.

Ramo de Transportes

Rogério Bruch, diretor Comercial da assessoria Fetransporte Brasil, ava-

lia que vivemos um período de grandes avanços tecnológicos. “Vemos seguradoras puramente tecnológicas, insurtechs, telemedicina, processos de seguradoras sendo totalmente automatizados. No ramo de transportes, vimos com a pandemia o crescimento do comércio eletrônico, super redes de logística se formando com cadeias de suprimentos, distribuições e logísticas sustentáveis, veículos de pequeno porte para fazer as entregas. Com isso temos um processo mais confiável, com maior controle de gestão de frotas, rastreabilidade, cuidado elevado com o motorista. A tendência é usar a tecnologia para proteger o motorista e a carga, gerando confiabilidade, economia e segurança”. Rodrigo Rosa, digital influencer insurance, defende que tendência é estar presente nas redes sociais de uma forma relevante, gerando conteúdo, agregando valor na vida das pessoas. “Dá para vender seguros pela internet, mas é de uma forma diferente do que as pessoas têm feito, antes de vender uma apólice é preciso gerar valor para a vida daquela pessoa que é potencial cliente. A tendência é estar presente nas redes sociais, as pessoas não pedem mais cartões e sim os contatos das redes, o corretor que não tiver este domínio não vai conseguir se engajar”.

A GRANDE JORNADA PELO MUNDO DOS SEGUROS Toda segunda-feira, das 7hs às 8hs Apresentação – Pedro Barbato Filho Rádio Imprensa FM 102,5 O programa pode ser ouvido em tempo real, pelo portal www.pbfproducoes.com.br

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Evento

INTERCÂMBIO BRASIL/EUROPA

Divulgação

Os desafios da distribuição de seguros pós-Covid

“O cenário atual na Europa, provocado pela pandemia, tem muitas semelhanças com a crise financeira e social de 2007/2008, provocando o aumento do desemprego e a queda do PIB. Contudo, a crise de 2020, ao contrário daquela, ainda não é estrutural. Ainda assim, se não atuarmos de forma certa, esta crise não será temporária e também pode vir a ser estrutural”. O alerta é do especialista do mercado europeu, advogado e corretor de seguros espanhol César García González, também delegado da Associação Profissional de Mediadores de Seguros (APROMES-Portugal). González foi considerado a grande atração do evento internacional “Os Desafios da Distribuição de Seguros pós-Covid no Brasil e na Europa”, promovido pelo CVG-RJ, transmitido pelo canal do CVG-RJ no Youtu16

be, e com as participações de dois dos mais experientes líderes do setor, no Brasil, os presidentes do Conselho de Administração da MAG Seguros e do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, Nilton Molina, e do Sincor-RJ, Henrique Brandão. Coube ao presidente e ao vice-presidente do CVG-RJ, Octávio Perissé e Enio Miraglia, a mediação do encontro. “A nossa intenção foi traçar um paralelo entre os mercados da Europa e do Brasil no que se refere à distribuição de seguros”, revelou Perissé. César García González revelou que, nesse contexto, na Europa, o mercado de seguros registra queda no faturamento e do percentual de renovação nas apólices. “Os seguros de vida e de fundos de investimentos são os grandes perdedores. Há resgate de investimentos para pagar contas e

não há mais dinheiro sendo investido em fundos”, explicou. Em contrapartida, o “grande vencedor” é o ramo saúde, pois as pessoas têm agora mais conhecimento sobre a importância da saúde suplementar, e querem contratar um plano, mas não vão ao médico, o que aumenta a receita do setor e reduz os sinistros. O especialista apontou ainda a ocorrência de uma “tormenta perfeita”, em que a pandemia coincide com a implementação de mudanças obrigatórias nas diretrizes para a distribuição de seguros na Europa e o avanço da Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), neste caso, especialmente pelo fato de Londres sediar o Lloyds, que tem forte influência sobre os rumos do mercado de seguros e de resseguros no Continente. Assim, ao conviver concomitante-


mente com os efeitos da pandemia, a necessária adaptação às novas regras para distribuição e às mudanças causadas pelo Brexit, o setor precisou se “reinventar”. Essa necessidade levou o mercado a realizar fortes investimentos na digitalização. “Foi feito em três ou cinco meses o que seria desenvolvido em cinco ou 10 anos”, afirmou. A transformação digital trouxe um desafio maior, que é a necessidade de humanizar o processo de relacionamento com os clientes algo que, de acordo com ele, tem peso maior para os latinos, que sempre priorizaram o atendimento pessoal.

