Revista Pontos de Vista Edição 112

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Pontos de Vista Nº 112 | MAIO 2022 (MENSAL) | 4 Euros (CONT.)

UMA DÉCADA DE RETAIL MIND

Entrevista com o CEO Vítor Rocha

SADI CONNECT

Inovação na Deteção de Incêndios

RITA SERRABULHO Quem é a Mulher que está a dar voz internacional aos Líderes Portugueses?

FOTO: DIANA QUINTELA

CEO DA AMP ASSOCIATES


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PONTOS DE VISTA SUMÁRIO

FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Administração | Redação Departamento Gráfico Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660, 4455-518 Perafita Matosinhos Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.facebook.com/pontosdevista

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LUÍS TEODORO, SÓCIO GERENTE DA STAMPSTAR, CONTA-NOS AS POTENCIALIDADES QUE EMERGEM DO SADI CONNECT E SE AMPLIAM A UM MERCADO MAIS EFICIENTE E, SOBRETUDO, MAIS SEGURO.

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Impressão LiderGraf - Sustainable Printing Distribuição Nacional | Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 | NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 | Dep. Legal: 374222/14

A ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA ECONOMIA SOLIDÁRIA E SUSTENTÁVEL (AESS) COMEMORA SETE ANOS DE HISTÓRIA. DULCE FORTE, PRESIDENTE DA MESMA, CONTA EM ENTREVISTA O PASSADO, PRESENTE E FUTURO DESTA QUE É UMA ORGANIZAÇÃO QUE APOIA E CAPACITA INDIVÍDUOS PARA A INSERÇÃO NA SOCIEDADE.

Distribuição Vasp - Distribuidora de Publicações, SA DIRETOR: Jorge Antunes EDITOR: Ricardo Andrade Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ricardo Andrade Beatriz Quintal Ana Rita Paiva PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares FOTOGRAFIA: Diana Quintela www.dianaquintela.com

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HOJE, MAIS DO QUE NUNCA, OS EMPRESÁRIOS TÊM DE SE MANTER ATENTOS À FORMA COMO O ACELERADO RITMO DE MUDANÇA PODE IMPACTAR O MERCADO. NESTE SENTIDO, BERNARDO MACIEL, DIRETOR EXECUTIVO DA YUNIT CONSULTING, ABORDA O MOMENTO ATUAL DO SETOR DAS FUSÕES E AQUISIÇÕES, BEM COMO AS PERSPETIVAS FUTURAS DO MESMO.

Rui Bandeira www.ruibandeirafotografia.com Tiragem: 10.000 exemplares Detentores do Capital Social: Jorge Fernando de Oliveira Antunes: 100% Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para: Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt Preço de capa: 4,00 euros (Cont.)

Assinatura anual (11 edições): Portugal Continental: 44 euros Editorial A Revista Pontos de Vista apresenta-se como uma publicação editada pela empresa de comunicação empresarial Horizonte de Palavras, sendo de frequência mensal, assume-se como um meio de comunicação que pretende elevar as potencialidades do tecido empresarial em Portugal. Assumimos o compromisso de promover paradigmas práticos e autênticos do que de melhor existe em Portugal, contribuindo decisivamente para a sua vasta difusão. Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, exceto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

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TEMA DE CAPA

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EM GRANDE DESTAQUE NESTA EDIÇÃO ESTÁ RITA SERRABULHO, CEO DA AMP ASSOCIATES. CONHEÇA A MULHER QUE ESTÁ A MUDAR A COMUNICAÇÃO DOS LÍDERES NACIONAIS, ATRAVÉS DE PROPÓSITOS E MISSÕES CLARAS, PRIVILEGIANDO O RIGOR E A TRANSPARÊNCIA QUE CARACTERIZAM A SUA ATIVIDADE.


PONTOS DE VISTA SUMÁRIO

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O CAPITAL HUMANO É CADA VEZ MAIS UMA PREOCUPAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES E, ATUALMENTE, É RECONHECIDO COMO O PRINCIPAL ATIVO DAS EMPRESAS. POR ESTA RAZÃO, A FINPARTNER DÁ VOZ ÀS «SUAS» PESSOAS, DEMONSTRANDO SER ESTE O MOTIVO ELEMENTAR DO SEU SUCESSO NO MERCADO.

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DESFRUTE DOS «PONTOS DE VISTA» DE DIVERSAS PERSONALIDADES FEMININAS QUE, DIARIAMENTE, ABRAÇAM A CONQUISTA E TRAÇAM O SEU CAMINHO ALIANDO O SUCESSO PESSOAL E PROFISSIONAL.

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A JARDIM DE ADÓNIS É UMA «MARCA SIMBÓLICA» QUE SE MOVE EM PROL DA SUSTENTABILIDADE. A PAR DISSO, O CLUSTER HABITAT SUSTENTÁVEL E A UBIWHERE ABRAÇARAM, NO PASSADO DIA 28 DE ABRIL, O EVENTO “INTELIGÊNCIA E INOVAÇÃO NO AMBIENTE URBANO”, NA QUAL A REVISTA PONTOS DE VISTA MARCOU PRESENÇA. CONHEÇA TUDO SOBRE ESTE TEMA ESTRUTURAL.

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FOI ENTRE OS DIAS 18 A 20 DE ABRIL QUE SE REALIZOU, NO HOTEL PESTANA PALACE, EM LISBOA, O SEMINÁRIO QUE DEBATEU OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO, ORGANIZADO PELO FÓRUM BRASIL EUROPA. UM EVENTO QUE CONTOU COM A PRESENÇA DE INÚMERAS PERSONALIDADES QUE, ENTRE DIVERSAS QUESTÕES, DEBATERAM SOBRE OS CAMINHOS À RETOMA DO BEM-ESTAR ECONÓMICO E SOCIAL FACE ÀS TRANSFORMAÇÕES IMPOSTAS PELA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL. MAIO 2022 | 5


PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO NA SEGURANÇA E NA DETEÇÃO DE INCÊNDIOS

LUÍS TEODORO

StampStar

Aposta continuada em tecnologia e inovação É certo que a StampStar rege o seu caminho através da qualidade das suas soluções e do rigor com que as mesmas são desenvolvidas. Porém, é através da inovação constante que resultam serviços simples, rápidos e eficazes, e o comunicador do Sistema Automático de Deteção de Incêndios (SADI Connect) é a prova disso mesmo. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Luís Teodoro, Sócio Gerente da empresa, conta-nos as potencialidades que emergem desta tecnologia e se ampliam a um mercado mais eficiente e, sobretudo, mais seguro.

S

endo uma empresa integradora de produtos e serviços que atua na área das Tecnologias da Informação, Comunicação, Telecontrolo e Monitorização, tem de ser – e é – capaz de tirar o máximo proveito da inovação que, cada vez mais, pertence ao mercado. Consciente disto mesmo, a StampStar dedica-se diariamente ao desenvolvimento e comercialização de soluções M2M – Machine

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to Machine, que resultam numa tecnologia que permite estabelecer uma comunicação inteligente entre máquinas e a evolução para um mundo mais sustentável, eficiente e ecológico e concede a oportunidade de usar a informação que os objetos têm em seu redor, para gerar soluções inteligentes de forma automática, sem a necessidade de intermediários. Assim, a missão da StampStar, ao longo dos

seus 13 anos de história, é capacitar e possibilitar as organizações para agirem de forma mais inteligente e eficiente. “Tudo o que desenvolvemos é de forma sustentada. Temos como pedra basilar a diversificação e, principalmente, aquela que acrescenta valor”, inicia Luís Teodoro. Além disso, existe ainda a componente «equipa» - e provavelmente a que faz maior diferença nesta que é uma empresa reconhecida no


PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO NA SEGURANÇA E NA DETEÇÃO DE INCÊNDIOS

FOTO: DIANA QUINTELA

mercado. Formada por um conjunto de operacionais com vasta experiência nas áreas das Telecomunicações, Tecnologias de Informação, Marketing, entre outros, surge complementada através de sinergias entre o know-how tecnológico que a SoftFinança – empresa igualmente distinguida no mercado e da qual Luís Teodoro é Administrador - e o «saber» profundo da StampStar. “Há um esforço de partilha tecnológico e conseguimos, através deste modelo, retirar inúmeras vantagens, nomeadamente dos recursos que são escassos. É difícil recrutar bons profissionais em Tecnologias de Informação e é exatamente por isso que lhes reconhecemos o justo valor do esforço que dedicam para levar este projeto a bom porto”, afirma o nosso entrevistado. Por todos estes motivos, a StampStar tem todas as condições reunidas para se dedicar àquele que é o seu mercado alvo: a oferta de serviços inovadores à medida das necessidades dos seusclientes. SERVIÇO SADI CONNECT – INOVAÇÃO NA SEGURANÇA E NA DETEÇÃO DE INCÊNDIOS O core business da StampStar é o SADI Connect e é através dele que a marca diversifica a sua atuação no mercado. Com recurso à inovação, a empresa desenvolveu este sistema para ajudar no trabalho dos Bombeiros, e que se traduz numa proteção mais eficaz com ligação direta aos mesmos: quando o alarme é acionado – por acidente ou incêndio efetivo – as respetivas Corporações dos Bombeiros são alertadas em apenas dois segundos, podendo, assim, de-

sencadear todos os meios e serviços de emergência de forma a colmatar o mais rapidamente possível a problemática. “O projeto assenta muito na relação de confiança e na parceria entre a Proteção Civil Municipal, as Corporações dos Bombeiros, os locais para se estabelecer as regras de ligação entre o prestador do serviço de emergência e os diversos clientes que possuem as centrais SADI”, esclarece o Sócio Gerente da StampStar, acrescentando ainda que “o trabalho que temos vindo a desenvolver e com o qual norteámos a nossa atividade durante todos estes anos é aprimorar e complementar a solução tecnológica, uma vez que hoje a qualidade da informação é cada vez mais valiosa. Posto isto, nós disponibilizamos um sinal de alerta do edifício onde há um disparo alarmístico e existe uma infinidade de informação que, através desta solução, os Bombeiros têm acesso, tendo, por isso, uma intervenção mais adequada”. Deste modo, o SADI Connect permite uma redução do tempo de resposta em caso de sinistro, acionando os meios adequados no combate a incêndios ao identificar de forma imediata um conjunto de características essenciais ao desenvolvimento das operações, tais como a entidade e morada do edifício, características dos materiais de construção, número de pisos, elementos críticos do edifício e sua localização, acessos a utilizar, entre outros. IMPACTO NA SEGURANÇA DA POPULAÇÃO Certo é, o SADI Connect utiliza uma tecnologia inteligente para verificar ativamente se os

“QUEREMOS QUE O VALOR DA NOSSA SOLUÇÃO SEJA CADA VEZ MAIOR E QUE A DIVERSIFICAÇÃO SEJA PREMENTE. O NOSSO PROPÓSITO É QUE, ATÉ 2025, POSSAMOS TER UMA COBERTURA DE CERCA DE 50% DOS MUNICÍPIOS PORTUGUESES COM ESTE SERVIÇO”

FOTO: DIANA QUINTELA

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PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO NA SEGURANÇA E NA DETEÇÃO DE INCÊNDIOS

ANALISAR O MERCADO, LOCALIZAR LACUNAS E DESENVOLVER SOLUÇÕES INOVADORAS A eficácia deste serviço é extremamente importante, principalmente quando se abordam temas como este. Sabe-se que um dos fatores mais determinantes para o sucesso de um combate a um incêndio reside na rapidez de alerta às autoridades responsáveis e no tempo que decorre até à sua atuação efetiva, e é algo a que o SADI Connect vem responder prontamente. Mas não fiquemos por aqui: esta solução é independente do seu sistema de deteção de incêndios, sendo facilmente integrado em qualquer tipo ou marca de central que exista. É por este motivo que “temos vindo a trabalhar com novos parceiros para termos soluções que respondam também a outras áreas, nomeadamente, para as habitações. Atualmente só podemos instalar a nossa solução em edifícios profissionais ou em condomínios devido às regras de manutenção, contudo sabemos que existe cada vez mais a sensibilidade por parte das pessoas em compreenderem a importância do menor tempo possível na comunicação de ocorrências. Assim, prevemos lançar nos próximos meses uma solução parecida à que já temos, mas adequado ao mercado doméstico”, confirma Luís Teodoro. A aplicação deste modelo de alarmística e atuação remota é ainda desvelada a outros casos, designadamente nas áreas de telecomunicações e de todos os setores onde exista a necessidade de monitorizar o estado de determinados equipamentos. SERÁ QUE HOJE A INOVAÇÃO É ENTENDIDA COMO UM IMPORTANTE INVESTIMENTO E NÃO COMO UM CUSTO? A verdade é que a inovação não se baseia apenas no desenvolvimento de novos produtos, também ajuda a promover novos modelos de negócio e melhora os processos para tornar a vida da população mais fácil e, neste caso, mais segura. Assim sendo, e segundo nosso interlocutor, “na generalidade das empresas a inovação, atualmente, já não é entendida como um gasto, mas sim como uma forte componente de posicionamento no mercado, de forma a acompanharem a tendência de evolução da

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FOTO: DIANA QUINTELA

meios de comunicação estão a funcionar e detetar eventuais problemas. Isto, claro está, traz um impacto significativo à segurança da população. Esta solução cumpre e garante um tempo de resposta de apenas dois segundos, o que é fundamental do ponto de vista da segurança que transmite e da perspetiva que, quanto mais cedo as operações de socorro atuarem, menos extensos serão os danos provocados. Para o Sócio Gerente da StampStar, “tomar conhecimento de um hipotético incêndio mais meia hora ou menos meia hora não é indiferente. Com uma maior celeridade na deteção, comunicação e tratamento dos alarmes, podem ganhar-se minutos preciosos de segurança”.

sociedade e do mundo. Esta é a nossa forma de continuarmos a estar atentos e diligentes”. Não nos podemos esquecer que emerge uma «aldeia global» onde estamos todos cada vez mais interligados. É por isso importante que existam soluções confiáveis para monitorizar e gerir ativos remotos, quando e onde necessário, como é o caso das soluções StampStar, atra-

“TOMAR CONHECIMENTO DE UM HIPOTÉTICO INCÊNDIO MAIS MEIA HORA OU MENOS MEIA HORA NÃO É INDIFERENTE. COM UMA MAIOR CELERIDADE NA DETEÇÃO, COMUNICAÇÃO E TRATAMENTO DOS ALARMES, PODEM GANHAR-SE MINUTOS PRECIOSOS DE SEGURANÇA”

vés de conetividade inteligente. Além do SADI Connect (a sua principal solução) a marca disponibiliza ainda Consultoria M2M e Web World Tracking – uma plataforma online que fornece serviços de acompanhamento, monitorização, visualização e gestão para frotas de veículos, pessoas ou qualquer ativo móvel que precise de ser localizado. ▪

Metas a alcançar A StampStar não é, na sua génese, uma empresa sprinter. Apesar de ter os olhos postos no futuro, é ao presente que se dedica. Numa perspetiva a longo prazo, a prioridade é consolidar o posicionamento da solução SADI Connect no mercado, o que requer um crescimento expressivo no território nacional: atualmente marca presença em Lisboa, Oeiras, Cascais, Sintra, Vila Nova de Gaia, Sacavém, entre outras, porém, o objetivo é que esta lista aumente e que esteja no maior número de municípios do país. “Queremos que o valor da nossa solução seja cada vez maior e que a diversificação seja premente. O nosso propósito é que, até 2025, possamos ter uma cobertura de cerca de 50% dos municípios portugueses com este serviço. Pretendemos manter a robustez e a qualidade da solução e iniciar a nossa atuação em setores distintos e em outros nichos de oportunidades através de parcerias onde, em conjunto, possamos retirar o máximo potencial desta inovação.

Face a estes objetivos, gostaríamos ainda de permanecer com estabilidade interna. É fundamental para os nossos colaboradores, para a organização e para os clientes”, finaliza Luís Teodoro. Olhando para o vindouro, a StampStar reconhece que a inovação será cada vez mais real e terá consequentemente um impacto nas nossas vidas, sendo essencial não só para o avanço da sociedade, mas também para a sustentabilidade, respeitando princípios de desenvolvimento económico, social e ambiental. ▪



PONTOS DE VISTA CIBERSEGURANÇA E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

Desígnio Coimbra Business School Produzir ciência e formar quadros para a economia do futuro Pedro Costa, Presidente da Coimbra Business School | ISCAC, abordou, em entrevista à Revista Pontos de Vista, de que forma, a Escola, tem vincado a sua importante presença em Portugal e no mundo. Sendo, além disso, uma das escolas-empresa tecnologicamente mais bem equipadas do país, o nosso interlocutor abordou ainda em que medida a Cibersegurança e a Segurança da Informação na área da Contabilidade deverão ser temas cada vez mais priorizados. estudantes em cursos de formação executiva. Nos últimos anos triplicou a sua publicação científica em revistas europeias de prestígio, sendo a empregabilidade dos seus alunos quase total. Esta é uma das razões que faz com que, nos últimos três anos, tenhamos esgotado todas as vagas na 1ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior e que, por regra, a escola tenha mais candidaturas do que vagas para a sua oferta de formação executiva. Atualmente, a Coimbra Business School quer reafirmar que o seu desígnio é produzir ciência e formar quadros para a economia do futuro, em Portugal e no mundo, desde logo na Lusofonia.

PEDRO COSTA

A

Coimbra Business School | ISCAC é uma referência nacional e internacional na área das ciências empresariais. Sendo uma escola de reflexão e raciocínio, de grande conhecimento, capaz de atrair os melhores estudantes, como tem vindo a preparar o seu caminho de evolução, inovação e reconhecimento? A Coimbra Business School é uma escola-empresa que construiu a sua identidade nas parcerias com mais de mil empresas e organizações. É uma escola

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centenária, cujas origens remontam a 1921, ao Instituto Industrial e Comercial de Coimbra. Sobretudo nas últimas duas décadas, a proximidade às empresas, às organizações públicas e privadas e às autarquias têm-nos tornado mais ágeis e mais orientados para o mercado de trabalho. E, também, para a prestação de serviços e de estudos à comunidade e ao tecido empresarial da região e do país. A Coimbra Business School tem 9 licenciaturas e 13 mestrados e é frequentada por cerca de 3.300 estudantes, aos quais acrescem cerca de 1200

Certo é, a Coimbra Business School | ISCAC conta com as mais elevadas taxas de empregabilidade dos seus diplomados, sendo participante ativa em projetos de investigação e de serviços prestados, com os melhores índices de produção científica. Desta forma, e face às constantes evoluções da sociedade e do mercado, de que forma tem reinventado e ajustado as suas metodologias continuando, assim, a vincar o seu valor e competitividade? A oferta formativa da Coimbra Business School é muito feita em função das necessidades de mercado, com atualizações académicas muito regulares e intensas, por exemplo, na Contabilidade, na Informática, na Gestão ou no Direito. Para além da oferta ao nível das licenciaturas e dos mestrados, disponibilizamos um conjunto de cursos breves, de pós-graduações e de MBAs que incentivam os profissionais e os antigos estudantes a prosseguirem a sua formação ao longo da


PONTOS DE VISTA CIBERSEGURANÇA E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

“A OFERTA FORMATIVA DA COIMBRA BUSINESS SCHOOL É MUITO FEITA EM FUNÇÃO DAS NECESSIDADES DE MERCADO, COM ATUALIZAÇÕES ACADÉMICAS MUITO REGULARES E INTENSAS, POR EXEMPLO, NA CONTABILIDADE, NA INFORMÁTICA, NA GESTÃO OU NO DIREITO”

vida: é fundamental que quadros com experiência regressem temporariamente à escola e aos estudos para estarem preparados para os desafios com que as novas realidades profissionais diariamente os confrontam. Os dois anos de pandemia da Covid-19 foram um bom exemplo disso mesmo. Para além de cursos em regimes diurno e noturno, e de muitas formações adotarem um modelo misto presencial e digital, a Coimbra Business School | ISCAC investe muito na vertente prática nos cursos. De facto, as nossas aulas são sempre teórico-práticas e, nesse sentido, há uma grande ligação dos professores à realidade das empresas e das organizações. Esta relação do mundo académico com o mundo profissional é realizada, aqui, de forma muito habitual. Não tenho dúvidas que este é um aspeto decisivo para a empregabilidade elevadíssima dos nossos estudantes. Há também outro aspeto que considero muito importante para a competitividade da escola: somos uma instituição que promove muito o empreendedorismo! Dinamizamos muito eventos e atividades que facultam aos estudantes ferramentas úteis para transformar as suas boas ideias em negócios rentáveis. Se falamos em evolução, abordamos a digitalização que predomina nos dias de hoje. Considera que a área da Contabilidade já estava profundamente digitalizada quando a pandemia da Covid-19 acelerou radicalmente a digitalização da sociedade e, sobretudo, das atividades económicas? O que mudou? É muito importante falar de Contabilidade e de

Auditoria – nomeadamente de Auditoria Fiscal – porque estas atividades são um baluarte do Estado de Direito e um eixo fundamental dos regimes democráticos e liberais. Não há sociedades livres, democráticas e prósperas sem a confiança que os contabilistas certificados e os auditores transmitem aos cidadãos sobre as empresas, as instituições e os estados. Na base dessa confiança está o conhecimento, a ciência e, inevitavelmente, a digitalização. A digitalização alterou completamente, quer a determinação dos índices de transparência da atividade económica, quer a gestão do conhecimento fiscal em Portugal. O avanço constante das tecnologias da informação trouxe para cima da mesa questões relevantes no que concerne à segurança das informações. Para a área da Contabilidade, qual é a importância de uma boa gestão de riscos cibernéticos e da potencialidade na segurança das informações? A espionagem e a criminalidade no ciberespaço mostrou, nos últimos tempos, como o roubo de enormes quantidades de dados pessoais e sensíveis resulta muitas vezes em chantagem, em extorsão ou simplesmente na divulgação de informação sensível. Isso muitas vezes impediu o regular funcionamento de atividades fundamentais, de empresas e de organizações estatais por todo o mundo. Para além dos prejuízos económicos diretos que muitos desses ataques significaram – muitos milhões de milhões de euros por ano em todo o mundo – esses ciberataques alertaram também

para grandes fragilidades estruturais do sistema digital global. Este é um panorama muito crítico para a área da Contabilidade, uma vez que esta atividade assenta, em boa parte, na segurança e na confiança. Sem confiança, sem segurança, a Contabilidade perde o seu poder quase mágico de introduzir, de manter e até de forçar a presença da racionalidade no processo económico, empresarial e financeiro. Olhando para o setor em Portugal de forma generalizada, acredita que ainda há dificuldade de os profissionais compreenderem que a segurança das informações e dos dados não pode ser considerada um custo, mas sim um investimento? Quais os motivos que retraem os mesmos perante a cibersegurança? Não pode haver retração face à cibersegurança! Ela é o seguro de vida da sociedade e da civilização como a conhecemos. A falta de segurança informática pode colocar em causa os processos eleitorais em países democráticos, o fornecimento de energia elétrica em cidades inteiras, o funcionamento dos hospitais e até o atendimento telefónico de emergência médica, entre outros serviços fundamentais. Enfim, sem segurança informática não pode haver regular funcionamento de atividades fundamentais, nem de empresas, nem de organizações privadas, nem da administração pública. A cibersegurança está no coração da atividade económica, como mostram os recentes ataques em Portugal às empresas do grupo Impresa (SIC e Expresso), à SONAE, à Vodafone, à EDP, entre outras, ou ao próprio site de Assembleia de Repú-

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PONTOS DE VISTA CIBERSEGURANÇA E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

blica. E, por maioria de razão, a cibersegurança está no coração do funcionamento das micro, pequenas e médias empresas, as quais estão tão ou mais dependentes da digitalização do que as grandes empresas. Só que as PME, em geral, têm a desvantagem de estarem menos preparadas e protegidas para ataques. A responsabilidade profissional por parte dos Contabilistas sobre as informações dos seus clientes sempre existiu – algo que é fortemente certificado e assegurado pela Coimbra Business School | ISCAC -, mas atualmente a preocupação é maior devido aos ambientes virtuais onde estão inseridos. Ainda assim, é neste meio que a informação flui de forma mais rápida e eficaz? De que forma? A humanidade passou a viver no digital! É esse o nosso mundo, não vale a pena imaginar uma realidade alternativa à transição digital. Neste novo real, têm de se contruir sistemas capazes de resistir a ataques e de manter a prestação do serviço esperado, com respeito por requisitos de disponibilidade, integridade e confidencialidade. Sem ser exaustivo, a construção de sistemas com essas caraterísticas exige a utilização de sistemas descentralizados, redundantes, com processos de backup e com autenticação multifator. Todos precisamos de implementar uma cultura de segurança nas organizações em que trabalhamos. E precisamos de planeamento e de treino técnico para atuar eficazmente em caso de ataque cibernético ou falha. Acredita que existem, ainda, deficiências e um caminho a ser trilhado na procura por melhorias, uma vez que há profissionais que possuem conhecimento superficial sobre o tema e, consequentemente, sobre os riscos que estão associados? Na sua perspetiva, o que é que, neste sentido, urge estabelecer? Tenho defendido publicamente que os estados e as organizações de estados, como a União Europeia, têm de colocar a cibersegurança no topo da sua agenda política. Portugal tem de colocar a segurança informática nas suas prioridades estratégicas para esta década 2020-2030. É urgente tomar decisões políticas, muito para além de decisões técnicas, que promovam a defesa dos sistemas informáticos – e não só nos sistemas públi-

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cos! – em que assentam as sociedades modernas. A cibersegurança é hoje parte integrante e central das estratégias de desenvolvimento dos países. Enquanto Presidente da Coimbra Business School | ISCAC, em que medida a cibersegurança e a segurança da informação são temas debatidos, de forma a potenciar os estudantes para a importância dos mesmos no presente e no futuro da sua atividade? Os nossos estudantes têm uma prática digital desde o primeiro dia em que ingressam na Escola,

Para terminar, a médio/longo prazo, a que patamar gostaria de elevar a Coimbra Business School | ISCAC? Quais são as metas que lhe apraz cumprir? O nosso objetivo estratégico é público: fomos a primeira escola do ensino superior politécnico do país a criar uma comissão pró-doutoramentos! Mais recentemente, criámos o CBS Research Centre – Centro de Investigação em Ciências Empresariais da Coimbra Business School, um centro de investigação multidisciplinar focado nas ciências empresariais e na investigação científica aplicada às necessidades da sociedade.

até ao dia em que festejam o fim dos cursos. Com a transição digital, a gestão enfrenta em todo o mundo novos desafios: para além da sustentabilidade e da rentabilidade dos negócios, é imperativo contribuir para a salvaguarda dos tecidos económico e social. A Coimbra Business School é uma das escolas tecnologicamente mais equipadas de todo o país e o nosso ensino das ciências empresariais está a integrar isso mesmo: mais foco na gestão dos recursos humanos uma vez que as pessoas estão a trabalhar mais em casa, mais foco na logística, na conectividade, na segurança informática, etc. Nos nossos cursos ensinamos aos alunos que a confiança dos utilizadores no mundo digital – e a fiabilidade de tarefas que são cada vez mais críticas para a economia e para sociedade – estão no coração da década 2020-2030. Afirma regularmente que o caminho da Coimbra Business School | ISCAC é produzir mais e melhor ciência em Portugal. Deste modo, tem sido possível, nos últimos anos, conjugar a ciência com a tecnologia na área da Ciências Empresariais? De que modo? A nossa ligação ao mercado, às organizações e aos serviços do Estado, não é puramente subsidiária. Ela funda-se numa produção científica que conseguiu publicações em revistas científicas internacionais de grande prestígio, com critérios muito restritivos de aceitação de artigos e com maior capacidade para influenciar a produção científica futura. Na área das Ciências Empresariais temos artigos publicados em revistas tão prestigiadas como a Omega – The International Journal of Management Science, uma referência na área de gestão, ou o Journal of Economic Analysis and Policy. Tanto o trabalho letivo, como a investigação que docentes e estudantes estão a fazer na área das Ciências Empresariais, vista num sentido lato, está a ser de altíssimo nível técnico e científico e, estou certo, irá produzir em breve resultados ainda mais expressivos. ▪

Será com o CBS Research Centre que nos iremos consolidar como instituição de ensino superior de referência. Será com ele que iremos aproximar a investigação científica multidisciplinar da sociedade e das organizações públicas e privadas, estreitando parcerias com outras unidades de investigação nacionais e internacionais. É por isso que contamos, no próximo ciclo de avaliações da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, estarmos já em condições de ter uma avaliação que nos permita lançar doutoramentos nesta escola.



PONTOS DE VISTA FUSÕES & AQUISIÇÕES

“Portugal oferece um contexto muito interessante para investimentos, o que poderá potenciar as operações de F&A” A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Bernardo Maciel, CEO da Yunit Consulting, uma marca de excelência que tem como desiderato principal apoiar as PME lusas a estarem bem preparadas, promovendo a sua competitividade e capacidade inovadora. O tema principal passou pela vertente das Fusões e Aquisições em Portugal e o papel que a Yunit Consulting tem neste setor de enorme crescimento e potencial, até porque Portugal é um dos países que promove um cenário interessante no domínio de investimentos numa lógica de proximidade, o que poderá potenciar as operações de F&A no nosso país.

A

Yunit Consulting é o principal parceiro das empresas portuguesas, do pensamento estratégico à implementação da mudança, inspirado no estado da arte e nas melhores práticas de gestão. Com um percurso pautado por ousadia, confiança, transparência e compromisso, quem é hoje esta empresa? A Yunit é hoje uma PME, com 37 colaboradores com experiências e percursos distintos que tem como foco a criação de valor nas empresas. Sermos uma PME e termos contextos e desafios semelhantes aos dos nossos clientes, coloca-nos numa posição privilegiada para conseguir identificar e diagnosticar as mudanças no mercado, traduzi-las para o contexto de cada empresa, apoiar a sua mudança e continuar a criar valor nos nossos clientes. Fazemos da diversidade de competências e da sua melhor combinação em cada projeto/cliente uma das nossas principais vantagens competitivas. A abordagem holística às necessidades das empresas é um imperativo critico pois já não há soluções fechadas e estanques. A capacidade de diagnosticar o momento de intervenção e projetar o impacto desta nas diferentes áreas do negócio exige competências diversas e complementares. Este tem sido o nosso compromisso. A missão da Yunit Consulting é apoiar as PME portuguesas a estarem bem preparadas, tornando-as mais competitivas. Que soluções específicas e orientadas para o crescimento e a eficiência dos clientes a marca apresenta no mercado? O nosso propósito é apoiar as

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BERNARDO MACIEL

empresas a tomar melhores decisões para um crescimento contínuo da sua competitividade. Por isso, a nossa oferta está focada no apoio à Capitalização e ao Investimento, sobretudo através de incentivos financeiros e fiscais, Gestão da Inovação, Eficiência Operacional e Consultoria Financeira. Com este posicionamento procuramos reunir competências o mais complementares ajustando a resposta às necessidades das empresas. Temos por isso pessoas das mais diferentes áreas: economia, finanças e gestão ou engenharia (Biomédica, Mecânica, Física, Eletrónica, etc.) Adicionalmente, temos uma equipa especializada em Corporate Finance com

serviços que vão desde a Avaliação de Empresas às Fusões e Aquisições. As empresas têm de continuamente criar valor no mercado em que atuam e as Fusões e Aquisições representam uma das opções estratégicas mais rápidas e eficazes para as organizações diversificarem as suas atividades e se tornarem mais inovadoras e competitivas. De que forma a Yunit Consulting atua nesta área de forma a ajudar as empresas a alcançar sinergias financeiras? Há dois grandes desafios históricos e críticos para a competitividade e sobrevivência no mercado que as empresas têm vindo a adiar

enfrentar: a capacidade de inovar e a descapitalização estrutural. A boa notícia é que hoje as PME nacionais têm um contexto altamente favorável à sua transformação e ao investimento, seja pelos imperativos de um novo contexto na economia e no mundo, mas também pelo conjunto de medidas e estímulos que a União Europeia e o Governo têm disponibilizado: Portugal 2020, PRR e o novo Portugal 2030. Olhando de forma desinibida para diferentes formas de atuação, pode estar aí o segredo do crescimento: ponderar alianças estratégicas, equacionar fusões e aquisições e avaliar outros instrumentos para financiar o investimento (Venture Capital e outros).


PONTOS DE VISTA FUSÕES & AQUISIÇÕES

Este “olhar com novas lentes” pode ser potenciado apoiado em especialistas como a Yunit que proporciona às empresas a rede e o conforto necessários para avaliarem estas alternativas estratégicas, determinantes e decisivas para a inovação e competitividade do nosso tecido empresarial. Sabe-se que o mercado português de Fusões e Aquisições registou 553 transações no valor de 19.200 milhões de euros em 2021 – mais 31% das operações e 2% do capital mobilizado do que em 2020. Na sua perspetiva, quais os motivos que fomentaram este aumento? Destacaria alguns fatores que contribuíram para este crescimento: maior apetência por negócios com dimensão inferior a 10M€ (26% das transações em 2021 vs 20% em 2018); crescimento do mercado de Private Equity (51 transações em setores como a cerâmica, papel e plásticos, distribuição e saúde); sucesso no desinvestimento das Sociedades de Capital de Risco em projetos maduros aportando mais liquidez no mercado e um elevado dinamismo de investimento em start-ups e negócios com elevado potencial de crescimento (113 operações, maioritariamente na área da tecnologia e saúde). Saliento, também, o contributo do Banco Português de Fomento, com a abertura de novas linhas de financiamento: Linha de Recapitalização Estratégica destinada a PME e MidCap de interesse estratégico nacional e que pretendam promover a sua expansão, consolidação e o desenvolvimento de novas áreas de negócio e produtos; Linha de Fundos de Capital de Risco que apoia projetos que ainda não tenham operado no mercado e até 7 anos desde a primeira venda comercial ou empresas que pretendam entrar num novo mercado; Programa Consolidar para PME e MidCap impactadas pela pandemia, mas economicamente viáveis e com potencial de recuperação. Com todas as lições que a pandemia nos trouxe, os empresários deverão manter-se atentos à forma como o acelerado ritmo de mudança pode impactar o mercado. Assim, após um ano recorde F&A, considera que o nível de atividade poderá continuar robusto em

2022? Quais são as perspetivas da Yunit para os próximos meses? As alterações estruturais ao longo da última década em Portugal que referi atrás (elevada liquidez e processos de desinvestimento bem-sucedidos das Private Equity e novas dinâmicas de capitalização introduzidas pelo Banco Português do Fomento) mantêm um contexto favorável à sua dinâmica, principalmente em alguns setores: TIC (foco na digitalização e cibersegurança); Imobiliário (visando reduzir risco - setor da hotelaria); Agrícola (especialmente nas culturas de olival, vinha e amêndoa); energias renováveis e empresas compliance com os critérios ESG. Por último, as alterações macroeconómicas com impacto nos custos das empresas (subida dos preços dos transportes, energia e outras matérias-primas) que pode gerar um aumento dos níveis de endividamento das empresas. As recentes alterações legislativas efetuadas no âmbito do Programa Especial de Revitalização (PER) e do Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas (RERE) proporcionam um contexto favorável à sua revitalização, estimulando movimentos de aquisição de empresas para posterior reestruturação. É exemplo disso o crescimento do número de Fundos de Private Equity em Portugal focados neste tipo de operações. Numa altura em que os investidores têm liquidez e procuram estabilidade e confiança, Portugal oferece um contexto muito interessante para investimentos numa lógica de proximidade, o que poderá potenciar as operações de F&A no nosso país.

“O NOSSO PROPÓSITO É APOIAR AS EMPRESAS A TOMAR MELHORES DECISÕES PARA UM CRESCIMENTO CONTÍNUO DA SUA COMPETITIVIDADE” enquanto parceiro das empresas na melhoria da performance estratégica, financeira e na criação de valor. Fazer crescer um negócio não é tarefa fácil, exige dedicação, persistência e atenção permanente, por isso, o nosso

papel é encontrar soluções para aumentar a capacidade das empresas nos seus projetos de investimento, permitindo-lhes foco total no seu negócio melhorando a sua competitividade num mercado global. ▪

Do ponto de vista da atividade da Yunit Consulting face às constantes mudanças que temos vindo a assistir, de que forma irá continuar a acompanhar a evolução de cada empresa, seja na captação de fundos, na otimização de custos, na expansão para novos mercados ou outras necessidades? Dada a descapitalização histórica das empresas portuguesas, mas também como consequência do contexto dos últimos dois anos, tem havido um foco na melhoria dos rácios económico-financeiros por forma fazer face a um novo ciclo de investimento. Reforçamos o nosso posicionamento

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“A RETAIL MIND TEM A VISÃO DE SER UMA REFERÊNCIA NO MERCADO IBÉRICO, E, PORTANTO, SENTIMOS A NECESSIDADE DE ESTAR FISICAMENTE PRESENTES EM ESPANHA PORQUE O MERCADO É DE TAL FORMA VASTO E ALARGADO QUE TRAZ IMENSAS OPORTUNIDADES” VÍTOR ROCHA


PONTOS DE VISTA RETALHO – DIGITALIZAÇÃO E NOVO PROJETO RETAIL PARK

“Queremos traçar um Futuro em Uníssono com os nossos Clientes” Orgulhosamente uma marca de referência no setor do retalho, em Portugal e além-fronteiras, a Retail Mind celebra a sua primeira década de história este ano. Em entrevista com a Revista Pontos de Vista, o CEO, Vítor Rocha, garantiu que este é um caminho que só foi possível traçar porque “caminhamos lado a lado com os clientes e temos uma equipa experiente e muito dedicada”. Foi sobre esta comemoração e outros temas de igual importância que se desdobrou a conversa. Fique a par.

