Revista Business Portugal | Setembro '17

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ÍNDICE 12

Caixa de Crédito Agrícola da Lourinhã Confiança e excelência como base do sucesso

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Ganadaria Luís Rocha O amor pelo toiro bravo

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06 - GRUPO AUTO JÚLIO

Herdade da Toula A história da homenagem a Filipe Graciosa

70

Iberlínguas A concretização de um sonho

86

Bolos de Portugal Os sabores da qualidade e tradição

18 - QUINTA DA BARCA

EDITORIAL

O

português Fernando Pimenta sa-

to da economia portuguesa. Percorremos Por-

ganham igualmente relevo na edição de setem-

grou-se, recentemente, campeão

tugal de norte a sul para trazermos às nossas

bro da Revista Business Portugal, assim como

do mundo de K1 5.000 metros, ao

páginas um país dinâmico e próativo, por isso

o Imobiliário e a Reabilitação, os Vinhos e a

vencer a prova dos Mundiais de

mesmo a qualidade e excelência empresarial

dinâmica e excelência empresarial nas regiões

Canoagem, na República Checa.

são exaltadas na edição de setembro, com

do Oeste, Lisboa, Sintra, Santarém, Setúbal, ou

Mais um motivo de orgulho, para todos quantos,

exemplos de empresas que demonstram dia

Viana do Castelo. Estas são apenas algumas

têm no coração as cores nacionais. Tal como

após dia a capacidade de se reinventar e fazer

das razões para folhear e ler mais uma edição

no desporto, devemos sentir-nos orgulhosos

da inovação a pedra toque do seu crescimento.

da Revista Business Portugal. Boas leituras e, já

das nossas empresas e empreendedores. É em

A inovação, a qualidade e o empreendedorismo

agora, bom regresso ao trabalho!

nome de um país orgulhoso de si próprio e dos

são pilares fundamentais para as empresas

seus, que a Revista Business Portugal continua

que, ao longo da sua história, assumem o

a dar voz aos empresários e empreendedores,

desiderato do crescimento e da criação de valor.

que dão o seu contributo para o desenvolvimen-

Temáticas como Toiro Bravo e o Cavalo Lusitano

A direção editorial da Revista Business Portugal

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REGIÃO OESTE A capacitação para a excelência e inovação empresarial é, indubitavelmente, a principal fonte de motivação para a adoção de novas tecnologias e Inovação Organizacional, produto e serviço ou de Marketing, contribuindo para fortalecer a competitividade de qualquer país. Assim, promover um ambiente de Inovação e melhoria do Desempenho Organizacional é crucial para o sucesso das empresas Nacionais. Em todos os setores de atividade, enquadrados em mercados cada vez mais concorrenciais e de dimensão global, existe uma necessidade premente de que todos os fatores produtivos sejam otimizados pela implementação de ferramentas e conceitos que envolvam a gestão do negócio rumo à excelência e da qualidade e inovação, criandose assim vantagens competitivas minimizando o risco de perda de competitividade das empresas. Os setores em que o Oeste apresenta um maior grau de especialização apresentam-se relativamente dispersos pelo território, tendendo a localizar-se próximos das vias rodoviárias principais. O tecido empresarial do Oeste apresenta-se mais atomizado do que a média nacional, sendo também menos significativa a presença de estabelecimentos de grande dimensão. Localizado a poucos quilómetros de Lisboa, encontramos no Concelho de Torres Vedras terras ricas em Policultura (feijão, batata, vinha, ...) sendo até o concelho com maior produção de vinho ao nível nacional. No concelho de Torres Vedras a atividade agrícola (vinha e horticultura), a industria agroalimentar e metalúrgica e o comércio a retalho assumem um papel preponderante. Posto isto, o tecido empresarial do concelho de Torres Vedras é constituído por 9976 empresas (INE 2010) das quais 27,7 por cento assumem forma de sociedade. No que concerne à Lourinhã, devido à sua dualidade geográfica, com uma área agrícola que ocupa 80 por cento do seu território e uma orla costeira de cerca de 12 quilómetros, os principais campos económicos do concelho são a pesca e a agricultura, assumindo também o pequeno comércio um peso significativo na economia do concelho. Os recursos naturais que possui, aliados às infraestruturas existentes, tornam a Lourinhã um concelho onde o mar, o campo e a tradição histórica se fundem sem, no entanto, ser descurado o futuro, para o qual se pretende um desenvolvimento sustentado e o bem-estar da sua população e dos seus visitantes. Complementarmente, Caldas da Rainha distingue-se pela abundância de argila que permitiu que se desenvolvessem numerosas fábricas de cerâmica, que converteram a então vila num dos principais centros produtores do país. O crescimento demográfico vivido no século XIX prosseguiu no século XX, com a elevação da vila à categoria de cidade em 1927. Ao longo do tempo, outras artes além da cerâmica aqui prosperaram, como a pintura e a escultura, fazendo das Caldas da Rainha um centro de artes plásticas, onde se destacaram nomes como os de José Malhoa, António Duarte e João Fragoso. Mas outras atividades de relevo marcam não só as Caldas da Rainha como toda a Região do Oeste que nas páginas seguintes será retratada através de exemplos empresariais de sucesso.


empresa | tema

Uma experiência diferente e memorável em cada estadia A oferta de produtos do Grupo Luna Hotels & Resorts consegue atender às diferentes motivações de viagem: sol & mar; business, natureza, neve, religião, gastronomia & vinhos, wellness ou cultural, apresentando-se como um arco-íris de potencialidades. O propósito de iniciar a exploração e gestão hoteleira alavancou o que hoje entendemos por Grupo Luna Hotels & Resorts.

José Lourenço dos Santos Administrador

O grupo tem 14 hotéis espalhados por Portugal, todos com conceitos distintos. Quais as razões para investirem em determinados locais? O Algarve é a região central do grupo Luna e é igualmente a região com maior concentração de unidades hoteleiras, mas é exactamente nesta zona que sentimos mais os efeitos da sazonalidade. Foi a evolução natural, baseada numa estratégia de crescimento sustentado, apoiada pela aposta na diversificação da oferta, que nos levou a alargar a outras zonas país. Desta forma, não só conseguimos diminuir o impacto da sazonalidade como ainda alargamos o portfólio, acrescentando produtos diferenciados, conseguindo assim captar novos seguimentos de mercado que até então eram inexistentes no grupo.

O grupo Luna Hotel & Resorts surgiu em 2006, numa altura em que o turismo estava a emergir em Portugal. Quais as motivações para a criação deste investimento? Efetivamente, o know-how do grupo Luna não se iniciou em 2006, mas sim em 1993 com a sociedade Lunahotéis.

Que tipo de serviços oferecem? É redutor dizer que o foco principal do Grupo Luna Hotels & Resorts é a satisfação dos nossos clientes. Facilidades básicas inerentes ao acolhimento de pessoas como o conforto, ou outras relacionadas com o lazer ou de negócios encaramos como básicas, portanto imprescindível na nossa atividade.

No grupo, a principal preocupação é atender às expectativas que os clientes trazem enriquecendo o envolvimento com a região, oferecendo mais do que o hotel para pernoitar, como por exemplo: o Restaurante Medieval puramente serrano no Luna Hotel Serra da Estrela, uma capela nas instalações do Luna Fátima Hotel, hotéis bike friendly no Algarve, ou a introdução de produtos autóctones como a Carne da Cachena e Feijão Tarrestre na carta do restaurante do Luna Arcos Hotel, entre outros. Que acompanhamento oferecem aos clientes? Sendo a atividade turística, uma das que mais exige um acompanhamento personalizado, é uma preocupação permanente de todos os colaboradores do Grupo Luna, tentar atender aos desejos dos nossos clientes, bem como responder, de forma célere e adequada, a todas as solicitações com que possam ser confrontados e assim, proporcionar um acolhimento de exceção e uma estada tranquila por parte de quem nos visita. Quais os principais alicerces que sustentam o crescente sucesso do grupo? O sucesso do Grupo Luna, assenta essencialmente numa equipa de gestão altamente competente e motivada que acompanha em permanência a atividade dos hotéis de forma dedicada e profissional. Com foco muito particular na valorização dos recursos humanos, que tem sido ao longo dos anos, uma prioridade das nossas empresas e assim continuará, numa estratégia assente na busca da excelência e rendibilidade dos nossos ativos. Existe investimento em Angola, o futuro do grupo passa por investimentos fora de Portugal? Mantemos os investimentos em Angola, embora devido à situação económica que o país atravessa, no atual momento, tenhamos adiado alguns dos investimentos que tínhamos em carteira. Acreditamos no entanto, que num futuro breve, tudo se irá resolver e, este ciclo menos bom voltará à normalidade, como é desejado. Em relação a outros investimentos, estamos analisar outras oportunidades de negócio, principalmente em Marrocos.

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Região Oeste| grupo auto júlio

30 anos a crescer dos automóveis aos combustíveis e das tecnologias à eficiência energética Nasceu em 1987, apenas como uma empresa concessionária da marca Mitsubishi, ligada ao setor automóvel. Completado o trigésimo aniversário, a Auto Júlio é hoje um grupo inserido em diversas áreas de negócio, pautado por um crescimento sustentado e por uma situação financeira estável. António Júlio, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Auto Júlio, em entrevista à Revista Business Portugal, fala-nos sobre as estratégias de rigor decisivas no sucesso crescente do grupo, bem como na visão centrada e decisiva na resposta aos desafios de futuro. Uma história de sucesso António Júlio Guedes de Sousa tinha 37 anos quando decidiu arriscar e criar a sua própria empresa, nunca imaginando alcançar a dimensão que atualmente o Grupo Auto Júlio possui. A empresa onde outrora trabalhara, atravessava dificuldades financeiras e foi este o principal prenúncio que o fez avançar, impulsionado por toda a família. Baseado numa gestão realista e controlada, António Júlio destaca a ajuda crucial do seu filho mais velho, Bruno Sousa, atual administrador executivo do Grupo e da sua esposa, Luísa Fonseca, responsável do departamento financeiro e que, enquanto sócia, faz ainda parte do Conselho de

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Administração do Grupo Auto Júlio, como partes integrantes e fundamentais no sucesso alcançado pelo grupo. “Sou originário de uma família humilde e muito trabalhadora e sinto-me satisfeito pelo caminho que percorri. Tive sempre em conta os meus princípios e acho que isso foi decisivo para alcançar o patamar em que hoje nos encontramos”, revelou-nos. “O apoio da minha família foi essencial quando tive que tomar uma decisão e esse apoio foi um dos motivos que me fez sempre avançar. Apenas o meu filho e a minha esposa estão a trabalhar no Grupo, mas o apoio das minhas filhas, Mariana e Catarina Sousa, foi igualmente importante”, adiantou.

Antes de ser vendedor de automóveis “não tinha experiência nesta área, o meu curso é de montador eletricista e trabalhei como comercial de tratores agrícolas, depois de comerciais e mais tarde, de automóveis”. António Júlio recorda que “foi um desafio, não foi fácil, mas estou orgulhoso por tudo o que alcancei”. Começou do zero e depois foi crescendo “à medida que outros não se foram desenvolvendo ou fechando, aparecendo assim novas oportunidades de negócio”. Depois de apostar no setor automóvel, “centrámo-nos no setor dos combustíveis e foi assim que fomos crescendo, com uma taxa de evolução enorme, na ordem dos 30 por cento”.


Grupo auto júlio| região oeste

António Júlio e Luísa Fonseca Administradores

Hoje, o grupo, com sede nas Caldas da Rainha, é composto por 13 empresas, estendendo a sua área de negócio entre Coimbra e o Algarve, em setores tão dispares como as energias renováveis, rent-a-car, seguros, combustíveis a retalho e granel, entre muitos outros. Atualmente emprega cerca de 300 pessoas. “São 30 anos que significam muito trabalho, muito empenho e uma busca constante pelo aperfeiçoamento das estratégias base do grupo e sobretudo das estratégias futuras”, diz, satisfeito, António Júlio. Expansão crescente e sustentada A área de atuação do grupo, atualmente, estende-se entre Coimbra e São Bartolomeu de Messines, essencialmente, na região Litoral Centro, Oeste, Alentejo e Algarve, possuindo instalações em Alcanena, Benedita, Caldas da Rainha, Leiria, Pombal, Peniche e Torres Vedras, para além da A. Júlio Empreendimentos, no Brasil. Esta expansão gradual demonstra a visão estratégica e solidez com que a A. Júlio tem crescido, estabelecendo-se como uma das empresas com maior volume de faturação no distrito de Leiria. “No ano transato, enquanto grupo, faturamos cerca de 85 milhões de euros e este ano, estimamos chegar aos 95 milhões. Esperamos continuar a crescer e a apostar em várias áreas de negócio”, destaca o administrador. É aos automóveis que inevitavelmente se associa a atividade do Grupo Auto Júlio, mas este

encontra-se inserido em vários setores: combustíveis (que representa 70 por cento do volume total da faturação geral do grupo, tornando-se estrutural na sua existência), ramo imobiliário, telecomunicações e informática (AJ Soluções e AJ TEC), serviços (Auto Júlio Rent, A. Júlio Mediação de Seguros (onde oferecem condições especiais) e Financiamento, Garagem Caldas – Transportes) e mais recentemente, no setor das energias renováveis e eficiência energética, ao adquirir 70 por cento do capital social da Alferpac, no início deste ano. Com cerca de 70 trabalhadores, a Alferpac possui clientes como a EDP Comercial, a EPAL e a Vodafone, entre outras empresas, e uma faturação que ronda os quatro milhões de euros, sendo essencial na estratégia de diversificação seguida por António Júlio.

