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R E V I S TA B R A S I L E I R A D E A D M I N I S T R A Ç Ã O

ED. 109 • NOV/DEZ DE 2015

ENTREVISTA Adm. José Wilson Granjeiro destaca as vantagens da carreira pública

NEGÓCIO SOCIAL EXPANDE BENEFÍCIOS Empreendimento atende tanto idealizadores quanto consumidores

CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL Programa estenderá para outras áreas da Administração

Todos por um

Líder

Liderança não pode ser confundida com autoritarismo. Compartilhar e abrir espaço para que todos deem suas contribuições são apenas alguns dos ingredientes de uma liderança bem-sucedida

Conteúdo compartilhado com a HSM Management traz “Avatar, grande empresa” e “Suas reuniões têm cadeiras vazias?”




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Sentir o movimento dos tempos, compreendê-lo, aceitá-lo e colocar em prática o que o passar dos dias ensina é, simplesmente, um sinal de reconhecimento ao desenvolvimento da sociedade. Não possível parar o avanço das horas e ignorar que a inovação é o caminho necessário e natural que leva para a perpetuação. Por isso, antes de falar sobre liderança, tema da matéria de capa da última edição de 2015 da Revista Brasileira da Administração (RBA), é fundamental chamar a atenção para o novo projeto gráfico e editorial desta importante publicação. É um presente de fim de ano para todos que leem e fazem a RBA. Ninguém conquista o posto de líder por acaso e sem apoio. A soma de características pessoais e conhecimentos adquiridos com o trabalho feito em conjunto resultam em liderança. Uns estudiosos apontam que ouvir o que todos têm a dizer e, sobretudo, analisar e aplicar as propostas mais coerentes que são sugeridas, é próprio do líder. Outros defendem que a liderança está mais ligada à situação em que se enfrenta no momento e, portanto, pode ser adaptada. Há, ainda, quem repute ao líder a posição de influenciador. Porém, será que existe uma receita para liderar? Descubra lendo a presente edição.

NOV/DEZ 2015

REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Nº 109

Liderar, conquistar e compartilhar

ADM.

SEBASTIÃO LUIZ DE MELLO é presidente do Conselho Federal de Administração (CFA)

EDITORIAL

Gente, outra pauta que sempre está na agenda dos administradores. Tratar de recursos humanos, o popular RH, é uma função que exige empenho e estudo. Errar nesse ponto pode determinar o fracasso de uma organização. Não à toa, empresas e gestores tomam cada vez mais consciência e investem no seu maior componente na geração de bons resultados: o ser humano.

E quem, hoje em dia, não faz uso de aplicativos e programas para facilitar sua comunicação com colegas de trabalho e familiares? É difícil encontrar alguém, não é mesmo? Pois a popularização dessas ferramentas tecnológicas também exige muito cuidado. No campo empresarial, onde invasões, falhas operacionais e o mau uso acarretam prejuízos econômicos, é aconselhável contar sempre com as novas tecnologias para se proteger e trabalhar com segurança. Além da proteção no setor de tecnologia da informação, a boa administração dos negócios não pode dispensar as técnicas previstas para uma gestão austera, responsável e de resultado. Parte essencial desse processo é a governança corporativa, que prega a adoção de práticas que valorizam as empresas e suas marcas. Mais detalhes nas páginas que seguem. Conversar sobre negócios pode parecer incômodo para alguns. A neurose vivida na busca incessante por lucro e sucesso é um assunto pesado e desagrada muitos. Então, a mudança no rumo dessa prosa é salutar e os negócios sociais podem tornar o discurso mais agradável. Esse modelo de empreendedorismo tem conquistado cada vez mais o mercado e atende os anseios dos idealizadores e consumidores. Vale a pena conhecer! A edição 109 da RBA tem muito mais a oferecer. Boa leitura!


05 Feliz Natal e um pr贸spero Ano-Novo!


06 REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Nº 109

Problemas podem gerar enfermidades

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Aprender a lidar e solucionar os embates e questões gerais do dia a dia ajudam a barrar as doenças psicossomáticas.

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Em entrevista, Adm. José Wilson Granjeiro se mostra otimista com o trabalho no setor público. Além da experiência como servidor, ele ensina aqueles que prestam concursos.

NOV/DEZ 2015

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Em defesa da carreira pública: “muda vidas”

Lucro social também faz parte de novos modelos de negócio

16 SUMÁRIO

Auxiliar pessoas em dificuldade e, ainda, obter lucro. Empreendedores tiram sonhos do papel e conseguem obter resultados reais e que melhoram o cotidiano da sociedade.


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HSM: União para inovar e foco nos clientes HSM Management expõe que aproximação entre corporações auxilia na inovação e que empresas devem estar atentas à sua clientela.

valoriza marca 52 ENBRA do Jubileu de Ouro

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Evento atraiu centenas de pessoas para discutir a “Administração evolutiva – ciência, cultura de inovação: 50 anos de história”.

Será que existe uma receita de liderança?

práticas fazem a 48 Boas diferença na gestão

É uma longa e boa discussão. Uns dizem que o líder é aquele que manda quando outros apenas obedecem. Outros falam que liderança se exerce com diálogo, dando a chance para que todos se manifestem antes que a decisão seja tomada. Porém, o mais coerente a se pensar é que há, sim, vários estilos de liderança, várias maneiras de se liderar – ou de ser liderado -, mas que tudo pode ser adaptado.

Governança corporativa organiza administração de organizações dos setores público e privado e produz bons resultados.

digital 56 Segurança merece total atenção Uso de ferramentas da tecnologia da informação é cada vez mais comum nas empresas. Por isso, todo cuidado é pouco.

ADM. LEANDRO VIEIRA Como trabalhar com outras pessoas - e fazer disso uma jornada fantástica

EDUARDO PEDREIRA O lucro (in)tangível da humildade

ADM. FÁBIO BOERES Concurso público e o circo

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acertam 62 Organizações quando investem em seu capital humano

Empresas que tiverem atenção e comprometimento em como selecionam, tratam e valorizam seus funcionários têm maiores possibilidades de passarem ilesas por crises.


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Agradeço-lhes pelo envio do n° 107 (julho/agosto) da Revista RBA. Sou apreciador dos conteúdos que têm sido divulgados, as entrevistas, os temas técnicos. Aproveito a oportunidade para sugerir uma melhoria: alguns textos são apresentados com letras pequenas, às vezes em fundos coloridos, o que dificulta muito a leitura. Agradeço-lhes pela atenção.

Sérgio Giffoni

NOTA DA REDAÇÃO: Prezado leitor Sérgio Giffoni, a equipe RBA agradece por sua mensagem e aproveita para apresentar o novo projeto gráfico e editoral lançado na presente edição. Esperamos que agrade e que esteja mais adequado para a leitura.

O CFA só me surpreende com suas atitudes positivas, com a rapidez e o pronto atendimento solucionando o problema da assinatura e enviando as revistas. Posso dizer que vocês fazem um excelente trabalho. Parabéns a vocês e a toda a equipe do CFA.

Primeiramente, gostaria de agradecer e reconhecer o atendimento da RBA, pois todas as vezes que tive algum problema com o recebimento da revista fui prontamente atendido e tive o problema resolvido. O mínimo que devo agora é também elogiar, pois neste ano estou recebendo as revistas sem qualquer problema. Também gostaria de elogiar o artigo “Finanças Pessoais”. É um assunto muito atual e importante. Eu estou estudando o tema em meu mestrado e mesmo outros profissionais às vezes confundem as situações de endividamento, inadimplência e falência.

Ubiratan Steffen Busato

Por fim, gostaria de sugerir mais textos sobre cooperativismo – é uma alternativa para os problemas da economia.

No ano em que nossa profissão completa 50 anos, gostaria de parabenizá-los pela data de 09/09/2015, instituída como a data dos Administradores. Parabéns!

Prof. Esp. Adm. Luciano Cardoso

Cosme Oliveira Felippe

Os assuntos tratados em todas as edições são de grande valia, porém, a edição de nº 106 é extremamente interessante. Destaque para os temas tratados: “Feedback”, “Empreendedorismo” e “Compliance”, temas vividos no dia a dia das organizações. Parabéns. Sidinei Becker

As mensagens para a RBA podem ser enviadas para o e-mail: rba@cfa.org.br ou fanpage: facebook.com/cfaadm Leitor da RBA, mantenha sempre o seu endereço atualizado. Se houver qualquer alteração, encaminhe-a para rba@cfa.org.br ou pelo telefone: (61) 3218-1818.

LEITOR

NOTA DA REDAÇÃO: Caros leitores, na edição 108 da RBA, no segundo parágrafo do texto publicado na página 33, consta a seguinte informação: “Após a criação dos Conselhos Regionais de Administração do Acre, Amapá e Rondônia, em 2010 o Sistema CFA/CRAs chegou à sua maior marca: presença nos 26 Estados da federação e no Distrito Federal”. A equipe RBA pede desculpas pelo erro, pois está equivocada a menção ao CRA de Rondônia. O correto seria citar o CRA de Roraima.


Adm. Kleber Alves NOTA DA REDAÇÃO: Prezado leitor Adm. Kleber Alves, a equipe RBA lamenta o ocorrido e agradece pelo valoroso apoio na correção da informação.

Acabei de receber a RBA e gostaria de parabenizar pela excelente e oportuna reportagem “Ferramentas para Administrar a Crise”, publicada na edição nº 107. O texto ressalta a grande importância de uma gestão profissional, baseada nos princípios científicos da Administração e orientada por bases estratégicas, para, assim, as organizações aumentarem sua competitividade e sobreviverem neste momento de turbulência pela qual passa nossa economia. Adm. Flávio Luís Bonotto

Acuso o recebimento da RBA nº 106, Ano XXIV, maio/junho de 2015, conteúdo programático excelente para todos os profissionais de Administração. Adm. José Ubaldo Silva de Santana

Gostaria de informar que recebi minhas edições atrasadas (105 e 106) da RBA. Estou muito satisfeita com os conteúdos de ambas. Agradeço pela atenção da equipe RBA em atender à minha solicitação com tanta presteza. Denise Moitroux

A RBA está de parabéns pela recente mudança no design da revista. Não sei explicar o que realmente mudou, mas agora ela desperta o meu interesse pela leitura! Adelmo Galdino

Informo que recebi o exemplar da RBA nº 106. Devo isso ao empenho de vocês. Parabéns pelo excelente atendimento! Maria Fernanda Matos

Gostaria de agradecer mais uma vez pela rapidez de vocês em resolver o atraso no recebimento de minha revista. Obrigada pela presteza e eficiência. Adm. Ana Rachel

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Primeiramente, parabéns pela qualidade e relevância do editorial. Na página 18, no texto “Melhores do Mundo”, no final do parágrafo, é citada a FGV como sendo a única representante brasileira no ranking. O correto é FDC – Fundação Dom Cabral, conforme Tabela 2. (http://rankings. ft.com/businessschoolrankings/ executive-education-open-2015)

EDITOR | Conselho Federal de Administração CONSELHEIROS FEDERAIS DO CFA 2015/2016 Adm. Marcos Clay Lucio da Silva (AC) • Adm. Armando Lôbo Pereira Gomes (AL) • Adm. José Celeste Pinheiro (AP) • Adm. José Carlos de Sá Colares (AM) • Adm. Tânia Maria da Cunha Dias (BA) • Adm. José Demontieux Cruz (CE) • Adm. Carlos Alberto Ferreira Junior (DF) • Adm. Marly de Lurdes Uliana (ES) • Adm. Dionizio Rodrigues Neves (GO) • Adm. José Samuel de Miranda Melo Júnior (MA) • Adm. Alaércio Soares Martins (MT) • Adm. Sebastião Luiz de Mello (MS) • Adm. Sônia Ferreira Ferraz (MG) • Adm. Aldemira Assis Drago (PA) • Adm. Marcos Kalebbe Saraiva Maia Costa (PB) • Adm. Sergio Pereira Lobo (PR) • Adm. Joel Cavalcanti Costa (PE) • Adm. Carlos Henrique Mendes da Rocha (PI) • Adm. Jorge Humberto Moreira Sampaio (RJ) • Adm. Ione Macêdo de Medeiros Salem (RN) • Adm. Ruy Pedro Baratz Ribeiro (RS) • Adm. Paulo César de Pereira Durand (RO) • Adm. Antonio José Leite de Albuquerque (RR) • Adm. José Sebastião Nunes (SC) • Adm. Mauro Kreuz (SP) • Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa (SE) • Adm. Rogerio Ramos de Souza (TO) DIRETORIA EXECUTIVA DO CFA 2015/2016 Presidente: Adm. Sebastião Luiz de Mello • Vice-Presidente: Adm. Sergio Pereira Lobo • Diretor Administrativo e Financeiro: Adm. Armando Lôbo Pereira Gomes • Diretor de Fiscalização e Registro: Adm. Jorge Humberto M. Sampaio • Diretor de Formação Profissional: Adm. Mauro Kreuz • Diretor de Desenvolvimento Institucional: Adm. Carlos Alberto Ferreira Junior •Diretor de Relações Internacionais e Eventos: Adm. Marcos Clay Lucio da Silva • Diretora de Gestão Pública: Adm. Ione Macedo de Medeiros Salem • Diretor de Estudos e Projetos Estratégicos: Adm. Alaércio Soares Martins CONSELHO EDITORIAL Prof. Adm. Idalberto Chiavenato • Prof. Carlos Osmar Bertero • Prof. Milton Mira de Assumpção Filho CONSELHO DE PUBLICAÇÕES Adm. Mauro Kreuz • Adm. Rogério Ramos de Souza • Adm. Sergio Pereira Lobo • Adm. Tânia Maria da Cunha Dias COORDENAÇÃO DOS CONSELHOS Adm. Carlos Alberto Ferreira Júnior PRODUÇÃO Coordenação Editorial: Straub Design • Diretor Executivo: Adm. Wilgor Caravanti • Editor–Chefe: Francisco José Z. Assis • Diretor de Criação: Ericson Straub • Direção de Arte e Projeto Gráfico: Amanda Camargo • Redação: Ana Graciele Gonçalves, Cinthia Zanotto, Mara Andrich, Nájia Furlan e Wellington Penalva • Revisão: Mônica Ludvich • Diagramação: Amanda Camargo, Laís Carniato, Rafaela Lech e Thaís Pacheco • Impressão: Edigráfica Ltda • Tiragem: 120 mil exemplares • Ilustração dos Colunistas: Giovana Tows • Imagens não creditadas: Shutterstock REPRESENTAÇÃO COMERCIAL Conecta Marketing Direto (Wladimir Reis) Tel.: (11) 98969-6075 E-mail: publicidade@cfa.org.br ASSINATURAS E-mail: rba@cfa.org.br | Portal: www.revistarba.com.br Telefone: (61) 3218-1818 A RBA é uma publicação bimestral do Conselho Federal de Administração sob a responsabilidade da Câmara de Desenvolvimento Institucional e da coordenadora técnica RP Renata Costa Ferreira. As matérias não refletem necessariamente a opinião do CFA. OUVIDORIA DO CFA www.ouvidoria.cfa.org.br Telefone: 0800-647-4769 A RBA é certificada pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) como de circulação controlada de conteúdo dirigido.


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muito orgulho

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REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Nº 109

Servidor público, com

COM LARGA EXPERIÊNCIA ESTATAL, O ADM. JOSÉ WILSON GRANJEIRO TORNOU-SE O MESTRE DOS “CONCURSEIROS” ENTREVISTA


11 Revista Brasileira de Administração (RBA): O senhor começou a trabalhar ainda muito cedo, quando criança. Como foi sua infância e esse início, que parece que foi bastante difícil, não é? José Wilson Granjeiro (JWG): Sou natural de Encanto (RN). POR MARA ANDRICH Otimista com a carreira pública, o Adm. José Wilson Granjeiro, o professor Granjeiro, como é mais conhecido, é proprietário de um dos cursinhos mais conhecidos em Brasília – e famoso em todo o país –, o GranCursos. “Empreendedor do mundo dos concursos”, como ele prefere dizer, Granjeiro é Administrador, professor de Administração Pública há 27 anos, autor de 19 livros e já foi aprovado em oito concursos públicos – sendo um em primeiro lugar. Para Granjeiro, há muitas vantagens em seguir uma carreira pública. Além da estabilidade, o cargo público oferece benefícios, bom ambiente de trabalho e possibilidade de progressão na carreira. Mas, é claro, é preciso ter persistência e valores arraigados, desde o momento em que se presta o concurso, como em toda a vida profissional. Além de todos os seus afazeres como professor, escritor e palestrante, o professor Granjeiro é diretor executivo da Escola de Governo do Distrito Federal e responsável pela capacitação de mais de 170 mil servidores e empregados públicos. Também arrumava tempo para ser comentarista – já trabalhou na rádio CBN – e maratonista. Ele já foi agraciado com o título de Cidadão Honorário de Brasília. Conheça um pouco mais sobre a vida do professor Granjeiro e quais as dicas que ele dá para quem quer prestar concursos.

Lá comecei a trabalhar aos 6 anos de idade, na roça, catando algodão, plantando milho, arroz e feijão. Com 8 anos de idade, já em Brasília, morei em uma favela chamada Vila Esperança, no Núcleo Bandeirante. Transportado para Ceilândia, passei a vender ovos e picolés pelas ruas daquela cidade que começava a ficar grande e com todos os problemas de uma metrópole em construção. Aos 12, trabalhei como servente de pedreiro. Aos 14, com carteira assinada como auxiliar de escritório, trabalhava durante todo o dia e estudava à noite.

RBA: Sua vida foi quase toda em Brasília? JWG: Cresci em Brasília, minha esposa nasceu aqui e meus dois filhos, também. Amo Brasília, cidade que valoriza o talento e o trabalho ético e honesto.

RBA: Hoje o senhor trabalha na área de cursinhos que preparam para concursos. Mas o senhor também prestou concursos, não é? Além de ser servidor público, também tentou a vida de empreendedor? JWG: Sim! Aprovado em concurso, passei 17 anos trabalhando na Administração Pública. Quando deixei essa atividade, estava pronto para me tornar empreendedor. Dei baixa no Exército aos 19 anos de idade, em uma sexta-feira, e já na segundafeira seguinte procurei emprego na iniciativa privada. Fazia as entrevistas, testes e percebia que era bem avaliado e ia muito bem nas provas. Mas pesava em meu desfavor a pouca idade, a falta de experiência e o fato de ter sempre estudado em escola pública. Foi quando apareceu o primeiro edital na praça, do Banco do Brasil. Eram muitas vagas, e o certame cobrava matérias simples, sobre as quais eu até dava aula, como Matemática e Língua Portuguesa. Eu precisaria estudar apenas Práticas Bancárias e Matemática Financeira. Economizei e paguei um cursinho rápido. Estudei de segunda a segunda, entre duas e seis horas por dia. Dedicava-me à preparação com afinco, fosse em sala de aula, fosse sozinho em casa ou estudando em grupo.