O novo contexto obriga corretores e agentes do mercado europeu a direcionarem o foco de sua atuação para a manutenção das carteiras de negócios, pois há dificuldades imensas para prospectar e atrair novos clientes. “As seguradoras têm planos para reduzir os valores e facilitar o pagamento dos prêmios, com o objetivo de ajudarem o corretor a, pelo menos, manter a carteira. Mas, a verdade é que o seguro, como um bolo, precisa de uma boa massa para crescer”, alertou. Gonzáles disse ainda que a pergunta atual não é saber se a distribuição terá futuro, mas “se nós estare-

mos nesse futuro”. Ele citou ainda a importância que as plataformas (assessorias) de seguros poderiam ter para ajudar o pequeno corretor. Mas, ressalvou que, ao contrário do que ocorre no Brasil, esse segmento ainda é incipiente no mercado europeu, com a exceção da França. Na visão dele, esse instrumento não funciona no mercado europeu em razão da baixa densidade populacional e territórios menores. Mas, revelou que as plataformas começam a surgir em algumas regiões como nas áreas mais isoladas e despovoadas de Portugal.

Henrique Brandão Por sua vez, Henrique Brandão comentou que há um processo global de desintermediação que afeta todos os setores da economia. “Estamos vivendo o maior desafio da história de distribuição do mundo, que inclui a definição pela sociedade entre a relação humana e a relação tecnológica. Há o sentimento que tudo é tecnologia e que o ser humano deixou de ser prioritário. Mas, quanto mais vejo tecnologia, mais certeza tenho da sobrevivência da intermediação. As pessoas querem outras pessoas do outro lado para fazer algo”, enfatizou. Ele fez uma correlação do momento atual com o início da entrada dos bancos no mercado de seguros. O presidente do Sincor-RJ relembrou ter dito na época que o corretor não apenas resistiria como iria crescer

muito mais. “Havia 20 mil corretores de seguros. Hoje, somos 100 mil. Os bancos nos ajudaram a fazer a massa. Hoje, o mundo está vivendo impacto da generalização ou especialização. As seguradoras entenderam a importância da trilogia perfeita, envolvendo cliente, corretor e as companhias. Isso beneficia a todos os envolvidos”, asseverou. Por fim, ele admitiu que há um grande impacto decorrente da pandemia, seja na reavaliação dos processo de intermediação e a venda direta. Assim, Brandão considera inevitável a revisão do processo de distribuição. Mas, assegurou que, seja qual for o resultado desse processo, o corretor irá resistir. “Já disse muitas vezes e repito: nós, corretores, somos semelhantes às baratas, pois podemos resistir até à bomba atômica”, concluiu.

Nilton Molina Já Nilton Molina frisou que a pandemia trouxe para a sociedade a evidência do risco para a vida, o patrimônio e os negócios. “No seguro de vida, o mercado inteiro nunca teria recursos para fazer uma campanha como uma grande emissora de televisão fez durante a pandemia, com notícias diárias sobre o risco da morte, abrindo os olhos da sociedade.”, acentuou. Segundo ele, há muito espaço para o setor avançar, até porque, considerando apenas os “seguros tradicionais” (vida e ramos elementares), o mercado pouco avançou nos últimos 25 anos. “Entre 1996 e 2019, a

participação dos seguros tradicionais no PIB passou de 1,42% para 1,68%. Então, o mercado não saiu do lugar”, pontuou Molina, para quem o seguro saúde e os planos de acumulação não integram “o mercado tradicional de seguros”. Na visão dele, o cenário, que aparenta ser ruim, pode, na verdade, mostrar um enorme potencial para crescimento e que ainda “está tudo por fazer”. Nesse contexto, Molina observou que o foco deve ser direcionado para o seguro de indivíduos, até pelo fato de, no mundo inteiro, o processo digital ter empoderado o 17


consumidor, que foi “colocado no comando do processo de distribuição”, algo potencializado pela pandemia. “Aconteceu algo extraordinário. Nossos corretores de vida, acostumados em vendas presenciais, aprenderam, durante a pandemia, a vender o presencial remoto. Antes, fazia duas entrevistas por dia. Hoje, faz seis. Isso é muito importante para o corretor, cujo principal capital é o tempo”, asseverou. Ele advertiu, contudo, que o corretor agora precisa ser ainda mais hábil do que já era, pois se não tiver capacidade e conhecimento na venda remota, o cliente simplesmente aperta um botão e o deleta. Molina pontuou ainda que o novo cenário também

obriga as seguradoras a reduzirem custos administrativos e também de distribuição. Mas, ressalvou que isso não significa cortar os ganhos do distribuidor, mas, sim, ganhar em eficiência e produtividade. “Não queremos reduzir os ganhos da distribuição, mas reduzir os custos da distribuição. Esse é o grande desafio”, acrescentou. Para ele, ainda é rara no Brasil a figura do corretor especialista em gente e que sabe explorar toda a capacidade de atender a todas as necessidades do indivíduo. “O corretor de vida, não vende planos de saúde. O de auto, não vende propriedade. Isso precisa mudar. O corretor tem os clientes, não pode ser mais especialista em produtos, tem que ser especialista em gente”, sugeriu.