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região oeste | grupo auto júlio

“Conseguimos encontrar um equilíbrio em todos os negócios que temos, o que é muito importante. Trabalhamos com grandes empresas. Dispomos de uma frota alargada de camiões cisterna de modo a garantir a qualidade e quantidade do combustível, com uma rede alargada de distribuição e todos clientes têm abastecimento assegurado na rede Repsol, em Portugal e Espanha”, referiu. Têm ainda uma forte presença no abastecimento ao setor agrícola, industrial e doméstico e na área dos lubrificantes. “Somos um dos maiores distribuidores da Galp. Agora, queremos apostar nas energias renováveis e eficácia energética, pois consideramos que esta é uma área de futuro e que se enquadra no plano que traçamos”, destaca. Com nítidos sinais de retoma, que se seguiram a uma crise abrupta nos últimos anos no setor automóvel, o serviço de pós-venda oficial da marca e dos postos Bosch Car Service, têm-se mantido estáveis, estando previsto um aumento de faturação em 2017. No entanto, António Júlio admite que a estratégia do grupo passará por reduzir a aposta neste setor. “Apostamos em novas áreas, por percebermos que para a área automóvel, se avizinham anos difíceis. Por exemplo, um carro elétrico faz 200 mil quilómetros e gasta apenas 120 euros em manutenção. As margens são muito pequenas e os próximos anos serão muito instáveis para este setor, apesar de oferecermos as taxas de juros mais atrativas do mercado. O setor automóvel representa apenas 40 por cento da faturação do Grupo e espero que daqui a uma década, represente apenas 20 por cento. Considero que estamos a traçar um bom caminho, antevendo o futuro e o facto de não

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estarmos apenas limitados a este setor, é muito importante”, salientou. Novos investimentos e perspetivas O próximo grande desafio prende-se em investir em novas instalações, alterando a sede da empresa. “O objetivo deste investimento passa pela centralização do grupo apenas numa só área. Apesar do projeto estar ainda em estudo, sabemos que terá uma área de implementação de cerca de quatro hectares e que o investimento nunca será inferior a 11 milhões de euros”, contou-nos António Júlio Guedes de Sousa. Por outro lado, será feita uma redução de custos em escala “para assim conseguirmos centralizar pessoas e serviços, que é o nosso principal objetivo”. Também será feito um grande investimento nas oficinas “pois consideramos que têm que estar constantemente em atualização e em Beja vamos criar um armazenamento onde possa ser transferido combustível das cisternas grandes para camiões pequenos, ou seja, como os pontos de distribuição, que já temos em Pombal, nas Caldas da Rainha, em Terrugem, Palmela e em São Bartolomeu de Messines”. O fundador do Grupo destaca a importância dos seus colaboradores para o crescimento das várias empresas. “A nossa equipa geral é formada por cerca de 300 colaboradores, que se regem por princípios fundamentais que sempre lhes incuti e que fazem parte da identidade do Grupo, como a honestidade, responsabilidade e empenho. Desta forma, somos um polo gerador de emprego muito importante

nas regiões onde atuamos”, afirmou. “Sempre tive uma boa relação com os meus colaboradores, alguns viram esta empresa nascer e ainda se mantêm connosco. Oferecemos as melhores condições possíveis”, explica o empresário, visivelmente, satisfeito. Como reconhecimento e apreço pelo trabalho e dedicação dos seus colaboradores, também eles e respetivas famílias, estiveram presentes na comemoração do trigésimo aniversário da Auto Júlio, na Expoeste, em junho. Uma festa de grande dimensão, que contou com quatro mil pessoas, entre elas vários amigos, clientes, parceiros de negócios e entidades oficiais de vários pontos do país e onde atuou o artista Anselmo Ralph. Foco ao ritmo do futuro Quando questionado sobre as perspetivas de futuro, António Júlio revela que há vários anos que fala em reformar-se, mas ainda continua a trabalhar todos os dias. O Grupo está consolidado financeiramente, mas o empresário quer que este continue a crescer, de forma sustentada. No fim da entrevista acaba por revelar um dos principais motivos do seu sucesso: “O segredo de qualquer empresário passa por saber mudar na altura certa e saber admitir os seus erros, sempre numa perspetiva de crescer e evoluir. Acho que este também foi um dos motivos do nosso sucesso, para além de manter sempre os meus ideais. Mudo de ideias todos os dias, não mudo é de princípios”, concluiu António Júlio Guedes de Sousa.



região oeste| grupo tecline

Para quem ousa escolher o melhor Pessoas. Automóveis. Investimento. Três palavras que caracterizam a expansão do mercado automóvel que exerce, cada vez mais, uma grande influência na economia portuguesa. Um exemplo claro desse sucesso é o Grupo Tecline, uma empresa que se fez à estrada. Atualmente conta com uma forte consolidação na região Oeste. Em entrevista à Revista Business Portugal, Paulo Ferreira, administrador do grupo, dá a conhecer o grupo, a sua estratégia de negócio baseada na valorização das pessoas e a sua visão de sustentabilidade para um crescimento futuro.

Paulo Ferreira Administrador

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“Não queremos ser os maiores, queremos ser os melhores”, é a premissa de filosofia da Tecline. A Tecline SGPS gere as participações sociais das suas empresas. Cada uma dessas empresas representa uma marca, sendo designada de concessionária de uma unidade autónoma e com uma estrutura exclusiva (onde inclui um amplo espaço de exposição de veículos). Com uma administração composta por três administradores, Nuno Anjos, Célia Anjos e Paulo Ferreira, este grupo assume uma estratégia de gestão vertical com uma relação e comunicação muito direta da administração com os profissionais responsáveis de cada área de negócio em cada uma das empresas. Para uma compreensão mais fácil da descrição anterior é importante conhecer o portfólio de marcas do grupo Tecline. Com instalações em Torres Vedras e nas Caldas da Rainha, o grupo conta com a representação de marcas de elevada qualidade como a Volkswagen pela Tecauto (a mais antiga), a Skoda pela Tec-arandis, a Audi pela Tecsport, e a Mercedes-Benz e Smart pela Tec-Atlântica. Ainda conta com a Car-Atlântica – Centro Automóvel Multimarca e a Belrent – Rent-a-Car com a representação da Hertz. Este alargado leque de marcas acaba por ser uma vantagem para o grupo, conferindo-lhe uma maior capacidade para arranjar soluções

adaptadas para as necessidades de cada cliente. Assumindo um papel preponderante no mercado da região Oeste, a maior valência e serviço de cada marca passa pela comercialização de viaturas novas e usadas. Já no setor de pós-venda há a garantia do serviço de assistência, de manutenção, reparação mecânica, serviços de peças e outros serviços estéticos e universais (como lavagens, pneus, direções, entre outros). Uma estratégia de negócio que valoriza as pessoas Paulo Ferreira admite que a chave do sucesso da Tecline são as pessoas, sendo esta a base da sua estratégia de negócio. “Temos um conjunto de medidas desenvolvidas na medida em que concentramos o nosso negócio nas pessoas: tanto as pessoas internas (colaboradores) como as externas (clientes)”, refere. Ao todo, a Tecline possui um quadro de pessoal que conta com 120 funcionários distribuídos por cada concessão – grande parte da região Oeste. A necessidade de preparação para o primeiro contacto com o cliente com formação especializada, permite aprender as melhores competências capazes de dar resposta aos desafios do mercado, fazendo parte da receita, lado a lado com a própria motivação e empenho dos colaboradores, estimulado diariamente.


grupo tecline | região oeste

O que marca a diferença nesta firma é a boa gestão interna assente na seriedade, disponibilidade e rapidez na resposta, aspetos muito valorizados para se fazer um bom trabalho. Pensar no cliente é pensar num compromisso. “O grande objetivo é garantir a satisfação dos clientes e é essa a base do serviço de qualidade e excelência que prestamos”, considera Paulo Ferreira. Para que isso aconteça é fundamental conhecer o cliente, perceber as suas necessidades e apresentar soluções eficazes. Isto só é possível porque há um acompanhamento desde o primeiro momento. “Os clientes são vistos como os nossos embaixadores que levam o nome da empresa ao seu circulo de contactos e amigos”, acrescenta o administrador. As marcas da Tecline, sendo uma referência no mercado,

existe qualquer dúvida de que o mercado é mutável, e por isso mesmo é elementar ter a consciência de saber acompanhar o mesmo. Como o administrador explica, o crescimento da Tecline pode ser influenciado por fatores relativos ao universo do mercado das marcas: “sabemos que as marcas têm produtos com um ciclo de vida e que o volume de vendas acompanha esse mesmo ciclo. O que está na nossa mão é prever um pouco esse ciclo e tentar dentro da nossa capacidade e criatividade assumir alguns riscos e controlar os ciclos menos favoráveis”. O importante enquanto grupo é perceber que esta sustentabilidade de crescimento deve ser equilibrada permanentemente, isto é, “a vantagem de ter várias marcas é que quando uma decresce a outra tende a crescer”, refere. O grande objetivo é crescer de forma sustentada, sendo uma referência no sector automóvel e uma mais-valia para a economia da região. Uma revista do passado, presente e futuro Até 1998, o grupo de empresas que compunham este Grupo apresentavam uma estrutura

mais familiar e regional. Em julho de 1998, as empresas existentes foram adquiridas pelo atual proprietário, António Ferreira dos Anjos, engenheiro, criando nesta data a Tecline SGPS e dando assim início a um plano de crescimento e de modernização de todas as empresas. Com o reforço da posição das marcas, assistia-se a um rápido desenvolvimento empresarial, não só regional mas também nacional. Aproveitando o ‘boom’ do setor automóvel, nos dias de hoje o principal foco é continuar a investir nas pessoas, nas novas tecnologias, sem menosprezar a sistemática melhoria e qualificação das instalações, uma forma de garantir melhores condições de trabalho aos colaboradores e consequentemente de excelência no serviço prestado aos clientes. Quanto à expectativa futura, prevê-se o normal acompanhamento da dinâmica positiva, tendo por meta um aumento constante das vendas e um investimento em novos mercados, alargando a zona de influencia em termos geográficos: “olhamos para outros mercados com apresentam atualmente algum potencial”. Fazendo um balanço positivo do grupo e como forma de concluir a conversa, Paulo Ferreira deixa uma mensagem em que anuncia o filósofo Albert Schweitzer: “os anos enrugam a pele, mas renunciar ao entusiasmo enruga a alma”. Uma afirmação que marca o olhar do grupo para o negócio e a sua posição no mercado. E sim, a Tecline é para quem ousa escolher o melhor.

são procuradas por uma considerável percentagem de clientes que vêm da grande área metropolitana de Lisboa. O que confere à proximidade da capital um ponto fundamental e um “por maior” na estratégia do grupo. A sustentabilidade do crescimento O crescimento é visto como um caminho a seguir, com forte entusiasmo, embora com a prudência necessária que garanta um crescimento sustentado. Apesar do mercado automóvel estar numa linha crescente, não

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região oeste | caixa de crédito agrícola lourinhã

Confiança e excelência como base do sucesso A Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região da Lourinhã tem vindo a constituir-se um banco de referência na dinamização e no desenvolvimento da região Oeste, pela proximidade e confiança depositadas ao longo dos anos. A Revista Business Portugal esteve à conversa com José António dos Santos, presidente do Conselho de Administração (desde 1988), que nos apresentou o contexto onde está inserida a instituição, os seus valores e a estratégia que utiliza para uma boa gestão. Um banco da terra com uma história antiga. A história da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região da Lourinhã remonta a 23 de novembro de 1912, quando um grupo de 14 cidadãos do concelho - onde se incluía uma mulher – tiveram a ideia de ir até ao Cartório Notarial para fazer uma escritura da sua constituição, tendo em conta os respetivos estatutos. Este ato de grande importância, tendo em conta a época, acabou por influenciar o desenvolvimento socioeconómico da região ao dar um apoio creditício aos agricultores. Do acervo histórico resultou um crescimento desta cooperativa de crédito, que sempre se pautou por seguir uma linha de evolução ascendente. Atualmente conta com uma rede de 11 balcões de referência na região Oeste. Os balcões estão presentes na Lourinhã (sede), Lourinhã II, Ribamar, Moita dos Ferreiros, Reguengo Grande, Marteleira, Atalaia, Cabeça Gorda, Vimeiro, Paço e Ventosa.