A

Retail Mind – Global Retail Services, fundada em setembro de 2012, nasce da necessidade de oferecer uma maior visibilidade às marcas de retalho, num mercado que, já na época, se mostrava exigente e competitivo. É, portanto, uma empresa de gestão de marcas alavancada por pessoas com experiência na área do retalho. “O objetivo destas pessoas e o meu, aquando da criação da marca, foi evoluir na carreira, servir os clientes e prestar apoio às marcas, o que é alicerçado em anos de experiência que todos já tínhamos na gestão de centros comerciais”, inicia o interlocutor. Fruto de um know-how inegável, estes são os profissionais que desde sempre, contaram com uma visão global e holística no que diz respeito ao mercado de retalho, o que conferiu uma evolução extraordinária à Retail Mind em “apenas” dez anos de vida. Para além disso, o CEO garante que apoiar as empresas na melhoria dos seus resultados, nos seus processos de expansão e a busca de um rumo sustentado nos valores de cada organização, foi e continua a ser o propósito da qual a equipa nunca se desviou. RETAIL MIND: 10 ANOS DE EVOLUÇÃO Atualmente, esta é uma marca que se posiciona no mercado como uma consultora especializada em gestão e expansão de marcas, que opera em centros comerciais, bem como em lojas de rua, dando uma resposta dinâmica a duas realidades tão distintas. Segundo o CEO, “inicialmente estávamos apenas concentrados nos centros comerciais, uma vez que a equipa era – e é – expert nesta área. Mas com o passar dos anos e a evolução da marca, fomos constatando que existia a necessidade de alargar horizontes e estar perto das pessoas que diariamente circulam nas ruas, em espaços de referência nas cidades portuguesas. Portugal tem de facto algumas ruas em várias cidades, que são icónicas e que as pessoas fazem questão de visitar. Percebemos que as marcas gostariam de estar presentes nestas ruas, o que nos obrigou a ir de encontro com as necessidades e a ajustar o nosso know-how sobre aquelas que eram e são as necessidades, as


PONTOS DE VISTA RETALHO – DIGITALIZAÇÃO E NOVO PROJETO RETAIL PARK

vicissitudes do negócio de rua, bem como as vantagens... portanto adaptámo-nos e apostámos nessas duas realidades, fruto também do crescimento das marcas porque a certa altura os centros comerciais não eram suficientes para receber todas as necessidades que os consumidores têm. As lojas que temos em rua têm dinamismo interessante e acreditamos que é uma tendências que se vai ao longo dos anos”. Enquanto empresa visionária em desenvolver marcas e contribuir para que o ADN das mesmas marque presença na história do retalho, a Retail Mind tem vindo a assessorar a expansão de dezenas tanto nacionais como internacionais. Aqui, o papel da Retail Mind, é, desde o primeiro momento encontrar os passos necessários, negociar com os proprietários das marcas, e fazer um acompanhamento exímio das mesmas. Por isso mesmo, são “parceiros para a vida”. Isto porque, “depois das lojas abrirem continuamos sempre ligados aos clientes e sempre que é necessário intervir, seja para renovar o contrato, seja para mudar a localização da loja, fazemos sempre um acompanhamento, o que significa que para o bem e para o mal, estamos juntos. Não é um negócio de one shot, mas sim um vínculo de médio/longo prazo”, sustenta Vítor Rocha. Para além da expansão e gestão de marcas, a marca apresenta ainda serviços de franchising, distribuição e private label, fusões e aquisições, consultoria financeira, estudos de mercado e gestão de obras e projetos. Todos eles sempre com a mesma missão: proporcionar aos parceiros e clientes, novas e melhores oportunidades de negócio, crescimento e afirmação no mercado retalhista. O INESPERADO E POSITIVO IMPACTO DA PANDEMIA É inevitável abordar a pandemia da Covid-19 que durante dois anos assolou todos os setores de atividade e em muito obrigou a mudanças no seio de cada empresa. No caso da Retail Mind, não foi diferente, uma vez que o mundo se deparou com algo completamente extraordinário e diferente de tudo o que se tinha vivido até à data. Quem o garante é o entrevistado, “de um momento para o outro vimos lojas fechadas, os clientes bastante preocupados com aquilo que era o futuro do seu negócio e nós por estarmos ligados a eles, obviamente padecemos do mesmo problema, porque o nosso negócio passou a obrigar-nos a estar constantemente em reuniões com os centros comerciais e com os proprietários das lojas de rua a avaliar o que, em conjunto, poderíamos fazer para sair por cima deste problema”, acrescentando ainda que “vivemos os mesmos problemas que os nossos clientes viveram, e portanto, hoje não diria que já esquecemos, mas de facto posso dizer que conseguimos ultrapassar - com a força de uma equipa e clientes fantásticos – de forma mais leve e sem nenhum impacto negativo para a empresa”. E se muitos foram os impactos negativos sentidos nas mais diversas áreas e na vida de toda a sociedade, para a Retail Mind, apesar de terem sido dois anos inegavelmente difíceis, a empresa, no ano de 2021 cresceu face aos anos anteriores, tendo este sido o melhor ano em termos de faturação. O que

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só pode ser um motivo de orgulho e força para quem desta família faz parte. “Acreditamos que este ano de 2022, também irá ser igualmente positivo. Estamos muito otimistas com o futuro”, sustenta Vítor Rocha. Período pandémico ultrapassado com sucesso, é agora o momento de continuar o caminho traçado até ao momento. E que diversificado tem sido o trajeto desta empresa! “Consideramos que somos um change management no mercado do retalho, únicos naquilo que fazemos na plenitude de serviços, e, portanto, diversificamos bastante na área do retalho com novas marcas, nas empresas e nos setores de atividade. Temos vindo a presenciar algumas oportunidades de investimento na área imobiliária de retalho, nomeadamente os Retail Parks e, portanto, posso adiantar que muito em breve vamos ter uma nova estrutura em Espanha. Assim, acabamos por estar de certa forma diversificados e não concentramos o negócio num só setor de atividade, nem num só serviço, esse é que tem vindo a ser esse o nosso caminho, e é isso que nos distingue, com a nossa capacidade de adaptação e resiliência face aos desafios e resultados que temos tido, dá-nos força para continuar a divergir, sem nunca nos desviarmos daquilo em que somos bons, procurando sempre melhorar alguns serviços”, garante o CEO da marca. INTERNACIONALIZAÇÃO Atuar com empresas a nível nacional e internacional, bem como apoiar o seu crescimento sustentado, é, sem dúvida, uma das maiores dinâmicas da Retail Mind. A internacionalização é um dos capítulos que mais marcam a história da marca, no entanto, a atuação nestes mercados em nada se diferencia da atuação no mercado português. Segundo o interlocutor, “a entrada nos mercados internacionais tem a mesma origem que a nossa atuação no mercado português, isto é, o apoio às marcas e à expansão das mesmas. Quando abordámos novos mercados internacionais entendemos que aquilo que é o nosso core business será de facto entrar neste segmento de consultoria de serviços na área do retalho, e, portanto, o objetivo é não diferenciar a nossa estratégia. Queremos marcar a Retail Mind por ter um ADN próprio e é este ADN que nos fortalece e diferencia”. A verdade é que a Retail Mind está presente, - e bem – em vários mercados internacionais. O mercado Espanhol está em constante ascensão, fruto, mais uma vez da equipa multidisciplinar que tanto caracteriza a marca. O acompanhamento deste mercado foi, até à data realizado à distância, no entanto, é já a partir deste ano que a Retail Mind irá inaugurar os escritórios em Madrid. O que é mais uma grande conquista, uma vez que, o objetivo principal é precisamente cimentar a posição neste espaço. Para além disso, “temos também um partner a colaborar connosco na Colômbia, onde estamos ativamente a desenvolver determinados negócios na mesma área de atividade”. Dúvidas não restam, “a Retail Mind tem a visão de ser uma referência no mercado Ibérico, e, portanto, sentimos a necessidade de estar fisicamente

“CONSIDERAMOS QUE SOMOS UM CHANGE MANAGEMENT NO MERCADO DO RETALHO, ÚNICOS NAQUILO QUE FAZEMOS NA PLENITUDE DE SERVIÇOS, E, PORTANTO, DIVERSIFICAMOS BASTANTE NA ÁREA DO RETALHO COM NOVAS MARCAS, NAS EMPRESAS E NOS SETORES DE ATIVIDADE”

presentes em Espanha porque o mercado é de tal forma vasto e alargado que traz imensas oportunidades”, garante o CEO. MARCA PIONEIRA NA DIGITALIZAÇÃO Certo é que no domínio da orgânica da empresa, a inovação, a par da digitalização são imprescindíveis, e tornaram-se, portanto, um cartão de visita da mesma. O que permite afirmar que estes dez anos de experiência, combinados com a diversidade de clientes, parceiros e serviços inovadores, confere uma resposta eficiente, inovadora e digital a todos os desafios impostos. O CEO afirma que “a inovação é algo que nós de forma implícita tentamos – nos materiais que usamos, na comunicação que fazemos, nos próprios sistemas de informação que usamos – que seja uma peça basilar da nossa empresa e da nossa evolução. Estamos devidamente focados na inovação, agora e nos próximos anos. Criar novos sistemas, novas formas de interação com os nossos clientes e com os nossos parceiros de negócio é uma prioridade”. Em que moldes é que podemos, então, analisar esta forte aposta na inovação? Vítor Rocha garante que, “internamente, estão a ser desenvolvidos os nossos meios audiovi-


PONTOS DE VISTA RETALHO – DIGITALIZAÇÃO E NOVO PROJETO RETAIL PARK

suais, o nosso próprio website, sistemas de informação estão em constante evolução, vamos também lançar um novo site ainda este ano, e estamos a desenvolver ferramentas que ainda não são perceptíveis mas queremos que durante este ano, que é o ano em que celebramos dez anos, nos ajudem a cimentar e ter uma percepção mais clara do que é a Retail Mind.” A par da inovação, a digitalização é também um desiderato da empresa. Isto porque, de facto, existe uma necessidade de digitalizar e do omnichannel que tanto se ouve falar no mercado do retalho nos últimos anos. “Sentimos a necessidade de ter uma área dentro da empresa dedicada apenas ao Marketing Digital. Temos uma pessoa a full time na área do design também, que desenvolve ferramentas internas e externas para clientes, e temos desde há uns meses uma diretora de marketing que está focada em tudo o que é questões de apoio a clientes e também a projetos imobiliários onde estamos envolvidos”, sustenta o entrevistado. O objetivo é precisamente desenvolver determinados departamentos coesos e sustentados no seio da empresa, que no futuro façam sentido, até para que exista um spin-off para os mais diversos mer-

cados, que “espelhe os serviços que a Retail Mind oferece ao mercado externo”. Na realidade, é legítimo afirmar que, aos dias que correm, esta aposta na digitalização coloca qualquer empresa noutro patamar, e inevitavelmente, quem não acompanha as tendências, perde “terreno”. NOVO PROJETO RETAIL PARK SUDOESTE O grande projeto da Retail Mind para o ano de 2022, o Sudoeste Retail Park, será inaugurado já no dia 9 de junho de 2022 e abrirá ao público, no dia seguinte, a 10 de Junho, junto à rotunda de Alcantarilha, e albergará cerca de 20 marcas. Segundo Vítor Rocha, “este é um projeto que foi um sucesso em termos de comercialização, tivemos uma recetividade enorme por parte das marcas, que inclusive nos têm desafiado para mais projetos. Tem um pouco de todos os setores de atividade, e fará uma diferença enorme na região do Algarve. É um projeto na qual estivemos envolvidos nos últimos anos, e onde investimos muitas das nossas energias. Acreditamos que este é um modelo de negócio que vai marcar pela diferença naquela região do Algarve, até porque é um projeto que face à

sua localização faz todo o sentido: tem excelentes acessos e é uma zona que precisa de uma dinâmica. É um projeto que certamente terá a sua própria referência e que poderá suplantar o que já foi feito – e bem feito – no Algarve”. Para além deste, existe também outro projeto em Cantanhede, que está já 100% comercializado. Futuramente, o propósito da marca não deixará de ser continuar o legado que até agora construíram, portanto, inovação, proximidade e excelência são as palavras de ordem. É com todo o otimismo que o diretor da marca prevê os próximos tempos, isto porque, “somos uma empresa resiliente, capaz de se adaptar aos desafios que nos têm sido impostos e portanto o objetivo de futuro é consolidar a operação ibérica, cimentar novos mercados onde, de forma paulatina, consigamos estabilizar e marcar o nosso ADN como gestores de marcas de retalho. Iremos também continuar a diversificar os setores de atividade, o que de alguma forma nos irá permitir não só adquirir mais know-how, mais inputs, mas também ajudar os nossos clientes a terem mais capacidade para desenvolver os seus negócios da melhor forma. Queremos traçar um futuro em uníssono com os nossos clientes”, termina. ▪

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PONTOS DE VISTA RETALHO EM PORTUGAL

CARLA ESTEVES, DIRETORA EXECUTIVA DA UNIMARK E DA REDE AQUI É FRESCO

“A Pandemia impulsionou o Comércio Digital” O ano de 2020, marcado pelo início de uma pandemia, fez-nos reagir rapidamente e acompanhar as novas tendências de mercado. Levou a impulsionar, pelas razões óbvias, o comércio digital.

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erante esta nova realidade, o comércio de proximidade começou a fazer parte da vida e do quotidiano da maioria das famílias portuguesas. Os portugueses puderam contar, quando mais precisaram, com este canal de comercialização que, desde sempre, nos habituou a ter do outro lado do balcão quem nos conhece pelo nome e sabe as nossas preferências. Com os meios digitais, nomeadamente as redes sociais onde estamos presentes e ativos, a serem âncoras para estarmos perto dos nossos aderentes e consumidores, assistimos a uma comunhão de interesses entre o retalho e a indústria. O “Novo Consumo” obrigou-nos a reagir, a concentrar esforços na gestão da resiliência e construção da recuperação, tornando-se imperativo identificar o que é relevante para os clientes, assim como adotar as medidas necessárias. Devido à concorrência crescente entre mercados, consideramos que inovar e ser criativo são dois fatores fundamentais para o sucesso de qualquer empresa. Atualmente, temos já retalhistas com capacidade de cumprir as encomendas online, de forma flexível, eficiente e rentável. Tais medidas contribuíram para que, atualmente, já a viver o “novo normal”, exista uma maior flexibilidade na utilização dos meios digitais à nossa disposição e, hoje, conseguimos reagir e adaptarmo-nos, de forma mais célere, a mudanças repentinas da indústria que têm sido, igualmente, uma componente vital do nosso sucesso, nos últimos 18 meses. O retalho alimentar adaptou-se, inovou e, em muitos casos, antecipou medidas e mostrou uma resiliência fora do comum. Se falarmos do consumo e dos consumidores, acredito que estamos perante um novo paradigma que tem muito de racional, de alteração de comportamentos face à inexistência de uma compra por impulso, face a uma realidade que vai pairar sobre todos. Vem aí um momento muito difícil para o consumo, fruto de uma restrição financeira que todos vamos sentir. Sentimos, igualmente, que os consumidores estão cada vez mais exigentes. É, por isso, muito importante trabalhar com a tecnologia, os processos, mas, acima de tudo, com as pessoas, de forma a satisfazer as expectativas dos nossos clientes.

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O nosso compromisso é, acima de tudo, acompanhar o consumidor e as suas necessidades. Ou seja, estamos sempre em constante evolução e, nestes últimos tempos, a um ritmo mais acelerado. Para além de incentivarmos as nossas lojas a adotarem medidas próprias, também desenvolvemos mecanismos para uma experiência cada vez mais próxima – acabámos de lançar o nosso cartão de fidelização, disponível nas lojas aderentes, de norte a sul do país, de modo a investir numa relação a longo prazo. Para além de reforçar a ligação com os consumidores, irá ainda facilitar todo o processo de compras. A transição para o digital também tem sido uma das nossas prioridades: apoiamos a criação de sites e vendas online de cada uma das lojas da rede. Ainda nesta esfera, não podemos deixar de referir que, em outubro de 2020, fomos pioneiros na organização da primeira convenção digital da rede de comércio de proximidade e do retalho nacional, com a X Convenção Anual Aqui é Fresco, repetindo, em maio/junho de 2021, a concretização da XI Convenção Digital, onde registámos resultados ainda mais surpreendentes. Estamos a acompanhar o inevitável crescimento do online, mas sem nunca esquecer o fator humano, característica diferenciadora da nossa forma de estar neste mercado. Houve uma reação imediata, uma agilidade muito grande e uma capacidade de fazer acontecer muito rápida, o que nos faz acreditar no futuro e na importância e pertinência crescente do comércio de proximidade. Definitivamente, somos hoje uma empresa mais preparada! “O COMÉRCIO NA DISTRIBUIÇÃO MODERNA” A rede Aqui é Fresco lançou o cartão de fidelização, instrumento que oferece benefícios aos consumidores mais assíduos das lojas da insígnia, tais como ofertas e vantagens exclusivas com as compras realizadas. Os clientes aderentes vão ter acesso a campanhas e promoções de produtos comercializados pela rede Aqui é Fresco, através de descontos diretos, acumulação de valor em cartão ou cross-

-selling. Importa ainda salientar que o saldo disponível pode ser utilizado em qualquer loja aderente, de norte a sul do país. Este novo cartão é considerado por Carla Esteves, diretora-executiva da rede Aqui é Fresco, “uma ferramenta de comunicação que pretende não só estreitar e reforçar a relação entre o consumidor e as lojas da marca, mas também agilizar e facilitar todo o processo de compras”. Nesse sentido, com o comércio de proximidade a ganhar terreno, sobretudo dada a situação pandémica que o mundo está a atravessar, “queremos tornar a experiência dos clientes nas nossas lojas aderentes ainda mais próxima, apostando, desta forma, numa relação win-win e a longo prazo”, explica a responsável. AQUI É FRESCO Com possibilidade de escolha entre o formato digital ou físico, esta iniciativa está ligada a um microsite, no qual é possível acompanhar em tempo real os movimentos efetuados, assim como consultar as campanhas disponíveis e ainda editar quaisquer dados de registo. Para utilizar o novo cartão de fidelização da rede Aqui é Fresco nas 35 lojas já aderentes é apenas necessário indicar o nome e número de telemóvel associado, ou apresentá-lo fisicamente, caso tenha optado por esse modelo. O seu registo é gratuito, efetuado na hora em qualquer loja aderente ou online, através do microsite. TRANSIÇÃO DIGITAL O Aqui é Fresco tem acompanhado a transição digital do setor, bem como as necessidades dos seus consumidores, e, além do lançamento do cartão de fidelização, a rede realizou no passado mês de junho, a sua Convenção Anual, que assumiu um formato 100% digital, pelo segundo ano consecutivo. Subordinada ao tema “Sempre próximo de Si”, a edição de 2021 contou com cerca de 2000 convidados, entre eles clientes, retalhistas, grossistas, fornecedores e potenciais aderentes. A iniciativa obteve um volume total de negócios acima dos 3,5 milhões de euros, mais um milhão de euros do que o ano anterior. ▪


“O NOSSO COMPROMISSO É, ACIMA DE TUDO, ACOMPANHAR O CONSUMIDOR E AS SUAS NECESSIDADES. OU SEJA, ESTAMOS SEMPRE EM CONSTANTE EVOLUÇÃO E, NESTES ÚLTIMOS TEMPOS, A UM RITMO MAIS ACELERADO” CARLA ESTEVES, DIRETORA EXECUTIVA DA UNIMARK E DA REDE AQUI É FRESCO


PONTOS DE VISTA PROMOVER PAREDES

DA ESQUERDA PARA A DIREITA: FILIPA SILVA, ANA BARBOSA, SILVESTRE CARNEIRO (PRESIDENTE), JOSÉ DIAS, CIDÁLIA FERREIRA, LUÍS NEVES, HELENA SOARES E ADRIANA PACHECO

“A ASEP pretende Valorizar e Evoluir o Concelho e os seus Empresários” “A Associação de Empresas de Paredes, abreviadamente designada por ASEP é uma Associação patronal de empresários, sem fins lucrativos e que trabalha para e por Paredes”, quem o afirma é Silvestre Carneiro, Presidente da mesma. Em entrevista à Revista Pontos de Vista contou, ainda, as metas e as ambições que se pretendem alcançar no futuro.

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Associação de Empresas de Paredes, abreviadamente designada por ASEP, é uma Associação patronal de empresários paredenses, sem fins lucrativos. De que forma, a mesma, tem promovido o desenvolvimento das atividades económicas, em diversas vertentes do respetivo concelho? A Associação de Empresas de Paredes - ASEP surgiu para promover o desenvolvimento das atividades económicas do concelho de Paredes, nos domínios técnico, económico, comercial, associativo e outros e, em especial, assegurar aos seus associados uma crescente participação nas decisões e nos programas que com estas atividades se relacionem. Desta forma, com a atual Presidência, a partir do dia 28 de janeiro, foram delineados objetivos a curto e longo prazo que assentam no crescimento, a nível geral, do Município de Paredes, assim como projetos e atividades que proporcionam vantagens exclusivas para os associados. Durante os três meses da nova liderança, a Associação desenvolveu um projeto piloto em parceria com a Câmara Municipal de Paredes e os Agrupamentos de Escolas do

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Concelho, designado de “A Vida à Porta”. Com o intuito de sensibilizar os jovens estudantes para o contexto real do mercado de trabalho, este projeto possibilita conhecer, no “terreno”, as oportunidades de emprego no concelho de Paredes, nos diferentes setores de atividade. A iniciativa alerta os estudantes para a necessidade de profissionais qualificados, em diferentes áreas, para que possam adquirir competências, aprender “uma arte” e receber a formação e a ajuda das empresas adequada para futuramente integrarem o mercado de trabalho local. O projeto visa dar a conhecer aos jovens estudantes, que não se reveem num percurso de nível superior, as alternativas que existem em termos profissionais e de qualificação mostrando-lhes estas dinâmicas empresariais. A visita a várias empresas do concelho de Paredes, nas mais diferentes áreas, vai colocá-los em sintonia com a realidade do tecido empresarial atual. Até à data foram realizadas quatro visitas a empresas com atividades económicas diferentes. Além disto, este novo rosto da ASEP, pretende estar em constante contacto com os seus Asso-

ciados e com o comércio local do Município e por isso, já iniciei as visitas regulares, aos sábados com estes. Quão importante é existir uma Associação como a ASEP, para representar os seus associados e assegurar a sua representação em todos os organismos, privados e públicos? A Associação de Empresas de Paredes, abreviadamente designada por ASEP é uma Associação patronal de empresários, sem fins lucrativos e que trabalha para e por Paredes. Desta forma, representará os seus associados e assegurará a sua representação em todos os organismos, privados e públicos, que, por lei ou convite, lhe sejam atribuídos. Podem ser sócios da Associação as pessoas singulares ou coletivas, proprietárias de empresas ou entidades similares, constituídas sobre qualquer forma em direito admitida. Com o foco nos seus Associados, a Presidência atual, desde o início, delineou como objetivo manter uma relação direta e constante com os seus membros e, no seguimento desta, a ASEP dispõe de apoio contabilístico e jurídico, com


PONTOS DE VISTA PROMOVER PAREDES

profissionais de excelência no suporte. Além disto, vão ser criadas sessões sobre os mais variados temas, sempre com personalidades de alta qualidade e com temas pertinentes para a evolução dos empresários. A primeira sessão será no próximo dia 17 de maio, com a ordem dos contabilistas. A ASEP pretende valorizar e evoluir o concelho e os seus empresários e, no âmbito disto, a visão da ASEP tem por fim promover o desenvolvimento das atividades económicas do concelho nos domínios técnico, económico, comercial e por isso disponibiliza o Projeto Formação-Ação que procura fomentar uma combinação virtuosa entre o domínio da Competitividade e Internacionalização, promovendo a formação dos empresários e gestores para a reorganização e melhoria das capacidades de gestão, assim como dos trabalhadores das empresas, apoiada em temáticas associadas à inovação e à mudança na região do Norte. Com o intuito de criar incentivos aos seus Associados e futuros Associados, a ASEP tem vindo a criar protocolos exclusivos, com vantagens específicas e variadas. Desta forma, a Associação tem protocolo com empresas de vários setores, nomeadamente com o Meu Hotel Gandra Porto, com a SVA – Serviços Auto, com a AOliveira Seguros, com a Opticalia, com foco nos produtos e serviços oftálmicos; e com a Preventfire, empresa dedicada a serviços de segurança privada, segurança contra incêndios a higiene e segurança no trabalho. A Associação de Empresas de Paredes pretende alargar as suas parcerias e estreitar, ainda mais, a sua relação com os associados e por isso está estabelecido aumentar o leque de uniões, tendo em vista criar parcerias futuras. A ASEP, nos dias 21 a 24 de abril esteve presente na Exporthome, na Exponor e, através disto, foi possível perceber que as feiras na Exponor não têm a importância que tinham há uns anos atrás, por isso, e de forma a elevar o nome da Exponor, como grande centro de eventos que é, e valorizar, ainda mais, o setor do mobiliário português a nível internacional, a Associação solicitou uma reunião com a responsável do local, com todas as Associações interligadas ao ramo mobiliário, como a Associação Empresarial da Maia, Braga, Gondomar, Paços de Ferreira, Santa Maria da Feira, Porto, Oliveira de Azeméis, Penafiel, Baixo Ave, Associação Comercial e Industrial da Marinha Grande e Associação Comercial e Industrial da Bairrada e Aguieira e as entidades com ligações ao ramo, o IAPMEI, AIMP, APIMA, com o intuito de posteriormente requisitar ao Ministro da Economia que as feiras realizadas na Exponor entrem no roteiro das feiras internacionais, de forma a torná-las mais apelativas e cativar uma maior atenção por parte dos empresários. Este pedido de reunião já foi aceite pela pessoa responsável da Exponor, que por sua vez já esta a agilizar o processo para efetivamente a reunião ser realizada, sendo que a ideia de internacionalizar ainda mais, não só o local em si e os eventos, mas também os empresários portugueses, foi do agrado da mesma.

denses e as pessoas que visitam paredes para os eventos desportivos, comerciais e indústria possam levar uma recordação do nosso concelho. O objetivo é expandir esta iniciativa a todos os locais do Município, aumentar os produtos representativos, criar mais símbolos que identifiquem o concelho e fazer com que a Marca Paredes represente, na totalidade, a cidade e lhe dê a notoriedade e a grandiosidade que merece.

SILVESTRE CARNEIRO

“As Associações são sempre relevantes, mas é em períodos de dificuldade como o que estamos a atravessar, que se tornam verdadeiramente essenciais, quer na defesa da classe e do setor que representam, quer na cooperação com entidades públicas e privadas. É nestes períodos que a união de todos incentiva e promove a troca de ideias, de sugestões, e como tal poderá ajudar a encontrar alternativas para diminuir o impacto da crise no dia-a-dia das empresas mas, principalmente, unir os cidadãos em prol do que fazemos e dos nossos valores. Com vista a integração do povo sénior do Concelho de Paredes a Asep irá desenvolver e promover projetos de arte e sua respetiva divulgação através de exposições no espaço público”, refere à Revista Pontos de Vista Silvestre Carneiro, Presidente da Associação Empresarial de Paredes.

A ASEP tem, de momento, diversas iniciativas a decorrer, estando sempre atenta ao próximo passo - e o projeto “Marca Paredes” é um exemplo disso mesmo. No que consiste este mesmo projeto e quais as metas que, através do mesmo, se pretendem alcançar? Além destes projetos inovadores citados anteriormente, de forma a complementar, a ASEP, criou ímanes alusivos à cidade de Paredes, com o respetivo mapa e símbolo do concelho. Estes ímanes são os primeiros atributos do projeto “Marca Paredes”, que surgiu como método para dar a conhecer o Município, dar notoriedade a todas as cidades e freguesias que o completam e para realçar, dentro do meio pessoal de cada paredense, o que é Paredes. Registamos a marca Amar Paredes e pretendemos desenvolver o merchandising de Paredes para que todos os Pare-

Em que medida o projeto “Marca Paredes” irá ressurgir o associativismo da ASEP e torná-la ainda mais resiliente? O projeto “Marca Paredes” vem reforçar o este espírito vanguardista e ativo que a ASEP tem. Com esta criação, a união dos paredenses vai ser maior na medida em que, uma Marca vai ter a voz de todos, “Um por todos e todos por um”, este é o lema da marca e objetivo primordial e principal. Procuramos a união de todos os Paredenses mesmo quem não tenha uma empresa, mas que ame a sua terra e tenha orgulho em qualquer parte do mundo de ser de Paredes. Se conseguirmos, que em Portugal, os portugueses identifiquem a região no mapa quando referirmos que somos de Paredes já será uma grande vitória para todos. Conseguir criar empreendimentos que não deixam a cidade perder o ritmo e estagnar, só demonstra que, se em menos de três meses, a Associação rejuvenesceu, a expectativa é grande e a força é um fator caracterizante da ASEP. Ao representar a ASEP através da Esonor, é uma peça fundamental nos passos dados (e a dar) pela Associação. Assim, que planos estão a ser traçados para o futuro da mesma? A que patamar gostaria de elevar a Associação nos próximos meses? Já com o pensamento no futuro, a Associação tem em vista enumeras atividades para os meses que se seguem, nomeadamente a “Noite Branca”; a Expo Paredes, onde todos os comerciantes do Município de Paredes têm oportunidade de estar presentes nesta feira e expor os seus produtos e a sua marca; o Evento “Dia do Conhecimento”, onde o propósito é motivar as empresas a perspetivarem o seu potencial e a acreditar que os desafios que surgem diariamente podem não ser um obstáculo, mas sim uma oportunidade para crescer e vencer, haverá um espaço de palestras, para partilha de conhecimento e experiências, destinado a empresários, inclui também uma zona de showroom, no qual várias marcas poderão interagir com os participantes do evento e vice-versa; e a Gala ASEP, com o objetivo de reunir todos os que se interessam por paredes e pelo mundo empresarial, expor todas as personalidades com talento e também dar notoriedade aos comerciantes antigos do Município. Elevar os seus Associados e os empresários do Município, fazer crescer o comércio e o talento em Paredes, é a meta para esta “nova” Associação. “Por Paredes. Para Paredes. Todos juntos vamos fazer o concelho crescer”. ▪

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PONTOS DE VISTA 9º ANIVERSÁRIO AESS

“É muito Gratificante observarmos os Resultados do nosso Trabalho” A Associação para o Desenvolvimento de uma Economia Solidária e Sustentável (AESS) completa nove anos de existência. É sobre a evolução, as ambições e os projetos por concretizar que Dulce Forte, Presidente da organização, e Aldina Costa, Gestora de Projetos da mesma, nos confidenciaram nesta entrevista de reflexão e propósito. Saiba tudo.

ALDINA COSTA E DULCE FORTE

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Associação para o Desenvolvimento de uma Economia Solidária e Sustentável (AESS) é uma Organização que atua no sentido de disponibilizar a toda a população informações e ferramentas úteis que promovam o consumo consciente e hábitos financeiros saudáveis. Ao completar nove anos de existência, como nos pode descrever a evolução da Associação até ao momento? Dulce Forte (DF) - Tal como no ser humano, que vive nos primeiros anos de existência um período muito intenso de aprendizagem e desenvolvimento, também a AESS teve o seu tempo de crescimento, adaptação e integração no mercado nestes nove anos de atividade. A AESS começou a sua atividade com foco num projeto relacionado com a Literacia Financeira. Este projeto que se iniciou com as crianças e para o qual foi concebido um livro específico (Curso de como Gerir o meu Dinheiro) foi sendo desenvolvido, à medida das solicitações, e conta atualmente com programas destinados

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a todos os públicos que vão desde as crianças do 1º ciclo aos jovens do ensino universitário, as famílias, os cidadãos com necessidades educativas especiais, os cidadãos de países estrangeiros acolhidos em Portugal, os cidadãos em risco de exclusão, nomeadamente jovens reclusos e famílias beneficiárias do RSI. De salientar que, alguns destes programas de Literacia Financeira, foram sendo complementados com módulos de empreendedorismo, empowerment, procura ativa de emprego e mentoria no desenvolvimento de ideias para criação da própria empresa ou negócio. Para a AESS enquanto organização, em consequência da pandemia, possivelmente resultou uma posição mais resiliente. Em nove anos, face a todos os desafios e oportunidades que surgiram no seu caminho, a AESS é hoje uma Associação mais firme e consciente das metas que pretende alcançar? De que metas estamos a falar? DF - Sim. Em nove anos de atividade muitos

foram os momentos em que tivemos que repensar e redefinir os nossos objetivos, mas isso deu-nos mais sustentabilidade e consolidou o nosso caminho. Atualmente concentramos as nossas atividades nos projetos e públicos, referidos anteriormente, em Portugal e vamos iniciar intervenções no exterior, nomeadamente nos PALOP, nas mesmas temáticas. Estamos focados na promoção e implementação dos nossos programas integrados e na internacionalização que estamos a fazer com passos pequenos, mas bem seguros. Estas intervenções no exterior começaram a ser preparadas há vários anos, mas devido à pandemia foram interrompidas e recomeçaram no corrente ano. Por outro lado, começámos também a estar integrados como parceiros em projetos europeus e pretendemos, além de manter estas parcerias, evoluir para projetos em que somos os promotores e líderes. Mas a nossa principal meta é sermos reconhecidos como uma entidade de referência em Literacia Financeira e Empreendedorismo.


PONTOS DE VISTA 9º ANIVERSÁRIO AESS

Ao longo dos tempos a AESS tem promovido e desenvolvido programas e projetos direcionados para toda a população, independentemente do estatuto, idade ou género. Neste sentido, que programas ou candidaturas estão a ser planeadas para o futuro a curto/médio prazo? Que temas, nestes programas, serão prioridade? Aldina Costa (AC) - A AESS tem uma candidatura em avaliação, no programa Erasmus+, que se integra especificamente na promoção da inclusão social de jovens em situação de exclusão social devido a comportamentos de risco. Neste programa pretende-se trabalhar o tema da literacia financeira nas várias vertentes: como instrumento de capacitação, de desenvolvimento pessoal, social e profissional e como contributo para consolidar uma geração economicamente mais consciente. Os níveis de literacia financeira da população portuguesa em geral são bastante baixos, tal como foi noticiado, no início do ano de 2022 pelo próprio BCE pelo que o tema continua a ser pertinente e primordial na educação dos jovens. Vamos ainda no decorrer deste ano, apresentar uma outra candidatura ao mesmo programa direcionada para adultos, na vertente aprendizagem ao longo da vida, também focada na literacia financeira. Continuamos a acreditar que este é um tema prioritário na economia nacional e europeia e, no entender da AESS, é também um dos pilares da sustentabilidade individual e consequentemente da sociedade e do futuro. É também com grande satisfação que podemos revelar a aprovação de um simpósio de cariz nacional e internacional sobre Empreendedorismo a realizar no início de 2023. Este simpósio tem como objetivo apresentar as várias dimensões do empreendedorismo por variados especialistas da economia global. Quão gratificante é, para a AESS, capacitar

os indivíduos para a inserção na sociedade e num mercado de trabalho cada vez mais competitivo e, sobretudo, valorizar todas as pessoas e os seus objetivos? AC - Num dos nossos programas, designado por “Matriz AESS” desconstruímos a nossa sigla (AESS) num conjunto de palavras transformadoras: A de Agir; E de Empreender; S de Selecionar e S de Sustentabilizar. Nesta matriz trabalhamos a capacitação dos indivíduos, nas suas variadas facetas, pelo desenvolvimento de competências. Preparamos as pessoas para enfrentar situações desafiadoras; munimo-las de conhecimentos e possibilidades de serem criativos, de solucionar problemas, de criar sugestões que se apresentem como possíveis alternativas. Trabalhamos a autonomia, a autoconfiança e simultaneamente estimulamos o desenvolvimento de habilidades e talentos, independentemente da personalidade da pessoa. Ao desenvolvermos estas competências estamos a capacitar. É muito gratificante observarmos os resultados do nosso trabalho. São inúmeros os projetos que apoiamos e acompanhamos, assistindo à evolução das competências individuais na gestão desses mesmos negócios. Também na preparação de pessoas em situação de desemprego para o regresso ao mercado de trabalho, ou nos momentos de reflexão e de maximiza-

ção do seu potencial, através de programas de coaching/mentoria sentimos que cumprimos o nosso papel. Não temos palavras que descrevam o quanto nos regozijamos pelo trabalho que desenvolvemos na AESS e também do retorno que recebemos dos que capacitamos. São nove anos a realizar sonhos e a construir futuros. Assim, que mensagem comemorativa nesta data especial gostaria de deixar a todos os intervenientes internos e externos do projeto? DF - A mensagem que deixamos a todos os que nos acompanham internamente (colaboradores, associados, consultores e formadores) e externamente (parceiros, clientes, beneficiários das nossas intervenções formativas e de coaching/mentoria) é que por muito difícil que nos pareça o caminho há sempre uma estrada para o fazer. Deixamos também a certeza de que o propósito da nossa existência se mantém inalterado: criar cidadãos financeiramente saudáveis. Por isso à questão “Dar o peixe ou ensinar a pescar?” respondemos desde o primeiro dia, e continuaremos a responder, que ensinamos a pescar! Por fim deixo uma mensagem de agradecimento e gratidão a todos os nos apoiam de forma direta e indireta porque sem esse apoio seria mais difícil fazer todo este percurso. ▪

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PONTOS DE VISTA 25 ANOS OPTICALIA ESONOR

anos de história

Opticalia Esonor-Olharlongo

São já 25 anos que marcam a história da Opticalia Esonor-Olhalongo. De forma a celebrar a efeméride, a CEO, Cidália Ferreira, conversou com a Revista Pontos de Vista, onde revelou, orgulhosamente, que “passados 25 anos só posso fazer uma avaliação muito positiva da construção da nossa marca”. Conheça mais sobre o que tem vindo a pautar o sucesso da empresa, bem como acerca dos projetos futuros.

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Opticalia, que conta com um sistema de associados de que a Esonor-Olharlongo faz parte, tem atualmente abertas inúmeras lojas espalhadas pelo território português. Completando agora 25 anos de existência, como nos pode descrever a evolução da marca no mercado e os grandes desafios e oportunidades que a permitiram estar lado a lado com os clientes? Foi em 1997 que decidi que queria ter o meu próprio negócio. Sempre me considerei uma pessoa empreendedora, trabalhadora e que não tem receio de desafios. É muito importante acreditarmos nos projetos, não baixarmos os braços e sabermos adaptar-nos ao mercado. Acima de tudo, não nos acomodarmos, procurarmos sempre mais e melhor, porque rapidamente as coisas se alteram de um momento para o outro e quem tem esta capacidade de resiliência e de adaptação rápida, são os negócios que saem fortalecidos e vencedores, tal como tivemos a prova recentemente com a pandemia. A Opticalia surgiu em 2012 como uma oportunidade de consolidar o negócio ainda mais, crescer e estar cada vez mais perto do cliente, daquilo que o move e do que procura. Foi muito importante eu conhecer a equipa que desenvolve a marca e saber do que são capazes, dos objetivos que estavam definidos e que se encontravam alinhados com o meu negócio e o potencial de crescimento que eu procurava. Além disso, era uma marca que vinha para agitar o mercado e a forma como se comunicava na ótica, sempre com uma

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do mais, é muito importante poder competir de igual para igual com grupos que já operavam no mercado. Assim sendo, passados 25 anos só posso fazer uma avaliação muito positiva da construção da nossa marca, dos desafios que ultrapassamos e do que nos esperam no futuro, sempre preparados para apresentar a melhor proposta de valor para o nosso cliente.

CIDÁLIA FERREIRA

atitude muito otimista e realista, com a qual me identifico, e daí que tenha sido das primeiras a associar-me ao grupo quando fui convidada a entrar em Maio de 2012. Acredito que entrei na altura certa, que naquela altura, mais do que nunca, era tempo de mudar. Que em tempos menos favoráveis economicamente é a altura certa para fazer mudanças e que esta foi uma aposta ganha. Foi possível crescer, ao associar-me à Opticalia, que me deu o impulso certo e que me ajudou a desenvolver o meu negócio e a inverter a tendência do mercado. Para além

Em tempo de aniversário (e, com certeza, de alguma reflexão), como tem vindo a ser o concretizar dos objetivos propostos pela Opticalia Esonor-Olharlongo? Tem sido sempre um processo feito à base de muito trabalho e dedicação. Sabe que há quem olhe para o sucesso dos outros e ache que foi muita sorte, mas o que essas pessoas não veem é que a sorte dá muito trabalho! Implica muita dedicação, muito empenho e também muito timing. Porque na vida há a altura certa para fazer as coisas e se não sabemos reconhecê-la por vezes perdemos oportunidades. Eu sempre tive um espírito empreendedor e de fazer as coisas acontecerem, não sou de estar parada, e quando vejo uma oportunidade em que acredito, agarro-a e faço acontecer. E tenho tido o apoio necessário da parte dos parceiros e família também para conseguir levar os projetos a bom porto. Claro que agora, com uma história de 25 anos, também tenho que reconhecer o orgulho que sinto, pelos sucessos que temos tido, e tenho que agradecer o apoio da equipa fantástica que trabalha na Opticalia Esonor-Olharlongo, que diariamente trabalha para concretizar junto


PONTOS DE VISTA 25 ANOS OPTICALIA ESONOR

Face às metas que se pretendem alcançar, quais são as expetativas que ambiciona ver cumpridas este ano pela marca? Para os próximos tempos, qual é o crescimento previsto? Queremos sempre mais e melhor. Faz parte do nosso ADN na Opticalia Esonor-Olharlongo. Temos esta necessidade de querer melhorar sempre. Por isso apostamos muito também na formação interna de todos os nossos colaboradores, seja para o seu crescimento a nível profissional, como também pessoal. Estaremos sempre atentos as oportunidades que possam surgir a nível de expansão.

dos clientes toda a filosofia e cultura da nossa empresa. Por outro lado, também acredito que não vivemos sozinhos e que o ambiente que nos rodeia, os negócios e as pessoas que nos permitem crescer e fazer parte duma comunidade são uma parte vital da nossa vida. Tentamos sempre retribuir de alguma forma, ajudar a trabalhar nas soluções dos problemas, para que possamos todos crescer e ser melhores como um todo, por isso mesmo temos definido na nossa empresa que sempre que nos for possível estaremos envolvidos em ações em prol da comunidade. Em comemoração dos 25 anos, a Opticalia Esonor-Olharlongo reuniu as várias lojas e os seus colaboradores para apelar à união e criatividade da equipa e do espírito de grupo. Enquanto CEO da marca, quão importante é reforçar a ligação entre as pessoas que a integram? Considera que, esta mesma equipa, tem sido um fator-chave ao longo deste quarto de século? As pessoas são quem faz toda a diferença nos projetos. Quer sejam os líderes, as chefias intermédias ou os trabalhadores das lojas. São o nosso cartão de visita. Seja no momento de ajudar o cliente a encontrar o que procura e que muitas vezes nem ele próprio sabe o que é; seja na gestão dos desafios com que se deparam diariamente. Daí que seja fundamental sim, como diz, termos as pessoas certas. Agora para isso também é necessário saber o que se procura quando se está a recrutar, formá-las com a cultura da empresa, saber delegar e dar-lhe espaço de manobra e oportunidade de crescimento. Acredito que um verdadeiro líder é aquele que reconhece e sabe exponenciar as melhores aptidões do seu staff, o que permite às pessoas crescerem pessoal e profissionalmente. Daí que façamos questão de ter os nossos profissionais motivados e felizes, até porque eles são a linha da frente com o cliente. E acredito que um dos nossos fatores de sucesso é exata-

mente a fabulosa equipa que reunimos na Opticalia Esonor-Olharlongo. Como líder, encaro as minhas equipas como minha família também e gosto de trabalhar com elas de forma a ajudar todos os colaboradores a desenvolverem as suas competências pessoais e profissionais e terem autonomia para tomarem decisões. Eles sabem que podem contar sempre comigo. E que o meu sucesso é o sucesso deles. Somos uma equipa/família. Desde o início da sua atividade que a Opticalia Esonor-Olharlongo assume uma postura pró-crescimento. Analisa, assim, todas as oportunidades e decide novas aberturas com base nos objetivos que tem definidos. Neste sentido, existe de momento intenção para breve de abertura de novas lojas? O que nos pode confidenciar? O caminho será sempre o do crescimento e de aproveitamento de todas as oportunidades que o mercado apresentar, pois essa tem sido a nossa filosofia desde o início da Esonor-Olharlongo dentro do Grupo Opticalia. Para já a presença em mais centros comerciais continua a ser uma prioridade. No entanto, queremos também fortalecer a presença e o impacto das nossas lojas de rua. Acredito que temos que estar constantemente a procurar novas formas de evoluir

e crescer quer a nível pessoal como profissional e daí que estejamos constantemente à procura de novas oportunidades. Um compromisso que sem dúvida reforçamos, com todos os que já são nossos clientes e todos aqueles que ainda o irão ser, é que continuaremos sempre a trabalhar com mesma convicção, integridade, profissionalismo e saber fazer. E para já é tudo o que podemos revelar. Sabemos que as novidades não ficam por aqui. De forma a «destapar a ponta do véu», o que nos pode contar sobre o recente projeto da quinta de parada que irá abrir a médio prazo? Será um projeto de concretização de um sonho de longa data, será revelado tudo na altura certa. Gostaria, por fim, de deixar uma mensagem especial a todos os da Opticalia Esonor-Olharlongo, pelos 25 anos de uma atividade notável e de extrema importância no mercado e para o envolvente setor? Claro que sim. Primeiro um agradecimento por nos reconhecerem, ajudarem a crescer e a prestar um maior apoio e serviço à comunidade ao longo destes 25 anos. Sem os nossos clientes, a sua preferência e carinho não estaríamos aqui. Agradecimento também aos nossos colaboradores, que como já tive oportunidade de dizer, vestem diariamente a camisola para garantir o melhor serviço e experiência de compra aos clientes. Sem o trabalho deles e dedicação não seria possível. E, por último, agradecer à minha família que durante estes 25 anos me deu o apoio necessário para que pudesse realizar os meus objetivos. Obrigada a todos. ▪

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FOTO: DIANA QUINTELA


PONTOS DE VISTA TEMA DE CAPA

“O nosso papel é proteger o Líder, executando uma estratégia vencedora, preparando e levando as mensagens chave dos nossos líderes, a quem se destina” Quem é a Mulher que está a mudar a comunicação dos Líderes nacionais? Diz que se move por propósitos e missões com desideratos claros e que, acima de tudo, tenham a capacidade de ter impacto na vida dos outros. Falamos de Rita Serrabulho, Founder e CEO da AMP Associates, Consultora de Comunicação Institucional e Corporativa, e que, em entrevista à Revista Pontos de Vista, nos deu a conhecer um pouco mais do seu percurso e da sua forma de estar na vida, ela que não desiste enquanto sentir que determinado projeto pode acrescentar algo mais a alguém a ou alguma organização.