Barômetro

Economia global vai crescer 4,3%, mas de maneira desigual.Brasil tem risco elevado em 10 setores, segundo Coface Barômetro de Risco País e Setorial da Coface estima que comércio global terá volume 6,7% maior; América Latina está mais preparada do que na crise financeira

Depois do baque causado pelo Covid-19 em 2020, a economia global deve se recuperar este ano, mas de maneira desigual entre países, setores de atividade e níveis de renda. A conclusão é do Barômetro de Risco País e Setorial da Coface, líder global em seguro de crédito e serviços relacionados, apresentado globalmente em fevereiro. A previsão da Coface é que o crescimento mundial seja de 4,3% em média em 2021, enquanto o comércio mundial deverá aumentar 6,7% em volume. Segundo o estudo, os países emergentes (entre os quais o Brasil) continuarão a sofrer os impactos da crise sanitária, tanto de maneira direta (com lockdowns e outras res18

trições) quanto indireta (consequência dos problemas nas economias maduras, em particular no comércio, nos preços das commodities e no turismo). Apesar dessas dificuldades, os países latino-americanos poderão, em sua maioria, implementar políticas econômicas contracíclicas, particularmente políticas monetárias, de acordo com o relatório da Coface. Segundo o texto, a situação atual é mais confortável no continente do que na crise financeira de 2008, quando a inflação alta limitou a ação dos Bancos Centrais. Desta vez, embora a inflação ainda seja elevada em países como a Argentina, a maioria dos Bancos Centrais da AL

reduziu as taxas básicas de juros em 150 pontos-base em média. Além disso, os BCs de mais de 15 países da região lançaram programas de compra de títulos públicos ou de empresas privadas. Em relação ao risco dos setores da economia, a Coface analisou a situação em quatro países da América Latina (Brasil, Argentina, Chile e México) em 13 segmentos. No caso brasileiro, o risco foi considerado médio apenas no Agronegócio e no Farmacêutico, e muito elevado em Têxtil e Roupas. Nos demais o risco foi classificado como alto: Automotivo, Químicos, Construção, Energia, Metais, Papel, Varejo, Transporte e Madeira.


Sustentabilidade

O futuro começa agora O número de catástrofes naturais – inundações, incêndios e furacões, entre outras – decorrentes do aquecimento global dobrou em quatro décadas. Entre 1980 e 1999, ocorreram 3.656 catástrofes, número que passou a 6.681 entre 2000 e 2019. Os prejuízos chegam a US$ 3 trilhões desde 2000, mas o número real é maior, uma vez que muitos países não calculam o impacto dessas tragédias sobre a economia, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU)

por Marcio Serôa de Araujo Coriolano (*) Em 1987, foi lançado um dos mais importantes documentos sobre a relação do homem com o meio ambiente. Elaborado sob a coordenação de Gro Brundtland, primeira-ministra da Noruega e presidente da Comissão Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, “Nosso Futuro Comum” usou, pela primeira vez, a expressão “desenvolvimento sustentável”. Trata-se de conceito cristalino: é o desenvolvimento que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Hoje, parece incrível que essa definição tenha soado para muitos, há menos de três décadas, como ameaça à prospe-

ridade das nações. A sustentabilidade é um conceito que se firmou como único caminho para fazer frente não apenas às mudanças climáticas, mas também aos desafios econômicos e sociais que se multiplicam pelo mundo. Para o setor segurador, no entanto, a sustentabilidade sempre foi um pilar insubstituível. Por sua própria natureza, o seguro deve, obrigatoriamente, atender ao presente sem comprometer o futuro. Por esse motivo, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) vem reafirmar que as empresas do setor estão credenciadas a dar sua colaboração para que o Brasil faça com sucesso a transição para uma sociedade sustentável. De início, vale lembrar que desde 2012, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou os Princí-

pios para Sustentabilidade em Seguros, a CNseg incluiu em sua agenda a integração de critérios ambientais, sociais e de governança (ASG). O caminho provou-se de acerto inequívoco. Hoje está amplamente demonstrado que empresas com boas métricas de ASG são mais resilientes e geram mais valor a longo prazo. Isso acontece porque elas gerenciam melhor os riscos e oportunidades socioambientais e possuem governança robusta, o que lhes permite atravessar com mais tranquilidade períodos turbulentos como os atuais. Em 2020, a pandemia da Covid-19 poderia ter deixado em segundo plano essa questão. No entanto, ocorreu o contrário. A crise sanitária global tornou ainda mais evidente a necessidade de valorizar a sustentabilidade ambiental 19