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Lourinhã um concelho em ascensão O concelho da Lourinhã, que apresenta condições climatéricas e solos excecionais, tem como principal atividade económica o setor primário (nomeadamente, agropecuária, hortofruticultura e pescas). Resultado da ligação muito próxima entre a Caixa da Lourinhã e a sua região, facilmente se percebe que esta instituição (como todas as outras espalhadas pelo país) estava voltada (primeiramente) para o compromisso de apoiar os sonhos dos agricultores, acabando por ser uma mais-valia para a região. No entanto, apesar de a agricultura ser uma fileira importante para a Caixa Agrícola, hoje as áreas de negócio estendem-se a todos os setores, sendo que o portefólio de soluções financeiras - produtos e serviços para particulares, empresas ou associados - atualmente está bastante alargado. “O Crédito Agrícola é universal,


Caixa de crédito agrícola lourinhã | região oeste

funciona em todos os setores”, refere o presidente do Conselho de Administração da Caixa. Com os recursos disponíveis, a Caixa tem tentado adaptar-se às atividades distintas que existem na região (como créditos, seguros ou imobiliário). Para o desenvolvimento e consolidação das atividades é essencial o apoio às empresas na área da inovação, investigação, marketing e comercialização.

fundamental que os clientes e sócios vejam a instituição como uma entidade capaz de apresentar as melhores e personalizadas soluções. O segundo aspeto a considerar, que está associado ao anterior, é o profissionalismo do corpo diretivo e do conjunto de funcionários que procuram sempre servir o melhor possível os seus sócios, os clientes e a região de uma maneira geral. Há uma flexibilidade organizativa e excelência nas respostas às necessidades dos clientes. O último fator é o conhecimento das pessoas. Sendo a Lourinhã um meio pequeno, faz sentido cultivar a confiança e a proximidade que existem entre a instituição e as pessoas. Os profissionais da caixa “são conhecedores da pessoa e do negócio e é isso que distingue este tipo de banco”, compara

Um parceiro de confiança A máxima ‘primeiro semeia-se, depois colhe-se’ pode aplicar-se à história que marca a posição da Caixa de Crédito Agrícola da Lourinhã. Como visto inicialmente esta frase remete imediatamente ao contexto da Lourinhã (e à região Oeste). Por outro lado, José António dos Santos aborda a questão de que “esta instituição é um parceiro próximo das pessoas que contribui para o desenvolvimento económico, social e cultural da região”. E portanto, tendo uma imagem de credibilidade e solidez, a Caixa Agrícola tenta dar os melhores conselhos no sentido de avaliar os riscos futuros: “não procuramos enganar ninguém com mais-valias desmesuradas, com um riscos elevados,

José António dos Santos Presidente

Uma estratégia assente na proximidade e profissionalismo Quando se aborda a questão da estratégia da Caixa Agrícola é importante perceber três fatores. Primeiro, o que marca a diferença nesta firma é a seriedade, a disponibilidade e rapidez na resposta, aspetos muito valorizados para se fazer um bom trabalho e para satisfazer quem procura apoio. É

José António dos Santos. Esta relação de proximidade é construída diariamente através de ações de responsabilidade social, que lhes confere uma maior capacidade para prestar um melhor serviço e acompanhar todos os momentos. Em relação à responsabilidade social, o compromisso de compartilhar e praticar valores (morais e sociais) é a imagem que identifica a Caixa de Crédito da Lourinhã.

mas sim apoiar e servir o melhor possível”. Pela confiança e apoio assumese como uma instituição de parcerias sólidas e com uma forte presença no mercado, tudo confirmado e assegurado pelos resultados positivos verificados ao longo dos anos.

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região oeste | oestedrive

um mundo sobre quatro rodas

No mercado há cerca de dois anos e meio, a OesteDrive surgiu de um flash de Valter Silva quando, com a sua larga experiência no mercado, viu a potencialidade deste projeto. Começa por nos explicar: “foi um negócio pensado. Na altura o investimento era um risco, embora calculado. Por ter muita experiência no ramo, também tinha vontade de assumir esse risco”. E assim foi, apesar de ser muito recente, tem tido uma evolução natural que lhe permite marcar uma posição cada vez mais vincada no mercado, sendo hoje reconhecida como uma empresa de referência. Como explica o sócio-gerente “tem tido um bom crescimento, em parte pela localização, mas também devido ao reconhecimento dos clientes que vão passando a palavra. Temos também investido no Marketing que é muito importante”. A OesteDrive é um stand multimarcas que trabalha com viaturas semi-novas com a particularidade dessas mesmas viaturas possuírem manuais de revisões das marcas. Há a

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preocupação em oferecer um serviço de qualidade, sendo este um dos valores essenciais para o crescimento da empresa. Quanto ao preço “marcamos os carros consoante o mercado e por isso é um preço justo para o cliente, pela qualidade e assistência que damos”. A OesteDrive assume uma garantia total das viaturas comercializadas. O que marca a diferença nesta firma é a seriedade e a disponibilidade para todos os clientes, um aspeto que o Valter Silva considera muito importante para se fazer um bom trabalho e para satisfazer quem procura apoio: “estamos felizmente bem vistos no mercado, graças á boa assistência que prestamos e á proximidade que mantemos com os clientes. Seriedade e competência são as nossas palavras chave. Tentamos que nada falhe”. É importante que os clientes vejam a OesteDrive como uma entidade de referência capaz de apresentar as melhores e personalizadas soluções ao prestar um serviço e apoio técnico contínuo (durante o processo de compra do

Valter Silva Sócio-Gerente

Sediada em Torres Vedras, a OesteDrive destaca-se por ser uma empresa especializada em oferecer soluções inteligentes que aliem a qualidade e confiança aos compradores de automóveis. A Business Portugal esteve à conversa com Valter Silva, sócio-gerente, onde ficou a conhecer a evolução desta mais recente empresa.

automóvel e pós-compra). Não existe qualquer dúvida de que o mercado automóvel é mutável, e por isso é fundamental abrir a consciência para saber acompanhar os seus altos e baixos. A OesteDrive sabe que para continuar o seu sucesso tem de antecipar o próprio mercado. Fazendo um balanço positivo da empresa, Valter Silva prevê um “futuro risonho, com uma evolução normal” onde os grandes desafios passarão por manter a qualidade na prestação de serviços e na rápida capacidade de dar resposta aos seus clientes.


Leiloeira do futuro | região oeste

Usados de confiança! Conceição Gomes é a proprietária da Leiloeira do Futuro, um espaço privilegiado, de grandes dimensões, situado na Zona Industrial de Arenes, em Torres Vedras. Esta empresa dedica-se à comercialização de artigos usados de qualidade a partir da sua compra, assente numa avaliação justa podendo, também, proceder à sua troca. tipo de artigos, desde os móveis, às peças de arte (sacra, também) passando pelos móveis, eletrodomésticos, artigos de decoração, loiças, livros e muito mais.

Conceição Gomes Proprietária

Negócio único, peças únicas Uma das mais valias deste tipo de negócio está, segundo Conceição Gomes, nas características únicas associadas a algumas das peças: “Nós nunca sabemos o que poderemos ter amanhã. Para além daquilo que podemos entender como artigos e equipamentos mais generalistas, temos no nosso portfólio de produtos, peças únicas com carácter de exclusividade, quer pela antiguidade, quer pelo carácter... por isso, temos clientes que vêm aqui, repetidamente, à procura de novidades”,

A nossa entrevistada desde há muito que trabalha por conta própria em diferentes áreas de atividade até que, em 2012, decidiu enveredar pelo mercado da comercialização de artigos usados. Inicialmente, pensou trabalhar com penhoras, diretamente com os Bancos ou as Finanças, mas depressa percebeu que comprar e vender recheios de particulares era uma melhor aposta. Assim, a Leiloeira do Futuro compra, vende e troca todo o

assegurou-nos. Os artigos são oriundos da Grande Lisboa ou a partir da internet; os clientes, esses, vêm um pouco de todo o lado: “Temos clientes de todo país e, até, estrangeiros e emigrantes, de passagem pela zona”. Muitos são já os clientes já fidelizados pela simpatia – e competência - dos elementos que formam a equipa da Leiloeira do Futuro: “Somos só quatro: eu, a Sónia Valentim, o Paulo Henriques e o Fábio Ferreira. Somos uma equipa unida (que escolhi a dedo) e até tenho receio de contratar mais alguém que possa melindrar esta união”, confidenciou-nos, orgulhosa. Nos cerca de dois mil metros quadrados de espaço, a Leiloeira do Futuro conta, ainda, com uma oficina onde se procede à reparação e restauro dos artigos que são colocados à venda, com a garantia de qualidade e assistência que são apanágio da empresa. Os eletrodomésticos são vendidos com garantia sendo que todos os artigos são transportados e acondicionados pela

equipa da loja, de forma a assegurar a maior eficácia possível. A responsabilidade social da Leiloeira do Futuro também não é esquecida por Conceição Gomes e, não raras vezes, esta empresa auxilia os mais carenciados cedendo-lhes mobília ou artigos de que necessitem, contribuindo, desta forma, para a recuperação social da região em que está inserida. A pressão da internet Um dos principais constrangimentos nesta área de atividade é a dificuldade sentida na política de preços, muito por causa das vendas online: “É difícil manter os preços competitivos devido à

rapidez e abrangência do negócio online e às transações entre particulares, sendo cada vez mais dura a concorrência com as plataformas na internet”, acrescentou. Com o lema: “Comprar, vender e trocar”, a Leiloeira do Futuro responde profissionalmente a todos os clientes, compradores ou vendedores. Um espaço a conhecer e a revisitar!

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região oeste | Tintas coltim

Coltim, porque o mundo é a cores!

David Aldeia Nova Administrador

A Revista Business Portugal visitou as instalações da Paint Biz, empresa fabricante da marca de tintas Coltim, localizada em Torres Vedras. A entrevista foi realizada a David Aldeia Nova, um dos administradores da empresa e filho do fundador João Aldeia Nova. A história desta empresa bem como os produtos que desenvolve e os seus benefícios seguem abaixo.

Surgiu em 1977, pela mão de quatro sócios, a marca de tintas Coltim. Celebra, portanto, 40 anos de existência, num percurso nem sempre fácil, mas de enorme crescimento e capacidade de adaptação à realidade e evolução dos mercados: “Já fomos mais pessoas, sofremos com a crise, mas soubemos adaptar-nos ao mercado”, confidenciou o nosso entrevistado. A Paint Biz é uma empresa especializada que se dedica à fabricação e comercialização de tintas, vernizes e impermeabilizantes. A qualidade é a principal vantagem e exigência de todos quantos trabalham nesta empresa, por isso, apoiados num laboratório devidamente equipado, todos os produtos são testados para garantir a mais eficaz produção: “Também nos diferenciamos pelo serviço de aconselhamento que prestamos ao cliente. Prestamos um serviço direto, não procuramos vender só porque sim, mas sim vender o melhor produto para a necessidade específica dos clientes”, afirmou. A Paint Biz trabalha diretamente com o consumidor final, empreiteiros e “pintores de construção civil”. Atualmente, devido à situação em que se encontra o setor da construção civil, 99 por cento do trabalho diz respeito a remodelações ou reabilitações de edifícios ou moradias. Novos produtos A expetativa de acompanhar as necessidades do mercado obriga a que sejam introduzidos, com regularidade, novos produtos no leque de catálogos da empresa. Assim, a Paint Biz encontra-se a iniciar o seu processo de produção de capoto. Um novo produto que irá

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satisfazer grande parte dos seus clientes. Ao longo da conversa, David Aldeia Nova explicou-nos que não tem sido fácil contratar mão-de-obra qualificada, uma vez que este trabalho requer funcionários especializados em determinadas funções e isso nem sempre é fácil de conseguir. Dar cor à vida dos clientes Podemos afirmar que o trabalho desenvolvido pela Paint Biz resulta num objetivo específico: dar cor à vida das pessoas. “Posso acrescentar que ao longo do tempo temos vindo a melhorar o nosso sistema de afinações, aproximando-nos o máximo possível da cor que o cliente pretende”, garantiu. Para quem pretenda usufruir dos produtos e serviços prestados pela Paint Biz, pode adquirilos em vários pontos de revenda localizados um pouco por todo o país, especialmente na zona de Lisboa, Porto, Viseu e Algarve. Em Torres Vedras, junto à fábrica também se pode usufruir de uma ‘Loja de Fábrica’ que surgiu “com o intuito de ter um maior contacto com o cliente final da região, apresentando-lhes pessoalmente o nosso produto”, contou. Em final de conversa, o nosso entrevistado garantiu que a empresa que representa se encontra preparada para mais 40 anos de atividade e deixou um conselho: “Por vezes a falha não está na tinta utilizada, mas sim na sua incorreta aplicação. É aconselhável colocar sempre um primário antes da aplicação da tinta. Mas nós estamos disponíveis para o esclarecimento de qualquer dúvida, basta procurar-nos”, finalizou.