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RBA: A persistência, então, sempre o guiou. O senhor lembra como foi seu primeiro concurso? JWG: Fui para a prova com a obrigação de passar. Estava ansioso, estressado e, então, fui acometido pelo famigerado “branco”. Não conseguia raciocinar nem me lembrar do conteúdo. Que vexame: eu, reprovado em um concurso para o qual estava muito bem preparado. Ao responder à prova depois, com calma, eu a gabaritei. Lição dura de um fracasso. Voltei para a fila, estudei para a Caixa e para o BRB e passei nos dois. Mais tarde, fui aprovado em outros grandes concursos, tendo alcançado inclusive um primeiro lugar. Cheguei a ganhar na época 50 salários mínimos por mês, acumulando legalmente dois cargos públicos. Exerci cargos de chefia, de assessoramento e de direção superior. Esses momentos me propiciaram grande aprendizado sobre como funcionava a máquina pública. E tudo me rendeu convites para dar aulas, escrever livros, ministrar palestras, oferecer consultorias. Os 17 anos como servidor público, os 26 como professor de escola preparatória, os 27 como educador e os 33 inserido no mundo dos concursos me garantiram o título de um dos maiores especialistas quando o assunto é concurso público ou Administração Pública.

RBA: Nos tempos difíceis que estamos vivendo, o senhor acredita que muitas pessoas veem o concurso público como um “porto seguro” e estão cada vez menos investindo em empreendedorismo? Será que as pessoas têm mesmo essa percepção? O que acha? JWG: Concurso público ainda é o processo mais isonômico que conheço. Não carece de pistolão, de indicação, de carta de apresentação, de boa aparência, de experiência, de grau de parentesco ou de sobrenome. Depende tão somente do esforço pessoal do candidato. É esse o melhor estímulo para quem quer ser aprovado e se tornar um servidor público como eu fui até alguns anos atrás.

ENTREVISTA

RBA: Hoje o senhor ensina as pessoas a obterem sucesso nessa área tão disputada: a dos concursos. Como o senhor vê essa área hoje no Brasil? É uma carreira que traz boas oportunidades para todas as áreas de atuação? JWG: É. Hoje os dados de que dispomos indicam que, de cada cinco jovens, três querem ter o governo como patrão. As pessoas têm buscado a carreira pública não só pela estabilidade financeira que ela proporciona, mas também pela vocação. Algumas desejam servir ao país, outras almejam os benefícios oferecidos nos cargos públicos. Enfim, são várias as razões que levam os jovens e até mesmo pessoas com mais idade a buscar a carreira pública.

RBA: Hoje há um grande número de servidores públicos federais que estão em condições de aposentadoria. Segundo dados de reportagens divulgadas na imprensa, seriam 85% do total! É um número muito grande, considerável, não é? Será que os concursos públicos darão conta de suprir isso? Aliás, a procura por concursos tem aumentado? JWG: Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a máquina pública conta com 10,5 milhões de servidores públicos em todo o país – 4,2 milhões somente nas áreas de educação e saúde –, quantidade ínfima, quando comparada aos nossos mais de 203 milhões de habitantes. A máquina pública é imprescindível para o bem-estar da população, para o cumprimento dos direitos e garantias do povo previstos na Carta Magna e nas demais legislações. Em prol do bom funcionamento do Estado, é necessário, portanto, que a Administração garanta acesso à educação, saúde, segurança, moradia, previdência social e tudo mais que a Constituição assegure aos cidadãos brasileiros. Todas essas são atribuições dos servidores, que se desdobram para dar conta do recado. Em alguns países europeus, por exemplo, os servidores representam 25% do total da população economicamente ativa. Já no Brasil, esse índice cai para menos da metade: 10,7% apenas, de acordo com o Ipea.


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RBA: O senhor tem conhecimento de como funciona isso em outros países? JWG: Para mostrar um pouco mais do atraso brasileiro no que concerne a nosso funcionalismo público, o índice brasileiro perde até para alguns países da América Latina, como Uruguai (15%), Costa Rica (14%), Panamá (18%) e Paraguai (13%). Na Argentina, a média é de 12,6 servidores públicos para cada grupo de mil pessoas.

RBA: A terceirização hoje é uma opção muito utilizada no Brasil. Como o senhor avalia essa prática? JWG: Sim. Na tentativa de diminuir o déficit de servidores de que padece a máquina pública, passou-se a contratar, também, por meio da terceirização, cuja finalidade deveria ser garantir a eficiência do Estado, reduzindo custos de mão de obra nas atividades-meio. No entanto, essa prática é dispendiosa, onerosa, uma vez que resulta em diminuição da qualidade do serviço, decorrente da falta de empenho dos terceirizados no exercício das atribuições. Ainda mais grave é a prática – comum – de alocar terceirizados na execução de atividades-fim. Disso surgem problemas na continuidade dos serviços e redução da eficácia e da qualidade.

RBA: Na sua opinião, quais as vantagens de prestar um concurso público? JWG: As vantagens do serviço público atraem hoje, no Brasil, um universo estimado em 12 milhões de pessoas, que estudam regularmente para concursos. Outros milhares de profissionais trabalham na área, seja como professores, seja como funcionários de escolas especializadas. O desafio do concurso público é uma experiência que realmente pode mudar a vida de uma pessoa.

RBA: O que explicaria esses números? Por que tanta gente quer ser servidor público? JWG: São inúmeras as razões que explicam esse fenômeno. Para começar, a busca pela estabilidade econômica. Isso no empreendedorismo não existe, já que o risco faz parte do negócio. E as dificuldades para abrir uma empresa em nosso país complicam ainda mais as coisas. É claro que a crise financeira mundial tem levado as pessoas, em especial os jovens, a buscar a estabilidade econômico-financeira por meio do ingresso no serviço público.

RBA: E para quem quer prestar concurso, que conselhos o senhor daria? JWG: Aos jovens, especialmente os recémformados, que fizerem a opção pelo serviço público, desejo todo o sucesso. Mas lembrem-se de escolher a carreira pública pela vocação, pela formação, pela experiência e afinidade com as atribuições do cargo, e não apenas pelo salário ou pelo número de vagas ofertadas no certame. Agora, uma boa notícia para os Administradores. Pesquisa que aplicamos revelou que esses profissionais são muito competitivos nos concursos públicos e privados. As matérias estudadas durante o curso de graduação são muito cobradas nos editais dos concursos públicos mais disputados.

RBA: Quais os valores principais para uma pessoa de sucesso, na sua opinião? JWG: O primeiro atributo que identifico nas pessoas exitosas é a inteligência. Não me refiro à inteligência entendida como genialidade, mas, sim, àquela boa dose de curiosidade intelectual. Falo da vontade de aprender, da disposição em ouvir a voz da experiência, do saber estudar em grupo. O segundo atributo é a maturidade. Trata-se da capacidade de enfrentar situações de estresse com sentimento igual ao dos momentos de vitória e conquista. As pessoas assim são confiantes e sem arrogância. O terceiro atributo é o pensamento positivo. Esse atributo pode fazer toda a diferença, posto que é a energia dele resultante que renova a capacidade de agir depois de uma derrota, depois de um fracasso. As pessoas com essa característica gostam de mudanças. São extrovertidas e otimistas. O quarto atributo é a resistência. Encaram a preparação e a rotina de estudos como um maratonista treina: com base em planilhas rígidas no intuito de superar os adversários e alcançar o resultado.

*Confira a íntegra da entrevista com o Administrador e Professor José Wilson Granjeiro no site www.revistarba.com.br


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Como trabalhar com outras pessoas

ADM. LEANDRO VIEIRA, criador do Administradores.com e autor do livro “Seu Futuro em Administração” (Campus/Elsevier)

e fazer disso uma jornada fantástica EXERCER TRABALHO EM EQUIPE NÃO É CARREGAR TODO MUNDO NAS COSTAS, MAS CONFIAR NO TALENTO DOS SEUS PARES

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Inevitavelmente, independente do porte da organização, você irá trabalhar com outras pessoas. Fato. Saber lidar com os demais, aceitar suas particularidades, controlar o seu próprio gênio, independente de exercer o papel de líder em um grupo, são questões fundamentais para o seu sucesso como administrador. Particularmente, aprendi isso no tapa Em minha adolescência, fiz parte do grêmio estudantil do colégio. Sabe aquele sujeito que pega todo o trabalho para si para depois ficar reclamando que ninguém faz nada e só ele é responsável por tudo? Eu era esse cara. Certa vez, em um bate-boca na sala de reuniões, um dos membros do grupo se virou para mim e disse: “Leandro, você é muito bom no que faz sozinho, mas não sabe nem um pouco trabalhar em equipe”. Essa foi a melhor bofetada que já levei na vida, vinda de um garoto de 15 anos. A partir desse dia, passei a mudar minhas atitudes e minha própria percepção sobre trabalhar com outras pessoas, e isso foi algo decisivo na vida profissional que vim a desenvolver muitos anos depois. Espero poder encontrar novamente aquele garoto para lhe agradecer pelo que fez por mim.

OPINIÃO *Este artigo não reflete necessariamente a opinião do CFA.

NÃO TENTE ENTORTAR A COLHER Logicamente, essa mudança não foi instantânea, do tipo da água para o Tang. Você reconhecer que tem uma fraqueza é apenas o primeiro passo, mas superá-la envolve uma verdadeira batalha consigo mesmo e com seu ego maldito, que teima em iludi-lo com falsas percepções sobre você mesmo e sobre os outros. E quando se consegue superar isso de fato? Não sei se você assistiu ao filme “Matrix”, um dos meus preferidos de todos os tempos. Em uma determinada cena, Neo, o personagem que vive uma jornada ao encontro de si mesmo, vê um garotinho entortando uma colher, aparentemente apenas com a força do pensamento. O diálogo que se segue é memorável. Enquanto Neo olha desconcertado para a colher, o garotinho fala: — Não tente entortar a colher. É impossível. Em vez disso, tente apenas ver a verdade. — Que verdade? — pergunta Neo. — Não existe colher — responde o pequeno monge. — Não existe colher? — estranha Neo. — Você verá que não é a colher que entorta. É você mesmo. — conclui o garotinho.


15 NÓS SÓ CONSEGUIMOS AS COISAS – QUALQUER COISA – ATRAVÉS DAS PESSOAS. Leandro Vieira

Qual é o ponto aqui? Em sua jornada pessoal de crescimento, você irá procurar as raízes de suas crenças, de suas idiotices, de seus medos e inseguranças. Você irá procurar seu ego, porque você quer dominá-lo e não ser dominado por ele. O que ocorre é que nessa busca pelo ego, você irá descobrir a verdade. Que verdade? Não existe colher. Não existe ego. Essas distorções do tipo “eu sou o cara” não passam de desejos, necessidades de autoafirmação, aceitação, reconhecimento, ou qualquer outro tipo de armadilha do ego – o tal ego que nem existe. Quando você se dá conta disso, acaba se abrindo para o verdadeiro crescimento. Você reconhece que pouco sabe, e isso abre a sua mente para que muito aprenda. Você se dá conta de que o mundo é um lugar de possibilidades fantásticas, e que as pessoas que encontra pelo caminho têm muito a lhe ensinar.

Espero não ter dado um nó na sua cabeça com essa piração, mas, voltando ao nosso assunto, anote o que vou dizer agora: nós só conseguimos as coisas – qualquer coisa – através das pessoas. Não quero soar utilitarista quando digo isso, muito pelo contrário. O que quero deixar evidente para você, caro leitor, é que todas as nossas conquistas não são conquistas individuais. Haverá sempre a contribuição de incontáveis pessoas. Observe sua própria história de vida e tente reconhecer essas pessoas. O professor que lhe encorajou a aprender algo, alguém que lhe deu uma oportunidade de estágio ou trabalho, o sujeito que criticou alguma atitude errada sua, ou o outro que elogiou o seu trabalho. Seus pais. A sua companheira ou companheiro. Reconheça, seja sempre grato e nunca se esqueça: não existe colher.


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Fusão que beneficia a todos AINDA NÃO HÁ UM MARCO REGULATÓRIO QUE ORIENTE OS NEGÓCIOS SOCIAIS, MAS SEUS MODELOS TÊM MOVIMENTADO O MUNDO DO EMPREENDEDORISMO POR NÁJIA FURLAN

Foto Bernardo Rebello

Amenizar um problema do mundo e, ao mesmo tempo, obter lucro. Não, isso não é um sonho, são resultados reais que obtêm os Administradores que decidem se dedicar a um negócio social. Esse modelo de empreendedorismo – híbrido e inovador, nas palavras da coordenadora da carteira de Negócios de Impacto Social do Sebrae Nacional, Valéria Barros – tem conquistado cada vez mais o mercado, atendendo aos anseios dos respectivos idealizadores e consumidores. “O Sebrae entende os negócios sociais como iniciativas financeiramente sustentáveis, com viés econômico e caráter social e/ou ambiental, que contribuam para transformar a realidade de populações menos favorecidas e fomentem o desenvolvimento da economia nacional”, esclarece a especialista. Outra marca que, segundo ela, caracteriza esse tipo de empresa é o caráter educativo, já que tais empreendimentos também buscam incentivar o consumo responsável e sustentável.

NEGÓCIOS SOCIAIS

Nessas iniciativas, a viabilidade econômica e a preocupação social têm a mesma importância e ambas devem estar em um mesmo plano de negócios. Nessa frente, como afirma Valéria, atualmente o Sebrae tem atuado em projetos estaduais com os Estados do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Pará e Maranhão. “Mantemos articulação com instituições de fomento, incubadoras, aceleradoras, investidores e academia para construir uma agenda comum e colaborativa, no sentido de favorecer o desenvolvimento desse novo setor, que ainda não tem sequer um marco regulatório”, comenta. A própria instituição – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), conhecido por incentivar as mais diversas formas de empreender –, em 2013, criou as primeiras diretrizes estratégicas para atuar nesse nicho de mercado, que, para o próximo ano, estão sendo atualizadas. “Estamos buscando inserir uma trilha de aprendizagem com soluções Sebrae para atender demandas estaduais”, garante Barros.


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Diferenças e semelhanças Mas, afinal, o que difere esse tipo de empresa das demais? Com exceção dos objetivos, muito pouco ou quase nada. Estas, em geral, se enquadram entre os pequenos negócios. “Por mais que o modelo seja inovador e diferenciado, as necessidades de gestão e de operação desse tipo de empreendimento são idênticas às de uma empresa com finalidade comercial; também demandam cursos, capacitações e palestras em gestão, finanças, marketing, vendas, tributação, tecnologia, recursos humanos, entre outras”, explica a coordenadora do Sebrae. Já entre um negócio social e uma organização não governamental, as diferenças são claras: os negócios sociais têm, sim (mas também), o intuito lucrativo e repartem esses dividendos entre seus sócios e investidores. “Fora as diferenças jurídicas, os primeiros reinvestem todos os resultados positivos da sua atividade em si mesmos. Os negócios sociais repartem os lucros entre seus sócios, como uma empresa tradicional, o que lhes confere um grande potencial de sustentabilidade econômica e escalabilidade, conseguindo, com isso, atrair mais investidores e mais interessados”, completa Valéria.

Entre essas “ajudas”, Barros destaca o Simples Nacional (“que reduz a carga tributária de pequenos negócios que faturam até R$ 3,6 milhões por ano em até 80%, além de unificar o recolhimento de oito tributos e isentar outros vários”); e o Microempreendedor Individual (MEI), “para empreendimentos sem sócios, com faturamento de até R$ 60.000 por ano”. “Esse tipo de empreendimento pode ser aberto pela internet, sem custo algum e com uma contribuição mensal de apenas 5% do salário mínimo acrescida de um valor de até R$ 6, a título basicamente de cobertura previdenciária para o empreendedor”, conclui.

Estima-se que existam atualmente

22 mil empreendimentos sociais em funcionamento no Brasil.

A maioria dos negócios sociais está concentrada nas regiões

Sudeste e Sul.

As áreas prioritárias de atuação incluem os setores de educação,

inclusão financeira e saúde,

seguidos por habitação, prevenção de poluição, gestão de resíduos e energia renovável.

Fomento Outras instituições importantes para guiar empreendedores no caminho dos negócios sociais são as universidades. A Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, mantém, desde 2014, o projeto de educação empreendedora “Empreendedorismo com Foco em Negócios Sociais”.

E para quem pretende investir em um negócio social, a representante do Sebrae lembra que existem políticas públicas muito importantes de apoio e fomento aos pequenos negócios.

“O projeto procura assentar suas bases na ampliação do conhecimento sobre o tema, na disseminação entre alunos e docentes, na produção de um livro digital sobre o assunto, na realização de um Congresso Internacional Negócios Sociais e Empreendedorismo e cursos de curta duração para capacitação, buscando motivar a criação de novas disciplinas temáticas ou a inserção do tema, transversalmente, em disciplinas já existentes”, explica a coordenadora do projeto, Ana Lúcia de Santana.

Estas, segundo ela, desburocratizam e os desoneram, além de dar ferramentas de ampliação de competitividade e acesso a mercados.

Com esses objetivos, o projeto funcionará até 2016. Do próximo ano em diante, a intenção é que se consiga formar, na UFPR, uma incubadora para esses negócios.

Em 2014, foram investidos

entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões no segmento, por organizações nacionais e internacionais.

Em 2015, a previsão é de que os investimentos atinjam

R$ 350 milhões. Nos últimos dez anos

foram investidos R$ 400 milhões em empreendimentos sociais.

Há uma estimativa de crescimento para o setor de, no mínimo,

15% ao ano no Brasil.


18 Ação Segundo a professora acadêmica, o que tem atraído mais os jovens nessa opção de negócio são, exatamente, os fins. Afinal, segundo ela, pelo negócio social eles têm a chance de experimentar o protagonismo na busca de soluções para problemas da sociedade, sejam ambientais, sociais ou econômicos. A dica de Ana Lúcia para quem deseja agir, é cuidar, principalmente, “do core business do negócio que vai iniciar”. “Seus propósitos têm que ser a maximização do impacto (sócio-econômico-ambiental) e a contribuição para ampliar oportunidades para as pessoas da base da pirâmide, de forma tal que se percebam como agentes de seu próprio desenvolvimento enquanto também inseridos no mercado de produtos e serviços, como consumidores”, orienta. Isso porque outra característica do negócio social é, segundo ela, a inovação.

Alguns exemplos de bons nichos para negócios sociais são: Produtos ou serviços com preços mais acessíveis, baseados no comércio justo, focados nos mercados de baixa renda e que atendam às necessidades nas áreas de educação, saneamento básico, energia, alimentação, saúde, habitação etc.

Estruturação da cadeia produtiva de empreendimentos diversos, inserindo grupos de baixa renda. Esses grupos podem ser donos do negócio, fornecedores ou distribuidores.

Fornecimento de equipamentos, matériasprimas e serviços que incrementem a produtividade de empreendimentos dos setores de baixa renda.