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"Os nossos líderes sempre compreenderam a importância de uma boa imagem e de uma boa comunicação externa"

FOTO: DIANA QUINTELA

em do universo da Comunicação, tendo estado diversos anos na SIC, tendo passado pela assessoria empresarial e institucional, entre outras posições, numa «aventura» que tem sido rica em experiências. Em 2015, fundou a AMP Associates, da qual é hoje a CEO. O que a levou a apostar na AMP Associates e que balanço podemos realizar destes sete anos da marca? A AMP nasceu com um propósito e uma missão muito clara: ampliar e amplificar a voz das empresas e líderes portugueses no mundo (daí as siglas AMP). Fruto das minhas anteriores experiencias profissionais, percebi que havia uma necessidade de comunicação a que o mercado português não estava a dar resposta, nomeadamente no decorrer da minha passagem pelo governo (2011 – 2015), onde num dos períodos mais críticos do país, assisti todos os dias à morte de empresas portuguesas, e a tantas outras que para sobreviverem tiveram que procurar novas geografias para se manterem ativas, não tendo quem apoiasse a sua comunicação nestes novos mercados externos. Ocupámos esse espaço, preparando os nossos líderes e organizações para comunicarem com meios e stakeholders internacionais, nomeadamente dando-lhe espaço mediático nas maiores cadeias de televisão e publicações mundiais, processo critico para se darem a conhecer internacionalmente. Muitos destes empresários nunca tinha tido qualquer interação além-fronteiras, e alguns nem línguas sabiam falar. Hoje expandiram os seus negócios sem precisarem

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FOTO: DIANA QUINTELA

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de viver dependentes do mercado nacional. Foram de uma coragem e de uma resiliência que me marcou e que me serve de exemplo nos momentos mais desafiantes. Trabalha com Líderes nacionais e internacionais, funcionando quase como uma “sombra” dos mesmos em tudo o que está relacionado com o que é Comunicação. Nos dias que correm e estando nós, cada vez, na denominada «aldeia global», quão fundamental é dar voz ao universo empresarial e aos líderes de marcas e organizações? Vivendo nós num mundo cada vez mais globalizado, seria inevitável chegarmos a esse momento. Como poderíamos continuar a ser competitivos se não nos abríssemos e comunicássemos ao mundo? Portugal, além de muito talento, tem alguns sectores de atividade muito competitivos. Paralelamente, somos um país que atraiu (e atrai) investimento externo, tendo algumas empresas portuguesas de referência hoje acionistas estrangeiros com com-

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preensíveis interesses de expansão e internacionalização. Dito isto, aos dias de hoje, gerar notoriedade e posicionamento nos mercados externos é uma alavanca essencial para os desenvolvimento e crescimento dos negócios e organizações. Quem consegue evoluir e inovar se restringir a sua atividade e comunicação ao mercado português, quando muitos dos principais concorrentes estão noutras geografias e chegam até nós com serviços e preços mais atrativos? E porque não hão-de ser as empresas portuguesas a ganhar essa quota em mercados estrangeiros? Não vejo outra forma de sermos competitivos face a esta realidade, senão comunicando ao mundo aquilo que Portugal faz bem. E isto é válido para as empresas, mas também para todas as organizações, instituições, governos, porque os seus feitos e decisões influenciam enormemente as perceções ligadas à confiança, à segurança, à inovação ou à competência, por quem tem no mundo os olhos postos em nós. Ora, sendo os líderes (públicos ou privados) os porta vozes desta

“Este é um trabalho que exige duas variáveis fundamentais: confiança e resultados. Confiança porque de certa forma a organização e o seu líder estão a desenvolver com uma equipa externa um caminho que a maioria das vezes é essencial ao alcance dos objetivos e onde a melhoria da sua performance comunicacional tem que dar resultados positivos. É um trabalho de relação, de proteção, de desenvolvimento, de crescimento das organizações e muitas vezes do próprio líder” gestão, naturalmente que a sua comunicação tem um papel fundamental e de enorme responsabilidade, porque o o eco do que dizem e do que fazem – positivo ou negativo – há muito que deixou de ter fronteiras. Assume diretamente o aconselhamento de líderes de enorme referência nacional e além-fronteiras, sendo ainda responsável pelo desenvolvimento estratégico no domínio da comunicação. Pela sua experiência, crê que atualmente os nossos líderes já compreendem a relevância da comunicação, mais concretamente, da comunicação positiva para alcançar os seus desideratos? Os nossos líderes sempre compreenderam a importância de uma boa imagem e de uma boa comunicação externa. Acontece que com a digitalização e globalização o paradigma mudou radicalmente. O processo deixou de ser analógico e unilateral, a informação deixou de ser muito


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menos controlada e os público-alvo muito segmentados. Se há 10 ou 15 anos um líder dava uma entrevista a um jornal ou a uma tv, o seu target massivamente estava lá, porque não existiam canais alternativos nem feedback responsivo. Hoje, parte do seu público provavelmente ainda lê jornais ou vê televisão, mas outra parte acede a informação por outras inúmeras plataformas, com possibilidade de comentar, analisar e responder de forma quase imediata à informação que lhe foi veiculada. Ora, isto acarreta desafios e riscos. Desafios porque as mensagens para cada um dos públicos que “habitam” cada uma das plataformas são muitas vezes distintas, e isto exige do líder uma muito maior amplitude de atuação, uma imagem consistente e uma melhor flexibilidade. Riscos porque devido aos espaços de comunicação bilateral, muitas vezes uma mensagem relevante pode ser destorcida, intencionalmente ou não. Acresce ainda o desafio da comunicação internacional, que naturalmente exige uma disponibilidade e preparação técnica dos líderes completamente diferente, mas que lhes permitem ocupar o palco comunicacional do mundo de forma confiante e confortável, com resultados que obviamente não são comparáveis.

É legítimo afirmar que a pandemia trouxe um desafio enorme no que concerne às questões relacionadas com a comunicação e a exposição pública? Como o conseguiram contornar e de que forma é este período trouxe um consolidar da vossa posição no mercado? A pandemia trouxe ao nível da comunicação desafios de diferentes naturezas. Muitas empresas pararam ou tiveram que adaptar os seus modelos de negócio, e isso exigiu um esforço de comunicação extraordinário em diferentes direções. Ao nível da comunicação interna, revelou-se determinante os líderes manterem uma proximidade junto das equipas, que foram deslocadas dos

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Este trabalho, de promoção da comunicação, de relações públicas, de exposição, de proteção dos líderes, é algo com que têm lidar na relação com o líder de determinada organização e empresa? Como perpetuam esse aconselhamento? Este é um trabalho que exige duas variáveis fundamentais: confiança e resultados. Confiança porque de certa forma a organização e o seu líder estão a desenvolver com uma equipa externa um caminho que a maioria das vezes é essencial ao alcance dos objetivos e onde a melhoria da sua performance comunicacional tem que dar resultados positivos. É um trabalho de relação, de proteção, de desenvolvimento, de crescimento das organizações e muitas vezes do próprio líder. Uma estratégia de comunicação sustentável demora tempo a implementar, e o valor, notoriedade e /ou credibilidade que acrescenta a uma organização pode, com um erro, destruir-se num minuto. Faz parte do risco de quem se expõe. O nosso papel é de facto proteger o líder evitando e gerindo potenciais riscos, mas acima de tudo executar uma estratégia vencedora, preparando e levando as mensagens chave dos nossos líderes empresariais, políticos sociais, a quem se destina. É um processo que pela sua génese cria laços de enorme confiança que naturalmente tendem a ser perpetuados.

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seus locais de trabalho para casa. Simultaneamente, foi necessário assegurar que a informação relativa à atividade das empresas chegava aos stakeholders e opinião publica. Este foi um momento onde quem conseguiu estar e servir as necessidades de quem mais precisou, criou vínculos que perdurarão. O contrário também é válido. Para a AMP em particular a pandemia foi bastante exigente, no sentido em que tivemos que acionar diferentes planos de crise em simultâneo, ao mesmo tempo que apoiámos várias organizações que procuraram com sentido de urgência a nossa ajuda. Foi uma experiência de enorme aprendizagem, onde claramente consolidámos a nossa posição no mercado, assim como a relação com os clientes.

Para si, o que representa a comunicação? Há uma frase de Mandela de que gosto muito e que responde à sua pergunta: “Se falares a um homem numa numa linguagem que ele compreenda, a tua mensagem entra na sua cabeça. Se lhe falares na sua própria linguagem, a tua mensagem entra-lhe diretamente no coração”. É isto. De que forma é que o vosso sucesso também é construído pelos vossos colaboradores? Sente que é fundamental dar este sinal às equipas, no sentido de os projetos chegarem a «bom porto»? O Capital Humano é mesmo a maior valia das empresas? Naturalmente. Sem boas equipas e sem equipas motivadas não pode haver bons resultados. Pelo menos de forma sustentável. É nisso que acredito porque foi sempre essa a minha experiência. Fui sempre liderada por pessoas que tiveram a capacidade de me fazer acreditar nos projetos, mostrar uma visão e um caminho, e que me fizeram sempre sentir que o contributo de cada um de nós é essencial para lá chegar. Os líderes são por

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FOTO: DIANA QUINTELA

Sente que este período pandémico veio demonstrar quem são os verdadeiros experts no domínio da gestão de crise? Quem trabalha com crise está treinado para a prevenção e antecipação, para gerir diferentes cenários e para adaptar novas circunstâncias a novas realidades. Por vezes o desafio é conseguir a flexibilidade das organizações para concretizar a mudança, e o líder tem aqui um papel fundamental. Creio que o sucesso da resolução da crise pandémica esteve mais na dimensão humana do que na dimensão técnica. Nós demos o treino e as ferramentas, mas é a capacidade de mobilizar e de motivar as pessoas que as leva à superação das adversidades. Os líderes que têm esta capacidade e que têm as estruturas consigo, não só superaram como saíram mais fortes desta crise, porque os colaboradores compreenderam que mais do que nunca eles eram relevantes para a organização e o quanto a organização era relevante para eles. Os que até aqui tinham negligenciado esta dimensão, tiveram mais dificuldade. Creio que neste contexto também aqui houve inúmeras aprendizagens. Na milenar cultura chinesa a palavra crise (weiji) é formada por dois ideogramas: perigo e oportunidade. Num cenário adverso, é preciso decidir em qual dos lados se quer estar.

“Creio que também é relevante debatermos os temas – políticos, económicos, sociais – sem que o género de quem os lideras seja constantemente uma questão. Há bons líderes de todos os géneros, e por questões logísticas, orgânicas, e se quiser biológicas, todos têm os seus desafios inerentes, mas para mim, não deve ser esse o ponto que deve titular o desempenho das boas lideranças”


PONTOS DE VISTA TEMA DE CAPA

Falando em Liderança, que género de liderança tenta promover e incutir no seu dia a dia, em prol da satisfação, motivação e dedicação das equipas que lidera? Sou uma pessoa bastante exigente e muito focada em resultados e compromissos, mas procuro ser atenta às necessidades dos colaboradores. Se entendo que os objetivos de alguma forma não estão a ser alcançados, gosto de entender a razão. Normalmente a resposta está mais próxima de questões humanas do que técnicas, e sou sensível a isso. Tento, dentro do que no está ao meu alcance, contribuir para a solução e com isso promover um ambiente que estimule a motivação e o bem-estar no caminho que temos que fazer juntos. É também Managing Partner da Political Intelligence, a única empresa de lobbying em Portugal, algo que lhe confere uma imagem pioneira. Fale-nos um pouco desta experiência da PI e quão importante tem sido o trabalho da marca no domínio de Public Affairs? A Political Intelligence foi a primeira multinacional de Lobbying a assumir atividade em Portugal. Este foi um desafio que me foi proposto em 2018 pela Maria Rosa Rotondo e pelo Javier Valiente, sócios da PI Madrid e hoje também meus sócios em Portugal, num momento em que acreditámos haver espaço para afirmar uma atividade que nos dias de hoje é crítica para o desenvolvimento das empresas e que defende, acima de tudo, a sociedade civil. Aceitei o desafio com espírito de missão, consciente que face à má perceção da atividade do lobbying em Portugal, isso poderia ter custos. O primeiro objetivo foi conseguir sensibilizar as organizações públicas e privadas para relevância de ter uma atividade de lobbying regulada em Portugal. É legítimo afirmar que o conceito de lobbying em Portugal ainda se encontra pouco desenvolvido, ao contrário, por exemplo, de outros congéneres europeus e mundiais? Na sua opinião, a que se deve este cenário? Estamos nesta matéria muito atrasados relativamente ao resto da Europa, para não falar dos estados unidos. É uma atividade não regulamentada, o que é incompreensível num país que tem sido alvo de investimento de tantas multinacionais, e que precisam de um apoio regulado e transparente para apresentar num contexto publico as necessidades e contributos que acima de tudo pretendem gerar riqueza e desenvolvimento económico. Estas empresas representam milhares de postos de trabalho, têm atividades que acrescentam muito valor ao país e têm compliances muito rigorosos, pautados por normas que exigem um total cumprimento. A ausência de legislação para se relacionarem com os decisores públicos é um desconforto e uma entropia a mais e melhor

FOTO: DIANA QUINTELA

norma o rosto das organizações, mas não conheço um bom líder que faça o caminho certo sozinho.

É Mãe, Mulher, Empresária, Líder. Como se gere todos estes «papéis» e como tem sabido retirar o melhor de cada um deles? Aceitando que não posso ser perfeita em todos eles. E que é nas imperfeições que crescemos e descobrimos porque somos amados e respeitados.

investimento em Portugal. Seria bom que isto fosse de uma vez compreendido. O que podemos continuar a esperar por parte da AMP Associates e da Political Intelligence? Na AMP continuar da a dar voz às empresas e líderes portugueses no mundo, contribuindo desta forma para que o nosso tecido e empresarial e a nossa economia fique mais fortalecida e mais competitiva. Na Political Intelligence, continuar a apoiar as empresas multinacionais que estão a investir em Portugal, e naturalmente, contribuir para uma rápida regulação de uma atividade que só poderá trazer mais rigor, transparência e proteção às empresas, aos decisores públicos e à sociedade civil portuguesa. Podemos afirmar que a Rita Serrabulho nunca está parada, sendo uma Mulher que está em constante procura pela excelência através de um nível de exigência elevado, “oferecendo” a quem a procura, uma dinâmica ímpar de resiliência e dedicação. Para contextualizar, quem é Rita Serrabulho e que análise perpetua do seu «caminho» a nível profissional? Movo-me por propósitos e missões com objetivos claros, que de alguma forma impactem de forma positiva a vida de outros. Procuro que o que faço tenha sempre um sentido, e é esse o motor da minha realização e resiliência. Não desisto enquanto sinto que determinado projeto pode acrescentar algo de diferenciador a alguém ou a alguma organização. Foi assim no jornalismo, nas empresas por onde passei, no governo, nos projetos que agora lidero. É uma Mulher que tem conquistado muito, fruto da sua capacidade de luta, de liderança e de perpetuar a diferença. Falando nas questões relacionadas com a igualdade, alguma vez sentiu que o facto de ser Mulher a impediu ou criou maiores dificuldades para alcançar determinado fito? Nunca. E não gosto de alimentar o discurso da diferenciação face às mulheres, porque do meu ponto de vista é continuar a alimentar um tema que muitas vezes só por si provoca desigualdades. Gera vitimização. Não quero com isto dizer

que não foram precisos dar passos relevantes na emancipação que nos trouxeram a liberdade e independência de que gozamos hoje, valores aliás que bastante prezo. Não quero com isto ignorar que vivemos ainda numa numa cultura machista e excessivamente conservadora relativamente às mulheres, e que privilegia profissionalmente os homens, principalmente no que aos cargos de topo diz respeito. Mas creio que também é relevante debatermos os temas – políticos, económicos, sociais – sem que o género de quem os lideras seja constantemente uma questão. Há bons líderes de todos os géneros, e por questões logísticas, orgânicas, e se quiser biológicas, todos têm os seus desafios inerentes, mas para mim, não deve ser esse o ponto que deve titular o desempenho das boas lideranças. Apesar de hoje o cenário ser mais positivo e animador, a verdade é que ainda existe um longo caminho a percorrer no que concerne à igualdade do género e às oportunidades que as Mulheres têm em alcançar posições de topo e de liderança. Que análise perpetua deste retrato» e de que forma é que acredita que tem vindo a contribuir, através do seu percurso profissional, no sentido de promover e demonstrar que se pode ser Mulher e também uma Líder eficiente, positiva e com resultados? Eu não estou focada em destacar-me como mulher empresária. Estou focada em gerir empresas que acrescentem valor aos meus clientes, à economia, e em ter colaboradores satisfeitos por fazerem este propósito acontecer. Procuro a igualdade do género nas estruturas que lidero porque entendo terem competências, experiências e sensibilidades práticas diferentes, que do meu ponto de vista no seu conjunto se complementam. No que por exemplo às quotas diz respeito, admito que estas possam funcionar como uma alavanca social e geracional para ajudar a ultrapassar este estigma. Mas estou convicta que num curto/ médio prazo as escolhas acontecerão por meritocracia e sem recorrer a sistemas desta natureza. Porque este equilíbrio trará inevitavelmente um valor acrescentado às organizações, de que não se quererá abdicar. ▪

Sessão de Fotografias realizada no Hotel Estoril Palácio. Um agradecimento especial a Álex Viana, da Hair & Beauty.

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PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“Podemos fazer o nosso Trabalho com o Coração e ser extremamente Eficazes” Excelência, entreajuda e respeito, são pedras basilares que muito caracterizam as equipas da MTS Globe Portugal, lideradas por Raquel Oliveira, uma profissional e mulher que garante colocar o coração em tudo aquilo que realiza. A mesma contou em entrevista todos os detalhes que têm ditado o sucesso da marca, bem como da sua vida pessoal. Desfrute.

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Raquel Oliveira colabora com a MTS Globe Portugal há quase 20 anos, mas foi há oito que decidiu agarrar o cargo de Diretora Geral. Esta é uma marca que serve os principais operadores turísticos em todos os mercados europeus, sendo um dos principais players a nível nacional. Oferece todas as linhas clássicas de produtos de entrada, programas personalizados de ida e volta, programas de grupo e serviços de transporte padrão, o que só pode ser garantido devido aos altos níveis de serviço complementados pela sua própria frota de autocarros. Para além disso, este é também um grupo que aposta fortemente em tecnologia e business intellingence (B.I), o que lhes confere uma grande vantagem competitiva. Quando questionada acerca da sua realização profissional nesta empresa, a interlocutora não hesita: foi uma escolha de amor. “Decidi rumar ao Algarve em 2000, e nessa altura a área preferencial de trabalho era o turismo, portanto, comecei a trabalhar num hotel, onde fui evoluindo na carreira, até que tive uma proposta da MTS, e comecei a trabalhar nesta área onde ainda hoje estou e que me faz muito feliz”, inicia. Passado quase uma década a liderar, Raquel Oliveira admite que toda a sua evolução enquanto profissional foi pautada por alguns desafios, que sempre conseguiu ultrapassar porque se há algo que nunca lhe falta é o apoio de uma equipa fantástica e do sócio maioritário do grupo que, felizmente, “é uma pessoa que sempre me apoiou não por ser mulher ou homem mas pelo meu modelo de gestão”, assegura. “Sou uma

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sortuda porque faço o que gosto e na MTS tenho a oportunidade de poder fazê-lo bem e em paz. Tenho total apoio e liberdade para dar aso à minha forma de gerir e estou rodeada por uma equipa excecional que me percebe e me ouve, sempre pronta a dar tudo sem nunca desistir. Sinto-me muito realizada profissional e pessoalmente, tenho o melhor dos dois mundos”, garante, orgulhosamente, a Diretora Geral da MTS Globe Portugal.

RAQUEL OLIVEIRA

“TENHO TOTAL APOIO E LIBERDADE PARA DAR ASO À MINHA FORMA DE GERIR E ESTOU RODEADA POR UMA EQUIPA EXCECIONAL QUE ME PERCEBE E ME OUVE, SEMPRE PRONTA A DAR TUDO SEM NUNCA DESISTIR. SINTO-ME MUITO REALIZADA PROFISSIONAL E PESSOALMENTE, TENHO O MELHOR DOS DOIS MUNDOS”

TRABALHAR COM O CORAÇÃO A boa relação com as suas equipas e com os clientes, são, para a nossa entrevistada, marcos fundamentais da sua carreira que sem dúvida a conduziram ao patamar onde hoje se encontra. Segundo a mesma, “ter os nossos clientes e parceiros de negócios satisfeitos que em momentos críticos nos deram a sua total confiança, foi crucial. Tal como a equipa, que nos piores momentos, deu tudo de si, foi fundamental também. Por exemplo, 2014 foi um ano muito difícil, tivemos que nos reformular e reorganizar totalmente, e se não tivesse sido o apoio das equipas coesas que temos e dos clientes/parceiros de negócio, não teríamos sido capazes de continuar e ultrapassar esta má fase em tempo recorde”. Para Raquel Oliveira, nada é mais gratificamente do que integrar uma empresa onde a razão de existir é a satisfação dos clientes e a felicidade das equipas. Dois mundos que, quando complementados, elevam qualquer negócio a um patamar de sucesso sem igual. “Os nossos clientes são muito fiéis à nossa marca porque de facto, preferenciamos o bom atendimento e a qualidade, e


PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

acima de tudo, entendemos as suas necessidades a atuamos com base na sua satisfação. O bem-estar das nossas equipas é tão importante como o dos clientes porque os próprios clientes sentem o bom ambiente interno que existe, e sabem que esse fator promove também a qualidade do trabalho”, sustenta. É inevitável falar acerca dos últimos dois anos que em muito assolou os mais diversos setores de atividade. No seio da MTS Globe Portugal, “os dois últimos anos foram extremamente desafiantes. Felizmente não fizemos nenhum despedimento, e desde o início que houve muita compreensão da parte de toda a equipa com a situação que todo o mundo estava a atravessar. Tivemos sempre uma comunicação muito aberta, clara, de forma a que ninguém perdesse a motivação”. A verdade é que manter, durante meses a fio de pandemia, equipas motivadas e a lutar pelo bom nome da marca, não é, de todo, tarefa fácil. A Diretora Geral confessa que só foi possível porque “tenho uma equipa muito unida, preparada, que vive o trabalho intensamente. Este desenvolvimento interno para mim é muito importante”. A prioridade da interlocutora enquanto líder é, efetivamente, o desenvolvimento das suas equipas. A mesma sustenta que se existir uma

“ACREDITO NUMA LIDERANÇA POSITIVA, INDEPENDENTEMENTE DO GÉNERO, ONDE PRIMA A AUTENTICIDADE E A VALORIZAÇÃO DO QUE CADA UM DE NÓS TEM DE BOM” equipa motivada, forte e preparada, a empresa enfrenta o que for necessário, acrescentando que “na MTS trabalhamos com o coração. Existe muito respeito, que é também fundamental. Somos família, cerca de 100 funcionários, e apesar de sermos muitos, tentamos sempre manter esta proximidade e cuidado”. Cada vez mais o mundo acredita que o futuro será escrito com uma liderança no feminino, e a prova disso é que cada vez mais há mulheres líderes no panorama social e laboral. Raquel Oliveira, é um claro exemplo disso mesmo. Mas será que é legítimo afirmar que existe uma liderança feminina e uma masculina ou, de facto, a liderança positiva, de valor e de excelência não é uma questão de género? A entrevistada garante que "Não deveria ser uma questão de género, mas sim de autenticidade. Sermos fiéis a nós mesmos". Isto porque "as pessoas cometem erros graves quando não são elas próprias. Quando falhamos aos nossos valores, aos nossos princípios,

criamos muitas vezes barreiras que nos impedem de avançar. Já errei, e todos estes erros de gestão aconteceram precisamente porque não fui fiel a mim mesma. Acredito numa liderança positiva, independentemente do género, onde prima a autenticidade e a valorização do que cada um de nós tem de bom”. RAQUEL OLIVEIRA: A MULHER, A MÃE E A GENEROSIDADE Para além de uma profissional de mão cheia, é, também, uma mulher e mãe orgulhosa das suas filhas, que “têm valores inqualificáveis e um coração enorme”, fruto do exemplo que desde sempre lhes tentou passar. “Eu sou uma mulher com um coração grande, que chora por tudo e por nada. Mas acima de tudo, choro de felicidade, emociono-me pelos gestos de amor. Que é o mais importante para mim. Aquilo que mais gosto de fazer é proporcionar evolução nos outros, e é isso que tento passar às minhas filhas e às minhas equipas, tanto desenvolvimento pessoal como profissional,

dar-lhes as ferramentas de que precisam para serem a melhor versão delas mesmas. É isso que procuro em mim própria também”, confidencia Raquel Oliveira. E se muito já foi o caminho desbravado até à data, a verdade é que, ainda hoje, ser mulher no seio empresarial levanta algumas questões. Isto é, “ainda há empresas que não dão as mesmas oportunidades de carreira e salariais a homens e mulheres. Há países altamente desenvolvidos que têm políticas sociais que sem querer penalizam a mulher”. Por este motivo, e tantos outros, sabemos que o processo é ainda demorado, o que torna preponderante não baixar a guarda por parte das mulheres, nem prescindir da sensibilização à sociedade para esta igualdade tão necessária. Com os olhos postos no futuro, esta é a mulher que nunca deixa de sonhar. Ambiciosa, sonhadora e generosa, Raquel Oliveira está certa de que ainda tem muito por alcançar, em todas as vertentes em que se desdobra. “A nível profissional, lutar por manter o nosso nível de excelência e competitividade, sempre com amor. Há um projeto que me é muito querido que está agora a ser reativado. É um projeto de desenvolvimento das nossas equipas, e quero mesmo levá-lo a cabo e passá-lo para o resto do grupo MTS”, já a nível pessoal “quero muito aprender mais línguas, visitar imensos países e ler muito. Não devemos nunca de ter medo de ser quem somos, nem de nos darmos aos outros e fazê-lo de coração, sempre com muito respeito. Porque a realidade é que podemos fazer o nosso trabalho com o coração e ser extremamente eficazes e bem-sucedidos profissionalmente”, termina. ▪

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“NUNCA ME INTIMIDEI COM A DIFERENÇA. PELO CONTRÁRIO, GOSTO DE IDEIAS NOVAS, DE SER SURPREENDIDA PELA DIVERSIDADE, DE ESTAR COM PESSOAS QUE ME ENSINEM E GOSTO DE REFLETIR SOBRE OS ASSUNTOS”

FOTO: DIANA QUINTELA

TERESA BARREIRA

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PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“É na Diferença e na Diversidade que se encontram as Soluções Criativas” Teresa Barreira integra a empresa Crédito Agrícola Seguros há mais de 20 anos, mas foi há dois que abraçou o Conselho de Administração Executivo, onde, segundo a própria, trabalha com os restantes colegas “num ambiente de total parceria, coesão e alinhamento a causas comuns”. Entre diversos assuntos, conheça de que forma a nossa entrevistada garante a sua motivação diária por trabalhar na atividade que optou no passado e que hoje demonstra continuar a agregar valor à sua vida.

Integra há mais de 20 anos a empresa Crédito Agrícola Seguros (CA Seguros), tendo passado, ao longo deste tempo, por variadas posições – em grande parte de liderança. Como tem vindo a ser a sua caminhada profissional nesta que é uma marca reconhecida no setor? Tem sido um percurso transversal, feito em diversas áreas da Companhia sempre com o denominador comum de ser enriquecedor e gratificante. Comecei a trabalhar na CA Seguros em 1998,

FOTO: DIANA QUINTELA

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Teresa Barreira é um exemplo de pessoa, mulher e profissional persistente que ocupa um cargo de Administração na Crédito Agrícola Seguros. Desta forma, gostaríamos de conhecer mais aprofundadamente a sua história. Nestas três vertentes, o que nos pode contar? Nasci em Angola há 49 anos, mas desde muito cedo regressei a Portugal, país de origem de toda a família. Até aos 18 anos vivi no distrito de Vila Real, tendo ainda neste período morado três anos em França. Sempre fui curiosa, com vontade de aprender e de crescer. Frequentei o ensino superior em Lisboa e acabei por assentar a minha vida pessoal e profissional nesta cidade que considero encantadora. Nunca me intimidei com a diferença. Pelo contrário, gosto de ideias novas, de ser surpreendida pela diversidade, de estar com pessoas que me ensinem e gosto de refletir sobre os assuntos. Acredito que a aprendizagem multivariada ao longo da vida, o chamado lifelong learning, é determinante para o sucesso pessoal e profissional. Quero continuar a atualizar-me, através de formações, certificações e experiências em diversos domínios. No mundo corporativo, sei que o todo é maior que a soma das partes e que as pessoas e o trabalho em equipa são verdadeiras forças motrizes que nos levam mais longe. Nos projetos e nas equipas com quem trabalho advogo a participação, a responsabilidade e a tomada de decisão factual e fundamentada.

quando ainda assumia a designação de Rural Seguros. Literalmente, posso dizer que comecei a dobrar: dois part times, uma parte do dia na Área Financeira, a outra parte na Área de Acidentes de Trabalho. Com o crescimento da empresa, rapidamente fiquei a tempo inteiro na área Financeira, onde trabalhei com o atual CEO e fui responsável por toda a cobrança dos prémios de seguro e reconciliação contabilística com as Caixas Agrícolas. Mais tarde, fui convidada para criar o departamento de auditoria interna, num momento em que as boas práticas de governação e de controlo interno tendiam para instituir autonomamente esta função. Criar do zero o departamento de Auditoria Interna da CA Seguros foi um projeto desafiante. O meu foco foi assentar a auditoria nas melhores práticas. Fiz várias formações e assentei a função no referencial COSO, para criar valor e

para melhorar a eficácia dos processos de gestão de risco e de controlo. Aproximadamente há 12 anos, integrei o grupo de trabalho que tinha por objetivo adaptar a estratégia e a estrutura da Companhia às exigências de crescimento, aos imperativos de qualidade e eficiência e aos enormes desafios regulatórios que se perspetivavam. Foi um projeto transformador, durante o qual adotámos um sistema de gestão de qualidade baseado na ISO 9001 e que, a par com a nossa gestão de Recursos Humanos, ainda hoje é a chave para o sucesso que consistentemente verificamos. Não tardou a que ficasse responsável pela Qualidade e Controlo Interno e, mais tarde, responsável de Organização e Compliance, com temas tão vastos como o desenvolvimento estratégico, a conformidade, a qualidade, a continuidade de negócio, a proteção de dados, para citar alguns. Em 2020 tive o privilégio de inte-

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FOTO: DIANA QUINTELA

PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“NA CA SEGUROS VALORIZAMOS AS PRÁTICAS DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E PREOCUPAMO-NOS EM CRIAR CONDIÇÕES PARA QUE TODOS OS COLABORADORES SE SINTAM BEM, COM UM EXCELENTE AMBIENTE DE TRABALHO E QUE ESTEJAM MOTIVADOS E ALINHADOS COM A ESTRATÉGIA E OS OBJETIVOS QUE A COMPANHIA IMPLEMENTA” grar o Conselho de Administração Executivo onde trabalho com os restantes colegas num ambiente de total parceria, coesão e alinhamento a causas comuns. Assim, atualmente, é Membro do Conselho de Administração Executivo na CA Seguros. Aquando de assumir esta posição, quais foram as metas que se propôs a concretizar perante a marca e os clientes da mesma? Começo por referir o objetivo de aumentar a segurança e consolidar a gestão dos riscos associada às tecnologias de informação e comunicação (TIC). A nossa atividade utiliza intensamente as TIC para o funcionamento operacional e para prestar serviços de seguros e as tecnologias são cada vez mais complexas e determinantes para que se atinjam objetivos estratégicos, operacionais e de reputação. Assim, é fundamental garantir que temos um sistema de governação adequado e uma estratégia de TIC definida que nos prepare para evitar e gerir os incidentes relacionados, incluindo os incidentes de cibersegurança. Na CA Seguros, bem como no Grupo Crédito Agrícola que integramos, a segurança de informação é olhada como um ativo essencial ao funcionamento e desenvolvimento do negócio. Por isso, é fundamental ter um quadro de segurança lógica e física das TIC sólido, que integre o sistema global de gestão de riscos e que proteja os ativos de informação conforme a sua criticidade. Também a continuidade de negócio é um sistema que pretendemos robustecer ainda mais, adotando as melhores práticas nesta matéria, designadamente as previstas na ISO 22301, que possam ser avaliadas e certificadas. No atual contexto económico, sabemos que a resiliência e a estabilidade são especialmente importantes

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Com este foco, desenhámos soluções muito completas que garantem uma proteção efetiva aos nossos segurados, minimizando reclamações e insatisfação na regularização de sinistros e contribuindo para elevados níveis de satisfação e recomendação sendo comprovados pelos nossos resultados e crescimento. Outro fator importante é o forte alinhamento dos nossos Colaboradores e das Caixas Agrícolas com os objetivos da empresa, assegurando níveis de serviço elevados aos Clientes. Não menos relevante é o acompanhamento das tendências e o reconhecimento da inovação como parte fundamental da nossa estratégia e do nosso investimento. Incluímos na nossa estrutura um Gabinete de Resseguro e Inovação que tem a responsabilidade de encontrar e avaliar fatores inovadores, incorporando-os nos produtos e serviços e nos processos e modelo de negócio. Os nossos resultados devem-se ainda à nossa política de subscrição que se baseia numa gestão sã e prudente dos riscos visando garantir uma carteira equilibrada.

sendo fundamental dispor de planos de contingência que permitam operar numa base contínua. Na CA Seguros respondemos prontamente e com elevada eficiência à pandemia da Covid-19 e sabemos que as capacidades de gestão de continuidade de negócio são determinantes para dar resposta a uma eventual perturbação grave da atividade, seja na vertente operacional, humana ou tecnológica. Consolidar a sustentabilidade na CA Seguros é também outro compromisso. Destaco, entre outros, o objetivo que fixámos para este ano de orientar os nossos investimentos financeiros para uma componente ESG e que vamos monitorizar periodicamente. Enquanto grande investidor institucional, o setor segurador poderá dar um importante contributo para o financiamento sustentável da economia, o que é compatível com preocupações relacionadas com o equilíbrio na gestão de ativos-passivos e com o binómio rentabilidade/ risco.

O portefólio de produtos da CA Seguros é muito completo e visa responder às mais diversas necessidades dos seus clientes. De que forma, através das soluções seguradoras, a marca tem mantido um nível de qualidade superior e distintivo no mercado onde opera? Como referi, temos um conjunto completo de produtos que procura responder às mais diversas necessidades de proteção dos nossos Clientes nas suas diversas fases de vida, seja de âmbito pessoal ou empresarial. Temos a preocupação em dotá-los de características próprias e essenciais aos Clientes que, por essa razão, nos procuram e nos recomendam. Não menos importante é o facto de trabalharmos com os melhores parceiros na prestação de assistência e apoio em caso de sinistro, o que se traduz num reconhecimento por parte dos sinistrados e do mercado. Outro fator que nos diferencia é o serviço de excelência e a relação que temos de proximidade com os Clientes e com as Caixas Agrícolas, que são a nossa rede de distribuição.

Certo é, ao longo de 28 anos de atividade, a CA Seguros tem realizado um percurso de solidez, crescimento, qualidade e afirmação no mercado. Na sua perspetiva, quais são os fatores que têm conduzido a empresa a este patamar? O facto de fazermos parte de um grupo financeiro que tem características muito próprias e distintas, nomeadamente o conhecimento pessoal e a relação especial de proximidade e confiança com os Clientes, faz com que desde cedo tivéssemos especial cuidado com a qualidade e nos orientássemos para a máxima eficiência na prestação de serviços ao Cliente. Em 2011 fomos certificados pela Norma ISO 9001 (Certificação de Qualidade), que abrange a totalidade dos nossos sistemas de gestão.

A CA Seguros foi, no passado 2021, pela quarta vez consecutiva, a Melhor Empresa para Trabalhar no setor da banca, seguros e serviços financeiros. Estas conquistas são o reflexo do empenho, qualidade e envolvimento da equipa? Enquanto Administradora da mesma, quão gratificante é, para si, observar o resultado positivo da causa/efeito que cria neste meio? Sem dúvida que as distinções que nos têm sido atribuídas no âmbito dos recursos humanos são fruto do envolvimento da equipa. Na CA Seguros valorizamos as práticas de gestão de recursos humanos e preocupamo-nos em criar condições para que todos os Colaboradores se sintam bem, com um excelente ambiente de trabalho e que estejam motivados e alinhados com a estraté-


gia e os objetivos que a Companhia implementa. São os Colaboradores que avaliam a CA Seguros enquanto empresa de excelência e demonstram o seu sentimento de orgulho retribuindo com empenho, dedicação e reconhecimento público através das distinções. Enquanto administradora é gratificante constatar que o investimento que fazemos nos nossos Colaboradores é reconhecido pelos próprios e que existe um enorme envolvimento das equipas e uma entrega diária que depois se reflete nos resultados e reconhecimentos da CA Seguros. Outro tema que importa ser discutido é a questão da igualdade. Apesar do maior envolvimento das mulheres em funções públicas de tomada de decisão, sabemos que a mesma proporção de géneros está longe de ser uma realidade. Considera que o facto de ser mulher é, de alguma forma, um desafio acrescido no mundo da liderança? É um facto que, a nível mundial, a igualdade de género e a capacitação das mulheres não é, infelizmente, uma realidade e permanecem muitas formas de discriminação. Em muitas geografias, há políticas e culturas organizacionais que não promovem um tratamento equitativo de género, verificando-se uma grande desigualdade e disparidade salarial entre homens e mulheres. Assim, à escala global, apesar dos progressos conseguidos em termos de habilitações académicas e experiência profissional, efetivamente considero que o facto de ser mulher

Não menos importante, o que a motiva, a si, a ser cada dia melhor profissional? Motiva-me trabalhar para a Atividade Seguradora e para o Grupo Crédito Agrícola. O Crédito Agrícola é um grupo financeiro moderno e dinâmico que, desde há mais de cem anos, tem vindo a contribuir para o desenvolvimento económico e social de Portugal, das nossas regiões e comunidades. Além da sua solidez financeira apresenta também um património imaterial inegável edificado por associados, Clientes e Cola-

representa um desafio acrescido no mundo da liderança e é fundamental combater os estereótipos de género. Normalizar o papel da mulher em funções de administração, executivas, de empreendedorismo, inovação e de tecnologias de informação é fundamental pois é na diferença e na diversidade que se encontram as soluções criativas. Na CA Seguros a igualdade de género sempre foi uma prática intrínseca à gestão e promovemos um tratamento igualitário. Cerca de 60% das funções de coordenação são exercidas por mulheres, estas representam um terço nos lugares de direção e o próximo mandato do Conselho de Administração Executivo terá uma maioria de elementos femininos. Neste sentido, é fundamental dar «voz» a todas as mulheres para que, também elas, possam inspirar outras a seguirem o seu caminho, seja ele na liderança ou não. Assim, tendo em conta a sua experiência, que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres que, tal como a Teresa Barreira, pretendem traçar um caminho livre de preconceitos? Não há uma só regra, um só caminho e cada caso é único e particular, mas genuinidade, perseverança, otimismo e olhos postos no futuro são as minhas recomendações, seja para uma carreira no mundo empresarial ou não. Acredito na capacidade que temos, como mulheres, de gerar novas perspetivas, de trazer prosperidade para as empresas onde trabalhamos ou propósito nas empresas que criamos. ▪

boradores, que está próximo das pessoas e as apoia nos seus projetos. Já os seguros são uma pedra basilar na vida moderna, sem os quais segmentos da nossa sociedade e economia não funcionariam. A atividade seguradora oferece proteção contra riscos e permite que as pessoas vivam o seu dia a dia e que empresas operem, inovem e se desenvolvam. A constatação de qua a atividade que escolhi faz sentido e agrega valor para a sociedade é um motivo de grande satisfação.


PONTOS DE VISTA “ANÓNIMOS” E O MUNDO

“Os meios de comunicação social são um instrumento fundamental de qualquer democracia”

“O combate pela desinformação deve ser uma tarefa de todos” MARISA FERNANDES, ADMINISTRATIVA, 26 ANOS

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o dia 12 de julho de 1821 foi promulgado um decreto em Portugal que, pela primeira vez, estabeleceu a abolição da censura prévia e a regulamentação do exercício da liberdade de imprensa. Neste sentido, ao longo dos anos, qual tem sido a importância desta prática e do seu papel na democracia? A abolição da censura foi um feito muito importante no nosso país e ao pensarmos sobre o assunto percebemos que está interligado com a democracia, caso contrário não viveríamos a nossa vida como hoje a conhecemos. Abolir a censura foi fundamental, pois iriamos continuar a ser completamente manipulados, as informações não nos iam fazer ver o mundo conforme ele realmente era e as muitas informações que teríamos seriam completamente distorcidas. Com a liberdade de imprensa e a sua regulamentação podemos tomar decisões, ter opi-

niões fundamentadas, saber o que realmente acontece no mundo e partilhar conhecimentos. Na sua opinião, qual a melhor forma de combater a desinformação? Atualmente com a importância que as redes sociais têm no nosso dia a dia é muito fácil sermos manipulados com fake news se não estivermos atentos. São criadas enumeras páginas, com títulos chamativos, com informações falsas e muitas vezes conseguimos ser enganados. É o bom jornalismo que nos faz perceber o que está a acontecer à nossa volta, mas também nos cabe a nós enquanto leitores selecionar melhor as informações que queremos ler. Devemos estar atentos, ler jornais credenciados, ouvir as notícias transmitidas, procurar fontes fidedignas. O combate pela desinformação deve ser uma tarefa de todos.

"Certas notícias são dadas de forma distorcida com a intenção de moldar a opinião pública" RAQUEL BARRETO, 42 ANOS, EDUCADORA DE INFÂNCIA

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o dia 12 de julho de 1821 foi promulgado um decreto em Portugal que, pela primeira vez, estabeleceu a abolição da censura prévia e a regulamentação do exercício da liberdade de imprensa. Neste sentido, ao longo dos anos, qual tem sido a importância desta prática e do seu papel na democracia? A importância desta prática é de extrema importância na medida em que permite que a imprensa dê as informações de forma livre, mesmo sendo em alguns casos, empresas de informação tendenciosa. Isso permite também a abertura de discussões e opiniões que acabam por enriquecer, desde que seja de forma cívica, o debate.

