Revista Business Portugal | Suplemento Aeronáutica 2015

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FICHA TÉCNICA Diretor Fernando Silva

EDITORA Diana Ferreira (diana.ferreira@revistabusinessportugal.pt)

REDAÇÃO Lardyanne Guimarães Rita Carreira Vera Pinho Marta Caeiro Liliana Machado

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Rita Burmester Rui Roque Sílvia Martins (redacao@revistabusinessportugal.pt)

PROJETO GRÁFICO, PAGINAÇÃO E DESIGN Tiago Rodrigues

SECRETARIADO

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Paula Assunção (paula@revistabusinessportugal.pt)

GESTÃO DE COMUNICAÇÃO Fernando Lopes Filipe Amorim Isabel Brandão José Machado

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José Alberto Luís Silva Manuel Fernando Paulo Padilha Rui Diogo

EDIÇÃO, REDAÇÃO E PUBLICIDADE

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Rua Engº Adelino Amaro da Costa nº15 6ºandar sala 6.2 4400-134 - Mafamude (geral@revistabusinessportugal.pt)

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A REVISTA BUSINESS PORTUGAL NAS REDES SOCIAS

DISTRIBUIÇÃO Gratuita na Revista Business Portugal Dec. Regulamentar 8/99-9/6 Artº 12º nº. ID Depósito Legal: 374969/14

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AERONÁUTICA PORTUGUESA UM SETOR COM FUTURO O setor aeronáutico, pelas características que possui, nomeadamente pelos efeitos multiplicadores que gera nas estruturas económicas dos países, é considerado, mundialmente, de elevado interesse estratégico. A indústria aeronáutica é, para além de um setor de interesse estratégico para a segurança das nações, um setor com um grande nível de integração tecnológica e que produz bens e serviços de elevado valor acrescentado, que leva à criação de empregos qualificados, induzindo, simultaneamente, a melhoria do nível de qualidade global do tecido industrial através da disseminação de procedimentos corretos, eficientes e tecnológicos a outros setores. Por integrar produtos e processos que representam a vanguarda tecnológica de diversas áreas, a aeronáutica é também alvo de forte investimento em Investigação e Desenvolvimento aplicada, favorecendo a interação entre a indústria e o sistema científico e tecnológico nacional. Com esta premissa, a economia portuguesa beneficia, em larga escala, com a criação de um cluster aeronáutico, quer na vertente da internacionalização, quer pelas mais-valias tecnológicas, ou ainda pela significativa alteração de cultura industrial que o desenvolvimento de uma indústria aeronáutica potencia. O facto de Portugal desenvolver um cluster aeronáutico permite que, cada vez mais, empresas portuguesas integrem, de forma competitiva, projetos de elevado valor acrescentado, com maior incorporação tecnológica. O setor aeronáutico foi identificado como um dos mais interessantes no desenvolvimento e disseminação de tecnologia, sendo considerado pela OCDE como setor de elevada intensidade tecnológica e valor acrescentado. A indústria aeronáutica é reconhecida como sendo de alto nível tecnológico e de inovação, gerando ainda tecnologias úteis para outros setores (vulgo spinoff). A indústria aeronáutica constitui um fator para o desenvolvimento económico dos países e, associada à política de defesa dos Estados, beneficia de incentivos que permitem que este se desenvolve e que possa assumir-se como uma indústria de ponta no setor tecnológico de elevado valor acrescentado e como vetor de inovação, estimulando e valorizando o investimento em inovação e desenvolvimento. Para além disso, a indústria aeronáutica contribui positivamente para a balança comercial nacional, desde sempre assumindo, com benefícios transversais para a economia, um papel preponderante e eficaz na transformação do investimento em inovação, na criação de redes de empresas de base tecnológica, na disseminação horizontal de tecnologias para outros setores, na promoção do emprego qualificado e na promoção das exportações.


aicep global parques BlueBiz: o local certo para investir

francisco mendes palma Presidente da Comissão Executiva

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BlueBiz tem capacidade para receber todo o tipo de empresas. Esta foi a mensagem principal transmitida por Francisco Mendes Palma, presidente da Comissão Executiva da aicep Global Parques que, em entrevista abordou a estratégia para reforçar a promoção e divulgação do parque em Portugal e Espanha, relevando a sua localização estratégica e a capacidade excecional para receber novas empresas dos mais variados setores de atividade. A aicep Global Parques é especialista em gestão de parques e em soluções de localização empresarial. O seu focus é garantir condições de captação e acompanhamento da instalação de projetos de investimento nacional e internacional, procurando ser reconhecida como a empresa/parceira nacional de referência, no

apoio a estratégias e ações de localização empresarial. Assente na missão de oferecer soluções globais de localização empresarial, a aicep Global Parques apresenta três soluções de excelência no país: o BlueBiz Global Parques, em Setúbal; a Zils Global Parques, em Sines; e o Albiz Global Parques, em Sintra. Em entrevista à Revista Business Portugal, Francisco Mendes Palma, Presidente da Comissão Executiva da aicep Global Parques, focou a sua atenção no BlueBiz, apresentando fatores de atratividade para o investimento de players nacionais e internacionais. Situado no Vale da Rosa, na Península de Setúbal, o BlueBiz é uma área privilegiada para a localização empresarial, tanto pelas condições infraestruturais proporcionadas, REVISTA BUSINESS PORTUGAL