NEGÓCIOS SOCIAIS

HEVP, um negócio social de sucesso Os sócios Juriel Menegatti e Lucas Emmanuel Rodrigues, ambos com 27 anos, criaram a HEVP, uma empresa social estabelecida em Maringá, no norte do Paraná, mas que estende sua ajuda e seu trabalho social para além das fronteiras do país. Lucas é formado em Administração de Empresas pela Unicesumar, tem MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e Especialização em Negócios Sociais pela Yunus Espm Business Centre. Além de Administrador e empresário, o jovem é viajante, esportista e sonhador, como ele mesmo se apresenta. Já Juriel é advogado formado pela Universidade Estadual de Maringá, com MBA em Gestão Comercial pela FGV. “Sou apaixonado por praia, surfe, skate, viagens, família, amigos e pela HEVP”, complementa. Ao responderem por que decidiram investir em um modelo de negócio social, o destaque das paixões de ambos se justifica. “Eu viajei bastante. Foram mais de 50 países em anos. Países entre os mais pobres do mundo ou com uma diversidade cultural e/ou religiosa muito grande. E esses países me ensinaram muito. Sempre que voltava, voltava mais criativo, mais sonhador, com uma visão de mundo e uma percepção sobre a vida das pessoas que eu não tinha antes e passei a dar muito valor a isso. Tanto profissional quanto pessoalmente isso me agregou demais”, conta Lucas. Foi aí que veio, também, a vontade de incentivar outras pessoas não só às viagens, mas a saírem da zona de conforto, a verem o mundo, a identificarem necessidades e serem criativas ao pensar em soluções. “Uma das maneiras que me vieram à cabeça foi estampar o ideal “viagem” em camisetas. Então, numa dessas viagens, eu estava com meu atual sócio, Juriel, e começamos a falar sobre isso. Ele, com todas as outras motivações dele, agregou muito para essa ideia inicial e começamos a planejar juntos algo maior”, completa. Eles decidiram, então, estampar nas camisetas fotos de lugares pelos quais eles já haviam passado. As imagens trariam (e trazem) as culturas, as realidades e se revelam como algo possível.


HEVP/Arquivo

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Estabelecida em Maringá (PR), HEVP estendeu seu trabalho de ação social para além das fronteiras do Brasil. “O objetivo era conscientizar de que ‘existe um mundo lá fora’ e incentivar a atuação para combater problemas do mundo. Mas e nós? Só iríamos atuar incentivando? Não iríamos dar o exemplo?”, passaram a se questionar, enquanto se planejavam. Eles começaram, na sequência, a estudar modelos já praticados. Encontraram a inspiração em Muhammad Yunus (precursor dos negócios sociais, criador do microcrédito e Prêmio Nobel da Paz de 2006). “E uma empresa americana, a Toms (em que para cada par de sapatos vendido outro par é doado para uma criança que precisa), nos serviu como exemplo. Imaginamos que podíamos fazer o mesmo com camisetas, e assim foi”, diz o empresário. Na HEVP, para cada camiseta vendida, outra é doada. Assim começou a empresa. “Por isso também surgiu o nome. Uma palavra nossa, nova, mas que faz analogia à palavra Help, que em inglês significa ajudar”, revela Lucas. As primeiras estampas chegaram em janeiro de 2014 e, como contam os sócios, eles venderam quase tudo. “Tínhamos dinheiro para fazer a primeira doação, que seria no Haiti. Fui eu mesmo para lá, cheio de dúvidas: o que uma camiseta poderia impactar na vida de uma criança? Nós estávamos criando uma solução e indo atrás de quem precisasse, mas, na verdade, enquanto negócio social, devemos primeiro identificar os problemas para só depois oferecer uma solução. Mas fomos mesmo assim. O importante era testar nosso modelo. Validar hipóteses”, afirma o jovem. Eles concluíram, diante da realidade que encontraram por lá, que estavam doando esperança. E assim foi também a doação seguinte no Quênia. Com a esperança, porém, também veio a percepção de outros e novos problemas e a atuação da HEVP foi se expandindo. Eles estudavam cada vez mais; estreitavam cada vez mais os laços com os parceiros locais (de cada um dos lugares visitados); se adaptaram; melhoraram e cresceram.

“Para cada camiseta vendida nós doaríamos uma camiseta para ser usada como uniforme para crianças que não têm, para projetos de alfabetização ou de inclusão social. Tudo o que envolvesse um grupo e tivesse a necessidade de reconhecimento enquanto aluno ou participante de algo maior. O reconhecimento (“eu faço parte disso”) é importantíssimo na formação da criança. E as refeições seriam doadas para crianças dentro da escola, para incentivá-las a ir e ter o ambiente necessário para o aprendizado. Adaptamos também nosso modelo de receita: criamos calças masculinas, colares. Agora, bermudas, bonés e mochilas. E continuamos”, expõe Lucas. Ainda melhoraram também o modelo de impacto social (que, segundo os empresários, deve estar em constante melhoria e validação) e hoje fazem uniformes no local da doação. Essa atitude fomenta a geração de emprego e de renda, injetando dinheiro na economia local. “Fizemos isso pela primeira vez, este ano, no Nepal”, conta. Agora, eles têm projetos no Haiti e no Quênia para que os uniformes sejam costurados pelas mãos das mães dos próprios alunos. Até hoje já foram 1.300 camisetas no total (não todas como uniforme) e 3.400 refeições. Para o futuro, eles já desenvolvem outro negócio social, o FoodFoodFood. “É um negócio colaborativo, uma plataforma de compartilhamento de refeições entre vizinhos e para cada refeição vendida também vamos doar outra refeição”, adiantam os sonhadores.


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Livre das doenças psicossomáticas

É POSSÍVEL MANTER A SAÚDE FÍSICA E EMOCIONAL

POR CINTHIA ZANOTTO De uns tempos para cá, as dores de cabeça se tornaram comuns? Quem sabe a imunidade está baixa, falta ar com frequência ou surgiu uma gastrite? Se a resposta foi positiva para alguma das perguntas, pode ser só um dos sintomas apontando para o desenvolvimento de uma doença psicossomática. Ou melhor, enfermidades ocasionadas por um emocional abalado. Aline Xavier Franceschi, psicóloga clínica e judicial, diz que cada pessoa experimenta emoções a níveis psicológicos e fisiológicos, agradáveis ou desagradáveis, como a alegria, medo, ansiedade, raiva e outras mais.

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COM MEDIDAS SIMPLES,

“Quando essas emoções, em destaque a ansiedade, ultrapassam limites suportáveis para o indivíduo, acabam por desencadear sintomas psicofisiológicos, entre eles transtornos cardiovasculares, digestivos, dermatológicos, sexuais e alimentares, cefaleias, síndrome pré-menstrual, asma, dependência química etc.”, diz a psicóloga. Por isso, eventos adversos como o desemprego ou dificuldades no exercício profissional, crises em relacionamentos, perda de algum familiar, divórcio, mudanças bruscas e até a insatisfação podem ocasionar a manifestação de doenças psicossomáticas.

Como evitar

Se todos estão sujeitos a desenvolver doenças originadas no emocional, um passo importante para a prevenção é controlar a ansiedade. Porém, segundo Aline Franceschi, é necessário tomar outras medidas para ajudar nessa tarefa. Evitar ambientes e pessoas estressantes, manter a carga de atividades moderada, praticar exercícios físicos, ter hora para o lazer e optar por uma dieta equilibrada são algumas das atitudes recomendadas pela especialista. “Quando há uma dificuldade em administrar a vida pessoal, a ansiedade aparece como sinalizador. Havendo ansiedade em níveis elevados, por tempo além do suportável pelo indivíduo, há maior possibilidade de doenças surgirem”, explica Aline Franceschi. A dica para conservar a saúde emocional ao se relacionar com os outros é manter distância de pessoas conflituosas, provocadoras e fofoqueiras. As equilibradas valem mais a pena. “Lembre que colegas de trabalho não são necessariamente amigos íntimos”, completa a psicóloga. Quando os sintomas são verificados logo no início, o tratamento fica mais fácil. Em casos de falta de ar, alterações nos batimentos cardíacos, sudorese, agitação, dermatites, gastrites, entre outros indícios, a recomendação é entrar em contato com um profissional da saúde o mais rápido possível.

Os brasileiros e o estresse Pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS) constatou que mais de um terço dos entrevistados dizia sentir um aumento no nível de estresse. Para lidar com o problema, os brasileiros apontaram estratégias diferentes:

75%

preferem conversar com amigos e familiares

71,37%

procuram fazer uma análise para tentar eliminar a causa do problema

64%

optam pelos exercícios físicos

62,42%

procuram rezar, orar ou fazer irradiações mentais

64%

apelam para a comida

42,60%

buscam a ajuda de um psicólogo

38,53%

vão às compras

Para conferir a análise completa da pesquisa, acesse: www.estresse.com.br/pesquisas/

BEM-ESTAR



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O lucro (in)tangível da HUMILDADE Poucas virtudes são tão mal compreendidas no mundo corporativo como a humildade. Nós a confundimos com fraqueza e até mesmo covardia. É uma pena pensarmos assim! Uma pessoa humilde é exatamente o extremo oposto desse estúpido estereótipo. Isso porque são necessárias força e coragem para dizer: “Desculpe-me, o erro foi meu”; “De fato, você tem razão, a sua ideia é melhor do que a minha”...

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Essas e tantas outras falas e atitudes advindas de uma postura de humildade são realmente revolucionárias. Nada mais comum do que ver figuras de sucesso – ou de relativo sucesso, a depender de como o definimos – com aquelas caras tatuadas de vaidade, arrogância, orgulho, sem qualquer espaço para essa virtude linda chamada humildade. Ser humilde, essa é a verdadeira revolução! Para não pairar dúvidas, humos é a palavra latina da qual se origina nosso termo “humildade”. Humos, originalmente, significa terra e aí então começam, quem sabe, nossas interpretações equivocadas sobre humildade. Ser humilde não equivale a ser terra pisada, cuspida, inerte, sem poder de reação. Há um aspecto da terra pouco considerado. Para entendê-lo, tomemos como exemplo uma simples manga. Nós a colhemos, a usamos para nosso prazer e devolvemos para a terra o seu caroço, a parte que não nos interessa. A terra acolhe o que rejeitamos e nos retorna com outra manga. A terra é essa bendita mãe capaz de transformar lixo em energia e vida.

OPINIÃO *Este artigo não reflete necessariamente a opinião do CFA.

EDUARDO PEREIRA, é professor de Sustentabilidade Corporativa da Fundação Getúlio Vargas. É um dos autores do livro “Gestão Sutensatável de Negócios”

prof.eduardofgv@terra.com.br

A verdadeira humildade (húmus – terra) dá aos profissionais que a cultivam a incrível habilidade, desculpem-me pelo clichê, de fazer do limão uma limonada. Onde a arrogância vê caroço que não presta para nada, a humildade enxerga semente que produz vida. Que paz incrível, que leveza quase insustentável de ser é essa maneira de viver na qual o ego, o meu ego, não está no centro. Que bom saber que as coisas não acontecem por minha causa, sou apenas um elemento a mais, uma variável numa complexa equação. Muito bonito, não é? Mas no mundo dos negócios isso não funciona! Será? Quantos negócios não foram literalmente à falência pela incrível arrogância dos seus líderes? Qual o custo de negócios malfeitos causadores de prejuízo somente por causa da insana vaidade daqueles que detêm o poder? A humildade, entre muitas outras consequências positivas, é capaz de gerar lucro e bem-estar. Por ela, somos capazes de fazer negociações mais justas, nas quais o ganha-ganha potencializa resultados positivos para todos os lados. A ausência da humildade na mesa de negociação pode ser arrasadora, não somente para empresas familiares, nas quais poder, afeto e dinheiro se misturam numa combustão constante; como, também, em grandes corporações ou empresas públicas nas quais nem sempre o mérito do cargo é definido pela competência. Mas, sendo eu um profissional, o que faço para desenvolver e cultivar a humildade no meu cotidiano? Resposta para muitos outros artigos. Por agora, fica uma dica: o sol não nasce por causa do nosso canto!


23 Um galo acordava religiosamente às quatro da manhã, cantava e então o sol aparecia. Um dia dormiu demais e acordou muito tarde. Desesperado, levantou apressadamente, pensando que a Terra ainda estivesse na completa escuridão da noite. Ao inflar os seus pulmões para cantar, qual não foi a sua surpresa quando viu diante de si uma manhã ensolarada e radiante. Coitado do galo! Havia pensado que o sol nascia por causa do seu canto. Descobriu, naquele dia, que a manhã já se fazia presente e que seu canto era um elemento importante, mas não determinante.


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LIDERAR = COMPARTILHAR

MUITO SE FALA SOBRE LIDERANÇA. MAS, AFINAL, EXISTE ALGUMA “RECEITA” PARA SER LÍDER? CAPA


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POR MARA ANDRICH

Afinal, existe alguma “receita” para ser líder? Talvez, o mais coerente a pensar é que há, sim, vários estilos de liderança, várias maneiras de liderar – ou de ser liderado –, mas que tudo pode ser adaptado. Aquele estilo de liderança mais horizontal, em que não se foca na hierarquia – e não é somente ela que tem valor – foi batizada, não faz muito tempo, de “liderança estratégica”. E por que “estratégica”? Porque nesse modelo, para que a liderança dê certo, adota-se o “pensar sistematicamente” em todos os personagens de uma organização: desde aqueles que ocupam os cargos mais humildes, como faxineiros ou copeiros, até os mais poderosos, como os diretores, CEOs, entre outros. Como explica o professor da área de Gestão da FAE Business School, Dante Quadros, a liderança estratégica foca em um modelo de rede em que as decisões são tomadas horizontalmente por todos os integrantes da equipe. Já no caso da liderança no modelo de pirâmide, ou seja, um modelo vertical, o chefe – que pode ser líder ou não, pois nem todo líder é chefe e vice-versa – é quem manda. “Estamos vivendo hoje uma grande mudança no modelo de

gestão. No passado, a liderança era fundamentada na hierarquia. Hoje, cada vez mais, as empresas estão adotando o modelo horizontal, que tem trabalho compartilhado, sem os níveis hierárquicos”, explica. O professor vê vantagens nesse modelo. “O ser humano nasce para se completar. Quando você entra numa empresa, o mais natural é que você seja achatado pelo poder de alguém. Mas quando há compartilhamento de ideias não é assim”, observa. O professor Quadros lembra que, quando se fala em “conversar”, pensa-se imediatamente em “convergir”. Ou seja, convergir todos para um mesmo ponto. Já ao adotar o “dialogar”, presume-se um entendimento mútuo entre todos da equipe. E é essa a ideia da liderança estratégica. Esse modelo, que em um primeiro momento seria o estilo de liderança “sem chefe”, tem sido adotado por muitas empresas nos últimos anos. “As pessoas não precisam de um chefe a partir do momento em que conseguem compartilhar”, comenta. (Crédito: arquivo pessoal)

Nos dias de hoje, pensar em liderança como sinônimo de autoritarismo é estar fadado ao fracasso. Isso porque uma das grandes tendências quando se fala em liderar equipes é justamente o contrário: ouvir o que todos os funcionários têm a dizer e, sobretudo, analisar e aplicar as propostas mais coerentes que são sugeridas. Para alguns pesquisadores, estes são pontos fundamentais para os líderes modernos. Para outros, a liderança está mais ligada à situação que se enfrenta no momento e, portanto, pode ser adaptada. Já alguns acreditam que liderar é sinônimo de influenciar, mas sempre calcado no diálogo.

Dante Quadros


(Crédito: Kraw Penas)

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AS PESSOAS CONFUNDEM CARGO COM LIDERANÇA

Errar, aprender, se autoconhecer Mas quais seriam as características de um líder de sucesso? Em primeiro lugar, segundo especialistas, é necessário o autoconhecimento. Não só para ser um gerente, diretor, CEO, mas para todas as atividades da vida é preciso se autoconhecer.

Sulamita Mendes

Quando uma pessoa passa a ocupar uma posição privilegiada, é natural que modifique seu jeito de pensar e até suas atitudes. Afinal, suas responsabilidades aumentam. Por isso, o autoconhecimento é tão importante. Segundo a psicóloga organizacional Thayse Casassa, o líder precisa ter maturidade profissional e pessoal desenvolvidas. E isso inclui o autoconhecimento, sem dúvida. “Ele precisa ter compreensão do que é, conhecer seus pontos fortes e fracos e compreender quem é no contexto laboral, o que é esperado dele”, analisa. Em segundo lugar, é preciso ser inteligente. Mas não estamos falando da inteligência prática, comum no dia a dia. Estamos falando aqui da inteligência social. “Ele precisa saber se relacionar com grupos diferentes, estar atento à forma como o indivíduo ocupa seu espaço nos ambientes coletivos”, explica a especialista em Comunicação e Marketing, consultora, professora acadêmica e autora do livro “As Sutilezas e o Óbvio da Comunicação Corporativa”, Sulamita Mendes.

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Além disso, segundo Sulamita, o líder precisa ser resiliente – saber lidar com as adversidades e sempre dar a volta por cima. Aliás, características que todas as pessoas deveriam ter para viver melhor. “Muitas pessoas confundem o cargo

CAPA


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Na Chaordic, empresa de tecnologia de Santa Catarina, os líderes têm evoluído sua visão sobre o tema. Anderson Nielson, um dos diretores da empresa, afirma que ser um bom líder é ouvir o seu time, sempre alinhando as ideias aos princípios e valores da organização. Ele acredita que o estilo de liderança se adapta conforme a situação atual (a chamada “liderança situacional”). “Acredito que o tipo de liderança de que precisamos evolui a cada dia e se adapta de acordo com o nosso contexto. Cenários diferentes exigem lideranças diferentes, ou seja, a

liderança é situacional”, analisa. Para ele, compreender as oscilações e crises faz parte do cotidiano e da obrigação de um bom líder. “As lideranças entendem que em momentos assim têm que estar ainda mais presentes, precisam compreender a insegurança de seus liderados”, observa. Thayse Casassa afirma que o líder deve considerar e valorizar sua equipe, sempre e, sobretudo, respeitar seus liderados, compreender que existe uma história por trás de cada pessoa e que cada um, portanto, age de acordo com sua trajetória. “Assim ele desenvolve empatia, companheirismo e responsabilidade de uma forma produtiva. Não é tarefa fácil, mas é possível”, garante. Thayse também acredita que a cada dia cai por terra a ideia do líder autoritário, que transforma seus liderados em pessoas passivas, e não ativas. “Não explorar as potencialidades da equipe é um tiro no pé”, garante a psicóloga. Nielson acredita que, para ser líder, primeiramente, é preciso

querer muito. Mas só isso não basta, é preciso agir. Agir com autoconhecimento, competência e transparência. “Possivelmente, a posição de líder é a mais valiosa e respeitada do mundo. Cada vez mais precisamos de verdadeiros líderes, seja nas empresas, nos governos ou em outros grupos”, alerta.

Crédito: Andreia Takeuchi

com ser líder; o profissional que tem o cargo, mas não a habilidade de ser líder. Aqueles que lideram sob seu ponto de vista e sua forma de fazer não lideram, são gestores narcisistas”, observa. Segundo ela, o líder não necessita saber de tudo, mas precisa, fundamentalmente, saber onde encontrar respostas e se relacionar muito bem com sua equipe para que ela também possa ajudá-lo a encontrá-las.

O BOM LÍDER ESCUTA O SEU TIME

Anderson Nielson


28 Quando se fala em humildade e competência, vem logo à mente um grande desafio dos dias de hoje: transformar chefes em líderes. E é justamente em diferenciar o poder informal e o poder da influência que mora a dificuldade. Na opinião do Adm. Manoel Carlos Rocha Lima, vice-presidente do Conselho Regional de Administração do Espírito Santo, o desafio é juntar as duas coisas. Segundo ele, que também é gerente de Inovação na Gestão e Cultura Empreendedora e coordenador do Inoves, todos os líderes têm o poder da influência. Não importa se ele influencia seus liderados de maneira autoritária, centralizando as atividades e decisões, ou se deixa o outro fazer, delegando mais – esses dois modelos são liderança. No entanto, ele acredita que o modelo compartilhado de liderança, baseado no diálogo e na motivação do líder para com seus liderados, é o mais produtivo. “A liderança não está na questão da chefia, está no poder de influência e de persuasão e, principalmente, do exemplo.