e a social de médio e longo prazos. Não apenas porque evidenciou a enorme desigualdade no acesso à prevenção e ao tratamento da saúde, mas também porque mostrou como a desaceleração de alguns setores de atividade poluente foi benéfica para o meio ambiente. A crescente consciência da sociedade global sobre os riscos associados às mudanças climáticas fortaleceu-se ainda mais. Nas empresas, essa é uma preocupação que vem à frente dos demais desafios desta segunda década do século XXI. A maior gestora de ativos do mundo atesta que nenhuma questão supera o risco climático na lista de prioridades de seus clientes. Por trás dessa tomada de consciência estão dados alarmantes. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o número de catástrofes naturais – inundações, incêndios e furacões, entre outras – decorrentes do aquecimento global dobrou em quatro décadas. Entre 1980 e 1999, ocorreram 3.656 catástrofes, número que passou a 6.681 entre 2000 e 2019. Os prejuízos chegam a US$ 3 trilhões desde 2000, mas o número real é maior, uma vez que muitos países não calculam o impacto dessas tragédias sobre a economia. Para se ter uma ideia, a quantia equivale à do pacote americano de estímulo à economia no âmbito da pandemia de Covid-19. As seguradoras têm também nesse aspecto uma importante contribuição a oferecer: sua experiência em assumir e gerenciar, de forma eficaz, riscos que lhe são transferidos, identificando oportunidades e direcionando investimentos apropriados à dimensão de cada risco. O “seguro-catástrofe”, largamente utilizado em países como o México, que garante a cobertura dos prejuízos provocados 20

por terremotos de intensidade acima da média histórica, é exemplo da importância dessa expertise. Muitos avanços foram feitos desde o relatório “Nosso Futuro Comum”. Governos e empresas passaram a levar em conta o impacto ambiental e social de suas ações e a exigir o mesmo cuidado de seus fornecedores e clientes. Bancos têm levado em conta esses mesmos critérios nos financiamentos que concedem. E há um esforço digno de nota em aumentar a transparência no relacionamento com a sociedade. A CNseg participou da atualização das normas que tornou mais rigorosos os critérios de governança para as empresas investidas e a consideração dos critérios ASG nos investimentos das seguradoras. Atualmente, acompanha a bem-vinda decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de realizar audiências públicas para estabelecer regras de ASG. Como um dos maiores investidores institucionais do País, com ativos equivalentes a 27% da dívida pública brasileira, o setor tem recursos e interesse em investir não só em ativos reconhecidamente “verdes”, como a produção de energias renováveis, mas também naqueles que incentivam transição para um mundo sustentável, como o saneamento básico. A CNseg defendeu a aprovação do marco legal do saneamento porque entende que melhores indicadores de cobertura de água tratada e esgoto sanitário são benéficos para toda a sociedade e podem acarretar a redução dos custos dos seguros de saúde e da pressão sobre o atendimento em decorrência da diminuição das doenças, além da redução das taxas de mortalidade e diminuição da frequência e do impacto de inundações que oneram o custo dos seguros patrimoniais. Com

a atualização do decreto de infraestrutura, o marco legal do saneamento também amplia o papel do investimento privado que poderá ser alocado, inclusive pelas seguradoras. A CNseg comemora os avanços e orgulha-se de ter contribuído para sua implementação e consolidação. Lembramos, no entanto, que para que continuemos a avançar na direção de um futuro sustentável, é preciso que, no presente, a sustentabilidade esteja no centro de todas as decisões. Os Princípios das Nações Unidas para o Seguro Sustentável servem como uma estrutura global para a indústria de seguros abordar riscos e oportunidades ASG. É indispensável a obtenção de um acordo internacional que resulte em critérios adaptados a cada região, que possibilitem comparar e verificar os indicadores e resultados de cada empresa, assim como estabelecer parâmetros transparentes para que um investimento seja considerado sustentável. A padronização das especificações e termos que classificam atividades “verdes” pode ser de grande valia para isso. No que se refere à regulação, é essencial que os órgãos responsáveis reconheçam que estamos vivendo um período de transição, que exige diálogo e flexibilidade, para que o indispensável arcabouço legal não se torne entrave ao desenvolvimento de novos produtos. Por último, mas não menos importante, a solidez financeira do sistema precisa ser preservada, para que o setor possa continuar a colaborar com o futuro do País.

