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Sem frescura

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Dona Geda

Dona Geda

O que é exagero? O que não pode faltar numa festa? Os especialistas em organização de eventos famosos em todo o país contam para a Celebrar.

O título desta matéria – Sem Frescura – foi inspirado na série de livros de Cláudia Matarazzo. Ela é jornalista e especialista em etiqueta e comportamento. Autora de 18 livros sobre comportamento, moda e inclusão social. Vitae Mário Ameni é formado em economia, é consultor, assessor para planejamento de cerimonial, etiqueta, protocolo, eventos público – privados. Juntos, os dois rodam pelo país oferecendo cursos e palestras. Vieram a Dourados, pela primeira vez, em junho, a convite da DZM, para o EventoAll Special Day. A Celebrar aproveitou a oportunidade para entrevistá-los com exclusividade.

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Celebrar: Como vocês começaram a parceria no trabalho?

Cláudia: Trabalhamos sete anos juntos no cerimonial do governo do estado, aí ele aposentou e eu fiquei sozinha por dois anos, mas era ele quem “arrastava o piano”, então, depois que saí, resolvemos trabalhar juntos. A gente fazia eventos juntos. A gente se completou. Eu sou muito mais para o lado do jornalismo e ele para as partes mais práticas. Mário: Hoje temos uma sociedade e também um portal de ensino a distância. São 17 cursos, entre eles, entrevista de emprego, organização de eventos, comunicação empresarial.

Celebrar: Como vocês conviveram com muita gente importante, quem foram as personalidades que vocês conheceram que mais marcaram?

Cláudia: Nós fomos privilegiados, quando estávamos no cerimonial do governo do estado o Papa Bento XVI veio ao Brasil, o Mário passou sete dias com ele. Deu para conversar.

Mário: Ele tocava piano, a gente tinha acesso a ele. É claro que, no início, o Papa estava mais fechado, mas depois, quando ele viu a reação dos brasileiros, que são

Outra personalidade foi o Dalai Lama, a energia dele é diferente, um homem diferente mesmo. Uma curiosidade é que ele estava se trocando, começou a tirar aqueles mantos todos e por baixo ele usava uma bermuda de basquete, presente dado pelo ator Richard Gere.

Celebrar: Muda muito a etiqueta para cada país?

Cláudia: Existem regras de etiquetas que são comuns em todo país e existem algumas que modificam de acordo com cada cultura. Oriente, por exemplo, é muito diferente, cumprimento muda muito. Nos países árabes, mulher não pode olhar nos olhos, nem estender as mãos.

Celebrar: Numa festa de casamento, hoje, o que não pode faltar ou o que já não se usa mais?

Cláudia: Se não agregar beleza, emoção e diversão, é frescura. Além disso, um robô dando boas vindas. Poxa, isso não dá emoção, não é divertido e é feio, então é frescura. As pessoas acham que vão ao casamento para serem entretidas, mas não é. É um sacramento. Você foi convidado para testemunhar aquele momento entre o casal. Não é melhor um casamento que tem três bandas, é melhor um casamento que tenha músicas que marcaram o casal, que te remetem a momentos importantes. Não precisa ter a Ivete Sangalo se a Ivete não significar nada para o casal. Mário: Hoje as pessoas vão à festa. Se der, vão pro casamento. Isso está invertido. O mais importante é o casamento. São muitos exageros.

Celebrar: Quando falamos de etiqueta, logo vem em como se portar à mesa. Mas as pessoas, por causa da correria, têm investido pouco tempo juntas, ao redor da mesa. Vocês percebem que este costume se perdeu?

Cláudia: Isso já está mudando de novo. As pessoas estão voltando a receber em casa, a decorar a mesa. Acho que, quando eu era adolescente, falar em cozinhar era péssimo, era bobagem, perda de tempo. Há uns dez anos, começou a voltar. Tem esse negócio gourmet, todos têm espaço gourmet em casa. Depois veio o Master Chef e revalorizou o “estar junto”. Isso é muito bom.

Celebrar: Arrumar a mesa, quais são os truques? Há exageros?

Cláudia: A mesa tem que ser bonita, mas principalmente funcional. Tem vasos enormes que você nem consegue ver quem está do outro lado. Flores em excesso. Guardanapo duplo, para quê? O segredo é tudo que está ali tem que ser útil.

Celebrar: Em tempos de crise, como fazer um lindo casamento?

Cláudia: Tem que enxugar. Mas isso não quer dizer que você vai ter que fazer o casamento mais pobre, mas vai ter que fazer escolhas daquilo que realmente importa para você. Volta naquilo que falamos no início. Luxo é muito mais a sensação do que o visual. Quando você tem aquela sensação boa de que tudo está inesquecível, está emocionante e divertido, é isso que vale. Não é encher de atrações, de eventos, isso não garante nada. Tem que ser um casamento com significado e isso não precisa custar caro.

Celebrar: O que é celebrar?

Cláudia: celebrar é reafirmar o privilégio de estar vivendo alguma coisa plenamente.

Mário: É quando você está vivendo uma situação comum e consegue identificar que aquele é um momento relevante.

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