CAPA

O líder influencia seus liderados pela motivação, quando as pessoas que estão à sua volta percebem que a sua ideia é interessante, mas sempre com diálogo”, analisa. Manoel acredita ainda que o líder precisa ser servidor, ou seja, não tem a necessidade de dar conta de tudo e colocar a mão na massa em todas as atividades, mas precisa, sim, prover sua equipe. “Como líder, preciso criar as condições para que as pessoas desenvolvam suas capacidades e tomem providências”, garante. Para ele, o líder precisa saber ouvir e compartilhar as informações. “O líder, muitas vezes, tem a falsa ideia de que centralizar tudo o torna perigoso. E não é assim. O líder se torna poderoso justamente quando delega e compartilha atividades e informações”, ensina Manoel.

Crédito: Arquivo pessoal

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Desafio contemporâneo

Adm. Manoel Carlos Rocha Lima

TODOS OS LÍDERES TÊM O PODER DA INFLUÊNCIA


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O QUE UM LÍDER PRECISA SABER OUVIR DIALOGAR INFLUENCIAR CONHECER AS CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS DA EQUIPE TER DESAPEGO TER SENSO DE APRENDIZAGEM (QUERER APRENDER COM A EQUIPE) SER ACESSÍVEL CRIAR CONDIÇÕES PARA QUE A EQUIPE SE FORTALEÇA DELEGAR COMPARTILHAR

Fonte: Adm. Manoel Carlos Rocha Lima

O que diz a história A teoria dos traços foi uma das primeiras que surgiu a respeito de liderança. Essa teoria mostra que a liderança é o resultado da combinação de traços, enfatizando as qualidades pessoais do líder. Assim, dá a entender que o líder nasce como tal e não poderia desenvolver características de liderança durante a vida. Em 1940 começou-se a falar não mais em traços, mas em estilos. Iniciou-se a discussão sobre liderança autocrática, democrática, paternalista e liberal. Atualmente, fala-se em liderança situacional – que procura identificar quais os fatores situacionais mais importantes no momento e somente então é que desenvolve o estilo de liderança que será mais eficaz nesse momento. “Essa visão começa a valorizar a ação do liderado, o aspecto motivacional e o ambiente em si como elementos cruciais dentro do processo todo da liderança”, explica a psicóloga organizacional Thayse Casassa. Para ela, a liderança deve ser assim, bastante flexível. “Colocar um líder dentro de um esquema, de um estilo ou exigir que ele se comporte de determinada forma é muito reducionista diante da totalidade do que um líder pode ser para uma equipe”, analisa. Algumas teorias sobre liderança foram inspiradas em Napoleão Bonaparte, que já era mais baixo. Mais tarde surgiu a ideia do líder democrático. Depois, espelhava-se no líder alto, magro. Na década de 1970 começou-se a falar em líder contingencial e situacional. Nos anos 2000, no líder carismático, inspirado na troca de favores; ou no transformacional – que promove mudanças na sociedade (como Mandela, Martin Luther King etc). Dentro da transformacional, começou-se a falar em liderança estratégica.


30 REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Nº 109

Tipos de liderança

LIDERANÇA NARCISISTA É centralizadora, mas ineficiente, pois o próprio líder não tem feedback do seu trabalho. Não se abre a novas ideias, impedindo, assim, a inovação na empresa.

LIDERANÇA CENTRALIZADORA

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Proporciona poder a pessoas negativas e socialmente doentes, que tendem a prejudicar não somente o crescimento da organização, mas também o da equipe e do próprio indivíduo.

LIDERANÇA INTELIGENTE É aquela que, além de o líder delegar, incentiva a liberdade de ação da equipe para que todos coloquem a criatividade em prática, inclusive ele. Estabelece objetivos e datas para conclusão de trabalhos. Aprende a lidar com adversidades e com opiniões diferentes. Fonte: Sulamita Mendes, especialista em Comunicação e Marketing, consultora, professora acadêmica e autora do livro “As Sutilezas e o Óbvio da Comunicação Corporativa”.

CAPA

Gerações Y e Z

Até pouco tempo atrás, o termo “geração Y” tomou conta das pessoas mais interessadas no mundo cibernético. Hoje já não se fala mais tanto nessa geração, que aprendeu a mexer com o computador e com o celular de maneira simples e rápida. Agora, quem está chegando por aí já na era digital em seu ápice é chamada de “geração Z”. Mas isso não traz dificuldades para quem sabe ser líder. Ou para quem sabe ser liderado. Para o professor Quadros, tudo é aprendizado. E esse aprendizado tem que ser mútuo. “E o equilíbrio é desejável”, completa. Tanto a geração Y como a Z criaram e continuam criando novas formas de trabalhar, o que pode ser muito positivo, já que têm facilidade com toda a agilidade do mundo digital. Para Sulamita, muitos líderes acabam se queixando dessas pessoas tão antenadas, afirmando que alguns estão desmotivados e muitas vezes têm pouco conhecimento para desenvolver seu trabalho.

Para Sulamita, é necessário ver o lado bom de tudo isso. Segundo ela, a nova geração tem dificuldades com normas, mas elas precisam existir. “O que eles precisam é compreender os porquês daquelas normas, porque são mais questionadores e perdem o foco rapidamente, principalmente por causa da agilidade e da versatilidade dos meios digitais”, observa. A pesquisadora crê que é necessário que os dois lados – líderes e liderados – aprendam que é importante o questionamento. “E os dois precisam aprender que devem ser assertivos. Os líderes precisam oferecer treinamento constante para essas pessoas, com comunicação clara e objetiva, além de equilibrar delegação com liberdade de ação”, reitera.


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LIVROS

COR E ASCENSÃO PROFISSIONAL – NEGROS EM CARGOS DE COMANDO A obra descreve e analisa histórias de vida de mulheres e homens negros que buscaram desenvolver estratégias para escapar das heranças de um processo histórico de inserção subordinada no mundo do trabalho. As narrativas, recolhidas com muita sensibilidade pela autora, foram analisadas e interpretadas com o rigor teórico-conceitual compatível com a investigação acadêmica à que a autora se propôs nesta pesquisa. Autora: Andréa Alcione de Souza / Editora: Maza Edições / Categoria: Identidade Social / Edição: 1ª / Número de páginas: 157

PADRÃO ENADE O livro explica como se dá a formulação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e como o domínio cognitivo da taxonomia de objetivos educacionais é uma ferramenta precisa de análise dessas provas. O objetivo é fazer com que os professores aprendam as dimensões que estão envolvidas na aprendizagem, considerem casos práticos de sala de aula e verifiquem aplicações de ensino nas diferentes áreas gerenciais. Autores: Alexandre Mendes Nicolini e Rui Otávio Bernardes de Andrade / Editora: Atlas / Categoria: EVENTOS Desenvolvimento Cognitivo / Edição: 1ª / Número de páginas: 136

GESTÃO DE CONFLITOS NAS EMPRESAS FAMILIARES Você procura subsídios para melhor conduzir seu empreendimento, ou é um empreendedor de organizações familiares, ou, ainda, estuda e aconselha esse tipo de empresa? Seja qual for o seu caso, você encontrará neste livro reflexões de pessoas que estudam e vivenciam a realidade das empresas familiares, quer como consultores, quer como assessores dessas organizações em assuntos relevantes para a sua condução. Autores: Maria da Graça Pitiá Barreto e Eduardo Fausto Barreto / Editora: Fast Design / Categoria: Administração de Empresas / Edição: 1ª / Número de páginas: 273

SITES www.sobreadministração.com Blog traz conteúdo diversificado sobre Administração, carreira, emprego e empreendedorismo.

www.jovemadministrador.com.br Site dispõe de notícias e informações de utilidade para estudantes e profissionais da Administração.

CONEXÃO

FILMES UM DOMINGO QUALQUER O filme mostra os bastidores da liga de futebol americano e traz dicas profissionais importantes, como não se focar nas aparências, mas na essência das pessoas e das empresas com as quais se quer fechar uma parceria. É preciso conhecer a fundo onde se investem tempo e energia. Título original: “Any Given Sunday” / Ano de produção: 1999 / Direção: Oliver Stone / Duração: 150 minutos / Gênero: Drama / País de origem: Estados Unidos


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o avatar

“GRANDE EMPRESA” CORPORAÇÕES E STARTUPS DEVEM SE APROXIMAR CADA VEZ MAIS PARA INOVAR; PESQUISA REVELA AS DIFICULDADES EXISTENTES PARA CHEGAR LÁ


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POR MARINA MIRANDA E YURI GITAHY Marina Miranda é diretora-geral da Mutopo Brasil e fundadora da Conferência Rethink Business; especialista em projetos digitais e crowdsourcing, trabalha ajudando organizações a implantar programas de empreendedorismo e inovação. Yuri Gitahy é investidor da Aceleradora e sócio-investidor da Confrapar; tornou-se uma referência internacional no ecossistema de startups brasileiro.

Joseph Schumpeter, o economista que identificou a inovação como a principal alavanca para mudar o mundo, acreditava que os empreendedores vindos das grandes empresas seriam os maiores responsáveis por esse movimento, tanto incremental como de ruptura. A intuição de Schumpeter faz sentido. São as corporações que possuem a maior parte do capital para pesquisa e desenvolvimento, afinal. No entanto, grandes empresas, e também as médias, têm imensa dificuldade de inovar. É simples de explicar: essas empresas se organizam por processos (pensados para serem facilmente repetidos, e não desafiados e renovados); a operação e os problemas do dia a dia ocupam toda a atenção dos gestores (e todo o tempo deles também); ninguém quer arriscar a reputação com produtos que possam ser fracassos de mercado (e medo do fracasso reduz a chance de inovação real). O que Schumpeter não previu? O poder de fogo das startups, com a internet, o capital de risco, tecnologias baratas facilitando que empresas pequenas e iniciantes buscassem a inovação. Por isso, o papel das corporações no ecossistema do empreendedorismo inovador pode ser ampliado por meio da parceria com startups. E o que as empresas estabelecidas devem fazer na segunda fase de nosso empreendedorismo inovador? O movimento de aproximação tem de ser intensificado. Pelo bem de ambas as partes e da capacidade de inovação e competitividade do País, as parcerias precisam inovar em quantidade e qualidade.

Dados da pesquisa Como esse avanço pode acontecer? A pedido de HSM Management, coordenamos uma pesquisa online com algumas dezenas de empresas estabelecidas e startups para saber como esse relacionamento pode ser estreitado. Os achados dão o que pensar.

O QUE AS GRANDES ESPERAM Quanto as startups habitam a mente dos executivos de grandes empresas? Uma notícia relativamente boa para as startups é que 75% das empresas consideram que inovar é crucial à sobrevivência e 55% não têm estrutura para tanto. Para deixar a oportunidade ainda mais evidente, cerca de 57% dos executivos corporativos afirmam que startups são interessantes como caminho para a inovação e 40% deles planejam fazer um programa de relacionamento com startups, formal ou informal. “Creio na sinergia entre os estudos de futuro e os projetos de curto prazo. Os resultados das startups podem complementar nossos esforços e análises de projetos de inovação”, compartilha Fernando Sartori, da CNH Industrial. No entanto, chama a atenção o fato de que somente 10% dos executivos apostam em efetivamente inovar em parceria com startups. Por quê? “A capacidade de entrega das startups pode comprometer projetos milionários”, explica Leonardo Mattiazzi, da CI&T. “Ainda é difícil triar as oportunidades e identificar startups realmente atrativas”, complementa Rafael Navarro, da Braskem.


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Pesquisa

75%

57%

das empresas

das empresas

ACHAM ASSOCIAÇÃO COM STARTUPS INTERESSANTE

CONSIDERAM INOVAÇÃO CRUCIAL

e

delas PLANEJAM UM PROGRAMA COM STARTUPS

Alexandre de Souza, da Matera Systems, dá outra explicação: “Ainda é difícil se relacionar com o empreendedor de startups, que sempre tem a percepção de que sua ideia vale muito e quer estabelecer mecanismos de confidencialidade antes da primeira conversa com grandes empresas”.

NOV/DEZ 2015

40%

Na opinião de Souza, o empreendedor precisaria entender que departamentos jurídicos de empresas estabelecidas têm uma velocidade própria e tradicionalmente não aceitam condições que não privilegiem os interesses da empresa. “O não entendimento disso reduz nossas chances de fazer negócios mais rápido”, explica ele. Diante dessas preocupações, a pesquisa questionou se não seria o caso de a grande empresa adquirir o controle de uma startup. Dois de cada três executivos têm muitas dúvidas quanto a isso, pelo potencial choque de culturas. Eles já têm plena consciência de que o potencial e a agilidade da startup podem ser asfixiados pela burocracia do novo sócio controlador.

mas

55%

NÃO TÊM ESTRUTURA PARA INOVAR

25%

só das startups

JÁ TIVERAM ALGUM RELACIONAMENTO COM GRANDES EMPRESAS

E O QUE AS STARTUPS QUEREM Em primeiro lugar, as startups estão inovando de fato? A resposta nos parece preocupante. Oitenta por cento das pesquisadas admitem não estar propondo uma inovação disruptiva como essência de seu negócio. O que pode ser percebido como ainda pior é que praticamente metade delas ainda não tem certeza sobre o real potencial de inovação em seus negócios. Assustou-se, leitor? Não deveria. Vamos lembrar que startups são focadas em diariamente questionar suas premissas e reavaliar o negócio, desafiando seus processos e tentando gerar resultados intermediários que tragam mais clareza sobre o próximo passo. Já há algum relacionamento com corporações? Sim, mas apenas 25% das startups afirmam ter participado de algum programa formal com grandes empresas. O que acontece é que muitos empreendedores ainda ficam de pé atrás, duvidando de que os benefícios sejam, efetivamente, mútuos.


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Como foi o relacionamento? Leandro Araújo, da Bimbon, conta que iniciou em 2013 uma parceria entre sua startup e uma líder global no mesmo setor de atuação. “A assimetria de tamanhos, processos e objetivos gerou uma série de barreiras para o diálogo, mas, com persistência, os frutos têm aparecido para ambas as partes”, explica ele. Direitos autorais e documentos de confidencialidade foram alguns pontos de conflito. Luiz Fernando Gomes, da startup Lotebox, diz que o início pode ser fácil quando a startup tem alguma quilometragem. Ele já foi procurado por grandes empresas do Brasil, do Panamá e dos Estados Unidos, por exemplo. “Mas, quando chegamos às áreas de negócios, há pouca abertura para entender uma inovação potencial. Mostramos um produto que ainda está em testes e os gestores pedem nossos cases de sucesso”, conta ele. As startups da pesquisa interessariam a grandes empresas como parceiras? Bem, levando em conta que 80% delas têm menos de dois anos de existência e equipes de até dez pessoas, possivelmente não – ou pensando que 30% nem faturar faturam (as demais faturam entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões por ano). Isso, no entanto, seria um erro, como se vê na análise de Márcio Brito, responsável pela estratégia de startups do Sebrae Nacional: “O fato de terem foco em uma solução específica e a adaptação constante de seu modelo de negócio nos ensinam a nunca subestimar seu potencial”.

FALTA

CONSCIÊNCIA Cada avatar do game ainda vê muitos problemas no outro, mas ambos precisarão conscientizar-se de que precisam de companhia para inovar. Às empresas, um aviso especial: as startups podem levar as flechadas por vocês.

No faroeste, pioneiros levavam as flechadas; hoje, startups são um ótimo escudo para a inovação corporativa


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Suas reuniões

TÊM CADEIRA VAZIA? PESQUISAS DA FORRESTER RESEARCH MOSTRAM QUE A ÁREA DE ATENDIMENTO AO CLIENTE SE REFORMULA A PASSOS LARGOS E COMEÇA A ENTRAR NA AGENDA DO CEO – O HORIZONTE É A EMPRESA REALMENTE CENTRADA NO CLIENTE, HOJE SIMBOLIZADA POR JEFF BEZOS E SUA AMAZON, ONDE O CLIENTE É REPRESENTADO PELA CADEIRA.

Recentemente, uma telecom brasileira teve de gerenciar uma típica crise de serviço ao cliente: um atendente de seu call center assediou uma assinante por WhatsApp, ela o denunciou nas redes sociais e o episódio viralizou.

NOV/DEZ 2015

De modo simbólico, o que veio à tona foi a nova vulnerabilidade que o serviço ao cliente impõe às empresas. Isso explica por que, em países onde essa tensão acontece há mais tempo, como os Estados Unidos, 2015 está sendo chamado de “o ano em que os CEOs incluirão o serviço ao cliente em sua lista de prioridades”. Segundo o instituto de pesquisa norte-americano Forrester Research, que se dedica a estudar as mudanças na área, nos próximos dez anos o serviço ao cliente será, por conta disso, progressivamente mais capaz de lidar com esses problemas rapidamente, até antes que eles aconteçam. Um caminho para isso será o da tecnologia. Sensores, reconhecimento de voz e tecnologia mó-vel, entre outras ferramentas, permitirão que as companhias se comuniquem com o consumidor direta e frequentemente, podendo gerar valor para ele de infinitas maneiras e impedir, assim, que o estresse tenha vez na relação. Antes do arcabouço tecnológico, no entanto, há uma escolha filosófica a fazer. Por exemplo, o que aconteceria se esse episódio tivesse ocorrido com a Amazon de Jeff Bezos, mesmo sem toda a parafernália tecnológica?

Ou isso não aconteceria, ou seria rapidamente resolvido, graças à escolha da Amazon de ser uma empresa centrada no cliente. Desde os primeiros dias da Amazon, Bezos trabalha duro para que a companhia seja obcecada pelos consumidores de cima a baixo. Uma imagem arrebatadora sempre usada por ele é a da “cadeira vazia”. Por várias vezes, Bezos carregou uma cadeira vazia para as reuniões, informando seus executivos de que nela sentava-se “a pessoa mais importante da sala” – o cliente. Durante as reuniões, todos tinham de projetar o que o cliente acharia disso e daquilo e, nas decisões, as preferências da “cadeira vazia” eram levadas em conta com peso extra. Não é gratuitamente que, no American Customer Satisfaction Index, a Amazon seja a campeã de satisfação do cliente, nem que seja a líder de vendas pela internet.


37 O CEO da Amazon, talvez mais do que qualquer outro líder de negócios atual, abraçou a filosofia de realmente servir o consumidor [veja quadro abaixo]. O fato de ter de construir uma empresa do zero o estimulou a isso, mas ele continua a fazê-lo mesmo que não precise – tem mais de 164 milhões de clientes. Como definir um serviço ao cliente eficaz? Seja para tirar uma dúvida antes da compra, seja para ajudar a resolver um problema pós-compra, ele tem quatro componenteschave: ser indolor, proativo, profundamente personalizado e entregue com o máximo de produtividade possível. Bem menos simples, contudo, é implementar esses quatro atributos. Diversas pesquisas da Forrester Research com empresas mundiais revelam que incorporar cinco premissas específicas e colocar três ações em andamento pode ajudar a fazer essa transição.