VINHOS O Alto Douro Vinhateiro é uma região do Nordeste de Portugal. Serpenteada pelo rio Douro, a região produz vinhos há mais de 2.000 anos, destacando-se entre eles o Vinho do Porto. A sua notoriedade deu-se em meados do século XVII, quando o Vinho do Porto começou a ser exportado, principalmente para Inglaterra. Mas com os elevados lucros daqui obtidos, surgiram as fraudes e os vinhos eram adulterados, alterando assim a sua qualidade. Então os produtores solicitaram a intervenção do governo que em 1756 criou a “Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro”. O Douro e seus afluentes, estão agora mais do que nunca cobertos de socalcos suportados por muros de xisto que carregam videiras cheias de cachos de uva branca ou tinta. A vida destas gentes assim como a paisagem duriense é profundamente alterada com a produção dos vinhos. No Inverno existe um clima de extrema tranquilidade na região, que por sua vez dá origem a intensa atividade no final do Verão e início do Outono, com as famosas e tradicionais vindimas. No início do século XX, a região demarcada foi alargada até ao Douro Superior e, em 2001, a UNESCO classificou como Património da Humanidade, na categoria paisagem cultural, parte de toda a região demarcada – cerca de vinte e quatro mil hectares. Neste contexto, o projeto Quinta da Barca nasceu fruto da necessidade e da vontade de levar os vinhos do Douro mais longe contando já com provas dadas no mercado internacional no que à qualidade diz respeito. Temos dúvidas que o leitor não tenha já degustado pelo menos um dos vinhos que por aqui são produzidos, mas se ainda não o fez, seguem-se nas páginas seguintes as razões pelas quais o deve fazer tão rápido quanto possível. São vinhos portugueses com certeza!


vinhos |Quinta da barca

Qualidade como base de diferenciação Localizada em Mesão-Frio, em plena Região Demarcada do Douro, a Quinta da Barca diferencia-se pela forte aposta em vinhos distintos e de qualidade, refletidos na excelência que define a identidade da marca desenvolvida: Busto. Em entrevista à Revista Business Portugal, Justina Teixeira, administradora da Quinta da Barca, apresenta-nos este projeto, falando sobre a dinâmica que define o mesmo e desvenda-nos ainda os planos inovadores delineados no sentido de potenciar o projeto nos próximos anos.

Morada: Quinta da Barca – Rua entre quintas n 338, Vila Marim 5040-463 Mesão Frio E-mail: geral@quintadabarca.com Site: www.quintadabarca.com

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História de sucesso crescente O projeto nasceu em 1995, quando Maria Helena de Sousa Alves e Alcino Mamede Teixeira Alexandre, administradores há cerca de 30 anos de uma empresa ligada à prestação de

a ajuda de pessoas que já estavam neste ramo.”, começa por nos contar, Justina Teixeira. Plantada em 2000, a vinha é relativamente recente e apenas em 2005 foi feita a primeira colheita. Em 2007, foi lançado

serviços agrícolas, a “Soluções d’ Eleição” e pais da nossa entrevistada, decidiram adquirir a Quinta da Barca e apostar num novo nicho de mercado: os vinhos. “Devido ao contacto com os clientes, os meus pais foram adquirindo um know-how muito vasto, dentro do que é selecionar as melhores castas, os melhores tratamentos e toda a evolução que tem vindo a aparecer neste setor. Em 1995, apareceu a oportunidade de comprarmos esta propriedade, que pertencia a uma família da região. A Quinta necessitava de ser reabilitada, dado que os anteriores proprietários não tinham qualquer ligação à agricultura. Foi feito um trabalho de fundo e toda a vinha foi reconstruída. A experiência dos meus pais foi realmente o mais importante porque, logicamente, para a propriedade que acabavam de adquirir, tudo foi desenvolvido com esse conhecimento e com

o primeira Reserva Tinto, referente à colheita de 2005, e a comercialização do mesmo teve início em meados desse mesmo ano. É nesse momento que se começa a desenvolver uma forte vontade de dinamizar a empresa, pensando em criar novos produtos, divulgar toda a atividade da mesma, dentro e fora do país, e que levam Justina Teixeira ponderar uma grande mudança na sua vida: abandonar a sua atividade profissional e encarar este novo desafio da seguinte forma: ser a cara deste projeto. “Nessa altura, estava com outro projeto a nível pessoal. Terminei a licenciatura e fui trabalhar para uma outra área de negócio, fora da região, mas sempre tive o desejo de regressar às minhas origens. Gosto do Douro, das pessoas e sinto-me em casa quando estou aqui. Foram 10 anos de trabalho muito intenso e, nessa altura, o projeto dos vinhos foi-se desenvolvendo. A outra atividade dos meus pais ocupava-lhes a maior parte do tempo e chegou a altura em que seria para seguir em frente, apostando forte nesta área, ou tudo acabaria como um projeto residual. Tinha muita pena que não se tornasse numa aposta séria, porque via que o vinho tinha muito potencial. As pessoas gostavam, depois surgiram as colheitas seguintes, o Reserva Tinto 2006, 2007 e, depois em 2008, o primeiro Reserva Branco. O feedback das pessoas era positivo, mas era necessário dar mais visibilidade aos vinhos já produzidos, ter uma estratégia e as ideias começaram a aparecer. Assim,


quinta da barca | vinhos

enviámos pela primeira vez, em 2011, o BUSTO Reserva Tinto 2008 para o Concurso Internacional CINVE, realizado em Espanha, e foi premiado com Medalha de Prata. Em 2013, enviámos o BUSTO Reserva 2009 para o Concurso Mundial Bruxelas e foi premiado com Medalha de Ouro, sendo este um dos concursos internacionais mais importantes no mercado dos vinhos. Aí, ficou comprovado que o vinho tinha o potencial que nós acreditávamos que tinha. Chegou a altura em que tive de optar, e decidir o queria para mim e para a minha família e achei que era importante vir trabalhar para a Quinta. Deixei o trabalho que tinha e comecei aqui com o objetivo de dinamizar os vinhos, divulgar a marca e promover a Quinta da Barca. Temos os vinhos com a marca Busto, e a nossa filosofia é manter a qualidade e a nossa identidade, mas também criar novos produtos sempre com o nosso perfil e que surpreendam o consumidor. Queremos promover a Quinta, que por si só é muito bonita e um local único. Comecei a 100 por cento com este projeto em Janeiro de 2016, tentando conhecer toda a dinâmica desta área de negócio, as pessoas que cá trabalhavam e o que nos poderia ajudar a diferenciar os nossos vinhos. É um negócio e um mercado completamente diferentes e dos quais tinha um conhecimento residual, mas as ferramentas adquiridas, ao

longo desses 10 anos, na área comercial, ajudaram muito a delinear uma estratégia juntamente com as pessoas que já cá estavam, pessoas que conheciam, de forma diferente o produto, o mercado, as dificuldades, mas que também as reconheciam como oportunidades. Os próprios enólogos tinham algumas ideias que gostariam de colocar em prática, mas precisavam de algum suporte para conseguir a devida visibilidade. São novidades que se não forem acompanhadas de uma boa projeção, acabam por morrer e o projeto acaba por não se desenvolver, o que não aconteceu, felizmente, no nosso caso”.

Justina Teixeira Administradora

Humildade, trabalho e ambição Apesar de jovem, a Quinta da Barca é hoje uma aposta ganha, fruto do trabalho exemplar de uma equipa versátil e empenhada, como a própria administradora faz questão de enaltecer. Neste sentido, foram já muitas as distinções adquiridas, que confirmam o bom trabalho desenvolvido pela mesma nos últimos anos. “O tipo de trabalho que eu tinha e o tipo de trabalho que as pessoas tinham era completamente diferente – tivemos de nos ajustar todos, de forma a estabelecermos uma equipa. Acho que é importante trabalharmos desta forma, porque não

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vinhos |Quinta da barca

deve haver uma voz única. No fundo devemos ponderar todas as opiniões, o que é fundamental para crescermos. E uma equipa multidisciplinar, onde estão presentes pessoas de diferentes áreas (enologia, biologia, viticultura, marketing) só pode funcionar dessa forma e é uma grande mais-valia quando é necessário debater estratégia, seja ela de crescimento da empresa, promoção de produto ou lançamento de novos produtos. Obviamente que, no final as decisões mais importantes, como estratégia comercial, crescimento têm de ser assumidas pela administração. Nestes últimos dois anos, o que fizemos foi o seguinte: assumimos o que já existia e iniciámos uma nova estratégia de promoção da marca: divulgação em feiras internacionais e nacionais, degustações, apresentações e participação em vários concursos internacionais e nacionais. Delineámos uma estratégia em conjunto, pensando no nosso produto e na melhor forma de o projetar neste mercado, onde existe uma concorrência muito forte. Tendo sempre presente as nossas limitações, que existem, fomos percebendo qual a nossa posição no mercado e o tipo de consumidor para os nossos vinhos. E tudo isto nos ajudou a canalizar, da melhor forma, todo o trabalho desenvolvido. Neste momento, temos como clientes alguma restauração, garrafeiras e distribuidores locais (que conhecem como ninguém os clientes e o mercado onde fazem a distribuição). E desta forma, fomos crescendo, e os nossos produtos foram-se diferenciando naturalmente, encontrando um mercado própria”, frisa a empresária. Com uma identidade forte e bem definida, o objetivo passa por manter um vinho com um perfil muito marcado, adaptado às caraterísticas da quinta e à sua capacidade – para que a pessoa que o beba, o consiga reconhecer de imediato. “Com o crescimento sabemos qual é o nosso limite. No ano de 2016, terminámos com 60 mil garrafas produzidas. Neste momento, não fazemos Vinho do Porto mas é um dos nossos objetivos. São necessárias condições físicas que, neste momento, estão ainda em fase embrionária. O nosso limite, em termos de produção para vinho tranquilo, serão as 100 mil garrafas e sabemos que, para além deste número, não é sustentável manter a identidade e o perfil da nossa marca. O Busto é a identidade da Quinta da Barca e o que não faremos é adulterar o perfil da marca. O nosso objetivo passa por fidelizar cada vez mais os clientes para que estes reconheçam os vinhos e quando provem digam “este sim, é um Touriga Nacional Quinta da Barca”, “é um Moscatel Galego da Quinta da Barca” ou “é um Rosé Quinta da Barca”. Neste momento, comercializamos o Busto Reserva Tinto Touriga Nacional 2013, o Grande Escolha Touriga Nacional 2014, mas queremos que nas colheitas seguintes as pessoas continuem a identificar os nossos vinhos, comprovando que a qualidade, o perfil, a identidade se mantêm”. Quando a empresa sentir necessidade de crescer em número de garrafas (por exemplo) a estratégia passará, possivelmente, por termos uma outra marca, também ela da região do Douro, mas com um perfil completamente diferente. E o Douro é realmente único e apaixonante, porque é a única região que nos permite sonhar com um projeto destes: mesma região demarcada e vinhos com perfis completamente distintos. Basta pensar na divisão que encontramos dentro da própria região: Baixo Corgo (onde se situa a Quinta da Barca), Cima Corgo e Douro Superior.” Vinhos Busto pelo mundo São muitos e variados os mercados em que a marca está presente e em que tem ganho o merecido destaque, apostando em pequenos importadores, de forma a divulgar o seu potencial junto dos clientes-alvo, diferenciando-o.

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quinta da barca | vinhos

“Estamos a trabalhar alguns mercados diferentes e já exportámos alguns produtos para a Suíça, Luxemburgo e, começámos em 2016 a exportar para a Polónia. Estamos também a trabalhar o mercado alemão, do Reino Unido e francês, que são mercados muito importantes, apesar de serem muito fechados e, ainda bastante, focados no preço. O tema preço é um entrave grande pois os nossos vinhos não podem entrar nessa guerra. Os custos de produção que temos são muito superiores, quando comparamos com outros países ou inclusive com outras regiões do nosso país, e porque também apostamos muito na qualidade e na autenticidade dos vinhos produzidos. Neste momento, a região do Douro produz vinhos de excelência e que estão ao nível dos melhores vinhos franceses e italianos. Outro mercado, que até ao final do ano, estamos com grandes perspetivas de entrar é o Canadá, onde existem normalmente distribuidores não de grande dimensão, mas que pretendem apostar em vinhos diferenciados, para nichos específicos e com um perfil de consumidores que se enquandra também no tipo de vinhos que produzimos. É este o tipo de distribuidor que nos interessa, porque numa cadeia de grande dimensão, em termos de distribuição, seríamos apenas mais um e não é essa a nossa estratégia nem o lugar que os nossos vinhos merecem”. Futuro promissor Com um forte espírito empreendedor, Justina Teixeira não quer ficar por aqui. Desenvolver novos produtos, primando sempre pela qualidade, é um dos principais objetivos de futuro, que a empresária desvenda. “Neste momento, estamos a desenvolver um projeto bastante interessante, que ainda não sabemos quando será lançado, mas no qual estamos a trabalhar com muito entusiasmo: o Espumante da Quinta da Barca. O nosso objetivo é criar uma gama de espumantes. Será algo novo, fresco e bastante diferente” e acrescenta ainda “depois, também queremos apostar na produção do Vinho do Porto. Muitas pessoas nos perguntam se produzimos ou quando o iremos produzir, e é também um dos nossos objetivos, mas primeiro temos obrigatoriamente de resolver algumas questões logísticas que existem na quinta, pois acredito que iremos reunir as condições necessárias para desenvolvermos um Vinho do Porto com o nosso perfil”. Outro dos projetos, como Justina Teixeira nos desvenda, passa por desenvolver uma nova marca, numa outra região do Douro, com um perfil totalmente diferente do vinho Busto. Nesse sentido, já estão a ser desenvolvidos alguns projetos, mas ainda em fase embrionária, que poderá passar pelo aluguer ou aquisição de uma nova propriedade. “Todos achamos que seria uma boa aposta criar uma outra marca de outra região do Douro, com perfil distinto e que nos iria posicionar a nível de inovação e acrescentar valor e visibilidade à empresa em si”. E finaliza, enaltecendo o potencial notório e, na sua opinião, ainda por explorar, desta região com condições únicas e onde são produzidos alguns dos melhores vinhos do mundo. “O Douro é uma zona de excelência, com um potencial enorme, com uma característica única: podemos ter propriedades próximas geograficamente, mas em que os vinhos conseguem ser totalmente diferentes. À medida que vamos evoluindo, o mesmo tipo de casta vai adquirindo novas características, o que considero ser uma mais-valia, que confirma o potencial da região e que deverá ser explorado. No Douro não podemos entrar na concorrência de preços, porque não temos condições para isso. Devemos sim, potenciar as nossas características, e colocar os vinhos num patamar justo de preços, principalmente considerando os últimos anos de evolução nesta região”.