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Na sua opinião, qual a melhor forma de combater a desinformação? Hoje em dia a Internet torna-se um meio de informação de fácil acesso, onde quase todas as pessoas conseguem obter qualquer informação de forma bastante rápida. No entanto, é também uma fonte de informação que tanto pode ser usada para difundir boas ou más notícias. Certas notícias são dadas de forma distorcida com a intenção de moldar a opinião pública e mais grave ainda, são dadas erradamente. A desinformação pode ser combatida na procura de diferentes fontes de informação.

JOANA MARTINS, DOCENTE, 39 ANOS

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o dia 12 de julho de 1821 foi promulgado um decreto em Portugal que, pela primeira vez, estabeleceu a abolição da censura prévia e a regulamentação do exercício da liberdade de imprensa. Neste sentido, ao longo dos anos, qual tem sido a importância desta prática e do seu papel na democracia? Os meios de comunicação social são um instrumento fundamental de qualquer democracia, não só porque garantem o nosso direito de livre acesso à informação, mas também porque são um dos vigilantes do poder instituído. Não é por acaso que uma das primeiras preocupações dos regimes autocráticos é controlar a informação e os meios de comunicação social. Os media têm, por isso, um papel muito importante enquanto instrumento de liberdade, ainda que hoje em dia sofram de um descrédito generalizado. Reganhar a confiança das audiências, abandonar estratégias de tratamento mercantil da informação e ocupar o papel de confiança que é, por direito, dos meios de comunicação social são os grandes desafios para o futuro. Na sua opinião, qual a melhor forma de combater a desinformação? Não sendo um fenómeno recente, a desinformação traz desafios acrescidos neste século XXI, essencialmente devido à velocidade com que, hoje em dia, é possível disseminar informação falsa. Sempre houve campanhas de intoxicação do espaço público, mas nunca, como hoje, foi tão intensa a velocidade com que se espalham essas campanhas. Na minha opinião, a educação para os media é uma das respostas e deve começar no 1.º ciclo, pois só formando cidadãos conscientes do papel dos meios de comunicação, é possível dotar esses cidadãos de ferramentas para reconhecer os cada vez mais elaborados estratagemas para espalhar desinformação. Esta educação para os media pode ter um papel fundamental no aumento do grau de literacia mediática da população e no entendimento que as crianças e jovens têm das redes sociais como espaço público.


PONTOS DE VISTA “ANÓNIMOS” E O MUNDO

“A abolição da censura foi um dos passos mais importantes para Portugal” CAROLINA SILVA, 26 ANOS, MARKETEER

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o dia 12 de julho de 1821 foi promulgado um decreto em Portugal que, pela primeira vez, estabeleceu a abolição da censura prévia e a regulamentação do exercício da liberdade de imprensa. Neste sentido, ao longo dos anos, qual tem sido a importância desta prática e do seu papel na democracia? Na minha opinião, a imprensa e os modelos pelos quais esta se rege, é a própria democracia em si. Não existe um estado democrático num país onde a imprensa não é algo livre de censura ou opressão, uma vez que é o canal de ligação entre a informação e as pessoas. A informação fornece os factos enquanto a liberdade fornece o “poder” de, a partir do acesso a todo o tipo de conhecimento, nos tornarmos melhores, mais confiantes e mais capazes. A abolição da censura foi um dos passos mais importantes para Portugal e para os portugueses, porque abriu portas a todo um mundo de informação e de procura por saber. O saber, por sua vez, causa uma inquietação saudável por mais, mais saber e mais experiências. Tudo isto desenvolve a cultura e a intelectualidade, fortalece competências e abre espaço para a evolução comportamental e humana. Como pode existir um mundo melhor e mais empático sem a liberdade de sermos quem somos ou de conhecermos outras realidades (sem filtros)? Deste modo, a imprensa é o reflexo da própria sociedade. O que por vezes nos passa ao lado é a forma como a liberdade é “utilizada” em prol de intensões menos nobres. Se existe a liberdade de bem informar, também existe a liberdade de informar mal e de forma errada. Na realidade, esta última pode tirar credibilidade à muito boa informação que se pratica, mas como em tudo, existem os dois polos, no entanto, não podemos desvalorizar (nunca) a possibilidade que a liberdade nos dá de sermos melhores e de termos a verdadeira noção do mundo que nos rodeia. Essa oportunidade deve ser a base da liberdade, porque não existe verdade sem liberdade, da mesma forma que nunca pode existir liberdade sem verdade. A censura ou qualquer tipo de limitação imposta à informação, retira-lhe verdade, de uma forma subjetiva e, pior ainda, de forma manipuladora. Na sua opinião, qual a melhor forma de combater a desinformação? Todos os dias somos assoberbados por quantidades enormes de informação proveniente de vários canais (noticiosos ou não). Quem lê não tem o papel de investigar se realmente é verdade o que está a ler, esse é o papel do interlocutor. Deste modo, na minha opinião, devem existir meios de verificação da veracidade dos factos e todos os meios de informação deviam basear-se só e apenas na verdade dos mesmos, e da forma mais objetiva possível. Ainda que existam padrões de comunicação diferentes, o sensacionalismo e a informação imediata não confirmada, retiram a credibilidade que o jornalismo necessita para continuar como sendo uma forma de comunicação séria e honesta. Para além disso, a existência de fontes de informação imparciais e independentes é crucial no alcance da verdade e da seriedade do jornalismo. Ainda que nos dias de hoje a informação seja tão rápida e imediata, esta deve ser valorizada pela sua veracidade e não pela sua rapidez.

"Desinformação é outra grande pandemia que vivemos em todo o Mundo" ANA ANDRADE, 35 ANOS, ESTUDANTE DE ENFERMAGEM

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o dia 12 de julho de 1821 foi promulgado um decreto em Portugal que, pela primeira vez, estabeleceu a abolição da censura prévia e a regulamentação do exercício da liberdade de imprensa. Neste sentido, ao longo dos anos, qual tem sido a importância desta prática e do seu papel na democracia? A liberdade de pensamento e de expressão é um dos bens mais preciosos que o ser humano tem e conta-nos a história que a censura e a opressão tem um efeito nefasto nas civilizações, porque não têm acesso a informação, ao conhecimento e isso traduz-se em ignorância. A liberdade de expressão é um direito fundamental além de estar previsto na Constituição e ser um pilar desta, permite que as sociedades sejam livres, justas e solidárias. Permitiu-nos que de forma livre déssemos o nosso contributo a sociedade, por exemplo através do voto, que nos permite de forma informada optarmos por quem queremos que nos represente. Possibilitou ainda debater ideias e de nos expormos a diferentes opiniões que podem ser concordantes ou não, mas que nos vai permitir obter mais

conhecimentos e até criar o nosso próprio pensamento. Na sua opinião, qual a melhor forma de combater a desinformação? Desinformação é outra grande pandemia que vivemos em todo o Mundo e revela-se um problema nas sociedades democráticas. Hoje em dia e com a evolução das tecnologias e o modo como as pessoas têm acesso as informações são um problema. A internet pode ajudar-nos em muitos sentidos, mas por outro lado se não soubermos de que forma devemos de procurar essa informação pode ser um desastre. Qualquer pessoa pode ter acesso a um computador e de forma pouco consciente escrever um texto pouco científico ou irreal que pode induzir em erro os outros. Porque não há nada que certifique essa informação e por isso acho que a melhor forma de combater é utilizarmos as novas tecnologias e a internet de forma cuidadosa e tentarmos sempre perceber se aquela notícia é verdadeira, se a pessoa que a escreveu é credível e se existem outros locais que podem corroborar essa mesma notícia.

“A liberdade de imprensa é fundamental numa sociedade democrática” DANIELA MACHADO, 29 ANOS, EMPRESÁRIA

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o dia 12 de julho de 1821 foi promulgado um decreto em Portugal que, pela primeira vez, estabeleceu a abolição da censura prévia e a regulamentação do exercício da liberdade de imprensa. Neste sentido, ao longo dos anos, qual tem sido a importância desta prática e do seu papel na democracia? A liberdade de imprensa é fundamental numa sociedade democrática. Através de uma imprensa livre, o cidadão tem acesso à informação fidedigna do país e do mundo, sem filtros, sem máscaras e sem interesses escondidos. É importante fomentar a discussão e o debate dos mais diversos temas, fundamentais à evolução dos cidadãos, tanto a nível pessoal, como de um todo, de uma nação. O que se espera da imprensa num país democrático é a verdade e transparência, capaz de mostrar de forma real quem são os possíveis governantes, quais os seus ideais e aquilo a que se propõem. Desta forma, todos nós podemos escolher em consciência e em verdade. Na sua opinião, qual a melhor forma de combater a desinformação? A melhor forma de combater a desinformação é sem dúvida escolher um órgão de comunicação fidedigno. Hoje em dia, e com a facilidade que temos em encontrar informação nas redes sociais, as notícias falsas estão por todo o lado e são partilhadas com grande rapidez. Portanto, o mais indicado, é sempre procurarmos um órgão de comunicação fidedigno, verdadeiro e isento.

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PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

Vitoriosos ou vencidos? OLGA DELGADO

Entrevistámos Olga Delgado, Diretora da Vitamina, escritora do livro “Aprende a ser feliz com Ago” e criadora dos retiros espirituais YIN, Yourself In Nature. É licenciada em Psicologia, tem um mestrado em Marketing Digital e um Doutoramento em Ciências Sociais sobre Liderança.

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Vitamina oferece uma variada gama de serviços, entre eles atividades de tempos livres, formações e dinamização de atividades culturais. Como ocorreu a sua recente entrada na Vitamina e a mais-valia que a sua experiência pode trazer à organização? A Vitamina cresceu organicamente nos últimos 17 anos a partir da missão pessoal do seu fundador, Francisco Alvim, focada em proporcionar às crianças as melhores ferramentas para o seu desenvolvimento. O melhor da Vitamina, segundo os nossos clientes, é a sua equipa. O Dr. Alvim soube rodear-se de uma equipa de 180 colaboradores que trabalham em 18 escolas, e que partilham a mesma missão e valores, uma grande motivação e envolvimento. A pandemia golpeou fortemente a nossa sociedade e apareceram novas necessidades sociais. Os objetivos da minha incorporação foram, por um lado assegurar o crescimento da empresa e por outro, poder dar resposta a estas novas necessidades da sociedade, desenvolvendo a Vitamina Care, uma área com terapias, orientação vocacional, coaching de desenvolvimento pessoal e retiros espirituais. Qual o porquê de a Vitamina oferecer retiros espirituais? Na Vitamina trabalhamos há 17 anos para fazer crianças e jovens felizes e o resultado tem sido muito positivo, com um nível de satisfação de 98%. Pensamos que chegou o momento de contribuir também para a felicidade dos mais crescidos, e oferecer novos serviços que vão ao encontro das necessidades dos pais dessas crianças e dos adultos

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em geral. Estamos a viver tempos difíceis, guerra na Europa após dois anos de pandemia, crise energética, inflação, aumento dos casos de cancro, de depressão e de ansiedade. São tempos que exigem muito de nós. Todos merecemos ser felizes e todos podemos contribuir para que os nossos sejam mais felizes. Na Vitamina temos as ferramentas certas para ajudar nessa missão. Um retiro pode ajudar-nos a ser felizes? A pessoa mais feliz do mundo é um monge budista e explica a sua felicidade através da meditação. Vivemos numa sociedade muito virada para o exterior, muito sensorial e pouco espiritual. Para se ser bom num desporto ou tocar um instrumento musical é preciso treinar; para ser feliz, também. É fundamental treinar as nossas capacidades para sermos felizes

“NA VITAMINA TRABALHAMOS HÁ 17 ANOS PARA FAZER CRIANÇAS E JOVENS FELIZES E O RESULTADO TEM SIDO MUITO POSITIVO, COM UM NÍVEL DE SATISFAÇÃO DE 98%. PENSAMOS QUE CHEGOU O MOMENTO DE CONTRIBUIR TAMBÉM PARA A FELICIDADE DOS MAIS CRESCIDOS”


“A CIÊNCIA TEM DEMOSTRADO QUE O YOGA PODE EFETIVAMENTE AUMENTAR A NOSSA FELICIDADE"

OLGA DELGADO E FRANCISCO ALVIM

e o coaching realizado por profissionais é uma grande ajuda. É possível ser feliz, nunca é tarde para encontrar um caminho melhor. E há alguma idade para iniciar esse caminho? Quanto antes melhor, com o livro “Aprende a ser feliz com Ago” as crianças podem iniciar esse caminho conscientemente aos três anos. O principal objetivo do livro é fazer as crianças se divertirem. Para ser feliz é preciso rir, descobrir novos mundos, aprender e partilhar, e essa é a primeira coisa que as crianças vivenciam com os contos do Ago. Além disso, ao longo das viagens do Ago são trabalhados aspetos como a amizade, a gestão da ansiedade, o trabalho em equipa, a pertença social, a identidade, a resolução de problemas, a criatividade e a proatividade. Ago e os seus amigos vão lutar contra o bullying, o etnocentrismo e os preconceitos. Outro aspeto importante é que “Aprende a ser feliz com Ago” faz com que as crianças se vejam no espelho e entendam os riscos do abuso das novas tecnologias e de hábitos e comportamentos não saudáveis. O livro incorpora materiais que promovem a reflexão, individual e coletiva, para poder trabalhar em casa ou na sala de aula, atitudes e comportamentos que ajudarão as crianças a serem mais felizes e a construir um ambiente mais saudável.

CARLOS PINILLOS E OLGA DELGADO

Como impede a sociedade atual de sermos felizes? Segundo Bauman (2017) estamos a viver a “Modernidade Líquida”, um período em que a sociedade moderna se caracteriza pela constante mudança, flexibilidade e adaptação. Isso predispõe os indivíduos a desenvolver uma mentalidade adaptável a qualquer mudança possível, com uma forma de agir individualista e egocêntrica em que não há compromisso mútuo. Cada vez há menos preocupação pelos outros, menos tempo para dedicar às pessoas e menos vontade de amar; pelo contrário, há mudanças de valores, de trabalho, de estilos de vida, de posição social, numa insatisfação constante provocada por uma necessidade de consumir insaciável. Algo que é injetado digitalmente pelo neuro-marketing. Também há uma falta de valorização de tudo aquilo que temos, perante a promessa audiovisual de algo melhor, com que somos bombardeados constantemente pelos nossos dispositivos móveis. Quais podem ser as consequências da “modernidade líquida”? Algumas das consequências mais negativas poderão ser a progressiva morte do amor na


PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

sociedade atual, anunciada por Byung-Chul Han (2014), a falta de propósito e sentido na vida, o desaparecimento da espiritualidade em prol da racionalidade instantânea e individualista (enquanto irracional socialmente a longo termo), o sentimento de vazio, a ansiedade existencial, a destruição da nossa própria felicidade e a progressiva destruição do planeta. Como podemos mudar isso? Segundo Sztompka (1991) as mudanças sociais resultam da interação dinâmica entre dois níveis da realidade social: o nível da individualidade (indivíduos e grupos sociais: pessoas, coletivos, associações, movimentos, comunidades, entre outros) e no nível da totalidade (estruturas sociais: culturas, sistemas sociais, sociedades, grupos socioeconómicos, entre outros). A interação entre os indivíduos que atuam (mobilização) sobre os constrangimentos das estruturas (sociais) existentes torna-se a agência (práxis), que detém as potencialidades para a mudança. O Modelo de Interações Líquidas da Forest Therapy Hub entende as respostas de exposição à natureza como catalisadoras de ações que potencializam atitudes pró-sociais e pró-ambientais, influenciando o bem-estar dos indivíduos, da sociedade e do meio ambiente. Os banhos de floresta são uma componente importante dos nossos retiros, e também fazem parte das atividades que realizamos em algumas das escolas onde está a Vitamina. Como ajudam os banhos de floresta no caminho da felicidade? Os banhos de floresta, ou shinrin yoku, são umas técnicas japonesas que têm como missão promover a interação entre os seres humanos e a natureza para contribuir a saúde e o bem-estar das pessoas e do planeta. Quando contemplamos as montanhas, os oceanos, o céu estrelado e sentimos o vento a atravessar a floresta, percebemos que a modernidade líquida é na realidade uma miragem. A nossa existência passará rapidamente, e as montanhas, os oceanos, o céu estrelado e as florestas irão permanecer; não vamos viver mais por fazer tudo a correr, não conseguiremos ter mais por ter medo de perder. Às vezes quando se perde, ganha-se, é importante saber largar. Faz parte

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da nossa natureza sermos felizes, para isso devemos recuperar a nossa intuição. Se o nível da totalidade domina a nossa mente, e nos deixamos ir à deriva na modernidade líquida, esta nos arrastará como as cheias levam tudo o que encontram no seu caminho. Aí seremos vencidos, acabando afogados e, quem sabe, em que estado deixaremos as montanhas, os oceanos e as florestas. Em sentido contrário, se desacelerarmos neste fluxo descontrolado, e pararmos a contemplar a permanência das montanhas, dos oceanos, das florestas e nos conectarmos com o nosso interior através das atividades do shinrin yoku, deixaremos de ser controlados pela totalidade. E aí poderemos agarrar as rédeas da individualidade e conectar o nosso interior com a natureza e com a humanidade. Se nos permitimos amar, sentir a vida e dar valor ao que verdadeiramente importa, encontraremos o sentido da existência, redescobriremos o equilíbrio interior, seremos felizes e mudaremos o rumo da história, para ser vitoriosos em vez de vencidos. E o yoga, como pode contribuir? A ciência tem demostrado que o yoga pode efetivamente aumentar a nossa felicidade, a sua prática estimula o desenvolvimento de emoções positivas como a serenidade, a paz interior, a calma, o humor, a compaixão e a gratidão, emoções essas que contribuem para que a pessoa se sinta mais feliz. Também há um aumento da autorregulação, em que conseguimos identificar e gerir de forma mais eficaz os pensamentos, emoções e comportamentos. E o melhor é que esta capacidade, com o tempo, transforma-se num verdadeiro hábito, levando a um menor sofrimento e ao aumento da sensação de felicidade. Basta uma hora de prática para aumentar os níveis de GABA no cérebro, sendo que uma maior concentração desta substância reduz os níveis de depressão. Em que consistem os retiros YIN? Os retiros YIN (Yourself In Nature) realizam-se em locais únicos na natureza onde pode encontrar a paz e a calma que precisa para se encontrar com a sua essência e descobrir a natureza mais pura do ser. A beleza das paisagens onde nos encontramos alimentarão e inspirarão o

“OS RETIROS YIN (YOURSELF IN NATURE) REALIZAM-SE EM LOCAIS ÚNICOS NA NATUREZA ONDE PODE ENCONTRAR A PAZ E A CALMA QUE PRECISA PARA SE ENCONTRAR COM A SUA ESSÊNCIA E DESCOBRIR A NATUREZA MAIS PURA DO SER” seu espírito. Trata-se de um programa holístico de orientação no caminho da felicidade, através de coaching da felicidade personalizado com profissionais da área da psicologia, práticas de yoga e meditação, deliciosas refeições de alimentação consciente, banhos de floresta com orientadores certificados pela Forest Therapy Hub e outras atividades opcionais como reiki, coaching com cavalos (em colaboração com a Horsepower Balance), massagens, caminhadas, canoagem, entre outras. São retiros intensivos, a partir de três dias, em Portugal, para encontrar o caminho da vitória pessoal através da natureza e do encontro com o nosso interior, destinados àqueles que não duvidam em seguir o caminho da felicidade. Para terminar, o que espera que a Vitamina traga ao cidadão em geral e que pode este projeto fazer pelo bem-estar e saúde mental dos portugueses? A Vitamina tem uma função essencial na sociedade: contribuir para que as crianças e os jovens possam construir um futuro melhor. Nos retiros Yourself in Nature as nossas atenções estão viradas ao presente. Portugal está entre os três países europeus com maior prevalência de depressão e ansiedade. Dizíamos que a meditação é um caminho para a felicidade; a dependência tecnológica, tão presente nos nossos dias, representa o oposto; não desligar nunca, não dedicar tempo nenhum a cultivar o nosso eu interior, não só reduz a nossa perceção de felicidade, também nos desumaniza e aumenta a nossa ansiedade. Vivemos num mundo onde a imagem está sobrevalorizada e há uma grande falta de espiritualidade. A espiritualidade é o caminho para a bondade, a paz e a felicidade. Os retiros Yourself in Nature são uma solução para aqueles que querem sentir-se melhor e não sabem como e para aqueles que querem fazer do mundo um lugar melhor. ▪


"A EXECUÇÃO DOS APOIOS DO PRR E DO PORTUGAL 2030, CONTINUARÁ A PASSAR EM GRANDE PARTE PELAS EMPRESAS. É NOSSA EXPETATIVA QUE AS EMPRESAS CONTINUARÃO A DEMONSTRAR UMA BOA CAPACIDADE PARA RECORREREM A ESSES FUNDOS” FRANCISCO SÁ


PONTOS DE VISTA PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA

IAPMEI

O Compromisso com o Tecido Empresarial O Presidente do Conselho Diretivo do IAPMEI, I.P – Agência para a Competitividade e Inovação, revelou em entrevista à Revista Pontos de Vista a importância que a entidade assume enquanto interveniente no Plano de Recuperação e Resiliência, bem como alguns detalhes acerca do futuro da descarbonização e da transformação digital. Fique a par. e startups que estas plataformas – ou TestBeds - podem ser muito importantes, especialmente na fase final do seu processo de inovação, ao possibilitarem o acesso a serviços de desenvolvimento, de experimentação e teste, acelerando a produtização, industrialização e comercialização de ideias inovadoras. Refira-se que as TestBeds são parte integrante do ecossistema de aceleração da transformação digital de Portugal, a par dos Polos de Inovação Digital (DIH) e das Zonas Livres Tecnológicas (ZLT).

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IAPMEI tem como missão promover a competitividade e o crescimento empresarial, visando o reforço da inovação, do empreendedorismo e do investimento. Enquanto entidade interveniente no Plano de Recuperação e Resiliência, qual é o compromisso e o papel que assumem perante o programa? O IAPMEI tem um compromisso com o tecido empresarial nacional que se afirma há décadas com um percurso de informação, assistência e gestão dos apoios financeiros aos projetos de investimento das empresas. A rede de parcerias do IAPMEI assume, aqui, um papel importante. É ampla e transversal, o que permite trabalharmos junto das empresas em várias áreas, seja através da Academia de PME na qualificação dos trabalhadores, ou do aconselhamento nos Centros de Apoio Empresarial de cada uma das regiões, em articulação com a Rede de Espaço Empresas, ou o apoio na procura das soluções de financiamento mais adequadas a cada necessidade. Esse compromisso mantém-se e é reforçado pela nossa constante leitura da realidade empresarial do país e da constante

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adaptabilidade e flexibilidade que procuramos manter por forma a acompanhar as empresas nos desafios constantes que têm que superar. Sabemos que foi aberto, pelo IAPMEI, um concurso para a criação de TestBeds que ajudem a acelerar a transição digital nas empresas portuguesas. Para melhor compreendermos, qual o objetivo desta medida? De que forma a mesma poderá beneficiar as PMEs? Trata-se de promover a criação de uma rede de infraestruturas colaborativas, com o objetivo de disponibilizar às empresas condições que permitam o desenvolvimento de testes e experimentação de novos produtos e serviços, quer seja um espaço físico ou por via de simulação virtual. As TestBeds assentam, por isso, numa lógica de colaboração entre as empresas responsáveis pela sua operação e as empresas às quais prestam serviços. O Aviso N.º 03/C16i02/2022 agora publicado, dirige-se a empresas e consórcios que estejam disponíveis para investir na criação destas infraestruturas e destas capacidades tecnológicas. E é, precisamente, para as pequenas e médias empresas (PME)

Assim, que oportunidades existem este ano para as empresas no que diz respeito à Resiliência, Transição Climática e Transição Digital? Na dimensão Resiliência, decorre dentro dos objetivos e metas definidos, a Componente 5 Capitalização e Inovação Empresarial, que visa aumentar a competitividade e a resiliência da economia com base em I&DT, inovação, diversificação e especialização da estrutura produtiva. Desta Componente fazem parte as medidas RE-C05-i01.01 | Agendas/Alianças Mobilizadoras para a Reindustrialização e RE-C05-i01.02 | Agendas/Alianças Verdes para a Inovação Empresarial, com concursos lançados. Saliento que, para além das já mencionadas, estão neste momento em curso várias iniciativas da Componente 16, da Dimensão Transição Digital do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), como sejam: Aceleradoras de Comércio Digital; Bairros Comerciais Digitais; Internacionalização via E-commerce. Da mesma forma, para a Componente 11 - Descarbonização da Indústria foram lançados dois avisos de concurso, o Aviso N.º 01/C11-i01/2021 - Apoio à elaboração de roteiros de descarbonização da indústria e capacitação das empresas (10 m€), que encerrou no dia 18 de abril, e o Aviso N.º 02/C11-i01/2022 Apoio à descarbonização da indústria transformadora e extrativa (705 m€), mais dirigido às empresas e que está aberto até 29 de julho. Este é um eixo da dimensão Transição Climática, que visa alavancar a descarbonização do setor industrial e empresarial e promover uma mudança de paradigma na utilização dos recursos, concretizando medidas do Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030) e contribuindo para acelerar a transição para uma economia neutra em car-


PONTOS DE VISTA PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA

muito alavancou a concretização de propósitos na área da digitalização. Em que medida? Para o Francisco Sá, quais foram as principais mudanças? A necessidade aguça o engenho e os impactos da situação pandémica na atividade económica geraram uma rápida e muito eficaz adaptação das empresas à nova realidade, com recurso aos canais digitais, particularmente no setor do comércio, mas não só. Foi possível manter mercado e atividade, contribuindo para a estabilidade da oferta de bens e serviços, num momento particularmente complexo e gerando, por essa via também, estabilidade e segurança nos consumidores e no público em geral.

bono. Outras se seguirão e as empresas devem manter-se atentas por forma a enquadrar os seus projetos. Qual tem vindo a ser a estratégia do IAPMEI para os Fundos Comunitários do PRR? De que forma a mesma é eficaz? A execução dos apoios do PRR e do Portugal 2030, continuará a passar em grande parte pelas empresas. É nossa expetativa que as empresas continuarão a demonstrar uma boa capacidade para recorrerem a esses fundos. Procuramos na gestão das medidas PRR que nos estão cometidas aplicar toda uma experiência que adquirimos na gestão e coordenação de diferentes apoios, de diferentes quadros comunitários, introduzindo melhorias que resultam já de balanço e lições aprendidas e procurando apostar no diálogo constante com as empresas, por forma a criar um fluxo permanente de informação sobre necessidades que possa conduzir ao lançamento ou aperfeiçoamento de soluções/respostas a essas necessidades. Num período pós-pandemia, é importante repor agora o crescimento económico sustentado do nosso país. Quais considera que são as áreas em que Portugal deve investir mais? As áreas estratégicas de investimento que assegurem um crescimento sustentado da economia portuguesa já estavam lançadas antes mesmo da pandemia. A pandemia veio acentuar a necessidade da redefinição das estratégias empresariais e das políticas públicas que promovam essa mudança, tornando-as mais urgentes e exigindo que sejam mais assertivas. Estão em causa os investimentos que se orientem no quadro do novo Plano de Ação da União Europeia para a Economia Circular, no compromisso da neutralidade carbónica até 2050 - já assumido por Portugal, pela via da descarbonização e da transição energética, na digitalização e inteligência artificial e na “nova” Estratégia Industrial Europeia, sempre suportados em I&I&DT e no necessário desenvolvimento de competências. Aliás, o investimento na qualificação e requalificação dos trabalhadores e empresários é o maior, e mais urgente, desafio a vencer para fazer face a todas estas transformações e, ao mesmo tempo, garantir a qualidade de vida, a inclusão e a humanização da inteligência artificial. A verdade é que no que diz respeito à descarbonização da indústria, existe ainda um longo caminho a percorrer. Quais têm sido os maiores obstáculos associados a este objetivo? A descarbonização da indústria, como sabemos, não pode ser encarada como uma responsabilidade exclusiva do setor industrial, é necessário que a montante, nos recursos e matérias-primas, o mesmo movimento aconteça, tal como a jusante, onde se sentem as novas exigências dos consumidores, cada vez mais conscientes do impacto que as suas escolhas,

É legitimo afirmar que a verba adicional do PRR irá reforçar o apoio aos consórcios de empresas? Em que medida? De acordo com o anunciado pelo Sr. Primeiro Ministro, essa verba adicional é de 1.6 mil milhões de euros, e deverá ser dirigida para a “dimensão verde” das agendas mobilizadoras, duplicando o valor disponível neste momento. A concretizar-se, teremos esta verba adicional dedicada às agendas mobilizadoras e às agendas verdes para a inovação empresarial, sendo que muitos dos projetos passam por investimentos industriais na fileira da economia verde, que sairá, portanto, fortalecida e da qual esperamos impactos muito significativos, nomeadamente em resultado dos consórcios entre o sistema científico e tecnológico, as empresas e as autarquias.

no momento da compra de produto ou serviço, vão ter ao nível ambiental e social. As metas de descarbonização das empresas vão, de uma forma geral, obrigar à reorganização dos seus processos produtivos, mais sustentáveis e eficientes do ponto de vista energético, à aquisição de novas matérias-primas, à redução do desperdício e ao tratamento de resíduos, ao uso consciente de água e dos solos, ao desenvolvimento de novos produtos incorporando ao longo do seu ciclo de vida as melhores soluções ao nível da circularidade e, não por último, mas acima de tudo, a requalificação dos seus ativos, nas várias áreas da empresa, desde a produção ao mercado. No reverso da moeda, sabemos que a pandemia que o país viveu durante dois anos, em

Sabemos que o PRR português é um plano ambicioso, com objetivos bem delineados. No entanto, algumas devem ser as preocupações na concretização dos mesmos. Enquanto organização que acompanha estas medidas, o que mais o apoquenta? Tínhamos uma expectativa de que nos próximos anos seria possível dinamizar a economia, repor a capacidade produtiva e avançar de forma incremental, depois de um período pandémico recessivo. A concretização do PRR assenta no cumprimento de metas e objetivos bem definidos, que não podemos falhar. Enfrentamos, porém, um novo período de incertezas, que precipitou dificuldades diversas, por exemplo ao nível da energia e dos recursos disponíveis, e que tem potencial para condicionar fortemente as políticas públicas, podendo mesmo obrigar a um shifting, a uma gestão de prioridades distinta da inicialmente prevista. Temos que estar preparados. Com os olhos postos no futuro - e sendo este um momento de imprevisibilidade – como perspetiva a melhoria da economia de Portugal até 2026? Os desafios são grandes e estes tempos que vivemos vieram lembrar-nos que que nada do que temos, podemos assumir como adquirido. É preciso criar condições para reforçar a capacidade de resiliência e de uma rápida resposta aos desafios que, a cada momento, nos são colocados. Isto vale para o setor empresarial, tal como para as instituições públicas, como o IAPMEI, como para cada um de nós. Como vimos, as estratégias de investimento prioritário estão delineadas, suportadas pelos diversos instrumentos de apoio do PRR e, em breve do PT2030, se tivermos a capacidade de as concretizar, como acredito que as empresas, em especial as PME, a têm, teremos condições para um crescimento sustentado da nossa economia. Encaramos, por isso, com grande otimismo o caminho que temos pela frente, as prioridades são claras, os resultados só se obtêm com foco e com o esforço conjugado de múltiplos atores e valências, o que irá estimular fortemente a construção de novas parcerias ou alianças estratégicas. ▪

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PONTOS DE VISTA BREVES

Muitas horas sem comer pode potenciar o mau hálito 5 dicas para acabar com este problema As causas do mau hálito podem ser várias e nem sempre estão relacionadas com uma higiene oral pouco eficaz. Especialista deixa cinco dicas para se livrar deste desconforto. O tipo de alimentação, longos períodos sem comer, tabagismo, excesso de álcool, doenças sistémicas e problemas relacionados com o sistema digestivo podem estar na origem do mau hálito: um desconforto que afeta grande parte da população e que nem sempre está relacionado com uma higiene oral pouco eficaz. É comum que, em algum momento, já todos tenhamos experienciado a sensação de mau hálito. Contudo, se este persiste e interfere na qualidade de vida e na autoestima, deve visitar o seu médico dentista ou higienista oral para procurar aconselhamento. Contudo, há sempre algumas dicas básicas que pode adotar no seu dia a dia para que este desconforto não continue.

1 - Escovar os dentes frequentemente, sem esquecer a língua Para conseguir uma boca saudável, é essencial escovar os dentes com uma pasta fluoretada [com flúor], pelo menos, duas vezes ao dia e utilizar fio dentário diariamente. Em alguns casos, pode ser indicado o uso de um elixir sem álcool. Contudo, a língua é uma das zonas que mais acumula bactérias e não pode ficar de fora da rotina de higiene oral, usando um raspador de língua.

2 - Ter hábitos alimentares saudáveis Pensa-se que apenas alimentos com um sabor mais forte, como o alho ou a cebola, poderão ser causadores de maus odores. Contudo, alimentos ácidos, refrigerantes, café, lacticínios, entre outros, também contribuem para o desenvolvimento da halitose.

3 - Manter a boca humedecida Uma vez que a saliva ajuda a manter a boca higienizada, aquando da sua diminuição a proliferação de bactérias é maior e consequentemente o mau hálito poderá surgir. Assim, beber muita água e ao longo do dia ajuda a estimular a produção de saliva e a manter a boca húmida.

Isto é o que acontece à nossa pele quando comemos demasiado açúcar Ao promover a inflamação do organismo, este viciante alimento pode ser responsável ou agravar qualquer complicação epidérmica, como o acne. Quando ouvimos falar em cortes no açúcar, a moderação é a chave para o sucesso, o que não é propriamente uma novidade. Desta forma, devemos guiar-nos com equilíbrio na escolha dos alimentos que ingerimos e pensar com ponderação no estilo de vida.

se tornam glicados como resultado da exposição a açúcares). Isto provoca inflamação, oxidação e deterioração a nível celular, sendo que os AGEs também têm a capacidade de bloquear os antioxidantes naturais da pele, o que a deixa mais propícia a danos.

Em sociedade, o estigma das dietas é presença constante, com novos métodos em constante ebulição, e as mais recentes notícias de perda de peso a cair nos nossos feeds. Inicialmente esta "cultura dietética" promovia a compra de produtos milagrosos para a perda de peso, agora é mais frequente lermos termos como "alimentação intuitiva" ou "jejum intermitente". Será que estamos no bom caminho para quebrar este ciclo vicioso respectivo à nossa alimentação? Os alimentos que ingerimos vão refletir-se no exterior e a pele é uma das primeiras testemunhas disso mesmo.

Por outro lado, há um aumento da insulina, o que favorece a produção de sebo e o aumento de hormonas andrógenas, que por sua vez facilitam a obstrução dos poros e o agravamento da acne.

4 - Evitar o tabaco e bebidas alcoólicas Além dos inúmeros problemas de saúde que provoca, o tabaco, devido às substâncias nocivas que contém, contribui para a alteração dos tecidos da boca e para a diminuição da produção de saliva, provocando a halitose, bem como o consumo excessivo de álcool.

5 - Não ficar mais de três horas sem comer O ideal é comer a cada três horas, pois a ingestão não só estimula a produção de saliva, como evita que o organismo, se estiver em jejum há demasiado tempo, começa a queimar gordura e produzir ácidos, que automaticamente se transformam em mau hálito.

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Assim, o que acontece à pele quando ingerimos açúcar? Ao consumir um alimento com um elevado nível glicémico, a glucose no sangue aumenta e produzem-se dois efeitos, como explicou a médica Gema Pérez Sevilla à revista espanhola Hola. Por um lado, o aumento da glucose faz que esta se possa unir a proteínas como o colagénio e a elastina, o que produz um fenómeno denominado de "glicação ou glicosilação", que é o que acontece com os produtos AGEs (produtos finais de glicação avançada são proteínas ou lipídios que

Devemos eliminar o açúcar totalmente da nossa dieta? Nada levado ao extremo é compensatório. O segredo está na moderação, até porque o corpo tem a capacidade de compensar os níveis elevados de glucose no organismo. O problema reside na quantidade, muitos alimentos têm valores elevados de açúcar, e nem sempre nos apercebemos disso, até porque muitos estão classificados como saudáveis. Deste modo, para compensar o consumo de açúcar, muitos especialistas defendem a ingestão de alimentos ricos em vitamina B1 (ovos, carne, nozes) e B6 (salmão, fígado, frango, avelãs) pois inibem o fenómeno de glicação. Outra vitamina importante essencial em produtos de tratamento de pele (e que não devemos menosprezar na nossa alimentação dado seu beneficio antioxidante) é a vitamina C, presente em alimentos como frutas cítricas, kiwi, pimentos, brócolos, entre outros.



FOTO: DIANA QUINTELA


PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

Crossjoin Solutions Pessoas, Processos e Tecnologia Com uma história de 13 anos, e uma porção de tantas outras para contar, a Crossjoin tem caminhado lado a lado com a otimização de sistemas de informação dos seus clientes e parceiros no mercado global. Entre «dores de crescimento» e uma resiliência sem medida, a empresa é hoje reconhecida pelas suas competências técnicas e humanas, impulsionadas pela paixão que reside na casa Crossjoin. O Board, composto pelo CEO João Modesto, por Rodrigo Garcia, Delivery Executive Leader e Mauro Farracha, Delivery e Engagement Manager, contou à Revista Pontos de Vista de que forma estes valores se complementam e resultam na expansão da marca.

FOTO: DIANA QUINTELA

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Crossjoin nasceu pelas mãos e mente ousadas de João Modesto, que acreditava incessantemente no grande impacto que as suas ideias poderiam ter na vida das pessoas e no tecido empresarial. Após 13 anos de ambições concretizadas, ergue-se no mercado mundial esta empresa portuguesa de consultoria focada na otimização de sistemas de informação, que procura implementar ações para melhorar a performance dos seus clientes e, consequentemente, assegurar níveis elevados de qualidade e competitividade. Surgiram assim, quatro statements de compromisso que, ainda hoje, são verdadeiros guias e servem de inspiração: “Technology is our business, our passion”; “Delivery in quality and with time”; ”Solutions that simple work”; “Proactive consulting”. Integridade, sustentabilidade, diligência, comunicação e transparência são os valores que sustentam não só o ADN da Crossjoin, mas também o sucesso que a marca vê vincado no mercado até ao momento. Certo é, este sucesso baseia-se também no compromisso que o Board assume perante a restante equipa. Constituído por João Modesto, Rodrigo Garcia e Mauro Farracha, as suas diferenças complementam-se o que promove a visão de sucesso da Crossjoin. Sabemos, de antemão, que a liderança é incorporada num tempo e contexto específico e deve ser continuamente reinventada e atualizada, uma vez que reúne pessoas, influências e interações. Partindo deste pressuposto, o espírito da Crossjoin permitiu que a imagem de «one man show» concedesse lugar à liderança partilhada do Board – e este é, pelo olhar do mesmo, um ponto crucial nas conquistas da empresa. “O Board da Crossjoin é constituído pelos Crossers, que no nível de carreira, estejam na posição de Partner (não necessariamente sócio) ou Associate Partner. A visão da Crossjoin passa, em primeira instância, por este gabinete em proximidade com o gabinete estratégico constituído

MAURO FARRACHA, JOÃO MODESTO E RODRIGO GARCIA

“O FACTO DE PARTILHARMOS ESTA PAIXÃO PELA TECNOLOGIA E O FACTO DE ESTARMOS ORGANIZADOS DESTA FORMA, FAZ COM QUE DIARIAMENTE ACOMPANHEMOS AS NOVAS TECNOLOGIAS E NOS MOTIVE A FAZER DIFERENTE” pelos PLMS (Product Line Managers), os quais traçam as diretrizes mestras da área de inovação, culminando em táticas e práticas a serem integradas no motor de entrega. Do Board, fazem parte três elementos, que certamente, no futuro, na ascensão dos PLMS, novos elementos serão incorporados, constituindo um executivo que, por mérito de competências e experiência, enriquecem a contribuição na direção e dinâmica da empresa”, sustenta João Modesto. Mauro Farracha acrescenta ainda que “somos uma liderança que ouve, essencialmente.

Temos uma visão estratégica única e queremos que todos estejam alinhados de acordo com o ADN da empresa, sendo que, para isso, damos empowerment à equipa”. É por isso relembrado diariamente o conceito de Crosser, a equipa aprende a trabalhar rapidamente, trabalha com paixão e é orientada em prol do objetivo; mas também de Joiner, por respeitar os princípios, valores e a organização dos clientes, parceiros e colegas. Aqui, todas as vozes contam e todas, sem exceção, são tomadas como uma só: a Crossjoin.

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PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

“TIPICAMENTE, EM TODOS OS NEGÓCIOS DE IT, HÁ UM FORNECEDOR E HÁ UM CLIENTE. COM OS NOSSOS CLIENTES/PARCEIROS, CONSTRUÍMOS UM TRIÂNGULO NA INTERAÇÃO, CRIAMOS FOCUS IDENTIFICANDO SOLUÇÕES, OU SEJA, NÓS SOMOS A EMPRESA ESTRATÉGICA NA HORA DO ROLLOUT" MENTALIDADE INOVADORA INERENTE À CROSSJOIN Sabe-se que a eficácia das soluções Crossjoin têm um denominador comum: a inovação. Desde os projetos de transformação digital e de negócio, onde se incluem serviços de otimização de sistemas de performance de IT, gestão de incidentes e problemas, monitorização e métricas, entrega contínua de automação, design e aconselhamento de sistemas de arquitetura, entre outros; à resiliência operacional, que permite que os clientes se foquem no seu core business enquanto a equipa da Crossjoin está a monitorizar, analisar, otimizar e

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controlar os seus processos e sistemas para atingir as necessidades e expetativas de performance dos mesmos; à Arquitetura e Processos de IT, que fornece serviços de engenharia que cumprem com o Service Level Agreement mais exigente. Contudo, ainda antes destes serviços inovadores, internamente, é necessário desenvolver uma mentalidade inovadora e ter uma visão prioritária sobre a mesma. Faz, por isso, parte da cultura da Crossjoin focar-se no talento jovem, promover e potenciar recém-licenciados ou os “futuros líderes”, tal como o Board refere. É exatamente por este motivo que existe a Academia Crossmind: sendo um centro de excelência e um local para aqueles que estão a entrar no mercado de trabalho, é uma oportunidade para os jovens ganharem experiência e competência. É, assim, uma formação imersiva e intensa, com uma alta componente prática, para que os seus participantes adquiram conhecimento, competência e atitude necessárias que irão, consequentemente, acrescentar valor à Crossjoin. “São seis meses em que, associado a um desenvolvimento prático, os participantes podem assimilar a cultura, a metodologia, os processos e a gestão da Crossjoin. No fundo, aprendem e, sobretudo, compreendem o ADN que identifica a empresa. Acreditamos muito que, se todos tiverem as ferramentas e os meios adequados, saberão sempre o próximo passo a dar e que, por si só, irão com toda a certeza acrescentar valor”, afirma Rodrigo Garcia.