INCORPORE 5 PREMISSAS 1. TODO CONSUMIDOR JÁ É MULTICANAIS Algumas companhias, em vários países, já estão facilitando a vida dos consumidores permitindo que mandem mensagens do celular para o atendimento ao cliente. Nos EUA, mais de 50% dos consumidores preferem escrever a mensagem a ter de falar com um atendente. O cliente tem de sentir que pode decidir como manter contato com a empresa, seja para comprar, seja para ser atendido. Um estudo realizado com 7 mil consumidores online descobriu que, em seis meses, 67% deles fizeram compras que envolviam múltiplos canais. No entanto, 87% reclamaram que a experiência ainda está longe da perfeição. A oportunidade bate à porta e as tecnologias em nuvem ajudam sua empresa a se preparar para elas, com modos inteligentes de seguir o consumidor conforme ele troca de canal.


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2. O SERVIÇO É ELITISTA Nos Estados Unidos, uma pesquisa recente da Forrester descobriu que o autosserviço da web é o canal de comunicação mais usado para o atendimento ao cliente, ultrapassando o uso do canal de voz pela primeira vez. Quanto tempo isso levará para chegar ao Brasil não se sabe, mas é uma evidência inequívoca de que nem todos querem uma conexão emocional com a companhia. Isso não significa, porém, que você deva investir tudo em software. Tem de ser fácil para o consumidor poder escolher um contato humano se ele quiser.

3. REDES SOCIAIS SÃO A CHAVE

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Prestar serviço ao cliente nas redes sociais não é mais algo cool; é necessário. No entanto, muitas marcas ainda estão bem atrás nesse front, possivelmente por não quererem mudar práticas herdadas ao longo dos anos. Afinal, processos complicados e a tecnologia errada tornam o serviço frustrante para o consumidor.

Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon, e aluno de treinamento em call center uma vez por ano

4. CONTEÚDO É OBRIGAÇÃO Hoje, qual a primeira coisa que o consumidor médio faz quando tem uma dúvida sobre um produto? Faz uma busca no Google. Ele quer acesso fácil às informações para resolver um problema e maximizar o valor do produto que tem. Várias empresas estão se sobressaindo com canais de informações no YouTube, ligados a blogs e outras mídias. A futura tecnologia do sensor vai turbinar isso, porque as companhias saberão quando o consumidor tem dificuldades com seu produto e já vão antecipar-se, enviando-lhe um conteúdo de ajuda.

5. O SERVIÇO É FOCO DO CEO Sim, a alta liderança das empresas finalmente vai dar bola para o serviço ao cliente, e este ganhará mais suporte financeiro, tecnológico e de recursos humanos. A tendência de certas companhias terem um z do cliente (CCO, na sigla em inglês) sinaliza isso.


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7 LIÇÕES DE JEFF BEZOS “Esse é um pedido de desculpas pela forma como nós vendemos ilegalmente cópias do livro 1984 e outros romances no Kindle. Nossa ‘solução’ para o problema foi burra, impensada e fora de sintonia com nossos princípios. Merecemos todas as críticas que recebemos. Vamos usar a cicatriz desse erro doloroso para ajudar a tomar decisões melhores daqui para frente; essa é nossa missão. Com um profundo pedido de desculpas a nossos clientes, Jeff Bezos” Essa carta, escrita pelo fundador e CEO da Amazon para seus clientes, mostra por que a varejista online é uma das companhias mais customer centric que conhecemos. A organização segue sete princípios definidos por Bezos.

A LIÇÃO DE JEFF BEZOS Em 2009, o status da Amazon como melhor serviço ao cliente foi posta em xeque quando ela remotamente excluiu as cópias dos livros de George Orwell 1984 e Revolução dos Bichos do Kindle de seus usuários. O incidente gerou um clamor dos clientes, que apelidaram Bezos de “Grande Irmão”, conferindo-lhe um ar tirânico até então inexistente. Foi com a crise, contudo, que a Amazon confirmou a excelência na área. Bezos fez um pedido de desculpas informal e sincero. E continuou com seu treinamento obsessivo no quesito “serviço ao cliente”, em que todos os milhares de gestores da Amazon, incluindo o próprio CEO, fazem dois dias de treinamento de call center todos os anos. A principal lição de Bezos vem de uma antiga citação de Henry Ford: os funcionários (e os acionistas) nunca devem esquecer que são os clientes que os remuneram. Para tornar sua empresa estrategicamente centrada no cliente, dê o primeiro passo hoje: deixe uma cadeira vazia reservada para ele em todas as suas reuniões, conferindo-lhe a autoridade que ele verdadeiramente possui.

1 2 3 4

NÃO TENHA MEDO DE PEDIR DESCULPAS

“Vamos usar a cicatriz desse erro doloroso para ajudar a tomar decisões melhores daqui para frente; essa é nossa missão.”

ENTENDA O CLIENTE EM VEZ DE SÓ ESCUTÁ-LO

“Todo mundo deve estar habilitado a trabalhar no call center.”

NUNCA RESOLVA APENAS 99%

“Não estaremos satisfeitos até os 100%.”

SATISFAÇA AS NECESSIDADES DO CONSUMIDOR

“Não somos obcecados pela concorrência; somos obcecados pelos consumidores. Começaremos com aquilo de que o consumidor precisa e trabalharemos para viabilizar isso.”

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DEIXE UMA CADEIRA VAZIA PARA O CLIENTE

“Focar o consumidor torna a companhia mais resiliente.”

RESPEITE O CLIENTE ATUAL

“Se você fizer um cliente infeliz no mundo físico, ele pode contar para seis amigos. Se você fizer um cliente infeliz na internet, ele pode contar para 6 mil.” ESFORCE-SE PARA CRIAR UMA COMPANHIA CENTRADA NO CLIENTE

“Se conseguirmos organizar as coisas alinhando nossos interesses com os dos clientes, no longo prazo as coisas vão funcionar muito bem para eles, e tudo vai funcionar muito bem para nós.”


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TOME 3 INICIATIVAS 1. Eleve o status da área Você pode decidir a maneira de fazer isso: fortalecendo um ouvidor ou até lhe dando o título de CCO, incorporando o que era um serviço de atendimento ao cliente terceirizado, aumentando a verba destinada à área, passando uma mensagem de que o CEO é o principal atendente do cliente, ou tudo isso junto e misturado. O importante é que esse novo posicionamento seja amplamente entendido pela organização e que a governança corresponda a isso.

2. Monte o melhor ecossistema tecnológico

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Como já comentado, uma pesquisa recente revelou que o autosserviço na web passou a ser o canal de atendimento mais utilizado pelo cliente nos Estados Unidos em 2014, superando o uso do canal de voz pela primeira vez. Sua empresa não deve ficar indiferente a isso, até porque se prevê uma escalada de esforços nesse sentido: os clientes exigirão mais e mais interações pela web e pelos smartphones, além de videochat ao vivo. Igualmente importante é a tecnologia que não aparece, como os aplicativos capazes de diagnosticar e corrigir problemas com a mínima intervenção humana, de antecipar-se às vontades e necessidades dos clientes e de oferecer, a cada um, um atendimento ultrapersonalizado. Também prepare-se aos poucos para o passo seguinte, que serão os sistemas de computação interativos que usam inteligência artificial para coletar informações e automaticamente construir modelos de compreensão e inferência e, em seguida, comunicar-se de maneira natural com o cliente.

3. Engaje o cliente proativamente O engajamento proativo antecipa o quê, o quando, o onde e o como para os consumidores, fazendo com que poupem tempo, um dos ativos que todos nós mais valorizamos hoje em dia. Pode ser você a tomar a iniciativa de uma conversa com o cliente nas redes sociais para resolver suas dúvidas, oferecer-lhe conteúdo informativo sem que ele tenha pedido ou até ofertas – entregues na hora em que ele precisa, não empurradas goela abaixo. Vale a pena destacar ainda a intensificação do uso do chamado decisioning, que é a prática de decidir de modo automatizado a melhor resposta para a pergunta do cliente, e o aumento da análise preditiva, que permite oferecer um serviço sob medida para o perfil de um cliente, conforme dados históricos de interações passadas e transações e dados situacionais atuais, como a localização geográfica, do dispositivo e do navegador.

FOCO NO

DESIGN A solução para a maioria das empresas do Brasil parece estar, ao menos neste momento, em inovar no design de seu serviço ao cliente.

Segundo o livro Feitas para Servir, das especialistas norte-americanas Frances Frei e Anne Morriss (ed. HSM), uma referência em serviços em geral, uma empresa precisa melhorar seu serviço investindo mais na cultura ou mais no design – “um design de serviços mais forte compensa uma cultura de serviços mais fraca e vice-versa”. A cultura de serviços é o forte, por exemplo, da Amazon e também do Magazine Luiza, que é um estudo de caso do livro de Frei e Morriss, mas constitui exceção no País. Uma cultura pode levar anos para se estabelecer em uma organização, enquanto o design é mais rápido (e ele mesmo vai moldando a cultura). Frei e Morriss fazem ainda duas importantes recomendações aos gestores. Uma é que não caiam no erro de subestimar a importância do serviço, porque ingressamos em uma economia de serviços. A segunda é que definam bem como pagarão a conta de um serviço melhor. Elas descrevem dois princípios de financiamento: “Você pode encontrar uma forma palatável de passar esse custo para o cliente ou de reduzir seus custos enquanto aperfeiçoa a experiência em serviços”. Uma terceira opção é “repassar parte do trabalho (e do custo) para os clientes”.


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CFA inova mais uma vez AUTARQUIA ADERIU AO PEN-SEI. CFA É O PRIMEIRO CONSELHO PROFISSIONAL A ADOTAR SISTEMA QUE OFERECE MAIS AGILIDADE AOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS POR ANA GRACIELE GONÇALVES

NOV/DEZ 2015

Com a intenção de reduzir significativamente os gastos com a emissão e tramitação de documentos, o Conselho Federal de Administração (CFA) oficializou, em 5 de novembro, a sua adesão ao Processo Eletrônico Nacional (PEN) para utilizar o software Sistema Eletrônico de Informações (SEI). O CFA é o primeiro conselho profissional a adotar a ferramenta, o que vai representar uma mudança de hábito e cultura no cotidiano de operação da autarquia. Além da economia de papel, impressão e utilização dos carimbos, o CFA vai melhorar seu serviço dando maior celeridade, eficiência e eficácia aos seus processos administrativos. A cerimônia, realizada no CFA, contou com a presença do presidente do CFA, Adm. Sebastião Luiz de Mello; do secretário da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), Cristiano Rocha Heckert; e do diretor da Câmara de Administração e Finanças do CFA, Adm. Armando Lôbo.

CFA

Por meio do SEI, o CFA eliminará toda a tramitação de documento via papel, já que a ferramenta transfere toda a atividade administrativa para o meio eletrônico. Para Cristiano, essa medida proporciona não só celeridade no procedimento administrativo como também oferece uma boa economia de papel. “Em pleno século 21 ainda vimos muitos servidores carimbando papel, levando papelada de um andar para outro e, por meio do SEI, eles se veem liberados para oferecer à administração toda a sua capacidade intelectual”, explicou, reiterando o compromisso do MP em apoiar o CFA no processo de transição documental para que, segundo ele, possa “ser suave e segura e que vocês também sejam testemunhas dos benefícios que essa ferramenta traz para a administração pública”. Sebastião Mello apresentou um levantamento do número de documentos que o CFA protocolou nos últimos anos.


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Para se ter ideia, em 2015, até o momento, quase seis mil documentos já passaram pela autarquia. Por isso, segundo ele, fazia algum tempo que o Conselho estudava uma forma para modernizar os seus processos administrativos. “Quando conhecemos o SEI, vimos que se tratava de um sistema altamente eficiente e eficaz para a tramitação da gestão eletrônica de documentos e sem dúvida nos permitirá oferecer um serviço de mais qualidade, segurança e transparência”, explicou o presidente do CFA. Coordenado pelo MP, o Processo Eletrônico Nacional (PEN) é uma iniciativa conjunta de órgãos e entidades de diversas esferas da administração pública para a construção de uma infraestrutura de processo administrativo eletrônico. Trata-se de um projeto de gestão que visa à obtenção de melhorias no desempenho dos processos da administração pública, com ganhos em agilidade, produtividade, satisfação do público usuário e redução de custos. O projeto permite aos órgãos utilizarem o SEI, sistema que já gerou uma economia de R$ 2,2 milhões aos cofres públicos por permitir tramitar processos de forma eletrônica. Aproximadamente 120 órgãos já estão envolvidos com o PEN. Desse número, 16 entidades já estão utilizando plenamente o sistema e outras 34 estão em processo de implantação. A solenidade que oficializou a adesão do CFA ao PEN-SEI também contou com a presença do diretor de Desenvolvimento Institucional do CFA, Adm. Carlos Alberto Ferreira Júnior; do diretor de Estudos e Projetos Estratégicos do CFA, Adm. Alaércio Soares Martins; e do secretário adjunto da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Fernando Antônio Braga de Siqueira Júnior.

CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL do Sistema CFA/CRAs traz novidades em 2016 PROGRAMA PRETENDE EXPANDIR-SE PARA OUTRAS ÁREAS DA ADMINISTRAÇÃO Inserir no mercado profissionais capacitados, contribuindo para o fortalecimento da imagem e credibilidade da profissão perante a sociedade é o objetivo do Programa de Certificação Profissional do Sistema CFA/CRAs. A iniciativa, criada pelo Sistema Conselhos Federal e Regionais de Administração (CFA/CRAs) em 2014, já certificou dezenas de profissionais de Administração e, para o próximo, o programa trará novidades visando beneficiar um número maior de Administradores e Tecnólogos. Uma das promessas para 2016 é expandir o programa para outras áreas como Finanças, Marketing, Logística/ Administração de Materiais, pois, até então, a certificação é concedida apenas para profissionais que atuam na área de Recursos Humanos. A comissão do Programa de Certificação Profissional do Sistema CFA/CRAs reúne-se periodicamente para definir os requisitos dos próximos editais. A comissão é coordenada pelo diretor de Formação Profissional do CFA, Adm. Mauro Kreuz. De acordo com o Adm. Mauro Kreuz, a certificação é a oportunidade para Administradores e Tecnólogos darem um grande impulso na carreira. “Além de atestar e diferenciar o conhecimento e a experiência do profissional de Administração, ela confere credibilidade”, diz.

Kreuz conta ainda que, ao atender outras áreas da Administração, o escopo da certificação será ampliado, beneficiando um número maior de profissionais de Administração. Outra medida anunciada pelo coordenador do programa diz respeito à modalidade Experiência, que, até então, seria temporária. “Entretanto, agora será permanente”, disse. Além de expandir a certificação para outras áreas e tornar permanente a modalidade Experiência, em 2016 o Programa de Certificação Profissional do Sistema CFA/CRAs dará continuidade à certificação por meio de prova também na área de Recursos Humanos. A certificação tem validade nacional e duração de cinco anos. Para a comissão, essa condição proporcionará um processo contínuo, caracterizando ciclos evolutivos da capacitação profissional, em consonância com a educação continuada. Interessados em obter a certificação deverão acessar o site www. certificacao.cfa.org.br e realizar a inscrição, observando os requisitos estabelecidos no edital e no regulamento do programa.


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CFATV e Rádio ADM: sucesso de público AUDIÊNCIA DOS NOVOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO DO CFA AUMENTA A CADA DIA. PREVISÃO É AMPLIAR A TV E A RÁDIO EM 2016 As rápidas mudanças que vêm ocorrendo no mundo globalizado estão obrigando as empresas a adotarem posturas cada vez mais competitivas. Relacionar-se com seus diferentes públicos tornou-se essencial para a empresa que deseja construir, formatar e manter a imagem e a identidade corporativa. Nesse cenário, a comunicação passou a ter função estratégica dentro das organizações.

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Foi por essas razões que o Conselho Federal de Administração (CFA) lançou, em 2014, a Rádio ADM e, em fevereiro de 2015, foi a vez de inaugurar o CFATV. Desde então, a comunicação da autarquia foi ampliada, alcançando profissionais de Administração do norte ao sul do país. A Rádio ADM já conta com mais de 35 mil acessos, tornando-se o canal favorito dos profissionais e estudantes de Administração do país. São 14 editorias e seções responsáveis pela grande diversidade de informações, além de conteúdo musical de qualidade. A sua interatividade permite a participação ativa dos ouvintes, com comentários, sugestões de pauta e envio de áudios sobre assuntos em destaque na web-rádio. É o que atesta a ouvinte Adriana Bandeira em mensagem à rádio: “Parabéns pelo excelente trabalho. A página está bastante interativa e informativa. Amei!”, elogia Adriana.

CFA

Sucesso também registrado no CFATV. Em menos de um ano de criação, o veículo já conquistou mais de 2 mil seguidores no seu canal no YouTube. O CFATV traz publicações inéditas toda semana. Os vídeos veiculados são curtos e objetivos, priorizando abordagens dinâmicas. Até o fechamento desta edição da RBA, o canal já contabilizava mais de 100 vídeos publicados. A missão do canal é divulgar o Sistema CFA/ CRAs, suas ações e as informações sobre o universo da Administração, além de vídeos motivacionais e comemorativos. Tanto o CFATV quanto a Rádio ADM marcaram presença em eventos importantes da área de Administração como o XIV Fórum Internacional de Administração, XXIV Encontro Brasileiro de Administração e XXIV Encontro Nacional dos Cursos de Graduação em Administração. O CFATV destaca-se, ainda, pelo projeto Plataforma do Conhecimento, que tem realizado, ao vivo, debates relevantes com renomados profissionais de Administração.

COMO ACESSAR

A RÁDIO E O CFA TV RADIOADM

1

Acesse www.radioadm.org.br

2

Clique em: “CLIQUE AQUI PARA OUVIR”

3

Selecione os mais diversos áudios nas abas de Entrevista, Destaques, 50 anos e ADM em foco

A Rádio está disponível na Apple Store e Play Store, baixe:

CFATV

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Acesse www.youtube.com/cfatvoficial

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Confira os vídeos e playlists separadas por segmento que vão desde Giro de Notícias, Insight ADM, Institucional, Plataforma do Conhecimento, Carreira e muito mais!


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Pesquisa Perfil ADM é finalizada Terminou o prazo para participar da fase quantitativa da Pesquisa Nacional Perfil, Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do Profissional de Administração 2015. O levantamento, realizado pelo Conselho Federal de Administração (CFA) e coordenado pela Fundação Instituto de Administração (FIA/USP), contou com a participação de mais de 20 mil profissionais de Administração nessa etapa. O objetivo da iniciativa é analisar cenários e identificar tendências para a profissão de Administrador no país. Por meio da pesquisa, foi feito diagnóstico da situação existente. As fases qualitativas da pesquisa já aconteceram. Nessa etapa, foram realizadas entrevistas em profundidade,

FASE QUANTITATIVA FOI ENCERRADA EM 5 DE OUTUBRO. RESULTADO PRELIMINAR DA PESQUISA ESTARÁ NO PORTAL DO CFA

aplicadas aos líderes de empresas inseridos e atualizados quanto à realidade do mercado de trabalho. “Nessa fase, identificamos o perfil das organizações – características como o tipo de profissional mais requisitado pelos empregadores –, as tendências e perspectivas, enfim, o panorama geral do mercado para os profissionais de Administração”, explica o diretor de Formação Profissional do CFA e coordenador da pesquisa, Adm. Mauro Kreuz. A fase quantitativa também foi encerrada. Nessa fase, a participação massiva dos profissionais de Administração foi indispensável para o resultado final da pesquisa: o retrato fidedigno da realidade dos profissionais.