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como pelas suas características geográficas, modeladas pela sua riqueza patrimonial, ambiental e cultural. O BlueBiz ocupa uma área de 56 hectares totalmente infraestruturada e integra amplos espaços verdes dotados de arruamentos internos, dispondo de uma área comercializável de cerca de 23 hectares. Sob propriedade e gestão da aicep Global Parques, o BlueBiz está pronto a acolher, em condições de investimento atrativas, empresas que procurem potenciar o seu investimento e aumentar as sinergias do seu negócio. Está vocacionado para a instalação de indústria ligeira, tais como automóvel, aeronáutica, eletromecânica, assemblagem final, distribuição e logística, e serviços. De acordo com Francisco Mendes Palma, o BlueBiz pretende afirmar-se como um parque empresarial que promove a competitividade das empresas, salientando a sua localização estratégica e a oferta única que disponibiliza. Os espaços para indústria ou logística, equipados com todas as utilities necessárias, como sejam eletricidade, água industrial e doméstica, estação de tratamento de águas residuais, comunicações de voz e dados, mas também mais de três mil metros quadrados de escritórios e salas de reunião, para todo o tipo de empresas de serviços. O parque oferece ainda

parque disponibiliza ainda infraestruturas de apoio como salas para conferências e formação adequadas a todas as necessidades empresariais. O BlueBiz, continuando a estimular a base e herança industrial, é uma localização privilegiada para a instalação de atividades de todos os setores económicos, ou seja, também para os serviços e a logística. “É privilegiada pelas suas características técnicas e os serviços prestados, privilegiada pelo permanente trabalho da Global Parques com diversas entidades relevantes: internacionais, nacionais e locais”, revela Francisco Mendes Palma, destacando, como bons exemplos de parcerias estabelecidas, a Câmara Municipal de Setúbal, o Instituto Superior Politécnico de Setúbal, o Instituto do Emprego e da Formação Profissional, a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, a ENA e a AISET. Outra das vantagens apresentadas pelo BlueBiz é o modelo de negócio, assente na “utilização do espaço mediante o pagamento de uma renda, usufruindo dos serviços do parque, em vez da aquisição de imóveis, que permite a concentração do investimento no desenvolvimento da atividade na fase de arranque do negócio”, entende. Na ótica de Francisco Mendes Palma, a Península de Setúbal tem, e pode ter ainda

a manutenção das áreas comuns e um serviço de vigilância 24 horas por dia. “Há uma preocupação em manter tudo, para que a vivência das empresas seja agradável e funcional”, sublinha Francisco Mendes Palma acrescentando que, paralelamente, o

mais, um papel significativo na dinâmica nacional e europeia de re-industrialização da economia, assentando no desenvolvimento de indústrias de produtos diferenciadores e sustentáveis, preferencialmente de bens transacionáveis, para que Portugal e a Europa


participem mais no comércio internacional, beneficiando de todos os efeitos positivos desta política, nomeadamente da criação de emprego. Cluster da aeronáutica No BlueBiz, um dos clusters que tem vindo a ser desenvolvido é o da aeronáutica, refere Francisco Mendes Palma, dando como exemplo empresas como a Lauak Portugal e a Mecachrome, vocacionadas para a metalomecânica de precisão aeronáutica, e a Mectop vocacionada na metalomecânica de precisão para todo o tipo de peças e ferramentas. “Estarem aqui empresas que atuam no mesmo setor é importante, até porque registamos com agrado o facto de cooperarem entre si e em algumas circunstâncias até partilharem custos logísticos, o que melhora igualmente a competitividade de cada uma delas”, entende. Com uma tradição marcadamente industrial, uma vez que o parque está situado nas antigas instalações da Renault, a metalomecânica sempre foi uma atividade bastante desenvolvida na região, que beneficiou com a oferta de formação qualificada. “Aqui há que ressalvar os papéis cruciais do Centro de Formação Profissional de Setúbal e do Instituto Politécnico de Setúbal, parceiros que estão completamente disponíveis para perceber as necessidades das empresas e ir ao encontro dessas necessidades. Disponibilizam boa formação e têm vindo, constantemente, a adaptar-

se às necessidades efetivas da região”, salienta, acrescentando: “Naturalmente, desejamos captar mais empresas ligadas à metalomecânica de precisão, pois isso reforçará a capacidade do parque, mas igualmente a sua visibilidade, enquanto espaço de referência neste setor”, remata. Objetivos estratégicos A liderar a Comissão Executiva da aicep Global Parques há cerca de oito meses, Francisco Mendes Palma traça um balanço positivo, sublinhando a empresa tem excelentes ativos que necessitam de ser divulgados e promovidos, de forma segmentada. É esse trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, revela, sublinhando estarem previstos várias iniciativas de contacto com empresas, como por exemplo junto de empresas de logística automóvel, em Portugal e Espanha, de forma a mostrar o potencial e as mais-valias do BlueBiz para acolher empresas desse setor. “Existe uma estratégia, no sentido de captar empresas na área da logística automóvel e, no futuro, acontecerão muitos mais. Gostaria também de referir que esses contactos serão desenvolvidos sempre em conjunto com o Porto de Setúbal, pois a competitividade do BlueBiz, no que respeita à oferta para a indústria automóvel, conjugar-se-á sempre com a existência da infraestrutura portuária ligada à movimentação de viaturas”, refere Francisco Mendes Palma. E sublinha que, conjugadamente com a capacidade

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de movimento ro-ro no Porto de Setúbal, o BlueBiz possui uma grande capacidade para colher todas essas empresas que necessitam de espaço para parqueamento de automóveis, bem como para a localização de estruturas dirigidas à modificação de componentes das viaturas. Em termos de futuro, Francisco Mendes Palma revela que o grande desiderato passa pelo aumento da taxa de ocupação do parque empresarial, e neste contexto, a notoriedade é uma peça-chave, daí que pretenda continuar a desenvolver ações “cirúrgicas e segmentadas” de divulgação e promoção do BlueBiz, à semelhança do que aconteceu recentemente no 18º Congresso da APLOG - Associação Portuguesa de Logística, dedicado ao tema ‘Logística, Inovação e Sustentabilidade’. Política de responsabilidade social Do ponto de vista da política de responsabilidade, esta nova administração reformulou um pouco a sua forma de estar, no sentido de apresentar a mesma com três pilares: ambiente, capital humano e proteção/segurança. Esta filosofia leva a uma interação com players muito diferenciados. No âmbito da proteção/segurança, os bombeiros, a GNR e a Protecção Civil. Em questões de capital humano, foi promovido um envolvimento com as escolas, nomeadamente, as tecnológicas e o ensino politécnico, como o Instituto Politécnico de Setúbal, provedores de formação de recursos humanos qualificados. “Procuramos promover a sua empregabilidade nas empresas que estão nos nossos parques”, refere Francisco Mendes Palma. No contexto ambiental, existe uma ligação com as autarquias e as associações locais, no sentido de desenvolver ações de preservação e educação ambiental.