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TOIRO BRAVO ALGUMAS NOTAS SOBRE O TOIRO DE LIDE EM PORTUGAL Por A. Vasco Lucas - Secretário-Técnico da A.P.C.T.L. (Médico Veterinário) A génese taurófila perde-se no tempo, consubstanciada que está em séculos de existência, desde as imemoriáveis épocas das caçadas aos descendentes do uro, passando pelo exercitamento guerreiro, sujeição aos trabalhos de arroteamento, etc., até à transposição dessas lides em recintos fechados para gáudio das gentes. A evolução dessa actividade, ordenada já em espectáculo, decorreu paralelamente à selecção e transformação do bovino bravio, até chegarmos ao ballet vivo, mescla de arte e emoção que é o toureio actual, alicerçado num animal que, não perdendo as suas características de investida, susceptível de ferir e até matar, permite, entretanto, ser enganado, ou melhor, submetido através de técnicas expressionistas. Assim, o toiro de lide será o monumento mais assombroso que a moderna zootecnia conseguiu, já que a sua consecução não se resume apenas a tipo morfológico ou função fisiológica de exploração económica, como sucede nas outras raças, mas expressa sobretudo, a selecção de um conjunto de caracteres psico-instintivos que traduzem um tipo de conduta, forma de comportamento e modo de reagir e atacar, factores que permitem o toureio contemporâneo. O toiro de lide é um animal que responde de forma motora, ante um dado estímulo, determinando-se numa investida recta até esse objecto excitante, ou seja, exibe uma acometividade que define o carácter elementar de toda a complexidade comportamental, que não é senão a bravura. E, quantas vezes se repete a estimulação, tantas vezes ele dará a resposta, residindo aqui a base da sua selecção. Logo, esta raça bovina não deverá ser encarada como as restantes, porque se trata de um produto manobrado geneticamente, nado e criado para um determinado fim - o enfrentamento com o homem, através de movimentos artísticos que fundamentam o toureio. Assim, só se compreende a existência do bovino bravo, com toda a complexidade e perigosidade do seu maneio, porque existe o toureio e este só será possível pela existência daquele. É a ilação lógica, conforme à razão, o que significa em qualquer elucidário da língua portuguesa,... legitimidade - a legitimidade da raça brava de lide e da corrida de toiros. A pouco e pouco, os sólidos cimentos da evolução ganadera foram-se constituindo entre nós, a tal ponto que a casta portuguesa, à excepção de 3 núcleos ainda existentes, foi totalmente substituída. Fixados os caracteres do actual toiro de lide, tipificado pela selecção progressiva da casta andaluza, verificamos que a antiga rês de estrutura basta e desigual, de estampa selvagem, alto de agulhas e de extremidades, forte de terço anterior e veleto de cornos, foi substituída por outra de silhueta recortada e pele fina, com garupa e lombo desenvolvidos, de pouca barbela e ventre reduzido, de grande precocidade e rendimento carcaça, e ainda, o que é mais importante, de grande bravura, nobreza e suavidade na investida. São estes animais que se agrupam, hoje em dia, num efectivo pecuário que ultrapassa as sete mil vacas de ventre, repartidas por cerca de 100 ganadarias, registadas no Livro Genealógico da Raça e que fornecem para a lide, anualmente, cerca de 2000 machos. A raça brava, e em particular o toiro de lide, é actualmente o suporte duma função que, emanando beleza e emoção, atrai o público e ajuda muitos a viver, representando uma poderosa componente sócio-cultural e económica deste país. Duvidar destes factos é não querer ver a realidade. * Por opção do seu autor, este artigo não segue o novo acordo ortográfico.


toiro bravo | Ganadaria luís rocha

De forcado a ganadeiro – o amor pelo toiro bravo Nascido e criado em Lisboa, Luís Rocha licenciou-se em Agronomia, mantendo sempre vivo o seu amor pelos animais e pelo Alentejo. Entre 1949 e 1958 envergou com brilhantismo a jaqueta dos Forcados Amadores de Santarém, tendo pegado perto de cem toiros. Após alguns anos a trabalhar em Lisboa, instalou-se como agricultor no concelho de Reguengos de Monsaraz. Em 1977 formou a sua ganadaria, hoje em dia uma das mais prestigiadas do nosso país, tendo a sua estreia ocorrido em 1981 na Praça de Toiros de Vila Nova da Barquinha. se explica, estando sempre presente ao longo de toda a sua vida. “Durante o processo de seleção procuro essencialmente a bravura, a boa conformação física e a agilidade natural do animal para aguentar o tempo de lide. Por outro lado, o toiro tem de transmitir emoção a quem está a assistir ao espetáculo na praça”, explica Luís Rocha. Logo, “no momento da tenta, a vaca tem de demonstrar a sua bravura indo várias vezes ao picador. Claro que também é fundamental que seja boa na lide, quando é toureada a pé, de modo a ser selecionada para futura mãe da ganadaria. Embora seja subjetivo o processo de seleção, quantas mais vezes a vaca for ao cavalo, maiores sinais de bravura demonstra ao ganadeiro”, completa. Aqui, os animais vivem em total liberdade e comunhão com a natureza, dispondo de um território propício para o exercício físico, essencial para manter a estrutura física necessária para enfrentarem o tempo de lide. A importância do maioral Em qualquer ganadaria, o maioral é um elemento de extrema importância, pois é o braço direito do ganadeiro no dia a dia do campo, sendo responsável pelo maneio dos animais e pela preservação da propriedade. Carlos Fernandes é o maioral da Ganadaria Luís Rocha, tendo vindo para a herdade aos 15 anos. Há mais de três décadas a participar ativamente na estrutura da ganadaria, Carlos Fernandes demonstra durante a visita pela ganadaria a paixão enorme que nutre pelo gado bravo e pelos cavalos. “Os toiros e as vacas têm de ser vistos diariamente, de modo a tomarmos nota das suas eventuais necessidades, tanto a nível da alimentação, como dos cuidados veterinários. Claro que estamos a falar de um maneio exigente, que também se vai adaptando consoante a época do ano, ou seja, se estamos no período do inverno ou do verão. Esta região, em particular, tem invernos muito rigorosos e verões muito quentes, que influenciam o comportamento dos animais no campo. Para mim também é fundamental um bom jogo de cabrestos, para nos ajudar no maneio do gado bravo”, refere o maioral. Tendo em linha de conta essas vicissitudes, o toiro bravo tem de ser permanentemente acompanhado, ainda antes de ser toiro, no ventre das mães. “Na classe dos bovinos, o gado bravo é o que vive durante mais tempo e é mais bem tratado. Ao contrário do que se possa pensar estes animais requerem muito cuidado e atenção da nossa parte. É crucial assegurar uma alimentação equilibrada e água em abundância, para que Luís Rocha Ganadeiro

Situada próxima da fronteira com Espanha, a Herdade da Machoa é uma propriedade com cerca de 800 hectares, que funciona há mais de quatro décadas enquanto ganadaria. Com uma paisagem ímpar, onde sobressai o montado alentejano, a herdade dedica-se à criação do toiro de lide. “Antes de começar a atividade como ganadeiro pertenci ao Grupo de Forcados Amadores de Santarém. Desde muito cedo que tinha presente esta paixão enorme pelos toiros, aliás peguei o meu primeiro bezerro com oito anos”, recorda Luís Rocha. A ganadaria acabaria por surgir em finais dos anos 70, quando o ganadeiro ficou com um lote de vacas bravas. Posteriormente, foi aumentando gradualmente o efetivo, sendo atualmente o encaste predominante o Parladé. Para Luís Rocha o toiro bravo representa um sentimento indescritível, que não

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empresa | tema

nada lhes falte. Apesar de calcorrearem os terrenos onde são semeados os fenos, os toiros precisam de uma ração suplementar rica em nutrientes, que assegure um bom desenvolvimento durante a fase de crescimento. Estes suplementos ricos em cálcio e fibras garantem a consolidação do desenvolvimento do esqueleto e a sua própria sustentação”, sublinha o maioral, e acrescenta: “depois dentro da própria camada existem animais que necessitam de maiores cuidados, sendo colocados em parques distintos, de modo a recuperarem e, mais tarde, acompanharem o crescimento da restante camada. Claro que isto é uma luta de quatro anos em que não é possível nenhum descuido. Aliás, até ao dia da corrida o toiro pode ficar inutilizado por diversas circunstâncias. Portanto, trata-se de um trabalho árduo e muitas vezes desconhecido pela maior parte das pessoas”. No que se refere ao maneio reprodutivo normalmente a ganadaria está dividida entre três a quatro lotes de vacas, sendo introduzido o semental em dezembro. Assim, o nascimento dos bezerros começa no princípio de setembro, uma altura mais propícia para os partos, devido também às

condições climatéricas. Após os toiros serem lidados em praça, regressam por vezes à ganadaria, consoante o seu comportamento, no que respeita à bravura, de acordo com os critérios do Ganadeiro que pode considerá-lo adequado para semental. Outro dos pontos de interesse da ganadaria é a Festa Campera, que se realiza anualmente na primavera. Uma festa de campo que reúne centenas de pessoas num almoço, onde podem tomar contacto com o habitat natural do toiro bravo e perceber a verdadeira realidade sobre o seu modo de criação.

Tel: 966 318 626 / 962 470 788 E-mail: luisrochamachoa@hotmail.com

Carlos Fernandes Maioral

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toiro bravo | Ganadaria Mário Vinhas e Herdeiros de Manuel Vinhas

Uma vida dedicada ao toiro bravo

Mário Vinhas Ganadeiro

Inserida no distrito de Setúbal, a Herdade do Zambujal, onde pasta a ganadaria brava de Mário Vinhas, é caracterizada pela beleza e diversidade das suas paisagens, assegurando a preservação de um habitat natural com todas as condições para a criação do toiro bavo. Mário Vinhas já conta com mais de seis décadas enquanto ganadeiro, resistindo em Portugal com o encaste Santacoloma, o último exemplar no nosso país.

Tlf.: 265 912 208 Email: mario.vinhas@sapo.pt

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À conversa com o ganadeiro Mário Vinhas percebemos que o toiro bravo encerra um enorme mistério, que mesmo com o passar de décadas continua a preencher a mente do criador. “Como é que se calcula a bravura de um toiro? Como é que se distingue um toiro bravo de um toiro manso?”, questiona, pois “se compararmos uma vaca brava e uma vaca mansa, não consigo descortinar onde reside a bravura do animal. Já questionei várias pessoas sobre este assunto, que para mim é muito dificil de decifrar”, reitera. Mas isso é que confere toda a beleza e

dedicação, que desde miúdo Mário Vinhas sublinha como primordial para o seu crescimento e para a constituição da ganadaria. O contacto com o gado bravo, o gosto pela criação e a enorme “afición” pela corrida de toiros são a resposta para uma vida dedicada ao toiro bravo, sempre marcada pela persistência e determinação. A Ganadaria Mário Vinhas e Herdeiros de Manuel Vinhas conta com mais de 70 anos de atividade, sempre ligados à criação do toiro de lide. Hoje, Mário Vinhas continua à frente desta propriedade, assegurando a continuidade da sua paixão por este mundo. “Comecei esta ganadaria em 1946, juntamente com o meu irmão Manuel. Na altura tínhamos vacas e sementais de origem Pinto Barreiros. Mais tarde, em 1964 a vacada foi renovada substituíndo todo o efetivo por vacas e sementais de Joaquin Buendia Peña, puro encaste Santacoloma”, recorda o ganadeiro e acrescenta: “Desde sempre que este encaste me transmitiu maior emoção, daí ter encaminhado a ganadaria nesse sentido”. O encaste Santacoloma tem nesta ganadaria o último núcleo em Portugal, uma linha genética que tem persistido ao longo dos últimos 50 anos. Para o ganadeiro existem duas vertentes importantes na laboração de uma ganadaria brava, por um lado a seleção das futuras mães e dos sementais, e por outro lado o cuidado rigoroso com o maneio do gado. “Na primeira parte concentra-se a escolha, o critério e a exigência do ganadeiro, que dirige a tenta. Neste processo as vacas vão para a praça, onde o ganadeiro diz como é que quer a vaca colocada. Depois observa a lide e perante o quadro de exigências que define, escolhe as futuras mães, consoante essas notas, mas acaba por ser um processo marcado por um cunho muito pessoal”, assegura Mário Vinhas, acrescentando: “Para uma ganadaria ser boa tem de ter uma seleção muito cuidada e rigorosa. Para isso são necessários conhecimentos para distinguir uma vaca brava de uma mansa, daí fazermos as tentas. Dentro da bravura existem ainda diferentes graus, e é aí que temos de ter muito cuidado. Depois existe o bravo que desperta paixões. Desde miúdo que respeito a bravura do animal quando assistia a corridas de toiros. No final de contas o critério de seleção tem de ser muito apertado, embora seja claramente subjetivo”. A par com a seleção existe o cuidado com o maneio, fundamental na criação do toiro bravo. Para isso contribui o papel crucial da equipa veterinária e do maioral da exploração, que diariamente acompanham os toiros, assegurando o seu bem-estar e procurando resolver rapidamente qualquer anomalia que possa suceder. A alimentação também é muito importante, sendo colocados cerca de 6 a 7 kg de ração diária para os animais. Para adquirir capacidade cardíaca, de forma a aguentar o tempo de lide em praça, os toiros correm periodicamente na manga da propriedade. Em relação a esta época, a Ganadaria Mário Vinhas tem tido corridas em Portugal e França, tendo estado presente na corrida de inauguração do Campo Pequeno e na corrida de comemoração dos 125 anos.


