A MÍDIA E SUAS FONTES NO PROCESSO DA GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

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construídas minimizam os impactos de enchentes e inundações. Estradas e vias de alto padrão evitam a interrupção e o isolamento de áreas afetadas por desastres. Serviços: O acesso a serviços como transporte, educação e saúde determina a escolha dos cidadãos pela ocupação das áreas urbanas. Em geral, os centros urbanos sofrem acentuadamente com ocupações irregulares em decorrência do acesso aos serviços básicos. Construir uma rede ampla e eficiente desses serviços favorece a aceitação de moradores ao serem realocados de áreas de risco para áreas periféricas, e minimiza o inchaço dos centros urbanos.

A ideia de que é a maneira como a ocupação urbana se dá que interfere na geração do risco, vincula-se aos conceitos de Ulrich Beck, sociólogo alemão que afirma não haver distinção entre quem gera o risco e quem é afetado por ele, assim como não há, para o risco, limites políticogeográficos a respeitar. É a noção de corresponsabilidade que deve ser enfatizada a todos os segmentos sociais, como agentes diretos do risco. É ao mesmo tempo a culpa e a solução, pois ao perceber-se como responsável pelo risco, percebe-se também como agente passível de reação aquele que está no controle e, portanto tem a capacidade de modificar a produção daquilo que lhe coloca em risco. Peruzzo (1998), entretanto, afirma “nossas tradições e nossos costumes apontam mais para o autoritarismo e a delegação de poder do que para assumir o controle e a corresponsabilidade na solução de problemas.” O que se depreende da frase de Peruzzo é a cultura de passividade, ao mesmo tempo em que ocorre a escolha de vilões. Não há vilões, não há mocinhos, estrutura frequente nos meios de comunicação de massa quando na cobertura de desastres. Não se ignora aqui os processos de exclusão social, que certamente interferem na capacidade de resposta e abrangência de ação. Mas, como afirma Beck, já não se vive mais na cultura em que o controle do bem e do mal é atribuído a deuses. Hoje, é o homem, como sociedade, que produz o risco, e é ele, unicamente, que deve assumir a responsabilidade por minimizá-lo. Minimizar o risco é, portanto, minimizar também as diferenças sociais hoje instaladas. É o que afirma estudo da OXFAM (2009): “para milhões de homens e mulheres em todo o mundo é a sua vulnerabilidade e não as ameaças que enfrentam, que determinará se irão sobreviver ou não. (...) Vulnerabilidade é o resultado direto da pobreza; das escolhas políticas, da corrupção e ganância que as determinam; e da indiferença política que lhe permite continuar a existir.”

Assim, quando se fala em redução de vulnerabilidades está se pensando na formação cartesiana do risco, em que ameaça e vulnerabilidade são seus eixos.


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