Os dados coletados foram compilados e avaliados. O resultado preliminar pode ser consultado no portal do CFA: www.cfa.org.br. “A pesquisa atende aos Administradores e tecnólogos em determinadas áreas da Administração. Além disso, busca informações sobre o ensino da Administração, vai antecipar tendências, entre outros”, disse o presidente do CFA, Adm. Sebastião Luiz de Mello. “Todos ganham ao responder à pesquisa, pois ela traça um raio X da profissão, além de aprimorar dados com relação ao perfil, formação, atuação e oportunidades de trabalho do Administrador”, ressaltou.

CRAs aderem ao projeto Site Modelo

INICIATIVA DA CDI/CFA VISA PADRONIZAR OS SITES DO SISTEMA CFA/CRAs

Os 27 Conselhos Regionais de Administração (CRAs) e o Conselho Federal de Administração (CFA) formam o Sistema CFA/CRAs, uma unidade. Foi pensando nisso que a Câmara de Desenvolvimento Institucional (CDI) do CFA desenvolveu o projeto Site Modelo, uma ação que reforça, por meio de uma identidade visual comum a todos os portais das autarquias, o conceito de integração do Sistema. O projeto é fruto do sucesso obtido após a reformulação do portal do Conselho Federal de Administração (CFA), realizada em 2013 e com mais de um milhão e meio de acessos. Os CRAs do Piauí, Pernambuco, Paraíba, Distrito Federal, Amapá, Rondônia e Bahia já estão com o novo site no ar.

“A padronização vai alinhar os projetos e iniciativas do Sistema, ou seja, todas as nossas campanhas conjuntas terão uniformidade e, assim, obteremos maior sucesso”, afirmou o diretor de Desenvolvimento Institucional (CDI), conselheiro federal Carlos Alberto Ferreira Junior. Sem custo algum para o CRA, os sites são desenvolvidos pela equipe de designers da CDI, na mesma estrutura do portal do CFA, como prevê o projeto. Ao construir uma identidade visual para as ferramentas de comunicação digital do Sistema CFA/CRAs, o objetivo é ter maior reconhecimento e unidade das ações e atividades desenvolvidas em prol da valorização e difusão da profissão.


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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ACRE (CRA-AC) Presidente: Adm. FÁBIO MENDES MACÊDO Av. Brasil, nº 303 - Sala 201 - Centro Empresarial Rio Branco - Centro - 69900-076 - RIO BRANCO/AC Fone: (68) 3224-3365 – 3223-3808 E-mail: craacre@gmail.com Home Page: www.craac.org.br Horário de funcionamento: 7h às 16h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO (CRA-MT) Presidente: Adm. HÉLIO TITO SIMÕES ARRUDA Rua 05 - Quadra 14 - Lote 05 - CPA - Centro Político e Administrativo - 78050-900 - CUIABÁ/MT Fone: (65) 3644-4769 - Fax: (65) 3644-4769 E-mail: cra.mt@terra.com.br Home Page: www.cramt.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL (CRA-RS) Presidente: Adm. VALTER LUIZ DE LEMOS Rua Marcílio Dias, nº 1030 - Menino Deus - 90130-000 PORTO ALEGRE/RS Fone: (51) 3014-4700/3014-4769 - Fax: (51) 3233-3006 E-mail: diretoria@crars.org.br;secretaria@crars.org.br Home Page: www.crars.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 17h30

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE ALAGOAS (CRA-AL) Presidente: Adm. CAROLINA FERREIRA SIMON MAIA Rua João Nogueira, nº. 51 - Farol - 57051-400 - MACEIÓ/AL Fone: (82) 3221-2481 - Fax: (82) 3221-2481 E-mail: cra@craal.org.br Home Page: www.craal.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO DO SUL (CRA-MS) Presidente: Adm. GRACITA HORTÊNCIA DOS SANTOS BARBOSA - Rua Bodoquena, nº 16 - Amambaí - 79008-290 - CAMPO GRANDE/MS Fone: (67) 3316-0300 E-mail: presidencia@crams.org.br Home Page: www.crams.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAPÁ (CRA-AP) Presidente: Adm. SHEILA TRÍCIA GUEDES PASTANA Rua Jovino Dinoá, nº 2455 - Centro- 68900-075 MACAPÁ/AP Fone: (96) 3223-8602 E-mail: cra.macapa@gmail.com Home Page: www.craap.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h Atend. público das 9h às 12h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MINAS GERAIS (CRA-MG) Presidente: Adm. AFONSO VICTOR VIANNA DE ANDRADE Avenida Afonso Pena, nº 981 - 1º. Andar - Centro Ed. Sulacap - 30130-907 - BELO HORIZONTE/MG Fone: (31) 3274-0677 - 3213-5396 - Fax: (31) 3273-5699 e 3213-6547 E-mail: presidencia@cramg.org.br Home Page: www.cramg.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RONDÔNIA (CRA-RO) Presidente: Adm. ANDRÉ LUIS SAONCELA DA COSTA Rua Tenreiro Aranha, nº 2988 Olaria – 76801-254 PORTO VELHO/RO Fone: (69) 3221-5099/3224-1706 - Fax: (69) 3221-2314 E-mail: presidencia@craro.org.br Home Page: www.craro.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h Atend. público: das 8h às 14h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAZONAS (CRA-AM) Presidente: Adm. ANTONIO JORGE CUNHA CAMPOS Rua Apurinã, 71 - Praça 14 - 69020-170 - MANAUS/AM Fone: (92) 3303-7100 - Fax: (92) 3303-7101 E-mail: conselho@craamazonas.org.br Home Page: www.craamazonas.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARÁ (CRA-PA) Presidente: Adm. JOSÉ CÉLIO SANTOS LIMA – Rua Osvaldo Cruz, nº 307 - Comércio - 66017-090 - BELÉM/PA Fone: (91) 3202-7889 - Fax: (91) 3202-7851 E-mail: gabinete@crapa.org.br / presidencia@crapa.org.br Home Page: www.crapa.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 15h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA BAHIA (CRA-BA) Presidente: Adm. ROBERTO IBRAHIM UEHBE Av. Tancredo Neves, nº 999 - Ed. Metropolitano Alfa Salas 601/602 - Caminho das Árvores 41820-021 – SALVADOR/BA Fone: (71) 3311-2583 - Fax: (71) 3311-2573 E-mail: cra-ba@cra-ba.org.br Home Page: www.cra-ba.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h30

NOV/DEZ 2015

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO CEARÁ (CRA-CE) Presidente: Adm. LEONARDO JOSÉ MACEDO Rua Dona Leopoldina, nº 935 - Centro - 60110-484 FORTALEZA/CE Fone: (85) 3421-0909 - Fax: (85) 3421-0900 E-mail: presidente@cra-ce.org.br Home Page: www.craceara.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 18h Horário de funcionamento: das 9h às 17h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA PARAÍBA (CRA-PB) Presidente: Adm. EDNALDO FLOR DA SILVA Av. Piauí, nº 791 - Bairro dos Estados 58030-331 - JOÃO PESSOA/PB Fone: (83) 3021-0296 E-mail: crapb@crapb.org.br Home Page: www.crapb.org.br Horário de funcionamento: das 12h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARANÁ (CRA-PR) Presidente: Adm. GILBERTO SERPA GRIEBELER Rua Cel. Dulcídio, nº 1565 - Água Verde - 80250-100 CURITIBA/PR Fone: (41) 3311-5555 E-mail: presidencia@cra-pr.org.br Home Page: www.cra-pr.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 18h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL (CRA-DF) Presidente: Adm. MÔNICA COVA GAMA SAUS Quadra 6 - 2º. Pav. - Conj. 201 - Ed. Belvedere - 70070-915 - BRASÍLIA/DF Fone: (61) 4009-3333 - Fax: (61) 4009-3399 E-mail: presidencia@cradf.org.br Home Page: www.cradf.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (CRA-PE) Presidente: Adm. ROBERT FREDERIC MOCOCK Rua Marcionilo Pedrosa, nº 20 - Casa Amarela - 52051-330 - RECIFE/PE Fone: (81) 3268-4414/3441-4196 -Fax: (81) 32684414 E-mail: cra@crape.org.br Home Page: www.crape.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h Atend. público: das 8h às 12h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO (CRA-ES) Presidente: Adm. HÉRCULES DA SILVA FALCÃO Rua Aluysio Simões, 172 - Bento Ferreira - 29050-632 VITÓRIA/ES Fone: (27) 2121-0500 - Fax: (27) 2121-0539 E-mail: craes@craes.org.br Home Page: www.craes.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PIAUÍ (CRA-PI) Presidente:Adm. PEDRO ALENCAR CARVALHO SILVA Rua Áurea Freire, nº 1349 - Jóquei - 64049-160 TERESINA/PI Fone: (86) 3233-1704 - Fax: (86) 3233-1704 E-mail: administrativo@cra-pi.org.br Home Page: www.cra-pi.org.br Horário de funcionamento: das 12h às 19h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE GOIÁS (CRA-GO) Presidente: Adm. SAMUEL ALBERNAZ Rua 1137, nº229, Setor Marista - 74180-160 - GOIÂNIA/GO Fone: (62) 3230-4769 - Fax: (62) 3230-4731 E-mail: presidencia@crago.org.br Home Page: www.crago.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO DE JANEIRO (CRA-RJ) Presidente: Adm. WAGNER SIQUEIRA Rua Professor Gabizo, nº 197 - Edf. Belmiro Siqueira Tijuca - 20271-064 - RIO DE JANEIRO/RJ Fone: (21) 3872-9550 - Fax: (21) 3872-9550 E-mail: secretaria@cra-rj.org.br Home Page: www.cra-rj.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 18h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO MARANHÃO (CRA-MA) Presidente: Adm. ALINE MENDONÇA DA SILVA Rua dos Afogados, 920 - Centro - 65010-020 - SÃO LUÍS/MA Fone: (98) 3231-4160/3231-2976 Fax: (98) 3231-4160 e 32312976 E-mail: crama@cra-ma.org.br Home Page: www.cra-ma.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE (CRA-RN) Presidente: Adm. KATE CUNHA MACIEL Rua Coronel Auriz Coelho, nº 471 - Lagoa Nova - 59075-050 - NATAL/RN Fone: (84) 3234-6672/9328 - Fax: (84) 3234-6672/9328 E-mail: cra-rn@crarn.com.br Home Page: www.crarn.com.br Horário de funcionamento: das 12h às 18h

DIVERSA - EDITAR NOME DA RETRANCA CRAs

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RORAIMA (CRA-RR) Presidente: Adm. UBIRAJARA RIZ RODRIGUES Rua Prof. Agnelo Bitencourt, 1620 - São Francisco, 69.305-170 - BOA VISTA/RR Fone: (95) 3624-1448 - Fax: (95) 3624-1448 E-mail: craroraima@gmail.com Home Page: www.crarr.org.br Horário de funcionamento: das 7h30 às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SANTA CATARINA (CRA-SC) Presidente: Adm. EVANDRO FORTUNATO LINHARES Av. Prefeito Osmar Cunha, 260 - 7º/8º andares - Salas 701 a 707/ 801 a 807 - Ed. Royal Business Center Centro - 88015-100 - FLORIANÓPOLIS – SC Fone: (48) 3229-9400 - Fax: (48) 32224-0550 E-mail: crasc@crasc.org.br Home Page: www.crasc.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO (CRA-SP) Presidente: Adm. ROBERTO CARVALHO CARDOSO Rua Estados Unidos, nº 865/889 - Jardim América 01427-001 - SÃO PAULO/SP Fone: (11) 3087-3208/ 3087-3459 - Fax: (11) 3087-3256 E-mail: secretaria@crasp.gov.br Home Page: www.crasp.com.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 Atend. público: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SERGIPE (CRA-SE) Presidente: Adm. CARLOS MENEZES CALASANS ELOY DOS SANTOS FILHO Rua Senador Rollemberg, 513 - São José - 49015-120 ARACAJU/SE Fone: (79) 3214-2229/3214-3983 - Fax: (79) 3214-3983 e 3214-2229 E-mail: atendimento@crase.org.br Home Page: www.crase.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE TOCANTINS (CRA-TO) Presidente: Adm. EUGENIO PACCELI DE FREITAS COÊLHO 602 Norte, Av. Teotonio Segurado, Conj. 01, Lt 06 - 77006-700 - PALMAS/TO Fone: (63) 3215-1240/3215-8414 E-mail: atendimento@crato.org.br Home Page: www.crato.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h Listagem atualizada até o dia 14 de dezembro de 2015


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Governança corporativa

PARA TODOS

A ADOÇÃO DE BOAS PRÁTICAS PODE SER BENÉFICA PARA EMPRESAS DE TODOS OS TIPOS E TAMANHOS POR CINTHIA ZANOTTO Em um país, o poder público recebe a função de administrar os recursos nacionais, buscando promover o desenvolvimento da nação. Espera-se do governo, então, ter as habilidades necessárias para elaborar e executar políticas eficientes. Esse é o significado mais amplo da palavra “governança”. Logo, empresas podem se beneficiar do mesmo conceito quando têm como objetivo trabalhar em prol da valorização da própria marca. Ou seja, o sistema adotado para administrar e dirigir uma empresa, incluindo o relacionamento entre todos os conselhos, direção, proprietários e cooperados, pode ser definido como “governança corporativa”.

Para o professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Joaquim Rubens Fontes Filho, a governança corporativa é entendida pela forma como os donos, diretores ou o grupo de profissionais responsáveis pela instituição se dividem, definem as prioridades e as executam. A maneira como tomam decisões e garantem o cumprimento de cada uma delas. “Todo o tipo de associação precisa de um governo e de uma direção. É nesse sentido que a governança tem conciliado empresas, tanto da iniciativa pública ou privada, de uma maneira geral, a buscar caminhos que façam com que, por meio da adoção do conceito de governança e das suas práticas, seja agregado valor aos negócios”, afirma Robert Juenemann, conselheiro de Administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). A metodologia de boas práticas, chamada de “regras práticas”

DIVERSA - EDITAR NOME DA RETRANCA GOVERNANÇA

pelo professor Joaquim, reúne um conjunto de recomendações a serem incorporadas por qualquer tipo de organização dentro da própria cultura interna. Segundo o Guia das Melhores Práticas de Governança para Cooperativas do IBGC, alinha “interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da cooperativa, facilitando seu desenvolvimento e contribuindo para sua longevidade e perenidade”. Atualmente, predominam no Brasil as empresas familiares. Conforme explica Juenemann, são cerca de cinco milhões de CNPJs registrados no país e não chegam a ser 500 empresas listadas na bolsa, contando as familiares de capital aberto. Para todas, incluindo ONGs e a gestão pública, a governança pode ser benéfica e quanto antes se começarem a aplicar os conceitos das boas práticas, melhores serão os resultados.


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BENEFÍCIOS GOVERNANÇA COLOCADA EM PRÁTICA NO AMAPÁ A Conservação Internacional (CI-Brasil), em parceria com o Instituto Walmart e o Instituto Chico Mendes (ICMBio), elaboraram o Plano de Manejo da Floresta Nacional do Amapá e hoje trabalham para difundir o projeto na região por meio de diversas ações, entre elas a realização de oficinas com a comunidade local para ensinar técnicas e promover boas práticas de como fazer o uso de recursos naturais. “O plano não trata somente de conservação ambiental, e sim trabalha com atividades produtivas sustentáveis, visando contribuir com o fortalecimento da segurança alimentar e a geração de renda das famílias moradoras do interior e entorno da Floresta Nacional (Flona) do Amapá”, explica Eugênio Pantoja, diretor de Desenvolvimento Territorial da CI-Brasil. Durante todo o projeto, as práticas de governança foram aplicadas na construção de duas frentes de trabalho. Uma para criar e fortalecer um Conselho Gestor da Flona, responsável por decidir sobre as questões relacionadas a ela e as atividades e compromissos executados na área. Dele participaram representantes do poder público, comunitários e extrativistas. Na outra frente, ainda em ampliação, o plano tem como objetivo formar lideranças locais e empoderar as comunidades, extrativistas e demais atores para desempenharem a cidadania e democracia em favor de conquistarem o controle social e a transparência na gestão da unidade de conservação. “Atualmente, a aplicação dos conceitos de governança é fundamental para o desenvolvimento organizacional em qualquer escala, seja em pequenas organizações da sociedade ou em grandes companhias e empresas. Uma governança bem estruturada e sólida transmite para a sociedade, apoiadores e investidores – no caso de empresas – credibilidade, segurança institucional e jurídica. Essas caraterísticas, associadas à transparência e decisões coletivas, fortalecem a execução das atividades pactuadas, o desenvolvimento de ações e, consequentemente, o atingimento dos resultados, metas e impactos pretendidos pelas organizações”, afirma Pantoja.

A expansão dos negócios, por exemplo, pode estar relacionada ao aproveitamento das boas práticas. “As empresas só chegarão a ser grandes se elas efetivamente abordarem a governança como parte de sua cultura”, declara o conselheiro. Para tirar proveito ao aplicar os conceitos na organização é preciso fazer das regras um jeito de ser da empresa, tanto para fora quanto para dentro da estrutura corporativa. No ambiente externo, já existem órgãos e instituições exigindo tal postura das corporações. Segundo o professor da FGV, a bolsa de valores reconhece as empresas onde há governança corporativa e os acionistas acabam pagando mais pelas ações dessas organizações, pois se sentem seguros em relação ao futuro da companhia. Quando sabem que o capital será bem aplicado, existe um desejo em investir em determinada instituição. Ao seguir os quatro princípios básicos da governança – transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa –, as regras são estabelecidas e passadas para a rede de fornecedores e stakeholders da empresa, divulgando para o mercado as políticas e valores institucionais. Tais padrões servem para apontar os perfis de quais profissionais e empresas estão aptos a trabalhar e fechar parcerias com a organização. Da mesma forma como pode ser exigida, a companhia será criteriosa ao escolher com quem pretende fazer negócios. “Vou usar um exemplo simples. Nós estabelecemos que não vamos aceitar trabalho infantil e, na medida que instituímos isso como uma regra, será também exigida dos fornecedores e das pessoas em torno da nossa empresa”, completa Juenemann. O resultado de criar um código de conduta é uma administração transparente, com normas claras e definidas, capaz de evitar zonas cinzentas – quando os gestores não sabem como agir em determinada situação. Porém, o manual precisa ser verdadeiro e condizente com a visão e a cultura da alta gestão e dos sócios da instituição, seja ela pública ou privada. “O próprio mercado tem mostrado ao longo do tempo a valoração que tem dado para esse tipo de governança. Se o que proponho, os instrumentos que disponibilizo e o grupo que estou criando de stakeholders são verdadeiros ou não. Com isso, vamos construindo a estruturação dos negócios, que precisam estar formalizados por meio de documento”, explica o conselheiro.