(*) Marcio Serôa de Araujo Coriolano é economista e presidente da CNseg, a Confederação Nacional das Seguradoras


Ponto de Vista | ANTONIO PENTEADO MENDONÇA

O SEGURO INGRESSA NO CURSO DE DIREITO A operação de seguro se baseia em dois grandes pilares, a saber, as ciências atuariais e as ciências jurídicas. A exatidão científica dos números e a flexibilidade decorrente da constante evolução social. O desenvolvimento de qualquer modalidade de seguro passa obrigatoriamente pela matemática, pela frieza dos números atuariais, das tábuas estatísticas, que dão o conhecimento que a seguradora necessita para precificar corretamente suas apólices. É com base na lei dos grandes números que o instituto funciona, permitindo a proteção social através da proteção individual, garantida pela reposição de patrimônios e capacidades de ação, afetados por eventos previstos no contrato. Graças aos avanços da TI (Tecnologia da Informação), o grau de sofisticação dos cálculos aplicados ao negócio atinge patamares inimagináveis duas décadas atrás e permitem a individualização dos riscos, levando em conta as mais diversas características de cada segurado e do objeto de cada seguro. Se, no passado, o bom segurado acabava pagando o seguro do mau segurado, pela impossibilidade de se saber com exatidão o impacto de cada risco sobre o mútuo, hoje, o bom segurado recebe o bônus de sua condição, pagando mais barato do que o mau segurado, não porque esse seja penalizado, mas porque seu seguro é precificado de forma proporcional ao risco que ele oferece. Os avanços constantes na valoração e precificação dos riscos, bem como na administração e individualização das reservas, tem levado o setor de seguros ao aprimoramento da operação e à melhora dos resultados, tornando a contratação das apólices mais justa, mais barata para o segurado e mais rentável para a seguradora. Atualmente, uma grande gama de seguros, especialmente os tradicionais, podem ser calculados praticamente sem margem de erro e essa precisão deve se acentuar com o emprego intensivo da inteligência artificial. Aqui cabe um elogio à Susep (Superintendência de Seguros Privados), que está promo-

vendo a desregulamentação da atividade, ao liberar as seguradoras para desenharem seus seguros de forma mais livre e sem a necessidade de os apresentar para aprovação prévia da autarquia. O que está sendo chamado de “combo” de seguros, de verdade, é muito mais do que isso, ao mesmo tempo que também não é a possibilidade do segurado desenhar seu seguro como o desejar. “Combos” de seguros já existem. O seguro de veículos é o melhor exemplo. Uma única apólice tem três modalidades de seguros: o do casco do veículo, o de responsabilidade civil e o de acidentes pessoais de passageiros. As novas regras vão muito além disso. E é aqui que entra em cena a segunda coluna de sustentação do negócio. Sem o esteio jurídico não haveria seguro. O seguro se materializa num contrato, chamado apólice de seguro, o qual dá os limites, os valores, as condições restritivas e as obrigações de seguradora e segurado. E todo contrato é uma construção jurídica, uma ferramenta para normatizar relações e suas consequências legais. Sem o contrato de seguro os números e tabelas estatísticas não seriam aplicáveis ao mundo real, portanto, não teriam utilidade para proteger a sociedade. Ao fazer uma parceria com o renomado centro de ensino superior, IBEMC-RJ, a CNSeg (Confederação Nacional das Seguradoras) dá um passo importantíssimo para levar a coluna legal para o mesmo patamar de desenvolvimento das ciências atuariais. Para que o setor possa se desenvolver e continuar oferecendo proteção para a sociedade brasileira é indispensável que ele seja simplificado. As ferramentas operacionais estão sendo dadas pela Susep, a base de cálculo e precificação está caminhado rapidamente em sintonia com os avanços da TI. O nó está no contrato. A partir de agora, isto começa a mudar. Os pressupostos jurídicos começarão a ser estudados por um número maior de operadores do direito, que, desde a faculdade, terão oportunidade de conhecer um contrato fascinante, rico e complexo e desenvolver as soluções que ele necessita para ser simplificado e modernizado. Publicado no jornal “O Estado de S.Paulo” 21


Entrevista

Especialista fala sobre os desafios da LGPD no setor de saúde suplementar

A nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) deve impor grandes mudanças ao setor de saúde suplementar ao ter que garantir o sigilo, não apenas médico, mas, também, de contato dos clientes. Nesta entrevista, a especialista Lidiane Mazzoni apresenta os desafios e as situações que devem nortear os profissionais que atuam no mercado. Lidiane é professora da Conhecer Seguros, advogada especialista em Direito da Saúde e Regulação da Saúde Suplementar, e mestre em Saúde Coletiva, pela Faculdade de Medicina da USP. Ela também ministra o curso online “Lei Geral de Proteção de Dados e as Operadoras de Planos de Saúde”, indicado a todos os profis22