Ganadaria João Ramalho | toiro bravo

“O bravo é um animal

majestoso e imponente”

É em pleno Ribatejo, na Quinta das Gatinheiras, entre Salvaterra de Magos e Benavente que se encontra a Ganadaria João Ramalho. Apaixonado pelo campo e pelo toiro bravo, João Ramalho é ganadeiro há mais de 50 anos. Antigo forcado do grupo de Santarém, trajou com orgulho a jaqueta entre 1955 e 1961, altura em que se despediu das praças. Com raízes familiares ligadas à criação do toiro bravo foi com naturalidade que o ganadeiro enveredou por esse caminho. “A ganadaria foi iniciada em 1963, embora a minha família já estivesse ligada a esta atividade. No entanto, como alterei ferro e divisa, fixei antiguidade apenas nessa data. Quanto à linha genética da ganadaria teve a sua origem com reses de José Pedrosa e Irmãos Roberto. Posteriormente, foram introduzidos sementais de Pinto Barreiros, Silva, Ribeiro Telles, Ruy Gonçalves, Brito Paes, Simão Malta e Oliveira Irmãos”, recorda João Ramalho. Para o ganadeiro esta paixão pode ser comparável a uma “santa loucura”, afirmando mesmo que “a ganadaria é a minha amante, enquanto ela quiser um café tudo bem. Quando quiser casacos de pele, termina tudo”. Quando falamos do significado do toiro bravo para o ganadeiro, este é perentório: “estamos a falar do animal mais majestoso e imponente que existe. O toiro bravo é aquele que nos faz secar a boca quando estamos à sua frente, que impõe respeito. Para mim foi uma sensação única ser forcado. O facto de termos toda a gente fixa em nós e estarmos diante de uma fera que nos vai atacar com lealdade, dá-nos um estimulo de autoconfiança”, salienta João Ramalho. Hoje o ganadeiro reconhece que a festa brava é diferente em Portugal e em Espanha, lidando mais corridas no país vizinho. Desde a sua estreia em Espanha, em 1993, que a Ganadaria João Ramalho tem ganho prémios importantes devido à bravura que o toiro apresenta em praça. “Para ser bravo o toiro tem que ter uma casta boa, ser nobre, mas ao mesmo

tempo deve investir no adversário que está na arena, porque a sua função é combater”, sublinha o ganadeiro. Esta exigência que rege a ganadaria reflete-se na seleção dos futuros toiros de lide. “Posso referir que tive muita sorte porque a minha ganadaria começou com reses de José Pedrosa, uma das melhores explorações na época. A partir daqui fui mantendo sempre esta linha, introduzindo sementais Pinto Barreiros, que me assegurassem a continuidade. Essencialmente procuro um toiro nobre, que seja combativo do princípio ao fim da lide, proporcionando ótimas faenas, mas ao mesmo tempo não permitindo que o toureiro consiga fazer acrobacias durante a lide. Portanto, no processo de seleção que se materializa com a tenta das novilhas procuro verificar as aptências reais de cada animal, selecionando os melhores para ficarem na ganadaria”,

Email: ganadariajramalho@gmail.com

explica João Ramalho. Quanto ao futuro da Ganadaria João Ramalho está assegurado pela família, à qual passou o gosto e a “afición”, mantendo viva esta paixão pelo toiro bravo e, assim, assegurando a continuidade do seu projeto de vida.

João Ramalho Ganadeiro

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toiro bravo | Ganadaria Francisco Romão Tenório

A vida tranquila do Toiro Bravo É na Herdade de Tavares que se situa a ganadaria de Francisco Romão Tenório, onde podemos observar a vida privada do toiro bravo. Durante quatro anos este animal cresce na calma e serenidade do campo, podendo-se mesmo afirmar que é o guardião da biodiversidade. Como é criado em regime extensivo, dispondo de grandes extensões de montado, este animal tem um contributo fundamental para a preservação do ecossistema em que habita.

Entre Arronches e Esperança encontrámos a ganadaria Francisco Romão Tenório, que teve o seu início em 1995, como nos conta o ganadeiro: “embora a minha família estivesse ligada ao campo, podemos dizer que somos uma ganadaria relativamente recente. Sempre fui aficionado e talvez por influência da minha família e amigos, começou a nascer a vontade de estar inserido nesta atividade”. O ganadeiro acabaria por adquirir uma ponta de vacas e

Francisco e Manuel (sobrinhos-netos) e Francisco Romão Tenório (ao centro) Ganadeiro

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novilhas, mais propriamente 65 animais e dois sementais, provenientes de Camarate e Gama, que foram sendo progressivamente eliminados e substituídos por vacas e sementais de Los Espartales, com origem Murube-Urquijo, constituindo assim o seu encaste atual. “A linha Murube é apropriada para o toureio a cavalo, adaptando-se claramente àquilo que pretendo, porque tenho uma preferência relativamente à lide a cavalo”, completa Francisco Tenório. Para o ganadeiro a primeira condição para se iniciar a seleção dos futuros reprodutores da ganadaria centra-se sobretudo em estabelecer parâmetros exigentes. Francisco Tenório refere mesmo que é o facto deste trabalho ser tão minucioso, complicado, exigente e interessante, que torna gratificante e embeleza a atividade de ganadeiro, porque a seleção é o que define o sucesso ou o insucesso da ganadaria, e é deveras um processo subjetivo. No fundo o toiro bravo terá de possuir para além da bravura, características já amplamente mencionadas como a mobilidade, a nobreza, o recorrido, a transmissão, a fijeza, entre outras. Tudo isto é fundamental para que o animal em praça proporcione um bom espectáculo, que seja agradável para o público. “Como este encaste está muito voltado para o toureio a cavalo, mas também se adapta ao toureio com muleta, torna-se essencial encontrar um toiro completo.


Ganadaria Francisco Romão Tenório | toiro bravo

Por isso mesmo, quando se realiza a tenta são bons indicadores o facto de a vaca ir várias vezes à vara, apresentando uma grande entrega na investida. Para mim quanto mais vezes acontecer esse movimento, mais hipóteses temos que os filhos dessa vaca apresentem essas mesmas características durante a lide em praça, após quatro anos de intensos cuidados. Relativamente ao semental é avaliado consoante o seu comportamento na arena, porque no meu entender o toiro tem de ser bravo”, sublinha Francisco Tenório. No mesmo patamar encontra-se a morfologia do animal, ou seja, durante o período de avaliação dos futuros pais da ganadaria é extremamente importante selecionar a boa constituição física do esqueleto e dos membros, porque o toiro de lide é visto como um atleta de alta competição, logo tem de dar provas de que vai dar o seu melhor durante os 20 minutos que passa em praça. Assim, morfologicamente é necessário selecionar o animal o mais perfeito possível. A alimentação é uma das principais preocupações da exploração, sendo produzida em parte dentro da herdade. No que concerne a esse aspeto são semeadas culturas, como trigo e aveia, que são a base da alimentação da

vacada. Para além da alta qualidade nutritiva, estes alimentos garantem a autossuficiência da exploração nos períodos mais críticos, sendo apenas fornecido aos animais alguns suplementos nutricionais. Hoje em dia, o ganadeiro reconhece que está muito satisfeito com o que alcançou e com o facto de ter investido na ganadaria, porque o toiro bravo encanta-o. “Existe esta paixão, este enorme carinho pelo animal, mas ao mesmo tempo um enorme cuidado e respeito pela sua vida no campo. Continuamos a falar de um animal selvagem, que na sua vida privada enquanto cresce e se desenvolve no campo apresenta uma beleza extraordinária, difícil de descrever. Aliás, o toiro bravo exige um maneio totalmente diferente de qualquer outro animal. Os movimentos não podem ser bruscos, respeitando o espaço e as crenças do animal. Logo, até esses aspetos fazem deste um trabalho diferente e interessante”, reforça. Atualmente a Ganadaria Francisco Romão Tenório está presente nas praças nacionais, destacando-se o facto de já ter ganho vários prémios de bravura, um dos últimos no concurso de ganadarias em Arronches, que se realizou no passado dia 24 de junho. “Fiquei muito contente com este reconhecimento, porque curiosamente a melhor lide, a melhor pega e o prémio de bravura coincidiram, sendo atribuídos ao cavaleiro, ao forcado e ao toiro da mesma lide”.

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Toiro bravo | ganadaria dr. António Silva

O fundador da ganadaria Dr. António Silva e o filho Eng. António Silva

Sofia Lapa e Madalena Silva Ganadeiras

“O ganadeiro é das pessoas mais

aficionadas e dedicadas ao toiro” É no concelho de Coruche que se situa a Ganadaria Dr. António Silva, que há várias gerações se dedica à criação do toiro bravo, através de um processo de seleção que procura fundamentalmente salientar a bravura e a nobreza do animal.

Sofia Lapa representa a quarta geração da família ligada à Ganadaria Dr. António Silva. A estudar Economia na Universidade Católica de Lisboa, a jovem ganadeira concilia o amor pelo campo com os estudos, mantendo sempre presente o sentimento imenso que nutre pelo toiro bravo. “A minha infância foi passada a ver as vacas e os toiros, e a assistir às tentas. Foi tudo isto que me fez despertar o gosto pela festa brava e pela criação do toiro bravo”, reforça. A criação de gado exige muito tempo e dedicação, pelo que é difícil de compatibilizar com a vida académica, mas esta entrega apaixonada à ganadaria faz já parte do seu quotidiano, estando presente em todas as tentas e corridas realizadas. “O toiro bravo é um animal único na natureza, com características ímpares, podendo a sua bravura e nobreza ser observadas na arena. Quando o animal entra em praça vem para lutar e o toiro que é bravo demonstra uma entrega total durante a lide. Nesse momento, sentimos que estamos no bom caminho. É o reconhecimento de todo o trabalho e dedicação de vários anos”, refere Sofia Lapa. Selecionar com exigência O grande laboratório do ganadeiro é a tenta, sendo o teste de varas exigente

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e rigoroso, o principal meio de seleção, como nos explica Sofia Lapa: “É neste que acredito e ponho em prática, para testar o comportamento das vacas. Se a vaca for muito brava nas varas, normalmente é muito difícil não ser selecionada. De seguida, as vacas são toureadas a pé, onde selecionamos consoante critérios como a entrega, a transmissão e a capacidade de humilhar e fixar-se na muleta”, acrescentando: “Quanto à seleção dos sementais, esta é feita com base no seu comportamento na lide em praça, procurando sempre os animais que apresentam um nível muito elevado”. No que se refere à morfologia do animal, no processo de seleção da ganadaria Dr. António Silva procura-se essencialmente um toiro de médio porte, com a cara aberta e haste fina, defendendo ainda que o toiro, enquanto atleta, deve ser exercitado para conseguir corresponder ao que lhe é exigido. Hoje em dia essas exigências vão aumentando, devido tanto ao tempo de duração da lide, como do próprio tipo de toureio. Nesta ganadaria os animais estão divididos por parques, consoante as diferentes idades. Quando se aproxima a altura da corrida, o maioral corre os toiros e exercita-os três vezes por semana, de modo a garantir que o animal consegue aguentar o tempo de lide. “O nosso maioral Janica é, sem dúvida, muito importante para a ganadaria porque é quem cuida diariamente dos animais”, atenta Sofia Lapa. No que se refere à alimentação, esta herdade tem as condições ideais para a criação de gado, devido à qualidade e abundância de pasto que produz, pois aqui os animais são criados em regime extensivo, sendo os toiros suplementados a determinada altura para adquirirem uma melhor apresentação. Nessa fase alimentam-se de uma ração adequada para os toiros


Ganadaria dr. António silva | toiro bravo

bravos, mas durante a maior parte do tempo comem fenos e pastagens naturais, ricas em nutrientes e vitaminas. Enquadramento histórico “A ganadaria foi fundada pelo meu avô, que era médico, em finais da década de 30. Devido à sua profissão, ele tinha muitos conhecimentos de genética, o que fazia com que a sua seleção fosse muito apertada e tivesse toiros de excelente qualidade, fazendo esse apuramento sobretudo para o toureio apeado. Começou com um lote de vacas e um semental adquiridos a Pinto Barreiros, dedicando-se a selecionar animais de grande bravura e nobreza”, recorda Madalena Silva, proprietária da ganadaria, e acrescenta: “Um dos momentos mais altos acabaria por suceder em 1962, no Campo Pequeno, quando vendeu os seis toiros lidados para reprodutores de algumas das mais importantes ganadarias portuguesas da época. O gosto pelos toiros começou com ele e foi passando, geração após geração”. Com a passagem de testemunho para o Eng. António Silva, pai de Madalena Silva, nos anos 90 foram adquiridas vacas e sementais da ganadaria espanhola La Cardenilla, com proveniência Conde de La Corte, sendo essa a atual linha da exploração.