Global Find Para o ajudar a escolher a melhor localização para o seu negócio, a aicep Global Parques criou e desenvolveu o Global Find, um motor de busca de localização para projetos empresariais em Portugal Continental. No Global Find encontra informação agregada, sobre áreas de localização, orientada para o seu negócio. Permite-lhe descobrir a melhor localização para o seu investimento com base no resultado de uma busca que cruza critérios relevantes como: tipologia do espaço, áreas, rodovias, portos, aeroportos, plataformas logísticas, atividades económicas existentes, centros empresariais e de saber. Global Force O Global Force é um produto de prestação de serviços de consultadoria de apoio ao investimento e à instalação de empresas. Tem como clientes-alvo empresas e entidades gestoras de parques empresariais existentes ou que pretendam iniciar a sua atividade. A oferta de serviços de consultadoria divide-se em módulos: procurement de espaços empresariais; planeamento e ordenamento do espaço; apoio à instalação de empresas: e apoio à gestão e promoção de parques empresariais


proespaço “O Espaço é uma das seis indústrias mais tecnológicas do mundo”

antónio neto da silva Presidente

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PROESPAÇO foi criada em 2003, após a adesão de Portugal à Agência Espacial Europeia (ESA), assumindo um papel integrador da indústria nacional, defendendo os seus interesses, através de uma atividade intensa junto da Administração Pública e do Governo, bem como das entidades internacionais. Participa, como ‘player’ fundamental, na elaboração da estratégia nacional para o Espaço e define a estratégia de desenvolvimento industrial do

sector. Em 2011, no início da crise financeira que afetou o nosso país, os políticos portugueses foram chamados a uma reunião interministerial da Agência Espacial Europeia, para fazer opções estratégicas, cujas consequências, seriam decisivas para o futuro da indústria espacial no nosso país, porque a saída de Portugal da Agência Espacial Europeia estava a ser equacionada. No entanto, depois de mais de um ano de iniciativas de sensibilização preconizadas pela PROESPAÇO, os decisores políticos tomaram consciência da importância estratégica da participação de Portugal na ESA e da necessidade de investir, subscrevendo os programas opcionais, por forma a assegurar o desenvolvimento de uma indústria, que apesar de ser ainda desconhecida junto dos cidadãos comuns, tem uma grande influência na melhoria da sua qualidade de vida. António Neto da Silva está na liderança da PROESPAÇO, uma associação que, nas suas palavras, defende os interesses do setor do Espaço, “avaliado pelo somatório dos interesses de cada uma das empresas e do interesse do país em estar num setor que tem um elevado efeito multiplicador, em que um euro investido produz um retorno de quatro euros”, referiu, salientando que o valor acrescentado por trabalhador é também quatro vezes a média nacional. “O Espaço é uma das seis indústrias mais tecnológicas do mundo”, e tem Portugal como líder global em determinados nichos, sendo um setor 100 por cento exportador.

António Neto da Silva sublinhou ainda que este é o único setor em Portugal, no qual as empresas de pequena dimensão detentoras de core knowlegde subcontratam as grandes empresas. Por outro lado, revelou que a Agência Espacial Europeia quando lança um programa e faz concursos às empresas estipula logo o preço e, neste contexto, a concorrência faz-se via capacidade tecnológica e não em função do valor. Em termos de força das empresas, o presidente da PROESPAÇO considerou a cooperação um elemento essencial. “As nossas empresas concorrem juntas aos concursos, isto porque muitas vezes são complementares em termos de conhecimento”, avaliou. De acordo com António Neto da Silva, o setor do espaço tem uma elasticidade rendimento bastante elevada, ou seja, “à medida que o PIB dos países cresce, o valor acrescentado deste setor cresce ainda mais”, destacou, acrescentando que se trata igualmente de um setor que mantém em Portugal muita massa cinzenta. António Neto da Silva entende que este setor é decisivo e estratégico para o desenvolvimento e modernização tecnológica do nosso país. AED – Aeronáutica, Espaço e Defesa Para António Neto da Silva, a união dos setores AED aumenta significativamente a capacidade de interlocução com as entidades decisoras. Importa referir que a AED Portugal representa as indústrias portuguesas destes três setores com o objetivo crucial de promover e fomentar o seu desenvolvimento. A AED totaliza mais de 68 associados, no conjunto, estas entidades representam cerca de 1.8 mil milhões de euros de faturação (cerca de um por cento do PIB). Pela sua natureza tecnológica e de elevada especialização, os setores A-E-D têm um efeito de propagação de conhecimento e alavancagem da inovação muito elevado. Por outro lado, estes são setores que necessitam de profissionais altamente qualificados, que valorizam fortemente a qualidade da oferta de recursos humanos do panorama nacional. REVISTA BUSINESS PORTUGAL

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pemas/aed portugal Alavancar a inovação e a competitividade

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s setores da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa são hoje fundamentais para a economia das nações, catalisando o desenvolvimento tecnológico e a inovação. Em entrevista à Revista Business Portugal, Rui Marcelino e Sérgio Oliveira, respetivamente, presidente do Conselho de Administração e Diretor Executivo da PEMAS e da AED, refletem sobre a dinâmica das duas associações, desafios atuais e a visão estratégia em termos de futuro. A PEMAS - Associação Nacional da Indústria Aeronáutica surge após um período de cinco anos de cooperação informal entre as empresas fundadoras. O objetivo inicial era o de potenciar a oferta nacional para o setor aeronáutico apresentando as valências existentes de forma agregada. Em 2006, e face aos bons resultados alcançados, foi formalizada a associação PEMAS com propósitos mais alargados, que persistem até aos dias de hoje. A AED nasceu em 2014, fruto de quase dez anos de trabalho conjunto entre as associações nacionais do Setor Aeronáutico (PEMAS), Espaço (Proespaço) e Defesa (Danotec), porque os seus associados entenderam a importância do trabalho conjunto para reforçar o acesso das empresas portuguesas às oportunidades destes setores a nível global, em particular tendo em conta a enorme sinergia entre as três áreas. “Não é por acaso que vários dos membros da AED fazem parte das três associações que a constituem. Um exemplo raro de convergência e colaboração trans-setorial”, reflete Rui Marcelino, presidente do Conselho de Administração da PEMAS e da AED. Os valores e pressupostos das duas entidades são em tudo semelhantes, sendo que a PEMAS está focada sobre o setor aeronáutico enquanto a AED agrega o

