Revista meiaum Nº 13

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Norte, mesmo com toda a resistência (o mercado imobiliário sempre vence), se tornou um lugar onde mora e trabalha muita gente. Talvez ali circulem mais carros do que em todo o Lago Norte, mas o tráfego tem tratamento de cidade de interior. Sem fiscalização, não faltam motoristas querendo mostrar a potência do carro. Param para deixar o carona no lugar que bem entendem. Estacionam onde for conveniente, inclusive os motoristas dos caminhões que servem às obras. É assim que as estreitas vias de mão dupla se tornam intransitáveis. Há pistas com tantas irregularidades, tantos buracos, que fica impossível qualquer tipo de sinalização horizontal. Deve ser por isso que motoristas fazem o que querem no CA. Ruas abandonadas assim não impõem respeito, são um convite às manobras ilícitas, à invenção de vagas, à alta velocidade. Há coisas inacreditáveis. Atrás do Shopping

Iguatemi, um balão contornado por duas pistas agora ganhou mais uma utilidade. À tarde, quando a árvore faz uma sombrinha, motoristas esperam as madames terminar as compras ali mesmo, na curva. É cada uma. Anna Halley

Papo de boteco Um amigo conseguiu emprego no Senado Federal. Ele é terceirizado e está encantado com o novo trabalho. Há muito tempo já vem reclamando da iniciativa privada e tenta passar para o outro lado, por meio de concurso. Enquanto isso não acontece, ele precisa se virar para se sustentar. Ser servidor público é estar no paraíso, segundo ele. Meu amigo me contou que lá cada pessoa tem um jeito de subir, de ganhar um adicional, de trabalhar um pouco menos. Tudo depende de quem você conhece ou da sua disposição de lutar por condições mais “justas” de

trabalho. Vence quem tiver o melhor Q.I. Bobo é aquele que não se aproveita das oportunidades. “Tem funcionário antigo que dirige carro de jogador de futebol!” O lance é correr atrás desses adicionais aí. “Ainda vou entrar no esquema”, pensou alto. Ele continuou na filosofia dele e disse que todos os servidores precisam ter acesso a oportunidades de crescimento. Que o funcionalismo deveria ser mais justo. Afinal, quem está lá estudou bastante para isso. Decorou cada artigo da Lei 8.666 e da 8.112. Grande mérito. Eu retruquei... disse que precisaríamos nos preocupar com a justiça social para que todas as pessoas tenham oportunidades de crescimento, inclusive na iniciativa privada. Meu amigo se indignou e disse: “Na iniciativa privada é um querendo se dar bem à custa do outro. Ninguém respeita ninguém. É coisa do capitalismo selvagem”. Tudo bem. Diante disso, não vou argumentar. Paula Oliveira


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