Serve esta Academia para demonstrar a garra e a audácia em aprender rapidamente, em trabalhar com paixão, sem descurar do objetivo. No fim, e pelo mérito e experiência acrescida, o prémio é ser finalmente um Crosser. ACOMPANHAR AS EVOLUÇÕES E OS DESAFIOS DO MERCADO É do conhecimento geral que o mundo, a sociedade e os setores de atividade têm um ritmo cada vez mais acelerado. Por conseguinte, a mudança é uma constante visível a todos os níveis que, aos olhos de muitos, poderá contemplar facetas complexas que exigem novas ferramentas para as suas soluções. A par dos desafios inerentes às evoluções do mercado, o modelo de entrega, com centro de competências, nearshore ou local, permite à Crossjoin oferecer o «tamanho certo» e as «pessoas certas» para os desafios futuros sem comprometer o empenho, o conhecimento especializado e a qualidade da entrega. “O facto de partilharmos esta paixão pela tecnologia e o facto de estarmos organizados desta forma, faz com que diariamente acompanhemos as novas tecnologias e nos motive a fazer diferente. Tudo isto, claro está, ajustado aos sinais que a sociedade e a indústria nos conferem no que concerne às melhores práticas, às trends futuras e até aos desafios que os próprios clientes nos dão. Na minha perspetiva, no campo da inovação da Crossjoin, há dois pilares que nos definem: o


FOTO: DIANA QUINTELA

nosso ADN e os desafios externos, que mantêm a nossa mente inquieta por fazer melhor”, assegura Rodrigo Garcia. João Modesto complementa esta ideia referindo que “não há inovação sem research, e o nosso trabalho é mesmo esse. Não há erro maior do que pensar que a solução para determinado problema já existe – não há dois problemas iguais. Há, por isso, na Crossjoin, um espírito muito grande de investigação e é dessa forma que os serviços que apresentamos não são standart mas sim personalizados”. Importa ainda referir que, a Crossjoin, está ao alcance dos clientes também no sentido de os acompanhar a tomar os melhores caminhos. Este serviço reúne as condicionantes que o cliente tem, podendo, desta forma, aconselhá-lo sobre aquilo que é, ou não, mais adequado. Já apelidada como “Problem Solvers”, a Crossjoin procura incansavelmente inovar, estudar e verificar quais as melhores práticas do mercado e adequá-las, assim, aos princípios que movem a empresa e a distinguem no mercado. A IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA DAS INFORMAÇÕES E DE DADOS O avanço ininterrupto das tecnologias da informação trouxe para cima da mesa questões relevantes no que diz respeito à segurança das informações e de dados. Importa compreender, então, na atualidade, a importância que uma boa gestão de riscos cibernéticos e potencialidade na segurança das informações acarreta no tecido empresarial. Primeiramente, do ponto de vista interno, e perante os casos reais de ataques cibernéticos que hoje conhecemos, a Crossjoin tem do seu lado a garantia em como os seus processos de entrega são certificados no que diz respeito à segurança pela norma ISO27001. A Crossjoin reconhece a vitalidade da necessidade de se proteger contra riscos cibernéticos, assim como assegurar a proteção dos seus dados e dos seus clientes. Porém, e face ao momento atual de Portugal, para João Modesto há medidas que se deveriam estabelecer. “Acredito que ainda se faz muito pouco, ou por falta de sensibilidade e prioridade, ou por falta de informação ou visibilidade dos casos reais que ocorrem em Portugal e em todo o mundo, ameaçando a sobrevivência de muitas empresas e a proteção dos dados pessoais. Infelizmente existe uma grande perda de imagem quando alguma entidade é vítima de ataques cibernéticos. Quando vem a público algum incidente de alguma organização de grande visibilidade, a Crossjoin ganha maior recetividade dos seus clientes para dar seguimento a questões relacionadas com a segurança. Não é por acaso que foi precisamente nesses momentos que ganhámos mais oportunidades de negócio nesta área. O mercado continua a reagir somente em problemas identificados. E isso é o oposto da segurança, uma vez que a mesma recai sobre a prevenção”, esclarece. Nos seus primeiros anos de lançamento no mer-

FOTO: DIANA QUINTELA

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EQUIPA PLM

cado, a Crossjoin já se tinha apercebido que as suas metodologias, ferramentas e resoluções de problemas de performance, bem como as suas auditorias preventivas, alavancavam a sua área de oferta de segurança. Assim, o cerne da questão, no que respeita à cibersegurança, passa atualmente pela sensibilização do problema, para que todos tenham conhecimento sobre os erros que não se deveriam repetir. “Mas, se os outros não partilham esses mesmos erros, não contribuem para uma comunidade mais segura, e o hacker triunfa”, garante João Modesto. Mauro Farracha esclarece ainda que “tem a ver com o mindset. Só as grandes empresas, muitas delas ligadas à área financeira, têm essa preocupação. Os restantes setores de atividade começam agora a ter, mas ainda estão muito no início”. O PAPEL DA CROSSJOIN NO PROCESSO DE TRANSIÇÃO DIGITAL A transição digital está destinada, essencialmente, à capacitação do desenvolvimento de uma economia mais assente em tecnologia. Posto isto, a Crossjoin assume a convicção de que, este processo, está ao alcance de qualquer empresa. Mas de que forma? Primordialmente, importa destacar o facto de a Crossjoin ser a única alternativa cirúrgica com a solução adequada às causas do problema. Quer isto dizer que não é uma marca genérica, nem especialista numa só tecnologia ou área, mas antes especialista em performance e sistemas de informação, resiliência operacional, qualidade de serviços de sistemas de informação na resposta às necessidades do negócio dos clientes. Segundo João Modesto, “tipicamente, em todos os negócios de IT, há um fornecedor e há um cliente. Com os nossos clientes/parceiros, construímos um triângulo na interação, criamos focus identificando soluções, ou seja, nós somos a empresa estratégica na hora do rollout. A nossa expertise transversal permite fazer um diagnóstico e perceber onde é que estão os pontos de vulnerabilidade”. A Crossjoin consegue, desta forma, aportar valor

em quatro dimensões: Firefight – onde os Arquitetos Seniores de Performance irão diagnosticar e analisar cada um dos processos e sistemas selecionados, end to end, camada por camada; Certificação – ou carimbo de qualidade; Full Stack Architecture Advisory – com uma abordagem holística, com vista a otimizar Pessoas, Processos e Tecnologia, a Crossjoin tem-se destacado com excelentes resultados nos seus clientes na apresentação e implementação da visão da transição digital que os mesmos desejam; e por fim, Managed Services – onde cumpre níveis de serviço e indicadores de qualidade, com excelência e resiliência, em importantes organizações nacionais e internacionais. “Com uma oferta diversificada, e ainda assim, com um focus no QOS (Quality of Service) dos processos de negócio, no que confere a tecnologias de informação, cobrindo todas as camadas técnicas e agnósticas em termos de vendors e tecnologias, a Crossjoin é o parceiro tecnológico ideal para organizações em todos os setores do mercado, que apostem na transição digital”, assevera Mauro Farracha. INOVAÇÃO ORIENTADA PARA O FUTURO O tempo é inadiável quando se fala em inovação. Por este motivo, o Board da Crossjoin, juntamente com os restantes elementos da equipa, apesar de pensarem nos desafios de hoje, não se deslembram dos de amanhã – não fosse esta uma organização criativa, com vontade imensa de conquistar e construir. Assim, não esquecendo da força motriz que move a Crossjoin, o foco continuará a ser a aposta nos jovens: o objetivo é o de criar um legado para que, passem os anos que passarem, a empresa continue a ser identificada pelas melhores práticas no seu setor. “Estamos a construir o futuro e isto faz parte do crescimento, criar oportunidade para o próximo, criar postos de trabalho. E se há algo que nos apercebemos é que hoje a tecnologia não traz soluções, mas traz peças para as construir, e nós temos muitas delas. Estes jovens têm ideias e muitos sonhos e nós queremos dar-lhes voz. Não nos podemos esquecer que, um dia, quando tínhamos a idade deles, também éramos assim e que algumas portas se fecharam por não termos equipas ou capital de investimento para as desenvolver. Faltavam-nos as ferramentas. Portanto hoje, é nosso dever apostar neles”, concluiu. À parte disso, será também um desafio utilizar as tais «peças» anteriormente mencionadas, e aplicá-las em prol do bem da humanidade. É missão da Crossjoin servir-se da sua forma de ser ousada para resolver problemáticas que dizem respeito à segurança, pobreza, saúde, ambiente, entre outros, e, assim, abrir o leque ao mundo através das suas soluções. É por isso importante caminhar em direção ao desenvolvimento de produtos inovadores e disruptivos que ditarão o futuro da marca – algo que está previsto para o ano de 2023. ▪

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“ACREDITAMOS CONVICTAMENTE QUE APOSTAR NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DOS NOSSOS COLABORADORES BEM COMO NO SEU BEM-ESTAR É ESSENCIAL PARA O CRESCIMENTO SUSTENTADO DA FINPARTNER” DANIELA ESTEVES, PARTNER DA FINPARTNER

EQUIPA DA FINPARTNER


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“Queremos que a Finpartner se torne uma Marca de Referência a nível Nacional e Internacional”

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Finpartner se torne uma marca de referência a nível nacional e internacional. Queremos alterar o paradigma da empresa de contabilidade e focar-nos em sermos o parceiro de negócios dos nossos clientes aliando a inovação e a tecnologia para atingirmos essa meta. Esta ambição é partilhada por todos aqueles que connosco colaboram e as conquistas que temos alcançado espelham esse mesmo empenho e dedicação. Acredito que no futuro, com a equipa dinâmica e inovadora que temos poderemos atingir todos os nossos objetivos, criando assim oportunidades para todos progredirem.

FOTO: DIANA QUINTELA

s pessoas são o veículo mais valioso para alcançar resultados nas organizações. Por esse motivo, é necessário investir no seu desenvolvimento, motivação e crescimento. Enquanto Partner da Finpartner, esta é, sem dúvida, a fórmula do sucesso da marca? Neste seio, que valor os Recursos Humanos possuem? Acreditamos convictamente que apostar no crescimento e desenvolvimento dos nossos colaboradores bem como no seu bem-estar é essencial para o crescimento sustentado da Finpartner. No nosso ponto de vista o crescimento da Finpartner e dos nossos colaboradores são duas faces da mesma moeda, a aposta diária que fazemos neles permite-nos estar mais preparados para prestar um serviço de qualidade aos nossos clientes, o que necessariamente se traduz em crescimento. E quanto mais a Finpartner crescer mais oportunidades conseguimos dar a cada uma das pessoas que compõem as nossas equipas para crescerem e construírem a sua carreira. Não existem empresas sem pessoas e nesse sentido na nossa cultura organizacional o papel dos Recursos Humanos é um dos nossos alicerces. Não só as pessoas que trabalham connosco são importantes, mas também o nosso departamento de Recursos Humanos tem um papel importantíssimo e estratégico na nossa empresa. Papel esse que nos desafia diariamente, mas incontestavelmente tem um impacto enorme na sustentabilidade do nosso negócio. A pandemia veio introduzir uma grande mudança no que toca ao mundo do trabalho, onde novos modelos de trabalho ganharam grande notoriedade, bem como

DANIELA ESTEVES, PARTNER DA FINPARTNER

novas preferências e ambições dos trabalhadores. E neste sentido contamos com o nosso departamento de RH para inovarmos e adaptar-nos às flutuações que o mercado de trabalho nos oferece. A que patamar gostaria de ele-

var a Finpartner, tendo em conta que reúne todos os elementos necessários – uma equipa determinada, mentalidade inovadora e soluções em melhoria constante – para ter o presente e o futuro que lhe é merecido? Essencialmente, queremos que a

O que significa trabalhar na Finpartner? Na minha perspetiva, trabalhar na Finpartner é dispor de um mar de oportunidades de crescimento. É ter liberdade para inovar e de explorar novas áreas de conhecimento. É uma empresa que nos desafia todos os dias a sermos melhores e a fazer melhor. Crescemos muito tanto a nível pessoal como profissional, pois temos contacto com pessoas tão diferentes e de setores muito distintos. É bastante exigente, obriga a muita dedicação e esforço, mas existe um companheirismo muito grande entre todos, fazendo que o caminho seja feito em conjunto complementando-nos como equipa e enriquecendo-nos com essa experiência. Sinto-me muito feliz de trabalhar nesta empresa com a equipa que tenho, da evolução que temos feito em conjunto. Ainda temos muito para fazer e para melhorar e tanto para apreender, mas também estou convicta que em equipa continuaremos a trilhar o caminho que nos levará a alcançar os nossos objetivos. ▪


PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

“A Comunicação estratégica no meio digital transformou-se num ponto Primordial para a Reputação e para o Sucesso do Negócio”

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Que projetos/iniciativas têm sido desenvolvidos na área do

ao nosso cliente. Cria-se assim a possibilidade de explorar novos mercados e possibilita a partilha de network. Exemplo disso serão as Câmaras de Comércio e as redes internacionais, que têm tido uma participação forte e ativa na criação de relações interempresariais duradouras entre vários mercados e setores, a nível mundial.

FOTO: DIANA QUINTELA

uma altura em que a sociedade e os vários setores de atividade mudaram, e continuam a mudar de paradigma em consequência de inúmeros desafios, nomeadamente a pandemia, que estratégia tem vindo a ser adotada em promoção da imagem da Finpartner? Agora que deixámos 2021 para trás, não restam dúvidas de que a tecnologia e o marketing digital, foram pontos fulcrais de crescimento. O atual contexto pandémico veio acelerar a necessidade de inovação e o desenvolvimento de mecanismos, que contribuíram para que muitas empresas pudessem dar um salto para o digital. Com a ampliação da digitalização e a crescente presença no online, ficou mais notório a importância dada à informação e à relação com os clientes. O nosso foco é a presença online, de modo a criar maior conexão com os clientes e parceiros já existentes, aumentando a nossa credibilidade e, acima de tudo, atrair novos clientes. A nossa missão passa por sermos um parceiro de negócios que se alia à imagem jovem e dinâmica da nossa equipa. Acima de tudo, queremos educar e elucidar a nossa audiência para a literacia financeira e evitar a proliferação de informações falsas. Também o investimento em marketing digital veio mudar o paradigma em que vivemos, reforçando a notoriedade, imagem da marca e acima de tudo, divulgação dos nossos serviços, não só apostando no mercado nacional, bem como em mercados estrangeiros. A comunicação estratégica no meio digital transformou-se num ponto primordial para a reputação e para o sucesso do negócio.

CATARINA FERREIRA, DIRETORA DE MARKETING

Marketing, para reforçar relações a longo prazo com os clientes, baseados na eficácia, profissionalismo e confiança pelo qual a empresa é conhecida? Neste último ano, a Finpartner, tem apostado em novas estratégias, de modo a reforçar a sua notoriedade, imagem e compromisso para com o cliente. Esses alicerces aliados à utilização de novas tecnologias e a uma equipa jovem e envolvida, tem demonstrado resultados muitos assertórios. Acreditamos, que assim poderemos fazer a diferença num setor que atualmente se encontra estagnado. Na nossa presença digital temos vindo a desenvolver, uma imagem jovem, out of the box, temos partilhado vídeos explicativos sobre os mais variados temas, webinars elucidativos e o mais recente, o podcast “Ouvi dizer que” que aborda temas sobre investimentos, finanças pessoais, dinheiro, entre outras dicas úteis. Aliado ainda à nossa estratégia no

digital, contamos também com a nossa presença na imprensa, que nos permite uma maior difusão nosso conhecimento e divulgação da nossa empresa ao público, garantindo assim a nossa robustez e confiança enquanto empresa. Os lançamentos de várias funcionalidades da nossa app têm impactado cada vez mais os nossos clientes. Acreditamos que a app é um canal adicional de comunicação, na qual o utilizador poderá explorar as variadas ferramentas, na qual destaco a mais recente: a Finny, assistente virtual que alerta e informa prazos relevantes. Acreditamos que com este investimento na parte tecnológica conseguimos dar foco às várias necessidades do nosso cliente, que para nós é o mais primordial. Estabelecer boas parcerias empresariais é um dos nossos grandes objetivos, ao longo destes últimos anos, temos apostado em parcerias nacionais e internacionais que nos ajudam a dar uma resposta mais célere e mais completa

O que significa trabalhar na Finpartner? Quando cheguei à Finpartner não havia departamento de marketing, o que por si só gerou um grande desafio. O crescimento da empresa, tanto a nível de capital humano como em relevância, culminou na criação de um departamento de marketing, que atualmente já tem duas pessoas alocadas. Trabalhar na Finpartner definiu-me enquanto profissional, nesta jornada que já tem quase dois anos, permitiu-me alcançar maturidade, responsabilidade e muito crescimento que acho serem imprescindíveis para os dias de hoje. Desde o início, foi estabelecida não só a possibilidade de me desafiar profissionalmente, mas também de criar iniciativas e projetos diferentes que me permitiram explorar a minha criatividade e ideias. Acredito que ter uma boa chefia e administração que acredita e valoriza o nosso trabalho, é meio caminho para que o percurso flua de uma forma muito satisfatória. A oportunidade de ter uma equipa que apoie e premie um debate saudável, é uma realidade pouco frequente nos dias de hoje. Uma equipa unida e orientada para o mesmo objetivo de crescimento e sucesso, é uma grande satisfação! Este profissionalismo, espírito de equipa é sem dúvida uma das grandes bases da Finpartner. ▪

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PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

“Apostámos muito na Automatização e Melhoria de processos através da vertente Tecnológica”

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com cliente, e ainda na especialização de conhecimentos. Também referir a nossa APP que permite um conjunto de funcionalidades aos nossos clientes, como descarregar e carregar documentos; fazer simulações de IRS e Salários e ainda receber notificações sobre as obrigações fiscais existentes. A APP possui também uma assistente virtual denominada de Finny e um processo de gamification, que funciona através de um processo de atribuição de pontos aos clientes por comportamentos.

FOTO: DIANA QUINTELA

Finpartner distingue-se, das restantes empresas de contabilidade, pelo conceito diferenciado de proximidade ao cliente, aliado com uma equipa jovem e comprometida. Na qualidade de Chefe de Equipa, qual tem vindo a ser a sua missão, contribuindo, assim, para esta ligação? A experiência de trabalhar na Finpartner é completamente diferente de um escritório normal de contabilidade, no sentido em colocamos de parte a ideia comum de que o contabilista somente regista documentos. Na verdade, acabamos por ter um papel mais dinâmico e fazemos de tudo um pouco desde marketing, cobranças, eventos, bem como viagens nacionais e internacionais. Consequentemente, tudo isto me permite, como Chefe de Equipa, proporcionar aos meus colegas informação profunda da missão e estratégia da organização e, ao mesmo tempo, permite que consigam alargar a sua área de conhecimento. Creio que só assim conseguimos crescer e responder de forma atempada e mais eficaz aos clientes. É importante também transmitir que o principal foco passa pelo rigor, integridade e eficiência que a nossa profissão exige, só assim conseguiremos ser transparentes e manter uma relação próxima com o cliente, pois no final é o que é mais relevante e crucial. Numa equipa jovem, nada disto é alcançado sem que exista um acompanhamento e apoio constante. Creio que sejam os fatores mais importantes enquanto chefe de equipa, pois sou a principal responsável para que as pessoas se sintam motivadas e confortáveis

CARINA GONÇALVES, CHEFE DE EQUIPA

nas posições que ocupam, sem isto nada acima referido irá funcionar. Internamente, o que tem sido realizado para fazer a diferença num setor que se encontra, pelo olhar de muitos, estagnado? Desde Fevereiro de 2021 que somos uma empresa certificada de acordo com a Norma ISO 9001:2015. Esta certificação foi essencial para a homogeneização de processos e documentos, criando uma imagem mais coerente da marca Finpartner. Para além disso, apostámos muito

na automatização e melhoria de processos através da vertente tecnológica, seja pela criação de softwares internos ou através da melhoria de módulos de programas certificados já existentes. Devemos ser uma das poucas empresas que dispõem de uma plataforma que possibilita o preenchimento automático do Anexo G da declaração de IRS. Estas melhorias tecnológicas ajudam-nos a despender menos tempo em tarefas monótonas, o que consequentemente permite que nos foquemos mais no acompanhamento e proximidade para

O que significa trabalhar na Finpartner? Acima de tudo, dinamismo e crescimento constante, pois temos um role de tarefas diferentes todos os dias que nos permitem evoluir. Incide também muito sobre trabalho em equipa e ajuda mútua, estamos estruturados em hierarquia, mas no final do dia somos um só e todos têm sempre algo a acrescentar para a melhoria contínua da empresa. E por último, uma oportunidade de crescimento contante. A Finpartner procura através de diferentes formas potenciar o crescimento da sua equipa pois para além da formação interna e externa, proporciona incentivos internos para que os colaboradores possam tornar-se contabilistas certificados. As viagens nacionais e internacionais proporcionadas aos colaboradores são igualmente uma forma de crescimento e aprendizagem. A progressão de carreira é também outro fator sempre tido em consideração - atualmente para além da ascensão comum hierárquica existem os colégios de especialização que permitem, de certa forma, a progressão e peso do colaborador no seio da organização. ▪


PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

“Sempre tive inerente que não se deve apressar o Serviço, mas sim focar-se na Qualidade”

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tos que falem a mesma língua ajuda imenso na primeira impressão. É importante ter elementos de várias nacionalidades pois permite a compreensão cultural, diferenças sociais e a religião.

FOTO: DIANA QUINTELA

Finpartner tem uma vasta experiência a nível nacional e internacional, trabalhando com clientes de várias nacionalidades e adquirindo, assim, um grande nível de experiência e flexibilidade. Em que medida, este conhecimento, beneficia e distingue a marca no mercado? O meu cargo está focado para o mercado estrangeiro, mais concretamente para clientes que necessitam de representação fiscal, pessoas singulares ou empresas que tenham interesse em adquirir residência fiscal em Portugal. Desta forma, é necessário ter conhecimentos aprofundados das obrigações fiscais em Portugal de modo a garantir o cumprimento dos prazos. É ainda de extrema relevância que exista uma comunicação clara sobre a importância da representação fiscal e as suas implicações, de forma a conseguir assegurar um acompanhamento célere. O representante fiscal é quem faz a ligação entre a Autoridade Tributária e o cliente, sendo que tem de garantir o necessário cumprimento de todas as obrigações declarativas, receber todas as taxas e impostos devidos do cliente e informá-lo sobre as obrigações fiscais e respetivos prazos. É um trabalho muito burocrático e metódico, por isso é imprescindível ter-se a capacidade de resolução de problemas e responsabilidade. Na Finpartner temos um departamento especializado alocado a esta prestação de serviço, como trabalhamos com muitos clientes estrangeiros a nossa equipa domina vários idiomas: inglês, mandarim, francês e espanhol. Além do mais, o nosso departamento teve uma forte aposta na automatização, nomeadamente na criação de

ENYA CHEN, CHEFE DE EQUIPA DO DEPARTAMENTO DE IMIGRAÇÃO

softwares internos que nos ajudam nas tarefas mais repetitivas, o que nos permite oferecer um acompanhamento mais personalizado. Também de referir que temos uma presença assídua nas redes sociais, com a criação de webinars específicos da área. Utilizamos ainda o wechat como ferramenta de comunicação, fazemos também muitas newsletters e artigos de interesse voltados para a área. Enquanto Chefe de Equipa do Departamento de Imigração, e pelo conhecimento anteriormente mencionado, que mais-valias este cargo trouxe à sua vida profissional? Cada país tem a sua legislação e fiscalidade, o que acarreta explicar e tornar compreensível aos nossos clientes as diferenças entre Portugal e o país de origem, ra-

zão pela qual é muito importante que exista uma maior disponibilidade da nossa parte, bem como uma comunicação clara. Sendo uma pessoa estrangeira, sinto que tenho vantagem em perceber as necessidades do cliente, bem como ter a sensibilidade necessária para acompanhá-lo ao longo de todo o processo de Representação Fiscal, até porque eu própria necessitei da mesma orientação. O conhecimento que tenho adquirido ao longo destes anos, tem-me tornado conhecedora do mundo fiscal português, e, por essa razão, consigo ter capacidade de analisar as situações de cada cliente e tomar uma decisão acertada. Sendo que muitos dos nossos clientes são de origem asiática, sinto que a língua pode ser uma barreira muito complexa, no entanto tendo na equipa elemen-

O que significa trabalhar na Finpartner? Quando entrei na Finpartner, comecei primeiramente como tradutora de mandarim-português, pois não tinha conhecimentos técnicos de fiscalidade nem da legislação portuguesa. Apesar disso, existiu sempre abertura para que evoluísse e pudesse trilhar o meu caminho profissional. Comecei por tratar de algumas burocracias simples e depois evoluí para assuntos mais complexos, mas sempre com o apoio da chefia e administração, para que evoluísse e me tornasse cada vez mais independente. Pude também contar com colegas que me ajudaram imenso e que tiveram a paciência de me explicar e ajudar em todo este processo. Sempre tive interesse em saber mais da parte fiscal e por isso mesmo foram-me disponibilizadas várias formações em fiscalidade, contabilidade, processamento salarial e impostos que me ajudaram a desenvolver as minhas capacidades. Sempre tive inerente que não se deve apressar o serviço, mas sim focar-se na qualidade. Desde o início que fui bem recebida e, sem dúvida que o espírito de equipa é que torna a Finpartner única, todos os membros das equipas entreajudam e cooperam entre si com o objetivo de atingir o sucesso. Agradeço à Finpartner por este percurso profissional e por ter pessoas que me desafiam e ajudam neste caminho. ▪

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PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

“A Inclusão do serviço de Payroll veio tornar a Finpartner numa one-stop-shop”

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um serviço padrão, mas sim um serviço especializado. A inclusão do serviço de Payroll veio tornar a Finpartner numa one-stop-shop, onde conseguimos oferecer os nossos clientes um vasto leque de serviços que abrange todas as suas necessidades empresariais. Nos últimos dois anos temos assistido a um aumento considerável das empresas não residentes em Portugal que apenas pretendem contratar trabalhadores em Portugal, mas não têm intenções de se estabelecer fisicamente no nosso país, neste âmbito o departamento de Payroll tem sido fundamental no acompanhamento destes clientes que apresentam necessidades muito específicas.

FOTO: DIANA QUINTELA

Finpartner está ciente da importância do Capital Humano numa empresa. Por este motivo, disponibiliza um conjunto de serviços que visam apoiar os seus clientes. É legítimo afirmar que esta mentalidade é aplicada internamente, daí o valor acrescentado no mercado? O Capital humano é o fator mais importante de uma organização e é aqui que o departamento de Recursos Humanos tem o seu papel mais importante na atração, gestão e formação dos seus talentos. O crescimento da Finpartner deve-se não só à elevada qualidade do nosso serviço, mas também por estarmos conscientes da importância da valorização dos nossos talentos e na aposta constante na inovação dos nossos processos. O nosso objetivo é estimular o sentimento de pertença nos nossos colaboradores, aumentar o seu nível de empenho e compromisso para com a organização. Disponibilizarmos um ambiente de trabalho acolhedor e estimulante, onde cada um se sente parte integrante de uma equipa onde todos trabalham em direção ao mesmo objetivo, esta motivação da nossa equipa tem levado a Finpartner a taxas de crescimento impressionantes. O nosso serviço de Payroll vai além do processamento salarial, os nossos clientes são acompanhados no decorrer de todos os processos, disponibilizamos documentação de suporte sobre diversos temas de legislação laboral, muitas vezes adaptados à realidade de cada cliente. Conseguimos dar resposta a pedidos mais concretos que saem fora da esfera do Payroll, nomeadamente no processo de integração e acolhimento dos trabalhadores, formações,

TELMA BACALA, CHEFE DE EQUIPA DO DEPARTAMENTO DE PAYROLL

Saúde e Segurança no Trabalho e Seguros de Saúde. Na nossa visão tratamos as empresas dos nossos clientes como se fossem a nossa, o sucesso dos nossos clientes é o nosso sucesso. Quão fundamental tem sido o Departamento de Payroll, no qual lidera, no desenvolvimento, evolução e promoção da marca? O nosso departamento de Payroll está isolado do departamento de contabilidade, as técnicas de Payroll são especializadas com formação superior especifica na área dos recursos humanos e esta é uma das vantagens que temos em relação à nossa concorrência.

Para garantir o correto acompanhamento dos nossos clientes é importante referir que disponibilizamos formações constantes às nossas técnicas de Payroll de forma a manter a equipa atualizada em relação às alterações que ocorram na legislação laboral. O Payroll evoluiu de um serviço de segunda linha para um serviço de primeira linha. Esta evolução deve-se em parte à agressiva estratégia de marketing, mas também ao nosso maior aliado, a referenciação dos nossos clientes. A satisfação dos clientes tem sido a nossa grande vantagem, o nosso trabalho é desenvolvido de forma a satisfazer as necessidades específicas de cada cliente, não temos

“Human Resources isn’t a thing we do. It’s the thing that runs our business.” — Steve Wynn.

O que significa trabalhar na Finpartner? Todos nós trabalhamos em equipas distintas, mas todos sabemos que somos apenas uma grande equipa e que apenas juntos vamos conseguir continuar a crescer. Somos uma equipa jovem, empenhada, motivada para o cumprimento de objetivos, mas acima de tudo estamos comprometidos a prestar um serviço de excelência aos clientes que nos procuram, sejam eles grandes empresas ou clientes singulares. Trabalhar na Finpartner é não só terminar o nosso dia com a sensação de objetivo concluído, mas também com um sentimento de que trabalhamos com um propósito. Sentir diariamente que somos valorizados para também transmitir essa valorização aos clientes. ▪


PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

“Aqui sentimos que conseguimos Crescer individualmente ao mesmo tempo que a Finpartner cresce enquanto Grupo”

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como a nível das pessoas singulares.

FOTO: DIANA QUINTELA

Finpartner aposta regularmente na formação contínua e na entreajuda dos seus profissionais, procurando sempre adaptar-se aos diferentes desafios apresentados pelos seus clientes. Na sua perspetiva, quão importante é assegurar a formação interna e que efeitos é que, a mesma, traz ao contacto com os clientes? A Finpartner considera, sem dúvida, que a formação é uma das maiores apostas para o crescimento profissional dos seus colaboradores. Nas formações de vertente técnica, posso dizer que proporcionam bastante mais segurança nas consultorias diárias fiscais que oferecemos aos nossos clientes. É através de formação constante que conseguimos estar a par das inúmeras alterações que ocorrem todos os anos no setor da contabilidade e no setor fiscal. Na era digital em que vivemos, os nossos clientes encontram-se cada vez mais informados e exigem do seu parceiro contabilístico e fiscal uma resposta atual, rápida e fidedigna. Destaco ainda nesta vertente as formações de encerramento de contas e de orçamento de Estado, que são as que trazem mais novidades ao ano fiscal. A par da formação interna que a supervisão e a administração da Finpartner proporciona, tornamo-nos profissionais capazes e desenvolvemos competências essenciais para o exercício da nossa profissão. Dentro destas competências destaco especialmente as de vertente comportamental e tecnológica. Estas duas vertentes possibilitam que nós, enquanto colaboradores, façamos uma adaptação do nosso comportamento para com o outro dentro do contexto do local de trabalho bem como na relação empresa-cliente e que desenvolvamos competências técnicas informáticas que nos possibilitam prestar um serviço de qua-

CATARINA ROSADO, CHEFE DE EQUIPA

lidade e rigoroso. Aqui, destacaria as formações em comunicação oral e escrita, bem como as formações em programas informáticos que nos permitem otimizar o tempo através de automatizações de processos. A marca afirma que tem como missão a constante melhoria dos seus serviços, contribuindo, assim, para o desenvolvimento e crescimento sustentável do seu negócio. Face aos desafios diários que surgem, de que forma o tem concretizado? É bastante notório, como colaboradora da Finpartner que existem inúmeros desafios com que nos debatemos diariamente. Desafios esses que temos de superar, muitas vezes, a correr contra o tempo. Como exemplo, uma das nossas apostas enquanto bons profissionais é conseguir dar uma resposta aos clientes no seu imediato. Aqui coloca-se o desafio de sermos rápidos, mas também ao mesmo tempo eficazes, úteis e fidedignos com a matéria contabilística e fiscal. Assim, a constante melhoria do serviço oferecido

através, por exemplo, da automatização de processos, faz com que tenhamos mais tempo para estudarmos, analisarmos e por fim dar uma resposta personalizada ao cliente. Para além disso, tentamos sempre ter um contacto próximo com o cliente demostrando assim que estamos comprometidos com aquela relação profissional, o que muitas vezes nos distingue dentro do setor. Esta relação não se fica apenas pelo contacto inicial, ao longo do ano fiscal vamos apresentando os resultados mensais ao cliente, não tendo apenas o papel de contabilista que apresenta os impostos a pagar. Acreditamos que a Finpartner tem ao seu dispor ferramentas essenciais que permitem ao cliente empreendedor expandir o seu negócio e até mesmo utilizar ou adaptar os recursos mais vantajosos e que irão otimizar os benefícios fiscais a que pode ter acesso. A nossa postura, enquanto colaboradores, é ativa e rigorosa o que nos tem permitido chegar a resultados extraordinários e fazer a diferença tanto nas empresas do nosso país

O que significa trabalhar na Finpartner? Quando decidi entrar para a equipa da Finpartner estava longe de imaginar que passado apenas um ano já tanto teria acontecido e que seria uma profissional completamente diferente. Sabendo de antemão que a Finpartner tinha a reputação de apostar na constante melhoria dos seus profissionais e serviços na área levou-me de imediato a aceitar o convite. Não poderia estar mais feliz com a decisão. Neste primeiro ano arrisco-me a dizer que já obtive mais conhecimento técnico e comportamental do que o adquirido em toda a minha carreira. A Finpartner permite-nos ser autónomos na organização do nosso trabalho, ao mesmo tempo que nos dá as ferramentas e os meios para sermos sempre melhores profissionais. Aqui sentimos que conseguimos crescer individualmente ao mesmo tempo que a Finpartner cresce enquanto grupo. Tenho o prazer de todos os dias trabalhar com uma equipa formada por seres humanos maravilhosos em que todos trabalham por um bem comum: o sucesso dos nossos clientes. Acreditamos com toda a convicção que o sucesso dos nossos clientes é o sucesso da Finpartner e é esta certeza que faz com que sejamos um dos nomes mais fortes do mercado quando o assunto é Contabilidade e Assessoria e Consultoria Fiscal. Trabalhar na Finpartner é estar rodeada de grandes profissionais que têm o conceito de equipa bem definido e intrínseco. É este mesmo conceito que nos permite todos os anos crescer não só em números, mas também na qualidade dos serviços prestados. ▪

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PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

JOANA ISIDORO, DIRETORA DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

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empresa está consciente das implicações dos seus serviços e, como tal, compromete-se em manter implementado um Sistema de Gestão da Qualidade. Assim, a Política da Qualidade da empresa prevê que orientações? A Organização assume o compromisso de garantir a melhoria e desenvolvimento contínuo, adotando e dando primazia a uma abordagem sistemática, a qual conduz os atos dos colaboradores da empresa por forma a dar resposta a todas as partes interessadas. A nossa principal missão é sermos um verdadeiro parceiro de negócios, com foco em atender as expectativas dos clientes e parceiros, bem como monitorizar os processos e adotar procedimentos eficientes. Consciencializar a equipa de forma a que estes tenham uma postura consciente, ética e responsável, garantindo uma evolução e formação contínua, adotando um compromisso permanente para com as pessoas. Os nossos valores ajudam-nos a trabalhar de forma a sermos mais eficientes e proativos, pautando os nossos serviços pelo rigor e pela postura ativa com o cliente. Considera que, na Finpartner, se adota um compromisso permanente com as pessoas, com o seu bem-estar e com a sua evolução? De que forma? Sim, considero. Isto porque, na minha opinião, a Finpartner preocupa-se com a motivação dos seus colaboradores, em criar um sentimento de pertença à Organização, esforçando-se para atribuir os projetos de acordo com os gostos e interesses de cada um. Por exemplo, no meu caso concreto sempre me foi

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dada a oportunidade de me envolver em projetos com os quais me identifico, nomeadamente, a participação em reuniões e eventos com o propósito de apresentar a Finpartner, angariar contactos e referenciações ou, ter ainda a oportunidade de poder implementar na Organização um Sistema de Gestão da Qualidade (ISO 9001:2015), sendo ainda elemento de uma equipa de contabilidade que tem a seu cargo uma carteira de empresas e de estar também na equipa destinada à entrega e análise das Declarações de IRS. A Administração preocupa-se em fomentar um espírito de entreajuda, incentivando as pessoas e dando ferramentas para se superarem. Promove várias ações de formação técnicas e comportamentais, ajudando em questões contabilísticas e fiscais, mas também preocupada com temas como a gestão de stress, a capacidade de liderança, entre outras. Na Finpartner, a progressão pode caraterizar-se como uma carreira mais direcionada para a liderança, para a chefia de equipas ou então mais voltada para a especialização em determinada área de interesse, nomeadamente, o IRS, IRC, Hospitality, Suporte à Gestão, entre outras, desta forma não somos “obrigados” a seguir uma direção com a qual não nos identificamos. O que significa trabalhar na Finpartner? Já lá vão quatro anos desde que entrei para a Finpartner e posso adiantar que que não existem dias iguais, não há qualquer monotonia. Esta empresa tem sido não só uma grande escola, mas também um centro de aprendizagem e superação nos vários desafios que são colocados no dia a dia. Aqui temos oportunidade de explorar várias áreas, isto porque, uma pessoa com formação em contabilidade ou gestão tem a oportunidade de trabalhar na área de formação área, mas também pode explorar outras áreas como o IT, marketing, cobranças, controlo interno, entre outras. Esta polivalência é, na minha opinião, uma mais-valia para quem está a iniciar o seu percurso profissional, pois permite-nos explorar e perceber quais as áreas que mais nos realizam. O ambiente é bastante jovem e descontraído, sem deixar de ser profissional, e a cultura organizacional faz como que todos os dias eu “vista a camisola” desta empresa e a represente da melhor forma que me é possível. ▪

“Na Finpartner somos ensinados a encarar os desafios de frente” FOTO: DIANA QUINTELA

FOTO: DIANA QUINTELA

“A Organização assume o compromisso de garantir a melhoria e desenvolvimento contínuo”

CARLA GONÇALVES, CHEFE DE EQUIPA

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uma altura em que as incertezas predominam, devido às constantes alterações da sociedade e do mercado, de que forma a equipa da Finpartner tem sido motivada a desempenhar o seu papel com a dedicação e excelência conhecidas? Na Finpartner somos ensinados a encarar os desafios de frente. Estamos habituados à adaptação constante pelo que as alterações para nós são vistas como oportunidades de fazermos mais e melhor. Temos uma chefia que nos motiva diariamente e nos auxilia sempre que necessário, mostrando-nos o caminho a seguir, mas dando-nos liberdade para o fazermos como acharmos melhor, tendo a plena confiança no nosso trabalho. O facto de possuirmos um forte espírito de equipa e de todos se ajudarem uns aos outros sempre que é preciso, independentemente dos cargos exercidos, é uma grande mais valia para todos, faz com que sejamos muito mais eficientes e com que todos os problemas se tornem automaticamente menores. Enquanto Chefe de Equipa, quais são as principais sensações que permanecem após

um dia de trabalho na empresa? Liderar uma equipa nem sempre é fácil e requer um grande desenvolvimento não só enquanto profissional, mas enquanto pessoa. É uma grande responsabilidade porque temos alguém que está a seguir os nossos passos e para quem somos o exemplo, mas é também muito gratificante poder contribuir para o crescimento dos outros e vê-los ir trilhando o seu próprio caminho. Saber que posso fazer toda a diferença no dia a dia da minha equipa através de uma liderança positiva, dando-lhes todo o apoio e motivando-os quando as coisas não correm como esperado. O que significa trabalhar na Finpartner? Trabalhar na Finpartner significa não ter dois dias iguais. Apesar de prestarmos serviços de contabilidade, somos uma empresa muito dinâmica e proativa que tenta todos os dias fazer um pouco mais para atender a todas as necessidades dos nossos clientes. É também uma aprendizagem diária, a todos os níveis. Tenho aprendido muito desde que entrei na Finpartner, mas principalmente desde que sou chefe de equipa, a partilha de conhecimento com os outros requer uma abordagem muito mais clara daquilo que sabemos para o conseguirmos explicar da melhor forma possível. Entrei na Finpartner em 2018 como júnior, sem qualquer experiência na minha área de formação e desde logo que senti que fazia parte deste projeto. Tive a sorte de ter encontrado uma líder (Daniela Esteves) que confiou plenamente nas minhas capacidades e de me deu todas as oportunidades para crescer, a quem eu tenho muito a agradecer. Tenho muito orgulho em fazer parte desta empresa e poder dar o meu contributo para o seu crescimento que tem sido notável. ▪


PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

INÊS MAURÍCIO, SUPERVISORA

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onsidera que no seio da Finpartner existe uma grande aposta nos Recursos Humanos? O que fomenta esta ideia? Claro que sim. Como em qualquer organização um dos maiores e principais pilares, são as pessoas, e nisso a Finpartner não é exceção. Desde o momento em que um novo elemento se junta à equipa, que existe a preocupação de oferecer uma formação e acompanhamento adequados ao perfil desse mesmo elemento. A integração na equipa é feita de forma natural explicando ao novo elemento qual a cultura, missão e os valores da empresa bem como as normas e os procedimentos pelos quais se deve reger. Todos os elementos da equipa, são muito jovens, pelo que uma formação bem estruturada e focada na pessoa, é a base para formar profissionais de sucesso. Posteriormente, com o avançar do trabalho e do conhecimento que temos de determinado elemento da equipa, vamos percebendo quais as áreas em que esse mesmo elemento mais se destaca e que funções mais gosto tem em desempenhar, propondo assim planos de formação específicos nessas mesmas funções e nessas mesmas áreas, ajudando assim a uma rápida progressão de carreira. Uns ascenderão a posições de liderança, outros pelas suas competências técnicas, tornam-se especialistas em determinadas áreas. É da qualidade das pessoas que

constituem a equipa que advém a garantia da excelência dos serviços prestados pela Finpartner. Assim, que diferença faz – e tem feito – apostar e assegurar uma liderança positiva dentro desta organização? Sendo a equipa da Finpartner composta na sua grande maioria por elementos muito jovens, aliada ao facto da aposta constante na formação não só em áreas técnicas como em áreas ligadas às novas tecnologias, permite que os nossos elementos, incentivados pelas chefias, procurem constantemente formas de automatizar processos, e melhorar métodos de trabalho o que permite no final do dia ter mais tempo para o que realmente interessa ou seja a relação com os clientes. Isto só se torna possível porque a Finpartner promove a confiança e a abertura para que os elementos mais jovens, desde o seu primeiro dia, deem a sua opinião, questionem, sugiram, promovam ideias, tanto junto do seu chefe de equipa como da administração, havendo uma cultura muito própria de entreajuda entre todos os elementos da hierarquia. E como a vida não é só trabalho, a Finpartner tem uma preocupação acrescida com o bem-estar dos seus colaboradores, promovendo um equilíbrio entre a sua vida profissional e pessoal e com pessoas felizes garantimos sem dúvida um serviço de excelência aos nossos clientes. O que significa trabalhar na Finpartner? Trabalhar na Finpartner significa fazermos parte de uma família que se apoia e que está lá, na luta, a cada adversidade, a cada novo desafio, que está lá nos fracassos para apoiar e nos sucessos para celebrar. Trabalhar na Finpartner significa que o nosso trabalho conta, é reconhecido e valorizado, significa que a nossa opinião qualquer que seja a posição na empresa é ouvida e tida em consideração. Trabalhar na Finpartner é sem dúvida uma experiência que vale a pena. ▪

“O melhor é saber que ainda há tanto por desenvolver, pois o nosso sucesso está apenas ao alcance da nossa imaginação” FOTO: DIANA QUINTELA

FOTO: DIANA QUINTELA

“Trabalhar na Finpartner significa que o nosso trabalho conta, é reconhecido e valorizado”

CARINA BATISTA, SUPERVISORA

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Finpartner afirma que a chave-mestra do seu sucesso e reconhecimento é a equipa forte e estável que a integra. Que mais-valias este profissionalismo, qualidade e dedicação traz aos clientes da empresa? Na Finpartner temos profissionais qualificados em áreas chave, com diferentes backgrounds, que falam diversos idiomas. Esta diversidade, aliada ao comprometimento e espírito de equipa, contribuem para que o objetivo, no fim do dia, seja um serviço exemplar. Os nossos clientes contam com uma equipa jovem e dinâmica, que pensa fora da caixa e trabalha arduamente, com foco na qualidade e em superar as expectativas dos clientes. Não queremos ser apenas mais uma empresa de contabilidade, pretendemos ser o parceiro de sucesso, que gere os negócios dos seus clientes como se fosse o seu, e procura sempre o melhor caminho, pois as vitórias dos nossos clientes são igualmente as nossas vitórias. Enquanto Supervisora, como nos pode descrever a evolução da empresa ao longo dos anos e os principais marcos que a conduziram ao reconhecimento no mercado? Quando me juntei à equipa da Finpartner, em 2016, a ambição e vontade de crescer eram já parte do seu ADN. Na Finpartner transformamos objetivos em ações, ouvimos a opinião dos nossos colaboradores e gostamos que todos contribuam com as suas ideias. Assim, nestes últimos anos assisti a mudanças tão

diversas como o crescimento da equipa, a criação de equipas de trabalho e colégios de especialização; uma evolução fantástica a nível de marketing e estratégias comerciais; a criação de uma App; a criação de tecnologias e robôs que nos permitiram focar mais no serviço prestado ao cliente; a certificação pela ISO 9001 nos serviços de contabilidade, payroll e representação fiscal; a distinção como PME Líder 2021, os prémios e distinções obtidos; tudo isto num espaço de seis anos é sem dúvida motivo de orgulho e prestígio, que nunca seria possível sem um excelente trabalho de equipa e uma liderança que aposta no nosso crescimento e desenvolvimento. O melhor é saber que ainda há tanto por desenvolver, pois o nosso sucesso está apenas ao alcance da nossa imaginação. O que significa trabalhar na Finpartner? Trabalhar na Finpartner significa um desafio constante e uma aventura. Todos os dias somos confrontados com desafios e questões que nos obrigam a sair da nossa zona de conforto e a crescer, sejam estes desafios propostos pelos nossos clientes ou pela nossa Administração. Um dia nunca é igual ao anterior e é isso que mais me motiva. Recordo que nos meus primeiros meses de trabalho na Finpartner fui desafiada a participar numa viagem de representação da empresa a Barcelona. Era algo que sabia que era comum acontecer, mas nunca pensei que tal me fosse logo proposto no início. Aceitei e depois desta primeira viagem outras se seguiram. Hoje em dia, adoro o que faço e sei perfeitamente que foi ao sair da zona de conforto que consegui crescer tanto a nível profissional como pessoal. Trabalhar na Finpartner significa assistir ao crescimento da mesma, e orgulharmo-nos por fazer parte desse crescimento. Ao contribuirmos com as nossas ideias para o crescimento da empresa, sentimo-nos parte integrante, e é gratificante saber que em cada passo que a empresa dá rumo ao sucesso, está um pequeno gesto de cada elemento da sua equipa. ▪

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MARIANA VERÍSSIMO, COUNTRY LEADER DA TMF GROUP

FOTO: DIANA QUINTELA

“A MÉDIO E LONGO PRAZO QUEREMOS ALARGAR O LEQUE DE SERVIÇOS QUE PRESTAMOS, EXPANDIR A EQUIPA, ALARGAR AS COMPETÊNCIAS DA MESMA. O MERCADO PORTUGUÊS AINDA TEM ESPAÇO PARA QUE A TMF GROUP CRESÇA. É PARA LÁ QUE CAMINHAMOS”


PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

“A Valorização do Capital Humano promove o Sucesso de qualquer Empresa”

FOTO: DIANA QUINTELA

Mariana Veríssimo, Country Leader da TMF Group, conversou com a Revista Pontos de Vista acerca da importância de vetores como o Capital Humano, Talento e Felicidade no seio de qualquer empresa. Garantiu que estes são, claramente, fatores cruciais nesta marca que aposta diariamente na formação da sua equipa e na promoção do seu bem-estar. Conheça todos os detalhes que a diferenciam e contribuem para o seu sucesso.

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TMF Group é uma marca líder no outsourcing de serviços de gestão que ajuda os clientes a investir e operar com segurança à escala global. Enquanto referência no setor onde atua, quais têm sido os fatores diferenciadores que trouxeram a marca à liderança no mercado? A TMF Group é uma marca full service que pretende servir clientes à escala global, fazendo-se valer do conhecimento local dos colaboradores em cada jurisdição onde opera. Como fatores

diferenciadores a TMF tem tido dois focos: 1. quanto aos colaboradores, o de atrair talento e de manter esse talento atraído. Tem mantido uma constante preocupação com os colaboradores (especialmente no período conturbado que todos vivemos nos últimos anos) e tem procurado cuidar dos mesmos a vários níveis, tomando variadas iniciativas; 2. quanto ao cliente, o tornar simples um mundo que é complexo. A TMF tem tido os olhos postos na evolução do mercado e nas crescentes necessidades dos

clientes face ao aumento das exigências regulatórias do setor em que operam - seja imobiliário, financeiro, tecnologia, saúde, compliance... - respondendo a estas necessidades. Se um cliente passar a ter uma nova obrigação local e a TMF puder ajudar o cliente a cumpri-la, sem desviar a atenção do seu próprio negócio, já estamos a cumprir com o nosso objetivo. Isso é o que permite o cliente focar-se no que é importante para si, tendo a confiança de ter escolhido o melhor parceiro para cuidar do resto.

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FOTO: DIANA QUINTELA

PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

FOTO: DIANA QUINTELA

“UMA EMPRESA NÃO PODE PROSPERAR SEM OS SEUS COLABORADORES. E SEM QUE OS MESMOS ESTEJAM BEM E FELIZES. O CAPITAL HUMANO É CRUCIAL EM QUALQUER ORGANIZAÇÃO, COLABORADORES FELIZES GERAM CLIENTES FELIZES”

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Esta é uma empresa que conta com especialistas por todo o mundo que garantem que as regras e regulamentos são cumpridos, bem como a conformidade operacional. Neste sentido, como nos pode descrever os serviços e soluções que a marca apresenta e o valor que os mesmos aportam? Sendo uma marca full service, contamos com uma equipa multidisciplinar para dar apoio aos nossos clientes em contabilidade e tax compliance, no processamento de salários, no secretariado jurídico, na domiciliação, representação fiscal e no serviço de gerentes ou administradores nas sociedades nossas clientes. Sendo a nossa carteira de clientes maioritariamente estrangeira o valor que estes serviços aportam é muito significativo, já que passamos a representar o nosso cliente em Portugal, através de um gerente/administrador providenciado por nós, de um contabilista certificado, de apoio no processamento dos vencimentos dos colaboradores do nosso cliente, de apoio na abertura de contas bancárias, legalização e obtenção de documentos, acompanhamento de todas as transações, de fazer a ponte com os advogados do cliente, com os bancos e com os notários. A nossa equipa acaba por fazer de “olhos e braços”

dos nossos clientes, tratando de toda a parte regulatória, administrativa e contabilística por forma a “simplificar-lhes” a vida. Certo é que esta é marca que muito preza a felicidade dos funcionários em todas as equipas globais e locais. Em que medida esta valorização do Capital Humano promove o sucesso do TMF Group? A valorização do capital humano promove o sucesso de qualquer empresa. Um gestor que ainda não tenha posto o foco nas suas pessoas, cedo perceberá que tem de o fazer. Uma empresa não pode prosperar sem os seus colaboradores. E sem que os mesmos estejam bem e felizes. O capital humano é crucial em qualquer organização, colaboradores felizes geram clientes felizes. Não vale a pena achar que é o contrário. Há que cuidar das nossas pessoas para que elas possam cuidar dos nossos clientes. Clientes bem servidos pagam as faturas atempadamente e sem contestar. Por isso, a felicidade dos primeiros gera e será sempre a responsável pelo sucesso da TMF Group. Sempre demos muito valor ao nosso capital humano e sempre nos posicionámos no sentido de promover e estimular uma cultura de empresa aberta, humana, de entreajuda e assente em crescer a partir dos erros que cometemos. O “apontar o dedo” não é o que os move. A equipa é muito jovem, a aprendizagem e crescimento fazem parte de todo o processo de consolidação da TMF Group em Portugal.


Uma das principais ambições é precisamente que esta seja uma das empresas mais procuradas para trabalhar, no setor onde se inserem. Portanto, estabelecem um plano abrangente de “angariação” de funcionários a longo prazo. Porquê? Sim, preocupamo-nos não em reter o talento, mas em manter o nosso talento constantemente atraído. Não procuro que as pessoas sejam ou se sintam “retidas”. Quero, isso sim, que se sintam atraídas e com vontade de ficar, de ver a TMF crescer, de crescer com a empresa, acreditando no projeto, dando o seu contributo, sabendo exatamente como se inserem na estratégia da mesma. A angariação de talento e as múltiplas ações para que este talento se sinta atraído a longo prazo são, sem dúvida, a nossa grande prioridade. Não há nada melhor nem mais gratificante do que ter orgulho no sítio onde se trabalha. Esse é o nosso foco, para um crescimento saudável e sustentado a longo prazo. De que forma, no seio do TMF Group, a felicidade e o talento dos colaboradores, é motivada? E qual a importância da valorização dos mesmos? A TMF preocupa-se em ter formações e vários programas educativos para os nossos colaboradores, foca-se em traçar um caminho de plano de carreira adequado para cada um deles, ouvir as suas sugestões e opiniões através de múltiplos inquéritos e entrevistas (à entrada e à saída da TMF e, também, de modo contínuo), os quais se traduzem, depois, em planos de ação. A TMF disponibiliza progra-

FOTO: DIANA QUINTELA

PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO

A terminar, enquanto marca líder no mercado, o que ainda falta alcançar? Que novidades se podem esperar do TMF Group a médio e longo prazo? Falta completar todos os passos no que toca à regulação ESG (Environment, Social and Governance), para nos posicionarmos enquanto empresa cumpridora das metas traçadas internacionalmente e para, por isso mesmo, atrairmos clientes cada vez mais exigentes e conscientes quanto ao papel das empresas no planeta. Falta sermos reconhecidos em Portugal, como acontece noutros países, como prestador de serviços de referência. Mas, também aqui, é preciso saber esperar. Dar pequenos passos, ir colhendo. Estamos no mercado há quatro anos, claramente em fase de consolidar a nossa reputação em Portugal. A médio e longo prazo queremos alargar o leque de serviços que prestamos, expandir a equipa, alargar as competências da mesma. O mercado Português ainda tem espaço para que a TMF Group cresça. É para lá que caminhamos. Sustentadamente.

“A ANGARIAÇÃO DE TALENTO E AS MÚLTIPLAS AÇÕES PARA QUE ESTE TALENTO SE SINTA ATRAÍDO A LONGO PRAZO SÃO, SEM DÚVIDA, A NOSSA GRANDE PRIORIDADE” mas de saúde mental, de coaching e promove eventos sociais. Tudo isto permite que cada um retire da empresa aquilo que lhe é mais útil em termos de carreira e de aprendizagem profissional e pessoal, para que todos possam encontrar o seu lugar na TMF Group. A valorização da felicidade e do talento dos colaboradores é o que determina a durabilidade da relação dos mesmos com a empresa e a

motivação com que trabalham, com que se entregam e com que inspiram os demais colegas. Tudo isto está no centro das nossas preocupações. Quais considera que são os maiores desafios na gestão do capital humano nesta organização? A captação do melhor talento e a atração do mesmo numa lógica duradoura. Não há nada mais frustrante

do que estar um ano a treinar e a investir num colaborador que depois deixa de se rever no projeto e sai. As melhores pessoas fazem as melhores empresas. Nem todos os perfis são ideais para a TMF, bem como a TMF não será a empresa ideal para todos. Há que escrutinar, dar espaço para uma formação e articulação com os nossos valores e objetivos. É preciso ter paciência, saber plantar para depois colher. ▪

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

“A Sustentabilidade faz parte do “corpo” que é a Jardins de Adónis” São duas décadas a marcar a diferença e a perpetuar um legado de excelência, de rigor e de missão. Falamos da marca Jardins de Adónis e que este ano comemora vinte anos de atividade. Sobre esta «marca simbólica», a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Marisa Vicente Dias, Owner da Jardins de Adónis, que nos contou como tem sido esta aventura e como tem sido verdadeiramente enriquecedor fazer parte de um projeto diariamente desafiante e relevante.

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dificada em 2002, a Jardins de Adónis comemora este ano 20 anos de atividade. No sentido de contextualizar o nosso leitor, quais são os pontos mais emblemáticos e simbólicos que marcam estas duas décadas de atividade e de que forma é que a marca tem vindo a crescer e a responder às exigências do mercado? É com enorme orgulho que completámos 20 maravilhosos anos de atividade, plenos de desafios e aprendizagens constantes. A Jardins de Adónis iniciou a sua atividade com uma Missão clara e simples: a projeção e execução de jardins ornamentais. Foram vários os projetos que acompanharam o nosso crescimento no mercado; todos eles importantes, todos eles contributos para o amadurecimento da marca. Como pontos emblemáticos, remeto a 2016, quando construímos os jardins de cobertura no edifício Santander, um dos jardins de cobertura mais emblemáticos, em Lisboa; foi um momento de viragem, de perceção de que os nossos horizontes se tinham expandido para além da nossa Missão original. Um outro evento, simbólico, para a Jardins de Adónis, foi o Prémio 2021 Scoring Top 5% - Melhores PME, que posicionou a marca entre as melhores PME de Portugal; este acontecimento confirmou o reconhecimento do nosso trabalho pelo mercado e reforçou a nossa determinação em continuar a contribuir para inspirar o mundo, através do Paisagismo. Já em 2022, outro projeto relevante, foi o apoio à produção do programa “Casados à Primeira Vista, na SIC. A presença numa das principais redes televisivas portuguesas constituiu

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e sustentabilidade através do vosso core? De facto, hoje em dia a construção de jardins de cobertura e verticais (naturais, preservados e artificiais), é o core business da Jardins de Adónis. O maior objetivo dos jardins verticais é aumentar a qualidade do ar e diminuir a poluição, através da redução do CO2; a solução dos jardins de cobertura permite um melhor isolamento térmico e acústico dos edifícios, atenuando também os efeitos das chuvas torrenciais e da ilha de calor.

JOÃO ADÓNIS E MARISA VICENTE DIAS

mais um passo em frente, e confirma a posição e preferência da marca, neste setor de atividade. E, finalmente, a presença na Expojardim – Urban Garden, que nos permitiu partilhar com um vasto público, soluções inovadoras integradas em projetos globais sustentáveis e harmoniosos. 20 anos passaram, e a Jardins de Adónis amadureceu. Hoje, a nossa Missão consiste em criar ambientes harmoniosos e sustentáveis, tentando integrar o Homem e a Natureza, através do Paisagismo. E é através da dinâmica entre estes dois elementos que pretendemos inspirar o mundo, pela criação de espaços verdes de luxo que alicerçam o seu conceito numa Consciência Social de Responsabilidade Ambiental. Ao longo destas duas décadas, o mercado sofreu alterações significativas, nomeadamente e sobretudo no que respeita ao seu grau de exigência. A Jardins de Adónis encontra solidez e segurança nos Valores com que sempre pautou a sua atividade, e são estes os mesmos que utilizamos para

responder às atuais exigências do mercado: inovação, criatividade, paixão, compromisso e sustentabilidade. Acreditamos em nós, confiamos no Cliente e servimo-lo. Atualmente, a construção de jardins de cobertura e verticais assumem-se como o principal core business da Jardins de Adónis. De que forma é que conseguem perpetuar uma dinâmica de harmonia

De que forma é que importante aliar jardins ornamentais com empresas? Sente que este era um nicho de mercado que estava pouco desenvolvido, mas que hoje está bastante presente na dinâmica do universo empresarial? Que vantagens têm as empresas que apostam em, por exemplo, em jardins ornamentais ou de cobertura? Consideramos essencial associar ao tecido empresarial os jardins ornamentais. Entendemos uma empresa como um “ser vivo”, na medida em que integra as inúmeras pessoas que ali trabalham e todas as que visitam


PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

o espaço. Cada uma dessas pessoas sente, visualiza e a sua produtividade e/ou recetividade à empresa, é tanto maior quanto maior for o seu grau de contentamento, diríamos mesmo, felicidade. A associação de jardins ornamentais a empresas, é mais um passo em direção à meta da sustentabilidade. A sustentabilidade tem a capacidade de unir as pessoas que trabalham nesses espaços para desenvolver uma melhor cultura de empresa, ao mesmo tempo que permite um maior equilíbrio vida-trabalho, e tem grande impacto nos clientes e, em última análise, no mundo. Acreditamos que um local de trabalho saudável e sustentável se relacio-

na diretamente com trabalhadores mais felizes e que, como tal, em consequência, aumenta a produtividade e diminui as baixas por situações de doença. Em Portugal, a integração de jardins ornamentais em empresas ainda é um nicho de negócio neste setor, mas a tendência é que essa realidade se altere; as empresas estão cada vez mais sensíveis aos fatores indiretos que, promotores de tranquilidade e de saúde individual, trazem benefícios para a produtividade da própria empresa; e ainda, recordemos que cada vez mais as empresas adquirem uma Consciência Social e Responsabilidade Ambiental, sendo que as mesmas desejam contribuir para o bem-estar dentro e fora do espaço empresarial. Este nicho apresenta elevado potencial para os operadores neste setor e se hoje não tem impactos contabilizáveis, tê-lo-á nos próximos anos; e a Jardins de Adónis continuará a apoiar e a desenvolver projetos socialmente conscientes e ambientalmente responsáveis, e a dar o seu melhor contributo para um mundo verde sustentável, promotor de um sentimento de bem-estar individual, empresarial e social. É legítimo afirmar que a grande

mudança de paradigma da Jardins de Adónis se deu em 2016, com a edificação de um dos mais emblemáticos jardins de cobertura em Lisboa no edifício do Santander? O que mudou nesse ano? É legítima a afirmação de que o ano de 2016 nos trouxe uma “grande mudança de paradigma”. Efetivamente, antes desse ano, e como referimos em ponto anterior, a nossa Missão era a projeção e execução de jardins ornamentais. E até esse ano, projetámos, implementámos e fizemos a manutenção de vários projetos em espaços diversos, que incluíam prédios, condomínios e moradias tipicamente particulares. Nesse ano e com a ajuda fundamental do João Adónis, responsável operacional cuidando de todas as operações da empresa contando com dez anos de experiência em jardins em que é responsável pela excelência dos processos operacionais e pela gestão estratégica que garantem competitividade ao negócio, foi possível realizar este ambicioso projeto. O conceito de sustentabilidade tem vindo a mudar ao longo dos anos, sendo que atualmente, é, praticamente, um dos principais desideratos de empresas e países em prol da proteção do planeta. De que forma é que essencial continuar a promover a sustentabilidade? As empresas amadureceram e estão conscientes do seu contributo para uma sociedade sustentável. Se, antes, a sustentabilidade estava conectada ao tecido financeiro e económico, hoje, é um conceito de abrangência sistémica. Estão integrados neste, agora vasto conceito, vários sistemas: o financeiro, o económico, o humano, o social e o ambiental; todos estes numa sinergia de várias dinâmicas que, se tenta, se movam de forma equilibrada, para permitir a sua continuidade

ao mesmo tempo que promovendo um sentimento global de bem-estar. Se a rentabilidade era o foco das empresas, e ainda é um dos focos, associou-se a preocupação com o que deixaremos às gerações seguintes; salvar vidas é essencial, mas sem um planeta a apoiar essas vidas, a Vida não será possível. Não esqueçamos que a Humanidade depende do planeta Terra. O espaço de trabalho é o local onde mais horas das nossas vidas são passadas; por essa razão, pese embora não só, esse espaço deve dispor das melhores condições ambientais e assim promover a felicidade e contribuir para um estado de saúde, ao mesmo tempo que participando de uma vida empresarial sustentável. A sustentabilidade é importante por uma razão realmente simples: não conseguimos manter a nossa qualidade de vida como seres humanos, a diversidade de vida na Terra ou os vários ecossistemas do planeta a não ser que sejam protegidos e bem geridos. Há dados, estatísticas, testemunhos e notícias, de todos os cantos do mundo, em grandes e em menores escalas, mas tudo confirma o que se revela evidente: se não protegermos o planeta, não adiantará prolongar a vida humana, pois a vida não será possível neste planeta. Pode continuar-se a promover a sustentabilidade atuando de forma consciente e responsável. Na orgânica da Jardins de Adónis, quão fundamental é promover a sustentabilidade e de que forma é que têm vindo a perpetuar essa aposta? Escolher Jardins de Adónis é fomentar a Sustentabilidade? Em que sentido? A sustentabilidade faz parte do “corpo” que é a Jardins de Adónis. Por isso completámos 20 anos de existência e atuação no mercado. A sustentabilidade atua nas polí-

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

ticas comerciais, nas dinâmicas das relações interpessoais, nas escolhas das espécies integradas em cada projeto, no planeamento rigoroso e criterioso de cada fase de cada projeto; é um conceito transversal a muitas áreas de atuação, interna e externamente à empresa, sendo fundamental para a sobrevivência da mesma. A atualização de conhecimentos nas várias áreas que integram o nosso trabalho, a seleção dos recursos humanos permitem-nos perpetuar a aposta neste setor. Escolher a Jardins de Adónis é tomar a si um Parceiro com uma vasta carteira de ofertas: experiência comprovada, conhecimento do mercado, das etapas de projeto e da conceção do mesmo. Para nós, sustentabilidade é muito mais do que mais um conceito: é uma necessidade global de sobrevivência, é um compromisso de respeito para com cada ser humano e, o mais importante, é um ato de humildade que revela o quanto pequenos somos perante a nossa total dependência a este planeta. Sente que hoje existe uma maior consciencialização para as questões relacionadas com a Sustentabilidade, a Harmonia e proteção do planeta? Sim, absolutamente. Uma prova disso mesmo são os textos de Quem Somos, nas apresentações das empresas. Certamente que é preciso mais trabalho, mais efetivação dessa mensagem e que isso significa trazer essa responsabilidade para dentro de cada empresa, mas este pequeno fator é sintomático de que hoje existe, de facto, uma maior consciencialização para as questões abordadas. Todavia, a resposta a esta questão também deve passar pela reflexão sobre o que está a acontecer no mundo. Cada vez mais se verifica o esforço para manter um equilíbrio dinâmico dentro de um ecossistema e para com os ecossistemas e regiões circundantes. É dada uma grande importância à produtividade em cada sistema, para que se exija uma quantidade muito pequena de terra para alimentar o maior número possível de pessoas. Isso pode libertar muita terra para voltar à natureza. Também a não utilização de pesticidas ou outros compostos venenosos e tóxicos. E a preocupação com a conservação da água, sendo que os sistemas são projetados para exigir apenas uma pequena fração da água normalmente usada na agricultura. [referência a The Venus Project, Beyond Politics Poverty and War, Aquaponics System, in Kerala, India – publicado em 11 de abril de 2022 pelo Venus Project]. Ainda no mundo, verifica-se a preocupação com a saúde e bem-estar das pessoas. O aliviar das tarefas repetitivas, substituindo as pessoas por sistemas automatizados (ex.: irrigação automatizada), dando-lhes a escolha de como querem dar o seu contributo para cada projeto. Às pessoas que se alimentam do que é plantado

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"AO LONGO DESTAS DUAS DÉCADAS, O MERCADO SOFREU ALTERAÇÕES SIGNIFICATIVAS, NOMEADAMENTE E SOBRETUDO NO QUE RESPEITA AO SEU GRAU DE EXIGÊNCIA. A JARDINS DE ADÓNIS ENCONTRA SOLIDEZ E SEGURANÇA NOS VALORES COM QUE SEMPRE PAUTOU A SUA ATIVIDADE, E SÃO ESTES OS MESMOS QUE UTILIZAMOS PARA RESPONDER ÀS ATUAIS EXIGÊNCIAS DO MERCADO: INOVAÇÃO, CRIATIVIDADE, PAIXÃO, COMPROMISSO E SUSTENTABILIDADE" nestes ecossistemas sustentáveis, são fornecidos alimentos com elevado valor nutritivo e rico em microrganismos benéficos à saúde, não se utilizam antibióticos ou se servem refeições com nutrientes de metais pesados, tudo para otimizar a sua saúde e qualidade de vida. Ou seja, a consciencialização é ambiental, mas também humana. É um todo, um conjunto de ações que quer que o ser humano prospere. E, finalmente, e também parte de tudo o que falámos, para existir a verdadeira Harmonia, os seres humanos devem relacionar-se conscientemente e responsavelmente. Ao aumentar a eficiência e a qualidade enquanto mantendo um equilíbrio ecológico, estamos todos a contribuir para acelerar uma enorme mudança positiva no mundo.

É este o caminho da transição verde das cidades? Sente que neste momento estamos no caminho certo para que esse desiderato seja cada vez mais uma realidade? Onde existe a necessidade, é traçado o caminho. E, no caso das cidades, é de facto uma necessidade, a mudança, ou melhor, a adaptação. Melhor do que um caminho errado, é caminho nenhum. E estamos a caminhar para essa transição. Recordemos que as cidades também são ecossistemas. E os ecossistemas são influenciados pelo clima. É do conhecimento público que há alterações climáticas, logo, as cidades devem mudar e adaptar-se às novas condições climáticas. Tal como qualquer ecossistema. Não se trata de um querer, é uma necessidade incontornável. Os centros urbanos estão a ser “reimaginados” para poderem responder a estas novas condições climáticas. Ninguém, nos dias de hoje, estranha existirem espaços verdes em centros comerciais, ou em locais turísticos abertos ou em Instituições Privadas e Públicas. Mas, provavelmente, nem todos estão preparados para as chamadas cidades verdes ou cidades vivas. Mas, sendo as cidades também ecossistemas, para sobreviverem, têm de se adaptar enquanto sobrevivem: têm de ser cidades dotadas da competência designada Resiliência. Essa adaptação é possível com ideias das autoridades locais, arquitetos e residentes e implementação por etapas, e com supervisão de resultados para ajustes atempados. Garantir que todos tenham acesso a água limpa e ar de qualidade, abundantes espaços verdes públicos, opções viáveis de mobilidade, energia confiável e temperaturas adequadas, é essencial para criar um futuro verdadeiramente sustentável. E apesar de os governos centrais terem um forte papel decisor nas políticas regionais, nacionais e internacionais, são os governos locais – os municípios, no caso de Portugal – que melhor constatam os impactos das crises ambientais em primeira mão e que fornecem os principais serviços de que as pessoas precisam para continuarem a viver as suas vidas. Os profissionais de sustentabilidade precisam de ser empreendedores, porque geralmente são subfinanciados. Muitos destes profissionais estão a reunir todos os seus recursos, tentando ser colaborativos e estabelecendo parcerias para avançar nos esforços de ajuste para responder às mudanças climáticas. Construir para o futuro depende de reconhecer danos passados, ouvir e aprender com as nossas comunidades da linha de frente e construir um novo ecossistema preparado para sobreviver e florescer sob a influência de novas condições. Deixo aqui alguns exemplos de Cidades Verdes (do futuro, ou de um futuro menos longínquo): 1. Masdar City, em Abu Dhabi; 2. Dongtan, na China; e 3. Sherford, em Inglaterra ▪


PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

Roteiro da Sustentabilidade: "Inteligência e Inovação no Ambiente Urbano" No passado dia 28 de abril, o Cluster Habitat Sustentável e a Ubiwhere realizaram um evento intitulado “Inteligência e Inovação no Ambiente Urbano” na qual a Revista Pontos de Vista marcou presença como Media Partner.

O

evento foi composto por apresentações de “iniciativas inovadoras para a transição verde nas cidades”, por parte de três Câmaras Municipais (Aveiro, Ílhavo e Santarém) e da Associação Abimota; além destes organismos, contou igualmente com a intervenção por parte do LNEG - Laboratório Nacional de Energia e Geologia - sobre os “Bairros Energia Positiva: o modelo integrado para a transição energética urbana”, que encerrou o painel de entidades públicas. A rematar a sessão, antes da parte mais empresarial, destacou-se o co-organizador Ubiwhere, dando conta de “O Sistema Nervoso da Cidade: um conceito para cidades inteligentes e sustentáveis” e evidenciando a sua posição enquanto organização que visiona e desenvolve tecnologia de topo. Desde 2007 no mercado, esta empresa com Sede em Aveiro, foca-se há 15 anos na Investigação e Desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras, orientada para as áreas de Cidades Inteligentes, Telecomunicações e Internet do Futuro, com mais de 80 colaboradores e presente em 62 cidades do Mundo, focando-se em aproximar as pessoas deste meio. O dia terminou ainda com uma sessão de pitch, na qual as entidades Neoturf - Construção e Manutenção de Espaços Verdes, T&T – Multieléctrica, Signinum - Gestão de Património Cultural, CONCEXEC – Arquitectura, Cleanwatts Digital, WADA Solutions, Greenlab, e Areadobras® Engenharia Sustentável, associados do Cluster Habitat Sustentável, divulgaram os seus mais recentes projetos e soluções dirigidos às cidades e comunidades sustentáveis. A parte mais prática deste evento culminou com uma demonstração de uma solução de estacionamento inteligente em Aveiro, desenvolvida pela Ubiwhere, como exemplo de inovação e tecnologia aplicada nas cidades. ▪

UBIWHERE CO-CEO RUI COSTA

“Nascemos em Aveiro mas estamos em todo o Mundo, e sempre nos baseamos para esta orientação, com alicerce na tecnologia, telecomunicações, mas a Sustentabilidade é nuclear para nós. Aceitamos este desafio, mútuo e bi-direcional com o Cluster e, aproveitaremos com os colegas da Ubiwhere aqui presentes para apresentarmos as soluções que temos ao dispor na Autarquia de Aveiro.”

CLUSTER HABITAT SUSTENTÁVEL – PRESIDENTE VICTOR FERREIRA

“Um evento que irá ser uma rampa de lançamento para outras sessões que estamos a preparar para futuro e que demonstra a grande capacidade dos nossos associados de fazerem grandes projetos, associando tecnologia, competitividade, sustentabilidade e inovação.”

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

“O Futuro e a Qualidade de Vida dos nossos filhos e netos encontram-se nas nossas Ações e no modo como exercemos a nossa Cidadania” “Falar de sustentabilidade não se pode resumir, ao separar bem os resíduos ou baixar os consumos de água potável”, quem o garante é Joel Nunes Marques, Diretor da RSTJ – Gestão e Tratamento de Resíduos, EIM, S.A., em entrevista à Revista Pontos de Vista. Sobre a temática da sustentabilidade, - tão necessária a todos – muitos são os aspetos relevantes a debater, contudo, o interlocutor afirmou estar otimista com o futuro. do à normalidade, retomamos a sensibilização no terreno na implementação do projeto de recolha dos 3F porta-a-porta nos dez municípios, voltamos a comunicar e a receber a comunidade escolar nas nossas instalações e contamos marcar presença nos mais variados certames da região, levando assim connosco uma mensagem de sustentabilidade, de um estilo de vida saudável e promotor da felicidade coletiva. Sim, estamos presentes nas redes sociais, mas na minha ótica o digital nunca passará de um complemento à comunicação presencial.

JOEL NUNES MARQUES

A

RSTJ - Gestão e Tratamento de Resíduos, EIM, S.A., tem como missão gerir e tratar os resíduos sólidos urbanos produzidos em dez municípios. Para contextualizarmos o nosso leitor, como nos pode descrever o contributo da organização nesta que deve ser uma preocupação de todos? A RSTJ é uma empresa intermunicipal detida em 100% pelos Municípios de Alcanena, Chamusca, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Golegã, Santarém, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha. Apresentamos como objeto social a exploração de resíduos urbanos e gerimos cerca de 85 mil toneladas de RSU (resíduos sólidos urbanos) e 12.500 toneladas de resíduos 3F (vidro, papel/cartão e embalagens) produzidos anualmente por cerca de 210 mil habitantes. Sabemos que a entidade possui uma matriz de infraestruturas destinadas a assegurar com eficiência e segurança, a recolha, transporte,

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tratamento e valorização dos resíduos sólidos urbanos. Assim, quais são os maiores desafios nesta que é a arte de comunicar a sustentabilidade? A RSTJ possui infraestruturas que permitem dar uma resposta célere e alinhada com os desafios propostos, apresentamos uma Unidade de Tratamento Mecânico e Biológico (UTMB), uma estação de triagem e plataformas de valorização, um aterro sanitário, uma estação de águas lixiviantes (ETAL), ecocentros e estações de transferência instalados nos Municípios, viaturas de recolha e transferência e instalações de apoio e equipamentos móveis. Quanto à arte de comunicar a sustentabilidade, tenho para mim que é olhos nos olhos, com proximidade, que a mensagem pode passar, assim como, a chave para o sucesso desta alteração cultural para a sustentabilidade carece de um alinhar entre as políticas nacionais e as vontades dos decisores locais. Vivemos dois anos em que foi praticamente impossível estarmos próximos da comunidade, mas gradualmente vamos voltan-

De que forma, enquanto Empresa Intermunicipal comprometida em lutar por uma sociedade mais saudável, têm vindo a promover a resiliência climática e a fomentar a inclusão na cultura da organização? As sociedades estão a tornar-se cada vez mais multiétnicas e multiculturais, a RSTJ está desperta para esta realidade há já um longo período e tem apresentado variadas respostas, sendo um exemplo na região de inclusão e resposta social na geração de emprego estável e no acompanhamento de proximidade aos seus trabalhadores, permitindo assim que se sintam apoiados e valorizados. Embora estejamos a pouco mais de 100km da capital, as assimetrias geográficas geradoras de diferentes oportunidades sociais fazem-se sentir no nosso território. Posso afirmar com certeza que a RSTJ é um exemplo no exercício de boas práticas promotoras da diversidade e inclusão dotando assim a comunidade onde estamos inseridos de uma maior atração e de bem-estar social. A realidade é que vivemos num mundo de emergência climática. No entanto, não se nega o olhar atento que cada vez mais a sociedade tem para com uma problemática tão importante como a sustentabilidade. É legitimo afirmar que temas como este são hoje uma prioridade na vida das pessoas? Porquê? A Agenda para o Desenvolvimento Sustentável aprovada em 2015 trouxe a sustentabilidade para a agenda global. Mas é importante


PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

“A RSTJ ESTÁ A TRILHAR O SEU CAMINHO, DE MODO A SER CADA DIA, MAIS EFICIENTE QUE O ANTERIOR, SEMPRE NA PREMISSA DO BOM SERVIÇO PÚBLICO E COM A AMBIÇÃO DE AUMENTAR O SEU IMPACTO POSITIVO NA VIDA DAS POPULAÇÕES QUE SERVE” realçar que esta transição obriga a uma mudança de comportamentos sociais, a uma alteração dos sonhos que as crianças da minha geração ambicionavam concretizar, uma mudança cultural. Esta mudança é um caminho que demorará algum tempo a percorrer, embora reconheça que paulatinamente os hábitos estão a mudar. Mas falar de sustentabilidade não se pode resumir, ao separar bem os resíduos ou baixar os consumos de água potável, o que já é muito positivo, é ter a coragem de desenhar e implementar políticas públicas que se coadunem com as realidades locais, o que se adequa na cidade de Paris, pode não fazer sentido em Lisboa, o que serve em Lisboa pode não ser possível implementar em Ferreira do Zêzere. É essencial envolver o Poder Local de modo a conjugar estratégias de modo a concretizar e transformar o modelo atual de produção e consumo mais sustentável. A neutralidade carbónica do planeta é um dos objetivos definidos por diferentes países no mundo, até 2050. Quão longo é ainda o caminho a percorrer até esta meta? Para verificar o distúrbio climático do planeta basta sair de casa ou abrir uma janela. O Planeta enfrenta para alem do distúrbio climático e perda de diversidade, uma crise de desperdício e de poluição, é o bem-estar e a sobrevivência de milhões de pessoas que está em causa. A resiliência e ação global já permitiu reduzir o buraco da camada de ozono, expandir as proteções para a vida selvagem e ecossistemas, por fim do uso de combustível com chumbo, evitando assim milhões de mortes prematuras, por isso

não há tempo a perder, é tempo de agirmos como um só, a humanidade já deu provas que junta é capaz de enfrentar desafios monumentais e este é o nosso maior desafio. Para o Joel Nunes Marques, onde é que verdadeiramente começa e acaba a responsabilidade social no que diz respeito à sustentabilidade ambiental? A responsabilidade social sustentável, começa e acaba em nossas casas, nos nossos empregos, nos nossos passeios, em todas as nossas ações podemos dar o exemplo de como devemos utilizar os recursos naturais de modo a evitar o esgotamento que venha a afetar as próximas gerações. Hoje, mais que nunca, o futuro e a qualidade de vida dos nossos filhos e netos encontram-se nas nossas ações e no modo como exercemos a nossa cidadania.

Encontramo-nos a desenvolver investimentos nas áreas da segurança e na valorização de resíduos, uma nova linha de afinação de composto e um equipamento de valorização de Combustível Derivado de Resíduos de modo a estarmos preparados na promoção de uma maior circularidade. Prevemos ainda, até ao final do presente ano implementar a reco-

lha porta a porta dos 3F em todos os Municípios que servimos. Destaco, a capacidade, a dedicação, a proatividade e o espírito de missão dos cerca de 300 trabalhadores, são eles os geradores de otimismo e de confiança para que a RSTJ apresente bons resultados, cumpra e supere metas e que caminhe diariamente para um futuro melhor. ▪

Por fim, como perspetiva o futuro da organização que lidera, bem como do meio ambiente, tendo em conta as constantes transformações do mundo e da sociedade? Sou um otimista incurável. Embora o Mundo esteja a assistir a um conflito, embora estejamos a viver uma enorme incerteza económica geradora de instabilidade e de incertezas, tenho esperança numa transformação global positiva, com mais emprego, inclusão, com uma economia sustentável e ecológica geradora de um planeta mais saudável para todos. A RSTJ está a trilhar o seu caminho, de modo a ser cada dia, mais eficiente que o anterior, sempre na premissa do bom serviço público e com a ambição de aumentar o seu impacto positivo na vida das populações que serve.

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PONTOS DE VISTA FÓRUM DE INTEGRAÇÃO BRASIL EUROPA

O Futuro da Regulação Estatal Foi entre os dias 18 a 20 de abril que se realizou em Lisboa, no Hotel Pestana Palace, o seminário que debateu os Desafios do Desenvolvimento, organizado pelo Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE). Entre outros assuntos, discutiu-se os caminhos à retoma de bem-estar económico e social face às transformações impostas pela transformação digital, a pandemia da Covid-19 e mais recentemente a guerra na Europa.

