Revista Pontos de Vista Edição 80

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DATA SCIENCE SCHOOL

O ISCIAC nasceu de projetos em comum entre investigadores. “Tivemos várias parcerias no nível de projetos europeus e fomo-nos conhecendo e surgiu a ideia de criar algo com impacto na metodologia do ensino”, diz-nos a pós doutorada Carla Silva. Assim, nasce a Data Science School. Trata-se de um dos projetos que trabalha com a Inteligência Artificial e que a usa como uma ferramenta no ensino. Dentro da Data Science surge a elaboração de uma sala de aula do futuro. Afirma que a sala de aula do futuro já existe como conceito pelo que o fator inovação não se prende com a sua criação, mas sim com a metodologia de ensino científica ligada à aprendizagem. Aqui, a Inteligência Artificial e o Data Science School têm que servir como uma metodologia de aprendizagem para os alunos e como uma ferramenta de trabalho interativa para a aprendizagem. Aqui é que está a inovação. O software em machine learning utilizado na Data Science School e com as parcerias, liga a Inteligência Artificial com a metodologia de aprendizagem para o aluno, baseado em algoritmos de machine learning. Estes algoritmos possibilitam que o

O ISCIAC e a Atlântica pretendem envolver professores, diretores e decisores políticos, de forma a criar uma envolvência na investigação. Pois a “investigação serve o propósito de utilidade para a sociedade, de outra forma não faria sentido

aluno, enquanto trabalha numa mesa interativa, seja promotor da sua própria aprendizagem e o professor assume um papel de facilitador de aprendizagem. “É necessário envolver os professores neste projeto, trazendo-os à Escola Universitária de Ciências Empresariais, Saúde, Tecnologias e Engenharia e envolvendo-os numa formação contínua, nesta aprendizagem”, explica Carla Silva. Estando já a colaborar com a secção do plano educacional da Câmara de Oeiras e com os inter-

vinientes responsáveis pelo plano de ensino do município, o ISCIAC e a Atlântica pretendem envolver professores, diretores e decisores políticos, de forma a criar uma envolvência na investigação. Pois a “investigação serve o propósito de utilidade para a sociedade, de outra forma não faria sentido”, refere a Professora e Investigadora. “A inteligência artificial não é o futuro, já é o presente. Se há riscos? Se o professor será substituído? Não. Vai exigir é que as pessoas tenham formação e que estejam numa aprendizagem contínua. As pessoas não serão substituídas nas funções sociais que cada setor de atividade exige”, adianta Carla Silva, alertando que o maior desafio ao nível do plano educacional será a formação de profissionais nesta área da Inteligência Artificial e a formação do professor. “Temos alunos muito informados, o que exige um nível maior de conhecimento por parte do professor, não só no nível de conteúdos, mas também em tudo o que envolve o sistema de aprendizagem. Formar professores como era há 50 anos não pode continuar a ser possível. Um professor que vai hoje para uma escola tem de estar bem ciente de que estas novas ferramentas de aprendizagem são uma realidade e são bastante exigentes”, alerta a nossa entrevistada. Carla Silva explica que o professor vai deixar de existir como é percebido agora e que tem de existir uma consciencialização do profissional e da sua formação daqui para a frente. “Tenho consciência que daqui a uns anos estas ferramentas de aprendizagem estarão cada vez mais presentes nos sistemas de ensino e nas nossas salas de aulas. A utilização dos algoritmos como um método de aprendizagem já é uma realidade noutros setores. Ainda não o é no setor do ensino, mas estamos num processo de mudança de paradigma que deve ser feita e precisamos de mais universidades e de empresas nestes projetos”, refere. “Tem de existir uma dialética constante naquilo que se faz na investigação nas universidades e no que é projetado lá fora. Daí esta necessidade tão grande de levarmos este projeto primeiramente às Câmaras e às escolas e abrir as portas da Universidade à comunidade. A ciência deve servir a sociedade”, conclui. ▪

23 DEZEMBRO 2018

dir a formação, quer em termos de licenciatura, mestrado e doutoramento, quer em termos de pós-graduação. É cada vez mais importante a promoção de áreas novas e de inovação, numa altura em que a economia está a crescer, tornando o mercado cada vez mais dinâmico, levando as empresas a sentirem a necessidade de contratar profissionais especializados em áreas emergentes”, explica Natália do Espírito Santo. Neste sentido surge a nova Pós Graduação em Data Science and Advanced Analytics cujos objetivos encontram-se alinhados com a Iniciativa Nacional Competências Digitais e.2030. Quanto ao ensino e à formação dos professores, Natália do Espírito Santo refere que os professores não podem continuar a ser apenas transmissores de conhecimento. “Tem de existir uma maior interatividade. Será o aluno a preparar o seu caminho e o seu percurso académico com estes instrumentos das novas tecnologias e com professores para os orientar e facilitar a aprendizagem e não tanto como transmissores de conhecimento”, acrescenta.


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