sionais ligados à saúde, em especial as titular e condutas como tratamento operadoras e os corretores de seguros. mínimo. A maioria dos agentes desse mercado tem a consciência da proteAcompanhe a entrevista: ção dos dados e o tratamento acaba, A LGPD é um tema relativamente muitas vezes, por desconsiderar a novo e já tem causado muitas dúvi- vontade do titular. Com a nova lei, das. Para quem atua no setor de saú- isso terá que mudar. de suplementar, quais os principais desafios para aplicação da lei e seus No caso das operadoras de planos impactos diretos? de saúde, que manipulam inforLidiane Mazzoni: O principal desa- mações sensíveis dos beneficiários, fio para quem atua com saúde suple- quais as medidas de segurança dos mentar é a mudança de cultura que a dados que devem estabelecer? LGPD vai impor ao mercado. Hoje, o LM: As operadoras de planos de saúmercado de saúde se preocupa com a de devem primeiramente conscientiproteção do sigilo médico. No entan- zar os times sobre a importância da to, a proteção dos dados pessoais do implementação do programa de protitular envolve outras preocupações, teção de dados, para que não seja encomo a prestação de informações ao carado como uma obrigação ou uma


Sabemos que quem repassa essas informações às operadoras são os corretores de seguros. Em um eventual vazamento ou uso inadequado dos dados, eles podem ser responsabilizados? Quais cuidados devem tomar? LM: Dentro da cadeia de tratamento de dados, onde esses dados pessoais são transferidos entre os atores do mercado, a responsabilidade é solidária perante o titular. Em outras palavras, todos deverão ter o mesmo cuidado com os dados pessoais, porque respondem igualmente perante o beneficiário. No entanto, é preciso que os instrumentos contratuais entre tais agentes contenham as previsões sobre a responsabilidade nessa cadeia, bem como quais as providências são exigidas como mínimas para compreensão que o dever de cuidado foi tomado. Caso violado esse pacto, a parte prejudicada poderá buscar reparação contra a parte que causou o prejuízo.

Arquivo SB

auditoria. Em seguida, entendo que o mapeamento dos dados é o mais importante para identificar as inconsistências que poderão gerar problemas e prejuízos no decorrer da operação. Identificados os pontos mais críticos, fica mais fácil desenhar um programa de ação para solucionar as questões que mais demandarão atenção das operadoras.

Lidiane: o principal desafio para quem atua com saúde suplementar é a mudança de cultura que a LGPD vai impor ao mercado

dados. Pelo décimo ano consecutivo, o setor de saúde teve o maior prejuízo médio de um vazamento, com US$ 7,13 milhões, um aumento de 10,5% em relação ao estudo de 2019. Os setores de saúde, energia, financeiro e farmacêutico tiveram um prejuízo total médio de um vazamento de dados significativamente mais alto do que os menos regulamentados. O relatório informa ainda que o setor de saúde teve o tempo médio mais alto para identificar e conter um vazamento, Existem estatísticas a respeito do com 329 dias, enquanto o financeiro uso inadequado de dados no setor de saúde suplementar no Brasil ou O vazamento, por ações de hackers por exemplo, pode prejudicar tamno mundo? LM: O estudo mais interessante neste bém a reputação da operadora. caso é o da IBM, no “Relatório sobre Qual a força da boa reputação no o prejuízo de um vazamento de dados quesito segurança dessas empresas? 2020”. No relatório, o setor de saúde é LM: A reputação é o ponto principal indicado como o que mais sofre pre- de confiabilidade dos consumidores juízos no mundo com o vazamento de do serviço e por certo passará a ser

um grande ativo. O legislador tem em mente que algumas das penalidades aplicadas aos agentes infratores não é somente a multa, mas, sim, a exigência de publicidade do vazamento, medida que afeta diretamente a reputação da empresa. Com a reputação abalada, os consumidores poderão trocar de operadora, buscando aquela que apresenta a melhor forma de tratamento de dados de forma segura. E essa preocupação já passou a ser latente, o que se nota pelas notícias de vazamento que a cada dia mais causam espanto no público em geral. As operadoras e os corretores não apenas têm acesso a dados sensíveis, como contato e documentos, mas também informações sigilosas sobre o estado de saúde dos pacientes. Essas informações devem ser compartilhadas de modo constante com 23


o SUS pela internet. Quais cuidados devem ser reforçados nessa transação para que o conteúdo não caia em mãos erradas? LM: Os cuidados das operadoras de planos de saúde na transmissão de dados para o SUS deverá ser refletido no emprego das melhores técnicas para a preservação e para a segurança. Por isso, é importante que os sistemas de segurança estejam alinhados com as necessidades da operadora, para que possam garantir que as melhores técnicas sejam empregadas nas atividades. Aqui, o mapeamento dos dados bem elaborado também é um diferencial, pois através dele a empresa consegue identificar suas fragilidades e quais as medidas tomadas para sanar tais “gaps” na operação.

risks para garantir maior segurança? O que pode ser feito para aumentar as vendas deste produto? LM: O seguro de cyber risk é um excelente produto para minimizar eventuais riscos das operadoras de planos de saúde. Acredito que com o avanço dos projetos de implementação da LGPD pelas empresas, a opção pelo seguro será vista como um atrativo para os riscos mais vulneráveis que elas estão expostas. O conhecimento sobre conceitos principais e penalidades previstas pela legislação também poderá auxiliar no crescimento desse tipo de seguro.