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Toiro bravo | Ganadaria são martinho

O toiro bravo constitui uma aprendizagem constante É uma paixão que não se explica, um caminho trilhado sempre por amor ao gado bravo, assumindo-se as alegrias e as dificuldades, mas sempre mantendo patente este desejo enorme de ser criador de tão belo animal, como se mostra o toiro de lide. A bravura e a nobreza são algumas das características que podemos observar no campo, onde este animal é criado em liberdade, desfrutando de grandes extensões de terreno. “Para mim o toiro bravo representa uma experiência que já leva mais de quatro décadas, a qual se iniciou a 8 de setembro de 1974. Por breves palavras significa ao mesmo tempo uma paixão, um obstáculo, uma defesa sem grandes lucros, mas à qual dou graças a Deus, esperando que a obra que eu comecei e edifiquei siga nas mãos do meu compadre

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João Rosado”, revela Frei Elias Salgueiro, acerca do que o toiro bravo lhe transmite, continuando: “Se voltasse tudo a acontecer novamente, voltaria a ter vacas bravas e a escolher o bravo. Mesmo existindo alguns dissabores ao longo deste percurso, ser criador do toiro de lide é uma paixão imensa e difícil de explicar”. Situada nas freguesias de Granja e da Amareleja, próximo da fronteira com Espanha, a Ganadaria São Martinho foi reconstituída e inscrita na Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide na década de noventa com reses de Herdeiros de Varela Crujo. Fixou antiguidade em 31-05-2003, utilizando o ferro com a cruz florenciada, símbolo das ganadarias fundacionais dos antigos frades criadores de bovinos e cavalos, ferro que foi modificado para efeitos de originalidade e funcionamento informático. Filho de lavradores e rendeiros experimentou desde muito cedo a vida no campo. Uns anos antes de entrar para a

vida religiosa adquiriu uma ponta de vacas bravas em meados de 1974. Atualmente, João Rosado é o administrador executivo da ganadaria, partilhando com o Frei Elias os critérios de seleção e maneio. “Para mim o toiro bravo está acima de tudo”, revela João Rosado e exemplifica: “Se colocarmos a situação de um bezerro de raça brava que fica sem mãe aos primeiros meses de vida, podemos observar que ele vai criar uma relação com o tratador que o alimenta e assegura os seus cuidados durante esse período mais sensível, podendo mesmo observar-se um respeito e uma amizade pura dele para com o seu cuidador. Se por outro lado, essa situação acontecesse com um bezerro manso, ele iria respeitar o tratador durante esse período, mas depois iria esquecer-se ou desvalorizar esse momento. Portanto, eu gosto do bravo porque eles reagem e pensam mais do que a outra classe de bovinos e


ganadaria são martinho | toiro bravo

isso é um sentimento inexplicável, esta vontade de preservar a raça brava”. O apuramento do comportamento Hoje, a ganadaria que apresenta a divisa com as cores roxo, branco e ouro tem como encaste Verágua e Atanasio Fernandez. “O meu objetivo é criar o toiro bravo que nos faça sentir bem e cumpra as nossas expetativas ou ideais. Aqui na Ganadaria São Martinho temos a vacada dividida em dois encastes, já mencionados anteriormente. No que se refere a Atanasio Fernandez falámos de um encaste que tem poucos seguidores tanto em Portugal, como em Espanha. Nesta vacada introduzimos um semental, cuja linha genética era o mais próximo possível do encaste em causa”, refere Frei Elias Salgueiro. Quanto ao processo de seleção dos futuros pais da ganadaria existem critérios fundamentais para esse apuramento. Numa primeira fase a preocupação com a linha genética e a família, porque é um elemento decisivo para a transmissão de bravura. Logo em seguida o trapio, ou seja, as condições físicas que as vacas apresentam, nomeadamente no porte, nas hastes e na estrutura morfológica. Depois a questão do teste de varas, onde se procura essencialmente perceber o comportamento do animal nas varas, mas que não se

aprovação ou não da novilha tentada. Relativamente aos sementais são selecionados pelo comportamento durante a lide ou à reata, podendo mesmo serem selecionados sem o momento da lide. “Quando é necessário tentar machos para semental e para que não sejam toureados, só se aplica a sorte de varas, nos seguintes termos: o picador do cavalo cita o novilho as vezes que forem necessárias e os toureiros, após cada vara, retiram o novilho do picador, usando uns ramos de eucalipto (a ‘varinha’), só a bater no chão seco recurso ao capote. Assim, o novilho tentado pode ser toureado sem acusar o sentido, que surge após uma lide formal. Se na sorte de varas o novilho mostrar condições de semental, então toureia-se de capote, bandarilhas e muleta”, explica Frei Elias Salgueiro. No que concerne à alimentação, as propriedades onde está instalada a Ganadaria São Martinho sofreram um processo para o melhoramento das pastagens, proporcionando atualmente à vacada uma alimentação rica em pastagens naturais. Quanto ao futuro, João Rosado irá assumir os destinos da Ganadaria São Martinho, procurando dar continuidade a este legado, que visa sobretudo proporcionar o máximo bem-estar ao toiro bravo.

assume nesta ganadaria como único elemento decisivo. Verificadas as características das novilhas, no respeitante à linha genética e ao trapio, elas são submetidas à tenta, forma antiga de análise comportamental. Capotes, sorte de varas e muleta, cada um com a sua importância, contribuem para a

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Toiro bravo | Ganadaria ascensão vaz

História e Tradição na Criação do Bravo A Ganadaria Ascensão Vaz surgiu na década de 90, embora as suas origens remontem a Cabral Ascensão, uma das ganadarias mais antigas do país. Situada no Baixo Alentejo, no concelho de Serpa, esta exploração de gado bravo tem como principal motivação o toiro, demonstrando todo o seu respeito ao animal, preservando a sua tranquilidade e o seu habitat natural. antiga exploração, embora tenha introduzido novos sementais, procurando melhorar a exploração dedicada à criação do toiro bravo. “A principal linhagem da ganadaria ainda deriva de Cabral Ascensão, mas temos vindo a refrescar essa genética, de modo a introduzir maior nobreza no toiro e, de facto, os resultados têm sido ótimos”, refere José Maria Charraz. O Significado do Toiro Bravo “Acima de tudo sentimos um enorme respeito por este animal. O toiro bravo dá-nos a motivação para diariamente virmos ao campo. Aqui ele mostra toda a sua nobreza e beleza extraordinária. Só quem ama e desfruta desta paixão é que percebe como esta imagem é refrescante e o prazer que temos ao acompanhar o toiro no seu habitat natural dia após dia”, explica José Maria Charraz acerca do sentimento nutrido pelo toiro bravo. O respeito e a admiração são notórios, observando em pleno montado este importante símbolo ecológico e de proteção do meio ambiente em que está inserido, sendo um caso absolutamente exemplar de criação animal com elevados índices de proteção e bem-estar. Portanto, tudo tem um princípio que é a alimentação e o bem-estar e saúde animal. Durante quatro anos o ganadeiro acompanha o crescimento deles, de forma a garantir que tudo corre bem até ao dia da saída para a praça.

José Maria Charraz e Maria Irene Ascensão Vaz Ganadeiros

Em 1984, por morte de António Cabral Ascensão, a ganadaria passou a anunciar-se em nome de seus herdeiros, os quais viriam a efetuar partilhas alguns anos depois. Nessa altura, coube um lote de vacas à filha Maria da Conceição Ascensão Vaz, a qual introduziu sementais de Simão Malta e Hermanos Sampedro e, posteriormente, vacas de Simão Malta e Carrascosa. Com antiguidade estabelecida junto da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide em 1995, a Ganadaria Ascensão Vaz manteve assim a linha genética que provinha da

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O momento da seleção Com o nascimento das ganadarias bravas surgiu uma das primeiras formas de seleção zootécnica. Uma seleção desenvolvida pelas explorações de criadores de toiros de lide, que procurou apurar aspetos comportamentais, morfológicos e funcionais, que irão dar origem ao toiro bravo. Esta escolha depende dos critérios exigidos e estabelecidos por cada ganadeiro, daí podermos considerar este um processo subjetivo e característico de cada exploração. Aqui na Herdade do Carrapatelo a tenta é dirigida por Maria da Conceição Ascensão Vaz, que goza de uma longa experiência no que se refere a este momento tão importante para a ganadaria. Na tenta as novilhas são testadas, de forma a que o ganadeiro consiga identificar se as reses possuem as características comportamentais e morfológicas que procura para a sua ganadaria. A saída para o cavalo, o arranque, o galope e a classe com que a novilha investe no cavalo são critérios importantes para a sua escolha. O animal tem de mostrar toda a sua bravura e nobreza na investida, de forma a garantir que continua na ganadaria. As vacas aprovadas mantêm-se na exploração, onde irão viver o resto da sua vida e irão ser mães dos futuros toiros de lide. Relativamente ao semental antigamente era selecionado da mesma forma como as novilhas. “Nos últimos tempos temos selecionado os sementais conforme a lide, embora tenham de passar por um período de teste, ou seja, colocamo-lo um


Ganadaria ascensão vaz | toiro bravo verificamos se os filhos são efetivamente bons em praça, e se assim for, o semental permanece na ganadaria. Atualmente temos dois lotes de vacas e seis sementais, que nos garantem a gestão da exploração, percebendo quais as ligações que nos dão maior garantia”, explica o responsável.

Isaías Monteiro Vaz e Maria da Conceição Ascensão Vaz

ano nas vacas. Depois esperamos que saíam as filhas e se forem boas, o semental fica e voltamos a colocá-lo na vacada. Passado algum tempo

O Futuro Nesta temporada taurina a Ganadaria Ascensão Vaz já lidou uma corrida e irá lidar outro curro de toiros na Nazaré. Paralelamente também irá participar no concurso de ganadarias realizado na Moita. Embora a responsabilidade e o nervosismo imperem quando o toiro com a divisa branca, verde e azul entra em praça, Maria Irene Ascensão Vaz assume que as expetativas são boas, tendo a ganadaria apresentado bons resultados nos últimos anos.

“O nosso intuito passa por continuar a ganadaria, assegurando que a bravura e a nobreza do toiro estão patentes durante a lide, porque é que os toureiros pretendem tanto no toureio a cavalo, como no toureio apeado. Acima de tudo queremos manter a qualidade, o que não é fácil, mas considero que o nosso toiro é muito nobre, logo estamos no bom caminho”, termina Maria Irene Ascensão Vaz.

E-mail: titavaz@sapo.pt

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toiro bravo |ganadaria nuno casquinha

“O toiro é o rei da festa brava” O amor pelos toiros e pelos cavalos sempre esteve presente na vida do ganadeiro Nuno Casquinha. Nascido e criado na lezíria ribatejana, em Vila Franca de Xira, o ganadeiro habituou-se a ver o campo repleto de campinos, toiros e cabrestos, começando assim a nascer a sua vontade em ter uma ganadaria brava.

toiro, pois também toureei a cavalo. Foi, então, em 1990 que comprei um lote de novilhas Cabral Ascensão e um semental. Anos mais tarde, comprei uma ponta de vacas a Laura Castro, devido a um problema ocorrido dentro da propriedade”. Hoje a ganadaria é formada por uma linha genética que deriva do encaste Domecq, de modo a introduzir melhorias e apresentar outro genéro de garantias nas praças nacionais e internacionais. É na herdade do Vidigal, localizada em Vendas Novas, onde pasta atualmente o efetivo da ganadaria, que encontrámos o Palácio do Vidigal, pertença da Casa de Bragança. Uma extensa propriedade que servia para alojar a família real durante

Isabel Ribeiro e Nuno Casquinha Ganadeiro

“Para mim o toiro bravo é o rei da festa. Sem o bravo, sem a sua investida e a sua transmissão, não existe a festa. Daí o espetáculo tauromáquico apresentar diferenças entre Portugal e Espanha, pois no país vizinho dão muito valor aos toiros, aos ganadeiros, aos cabrestos, ou seja, tudo o que envolve o campo e compõe este espetáculo único e emocionante”, afirma Nuno Casquinha. Há mais de um quarto de século que surgiu a Ganadaria Nuno Casquinha, com a compra de uma ponta de vacas bravas, como nos recorda o ganadeiro: “A minha família tem uma longa tradição, no que se refere à criação do cavalo puro lusitano. A coudelaria remonta ao meu bisavô e tem passado geração após geração, dando provas de excelência no que à criação do cavalo lusitanto diz respeito. Aliás, o cavalo lusitano tem sido muito procurado pelos toureiros da nova guarda, tal como sucedeu no passado. No entanto, desde tenra idade que tinha o gosto pela festa brava e pelo

as caçadas. Sobre o tentadeiro do Vidigal toureou o Rei D. Carlos, promovendo-se nessa altura várias tentas e festas taurinas. Valorizar o processo de criação Quando falamos nas principais características que o toiro criado pela Ganadaria Nuno Casquinha deve ter sobressaem a mobilidade, a transmissão e a humilhação, nomeadamente no que se refere ao toureio apeado. “Cada um dos toiros por nós criado é avaliado com o mesmo rigor e exigência. Essencialmente procuro apreciar cada animal não só pela sua atitude e comportamento, mas igualmente pela sua conformação morfológica. Para mim a sorte de varas é o barómetro da bravura, onde consigo definir os futuros pais para a ganadaria. Claro que depois trata-se de um processo subjetivo, pois pese embora a linha genética seja

