Hérnia diafragmática congênita: do diagnóstico ao tratamento “A HDC pode ser diagnosticada ou, pelo menos suspeitada, já no momento da realização do ultrassom morfológico do 1º trimestre e é confirmada por volta da 16ª semana de gestação.” A hérnia diafragmática congênita (HDC) ocorre devido a um defeito na formação do diafragma (músculo que separa o tórax do abdômen), por onde órgãos abdominais (geralmente fígado, estômago e intestino) migram para o interior da caixa torácica, impedindo o adequado crescimento e maturação dos pulmões.
Sua causa é pouco conhecida e a HDC acomete entre 1:2.000 e 1:4.000 nascidos vivos. Cerca de 84% das lesões são do lado esquerdo do diafragma, 13% são do lado direito e 3% são bilaterais. A HDC pode ser diagnosticada ou, pelo menos suspeitada, já no momento da realização do ultrassom morfológico do 1º trimestre e é confirmada por volta da 16ª semana de gestação.
Diafragma normal Hérnia diafragmática congênita
Diafragma normal Quando o fígado, ou parte dele, está localizada dentro do tórax e a medida da RPC é menor do que 1,0, a HDC é extremamente grave (mau prognóstico) e a possibilidade de sobrevida pós-natal é próxima de zero. Por outro lado, quando não há herniação hepática para o tórax, ou quando esta herniação ocorre, mas a RPC é igual ou maior do que 1,0, a HDC é menos grave (bom prognóstico) e a chance de sobrevida pós-natal chega a 70%. 28
É muito importante a realização de um ultrassom morfológico do 2º trimestre, entre 20 e 24 semanas, para uma avaliação detalhada do feto a procura de outras possíveis alterações associadas, bem como avaliar características que possibilitam a definição de prognóstico, como a localização do fígado e a relação pulmão/cabeça (RPC).
Os fetos que apresentam HDC com melhor prognóstico podem ser operados após o nascimento. Já para as HDCs com mau prognóstico o tratamento pode ser iniciado ainda dentro do útero através de um procedimento chamado oclusão traqueal endoscópica fetal (OTEF). Para explicar a OTEF, inicialmente é importante saber como é a dinâmica pulmonar fetal. O feto não respira e quem faz a troca gasosa (CO2 → O2) é
Revista Saúde | Fevereiro . 2021 | rsaude.com.br
a placenta. Então o pulmão fetal é preenchido por um líquido que é expelido através da traqueia, sendo eliminado pela boca e nariz no líquido amniótico. Então, ao se introduzir um balão para oclusão da traqueia, o que se está fazendo é aprisionar este líquido dentro dos pulmões e aumentar a pressão intrapulmonar, fazendo com o os pulmões se expandam, tentando reduzir a hipoplasia pulmonar e melhorar, em muito, a sobrevida com alta do berçário destes fetos.
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