LM: O treinamento para os corretores é essencial. Primeiro, por serem um importante elo da cadeia de tratamento de dados dos beneficiários, devendo estar cientes de sua responsabilidade e seus riscos diante das regras da LGPD. Segundo, pela própria oportunidade de comercialização de seguro de cyber risks para as empresas, eis que a LGPD se aplica para todo o mercado e todos os agentes deverão tomar as medidas necessárias para o controle dos riscos. O curso aborda os conceitos principais aplicados pela lei, bem como analisa as operações do mercado de planos de saúde, trazendo alertas sobre as melhores condutas a serem tomadas. O curso também traz casos interessantes que podem auxiliar na compreensão de melhores práticas para o setor.

Você ministra as aulas do curso “Lei Geral de Proteção de Dados e as Operadoras de Planos de Saúde” da Conhecer Seguros. Qual a necesDiante de todo esse cenário, aumen- sidade do treinamento para o corretou a procura pelo seguro de cyber tor e quais situações o curso aborda? Fonte: Conhecer Seguros

Mesmo na crise, brasileiro não abre mão de plano de saúde Mesmo em meio à forte crise causada pela pandemia, os planos de saúde brasileiros registraram aumento de 560 mil beneficiários em 2020. Trata-se de alta de 1,2%, a primeira no setor desde 2014, conforme prévia de dados divulgada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Apenas no mês de dezembro, foram 179 mil novos beneficiários na saúde suplementar - 47,6 milhões de pessoas atendidas. Segundo Vera Valente, diretora executiva da FenaSaúde, “o resultado positivo demonstra que as pessoas, cada vez mais, reconhecem a importância da saúde suplementar e, mesmo em meio a uma crise como a atual, buscam acesso à qualidade da assistência prestada pelos planos e se24

guros de saúde privados”. O intuito das operadoras da saúde suplementar é que ainda mais usuários possam contar com um plano de saúde privado. Esse tem sido o esforço das empresas,, no sentido de tornar seus produtos mais aderentes às necessidades de uma população heterogênea como a nossa e mais acessíveis num mercado de trabalho cada vez mais marcado pela informalidade. O ‘Boletim Covid-19’, divulgado pela ANS, também mostrou que, em dezembro, a utilização dos planos de saúde pelos beneficiários voltou a subir e superou o patamar de um ano antes. Isso significa que os beneficiários estão usando o sistema privado mais do que usavam antes da pandemia, re-

vertendo a expressiva queda relacionada com o novo coronavírus registrada no primeiro semestre do ano passado. A sinistralidade – isto é, o percentual de receita operacional da saúde suplementar consumida para pagar os custos de assistência – chegou a 80% no último mês de 2020. Em junho passado, batera no piso de 62%, conforme a ANS. Como exemplos, em dezembro a ocupação de leitos para atendimento à covid-19 alcançou o maior índice do ano e, pela primeira vez em 2020, a taxa de ocupação geral de leitos ficou acima do verificado no mesmo período em 2019. Serviços de apoio diagnóstico cresceram mais de 9% em relação a um ano antes.


PONTO FINAL LEILA NAVARRO

Consciência para 2021 Freepik

Quanto maior o desafio, maior a recompensa. Como já diz o ditado: mar calmo nunca fez bom marinheiro

Eu adoro como nós, seres humanos, temos a capacidade de nos encorajar e nos motivar, na certeza de que ao iniciar um novo ano, um novo dia, tudo pode mudar magicamente. Mas, a questão não é o final do ano, o fim das férias ou o final do dia. 2020, sem sombra de dúvidas, foi um ano totalmente atípico. Fomos literalmente pego de surpresa, não é mesmo? Desenvolvemos tanta tecnologia que somos capazes de prever furacões, terremotos, tsunamis, tormentas, enchentes, estudamos as consequências do efeito estufa, e tantas outras coisas que podem afetar a nossa vida no planeta Terra... Mas, quem diria que surgiria um vírus que afetaria o mundo