O

Futuro da Regulação Estatal foi o mote do evento, uma vez que é, cada vez mais, um instrumento fundamental para despertar os investimentos. Foi pelas mãos de Gilmar Ferreira Mendes, Professor do IDP e Ministro do STF, Vitalino Canas, Presidente do FIBE, José Roberto Afonso, Professor do IDP e do ISCSP e Vice-presidente do FIBE, Atalá Correia, Professor Coordenador do curso de Direito do IDP e Juíz do TJDFT, Victor Fernandes, Professor do IDP e Assessor do STF e por Sérgio António Ferreira Victor, Professor do IDP e da UniNove, que decorreu o fórum, dividido nas mais variadas salas que contaram com a presença de autoridades judiciais e reguladoras, professores e especialistas, que atuam no Brasil e Portugal, e organismos internacionais. O Presidente do FIBE afirmou que “esta é uma entidade não governamental, não partidária e sem fins lucrativos. Não podemos dizer que as pessoas que o integram não são políticas, porque a política está em todo o lado, mas o FIBE, em si, só tem a orientação política da democracia, da liberdade e dos valores sociais. Nasceu de conversas sobre os benefícios para o Brasil e para a Europa, de uma maior integração entre eles. Nasceu também da constatação de que existe uma imensa massa crítica desaproveitada de brasileiros no Brasil e em Portugal, mas também de portugueses que seguem o Brasil de perto. Massa crítica que pode ser motivada e mobilizada para desempenhar um papel de aproximação entre o Brasil e a Europa. O FIBE pode contribuir para isso, desde logo oferecendo um quadro institucional organizado para essas pessoas”. Quem também não prescindiu de marcar presença foi Raimundo Carreira Silva, Embaixador do Brasil em Portugal, que na sessão de abertura deixou o seu testemunho acerca do setor da energia, que tão controverso se encontra. “O setor da energia passa por um processo de transmissão com duplo objetivo. O primeiro é diminuir a dependência da importação do petróleo, gás e carvão, uma vez que a crise da Ucrânia demonstrou como a segurança energética deve ser prioridade. O segundo é reduzir o aquecimento global e diminuição da emissão

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de gás de efeito de estufa, já que as adversidades climáticas indicam que se trata de uma questão cada vez mais crucial para a sobrevivência da humanidade”, garantiu. Certo é que os impactos da pandemia internacional e da mais recente guerra na Ucrânia carecem de muita reflexão e ação no espaço nacional, sem perder de vista, claro, o contexto mais amplo da economia e da sociedade, que se encontram totalmente conectadas pela internet. Por isso mesmo, “uma das missões do FIBE é estimular os brasileiros a pensarem mais, debater e concertar o desenvolvimento. Esta série de encontros proporcionados é voltada para discutir temas de grande importância na atualidade. A regulação é a ferramenta própria para pensar nos limites do uso das novas tecnologias. O regulador deve observar que os agentes de mercado têm uma grande quantidade de informações que eventualmente escapam na formulação das suas regras”, sustentou Gilmar Mendes, ao terminar a sessão de abertura do evento. Com a participação de mais de uma centena de oradores que abordaram temas relacionados com a água e as mudanças climáticas, regula-

ção e inovação tecnológica, direito administrativo sancionador, leniência e controlo externo, transportes e logística, energia elétrica, consequências na guerra na Ucrânia, entre outros, foi no dia 20 de abril que se deu a sessão de encerramento pela voz da organização. Vitalino Canas garante que “tanto em critérios qualitativos como quantitativos passámos com distinção. Os critérios quantitativos mostram uma grande participação, e do ponto de vista qualitativo também podemos verificar que estiveram presentes imensos oradores com qualidade, o melhor que o Brasil e Portugal podem dar e mostrar nestas temáticas. Temos muito orgulho deste feito. Queria fixar que este tema da regulação é um tema que requer permanente reflexão, a regulação exige vários tipos de equilíbrios e esses equilíbrios são instáveis.” Na realidade, todas as sessões que decorrram, em muito surpreenderam as expectativas de todos os que por ali passaram, onde o objetivo se focou em abrir a possibilidade de o Brasil dialogar com Portugal e com a Europa. “Posso dizer que todas as mesas realizadas me impressionaram, e mostraram que estamos no caminho certo”, termina Gilmar Mendes.▪


PONTOS DE VISTA FÓRUM DE INTEGRAÇÃO BRASIL EUROPA

A VISÃO DOS PALESTRANTES...

BRUNO DANTAS

CARLOS GASPAR

Professor IPRI Nova Lisboa “A Guerra da Ucrânia é a primeira guerra entre estados na Europa desde 1945. É ainda imprudente tirar conclusões das consequências da mesma, mas julgo que há algumas que já são evidentes: a viragem política da Alemanha, a balança da relação entre a Rússia e a China alterou-se, e a terceira consequência é que a Rússia perdeu a Ucrânia.”

Ministro do TCU “É absolutamente impossível avaliar o valor de uma multa sem ter uma estimativa do valor dos danos. E foi isso que foi feito pelo Ministério Público Federal nos acordos de Leniência. É preciso que exista uma concertação e cooperação entre as instituições de forma a garantir a segurança jurídica e estabilidade. Temos de compreender que existem múltiplas instituições com competências para abordar esta matéria, e elas devem decidir no limite da sua competência.”

Professor do ISCSP “Esta guerra na Ucrânia ocorre numa determinada conjuntura internacional marcada nos últimos anos por uma crescente oposição entre democracias liberais e as potências revisionistas, isto é, potências que pretendem rever a ordem internacional.”

Professor FDUL e Vogal do Conselho de Administração da Autoridade da Concorrência “O principal desafio do Direito da Concorrência hoje em dia é que o Direito da Concorrência tem sido de certa forma vítima do seu sucesso. Quando falamos de intervenção estatal na economia, o paradigma do Direito da Concorrência tende a ser visto como o universo.”

Professor da FDUL “Este conflito trará impactos globais, não apenas da guerra em si, daquilo que ela vai provocar globalmente, mas também pelos impactos produzidos pelas sanções que estão a ser impostas. O mundo está de tal forma interligado que as sanções são sempre um tiro no pé.”

Secretário de Fazenda do Estado de Alagoas “O tema da água é um tema muito importante de tratar porque também se refere às mudanças climáticas que o mundo vive. Hoje o mundo passa por uma situação em que essas mudanças climáticas afetam os alimentos e o dia a dia da sociedade.”

ADRIANO CANDIDO STRINGHINI

MIGUEL SETAS VITALINO CANAS

Professor da Universidade Nova de Lisboa “Há duas razões que explicam porque é que a União Europeia se tornou uma superpotência regulatória especialmente no domínio das novas tecnologias: o primeiro tem a ver com a dimensão do mercado interno da União Europeia e o outro diz respeito à propensão regulatória.”

GEORGE SANTORO

MIGUEL MOURA E SILVA

SAMUEL DE PAIVA PIRES

FRANCISCO COUTINHO

Presidente do Conselho de Administração da EDP “Estamos num momento fundamental, em que o debate da energia é estruturante e ninguém é imune a toda a realidade que hoje nos assola, e isso está a mover placas tectónicas no quadro energético europeu. No Brasil, a EDP teve o privilégio de aprender durante estes 25 anos em que lá estivemos, porque é um país que tem sempre capacidade para encontrar soluções.”

CMO Sabesp, Governador do Conselho Mundial da Água “É muito importante que se pense sobre a água e mudanças climáticas através de uma ótica de adaptação. Dentro dos três pilares de mudanças climáticas, a adaptação tem sido muito pouco abordada, e no aspeto água está implícita a necessidade de criar resiliência e infraestruturas capazes de honrar com os compromissos stressantes que advêm das mudanças climáticas.”

MIGUEL MARQUES

ANA LUÍSA GUIMARÃES

Mestre em Direito e Advogada “Portugal tem feito um trabalho excelente no setor da água e do saneamento, e para isso foi necessário muito investimento que veio essencialmente de fundos da União Europeia.”

PAULO BURNIER DA SILVEIRA

Especialista da OCDE “A OCDE propõe-se ao aprimoramento de políticas públicas, isto é, melhores políticas para políticas melhores.”

Conselheiro Internacional de Economia Azul “Há aqui uma grande ponte a fazer entre Portugal e o Brasil. Portugal é enorme em termos da sua dimensão aquática e marítima, e uma das realidades que tenho vindo a aprender é que o tema da água é muito mais heterogéneo do que homogéneo, cada localização tem a sua própria geografia natural, mas acima de tudo a geografia humana.”

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PONTOS DE VISTA FÓRUM DE INTEGRAÇÃO BRASIL EUROPA

PAULO LOPES MARCELO

VANDER COSTA

SAULO PUTTINI

LUÍS AMADO

EDUARDO NERY MACHADO FILHO

SANDOVAL FEITOSA

Mestre em Direito e Investigador do CIDEFF “O setor do saneamento em Portugal é um setor relativamente maduro, que fez uma evolução nas últimas décadas bastante positiva, com fortes investimentos em infraestruturas.”

Ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal “Temos que estar todos muito inquietos face à situação internacional, da iminente catástrofe que esta guerra pode provocar no sistema financeiro, económico, político... já estamos a ver a reação ao aumento extraordinário dos preços das matérias-primas. Esta guerra devia ter sido evitada, e há, portanto, uma grande responsabilidade do sistema de liderança internacional.”

ANTÓNIO GOMES

Diretor Adjunto dos Assuntos Financeiros e Empresariais da OCDE “Um dos grandes desafios na área do digital é garantir que toda esta regulação ex-ante que está a proliferar pelo mundo, seja consistente e coerente porque senão teremos uma realidade de fragmentação que não será boa nem para os reguladores, nem para quem defende a concorrência, nem para as empresas que estão nestes mercados.”

LÚCIO TOMÉ FETEIRA

Professor de Direito da Universidade Nova de Lisboa “Quando falamos de regulação, falamos de alguma intervenção dos poderes públicos no sentido de intervir na forma como se desenvolve a atividade económica, o que caracteriza este tipo de intervenção é que a economia é um legado, não visa transformações, mas sim corrigir.”

PEDRO LOMBA

Professor da FDUL “A grande questão jurídica e política quando falamos de inovação e tecnologia é saber se a abordagem fundamentalmente liberal dos primeiros anos da internet vai ou não vai vingar. Penso que essa é a principal questão que está em cima da mesa. Para percebemos de que forma essa abordagem liberal surgiu temos que olhar para os grandes princípios que regulam essa grande invenção humana.”

VINICIUS BENEVIDES

Vice-Presidente da Associação Brasileira de Agências Reguladoras “A perda de água média no Brasil ronda os 40%, e conseguirmos concertar esta questão, será uma tarefa muito difícil.”

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Presidente da Confederação Nacional do Transporte “É importante estarmos aqui para podermos fazer uma comparação e já vimos que Portugal passa pelo mesmo problema que o Brasil, ao enfrentar o problema dos transportes de passageiros, principalmente. Existe uma pressão muito grande na sociedade.”

Diretor Geral da ANTAQ “A ANTAQ é responsável pela fiscalização do setor dos transportes aquaviários e também de infraestruturas portuárias. O que é um desafio muito grande, mas a ANTAQ tem atingido um nível de maturidade institucional e de regulação que a coloca nos mais altos níveis de regulação.”

RUI SILVA

Engenheiro e especialista em Transportes de passageiros “A missão da autoridade regulatória em Portugal é definir e implementar o quadro geral de políticas de regulação e supervisão aplicáveis aos setores e atividades de infraestruturas num contexto de escassez de recursos, otimização da qualidade e eficiência, orientadas para o exercício da cidadania e promoção de desenvolvimentos sustentáveis.”

TIAGO PEREIRA

Ex-Diretor do BNDES “A queda do monopólio do setor do petróleo e gás, em 1997, foi muito lenta, foi acontecendo ao longo de muitos anos, e a regulação toda era resolvida dentro da própria companhia, regulação essa que alvorava ao controlo dos preços dos combustíveis.”

Diretor da ANEEL “Temos que colocar a digitalização num conceito mais amplo. Há uma iniciativa legislativa que visa ampliar o mercado livre, ou seja, liberalizar todo o consumo de energia elétrica, para todos os consumidores. Precisamos inicialmente de fazer uma avaliação do ponto de vista da regulação porque a questão legislativa precisa de ser trabalhada, entre outros fatores.”

EDUARDO LOPES RODRIGUES

Professor do ISCSP “Existem quatro desafios ao Direito Concorrencial. O primeiro é a questão da prova consequente associada à independência, o segundo é promover o investimento e o crescimento económico, o terceiro é a digitalização, e por último, a autoridade da concorrência em Portugal.”

RAFAEL VITALE

Diretor da ANAC “Na ANAC dividimos a regulação do transporte aéreo em duas áreas: a regulação técnica, de segurança, e a regulação económica. Apesar da segunda aparecer de forma mais claras nos media, eu diria que 86% a 90% do nosso trabalho está dedicado a regulação técnica.”

Diretor Geral da ANTT “A missão da ANTT é garantir infraestruturas e prestação de serviços adequados aos usuários e para isso as nossas atribuições são voltadas nos seguintes eixos: a conceções rodoviárias, as ferroviárias e também somos responsáveis pela regulamentação do serviço de transportes rodoviários de carga.”

JORGE VASCONCELOS

RUI DIAS MOREIRA

Professor do Instituto Universitário Europeu e Ex-Presidente da ERSE “O meu contacto com a regulação do Brasil vem literalmente desde o início, há já uma certa tradição de cooperação nestas áreas que continua através das mais variadas formas, mas creio que este fórum representa um momento muito importante para atualizarmos esta reflexão conjunta e pensarmos de que forma vamos enfrentar os novos desafios.”

VÍTOR SANTOS

Professor Catedrático da Universidade de Lisboa “A Europa tem subjacente um sistema interligado com redes transeuropeias e com uma expressiva capilaridade. O processo de liberalização foi muito semelhante ao do setor elétrico, e basicamente distinguiu-se os segmentos competitivos e foram objeto de regulação setorial.”

Empresário da área da Energia Solar “A questão geoestratégica é muito importante e é aqui que na minha opinião, o produtor olha para o regulador como uma espécie de santo protetor. Tudo muda muito depressa e esta questão da guerra, até à meia dúzia de meses, era impensável.”

CARLOS BLANCO DE MORAIS

Professor Catedrático da FDUL “No que diz respeito à guerra Russo-Ucraniana, estamos perante uma guerra de agressão, que é algo que resulta da própria carta das Nações Unidas.”



PONTOS DE VISTA FÓRUM DE INTEGRAÇÃO BRASIL EUROPA

Fórum de Integração Brasil Europa O Fórum de Integração Brasil Europa foi a associação que organizou o evento que debateu o Futuro da Regulação Estatal, que decorreu entre os dias 18 a 20 de abril, no Hotel Pestana Palace. Um seminário que “superou as expectativas a todos os níveis”, quem o garante é o Presidente do FIBE, Vitalino Canas. Saiba mais.

VITALINO CANAS

A

FIBE é uma instituição que procura mobilizar pessoas da sociedade civil dos mais variados setores. “Não somos apenas uma instituição académica, embora muitos dos associados da FIBE sejam académicos, também temos advogados, magistrados, políticos, ex-políticos, entre outros, o que nos permite ter uma visão muito global que me parece que é a visão essencial para encontrarmos soluções”, inicia o interlocutor. O objetivo social da organização é apoiar e promover a integração cultural, económica e social entre o Brasil e a Europa, especialmente com Portugal, para além dos restantes países lusófonos. No seio das suas atividades, o modelo da sustentabilidade financeiro é o resultado das captações e recursos de organismos de fomento, bem como das cotas dos associados.

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A verdade é que muitas têm sido as transformações na economia e na sociedade europeia envoltas da revolução digital aceleradas pela pandemia da Covid-19, o que abre um vasto leque de oportunidades para a ambientação e inserção do Brasil neste mesmo movimento de transformações, nomeadamente no continente europeu. É desta realidade que nasce o FIBE enquanto espaço para debates e intercâmbio, voltado para a realização de estudos e investigações, promovendo eventos e formações. OS DESAFIOS AO DESENVOLVIMENTO: O FUTURO DA REGULAÇÃO ESTATAL O mais recente seminário organizado pelo FIBE teve como mote os desafios ao Futuro da Regulação Estatal, e neste campo, o Presidente da

entidade afirma que “ainda estamos a apreciar o estado atual da regulação estatal, mas de um modo geral, perante as intervenções que têm sido feitas, existe muita coisa em ponderação. Isto é, o modelo de regulação é um modelo lançado há algumas décadas com aspiração inicial nos Estados Unidos da América, posteriormente adotado também na Europa pelos Estados Membros da União Europeia, e esse modelo de regulação começa a mostrar alguns sinais de stress porque há questões relacionadas com a democracia. Obviamente que as agências regulatórias adquiriram um grande poder, mas é um poder nem sempre de estado e controlado do ponto de vista democrático”, acrescentando ainda que “por outro lado, levantam-se problemas de natureza jurídica também em relação àquilo que são os atos das agências regulatórias,


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portanto há aqui um conjunto de temas que obviamente estão em discussão. Já estariam em discussão antes, mas face à situação atual, mais ainda. E será para manter, porque estamos a assistir a algumas reflexões e às vezes até ataques às instituições democráticas, e temos de encontrar aqui os equilíbrios necessários para que esses ataques não tenham sucesso e para que as entidades reguladoras designadamente incorporem o sentido democrático dos países e não que sejam um contrapoder em relação a esse sentido democrático”. Por ser uma organização com duplo propósito, – desenvolver iniciativas de caráter cultural, académico e social, incluindo a promoção de eventos e apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas, e motivar o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre essas diferentes culturas – a FIBE terá outros seminários, que, segundo Vitalino Canas, “nem sempre serão sobre as questões da regulação, mas sobretudo sobre as questões da nova economia, da nova ordem internacional, sobre questões das transforma-

“AINDA ESTAMOS A APRECIAR O ESTADO ATUAL DA REGULAÇÃO ESTATAL, MAS DE UM MODO GERAL, PERANTE AS INTERVENÇÕES QUE TÊM SIDO FEITAS, EXISTE MUITA COISA EM PONDERAÇÃO” ções que estão a ser nesta altura muito desenvolvidas em vários setores, portanto temos essa pretensão. Somos uma instituição da sociedade civil, sem finalidades lucrativas nem políticas e, portanto, pretendemos apenas colocar as pessoas em discussão sem constrangimentos ideológicos, sem que obriguemos alguém a pensar de certa forma, e temos o debate aberto, é essa a nossa intenção”. A terminar, na sessão final, o Presidente e Organizador do evento, realçou o sucesso do mesmo agradecendo a todos os participantes. ▪

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PONTOS DE VISTA FÓRUM DE INTEGRAÇÃO BRASIL EUROPA

POR ADRIANO CANDIDO STRINGHINI, DIRETOR DE GESTÃO CORPORATIVA SABESP, GOVERNADOR CONSELHO MUNDIAL DA ÁGUA E ALOISIO HILDEBRAND DE ABREU, ASSESSOR DA PRESIDÊNCIA DA SABESP E COORDENADOR DO RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE DA COMPANHIA

Fugindo da ilusão: Saneamento Básico e Essencial Desafios ambientais e sanitários potencializados em anos recentes com a ocorrência de eventos climáticos extremos e a deflagração da pandemia da Covid-19 reacenderam os holofotes sobre a essencialidade dos serviços de abastecimento e saneamento básico para o enfrentamento de um cenário de crescente complexidade.

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m carta enviada a um amigo em 1950, Albert Einstein disse que a maior ilusão do mundo é a noção de separação, já que nada pode existir de maneira isolada. Esta verdade é ainda mais absoluta para o saneamento, que deve ser olhado de forma holística pela sua inter-relação com vários outros aspetos da existência na terra. É justamente esta visão integral e holística que o momento exige. Em recente participação no SXSW, Austin, Texas, onde falamos da importância dos rios para as cidades, buscamos tratar desta “re- percepção” do cenário. Negligenciado ao longo de nossa história com a inexistência de políticas efetivas para a expansão do atendimento, podemos considerar que o saneamento teve poucos grandes momentos como o este que vivenciando atualmente com a Lei 14.026/2020. Seu texto trouxe aprimoramentos importantes, a exemplo da possibilidade de atendimento de áreas irregulares, até então não esquecidas por uma interpretação de que havia um impedimento legal. Os rios e córregos que fluem entre bairros em uma cidade, entre cidades e entre nações são elementos de conexão, de integração, de paz e nunca de guerra. Eles se interconectam e estão conectados às pessoas, que vivem de suas águas. E para que esse fluxo da vida aconteça em plenitude é necessária uma radical inclusão. Enquanto houver uma única criança pisando em esgotos e uma única casa sem coleta de esgoto estaremos transformando nossos rios

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(do latim RIVUS) em fonte de VIRUS. Um anagrama que explica muito nossa realidade. Embora tardio, o aperfeiçoamento regulatório soube capturar as necessidades sociais e ambientais de nossa época e vem reconhecer o saneamento como um dos grandes vetores do desenvolvimento e da transformação social. A expansão da oferta de serviços que proporcionam mais saúde, oportunidades e dignidade para se viver vem fazer frente a uma realidade marcada pelo atraso. Em pleno século XXI, aproximadamente 35 milhões de brasileiros ainda não têm suas casas abastecidas formalmente e quase a metade da população ainda não tem coleta de esgotos, segundo levantamento do Instituto Trata Brasil com base em dados do Ministério do Desenvolvimento Regional. Em um cenário como esse, o resultado não pode ser outro senão o aumento das filas nos postos de saúde em razão das doenças de transmissão hídrica, o baixo desempenho na educação das crianças e a renúncia ao desenvolvimento. Como é notório, além da qualidade de vida, os serviços de saneamento impactam diretamente na valorização dos setores imobiliário e turístico. A melhora da qualidade de vida e o cuidado ambiental é outro benefício entregue a partir da expansão da infraestrutura de coleta e tratamento de esgotos. A atuação em todo o ciclo da água, do tratamento e fornecimento da água de qualidade para o consumo, passando pela coleta do tratamento deste efluente para devolvê-lo em condições adequadas ao meio


PONTOS DE VISTA FÓRUM DE INTEGRAÇÃO BRASIL EUROPA

ambiente traz em si o conceito da circularidade e da sustentabilidade do consumo de recursos naturais. Estudos recentes das Universidades de Nova York e Hong Kong comprovam que a despoluição de rios urbanos é um dos principais fatores para eliminação de gases de efeitos estufa. Assim, se não bastassem todos os benefícios a nível local, o saneamento contribui também para o planeta e é solidário com as gerações futuras. O projeto de despoluição do Rio Pinheiros que a Sabesp executa sob a coordenação da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do governo do Estado de São Paulo, em parceria com outras entidades, é um bom exemplo desta visão integral e holística, a serviços daqueles que mais precisam e de todos nós na verdade. Em um ambiente suscetível a mudanças climáticas e à ocorrência de eventos extremos, é também importante considerar o saneamento como um sistema interligado seja na terra, na água como no ar. A teoria dos rios voadores enunciada pelo professor Carlos Nobre nos ensina que cuidar da Amazônia é fundamental para que o regime de chuvas na região Sudeste do Brasil seja mais regular e abundante. E esta questão é mais que central em um momento que a Suprema Corte brasileira se debruça sobre esta temática. Preservar a Amazônia é fundamental para o Brasil e para o Planeta em termos de frear as alarmantes mudanças climáticas que se aproximam, conforme recente relatório do IPCC, que demonstra o risco para todos os seres vivos. É um momento importante e único. Tempo de soluções. Tempo de olhar para dentro e para cima, como nos lembra recente filme. Tempo em que poderemos mudar nossos velhos hábitos e paradigmas em prol de um propósito nobre com plenitude e prosperidade, abundância e sustentabilidade. Esta realidade somente se fará presente com a preservação do meio ambiente e, no caso específico, da Amazônia. Urge a conservação da floresta em pé e das águas da Amazônia com o respeito aos povos tradicionais de ontem e de hoje. Imaginar um futuro assim deman-

“URGE A CONSERVAÇÃO DA FLORESTA EM PÉ E DAS ÁGUAS DA AMAZÔNIA COM O RESPEITO AOS POVOS TRADICIONAIS DE ONTEM E DE HOJE. IMAGINAR UM FUTURO ASSIM DEMANDA MUDANÇA DE AÇÕES NO TEMPO PRESENTE. E O SANEAMENTO FAZ PARTE DESTE ENREDO”

da mudança de ações no tempo presente. E o saneamento faz parte deste enredo. A reflexão sobre a importância desses e uma série de outros temas de grande potencial para nossa retomada econômica e social estiveram em pauta no evento “Os Desafios do Desenvolvimento - o Futuro da Regulação Estatal”, realizado de 18 a 21 de abril pelo Fórum de Integração Brasil Europa – FIBE. Foi uma oportunidade para difusão de conhecimento, troca de experiências e qualificada reflexão conceitual para a construção caminhos direcionados aos avanços necessários em meio às transformações impostas pela revolução digital, a pandemia da Covid-19 e agora a guerra. Em março de 2022 em Dakar, Senegal na 9ª edição do Fórum Mundial da Água, tivemos a oportunidade de debater e aprender sobre a Segurança da Água para a Paz e o Desenvolvimento. Em março de 2020 o Papa Francisco protagonizou em uma praça de São Pedro vazia umas das mais marcantes celebrações de nosso tempo. Nos lembrou que todos vivemos em um mesmo barco e não podemos deixar ninguém para trás. Que neste momento importante possamos fortalecer o olhar da inclusão. A começar por um saneamento básico a serviço de todos. Afinal, a separação é uma grande ilusão. ▪

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POR GILMAR FERREIRA MENDES, PROFESSOR DO IDP E MINISTRO DO STF E ATALÁ CORREIA, PROFESSOR COORDENADOR DO CURSO DE DIREITO DO IDP E JUIZ DO TJDFT

O Futuro da Regulação Estatal Retomar o desenvolvimento já era um grande desafio para o Brasil com a economia em ritmo desacelerado, antes da chegada da Covid-19. Essa tarefa se deparava com os avanços da revolução digital, que exige novos padrões de investimento e de atuação, dos negócios e dos governos. Agora, o esforço requerido se torna plural, complexo e imenso, com os impactos da pandemia internacional da saúde e, mais recentemente, com a guerra da Ucrânia. É preciso muita reflexão e ação no espaço nacional, sem perder de vista o contexto mais amplo de uma economia e sociedade completamente conectadas pela internet.

GILMAR FERREIRA MENDES E ATALÁ CORREIA

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stimular os brasileiros a pensar mais, debater e concertar o desenvolvimento são as tarefas a que o Fórum de Integração Brasil Europa (Fibe) se dispôs. O Fibe nasceu em Lisboa como uma associação de professores e acadêmicos, que, aproveitando a crescente proximidade entre os dois lados do Atlântico, deseja refletir sobre o futuro, a partir das diferenças e do pluralismo. Portanto, a vocação do Fibe é inovadora e propositiva, pretendendo atuar sempre

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em rede, com outras instituições culturais, de pesquisa e de ensino, brasileiras e europeias. Como um dos primeiros passos do seu programa de trabalho, o Fibe promoveu o evento “Desafios do Desenvolvimento: O Futuro da Regulação Estatal”, em Lisboa, entre 17 e 21 de abril. O encontro girou em torno da regulação como instrumento cada vez mais essencial para estimular investimentos e desenvolvimento, com debates e trocas de experiências entre autoridades judi-

ciais e reguladoras, professores e especialistas, que atuam no Brasil, em Portugal e organismos internacionais. Por que tratar da regulação e de sua relação com o desenvolvimento? De um modo bastante amplo, chama-se regulação a atividade de implementação e aplicação de normas destinadas a influenciar comportamentos econômicos e sociais em um setor econômico[1]. Nesse sentido amplo, a palavra está próxima do significado de “regulamentação”, vale dizer, das regras que regem uma determinada atividade. É assim que se pode falar de autorregularão como o conjunto de regras que determinados agentes concordam e pactuam entre si para seguir quanto a certa prática e que pode ser estrategicamente estimulado pelo próprio Estado[2]. Os agentes de mídia podem, por exemplo, estabelecer normas sobre práticas inaceitáveis no campo da publicidade. A bolsa de valores pode, por sua vez, criar níveis de governança, para estimular que as companhias assegurem aos investidores certos direitos, para além daquelas já determinadas em lei. A regulação, de maneira mais específica, ora é vista como parte do direito econômico, ora como parte do direito administrativo, mas sempre como uma das formas pelas quais o Estado interfere na economia, visando a sanar falhas de mercado e fomentar escolhas públicas definidas em políticas econômicas. Sob esta última perspetiva, é possível visualizar com mais clareza os sujeitos envolvidos na regulação, vale dizer, de um lado, um ente estatal regulador (normalmente denominada “agência”), e, de outro, os regulados. Ao ente regulador cabe criar um sistema de regras


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específicas que estabelecem objetivos, vedam práticas e exigem condutas, assim como adotem tanto incentivos, quanto sanções. Posteriormente, cabe ao ente regulador fiscalizar o cumprimento destas regras, julgando eventuais infrações, e, se for o caso, impondo as sanções cabíveis. A regulação também responde a uma necessidade de dinamismo, porque possibilita uma senda de experimentalismo e de rápida evolução. Está-se em busca da melhor regulação, por exemplo, em um campo que, ordinariamente, estimula a reflexão sobre custos e benefícios da adoção de certas regras, de modo que, após certo grau de avaliação, elas possam ser aprimoradas. É uma seara propícia, portanto, para a interlocução do direito com a economia e com a administração. Essa proximidade com a economia faz com se possam ser divisadas duas grandes tendências. A primeira, na esteira de pensamento mais liberal, está a apontar que o melhor a fazer é a desregular, adotando um laissez faire. Esse caminho revela o receio daqueles que consideram demasiadamente altos os custos e a burocracia que se seguem à regulação; reflete a preocupação com a entrada de novos concorrentes nos mercados e com a constante ampliação da competição. A segunda tendência, em sentido contrário, contempla a regulação como ferramenta para que se corrijam falhas do mercado, para que se prestigie o interesse público e os direitos fundamentais[3]. A virtude, em geral, está em buscar o meio termo entre essas duas grandes tendências. O ente regulador não legisla. A regulação caracteriza-se não só por especialização técnica, que recomenda a sua atribuição a órgãos específicos, mas também por uma constantemente necessidade de revisão das metas e aperfeiçoamento, tarefas estas que apenas com grande dificuldade poderiam ser desempenhadas pelo parlamento[4]. De todo o modo, se regulação não é legislação, tampouco aquela pode estar em contradição com esta, surgindo aí um campo de permanente tensão, que invariavelmente é apresentado ao Poder Judiciário para a palavra final. A regulação é a ferramenta própria para pensar os limites de usos para novas tecnologias ou de tecnologias que venham experimentando rápida evolução. O ente regulador pode, num campo reduzido de atuação, estabelecer que, em delimitadas circunstâncias temporais e espaciais,

“A REGULAÇÃO É A FERRAMENTA PRÓPRIA PARA PENSAR OS LIMITES DE USOS PARA NOVAS TECNOLOGIAS OU DE TECNOLOGIAS QUE VENHAM EXPERIMENTANDO RÁPIDA EVOLUÇÃO” admitam-se práticas experimentais. A essa estratégia tem-se o chamado sandbox regulatório. Por exemplo, uma ferramenta bancária de microcrédito pode ser testada em determinado município, seguindo-se sua avaliação. Se constatados bons resultados, a regulação pode ser generalizada. Se os resultados se revelam insuficientes, outros caminhos podem ser buscados. Isto remete a outro e tremendo desafio: se a regulação pode promover a inovação ou se, ao invés, pode inibi-lo? Não há quem prescinda da palavra “regulação” ao tratar de fintechs, blockchain, redes sociais, internet, biogenética, smart cities, internet das coisas, big data, inteligência artificial e robótica. A regulação pressupõe, portanto, que haja certa dinamicidade do regulador, que, sem ser servil a interesses privados, deve manter-se aberto a permanente diálogo com o mercado. O regulador deve observar que agentes de mercado detêm uma quantidade enorme de informações que eventualmente lhe escapam. Na formulação de suas regras, deve estar atento ao facto de que os agentes ordinariamente mantêm-se fiéis a escolhas racionais, mas que eventualmente seguem outros padrões comportamentais de ação, tudo isso para que suas regras e ações possam estimular condutas desejadas e o alcance de objetivos previamente traçados. Sob esta perspetiva, o nudge talvez seja prática a ser considerada[5]. De todo modo, na mesma medida em que o regulador ganha protagonismo, cresce a necessidade de avaliar sua atuação e como colocá-lo diante dos controles políticos, democráticos e jurídicos próprios de nossa sociedade.

Com essas características e tensões, a regulação expande-se para os mais diversos setores de atividade: energia, eletricidade, transporte, telecomunicações, mídia, setor financeiro, relações de consumo, agronegócio, meio ambiente, internet, redes sociais, ensino, saúde, saneamento, fornecimento de água, infraestrutura, entre diversos outros. Enfim, debater o futuro da regulação estatal foi a proposta do Fibe como contribuição para se enfrentar os tremendos e crescentes desafios do desenvolvimento, ainda mais no Brasil. O programa do evento já realizado em abril, em Lisboa, contemplou, no primeiro dia de exposições, painéis que privilegiaram as questões transversais aos diferentes campos de regulação, com destaque para a atuação judicial e dos órgãos de controle. Nos dois dias seguintes os convidados e participantes foram divididos em painéis para os temas antes apontados, sem contar uma atenção particular para a tributação, com debates sobre transação e arbitragem. No quarto dia reservou-se para visitas técnicas aos órgãos reguladores portugueses. ▪

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“O Futuro da Regulação Estatal está na modernização, não apenas Tecnológica, mas essencialmente Comportamental” A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Luís Adams, a propósito do Fórum de Integração Brasil Europa que debateu o Futuro da Regulação Estatal, E que decorreu nos passados dias 18 a 20 de abril, no Hotel Pestana Palace. Conheça a opinião de um especialista no domínio das áreas do Contencioso, Arbitragem e Compliance. da troca de experiência, foi uma oportunidade de compreender e reconhecer o que a arbitragem e a transação em matéria tributária podem oferecer de solução para impasses antigos e enraizados na realidade brasileira. Ficou demonstrado nos debates a importância de subsituir um sistema baseado no conflito e sanção por um sistema de cooperação e compreensão, produzindo um resultado para o Estado e a sociedade qualitativamente melhor e mais eficiente.

LUÍS ADAMS

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uís Adams é Ex-Advogado Geral da União e atual Advogado e Sócio Tauil & Chequer Advogados Associado à Mayer Brown. Sabemos, portanto, que o futuro da Regulação Estatal lhe é um assunto de interesse. Assim, quão importante é um evento como o FIBE onde se debate precisamente este tema? O Evento organizado pelo Forum de Integração Brasil Europa é uma oportunidade de interação e diálogo entres os operadores na área de regulação, sejam ou não membros do Estado. Estabelecer o diálogo entre operadores jurídicos, profissionais da área de regulação e agentes econômicos permite uma melhor compreensão dos limites atuais impostos à regulação estatal e os aperfeiçoamentos necessários para o

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equilíbrio entre os limites impostos pelo Estado à atividade econômica com o crescimento e o investimento na economia e da sociedade. Esteve presente no seminário, e fez a abertura do espaço que discutiu a tributação. O que significou, para si, esta participação no evento? Qual a mensagem que fez questão de enraizar? A participação no Evento é sem dúvida um crescimento pessoal e profissional decorrente da interação de operadores jurídicos qualificados e de atuação profissional diversificada. São agentes do Estado, advogados, empresas, com experiências, perspectivas e limitações diferenciadas que tem no evento a oportunidade de promover uma compressão mútas de cada uma das realidades em que atuam. Além disso, ao par

Enquanto Advogado, de que forma observa o estado atual da Regulação Estatal? O que precisa de ser reconsiderado? O Brasil possui uma legislação complexa de regulação e com a interveniência de diferentes agentes. Muitas atividades acabam sendo objeto de regulação sobreposta de órgãos diferentes e, por isto, de solução demorada e complexa. Uma das medidas que se faz necessária na regulação estatal é a simplificação do acesso ao Estado e a melhor coordenação dos seus diversos setores. Da mesma forma, é indispensável rever o que deve ser objeto de regulação, superando algumas exigências que não possuem necessidade de existir, sendo mera intervenção do Estado em matérias de decisão privada de empresas. Por fim, o sistema de regulação deve possuir a capacidade de adaptação e atualização com os avanços da tecnologia e da eficiência econômica, ajustando as obrigações de concessões. É necessário que o Estado tenha capacidade de aperfeiçoar a regulação que faz da atividade econômica com os avanços que se apresentam a cada momento. É especialista na área do Contencioso, Arbitragem e Compliance. Neste sentido, quais os maiores desafios que estas extensões enfrentam? Hoje o Brasil possui um elevado nível de litigio-


PONTOS DE VISTA FÓRUM DE INTEGRAÇÃO BRASIL EUROPA

sidade judicial que arrisca o país a um apagão da justiça. O volume de processos judicias é uma barreira a ser enfrentada e superada para permitir que o Poder Judiciário possa exercer a sua função estabilizadora e provedora de segurança jurídica para a sociedade. Assim, em paralelo com a modernização do sistema judicial, principalmente na área da tecnologia da informação, é necessário que se implemente cada vez mais instrumentos alternativos que reduzam a demanda por novos processos. Nisto possui grande relevância a implementação da arbitragem e da transação. Um enorme avanço ocorreu quando a legislação passou a admitir a arbitragem para os conflitos como Poder Público, mas isto ainda está em processo de consolidação. O caminho trilhado, ainda que devagar, tem se mostrado irreversível. No que concerne ao compliance, ainda vivemos a necessidade de rever o sistema legal de combate à corrupção que abarca um universo complexo e diferenciado de leis e órgãos governamentais. Um avanço importante está na incorporação na cultura empresarial de programas de integridade, mas a atuação estatal ainda é marcada por ações fragmentadas dos diversos agentes públicos e, em não poucas vezes, competitivas. A ação mais uniforme e coordenada, como soluções objetivas compatíveis com a continuidade da atividade econômica são desafios que ainda permanecem para serem superados.

Acredito que a maior reforma a ser feita não está no sistema tributário em si, mas no sistema de lançamento e cobrança do tributo. Nele está a origem dos problemas que tornam o sistema fiscal extremamente ineficiente e intensamente litigioso. Sanções abusivas, responsabilização subjetiva, ausência de estabilidade jurídica na atuação na atuação dos agentes de Estado, intensificando a insegurança jurídica dos contribuintes, particularmente dos agentes económicos. É necessário superar este sistema baseado na sanção e no conflito por outro que promova maior confiança e colaboração entre as partes. Para isto, reformar a legislação introduzindo mecanismos que orientem a atuação estatal baseada na razoabilidade e na proporcionalidade são parâmetros higienizadores de uma realidade patológica e disfuncional. ▪

Por fim, como perspetiva o Futuro da Regulação Estatal e a integração do Brasil na Europa? O futuro da regulação estatal está na modernização, não apenas tecnológica, mas essencialmente comportamental. Um Estado que se abre para a sociedade e às suas necessidades é capaz de promover crescimento econômico e social. O compartilhamento de experiências entre o Brasil e Europa pode ser capaz de promover uma realidade de sinergia positiva entre o Estado e a sociedade com frutos a beneficiar a todos.

Sabemos que a área tributária no Brasil é de extrema complexidade. Sendo um profissional com uma vasta experiência na mesma, quais considera que são as ações mais relevantes a realizar atualmente?

“ACREDITO QUE A MAIOR REFORMA A SER FEITA NÃO ESTÁ NO SISTEMA TRIBUTÁRIO EM SI, MAS NO SISTEMA DE LANÇAMENTO E COBRANÇA DO TRIBUTO. NELE ESTÁ A ORIGEM DOS PROBLEMAS QUE TORNAM O SISTEMA FISCAL EXTREMAMENTE INEFICIENTE E INTENSAMENTE LITIGIOSO”

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PONTOS DE VISTA FÓRUM DE INTEGRAÇÃO BRASIL EUROPA

OPINIÃO JOSÉ LUIS RIBEIRO BRAZUNA, PROFESSOR DO IBDT, MESTRE EM DIREITO TRIBUTÁRIO PELA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO E FUNDADOR DO BRATAX – BRAZUNA, RUSCHMANN E SORIANO SOCIEDADE DE ADVOGADOS

Reflexões sobre a Transação Tributária Nos dias 18 a 20, do último mês de abril, em Lisboa, o Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE) promoveu interessantes debates sobre o futuro da regulação estatal, com a profícua troca de ideias e experiências entre pensadores brasileiros e portugueses.