O aumento da competitividade nacional é outro dos desideratos assumidos, bem como o papel facilitador e aglutinador dos associados nas áreas de procurement, business development e de formação.

foco da PEMAS aos dois outros setores, Espaço e Defesa. Os valores assentam essencialmente na agregação de esforços em setores tecnologicamente paralelos com o desenvolvimento de sinergias entre os setores A-E-D, até porque Rui Marcelino acredita que são mais produtivos e catalisadores de inovação os clusters transversais, do que os clusters monosectoriais. Por outro lado, estas entidades apostam na criação de pontes entre o Sistema Científico e Tecnológico Nacional e a indústria, estimulando o desenvolvimento de atividades de promoção conjuntas. “Na PEMAS, temos a preocupação de ter no Conselho de Administração as representantes dos dois sistemas, porque de facto sem geração de conhecimento e sem pesquisa não há produtos inovadores, e sem inovação e internacionalização é mais difícil financiar a investigação”, sublinha Rui Marcelino, acrescentando que outros dos pressupostos essenciais passa pela participação ativa na definição de políticas públicas, assumindo uma voz única e facilitadora das necessidades dos setores. Ao nível da representatividade, tanto a PEMAS como a AED são reconhecidas como um ponto de contacto dos setores para a indústria e entidades públicas, bem como um ‘pivot’ para projetos nacionais e europeus.

mais de 14 projetos conjuntos, como os projetos de eficiência coletiva de Sistema de Incentivos a Ações Coletivas e os projetos QREN e H2020: LIFE - projeto de interiores para a aviação executiva participado por cinco associados da PEMAS, premiado com o Crystal Cabin Award em 2012; PAIC - consórcio de empresas centrado em torno de um projeto de UAVs (unmaned aerial vehicle) para aplicação civil, no âmbito de um processo de contrapartidas do Estado português, com a participação de 14 empresas, dinamizado pela PEMAS e PASSARO - projeto conjunto dinamizado pela PEMAS para a participação de 12 empresas, no âmbito do programa europeu CleanSky II e que deu origem ao grupo Aerocluster Portugal, entre outros. Outra das funções assumidas foi o fortalecimento do contacto entre as empresas e as entidades que definem as políticas públicas como AICEP, Ministério da Defesa Nacional, Ministério da Economia, Fundação para a Ciência e a Tecnologia e IAPMEI.

Uma protagonista incontornável Rui Marcelino traçou um balanço muito positivo do percurso da PEMAS, sustentando que, em dez anos de atividade, esta assumiu uma contribuição inequívoca para aumentar a internacionalização das empresas portuguesas e aumentar a participação destas em atividades de I&D a nível mundial. “Percorremos um caminho significativo, desde logo, com a presença do cluster aeronáutico português nas maiores feiras do sector, nos últimos oito anos consecutivos – Farnborough International Airshow e Salón de L’Aeronautique et Espace – Paris, Le Bourget”. A PEMAS sempre defendeu que a representatividade conjunta tem muito mais força do que a representatividade individual, em termos internacionais, daí a organização de missões conjuntas a OEM’s e países parceiros como a Espanha, Alemanha, Reino Unido ou Brasil. Outro aspeto significativo prende-se com a participação ativa em grupos de trabalho da aeronáutica internacional como a EACP - European Aerospace Cluster Partnership, uma organização que agrega 36 clusters europeus. Sérgio Oliveira, diretor executivo da PEMAS, entende que a EACP é o mais importante grupo de clusters do setor aeroespacial da Europa: “Atualmente a PEMAS é líder do working group Strategy que define as estratégias de todos os clusters para nos posicionarmos em relação às políticas europeias”, diz salientando a projeção alcançada. No percurso da PEMAS figura ainda a dinamização da participação dos associados em

Cooperação como vetor estratégico Rui Marcelino entende que o mercado interno é limitado e as empresas/organizações precisam de considerar vetores nas suas estratégias como exportar e vender para fora


rui marcelino e sérgio oliveira

Presidente do Conselho de Administração e Diretor Executivo da PEMAS e da AED

da aeronáutica. Na sua opinião, a participação das empresas em redes de eficiência coletiva e networking, como a PEMAS e a AED, aumentam a visibilidade das empresas, e potenciam as oportunidades de diversificação e fertilização cruzada que alavancam a inovação e competitividade. Outro elemento preponderante é o da cooperação internacional, sendo que a PEMAS tem catalisado oportunidades conjuntas tanto para as empresas como para a própria associação, de forma a ter um maior impacto internacional, ou o encaminhamento de empresas para oportunidades de projetos que nascem do networking internacional da PEMAS. Um sector em ebulição A indústria aeronáutica nacional cresceu muito nos últimos dez anos, quem o diz é Rui Marcelino, salientando que este crescimento não é apenas ao nível do número de empresas envolvidas nesta atividade - a PEMAS tem atualmente mais de 30 associados e a AED, totaliza mais de 60 - como do volume de faturação associado – isto porque no conjunto, as entidades presentes na AED representam cerca de 1.8 mil milhões de euros de faturação (cerca de um por cento do PIB). “Um dos fatores de aceleração da robustez do setor tem a ver com a vinda da Embraer para Portugal, com duas fábricas em Évora, com a participação na OGMA, com a criação de centros de engenharia e com a colaboração com o IEFP no centro de ensaios de Castelo Branco”, defende, acrescentando que pela sua natureza tecnológica e de elevada especialização, os setores A-E-D têm um efeito de disseminação de conhecimento e alavancagem da inovação muito elevado, não só para as entidades diretamente relacionadas com esta atividade, mas também para os seus parceiros e para as outras áreas de diversificação. Por outro lado, estes são setores que necessitam de profissionais altamente qualificados – a rede AED emprega mais de 18.500 postos de trabalho especializados que valorizam fortemente a qualidade da oferta de recursos humanos do panorama nacional.