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O PAPEL DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO O Conselho de Administração é peça fundamental para a manutenção do sistema de governança corporativa. De acordo com o Guia das Melhores Práticas de Governança para Cooperativas do IBCG, é encarregado de manter a conexão entre a propriedade e a gestão, sendo o orientador e o supervisor dos gestores e dos stakeholders. Tem também o poder para decidir os rumos do negócio, de forma a atender a todos que dependem da empresa. Entre as atribuições do Conselho de Administração, estão: ; TRAÇAR DIRETRIZES E APROVAR O PLANO DE EXECUÇÃO; ; DISCUTIR, ACATAR E MONITORAR DECISÕES RELACIONADAS A TEMAS COMO ESTRATÉGIA, POLÍTICA DE RISCO E DE GESTÃO DE PESSOA E ESTRUTURA DE CAPITAL; ; DAR APOIO E SUPERVISIONAR A GESTÃO DOS NEGÓCIOS, RISCOS E PESSOAS CONSTANTEMENTE; ; REALIZAR PRESTAÇÃO DE CONTAS A QUEM OS DELEGOU A FUNÇÃO E PROPOR A REMUNERAÇÃO DOS ADMINISTRADORES. Para saber mais detalhes sobre o tema, acesse www.ibgc.org.br e procure pelo item “publicações”.

PRINCÍPIOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NOV/DEZ 2015

A aplicação da governança corporativa em cooperativas depende de quatro princípios

TRANSPARÊNCIA COMO ALCANÇAR?

EQUIDADE COMO ALCANÇAR?

· Disponibilizar informações de seu interesse, além das estabelecidas em disposições de leis ou regulamentos.

· Tratar todos de forma justa, sem atitudes ou políticas discriminatórias. Sejam eles cooperadores ou stakeholders.

· Conquistar a confiança, tanto de quem atua internamente como no relacionamento com terceiros.

PRESTAÇÃO DE CONTAS

· Criação de valores, não restrita somente ao desempenho econômico-financeiro, mas também de outros fatores que norteiam a ação gerencial (inclusive os intangíveis).

GOVERNANÇA

COMO ALCANÇAR?

· A prestação de contas deve ser transparente e com equidade. · Todos os atos e omissões tomados devem ser assumidos pelos encarregados.


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A JORNADA SEM FIM Desde quando os conceitos chegaram com mais força ao Brasil na década de 1980, as implantações das práticas têm surtido efeito nas organizações nacionais. Para Joaquim, o país já evoluiu bastante na área. Robert Juenemann, conselheiro de Administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), também vê avanços importantes sendo feitos, embora reconheça que a governança corporativa não seja um projeto com um começo e um fim, mas um processo contínuo pela busca do aperfeiçoamento. E os esforços precisam estar voltados para a promoção de ações com fins educativos.

administração, mas está vendo que é legal começar montando um conselho consultivo, para exercitar um processo de decisão com um órgão colegiado, que funciona”, declara o conselheiro.

Para os dois especialistas, as linhas gerais compiladas em guias sobre governança corporativa servem para apontar um caminho, mas as boas práticas precisam ser delineadas dentro do ramo de negócio e adaptadas ao contexto de cada organização. Ajustes devem ser necessários de acordo com a realidade de cada corporação.

Ele ainda diz que haverá desafios de acordo com a situação e o momento vivido pela organização. Porém, não devem ser usados como empecilhos para deixar de provocar uma mudança cultural. A pergunta a ser feita pela administração não é como fazer, mas quando começar a colocar em prática. Basta levantar o que é importante para a instituição e encontrar os profissionais certos para incorporar e se beneficiar da governança corporativa.

“Costumo dizer que governança é como comprar roupa: precisa estar adequada ao nosso tamanho. É muito simples, desde que a gente perceba que ainda não tem porte para ter um conselho de

RESPONSABILIDADE CORPORATIVA

GOVERNANÇA

COMO ALCANÇAR?

CORPORATIVA É A

· Comprometer-se com a sustentabilidade, a longevidade e a perenidade das cooperativas.

Fonte: Guia das Melhores Práticas de Governança para Cooperativas do IBCG.

MANEIRA COMO OS GESTORES TOMAM Crédito: Américo Vermelho/FGV

· Manter a ordem social e ambiental ao definir negócios e executar operações.

Para Juenemann, não há problemas em não cumprir todas as regras definidas no código das melhores práticas de governança enquanto a empresa está ainda em fase de maturação. “Por ser uma jornada, podemos comparar com uma criança ao começar a caminhar. Primeiro engatinha, depois caminha dando um passo para trás e mais dois ou três para a frente até conseguir se firmar”, declara.

DECISÕES E GARANTEM O CUMPRIMENTO DE CADA UMA DELAS Joaquim Rubens Fontes Filho


Divulgação/CFA

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Evento fortalece

JUBILEU DE OURO NOV/DEZ 2015

O EVENTO CONTOU COM PALESTRANTES INTERNACIONAIS, EXPOSIÇÃO DE ARTE E ACONTECEU EM PARALELO AO XI CONGRESSO MUNDIAL DE ADMINISTRAÇÃO POR WELLINGTON PENALVA O Encontro Brasileiro de Administração (ENBRA), maior evento da área no país, realizou sua vigésima quarta edição na capital gaúcha, Porto Alegre. Entre os dias 1º e 5 de setembro, o XXIV ENBRA atraiu centenas de estudantes, docentes e profissionais para discutir o tema “Administração Evolutiva – Ciência, Cultura de Inovação: 50 Anos de História”. Além do encontro, o Centro de Eventos do Plaza São Rafael recebeu o XI Congresso Mundial de Administração. A iniciativa de geminação das realizações é fruto da comemoração do Jubileu de Ouro.

ENBRA

Vigésima quarta edição do ENBRA foi realizada em Porto Alegre, entre os dias 1º e 5 de setembro


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Divulgação/CFA

Agregando a comemoração dos 50 anos da Administração no Brasil, o Conselho Federal de Administração (CFA) investiu num feito inédito: uma exposição, em telas, dos 50 maiores vultos da profissão. Foram escolhidos os nomes de maior relevância no universo da Ciência da Administração para compor a mostra exibida durante os quatro primeiros dias de encontro. Na abertura do evento, o presidente do CFA, Adm. Sebastião Luiz de Mello, comentou as dificuldades e superações enfrentadas pelos profissionais e falou sobre as mudanças do atual mercado globalizado. “Hoje não basta identificar uma necessidade e atendê-la mediante o fornecimento de um produto ou serviço: é preciso fazer um esforço constante de inovação e criatividade para manter a competitividade. O que antes seria um diferencial competitivo é, hoje, um elemento essencial de sobrevivência e precisa de constante renovação para continuar a agregar valor”, alertou o presidente. O vice-presidente de Relações Externas do Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul (CRA-RS), Adm. Rogério Bohn, fez uma imersão do tema do evento, apresentando a programação e os palestrantes que dariam o tom do XXIV ENBRA e no XI Congresso Mundial de Administração.

Solenidade também foi marcada pela apresentação dos trabalhos vencedores do Prêmio Belmiro Siqueira de Administração 2015

A noite de estreia do encontro, sobretudo, ficou a cargo das comemorações especiais do Jubileu de Ouro. Durante a confraternização inicial, foram apresentados os trabalhos vencedores do Prêmio Belmiro Siqueira de Administração 2015. Na sequência, os presentes participaram de um coquetel ao som da cantora regional Shana Müller & Quarteto. Paralelo ao evento aconteceu, ainda, a I Feira Tecnológica de Produtos e Serviços de Administração (FEITECADM). A iniciativa divulgou e expôs aos Administradores, bem como ao público em geral, equipamentos, programas, projetos, bibliografias, serviços e processos inovadores e modernizantes disponíveis na área da Administração e da gestão. Nos segundo, terceiro e quarto dias, o XXIV ENBRA exibiu palestras e workshops com diferentes assuntos e abordagens em órbita do tema central. Já no último dia, o evento se estendeu à cidade turística Gramado para visita técnica e à apresentação do case “Gramado, Cidade Empreendedora”, encerrando a edição especial do maior evento de Administração do país sob um dos cartões-postais mais belos do Brasil.


Presidente do Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul, Adm. Valter Lemos ressalta a importância do evento em entrevista para a Revista Brasileira da Administração (RBA)

NOV/DEZ 2015

Revista Brasileira da Administração (RBA): Realizar o XXIV ENBRA no Rio Grande do Sul foi um diferencial? Por quê? Valter Lemos: A realização do ENBRA no Rio Grande do Sul favoreceu, sem dúvida, a imagem institucional do Conselho e do Sistema perante a sociedade. Deve ter pesado nessa distinção certamente a expertise do CRARS na realização de outros projetos semelhantes de âmbitos nacional e internacional. O interessante é que foi realizado no mesmo local do histórico III ENBRA e I ENSA (Encontro SulAmericano de Administradores), em 1983, o primeiro evento internacional da categoria. Ou seja, agora fizemos história dentro da história, uma vez que estávamos no palco da história da internacionalização da profissão.

ENBRA

RBA: Como se deu a escolha do tema do evento? VL: A construção de um tema central de um evento sempre exige muita pesquisa, criatividade, avaliação do momento econômico e social, aspectos históricos, ambiente geopolítico e econômico mundial, inovações tecnológicas etc. Tudo isso é sopesado e projetado para o futuro, tudo sendo concatenado para ser oferecido à reflexão de uma plateia atenta e exigente, que está em busca de novas experiências, conhecimentos e relacionamentos profissionais. Definido o tema central, ao mesmo foi correlacionada a história da profissão (outro trabalho importante de pesquisa).

Arquivo pessoal

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“FIZEMOS HISTÓRIA DENTRO DA HISTÓRIA”

RBA: Ter essa função (a de promover o XXIV ENBRA), no ano do Jubileu de Ouro, certamente exigiu bastante do CRA-RS. Como o senhor e o Conselho encararam a tarefa? VL: Sem dúvida, a promoção do ENBRA exigiu muito trabalho por parte da equipe do CRA-RS e do comitê gestor. Entretanto, a partir das parcerias estratégicas estabelecidas com o CFA, CRA-MG e CRA-RJ, durante a execução, esse trabalho foi amenizado. Primeiro porque tivemos o apoio de Minas Gerais na indicação de parte dos conferencistas; segundo porque a equipe de comunicação do Rio de Janeiro foi notável no seu trabalho; e terceiro pelo apoio prestado pela equipe do CFA presente. Tivemos notícias no jornal interno do evento, notícias por televisão, rádio e internet para o Brasil e para o mundo.

Adm. Valter Lemos ressaltou a importância do evento

RBA: O evento atendeu às expectativas? Por quê? VL: Um evento que apresentou 75% de participação de profissionais de Administração, empresários e professores de ADM é um evento seletivo e que, portanto, foi prestigiado pela categoria. Também tivemos a participação de estudantes, mas num percentual menor (22%). A avaliação final do evento ficou dentro das nossas expectativas. RBA: Que legado deixou o XXIV ENBRA? VL: A crise política e econômica em que o Brasil está metido estava no epicentro durante o evento. Projeções da economia mundial e brasileira foram colocadas, a necessidade de melhorar a administração pública, os ajustes que as empresas teriam que fazer para enfrentar a turbulência, os modelos existentes e os novos processos de administração empresarial foram citados. Entretanto, o que mais chamou a atenção do público foi a proposta de Stefen Kanitz em passar o bastão para os Administradores brasileiros, ao dizer que se quisermos mudar este país teremos que substituir a economia política pela ciência da Administração.


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Exposição /Livro

2 DE SETEMBRO

PRIMEIRO DIA DE PALESTRAS Márcia Soares, da Organização Internacional do Trabalho (OIT-Brasil), foi quem abriu o primeiro dia do ciclo de palestras. Abordando o tema “Responsabilidade Social e Trabalho Decente”, a especialista destacou: “Trabalho não é mercadoria, é fonte de justiça social. Enfrentar essas questões é o que garante uma sociedade justa e pacífica”. A manhã foi encerrada com a palestra sobre “Administração Pública e Gestão Inovadora”, ministrada pelo deputado estadual Adm. Eduardo Loureiro. A parte da tarde ficou por conta do sócio da Pmweb – maior parceiro Oracle marketing clound da América Latina –, Augusto Rocha, e do fundador da Bicharia, primeira plataforma crowdfunding focada em animais, Flávio Steffens, abordando empreendedorismo. Em seguida, o diretor da Out Source Brazil, Alexandre Jacobs, e o diretor da IBM Brasil, Adm. Marcelo Violento, encerraram a programação do dia falando sobre “A Arte de Inovar”.

3 DE SETEMBRO

SEGUNDO DIA DE PALESTRAS A manhã foi tomada pelas conferências “Case de Empreendedorismo – EMIVE Segurança Eletrônica”, do diretorpresidente da empresa, Adm. Wallace Soares, e “Sustentabilidade e Governança: o Novo Ciclo de Protagonismo do Administrador”, ministrada pelo professor da Fundação Dom Cabral e do Instituto IBMEC, Adm. José Antônio Chaves. Já o período vespertino ficou por conta das palestras “Inteligência Criativa”, com o comando do presidente do Instituto Holos de Desenvolvimento de Pessoas, Adm. Marcos Wunderlich; e “Pode Existir uma Empresa à Prova de Fracassos?”, conduzida pelo pesquisador do Comportamento Humano Carlos Hilsdorf.

4 DE SETEMBRO

TERCEIRO DIA DE PALESTRAS A exposição promovida pelo CFA durante o XXIV ENBRA é fruto da publicação recém-lançada “Os 50 Maiores Vultos da Administração”. O livro tem 177 páginas e foi desenvolvido com base na pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) a respeito dos principais teóricos da Administração. “Os 50 Maiores Vultos da Administração” traz descrições acerca de cada um dos teóricos retratados, antecedidas por uma sucinta pesquisa histórica da Administração e sucedidas pelas principais obras e ideias que contribuíram para o desenvolvimento da profissão. O livro está disponível, em versão digital, no site: www.cfa.org.br/servicos/publicacoes

O último dia de palestras contou com a apresentação do tema “Contextualizando o Ensino da Administração na América Latina”, proferida pela vice-reitora da Universidade Andrés Bello de El Salvador, Ana Moreno Araújo; pelo vice-presidente do Colégio de Administradores do Paraguai, Adm. Fulvio Celauro; e pelo diretor de Formação Profissional do CFA, Adm. Mauro Kreuz. Encerrando as conferências do XXIV ENBRA, o consultor empresarial Stephen Kanitz subiu ao palco para falar sobre “Administração Responsável das Nações: a Contribuição da Ciência da Administração”. Ele aproveitou para comunicar que aquela era a última palestra da sua carreira, e a ocasião não poderia ser mais propícia: “E nada melhor que fazer isso no ano do Jubileu de Ouro. Estou há 40 anos defendendo a profissão de Administrador e chegou a hora de passar o bastão”.


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Falar de segurança

NUNCA É DEMAIS NÃO É NENHUMA NOVIDADE. JÁ É PÚBLICO E NOTÓRIO. PORÉM, SEMPRE VALE O REFORÇO, POIS OS PROBLEMAS NÃO CESSAM. PELO CONTRÁRIO, SÓ CRESCEM

NOV/DEZ 2015

POR NÁJIA FURLAN

Todos já devem estar cansados de saber que cada vez mais as tecnologias de informação são mais comuns e imprescindíveis no dia a dia das empresas. Seja para a comunicação interna, seja para o relacionamento com fornecedores e parceiros ou para facilitar a vida do cliente. O fato é que conforme cresce o uso dos aplicativos, softwares e outros mecanismos tecnológicos, aumentam os problemas. E estes geralmente acontecem sem que os envolvidos percebam. Exatamente por esse envolvimento excessivo com as mídias. Quem domina o assunto é o especialista Pedro Paulino. Atuando na Incubadora Tecnológica da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Pedro é estudante da área de Tecnologia da Informação, cursa Análise e Desenvolvimento de Sistemas,

SEGURANÇA NAS REDES


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e é fundador da Startup Gearcloud, em Maringá, Região Noroeste do Paraná, com soluções Mobile e Cloud para a área gastronômica. Além de palestrante, é desenvolvedor e divulgador de linguagens como Python e Ruby, Frameworks com Django, Rails e Full Stack Solutions como Mean e Meteor. Segundo Paulino, existem diversas tecnologias novas (tanto em software como em hardware) que garantem mais segurança às empresas. Porém, poucas organizações as têm adotado, com exceção das startups, que precisam, principalmente, de soluções com segurança e baixo custo. Sem pensar nisso, muitas empresas ficam expostas aos riscos. De acordo com o especialista, o principal problema é o aumento considerável na exploração de vulnerabilidades de sistemas muito antigos ou desatualizados. “Infelizmente, na cultura brasileira, TI ainda é vista como tarefa secundária ou de um ‘nerd’ de óculos que fica no computador o dia todo. Sem se preocupar com investimentos na área, os prejuízos são certos; tanto financeiro, com resgates de dados ou chantagens, como perda de dados de clientes e má utilização desses dados por terceiros, como nome, e-mail, CPF e dados bancários”, comenta. E, quando isso acontece, uma demanda que cresce é a busca por profissionais de segurança da informação, hackers, que, segundo Paulino, são frequentemente confundidos com criminosos virtuais, os chamados crackers. Como maneira de prevenir as invasões dos crackers, nos Estados Unidos, por exemplo, as empresas estão contratando esses profissionais para fazer análise de vulnerabilidade, testes de penetração (Pentest) e exploração de vulnerabilidades, antes que outra pessoa os faça, como uma espécie de política de melhoria contínua. “Sendo assim, as empresas empregam também meios de segurança como backups prontos a serem colocados online, em caso de invasão ou exclusão de dados. Lembrando que backup não é copiar os dados da sua empresa em um pendrive e colar em outro computador quando precisar. Precisamos também adotar políticas de atualização de estruturas que utilizamos”, orienta.

FERRAMENTAS Entre as estruturas vulneráveis estão, como lista Paulino, sites feitos em Wordpress, que não são atualizados, que oferecem grandes riscos de sequestro de página (Site Forgery) ou XSS (Cross Site Scripting), onde podem ser inseridos pequenos trechos de códigos para fazer o usuário ser redirecionado para uma página onde seus dados possam ser capturados. GRUPOS Como lembra Paulino, além dessa exposição de dados e da fragilidade nos sistemas, outra tecnologia que oferece riscos são os grupos de WhatsApp, cada vez mais utilizados como forma de comunicação entre colaboradores ou equipes. “Essa é uma péssima prática, visto que o WhatsApp não é uma ferramenta voltada para esse tipo de comunicação e não visa proteção dos dados das empresas”, alerta Paulino. Segundo ele, existem ferramentas mais adequadas e seguras, como o Slack. “Este visa à segurança, controle e gestão de cada um dos membros da equipe, algo que o WhatsApp não faz, já que permite que qualquer pessoa entre em um grupo de alguma empresa e se passe por funcionário sem que ninguém note”, completa. PROTEÇÃO A melhor forma de se manter seguro no meio digital é, segundo o especialista em TI, o aprendizado. “Busque por ferramentas adequadas para cada necessidade e entenda como cada uma delas funciona. Busque por ferramentas que visam à segurança, criptografia. Mude a política de segurança da sua empresa, se necessário, pois cada vez mais os dados corporativos estão sendo expostos”, indica Paulino. Além dessas orientações, outras dicas do profissional é ter em mente que as soluções empresariais são, em algum momento, pensadas para que seus dados fiquem seguros; e evitar a todo momento mídias removíveis, como pendrives e HDs externos (métodos de infecção de vírus).