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“DE IGUAL MODO, A TROCA DE CONHECIMENTO COM PORTUGAL E OUTROS PAÍSES DA EUROPA, A EXEMPLO DO QUE PROMOVEU O FIBE NO ÚLTIMO ABRIL, É FATOR DETERMINANTE PARA A EVOLUÇÃO TANTO DA TRANSAÇÃO TRIBUTÁRIA, QUANTO DOS DEMAIS MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE LITÍGIOS FISCAIS, DESTE E DAQUELE LADO DO ATLÂNTICO” 86 | PONTOS DE VISTA |

uanto à temática tributária, as discussões giraram em torno dos mecanismos alternativos de solução de litígios, abordando-se a transação, a arbitragem e os acordos de não persecução em matéria de crimes contra a ordem tributária. Em relação ao primeiro tema, pudemos rememorar que, no Brasil, o Código Tributário Nacional (CTN) define a transação como causa de extinção do crédito tributário. Estabelece, ainda, que a transação depende de lei que faculte aos sujeitos ativo e passivo, “nas condições que estabeleça”, firmarem acordo para a “terminação de litígio e consequente extinção do crédito tributário”, “mediante concessões mútuas”. Graças à promulgação da Lei nº 13.988/2020, de aplicação restrita às relações entre contribuintes e governo federal, foi possível romper o mito da indisponibilidade do crédito tributário, o qual, por vezes, era indevidamente contraposto como obstáculo à gestão eficiente dos ativos estatais. Fosse aplicável ao orçamento público a mesma lógica da gestão privada, os ativos contingentes do Estado somente poderiam ser reconhecidos quando praticamente certa a geração dos benefícios econômicos correspondentes e, ao mesmo tempo, a realização desses ativos seria perseguida apenas quando os custos envolvidos justificassem o benefício a ser alcançado pelo erário. Buscando uma aproximação a esse padrão, aquela lei andou bem ao dar espaço para a Administração Pública Federal, sempre de maneira motivada, avaliar os custos e benefícios envolvidos na cobrança de determinado crédito tributário, e, quando assim fosse o caso, cancelar parcialmente o débito “cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança”, conforme autorizado pelo artigo 14, § 3º, inciso II, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Dentre os elementos considerados nessa avaliação, destaque-se o grau de recuperabilidade do ativo estatal, fator esse que se tem provado de extrema relevância e de grande impacto, especialmente após a crise econômica instaurada com a pandemia da COVID-19, permitindo que contribuintes altamente afetados possam sanear as suas dívidas com o fisco, com base no Programa de Retomada Fiscal, regulado pela Portaria PGFN nº 21.562/2020. A análise da situação econômica do devedor é absolutamente necessária nesta matéria, valendo lembrar que, segundo o próprio CTN, artigo 172, inciso I, trata-se de critério capaz de autorizar o próprio perdão do débito principal, me-


PONTOS DE VISTA FÓRUM DE INTEGRAÇÃO BRASIL EUROPA

diante a aplicação do instituto da remissão. Infelizmente, a Lei nº 13.988/2020 não foi tão longe, tendo ainda encarado a negociação do principal como tabu, vedando-a no seu artigo 12, § 2º, inciso I. É notável verificar que, enquanto a norma federal adota um estilo analítico, sendo detalhista quanto às condições que podem guiar a transação dos créditos tributários da União, o Brasil apresenta outros exemplos mais abertos e que utilizam cláusulas gerais, a permitir uma avaliação discricionária bastante ampla, por parte do Administrador Público, quanto à conveniência e à oportunidade de se transacionar. Como exemplo, o artigo 218, da Lei nº 6.763/75, disciplinado pelo artigo 191, caput, do Regulamento do Processo e dos Procedimentos Tributários Administrativos (RPTA), do Estado de Minas Gerais, são sucintos em estabelecer que a transação será realizada “em casos excepcionais, no interesse da Fazenda Pública Estadual, mediante concessões mútuas”, quando a situação envolver “matéria de alta indagação jurídica, de fato ou de direito”. Embora não se defina o que é “alta indagação”, parece possível concluir que não se trata da mera “dúvida” quanto à capitulação legal do fato considerado como infração à legislação tributária, nem quanto à natureza, às circunstâncias materiais do fato, à natureza ou à extensão dos seus efeitos, à autoria, à imputabilidade, à punibilidade ou à natureza de eventual sanção tributária aplicável. Afinal, em nenhuma dessas hipóteses caberia falar em transação tributária, mas, sim, na aplicação da lei tributária de modo mais favorável ao acusado, o que é assegurado pelo artigo 112, do CTN. A maior abertura da norma de Minas Gerais é acompanhada da exigência de justificação da

transação, diante de cada caso concreto, pela Advocacia-Geral do Estado e pela Secretaria de Estado da Fazenda. Compete a esses órgãos elaborarem pareceres – jurídico e técnico, quando a situação envolver matéria de fato –, aprovarem tais pareceres por resolução conjunta e, finalmente, publicá-los no órgão oficial estadual. Tudo em homenagem ao princípio da transparência. Ao invés de um modelo analítico e engessado, portanto, essa legislação estadual outorga maior liberdade à avaliação discricionária do gestor público, o qual estará sujeito às devidas sanções no caso de transação contrária ao interesse público. A regulação minuciosa e exaustiva, portanto, é substituída pelo binômio discricionariedade-accountability. E que não se diga haver aí conflito com o princípio da legalidade tributária. Afinal, segundo a atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a legalidade é atendida quando há “diálogo entre a lei tributária e o regulamento”, estabelecido “em termos de subordinação, desenvolvimento e complementariedade”, o que parece ser o caso. Portanto, ainda que a Lei nº 13.988/2020 represente um enorme avanço, o sistema federativo brasileiro certamente ainda nos oferecerá outras experiências igualmente positivas para o aprimoramento da transação, valendo acompanhar as inovações e o modo como Estados e Municípios vêm utilizando o instituto para também aprimorar a gestão das suas contas. De igual modo, a troca de conhecimento com Portugal e outros países da Europa, a exemplo do que promoveu o FIBE no último abril, é fator determinante para a evolução tanto da transação tributária, quanto dos demais meios alternativos de solução de litígios fiscais, deste e daquele lado do Atlântico. ▪

“GRAÇAS À PROMULGAÇÃO DA LEI Nº 13.988/2020, DE APLICAÇÃO RESTRITA ÀS RELAÇÕES ENTRE CONTRIBUINTES E GOVERNO FEDERAL, FOI POSSÍVEL ROMPER O MITO DA INDISPONIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, O QUAL, POR VEZES, ERA INDEVIDAMENTE CONTRAPOSTO COMO OBSTÁCULO À GESTÃO EFICIENTE DOS ATIVOS ESTATAIS"

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PONTOS DE VISTA FÓRUM DE INTEGRAÇÃO BRASIL EUROPA

FABRÍCIO CASTAGNA LUNARDI. PROFESSOR DOUTOR DO PROGRAMA DE MESTRADO DA ESCOLA NACIONAL DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE MAGISTRADOS (ENFAM), NO BRASIL. REPRESENTANTE DA ENFAM NA EUROPA PARA PROMOVER COOPERAÇÃO CIENTÍFICA E ACADÊMICA E FORMAR REDES INTERNACIONAIS DE PESQUISA. JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

Justiça 4.0 – Gestão, Inovação e Eficiência

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o analisar sistemas de justiça de diferentes países, na perspetiva dos cidadãos, observa-se que os principais problemas apontados são basicamente os mesmos: demora no julgamento e na efetiva resolução dos conflitos. Do ponto de vista da Administração, isso se traduz em falta de eficiência. No Brasil, perguntadas sobre quais as “razões que mais desmotivam as pessoas a procurarem a Justiça”, a imensa maioria das pessoas (64%) respondeu que “a Justiça é muito lenta e burocrática” (AMB; FGV; IPESPE, 2019). Segundo o Relatório Justiça em Números do ano de 2021 do Conselho Nacional de Justiça brasileiro (CNJ), o quantitativo de casos pendentes (acervo total de processos) vinha aumentando no país desde o início da série histórica (2009), atingiu o seu pico em 2016 e vem sendo reduzido constantemente desde então. Segundo o próprio CNJ, as causas para a melhoria de desempenho são as políticas judiciárias deste órgão, como Metas Nacionais e Prêmio CNJ de Qualidade, além de ferramentas de gestão e o processo eletrônico. Com a implementação de sistemas de processo eletrônico, deixaram de ser praticadas diversas atividades burocráticas e materiais. Observou-se grande economia de tempo e de recursos públicos, inclusive humanos, viabilizando que servidores sejam deslocados para outras tarefas. Aos magistrados, também passaram a ser oferecidas diversas ferramentas de gestão. Para qualquer gestão estratégica, é preciso ter dados, analisá-los, extrair diagnósticos, tomar decisões estratégicas

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e formular propostas de melhoria de desempenho. O CNJ brasileiro criou painel de Business Intelligence (BI) para medir e mostrar o desempenho de todas as unidades judiciais brasileiras, acessível por qualquer pessoa pela internet (https://www.cnj.jus.br/datajud/ painel-estatistica). Para fomentar as inovações e mapear as melhores iniciativas com impactos positivos na prestação jurisdicional, foi instituído o Banco de Boas Práticas do CNJ (https:// boaspraticas.cnj.jus.br/), com foco na gestão do conhecimento e na difusão de práticas capazes de melhorar o desempenho de outras unidades judiciais. Nessa mesma lógica, também há o Prêmio Inno-

vare, que busca mapear, registrar e premiar as melhores práticas com impacto na Justiça (https://www. premioinnovare.com.br/). As metas nacionais estabelecidas pelo CNJ também tracionam os tribunais para resultados desejáveis. A instituição de selos de qualidade (prata, ouro e diamante, em ordem crescente de desempenho) e de um prêmio de melhor tribunal do país são incentivos ao aperfeiçoamento continuado da gestão. E, seguindo a mesma lógica da psicologia comportamental, há o ranqueamento de todos os tribunais, de acordo com o seu desempenho. O reconhecimento é uma força motriz para o engajamento de qualquer ser humano.

Os tribunais também têm aderido à transformação digital por meio do desenvolvimento de tecnologia da informação, automação do processo judicial e inteligência artificial (IA). Trago o exemplo do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, que ganhou o Prêmio Excelência, de melhor tribunal do país (entre os 91 existentes), no ano de 2021. Neste tribunal, diversos programas de IA já foram desenvolvidos, como o Toth (capaz de corrigir a classificação de ações pela técnica machine learning); o Amon e o Artiu, que usam reconhecimento facial; o Hórus, que foi utilizado na Vara de Execução Fiscal do Distrito Federal e auxiliou na digitalização e correta inserção no sistema (conversão do processo físico em processo eletrônico) de aproximadamente 300 mil processos, reduzindo o tempo de cadastro de cada processo no sistema de 15 minutos (se fosse realizado por uma pessoa) para apenas 14 segundos. Neste tribunal, ainda está em desenvolvimento o Cartório 4.0, projeto de automação que pretende substituir atividades burocráticas humanas por formas automatizadas, de modo a permitir que os servidores e juízes possam focar em atividades intelectuais. O Conselho Nacional de Justiça brasileiro também criou o Programa Justiça 4.0, que tem como objetivo tornar a Justiça mais inovadora, eficiente, inteligente, colaborativa, integrada e transparente. A gestão estratégica, a inovação e a transformação digital são os caminhos para a eficiência da Justiça. Esse caminho pode ser trilhado mais facilmente com intercâmbio de conhecimentos, tecnologia, boas práticas e trabalho em rede entre países irmãos, como Brasil e Portugal, o que temos buscado fazer. ▪


AGRADECIMENTO A CLÁUDIO NOY PELA CEDÊNCIA DO MATERIAL FOTOGRÁFICO

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PONTOS DE VISTA DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA E DA CULTURA CPLP

“A Evolução da marca Fabrimetal no mercado Angolano tem sido Sustentável e Consistente ao longo dos anos” A Revista Pontos de Vista conversou com Luís Diogo, Diretor Geral da Fabrimetal. Entre outros detalhes, o interlocutor revelou a importância de uma marca como esta no mercado Angolano, alguns pormenores acerca do impacto da guerra com a Ucrânia, sem esquecer, claro, a efeméride do Dia Mundial da Língua Portuguesa e da Cultura CPLP. Saiba tudo.

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Fabrimetal é uma empresa privada - que integra o grupo MMD Steel – com sede no Pólo Industrial de Viana, Angola. Com cerca de 16 anos de história, é hoje um fabricante líder de vários materiais em aço. Gostaríamos, portanto, de conhecer mais acerca do percurso da marca. Enquanto Diretor Geral da mesma, como descreve a sua evolução? Que valores apresenta que têm contribuído para o seu posicionamento ano após ano? A Evolução da marca Fabrimetal no mercado Angolano tem sido sustentável e consistente ao longo dos anos. Penso que o que mais tem

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contribuído para o aumento do posicionamento da marca tem que ver com o facto de acreditarmos no País, no mercado e nas pessoas. Quando foi necessário, ou seja, quando a crise financeira atingiu o País e as importações ficaram mais dificeis, nós oferecemos uma alternativa de qualidade ao mercado. Transformamos importadores em revendedores de produção Nacional. Sabemos que algumas das máximas que guiam a empresa são “O poder das pessoas”, “A garantia da qualidade” e “A Força do aço”. No culminar destas três chaves-mestras, que

fatores diria que contribuem para a competitividade da marca? Acho mesmo que tem de ver com o posicionamento que temos mantido e demonstrado ao mercado. Consistência nas ações, naquilo que são os nossos valores e a contínua aposta no mercado Angolano. Esta é uma marca que visa contribuir para o rápido desenvolvimento das infraestruturas do país, combatendo a importação de varões, apoiando a crescente indústria da construção civil, e principalmente, criando emprego para os Angolanos. Assim, que papel tem vindo a


PONTOS DE VISTA DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA E DA CULTURA CPLP

“PENSO QUE O QUE MAIS TEM CONTRIBUÍDO PARA O AUMENTO DO POSICIONAMENTO DA MARCA TEM QUE VER COM O FACTO DE ACREDITARMOS NO PAÍS, NO MERCADO E NAS PESSOAS”

ser aqui desempenhado? Qual a importância desta “luta”? Em quatro palavras: Agregar Valor, Valorizar as Pessoas. Algo da qual a Fabrimetal se orgulha é precisamente de recrutar e formar trabalhadores locais, contribuindo para o aumento da sua estabilidade financeira e social. No que diz respeito a este objetivo, em que medida esta é uma marca que gera valor à economia de Angola? Gera muito valor à economia. Pela redução de importações e aumento das exportações, com impacto significativo no aumento das divisas para o País. Pela geração de rendimento aos mais de 500 Angolanos que emprega e consequentemente aos seus agregados assim como pela renda que gera aos fornecedores nacionais de matéria-prima. A tudo isto ainda podemos juntar a forte contribuição para a economia circular. Por falar em transformações, a pandemia que assolou o mundo há dois anos, muito impacto teve e continuar a ter, nos diversos setores de atividade. No seio da Fabrimetal, quais foram os principais impactos? De que forma foram ultrapassados? Nós, como todos os operadores económicos sofremos impactos negativos, nomeadamente pela redução da atividade, pois estivemos sem atividade comercial (vendas) praticamente quatro meses. Por outro lado, face às restrições impostas, aprendemos também a fazer mais com menos, sem, contudo, ter efetuado qualquer despedimento de pessoal. A Comunidade dos Países e Língua Portuguesa comemora, desde 2009, o dia 5 de maio – Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP. Neste sentido, que desafios e conquistas considera que se podem esperar para a Lusofonia?

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PONTOS DE VISTA DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA E DA CULTURA CPLP

“O DESAFIO MAIOR É QUE TODOS OS MEMBROS ACREDITEM MAIS NO ENORME POTENCIAL ECONÓMICO QUE ESTA COMUNIDADE TEM E PARA TAL SEJAM ULTRAPASSADOS ALGUNS ENTRAVES AINDA EXISTENTES” A estratégia principal é a forte aposta nas pessoas e o facto de sempre pretendermos superar as expetativas dos nossos clientes. Para além de pioneira, esta também é uma marca que não prescinde de um crescimento sustentável, cumprindo os requisitos da construção civil, sem comprometerem o ambiente. Num período de retoma como o que atravessamos, quão importante é apostar em valores como a sustentabilidade? A sustentabilidade é fundamental para o crescimento de qualquer indústria. No nosso caso tem um peso maior, na medida em que transformamos lixo em produtos de qualidade internacional e o mercado reconhece isso assim como a nossa contribuição para o bem-estar de muitos Angolanos.

O desafio maior é que todos os membros acreditem mais no enorme potencial económico que esta comunidade tem e para tal sejam ultrapassados alguns entraves ainda existentes. As conquistas poderão ser enormes, nomeadamente agora no atual contexto económico. Temos todos de valorizar mais o nosso maior ativo, a língua portuguesa que é comum a todos. Enquanto Diretor Geral de uma marca que tanto valoriza o povo Angolano e a sua Cultura e Formação, qual a importância de celebrar esta efeméride?

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Para mim, é muito importante. Verifico que as minhas ações na empresa em que trabalho, contribuem de forma significativa para valorizar as pessoas. Pessoas que falam a língua portuguesa. Falemos de inovação, um fator crucial em qualquer empresa nos dias de hoje. A Fabrimetal, sabemos que procura atingir a excelência na sua fábrica, mantendo, portanto, o foco na produção de varões com níveis de qualidade internacionais. Que estratégia de desenvolvimento de produtos diferencia a marca das restantes?

A empresa possui a tecnologia FM TMT (tratamento termomecânico) para produzir varões de elevada resistência à tração. Sendo inerente a todos os setores de atividade, a transformação digital acarreta inúmeras vantagens. Neste mercado do Aço, qual é a relação que existe entre um produto de qualidade, competitivo e a digitalização? Estão muito relacionados, ou seja, só poderemos continuar a ter produtos de qualidade e competitivos se, de forma consistente aumentarmos a tecnologia dos processos de base e a forma como fazemos chegar o produto ao consumidor. A Guerra para com a Ucrânia tem sido o acontecimento que mais marca o dia da sociedade no mundo inteiro e sabemos que por ser um ponto de viragem crítico, a todos trará consequências. O Luís Diogo, já sente alguns destes impactos? Se sim, quais? Sim. Já sentimos em Angola. Essencialmente o


PONTOS DE VISTA DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA E DA CULTURA CPLP

A terminar, numa altura em que o mundo vive um momento particularmente difícil, que mensagem de alento - e celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa e da Cultura CPLP - gostaria de deixar a todos os que o leem? Que a CPLP, todos os membros sem exceção, valorizem mais o maior ativo – a Língua – e com isso se constitua de facto num bloco económico com mais-valias para todas as comunidades.

aumento de preços de alguns produtos e serviços. Por outro lado também podemos estar na presença de uma oportunidade enorme para a economia Angolana. A médio prazo, quais considera que serão as maiores consequências que a Fabrimetal irá sentir? Qual será a estratégia no combate às mesmas? O aumento de preços de alguns produtos subsidiários e peças sobressalentes para a manutenção da unidade são já uma realidade. A estratégia passa por reforçar os níveis de

eficiência no processo produtivo e aumentar o volume de vendas no mercado interno e externo. Ainda que este seja um momento difícil para fazer previsões, quais diria que são as próximas metas a cumprir e projetos/produtos a desenvolver? Atingir níveis de produção na ordem dos 97% da capacidade Instalada e aumentar a percentagem de vendas no mercado externo. Em termos de produto, vamos ainda este reforçar a produçáo dos perfis U e I. ▪

“A ESTRATÉGIA PASSA POR REFORÇAR OS NÍVEIS DE EFICIÊNCIA NO PROCESSO PRODUTIVO E AUMENTAR O VOLUME DE VENDAS NO MERCADO INTERNO E EXTERNO”

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PONTOS DE VISTA AED DAYS – 24 A 27 DE MAIO

“Os AED Days são já uma “Marca” consolidada, que traz Valor aos seus Participantes” O evento anual do Cluster Português da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa regressa para a sua 9ª edição, e irá realizar-se durante os dias 24 a 27 de maio, em parceria com a Câmara Municipal de Oeiras. Neste sentido, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com José Neves, Presidente da AED Cluster, que abordou o que podemos contar para este evento e um pouco mais sobre os setores da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa.

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abe-se que a Aeronáutica, o Espaço e a Defesa constitui um setor de grande importância em Portugal. Como analisa a evolução do mesmo até ao momento? O Cluster representa, hoje, 1,4% do PIB Nacional e mais de 18 500 colaboradores altamente qualificados, tendo os setores da aeronáutica, espaço e defesa um papel fulcral na nossa economia, catalisando o desenvolvimento tecnológico e a inovação em todo o tecido social e económico. O crescimento deste setor foi bastante acentuado na última década - na ordem dos 12% ao ano fruto de uma elevada atratividade nacional para estas indústrias, que motivou os mais variados investimentos. Ao nível da aeronáutica, entre um vasto conjunto de excelentes exemplos, elenco os investimentos estratégicos internacionais da Embraer, realizado em 2012, através da criação de raíz de duas modernas unidades fabris, uma dedicada a peças metálicas e outra para peças em compósito, e da Mecachrome, que fabrica hoje peças de metal de alta precisão para aeronaves, fornecendo a partir de Portugal clientes como a Airbus, Boeing e Safran. Existem também vários investimentos nacionais de relevo

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JOSÉ NEVES

neste setor, como o do Grupo Salvador Caetano que construiu uma unidade para fabricar peças para aviões – a Caetano Aeronautics criando a norte uma nova centralidade para o cluster aeroespacial. Estes elementos permitem não só olhar para os últimos dez anos com o sentimento de “trabalho realizado”, como também criaram uma sólida base para almejarmos um forte crescimento para a próxima década. Mais recentemente, temos os investimentos da OGMA

em Alverca, através da criação de um novo centro de manutenção de motores num investimento de 74 milhões de euros que levará à criação de 300 empregos, e da Airbus em Santo Tirso, que levou à construção de uma nova unidade industrial para produção de peças para aeronaves. Estes são também uma boa prova da vitalidade de todo o ecossistema e do seu elevado potencial de crescimento. Ao nível do espaço, e sobretudo com a criação da Agência Espa-

cial Portuguesa e o lançamento de novas iniciativas relacionadas com o Atlântico (nomeadamente o Porto Espacial dos Açores, a constelação de satélites Atlântico e o Atlantic International Research Center), vive-se um momento de grande ambição e estamos a trabalhar num patamar de excelência, que já resultou em alguns importantes investimentos externos. Falo do investimento do grupo alemão RFA em parceria com o Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), que vão desenvolver e produzir sistemas de lançadores espaciais em Portugal, e do investimento da empresa norte-americana LEOLABS, que em parceria com a EDISOFT vai instalar dois radares espaciais na ilha de Santa Maria para monitorizar e evitar os perigos do lixo espacial. Este momento de grande dinamismo no setor espacial reflete-se em novas competências e produtos desenvolvidos cá e no crescimento tanto do volume de negócios como de empregos altamente qualificados. Ao nível da defesa, fruto de um maior dinamismo europeu nos últimos anos, este setor enfrenta igualmente um momento único em Portugal, que poderá favorecer o posicionamento da nossa indústria, com um novo perfil de forne-


PONTOS DE VISTA AED DAYS – 24 A 27 DE MAIO

que possui empresas e institutos com capacidade de competir ao mais alto nível, através do desenvolvimento de produtos inovadores e de elevada qualidade.

cimentos já nos próximos anos. Alavancado pela Lei da Programação Militar (LPM), e pela criação de uma Política Europeia de Defesa, existem hoje oportunidades de desenvolvimento de produtos tecnológicos inovadores que poderão catalisar uma maior integração do tecido industrial português na cadeia de valor europeia. Também o trágico conflito na Ucrânia tem sublinhado a importância deste setor. O reforço de alguns investimentos na área da defesa poderá promover novas oportunidades para esta indústria, às quais estamos atentos. Certo é, este setor tem vindo a assumir-se cada vez mais basilar na promoção da Inovação, da Formação Especializada ou do Design Moderno e Tecnológico. De que forma a AED Portugal tem adequado, ao longo dos tempos, as suas iniciativas, de forma a manter-se lado a lado com as tendências que emergem? O trabalho em rede é fundamental. Estamos a falar de uma indústria que evolui a um ritmo muito acelerado, pelo que só é possível mantermo-nos a par das tendências internacionais e, por conseguinte, sermos competitivos ao juntarmos as capacidades e valências de todo o ecossistema. É nesse sentido que temos estimulado a execução de projetos de inovação entre empresas do Cluster e que temos promovido, cada vez mais, a inclusão de entidades de natureza diversa na nossa rede de associados. Também as relações com entidades internacionais de referência, ao nível da transferência de conhecimento, de contratos e parcerias firmadas e, sobretudo, ao nível dos investimentos que têm vindo a ser feitos em Portugal, são de sobeja importância para nos mantermos na linha da frente no que à inovação diz respeito. Neste âmbito, a AED tem tido um papel de relevo ao enquadrar estes atores internacionais na cadeia de fornecimento nacional, facilitando a sua integração em Portugal, como foram os casos dos investimentos já referidos anteriormente. Naturalmente que para entregar produtos e serviços de alto valor acrescentado, estarmos na linha da frente ao nível da inovação e continuarmos a ser um importante catalisador do desenvolvimento industrial, tecnológico e económico do país é necessário matéria-prima humana. Felizmente, em Portugal estamos muito bem servidos, com ótimos engenheiros/técnicos e com formação de excelência. O reconhecimento internacional a este nível é notório, pelo que o desafio está em que as nossas empresas tenham a capacidade de atrair e reter o talento que desenvolvemos no nosso país. Para atingir esse objetivo, a AED tem criado algumas iniciativas com o propósito de estimular a relação entre Indústria e Academia, fazendo chegar as empresas aos jovens e vice-versa. Como maior exemplo, podemos destacar o AED CAREERS, um evento de nível nacional, a realizar-se no âmbito dos AED Days (o certame anual do Cluster), que mobiliza diversas entidades a divulgar vagas de emprego, de estágio e de formação nos setores da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa em con-

"TEMOS, NESTE EVENTO, UMA OPORTUNIDADE ÚNICA PARA REFORÇAR A RELAÇÃO DAS NOSSAS EMPRESAS COM ESTES ATORES, QUE SÃO DE ENORME IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE COMPETITIVA DAS INDÚSTRIAS DA AERONÁUTICA, DO ESPAÇO E DA DEFESA, EM PORTUGAL" junto com recursos humanos – jovens e não só – à procura de oportunidades de carreira e de novos desafios nestas indústrias, em Portugal. O evento anual do Cluster Português da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa regressa para a sua 9ª edição, que se realizará durante os dias 24 a 27 de maio, em parceria com a Câmara Municipal de Oeiras. Enquanto Presidente da AED Portugal, que significado tem este evento anual no mercado? É um momento único no ano, em que temos presente todo o ecossistema nacional destes setores em conjunto com os atores mais relevantes da indústria internacional. A par disso, contamos com a participação e atenção de atores políticos de grande relevo, não só do Governo português, como da Comissão Europeia. Os AED Days são já uma “marca” consolidada, que traz valor aos seus participantes e que pretende contribuir para a contínua evolução e desenvolvimento da indústria portuguesa, catalisando a transformação digital e ecológica necessária, ao mesmo tempo que alavanca o seu posicionamento de ator relevante no mercado internacional. É, por isso, um evento onde se assinala a boa imagem de Portugal no exterior, como um país que tem investido fortemente na qualificação dos seus recursos humanos e

A antecipação da edição deste ano tem como objetivo aproximar ainda mais a comunidade estudantil. Quão importante é garantir uma envolvência maior com aquele que é o futuro do setor e do seu sucesso? É muito claro que para continuarmos nesta senda de crescimento, temos de garantir recursos qualificados nas nossas empresas. O desafio está em mostrar aos jovens o quão dinâmicos e interessantes são estes setores e que existem muitas empresas a precisarem do seu talento e competências. Do contacto que temos tido com os jovens, nas diferentes ações já executadas, fica a ideia de que há um desconhecimento muito grande daquilo que é a realidade dos nossos setores. É preciso que eles percebam que temos uma panóplia enorme de empresas, desde indústria pura a apenas software, e que se criam produtos complexos e serviços inovadores com impacto real no desenvolvimento da sociedade. Temos, por isso, de envolver cada vez mais (e mais cedo) os jovens, captando a sua atenção para estes setores, como nos tempos em que qualquer criança sonhava ser um astronauta. Quais são as grandes perspetivas, por fim, para a 9ª edição dos AED Days 2022? O que se pretende traçar no futuro? Todos os anos o evento tem ganho dimensões cada vez maiores e esperamos que essa tendência de crescimento se confirme, de modo a chegarmos à marca dos 1000 participantes. Não obstante, o mais importante para nós é o aspeto qualitativo do evento - ter a certeza que estão presentes os atores certos e que criamos condições para estimular o desenvolvimento do nosso ecossistema. É importante que os participantes cheguem ao final do evento com um sentido de mais-valia, seja porque conseguiram desbloquear um contacto importante que já vinham a perseguir há algum tempo, porque fecharam um contrato ou simplesmente porque abriram uma janela para um negócio futuro. Por fim, mas não menos importante, pretendemos que os AED Days continuem a validar a boa imagem da nossa indústria junto dos grandes players internacionais e dos decisores políticos nacionais e europeus. Temos, neste evento, uma oportunidade única para reforçar a relação das nossas empresas com estes atores, que são de enorme importância para a saúde competitiva das indústrias da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa, em Portugal. E, num tempo de grandes desafios - retoma de uma crise pandémica, a aposta clara da Europa na sustentabilidade e na soberania tecnológica e transição digital destes setor -, os AED Days surgem como um relevante fórum de discussão, que irá envolver alguns dos mais predominantes atores deste ecossistema. ▪

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PONTOS DE VISTA DIA MUNDIAL DA PESSOA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA

“Na SPEM trabalhamos todos os dias para colocar Sorrisos na cara daqueles que vivem tristes e desalentados” No dia 30 de maio, celebra-se o Dia Mundial da Pessoa com Esclerose Múltipla e no sentido de sensibilizar a comunidade para tal, a SPEM – Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, irá promover três dias de iniciativas para pessoas com esclerose múltipla, a começar a 28 de maio. Alexandre Guedes da Silva, Presidente da SPEM, falou um pouco mais desta iniciativa e da importância de continuar a dar «voz» a todos aqueles que sofrem com esta patologia.

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ual a importância da realização deste evento e de que forma é que o mesmo é relevante para as pessoas que sofrem de Esclerose Múltipla e para a sociedade em geral? Sendo a Esclerose Múltipla a doença das mil caras, a doença dos sintomas invisíveis, em que cada caso apresenta sintomas e sequelas muito próprias que são na maioria dos casos muito difíceis de transmitir à sociedade, inclusive, até aqueles que nos são próximos faz com que este evento seja pela sua singularidade uma oportunidade única de podermos dar a conhecer todo o mistério que rodeia esta doença que tendo sido identificada há mais de 100 anos continua a ser um enorme desafio para a Ciência e para os seus portadores. O Dia Mundial da Pessoa com Esclerose Múltipla, celebra-se no dia 30 de maio. Na sua opinião, que caminho é que devemos seguir no sentido de continuar a sensibilizar as pessoas para esta patologia? A nossa ambição é a de ligar em rede todas as pessoas com Esclerose Múltipla de forma a garantir que a sua voz é ouvida mais alto e mais longe. Nesse sentido o mote dos vários dias mundiais tem sido a conectividade “Connect my MS” e este ano não vai ser diferente, iremos reforçar os nossos laços e criar novas oportunidades de conectividade entre nós e com a sociedade, nomeadamente com as pessoas que como nós vivem com deficiência. A todos aqueles que sofrem com EM que mensagem gostaria de deixar? Na SPEM trabalhamos todos os dias para colocar sorrisos na cara daqueles que vivem tristes e desalentados. A esperança na Cura da EM é a força vital que nos anima, que nos dá alento para enfrentar o desconhecido, para desbravar as fronteiras do conhecimento e do progresso humano. ▪

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Iniciativas

do Dia Mundial da Pessoa com Esclerose Múltipla No primeiro dia, sábado 28 de maio de 2022, será um dia dedicado à atividade física e às terapias SPEM, existindo no período da manhã uma caminhada solidária em Santarém à qual todos se poderão juntar via online, seguida de uma aula do EM’ Atividade em Évora, também ela no formato híbrido para que todo o país se possa mover em conjunto, numa aula criativa e adequada a todos. No período da tarde transmitiremos, a partir de Lisboa, via Zoom e LiveStreaming sessões de terapias existentes na Neurorreabilitação SPEM e as terapias Complementares, como Reiki e Meditação. No segundo dia, domingo 29 de maio de 2022, inauguramos o 1º Festival SPEM Solidário, um festival contruído de raiz para pessoas com deficiência e ou incapacidade, doenças neurodegenerativas, nomeadamente Esclerose Múltipla. As características deste público-alvo fizeram-nos repensar no modo de criar um festival que prima pela inovação, criatividade e acima de tudo integração. A variedade de sintomas associados à doença faz com que seja difícil para estas pessoas, assistir a eventos desta magnitude e conceção. Normalmente existem áreas dentro dos festivais para este tipo de público, mas na SPEM pensamos ao contrário, criámos um festival que é todo ele adequado a pessoas com doenças neurodegenerativas. Desde a sua localização num espaço plano e de fácil acesso, à restauração com mobiliário contruído à medi-

da para pessoas com mobilidade reduzida, até à corrida de cadeira de rodas dinamizada por um clube de desportos Motorizados – Escuderia Castelo Branco, que prontamente se juntou a esta iniciativa, promovendo uma atividade, para que todos se sintam bem vindos, para que passem um dia inesquecível, conhecendo o interior de um carro de rali e para que possam eles próprios participar numa corrida com todos os adereços inerentes aos desportos motorizados. Existirão ainda as zonas de conforto para que possam assistir ao evento na sua totalidade – o cansaço e fadiga crónica é um dos sintomas que afeta as pessoas com EM. Este festival conta com 280 voluntários que se deslocam de todo o país, para proporcionar todo o conforto, segurança e bem-estar ao público. Contamos com assistentes pessoais, que irão suprir as necessidades de quem tenha handicaps mais acentuados, promovendo assim um dia onde todos são bem-vindos e se sintam em segurança. Os artistas que se juntam a nós nesta iniciativa de forma solidária, vão dinamizar um dia onde a diversidade é palavra de ordem. Contamos com a Tuna Sénior da USALBI, para que todos percebam que, após os 65 anos ainda se pode ser útil na sociedade, segue-se a Academia de Concertinas do Inatel que nos trará a tradição em camadas intergeracionais, porque estabelecer laços entre todos é uma motivação que


PONTOS DE VISTA DIA MUNDIAL DA PESSOA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA

deveria ser seguida pela sociedade. As aulas de Dance Moves promovidas pelo ginásio Fitness Hut, prometem ser as mais direcionadas possíveis ao nosso público, motivando a atividade física como um potenciador de boas energias. A Raquel Santos tocará com os seus músicos Funky que promete tocar a alma. Seguem-se os The Pilinha com o reportório a que já nos habituaram com humor aliado à qualidade musical, onde a diversão é sempre um dado adquirido. Finalizamos o nosso festival com os Voodoo Marmalade que possuem uma energia contagiante, músicas que todos conhecemos com a excecional dedicação que aplicam em todos os seus concertos, fazem-nos vibrar com eles como se fizéssemos parte da banda. Na segunda-feira 30 de maio de 2022, culminam as celebrações assinalando o Dia Mundial da Pessoa com Esclerose Múltipla, marcaremos presença nas rádios locais e nacionais, através das delegações SPEM por todo o país. Sensibilizar, alertar e dar a conhecer a Doença é fundamental para que todos estejam informados e promovam uma correta integração das PcEM na sociedade. No período da tarde decorre o Webinar “A caminho das Curas para a Esclerose Múltipla” que contará com a KeyNote Cyndi Zagieboylo - National MS Society President & CEO, após o qual o painel, composto por vários membros do GEEM e da SPEM, abordará os temas “O que significa parar a esclerose múltipla”, “O que significa restaurar as funções perdidas” e por último “O que significa Terminar a Esclerose Múltipla”. Temas pertinentes sobre os quais é necessário pensar e discutir, porque mais que promover uma boa qualidade de vida, bem-estar e segurança destas pessoas, é fundamental iniciar pensamentos que nos levem à investigação, ao tratamento mais efetivo da mesma, que nos permita terminar com esta doença que já afeta mais de 8mil pessoas em Portugal e que tanto altera e dificulta a condição física, social e económica dos mesmos. Todos estes eventos promovem a pessoa com esclerose múltipla aos olhos da sociedade e mesmo junto dos seus pares. A equidade que se consegue ao atribuirmos tarefas, atividades e construção de pensamento às pessoas tocadas por esta doença, traz nos uma perspetiva mais assertiva, uma posição ativa na sociedade onde são validados como tal e para a qual querem dar o seu contributo. Não se deve olhar para as PcEM como um cidadão que encostou às boxes e que não vai voltar a ter utilidade, devemos sim abordar estas pessoas como extremamente uteis e dotadas de uma capacidade de se reinventarem que nos traz benefícios. A inovação, resiliência, criatividade, força de vontade e coragem que apresentam diariamente na luta contra esta doença para que possam ter uma vida digna, mostra-nos todos os dias de que matéria são feitas as pessoas com Esclerose Múltipla, que apesar de todas as dificuldades se levantam de manhã e encaram um novo dia como isso mesmo, mais um dia para

lutar pelos seus direitos e pela sua vida profissional e familiar. É urgente a criação de centros de referência e de excelência de Esclerose Múltipla, onde se possa cuidar e tratar os doentes e onde se possa investigar e potenciar a cura para a doença. É de extrema importância que a comunidade médica e científica tenha condições para trabalhar nesta pesquisa e acima de tudo, é urgente que toda a comunidade esteja informada sobre a EM, proporcionando oportunidades para que estes cidadãos sejam parte ativa da sociedade, onde possam trabalhar e viver com condições e garantias de acessibilidade, conforto e bem-estar. ▪

PALMIRA MARTINS Assistente Social Coordenadora da Missão Angariar SPEM Contacto: 934386920 Email: palmira.martins@spem.pt

MAIO 2022 | 97


PONTOS DE VISTA BREVES

Google lança pesquisas que combinam texto e imagens A Google quer continuar a facilitar as pesquisas dos internautas e, para tal, vai lançar uma funcionalidade que promete ajudar a encontrar coisas que nem sempre são fáceis de descrever. Esta nova opção de pesquisa, designada “multisearch”, permite aos utilizadores do motor de busca combinar texto e imagens. Desta forma, é possível, por exemplo, inserir a fotografia de uma cadeira de escritório e acrescentar por escrito “em cor-de-rosa”, tornando a pesquisa mais completa. A ferramenta já está disponível em território norte-americano, inserida na Google Lens. Segundo avança a CNN Business, Liz Reid, presidente da Google Search, salienta que a “multisearch” será considerada experimental numa fase inicial e que terá como principal propósito a pesquisa relacionada com compras.

TikTok alerta:

a música pode ser a parte mais importante de um anúncio O som dos anúncios é fulcral para captar a atenção dos consumidores ou, pelo contrário, levá-los a ignorar ou avançar a publicidade. De acordo com o TikTok, os anúncios na rede social que contêm música têm menos probabilidade de serem passados à frente do que aqueles que não têm. Além disso, o tipo de música escolhido também tem uma grande influência na forma como o público vai reagir à publicidade. O estudo da rede social revela que as músicas facilmente reconhecíveis são as que têm o efeito mais positivo nas pessoas, levando a um número mais elevado de vendas. Por outro lado, as músicas instrumentais refletem uma maior memorização das marcas nos consumidores e resultam numa maior probabilidade de o anúncio ser partilhado online por pessoas entre 18 e os 24 anos. Já as faixas musicais criadas propositadamente para a ação publicitária geram mais curiosidade e são vistas como “inteligentes”. Desta forma, a plataforma digital realça a importância que a decisão sobre a música que acompanha um anúncio tem no seu maior ou menor sucesso. A escolha da trilha sonora pode significar mais ou menos vendas e uma exposição mais elevada da marca junto do público.

98 | PONTOS DE VISTA |

Este avião 100% eléctrico da Rolls-Royce tem cortiça portuguesa Spirit of Innovation (“Espírito de Inovação”, em português) é um avião 100% elétrico da Rolls-Royce que se apresenta como o mais rápido do Mundo no seu género. A aeronave conta com aglomerados de cortiça no revestimento isolante da caixa de bateria, fornecidos pela Amorim Cork Composites, unidade de negócio da Corticeira Amorim. A multinacional portuguesa e a Electroflight, empresa especialista em armazenamento

de energia para a aviação, criaram um aglomerado de cortiça à prova de fogo para o interior da caixa da bateria, que reduz o risco de incêndio e, ao mesmo tempo, contribui para garantir a reduzir a pegada ambiental do avião. «A caixa da bateria foi uma peça de engenharia extremamente desafiadora, pois todo o sistema de propulsão (powertrain) está conectado à frente da aeronave. A caixa da bateria está, portanto, a fazer

um trabalho extremamente importante, não apenas fornecendo contenção no caso de um incêndio na bateria, mas também mantendo a frente da aeronave conectada à estrutura da fuselagem. Além disso, tivemos que manter o peso no mínimo absoluto e garantir que o produto usado para a caixa da bateria fosse altamente resistente ao fogo», explica, em comunicado, Douglas Campbell, diretor técnico da Electroflight.

Novos brinquedos da Mattel são quase 100% reciclados

Disney vai construir casas acessíveis junto a parque temático

Os novos brinquedos das marcas da Mattel Mega Blocks Cidade Verde e Tesla Roadster da Matchbox são a mais recente aposta da empresa no âmbito da sustentabilidade, uma vez que são compostos em 99% por materiais reciclados. Esta expansão da oferta surge em linha com o objetivo da insígnia de atingir, até 2030, materiais plásticos 100% reciclados, recicláveis ou bio-based em todos os seus produtos e embalagens. «Na Mattel estamos focados em desenvolver produtos e embalagens inovadores que sejam melhores para o nosso planeta, integrando materiais e princípios mais sustentáveis de gestão de produtos e design circular. Estes novos produtos da Mega e da Matchbox demonstram o nosso compromisso com o nosso objectivo de 2030 em alcançar materiais plásticos 100% reciclados, recicláveis ou bio-based em todos os nossos produtos e embalagens e criar um futuro mais sustentável para a próxima geração», comenta, em comunicado, Pamela Gill-Alabaster, diretora global de Sustentabilidade da Mattel. Começando com a Mega Blocks Cidade Verde e produtos selecionados Matchbox, a Mattel está a incorporar polímeros renováveis certificados do programa Trucircle da Sabic na sua oferta de produtos – uma empresa projetada para devolver matérias-primas renováveis de segunda geração a novas aplicações de plástico de alta qualidade.

Depois de anunciar a construção de comunidades residenciais para fãs na Califórnia, nos Estados Unidos da América, a Disney revela agora que está a planear o desenvolvimento de um empreendimento habitacional a preços acessíveis junto aos portões do seu parque temático localizado na Florida. Ainda numa fase inicial do processo, a multinacional norte-americana afirma que a ideia é dar forma a mais de 1300 unidades, que irão oferecer aos residentes casas próximas de escolas e com rendas que as pessoas consigam pagar. No total, serão 32 hectares de terreno dedicados a este projeto. «Estamos comprometidos em trabalhar em conjunto com a nossa comunidade para resolver problemas complexos. A falta de casas acessíveis está a afetar imensas pessoas em todo o país, incluindo aqui, na Florida. Com esta iniciativa, estamos a dar ‘uma mãozinha’ para criar um impacto verdadeiro na comunidade», afirma, em comunicado, Jeff Vahle, presidente da Walt Disney World Resort.




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