Visão estratégica Para o futuro da AED Portugal, o plano passa por manter o trabalho em curso e maximizar o valor acrescentado para os seus membros, nas áreas de negócio em que já trabalham no segmento de Aeronáutica, Espaço e Defesa/Segurança, apoiandoos contudo a explorar outras oportunidades de reforço das suas capacidades e de procura de oportunidades de negócio em áreas em que o conhecimento residente apoie o crescimento e desenvolvimento da atividade de cada um. “Na promoção comercial, vamos dar seguimento ao trabalho que temos feito com entidades como a AICEP, apoiando o objetivo de manter Portugal no mapa da aeronáutica a nível mundial”, revela, sublinhando que na investigação, os projetos do Horizonte 2020 devem manter-se como um instrumento para a aproximação aos principais OEM’s, fornecedores de primeira linha (TIER 1) e principais centros de I&D, complementado por iniciativas nacionais como o Portugal 2020, “que reforcem a capacidade das organizações nacionais e que as ajude a criar rotinas de relacionamento e busca de oportunidades com maior integração e valor acrescentado”, defende Rui Marcelino. Networking entre empresas nacionais e estrangeiras AED DAYS 2015 é um evento organizado pela Associação Português de Espaço e Indústria de Defesa (AED) e a Câmara de Indústria e Comércio Português-Francês em colaboração com a AICEP Portugal Global, E.P.E., Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal . “Queremos que estes eventos nacionais passem a estar, cada vez mais, no road map de eventos internacionais, como forma de juntar as entidades do setor A-E-D nacionais, mas principalmente para trazer regularmente os players internacionais a conhecerem a nossa realidade”. Trata-se de uma oportunidade única de divulgação e networking – em que as empresas se conhecem, mostram as suas competências e novos projetos, procurando novos parceiros e clientes.

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couro azul Qualidade e inovação

Pedro carvalho Administrador

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undada em 1989, a Couro Azul é a mais moderna unidade industrial de curtumes em Portugal. Concretizando a estratégia de diversificação do Grupo Carvalhos, a Couro Azul está essencialmente vocacionada para os setores automóvel, aeronáutico e ferroviário. A Couro Azul faz parte do Grupo Carvalhos, que há várias gerações se dedica à atividade de curtumes. António Nunes de Carvalho lançou a empresa de curtumes em 1939, aproveitando a experiência profissional adquirida durante duas décadas. Há 75 anos no mercado, esta organização é composta pela unidade António Nunes Carvalho que se dedica à produção de couro bovino destinado ao setor do calçado, marroquinaria e mobiliário, e a Couro Azul que nasceu em 1989, sendo hoje a maior empresa do Grupo Carvalhos. A génese da Couro Azul prende-se com a necessidade que o grupo empresarial sentiu de diversificar a sua atividade, dados os constrangimentos sentidos no sector do calçado e a deslocalização das grandes multinacionais para a China, Vietname e Tailândia. Era necessário reagir, por isso nasceu a Couro Azul para se dedicar ao setor automóvel, o que volvidos 26 anos, Pedro Carvalho, administrador da empresa, considera ter sido uma boa aposta. “Continua a fazer sentido apostar no setor automóvel, aeronáutico e ferroviário, porque são setores com especificações de produtos muito exigentes, e porque é na Europa que estão os grandes players”, entendeu. A Couro Azul aliou a tradição e o know-how adquirido, ao longo de várias gerações, à modernização tecnológica nestes três setores que se apresentam muito exigentes em termos de desenvolvimento do produto. “A ação da empresa passa por várias fases: a área do design, na qual temos que apresentar produtos inovadores em termos de cores, texturas, acabamentos, nos departamentos de design, seja nos construtores, seja junto das companhias aéreas, com produtos diferenciadores”, revelou, acrescentando que seguidamente há a ter em conta a engenharia do produto e o cumprimento de especificações técnicas e, por último a área comercial.

Um player europeu A Couro Azul está entre os maiores produtores de couro para volantes, um segmento em que a empresa decidiu especializar-se, a partir dos anos 90, altura em que ganhou os primeiros grandes projetos, que lhe permitiu começar a entrar no segmento dos bancos, tabliers e painéis de porta. “Neste momento, estamos a fornecer na área dos bancos, a Porshe e nos tabliers e painéis de porta, a Volvo”, revelou Pedro Carvalho, salientando: “A nossa estratégia é ter uma presença, cada vez maior, no segmento dos bancos”. Na área da aeronáutica, a Couro Azul esteve envolvida no Projeto LIFE, que Pedro Carvalho considerou ter sido desafiante, bem como um bom exemplo de união de esforços de um grupo de empresas nacionais. “Foi uma experiência interessante e enriquecedora. A crise que se sentiu no setor automóvel veio alertar-nos para intensificar os nossos esforços para outros setores e segmentos como o ferroviário, rodoviário e aeronáutico”, sublinhou. “Agora que estamos numa fase de consolidação do crescimento alcançado, estamos novamente a focar-nos no setor aeronáutico e ferroviário. Fizemos entretanto vários projetos para a companhia aérea polaca e para companhias de jatos particulares”, disse, acrescentando que a empresa está a reforçar a sua equipa comercial, aproveitando a sua rede de representantes no Reino Unido, Suécia, França, Alemanha, China e Estados Unidos da América para desenvolver outros segmentos para além do automóvel. Em 2014, a empresa cresceu cerca de 50 por cento assente no esforço de penetração em novos segmentos e este ano, prevê-se que o crescimento seja na ordem dos 15 por cento. “Após um investimento de seis milhões de euros, existe agora o projeto de ampliação do departamento de acabamentos e criação de uma nova unidade de cortes”, disse, salientando que a empresa tem tido imensas dificuldades em termos de licenciamento, por isso está a considerar fazer esse investimento fora de Portugal, designadamente em Marrocos, que considera ser uma localização estratégica.



