Revista Business Portugal Outubro 2020

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feira, havia o grave problema das seringas deixadas na praia. Quando, por iniciativa da Associação Nacional das Farmácias, a farmácia passou a fornecer os kit’s – com um toalhete, um preservativo, um filtro, uma nova seringa e um desinfetante – em troca das seringas usadas, conseguiu-se controlar o enorme perigo do abandono das seringas, proteger a saúde pública e oferecer uma via de diálogo e de confiança a estes doentes. E, tendo em conta a atualidade do ano 2020, como está a ser a adaptação? Na altura do confinamento, passámos por uma situação muito complicada. Acabámos por nunca encerrar, tivemos sempre a farmácia a trabalhar, mas, durante mais de dois meses, fizemos o atendimento ao postigo. Foi muito desagradável para todos, mas principalmente para os utentes, que tinham de estar à espera na rua, em fila. No entanto, não deixámos de dar apoio e de securizar quem nos procurou. Chegámos mesmo a entregar medicamentos em casa de quem não podia, ou tinha receio, de sair. Não podemos deixar de realçar o enorme civismo demonstrado pela população de Albufeira nestes tempos complicados que temos vivido. Tomámos as medidas possíveis para manter o acompanhamento aos utentes e para garantir a dispensa dos medicamentos necessários, numa altura em que as pessoas estavam com receio que deixasse de haver medicamentos. Por outro lado, a nível interno, passámos a funcionar em espelho, ou seja, tínhamos colaboradores que só vinham da parte da manhã e outros que só vinham da parte da tarde, para evitar cruzamentos e possibilidades de contágio. Adicionalmente, implementámos as medidas de segurança que, agora, fazem parte do nosso dia a dia: acrílicos, máscaras, viseiras, luvas, desinfetantes, marcação de distâncias, cartazes de alerta. Com a entrada no outono, considera que se avizinham tempos difíceis? Penso que o facto de usarmos várias proteções individuais e coletivas, apesar de ser desagradável, vai ajudar-nos, pois irá defender-nos melhor dos contágios por via respiratória. De qualquer modo, a “época” das gripes é sempre uma altura complicada. Este ano, em algumas zonas do país, as farmácias também vão apoiar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), realizando a vacinação. Em articulação com diversos municípios, muitos dos utentes que deveriam ser vacinados através dos serviços do SNS, poderão, também, ser vacinados nas farmácias, gratuitamente.

Passados mais de 100 anos, o que considera que ainda distingue esta farmácia das outras? Penso que um dos aspetos que nos distingue verdadeiramente é o facto de fazermos diversas atividades de Educação para a Saúde. Há muito que promovemos debates, encontros, caminhadas, rastreios, com o apoio de outros profissionais (médicos, enfermeiros, nutricionistas). Desenvolvemos também uma vertente de dinamização cultural. Já tivemos, por exemplo, uma exposição sobre o Museu da Farmácia, onde estavam expostas fotografias de peças do Museu. Anualmente, em maio, realizamos “A Festa do Coração”, com música ao vivo e baile, já que os nossos utentes precisam de se “mexer” e dançar é uma boa e divertida forma de exercício. Tentamos fazer uma ponte entre o apoiar as pessoas em termos de medicamentos e de serviços e o fazê-las sentirem-se acompanhadas, bem e alegres, mesmo em situações de doença. A Farmácia, para nós, enquanto agente de saúde e de bem-estar, tem uma forte vertente social, de partilha. Por outro lado, tentamos que seja ainda um local de cultura, de educação para a saúde, de integração. Trabalhamos para que a Farmácia Alves de Sousa continue, de forma atualizada científica e tecnologicamente, a apoiar a saúde das comunidades residentes e a saúde dos turistas que procuram o sol e o mar de Albufeira. Queremos estar neste presente preparados para o futuro. REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 53


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