inteiro? Quem estaria preparado para tamanha bomba mundial? Quem contava com uma contingência como essa no planejamento do ano? As pessoas ficaram isoladas, ficaram com medo e sem acesso ao afeto. Foi muito algo muito árduo e difícil! Mas, já aprendemos que nos fortalecendo e nos encorajando, podemos ressignificar o trauma e atribuir um novo olhar no processo de superação das perdas. Em um primeiro momento, não acreditamos no que está acontecendo, dizemos que vai passar logo, que tudo vai voltar ao normal, e por seguinte, ficamos revoltados e com raiva. Acabamos dizendo coisas do tipo: não é possível, não tem sen-

tido, isso é um absurdo etc. Daí vem a aceitação e dizemos: a coisa é séria, precisamos nos precaver! Enfrentamos o medo e buscamos encontrar a saída. Nos ressignificamos e atribuímos um novo sentido a tudo isso afim de superar. Portanto, faz todo sentido nos perguntarmos: O que de bom aprendemos com tudo isso? Houve uma evolução em nossa sociedade? Em nossas relações? Em nossa forma de percebermos a legitimidade do outro? O novo Corona vírus influenciou a maneira de nos relacionar, de nos interagir uns com os outros e até mesmo de nos cumprimentar. Fomos obrigados a encontrar novas formas 25


de mantermos nossas atividades no mundo do trabalho, da educação, da religião, da saúde, da política e de outras áreas da vida. Mudamos nossa forma de consumir, de planejar e até mesmo nossa forma de sonhar! Um cumprimento de mãos que antes era algo tão normal e automático, talvez não seja mais tão normal no mundo pós Covid, já pensou nisso? Afinal, estamos sob a ótica de novos parâmetros, normas e protocolos. Não dá para romantizar, claro, porém, a pandemia foi um convite para olharmos para dentro de nós mesmos. Eu adoro viajar, e continuo gostando muito, mas a única viagem que tenho feito, e estou podendo fazer, é para dentro de mim mesmo. (E que viagem, meus caros!) Me dá impressão que vínhamos correndo tanto, que nosso corpo estava na frente da alma, e quando tudo aconteceu, o corpo parou e a alma teve oportunidade de encontrá-lo. Teve a oportunidade de encarnar novamente com mais consciência nessa união. 2020 foi o ano de chamada para a consciência. E temos fé que 2021 será um momento de grandes oportunidades, já que estamos começando a ter mais esperança em relação às va-

cinas a disposição da humanidade. A gripe espanhola durou dois anos (de 1918 a 1920), morreram cerca de 50 milhões de pessoas no mundo todo. A população mundial na época era de dois bilhões de pessoas. Existem ainda muitos mitos sobre a gripe espanhola, mas, hoje, somos em quase oito bilhões de pessoas no planeta Terra. Não acredito e nem quero compactuar com a ideia de que a Covid matará 2% da população mundial, o que seria quase 160 milhões de pessoas. Com certeza vamos resolver tudo isso sem tantas mortes, com mudanças profundas em todos os segmentos de nossas vidas. Fazer com que esse mais de sete bilhões de pessoas no planeta se norteie para uma tomada de consciência ainda mais profunda. O que eu quero passar através deste artigo, é que o tamanho do problema pode variar, dependendo do ângulo pelo qual VOCÊ escolhe olhar. E vale lembrar, quanto maior o desafio, maior a recompensa. Como já diz o ditado: Mar calmo nunca fez bom marinheiro. Pegue todos esses momentos difíceis e ressignifique. Transforme em força, em disposição para aprender

EXPEDIENTE Editor-Executivo: João Carlos Labruna labruna@revistaseguradorbrasil.com.br Comercial: Mauricio Dias (mauricio@revistaseguradorbrasil.com.br) Paula Merigo (paula@revistaseguradorbrasil.com.br) Diagramação: Propósitto Soluções Visuais (rodrigo@propositto.com.br)

com o novo, sair da sua bolha e conhecer o seu verdadeiro eu! Pare de apenas pensar e comece a agir! Mergulhe de cabeça nessa Era da Inovação e pare de nadar contra a corrente! O que é novo para você, também é novo para mim. Tudo não passa de uma questão de aceitação. Só após reconhecer a realidade é que conseguimos mudá-la! É certo que cada um pode e deve se reinventar. Mas, nunca deixa a sua essência humana para trás! Não troque o seu afeto por apego. Afeto é algo que te preenche e te toca. Já o apego pode apagar o afeto. Que tal iniciar essa viagem para 2021 com uma nova bagagem, levando apenas o que é realmente é necessário para prosperar. Nada de peso e nada de excesso. Mas sim, com consciência.

Leila Navarro é palestrante motivacional há 20 anos. Top 5 na categoria “Palestrante” no Top of Mind de RH 2019. Autora de 16 livros, especialista em comportamento humano, influenciadora motivacional e atitudinal.

ANO 20 | NÚMERO 164 | 2021

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