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lauak portugal Um protagonista na valorização da indústria aeronáutica

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Lauak Portugal é uma empresa com raízes francesas, que está na vanguarda do seu segmento, sempre com os olhos postos na máxima qualidade dos seus produtos e serviços. Apostando no mercado nacional, esta pequena grande empresa é um caso de sucesso internacional e alvo da confiança dos mais importantes e mediáticos nomes do setor aeronáutico. Em entrevista à Revista Business Portugal, o engenheiro e diretor geral, Armando Gomes contextualiza a empresa, os desafios atuais e a visão para o futuro. A aposta do grupo francês na instalação da Lauak Portugal deveu-se essencialmente à necessidade de um reposicionamento estratégico. “O nosso país foi escolhido por várias razões, entre elas, a posição geográfica, organização cultural e uma certa cultura aeronáutica que já se fazia sentir, para além de que Portugal estava na iminência da nova era da modernização tecnológica”, adianta Armando Gomes, um dos pioneiros desta nova vaga da indústria aeronáutica no nosso país. Criada em 2003, a partir do grupo francês presidido por Jean Marc Charritton, a Lauak Portugal mostra índices de crescimento com base na continuidade de um negócio em prosperidade de mercado. Trata-se de uma empresa especializada na produção e montagem de componentes aeronáuticos, incluindo a gestão do programa, a industrialização, produção, qualificação e logística. Após 12 anos, a Lauak Portugal adquiriu várias competências que são amplamente reconhecidas pela Airbus, Dassault Aviation, Embraer, Latécoère, OGMA, Daher Socata, Aernnova, Sikorsky, Ratier Figeac. A importância da formação especializada A Lauak Portugal contribuiu para o desenvolvimento do setor aeronáutico, não apenas com a sua presença em terras lusas, mas também com um permanente empenho e compromisso na criação de formação especializada, resultando numa nova geração da indústria aérea nacional. A empresa investiu tempo e serviços, disponibilizando metodologia, espaço e material para esta vertente de estudo. “Participámos ativamente no desenvolvimento e na formação de pessoal qualificado para trabalhar no setor, através de um trabalho de partilha com o IEFP local. Sabíamos que era preciso e

que traria um retorno positivo para a empresa”, consubstancia Armando Gomes, acrescentando que esta parceria permitiu a transferência dos alunos para o mercado de trabalho, através dos estágios profissionais. Numa altura em que não havia quadros técnicos intermédios nesta área de conhecimento em Portugal, a Lauak apresentou soluções e mexeu com o setor aeronáutico nacional. “Inicialmente foi complicado, porque na verdade não existia um sistema de formação em Portugal, capaz de nos fornecer os recursos humanos qualificados, daí um forte investimento em formação interna. Hoje, temos dois centros de formação, em Évora e em Setúbal, que dão uma resposta capaz às nossas necessidades”, refere o diretor geral, acrescentando ainda que a Lauak Portugal é associada da AISET (Associação da Indústria da Península de Setúbal), que tem como objetivo a promoção e dinamização da indústria da Península de Setúbal, fomentando a densificação do seu tecido industrial. Importa referir ainda a abertura na Escola Superior de Tecnologia de Setúbal de um Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP) de Produção Aeronáutica, uma formação de ensino superior de dois anos letivos, em contexto de trabalho, que permite o acesso a uma profissão atual, de futuro e desafiante, até porque a indústria aeronáutica é considerada de ponta e está em forte crescimento em Portugal. Crescimento e evolução De acordo com Armando Gomes, a aviação tem crescido bastante, nos últimos anos, mas a tendência é continuar a crescer, até porque cada vez mais é “obrigatório andar de avião”, tendo em conta a sua rapidez e custo. Por outro lado, há muitos países que estão a abrir os seus horizontes para este mercado, que na sua ótica, indubitavelmente vai mudar a face dos países à escala global. “Estima-se que na Europa haja um crescimento anual na ordem dos quatro por cento, no mercado aeronáutico, mas noutras partes do globo pode chegar aos dez por cento”, entende o nosso entrevistado. Atualmente, a Lauak Portugal já tem o seu mercado bem definido, possuindo em carteira alguns dos maiores nomes do setor aeronáutico, para os quais realiza uma série de serviços que muito têm orgulhado Armando Gomes e permitido o crescimento


significativo da empresa. Com o intuito de responder às necessidades do setor a nível internacional, esta PME Excelência tem vindo a aumentar o quadro de funcionários, que atualmente ronda as 370 pessoas, por forma a potenciar a produção e responder às exigências dos seus maiores clientes. Armando Gomes entende que o setor aeronáutico exige um investimento forte e permanente, até porque a empresa tem um compromisso assumido com os seus clientes, que se assumem igualmente como parceiros. E exemplifica: “Se temos que fabricar 50 aviões A320 por mês, temos que estar preparados para qualquer eventualidade, para que se houver um problema, as linhas de montagem não sejam interrompidas. Portanto, para cada máquina e para cada processo, temos que ter uma análise de risco e ter sempre um plano alternativo”, refere o diretor geral, acrescentando que, hoje em dia, há uma grande preocupação dos clientes em verificar as capacidades de produção, daí a necessidade de estar sempre a crescer, para conseguir progredir. Visão estratégica Com os olhos postos no futuro, Armando Gomes entende que o crescimento da empresa passará pelos contratos que estão assinados para os próximos dez anos. “Atualmente, na Airbus, estamos a fazer um A350 por mês, temos que passar a fazer 14 por mês. Por conseguinte, não há contratos novos, simplesmente as cadências aumentam. Aumentam os contratos do A320 Neo, o A320 modificado, e o A350 que

saiu dos protótipos e está à venda agora. Temos outros aviões, cujas cadências também aumentam como por exemplo o KC da Embraer, o Legacy, entre outros. Os aviões estão vendidos por isso é necessário fabricá-los”, revela o diretor geral da Lauak Portugal. O desafio é fabricar mais aviões chegando aos mil aviões por ano, para isso são necessárias mudanças ao nível da estrutura, forma de trabalhar e investimento. “Temos que crescer, mas de forma estrutural, sempre com uma análise de risco para salvaguardar a nossa consolidação, continuando o investimento em automatização das máquinas e nos recursos humanos”. Armando Gomes revela que a empresa identificou o ciclo médio de fabrico das suas peças, e tem estado a analisar todo o circuito, para perceber o tempo que se traduz em valor acrescentado e a repercussão dos tempos mortos. O objetivo é, de uma forma inovadora e realista, ajustar os processos, tendo em conta o binómio custo/benefício. “Temos que inovar em tudo, por automatização das máquinas, por investimento, formação e organização, que no fundo é uma peça chave”, remata. Quanto ao AED DAYS 2015, Armando Gomes releva a sua importância, uma vez que se trata de um evento internacional de networking entre empresas nacionais e estrangeiras, institutos de Investigação e Desenvolvimento ligados aos setores de Aeronáutica, Espaço e Defesa, que reúne os grandes players da indústria aeronáutica, lembrando que está prevista uma visita à Lauak Portugal.

