NOSSO TEMPO
Considerações em torno de verdades nem sempre verdadeiras
A importância das revistas do Rotary diante das novas tecnologias
FATOS
Jorge Bragança* “Contra quem é reputado, só com muita dificuldade se conspira.” – Nicolau Maquiavel
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ois fenômenos sociais têm apresentado expressivo protagonismo nos tempos atuais: as narrativas e as tecnologias. O primeiro deles, a narrativa (novo nome para “discurso”), é um velhinho de barbas brancas que circula pelo mundo desde tempos imemoriais. Atuou na religião, mitologia, política e na vida social. Mobilizou, seduziu e continua a criar “fatos” até hoje. O segundo, a tecnologia, vem impressionando as mentalidades e, para muitos, deixou de ser uma ferramenta importante para, na atualidade, contribuir com a funcionalidade e a administração das coisas, tornando-se a gloriosa solução para nossos grandes desafios, para o progresso e outros avanços notáveis. Tanto as narrativas como a tecnologia constituem frequente e simultaneamente o meio e a mensagem daquilo que se chama, com credibilidade frequentemente duvidosa, tanto de parte do “jornalismo profissional” como de expressão da liberdade de qualquer indivíduo por intermédio das redes sociais, como as conhecidas “tias do zap”, sendo assim difícil avaliar quem veicula, com acabamento de maior ou menor qualidade, as famigeradas fake news. Com sua rede de revistas, o Rotary International tem o privilégio de possuir seu próprio veículo de imprensa, que conecta, informa e divulga sua importante missão, construindo a cada dia sua marca e firmando
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Rotary Brasil juLho de 2022
sua grife. O rotariano tem assim o privilégio de ostentar esse símbolo, pode-se afirmar, idôneo e duradouro, gozando de um jornalismo próprio, que divulga com precisão nossos valores e ações. Recentemente, com alguma frequência alguns poucos rotarianos têm procurado extinguir esse importante veículo, enquanto outros sugerem que ele seja mantido apenas em formato digital, e outros ainda defendem a opção de subscrição voluntária. Ao que parece, esses companheiros ainda não se detiveram na avaliação da importância de se ter um veículo de imprensa próprio, com a força e a penetração da mídia impressa, de forma a gerar uma imagem com a plenitude, o alcance, o tamanho e a importância da nossa instituição. Outros revelam uma certa ingenuidade ao pensar que o formato digital não tem custos, esquecendo das imprescindíveis atividades para se produzir uma revista, mesmo em formato eletrônico, como pautar os temas, apurar e escrever as matérias, produzir o design, as imagens e revisar todo o conteúdo antes de publicá-lo numa plataforma confiável, o que demanda, como na versão impressa, o trabalho de uma equipe técnica qualificada, constituída por editores chefe e adjunto, repórteres, redatores, coordenador de arte, designers e fotógrafos, além de profissionais de marketing e vendas, administração e, acrescido a tudo isso, o suporte do time de tecnologia da informação.
Os argumentos são de toda ordem, como “o ‘custo Rotary’ está alto por causa da revista” (que atualmente equivale ao preço de um café expresso ao final de uma reunião) ou “o uso do papel agride o meio ambiente” (sendo que temos prezado pela utilização de papel certificado, recomendado pela legislação ambiental). Há até aqueles que afirmam que “ninguém lê a revista”... Uma narrativa? Teria ocorrido aqui uma narrativa conduzida por alguém que pensa desse modo e que, por esse caminho, alcançou certos grupos, induzindo as propostas de extinção da revista ou de sua substituição exclusiva pela versão digital? Creio que seria o caso de refletir e avaliar melhor a respeito. No último Conselho de Legislação, realizado no mês de abril, o Brasil apresentou algumas proposições contrárias às revistas. Pois bem: colocadas em votação, essas proposições foram rejeitadas, tendo prevalecido o bom senso e demonstrando-se que a imprensa do Rotary é particularmente relevante. Mais: em inédita pesquisa de opinião realizada pelo Rotary International com os leitores de suas revistas no mundo inteiro, 74% dos brasileiros disseram ler a Rotary Brasil do começo ao fim ou pelo menos alguns artigos – a maioria daqueles que não leem a revista alegou a falta de tempo como principal motivo. Dos que leem a revista,