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PROBLEMAS COM A JUSTIÇA TRABALHISTA Além dos riscos em termos de segurança dos dados, especialistas alertam para outra demanda que tem sido gerada com o uso indiscriminado das Tecnologias de Informação/Comunicação. Estamos falando da demanda trabalhista gerada, por exemplo, pelo WhatsApp ou mesmo pelo e-mail. Segundo o advogado Alan Machado Lemes, pósgraduado em Direito Empresarial, Direito Civil e Processo Civil e Advocacia Trabalhista, em relação ao e-mail corporativo, existem restrições quanto ao seu uso e o empregador tem direito à fiscalização. “Se houver uso indevido dessa ferramenta, o empregador pode aplicar sanções no empregado. Mas o empregador deve se atentar à gravidade da conduta do empregado, para aplicar-lhe a sanção”, afirma. Alan Lemes exemplifica essas situações: se o empregado emite uma opinião contrária a uma decisão patronal no e-mail corporativo, não pode ser considerada uma falta grave, a ponto de gerar direto uma rescisão por justa causa. Contudo, ele pode ser advertido pela falta leve que cometeu. Já se ele utiliza o e-mail corporativo para divulgar conteúdo impróprio (pornografia) ou ilícito, caracterizaria a falta grave, a ponto de ensejar a direta rescisão por justa causa, sem necessitar passar por advertências ou suspensões.

NOV/DEZ 2015

Quanto ao e-mail pessoal, o empregador não pode fiscalizá-lo por se tratar de privacidade do empregado, porém, pode restringir o uso no ambiente de trabalho, visando à maior produtividade do empregado. Como traz o especialista, em relação aos aparelhos celulares e, consequentemente, o WhatsApp, a súmula nº 428, II do TST, dispõe que: “Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço durante o período de descanso”. “Porém, o uso desses aparelhos fornecidos pela empresa, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso. Para caracterizar o regime de sobreaviso, deve haver restrição da liberdade de o trabalhador utilizar seu tempo de descanso por ordem do empregador”, alerta. O ideal, como sugere Lemes, é as empresas criarem regulamentos internos, informando a respeito das permissões e proibições sobre os e-mails e utilização do WhatsApp no ambiente de trabalho. “E, caso não queiram pagar sobreaviso ou hora extra ao empregado, não utilizarem da tecnologia para fazer solicitações fora do horário normal do trabalho desenvolvido”, conclui.

SEGURANÇA NAS REDES

Alan Machado Lemes: “Se houver uso indevido dessa ferramenta, o empregador pode aplicar sanções no empregado”

Crédito: arquivo pessoal

TERCEIRO ÍNDICE GLOBAL DE SEGURANÇA NA COMPUTAÇÃO DA MICROSOFT (MCSI, NA SIGLA EM INGLÊS), DE 2014, REVELA:

Dos 10 mil usuários de internet ouvidos no Brasil, 14% já foram vítimas de golpes e perderam, em média, R$ 200 devido ao ataque;

Por ano, no mundo, o impacto financeiro de ataques de phishing e de outras formas de roubo de identidade pode chegar a US$ 5 bilhões;

$ O valor gasto anualmente para reparar danos à reputação causados por esses golpes é de US$ 6 bilhões.


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Concurso público e o circo “A MATURIDADE NÃO ESTÁ EM TER UM CÉU SEM TEMPESTADES, MAS EM SOBREVIVER A ELAS”. AUGUSTO CURY

NOV/DEZ 2015

POR ADM. FLÁVIO BOERES Qual a relação existente entre os concursos públicos e o circo? De fato, não há nenhuma conexão direta, entretanto, essa analogia apresenta reflexões importantes. Neste momento, o estudante mais pessimista diria: “Agora pronto: virei um palhaço!”. Sim, um palhaço. Somente com a alegria de um palhaço é possível superar o desânimo da trajetória. Essa grande virtude revela como devemos nos portar frente à rotina diária de estudos. É preciso ter paciência! Conhecimento não dá pulo! E de nada vão adiantar saltos mortais, piruetas e acrobacias. Uma boa apresentação é fruto de muito treino, preparação e dedicação. A busca pela aprovação exige que sejamos como os domadores de leões ao conduzir com maestria grandes feras na realização de uma tarefa. Saber controlar as sensações e as emoções que nos atrapalham na hora da execução, tais como: a ansiedade, o nervosismo e a autoconfiança excessiva, pode fazer toda a diferença no resultado final. Tirar o coelho da cartola aqui é ter equilíbrio emocional e, para isso, se faz necessário ter uma rotina equilibrada em diversos fatores, como: vida social, atividade física, família, estudo, religião etc. Tudo isso nos remete ao equilibrista, que para alcançar seu objetivo de atravessar o picadeiro precisa de muita concentração e controle emocional.

OPINIÃO *Este artigo não reflete necessariamente a opinião do CFA.

“É preciso ter paciência! Conhecimento não dá pulo! E de nada vão adiantar saltos mortais, piruetas e acrobacias. Uma boa apresentação é fruto de muito treino, preparação e dedicação” Observe que o foco não está na partida nem na chegada, mas na realização de um passo de cada vez. O passado é fonte de aprendizado e o futuro, fonte de inspiração, mas é no presente que as coisas acontecem. E, ao estudar, muitos se esquecem disso e acabam tomando um tombo por não se dedicar com afinco ao momento da preparação. O dia da apresentação é o momento de colocar em prática tudo aquilo que foi treinado anteriormente e, independentemente de aplausos, muitos espetáculos virão. E, ao cair, levante-se, aprenda com os erros, otimize o plano e recomece novamente, pois o show tem que continuar!!


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62 REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Nº 109

Gente, a alma do negócio CADA VEZ MAIS, EMPRESAS E GESTORES TOMAM CONSCIÊNCIA E INVESTEM NO MAIOR COMPONENTE GERADOR DE RESULTADOS NAS ORGANIZAÇÕES: O SER HUMANO POR WELLINGTON PENALVA

NOV/DEZ 2015

Não é muito difícil ligar a televisão para assistir ao telejornal, abrir uma página da web para conferir as notícias quentes do dia, ou sintonizar uma emissora de rádio dentro do carro a caminho do trabalho sem ouvir sobre a velha história da crise econômica. Ela ocasiona corte de gastos, preços de produtos e alimentos cada vez mais elevados, dólar em alta, diminuição dos valores em imóveis, entre tantos outros problemas consequentes desse fenômeno que, nos últimos tempos, tem atingido milhares de países pelo mundo. No Brasil, a situação não é diferente. O atual cenário do país se constitui em uma corrida contra o tempo para não perder a força da industrialização. Isso faz com que as empresas invistam pesado em aumento de capital, implantação de novas tecnologias, atividades de apoio e principalmente: na gestão de pessoas, o que significa dizer que servidores e funcionários conseguirão colocar em prática seus conhecimentos e habilidades para elevar não só a imagem do negócio, mas também conquistar o reconhecimento profissional e pessoal. A boa notícia é que esse “lance empresarial” tem sido cada vez mais certeiro no mercado de trabalho. As organizações, na atualidade, podem conseguir sobreviver a esse caos da economia mundial se tiverem atenção e comprometimento em como selecionam, tratam e valorizam seus funcionários. É ainda neste cenário de crise econômica no país que entidades acabam por conviver em um espaço globalizado e competitivo, decorrente de inovações tecnológicas que só podem ser superadas por um elemento diferencial, o ser humano. Na verdade, a tal “jogada” não se baseia em apenas pagar o melhor salário ou investir nos mais diversos benefícios ao empregado em prol de mantê-lo na empresa.

RH

É preciso valorizar o que cada um tem de melhor em suas capacidades particulares, para que a empresa também cresça em um movimento de consonância com o desenvolvimento pessoal do colaborador. Com isso, Sérgio Campos, Administrador e diretorpresidente da Rhumo Consultoria, defende que a empresa que se preocupa em criar métodos para valorizar o empregado conquista tantos benefícios quanto o próprio colaborador. “Uma organização que valoriza o ser humano será desejada e almejada pelos profissionais competentes, pois conquistará conhecimentos, processos e resultados estruturantes, fortalecendo a relação de confiança entre empregador e empregado”, afirma. A gestão de pessoas é o que fará a diferença na competição existente no mercado de trabalho. O que ocorre normalmente por empresas e entidades é a seleção de candidatos com alto nível de qualificação, cursos de especialização, fluência em línguas estrangeiras, entre outros exemplos clássicos que precisam estar presentes nos currículos. As empresas até conseguem contratar pessoas cujo potencial vai além do exigido, mas o despreparo para lidar com as potencialidades humanas pode fazer o trunfo de uma boa seleção se tornar um tiro no pé. De que adianta contratar um líder nato e não o colocar para exercer tal função? Não seria mais proveitoso e rentável explorar o potencial de cada colaborador com atividades que exijam o que melhor ele sabe desenvolver? Esse é um dos fatores para os quais as áreas de recursos humanos em organizações por todo o mundo têm se atentado. Mais do que contratar profissionais qualificados, chegou a hora de otimizar o uso das novas forças de trabalho com eficácia e, claro, eficiência.


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VALORIZAÇÃO

Adm. Sérgio Campos empresa que valoriza o ser humano será desejada

Para o Administrador Sérgio Campos, se a tática de gestão de pessoas seguir o caminho da valorização, pode ocasionar na convergência entre conhecimento e trabalho profissional, o que acaba sendo positivo para a relação trabalhista. “As pessoas devem ser o bem mais valioso para a organização, uma vez que se relacionam direta ou indiretamente com ela, atuam na criação de processos e métodos avançados em favor do desenvolvimento da sociedade”, conclui. Um dos exemplos mais conhecidos mundialmente de organização que trabalha visando reconhecer e valorizar o funcionário é o Laboratório Sabin. Neste ano, a empresa recebeu o “Prêmio Ser Humano 2015”, concedido por ser uma das organizações que mais integram pessoas para formar equipes de alto desempenho, na modalidade de gestão pessoal. Com 30 anos de atividade no setor de serviços em saúde, o Laboratório Sabin procura manter as práticas de desenvolvimento de funcionários que conseguem atingir aspectos sociais, de autoestima e, principalmente, de autorrealização.

CAUSA DO SUCESSO

Marly Vidal colaboradores devem entender a importância de seu trabalho

Adm. Eduardo Piedade ressalta a definição de “essencial humano”

Para explicar o sucesso da empresa, a diretora Administrativa e de Pessoas do Laboratório Sabin, Marly Vidal, diz que a liderança não é restringida ao idealismo de chefe como “alguém que apenas manda e desmanda”; há um papel fundamental no comprometimento e no esforço que é direcionado para cada colaborador. Além disso, ela ressalta que tais líderes precisam assegurar que os funcionários estejam alinhados de acordo com suas funções e que consigam, acima de tudo, entender a importância de seu trabalho. Ou seja, uma gestão participativa com ferramentas de comunicação eficientes é indispensável. “Buscamos desenvolver uma parceria focada em respeito e imparcialidade nas relações entre líder e liderado”, afirma. Nesse caso, Marly Vidal também relata que o Laboratório oferece diversos recursos para tornar acessíveis, aos colaboradores, informações que lhes permitam conhecer possibilidades de crescimento baseado no plano de carreira pessoal.

“Formamos e capacitamos nossas lideranças para que atuem aproveitando os principais talentos de cada colaborador em favor da empresa, além de incentivar e motivar na busca de melhoria contínua”, diz Vidal. Como resultado de tantas iniciativas para preservar seus funcionários, o Laboratório Sabin pode ser tomado como referência. Para Marly Vidal, investir no capital humano significa investir no sucesso do negócio. De acordo com ela, uma gestão de pessoas bastante eficaz é aquela que trabalha em constante alinhamento com a alta gerência da empresa e foco ao alcance dos objetivos estratégicos da entidade. É fundamental que cada prática ou estratégia seja monitorada continuamente para avaliar e refinar as áreas de atuação de cada equipe. A ideia é buscar a melhoria todos os dias. “O RH deve atuar para que seja visto como uma área capaz de contribuir verdadeiramente com o sucesso do negócio, sendo peça-chave e estratégica para a organização”, conclui.


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RECURSO ESSENCIAL

Professor de Administração, diretor da assessoria consultiva Knowledge Comunicação e Gestão, Adm. Eduardo Piedade (EP), conversou com a Revista Brasileira da Administração (RBA) a respeito da ideia de essencial humano para empresas e organizações.

RBA - Qual a importância da valorização do ser humano em uma organização? EP - Perceba como trabalhar o “essencial humano” nos coloca em uma nova e mais ampliada dimensão; dito não se tratar mais apenas de um eventual privilégio que protege ou atende as necessidades de um grupo, mas leva em conta que empresários e prestadores de serviços, fiscais, fornecedores, distribuidores, operários, clientes e até mesmo concorrentes possuem equipes cujos valores comuns a essência humana podem e devem ser considerados e trabalhados a fim de qualificar a cadeia produtiva, fazendo produzir, lucrar e viver melhor. RBA - Como uma empresa pode investir na valorização do seu funcionário? A visão de investir e valorizar o ser humano já é fato na maior parte das organizações? EP - Certamente valorizar os funcionários é uma prática que deve ser incentivada em todas as corporações; mas novamente é importante atentar para o que podemos ou chamamos de investimento na valorização de funcionários. Veja que muitas empresas não conseguem fidelizar a sua cadeia produtiva ou equipe de funcionários por mais benefícios e vantagens que ofereçam, boa parte disso é fruto do desprezo a conceitos fundamentais da essência humana que foram subestimados, gerando frustração e ineficiência. Creio ser possível afirmar que a visão de investir no ser humano já é realidade em muitas organizações, mas ainda estamos anos luz de aprender a valorizar o ser humano em sua essência, por isso se gasta mal e valoriza-se pouco.

ADM. EDUARDO PIEDADE CRÊ QUE VALORIZAR OS FUNCIONÁRIOS É UMA PRÁTICA QUE DEVE SER INCENTIVADA EM TODAS AS CORPORAÇÕES.

RH

RBA - O ser humano é o bem mais valioso de uma empresa? EP - Não penso que o ser humano é o bem mais valioso de uma organização, creio e afirmo que sem ele o mundo que conhecemos não existiria, por isso priorizar o que é essencialmente humano é sinônimo de alinhamento lógico a existência. RBA - Essa nova tendência de prioridade nas empresas pode ser vista como uma alteração nas relações capitalistas? Ela é contrária a ideia de mais valia? EP - Sem dúvida, mas não se iludam; as empresas repetem modelos até a exaustão, e os sinais de mudanças ainda são apenas indícios da percepção de que o ciclo do modelo de “mais valia”, baseado na apropriação da capacidade do artesão chegou ao fim e abriu espaço para a identificação de uma nova ordem de valores capaz de mobilizar a ordem econômica e definir novos padrões de comportamento, consumo, sustentabilidade e inovação. RBA - De que forma os gestores devem agir para valorizar o ser humano em sua empresa? EP - Certamente este é um importante desafio da atualidade, pois a maior parte dos gestores foi treinada para tirar proveito econômico do “capital humano”; por isso contratam pessoas pelo conhecimento e habilidades, e dispensam em virtude do desalinhamento atitudinal. Mas Creio que o novo ciclo que vislumbro estar surgindo, imponha fortes mudanças conceituais para as empresas e gestores, por isso o recomendado será contar com o acompanhamento de uma assessoria externa, livre de paradigmas que tendem a tornar a transição traumática, demorada, ineficiente ou onerosa.


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VESTINDO A CAMISA Para colocar em prática os ideais de valorização e reconhecimento aos funcionários, novos termos têm aparecido para deixar mais explicativa as intenções de relacionamento entre empresa e empregado. Afinal, o colaborador precisa vestir a camisa da organização, assim como a organização também precisa vestir a camisa do colaborador. Conceitos como capital intelectual, capital humano, ativo intelectual e potencial humano começaram a ser definidos para expressarem as diversas mudanças nos Recursos Humanos dentro das empresas nos dias atuais. O primeiro deles é o conceito de capital intelectual. O termo surgiu para explicar a interação social nas organizações de negócio que é capaz de gerar uma combinação entre conhecimentos e experiências, justamente por se estruturar nos processos de troca de informações entre pessoas, líderes e clientes. Esse conceito é um tanto difícil de ser definido e imitado, justamente por ser moldado de acordo com os parâmetros e políticas de cada empresa. Mas o valor principal do termo seria de que o capital intelectual é de extrema importância dentro do mercado dos negócios, isso por ter a capacidade de proporcionar uma atratividade maior e durável ao cliente e, assim, conseguir superar a concorrência. Em seguida, vem o capital humano. Para o Adm. Sérgio Campos, o capital humano diz respeito às pessoas que estão à disposição da organização, que ocupam cargos e realizam atividades, já que o termo “capital intelectual” é considerado como a propensão que as pessoas têm de assimilar conhecimento por meio da vivência, de experiências e de saberes ao longo da vida. “Só que ter capital intelectual não quer dizer que a pessoa, necessariamente, vai colocá-lo em prática”, diz Campos. O terceiro e o quarto termos a serem utilizados dentro dos Recursos Humanos são os de potencial humano e ativo intelectual. Para Sérgio Campos, o potencial humano é uma faculdade da pessoa como o próprio capital intelectual, mas não é garantia de objetivos e resultados. Para deixar mais clara essa ideia de não ser garantia, mesmo que se usufrua do capital intelectual, o Administrador dá o seguinte exemplo: “Neymar e Messi são talentos do futebol mundial, dotados de grande potencial humano, mas, muitas vezes, não apresentam a performance esperada”. Já o ativo intelectual, por sua vez, é todo o conhecimento que uma pessoa adquire ao longo da vida e que jamais lhe será retirado.

“NEYMAR E MESSI SÃO TALENTOS DO FUTEBOL MUNDIAL, DOTADOS DE GRANDE POTENCIAL HUMANO, MAS, MUITAS VEZES, NÃO APRESENTAM A PERFORMANCE ESPERADA”.

Mesmo diante de técnicas que estão surgindo para regularizar o fenômeno de reconhecimento e valorização dos colaboradores dentro das organizações e do mercado dos negócios, o professor de Administração e diretor da assessoria consultiva Knowledge Comunicação e Gestão, Adm. Eduardo Piedade, ressalta que todos esses termos podem ser resumidos no que ele define por “essencial humano”. Exatamente por acreditar que a essência pertence ao ser humano, o professor diz ser esse o grande “lance empresarial” capaz de movimentar positiva e produtivamente as empresas. “Não se trata mais apenas de um eventual privilégio que protege ou atende às necessidades de um grupo, mas leva em conta que empresários, prestadores de serviços, clientes e até mesmo concorrentes possuem equipes cujos valores comuns à essência humana podem ser considerados e trabalhados a fim de qualificar a cadeia produtiva, fazendo produzir, lucrar e viver melhor”, diz Piedade. Dizer o óbvio é difícil, pois pode parecer arrogante e desnecessário, mas as evidências precisam ser sempre ressaltadas. Uma organização não deve negligenciar seu setor de Recursos Humanos. Nada vai bem sem que as pessoas estejam preparadas para desenvolver as atividades que lhes competem, envolvidas e engajadas. Portanto, para não errar, os gestores têm que considerar o RH como estratégico.


Profissional de Administração participe da campanha "Quitou anuidade do CRA. Ganhou RBA"

Quite sua anuidade até 31 de janeiro de 2016.

* recebimento dos exemplares está condicionado ao envio da listagem dos participantes pelos respectivos CRAs **A assinatura contemplará do exemplar nº 111 (março/abril de 2016) ao exemplar nº 116 (janeiro/fevereiro de 2017).


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A RBA é uma publicação bimestral do Conselho Federal de Administração www.revistarba.com.br

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