armando gomes Diretor Geral

REVISTA BUSINESS PORTUGAL

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CLUSTER DA AERONÁUTICA

meditor Inovação e modernização tecnológica

carlos antunes Diretor-Geral

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om uma presença de oito anos no mercado, a Meditor apresenta-se já como uma referência nacional e internacional na área da aeronáutica. Em entrevista à Revista Business Portugal, Carlos Antunes, diretorgeral, revelou que a história da empresa vai ser marcada pelo lançamento do primeiro equipamento para a indústria aeronáutica com a marca Meditor. Criada em 2007, no seio do meio científico, no Instituto Superior Politécnico de Setúbal, a Meditor é uma empresa que desenvolve soluções inovadoras de engenharia à medida das necessidades dos seus clientes. Nos primeiros anos de atividade, a empresa concentrou “as suas atenções em dois ou três projetos na área científica”, desvendou Carlos Antunes, diretor-geral da Meditor, salientando que foi através da Força Aérea Portuguesa e da Empordef, que a Meditor entrou no sector da aeronáutica. “Outros projetos se seguiram, como o desenho e construção de máquinas de teste para reconversão dos equipamentos de radar dos C-212 Aviocar para os novos aviões C295 da Airbus Militar”, adiantou o engenheiro. O percurso da Meditor continuou sempre com um core business focado na inovação e na modernização tecnológica, aproveitando as suas origens ligadas à aeronáutica e ao meio militar, de forma a potenciar o seu posicionamento estratégico, com a criação de soluções com mais-valias para o mercado. A Meditor é um distribuidor autorizado da Parker Hannifin, fabricante líder mundial de sistemas de movimento e controlo, na área de eletromecânica, o que na opinião de

Carlos Antunes é muito gratificante, uma vez que representa o reconhecimento da capacidade técnica dos profissionais da sua empresa. Neste momento, a Meditor está prestes a lançar, no espaço europeu, o primeiro equipamento para a indústria aeronáutica, com a marca Meditor. Trata-se de um banco de ensaios para o processo de revisão geral dos magnetos do motor de aviões equipados com motores alternativos. “O nosso sistema faz os testes, de acordo com os parâmetros do fabricante, e dá um resultado que pode ser quantificado, os outros sistemas existentes não fazem isso, ou seja, fazem o teste e a pessoa é que tem que avaliar se a máquina está a comportar-se de acordo com o esperado”, explicou o engenheiro. “É um virar de página na nossa empresa, porque até aqui temos apostado na investigação, desenvolvimento e criação de soluções à medida dos nossos clientes, mas nenhuma dessas soluções se transformou num produto em concreto”, referiu Carlos Antunes, dando nota de que tem como desiderato transformar soluções já desenvolvidas em produto atraentes para o mercado. Projetos emblemáticos Quando questionado acerca dos projetos mais relevantes que constam do portfólio da Meditor, Carlos Antunes referiu, que na área da aeronáutica, foi o desenvolvimento, com o IPS, de um equipamento de análise e vibração e calibragem de hélices - o Vibrapac “A Força Aérea Portuguesa está a utilizar este equipamento, que permite fazer a calibragem das hélices dos aviões de treino para os pilotos. Atualmente, estamos a fazer a evolução para o Vibrapac 3”. Por outro lado, no contexto da reconversão dos equipamentos de radar dos novos aviões C295 da Airbus Militar, a Meditor desenvolveu duas máquinas de teste: uma de aceleração contínua e outra de teste de impulso, e ambas obtiveram resultados muito positivos. Carlos Antunes revelou ainda que, neste momento, a empresa está a desenvolver uma máquina para a Lauak Portugal, para a cravação de rótulas, que será certificada pela própria Airbus. Visão estratégica Com um percurso onde a inovação e know-how são palavras-chave, a Meditor pretende dar passos sustentáveis em direção à sua internacionalização, tendo o mercado espanhol como principal alvo. “Ser um player a ter em conta no desenvolvimento de soluções de engenharia inovadoras é o grande objetivo da Meditor”, rematou Carlos Antunes.


almadesign Almadesign atua como um “integrador conceptual”

rui marcelino Design Manager

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Almadesign gera inovação através do design, desenvolvendo soluções de base tecnológica centradas no utilizador nas áreas de transportes, produto e interiores. Em entrevista à Revista Business Portugal, Rui Marcelino, design manager da Almadesign dá a conhecer a empresa, as áreas de intervenção e a filosofia adoptada que tem permitido o seu crescimento e evolução. Criada em 1997, a Almadesign é uma empresa portuguesa de design, com competências nucleares na concepção de novos produtos e gestão do design orientadas para a inovação industrial. A empresa participa com os seus clientes e parceiros em todas as fases do ciclo de desenvolvimento de produto, desde a pesquisa e definição de conceitos até ao desenvolvimento, prototipagem, produção e promoção de produtos e serviços. Os principais ativos da empresa são a sua equipa, as metodologias de desenvolvimento de produto, e todos os produtos de sucesso que lançou no mercado com os seus clientes. A equipa da Almadesign é um elemento crucial da identidade da empresa e tem crescido de forma sustentada, mantendo sempre o foco nos desideratos nucleares da organização, designadamente, estimular a criatividade, desenvolver uma cultura de excelência e criar relações baseadas na confiança entre colaboradores, parceiros, clientes e fornecedores. De acordo com Rui Marcelino, design manager da Almadesign, a empresa trabalha essencialmente na criação de novos produtos, em que 75 por cento da sua actividade

centra-se na área dos transportes, 15 por cento na área de produtos - mobiliário urbano e de interiores, eletrónica, saúde - e os restantes dez por cento na área de interiores. “O histórico da empresa inclui as áreas de design de produto, mobiliário, ambientes, comunicação e espetáculos”, avança, contudo, o core business é mesmo o setor dos transportes, tripartido pelas áreas: aeronáutica, ferroviária e rodoviária. “Temos uma área ligada também ao setor naval, mas as restantes três são mais fortes”, revela, acrescentando que a aeronáutica tem um peso significativo para a Almadesign. Rui Marcelino explica que a empresa tem preconizado um papel de agregador de experiências, salientando que, nos últimos seis anos, foram criados diversos projectos de investigação juntando entre cinco a dez parceiros a trabalhar em conjunto para o mesmo objectivo, como por exemplo interiores ferroviários e aeronáuticos. E porquê? Porque o Design desempenha um papel poderoso na integração multidisciplinar destes projetos, muito para para além da estética , da comunicação, da ergonomia ou da funcionalidade. Rui Marcelino, entende que o design tem em consideração todas as especialidades e disciplinas para providenciar um produto adequado ao consumidor final, salientando que “o design serve de ponte de comunicação entre a tecnologia e o mercado”. Para o design manager, não é possível criar um produto com uma intensidade tecnológica elevada sem ter uma rede de parceiros, por isso releva a importância de uma equipa multidisciplinar ou parceiros multidisciplinares. “A área dos transportes é uma área multidisciplinar, por excelência. Por exemplo, não posso projetar um veículo sendo apenas especialista em moldes. Para além dos plásticos ou compósitos, tenho tecnologias associadas ao metal, espumas, revestimentos, têxteis, ou curtumes, entre tantas outras”, exemplifica. A caminhar para duas décadas de experiência e um amplo conhecimento nas áreas do design, engenharia e gestão, a Almadesign tem provado a sua qualidade e o seu pragmatismo inovador ao responder às necessidades de processos exigentes. Como Rui Marcelino consigna, a Almadesign é uma empresa multifacetada que, através do trabalho em equipa, se enquadra entre o que a tecnologia permite fazer e o que o mercado espera ter. O envolvimento da Almadesign em áreas diferentes levou a projetos rigorosos e de qualidade, não raras vezes reconhecidos com prémios de excelência em design, como o Good Design Award ou os Prémios Nacionais de Design.. Em 2012, o projeto LIFE (Lighter, Integrated, Friendly and Eco-efficient Aircraft Cabin), desenvolvido com o design da Almadesign, venceu o prémio internacional Crystal Cabin Award, considerado o “Óscar dos interiores aeronáuticos”, na categoria “Visionary Concepts”.

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CLUSTER DA AERONÁUTICA

gmv Soluções inovadoras

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GMV surge em Espanha em 1984, como spin-off de um grupo de cientistas e engenheiros da Universidade Politécnica de Madrid. Desde o seu início, dedicou-se às áreas de Espaço e Defesa, tendo dado os seus primeiros passos em campos como a análise de missão, dinâmica de voo, centros de controlo e simulação e navegação por satélite, áreas nas quais hoje a GMV exerce uma posição de liderança internacional. O contexto da GMV em Portugal é muito semelhante ao contexto da GMV em Espanha, no que concerne às áreas de negócio, apostando em quatro segmentos: um ligado às tecnologias de informação e cibersegurança; outro ligado à componente de transporte terrestre e marítimo; e um segmento ligado ao espaço, “não só projetos para a ESA, mas também projetos para clientes de todo o mundo, nomeadamente na Asia, Estados Unidos, onde temos uma sucursal, e Brasil, uma vez que somos número um a nível global em centros de comando e controlo de satélites de telecomunicações comerciais”, esclarece José Neves, administrador da GMV em Portugal. A quarta área de negócio é a Defesa e Segurança. A diversidade de mercados para os quais a GMV oferece soluções permite ao setor da defesa beneficiar da transferência de tecnologia e conhecimento, resultando isto numa oferta mais extensa e robusta. A atividade da GMV no âmbito da defesa e da segurança está centrada nas seguintes áreas: comando e controlo, vigilância de fronteiras, e fusão e gestão de dados para sistemas operacionais.

De acordo com José Neves, a componente mais forte desta divisão é a aeronáutica, salientando que em 2009, foi criado o centro de excelência de Integrated Modular Avionics (IMA) do grupo GMV. Desta forma, todo o tipo de desenvolvimentos do grupo GMV relacionados com esta tecnologia são coordenados e geridos em Portugal. “Já tivemos a oportunidade de desenvolver trabalhos para a Airbus e Thales neste tipo de tecnologia, nomeadamente para as aeronaves A330 MRTT e A380”. José Neves salientou ainda que a área da aeronáutica é muito importante para a GMV e revelou que, recentemente, a empresa candidatou-se a novos projetos, tanto nacionais, como europeus, “onde pretendemos integrar os mais recentes avanços desta tecnologia em sistema aviónicos de fornecedores de primeira linha”. De acordo com o administrador, para a GMV Portugal estes projetos podem ser fundamentais para que os desenvolvimentos da GMV nesta área integrem diretamente produtos de um TIER-1 aeronáutico da máxima relevância mundial, que fornece os principais fabricantes aeronáuticos. A GMV quer ser um player mundial O objetivo da GMV é ser um player relevante, à escala global, na área tecnológica IMA, tanto a nível de sistemas tempo-real, como de ferramentas, até porque o mercado da aeronáutica tem um grande potencial de crescimento, daí a aposta da GMV neste sector junto fornecedores e fabricantes de referência mundial. No entanto, José Neves referiu que “ao nível dos sistemas embebidos, os nossos clientes alvo são os principais fornecedores de sistemas aeronáuticos, aeroespaciais, automóvel, e de defesa”, explicou, acrescentando que a GMV aposta na componente de software mais específica e mais de nicho. “Na tecnologia IMA dominamos duas vertentes: a de sistema embebidos, onde detemos conhecimentos únicos a nível mundial. Na outra vertente, já somos hoje fornecedores de referência em ferramentas de apoio ao desenvolvimento e validação desta tecnologia. Temos produtos específicos que agilizam o desenvolvimento de soluções IMA, como por exemplo o SIMA (ferramenta de simulação), o AROT (ferramenta para redes aviónicas) e o AVT (testes de conformidade para sistemas IMA)”, consubstanciou o administrador da empresa. A finalizar, José Neves salientou que a estratégia competitiva da GMV Portugal é baseada no conhecimento aprofundado das necessidades dos seus clientes com o propósito de lhes fornecer soluções adaptadas à medida específica das suas necessidades. Esta estratégia apoia-se igualmente no profundo conhecimento das tecnologias e excelência dos seus profissionais.




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