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ganadaria nuno casquinha | toiro bravo

de excelência, não sabemos se a vaca e o semental irão proporcionar filhos com altos níveis de bravura”, explica Nuno Casquinha e acrescenta: “quanto ao teste da muleta exijo essencialmente seriedade, fixidez e atenção ao cite do toureiro”. Claro que selecionar toiros que dentro do padrão da raça consigam corresponder à expetativa do ganadeiro é algo subjetivo e demorado, mas que mais tarde lhes irá proporcionar alegrias nas praças. “Estou satisfeito com os feitos alcançados e penso que estou no caminho certo. A nossa ganadaria está vocacionada para a criação de toiros de lide com qualidade, que vemos tanto nas corridas apeadas, como nas corridas a cavalo. Infelizmente em Portugal existem poucas corridas mistas, mas efetivamente apercebemonos que os toureiros gostam de tourear os nossos toiros”, completa o ganadeiro. O toiro bravo é, assim, uma paixão imensa e a sua criação e seleção são uma verdadeira preocupação, numa busca constante para atingir os melhores resultados. Portanto, o cuidado no maneio do gado bravo é uma das exigências desta ganadaria, que privilegia a tranquilidade e o bemestar dos animais, respeitando o seu espaço e assegurando

todos os cuidados, tanto na alimentação, como na saúde, de forma a garantir que tudo corre bem durante os três ou quatro anos que vivem na herdade. Aqui na ganadaria todo o maneio é efetuado a cavalo, conforme a tradição ribatejana. A par com todos estas exigências torna-se ainda necessário preparar o toiro fisicamente para o momento da lide. Como falamos de um atleta, este tem de ser corrido diariamente, de forma a adquirir músculo e força cardíaca, garantindo dessa forma a sua durabilidade durante a lide. No que ao futuro da ganadaria brava diz respeito, Nuno Casquinha acredita que embora o caminho esteja a ser percorrido com algumas dificuldades, o orgulho e a vontade de continuar é, de facto, mais forte, assegurando assim a continuidade de um legado construído a pulso.

E-mail: ganadarianunocasquinha@gmail.com Tlf.: 918 711 253

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toiro bravo| ganadaria canas vigouroux

“Durante a lide o toiro deve ir de Pedro Canas Vigouroux e Joaquim Manuel Mendes Ganadeiro e Maioral

menos a mais”

Um animal com raça e com pata, de bonitas investidas, que transmite muita seriedade e mantém uma lide de menos a mais, mostrando toda a sua bravura e combatividade, assim se caracteriza o toiro Canas Vigouroux na praça. Fundada em 1992 com vacas e sementais de Cabral Ascensão, a ganadaria acabou por nascer como um acaso, mas rapidamente se transformou numa paixão séria para o ganadeiro Pedro Canas Vigouroux. Hoje, a Ganadaria Canas Vigouroux assume o desafio de divulgar ao mundo o toiro bravo como elemento essencial da arte tauromáquica, defendendo a raça brava, que apresenta características únicas e diferenciadoras. A base da ganadaria é atualmente sustentada por 140 vacas de ventre, das quais 110 derivam do encaste Cabral Ascensão/ Pinto Barreiros e 30 Jaboneras da antiga linha Verágua. “Este lote de vacas jaboneras (borralhas) surgiram mais tarde na exploração, mas como demonstraram altos níveis de bravura, optei por

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ganadaria canas vigouroux | toiro bravo

manter um núcleo em separado com sementais próprios. Trata-se de um toiro mais reservado durante a lide, que se torna mais combativo porque não se expõe demasiado e quando chega ao momento da pega ainda conserva muita força. Por outro lado este encaste tem outra apresentação e imponência”, descreve o ganadeiro. Portanto, Pedro Canas procura um toiro com nobreza, com prontidão no arranque, o qual humilha e colabora durante a lide, garantindo a durabilidade e proporcionando uma faena que vá de menos a mais. “É um sinal de bravura o toiro ir dando sempre mais de si e é de facto importante que os animais tenham essa característica. Claro que nunca sabemos concretamente qual irá ser o comportamento do animal na arena, mesmo tendo em linha de conta o processo de seleção exigente que norteia a constituição da ganadaria”, completa. Aqui as novilhas, antes de serem integradas na vacada como reprodutoras, são sujeitas a provas rigorosas de bravura, a que se chama tenta e que incluí diversos parâmetros, tais como: a genealogia, a morfologia, o temperamento e a sua evolução perante a sorte de varas. Procurando o apuramento das qualidades que em praça irão proporcionar um espetáculo emotivo e interessante. A sorte de varas é deveras importante, pois trata-se do método mais preciso para testar o nível de bravura da novilha. Um processo exigente, que define se a vaca irá ser ou não uma futura reprodutora. Quanto ao momento da muleta, Pedro Canas Vigouroux procura fundamentalmente a nobreza na investida, preocupando-se igualmente com a apresentação e a conformação física. Além do trapio, a morfologia, o peso e as condições atléticas do toiro são essenciais para o ganadeiro, sendo características representativas do toiro Canas Vigouroux. Desde que foi fundada, no ano de 92, a ganadaria no que se refere à seleção do semental atua em regime fechado, ou seja, apenas coloca na vacada sementais da própria ganadaria durante cerca de dez anos, recorrendo a outros sementais apenas pontualmente para evitar a consanguinidade. Nesse caso procura sementais da mesma familia genética, privilegiando o seu comportamento na tenta, de modo a garantir o cumprimento das exigências colocadas pelo nível da ganadaria. Esses sementais são colocados durante algum tempo até se verificar os resultados e aí quando a exploração tiver novamente sementais com o ferro da casa, entra novamente em regime fechado. A poucos quilómetros da capital portuguesa, encontrámos a Herdade do Emaús, mais concretamente na localidade de Castanheira do Ribatejo, onde pasta esta ganadaria brava, que tem lidado várias corridas em Portugal, mas também em Espanha e França. “Crio toiros para os dois tipos de lide, embora me agrade mais o toureio apeado”, refere Pedro Canas. O futuro da festa Em relação ao que os próximos anos podem reservar para a festa brava, o ganadeiro afirma que “o término da festa provocaria o fim das ganadarias e, claro, a extinção da raça brava, de inúmeros postos de trabalho e do ambiente entorno do gado bravo onde este se encontra inserido. Portanto, na minha opinião é importante dignificar o espectáculo tauromáquico, reerguendo a essência da festa e do toiro bravo, de modo a transmitir ao público a emoção e a ‘afición’ que ao longo de séculos têm feito parte da nossa cultura e tradição. O toiro bravo é um preservador da biodiversidade e representa uma paixão enorme para mim, portanto gostaria que os meus filhos continuassem com este legado, mas para isso é necessário manter viva a festa”, termina.

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toiro bravo | ganadaria santiago

A importância da seleção na raça brava Desde tenra idade que João Alves Bento aprendeu a contactar com o toiro bravo, acompanhando diariamente o pai no maneio e na gestão de uma ganadaria brava. Hoje, o ganadeiro reconhece que criou uma propriedade à sua imagem, procurando um toiro bravo que transmite emoção durante a investida.

João Alves Bento Ganadeiro

Quando chegamos a uma ganadaria brava percebemos que o objetivo primordial do ganadeiro é obter uma vacada que atinja determinados critérios, que conduzam à bravura do toiro durante a lide. Contudo, este conceito de difícil definição altera-se consoante os princípios e os critérios de cada ganadeiro, podendo mesmo chegar-se à conclusão que, nos dias de hoje, o toiro bravo difere de ganadaria para ganadaria, devido ao processo de seleção que se começou a desenvolver junto da raça brava. Por isso mesmo, questionamos o ganadeiro João Alves Bento sobre o seu critério de seleção, o qual nos explicou: “na prática cada ganadeiro define o seu próprio critério de bravura, que depende do comportamento da vaca durante a tenta. Para mim, a vaca tem que ir ao cavalo à sorte de varas, humilhando quando chega ao estribo do cavalo. Demonstrando essa mesma característica quando é toureada com a muleta, aplicando-se durante a lide. Mas, neste processo a componente morfológica também é deveras importante, procurando

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essencialmente um animal bem constituído. Quanto ao semental é escolhido consoante o seu comportamento durante a lide, definindo no final da mesma se o toiro volta novamente para casa, de modo a ser um futuro pai da ganadaria. Fundamentalmente procuro estruturar esta exploração consoante o meu gosto pessoal, selecionando as rezes que me transmitem sentimentos e invistem com emoção. Para mim esta atividade é uma paixão imensa, difícil de explicar aos outros, porque no meu entender se as pessoas tivessem a possibilidade de vir para o campo, provavelmente também seriam ganadeiros ou criadores de gado. No fundo, é algo absolutamente inexplicável”, completa o ganadeiro. Mas o dia a dia de uma ganadaria é completamente marcado pela vida do toiro, das vacas e dos bezerros. O processo de criação do toiro bravo inicia-se com a introdução do semental na vacada. Nesta ganadaria o semental é colocado em finais de setembro, sendo decidido pelo ganadeiro


ganadaria santiago | toiro bravo

qual o semental indicado para cada lote de vacas, de modo a evitar a consanguinidade e, por outro lado, experimentar os melhores cruzamentos que se adaptem ao objetivo de conseguir o toiro que melhor responda à exigência do ganadeiro. A partir daqui podemos referir que dois dos momentos mais importantes da ganadaria brava é a ferra e o tentadero. A primeira visa identificar os animais dentro do grupo do gado bravo, após o seu nascimento, ocorrendo normalmente quando os bezerros atingem um ano de idade. Nesta cerimónia os bezerros são ferrados com o ferro da casa, o número de ordem, o ferro da Associação dos Criadores de Toiros de Lide e o algarismo do ano de nascimento. Quanto à segunda tem por ojetivo avaliar o potencial de bravura dos futuros reprodutores da ganadaria. Durante este processo o ganadeiro procura identificar as rezes que possuem as características comportamentais ou se aproximam dos critérios de escolha para se manterem no efetivo. Claro que a questão nutricional ocupa um parâmetro importante no dia a dia da ganadaria, pois o toiro bravo necessita de manter uma boa alimentação, rica em pastos e forragens naturais que constituem suplementos nutricionais de grande relevância. As terras onde pasta a ganadaria são muito ricas em bolota que, na época outono-inverno, constitui um ótimo alimento para os animais. Hoje, a Ganadaria Santiago tem procedência nas castas bravas de Jandilla e Santiago Domecq, como nos revela João Alves Bento. “Nasci e cresci na casa Passanha, onde

o meu pai trabalhou durante toda a vida. Fui aprendendo e observando com ele e com o ganadeiro D. Luís Passanha o toiro bravo, a seleção do encaste e a forma como se gere a propriedade. Sempre gostei do contacto com o campo e quando tive oportunidade comprei uma ganadaria brava ao Miguel Cintra, adquirindo o ferro e a divisa, que mais tarde viria a alterar. Na altura, substituí todo o efetivo por 32 vacas Santiago Domecq e o semental Jandilla. Entretanto, como já tinha machos com um ano consegui marcar antiguidade em 2006. Já constava no registo da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide desde 2003”. Atualmente, a ganadaria mantem o encaste inicial, mais direcionado para o toureio apeado, e tem estado presente em vários concursos de ganadarias. O ganadeiro cede ainda novilhos para festivais solidários que ocorrem em Portugal.

E-mail: joao.martinsalvesbento@gmail.com

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toiro bravo| ganadaria Manuel assunção coimbra

O sonho como legado

A Ganadaria Manuel Assunção Coimbra nasceu na Herdade do Marmeleiro, pela mão de Manuel d’Assunção Coimbra, avô do atual ganadeiro, fruto da vontade em ser criador de toiro bravo e de cavalo puro lusitano. Hoje é a terceira geração que representa os destinos desta ganadaria, que sempre teve no toiro bravo uma verdadeira paixão e ‘afición’. A principal missão de Manuel Coimbra é continuar o trabalho desenvolvido pelos seus antepassados, assegurando o legado familiar.

Vítor Ribeiro e Manuel Coimbra Cavaleiro e ganadeiro

“A tradição que envolve a criação do toiro bravo na nossa família teve a sua origem com o meu avô, um apaixonado por este belo animal, que viu com orgulho as cores da divisa desta casa serem lidadas nas principais praças de primeira categoria em Espanha, onde com brilhantismo ganhou vários prémios de bravura, destacando-se o famoso “CLAQUILERO”, melhor toiro da feira de San Isidro em 1965”, relembra Manuel Coimbra. Nessa altura, o encaste derivava da linha Atanásio Fernandez, o qual teve a sua continuação com Manuel Mendes Assunção Coimbra, mas que entretanto eliminou todo o efetivo, introduzindo a linha Domecq. Após o 25 de Abril forma-se esta nova ganadaria de apelido tradicionalmente ganadero, através da compra de efetivo e direito ao ferro e divisa de Manuel Conde, formada com vacas de Vasconcellos D’Andrade, procurando manter a mesma linha genética do passado. Mais tarde, em 2004, foi adquirido um semental Conde de La Corte, com o intuito de refrescar o sangue da ganadaria, tentando sempre criar o toiro perfeito, que apresentasse toda a sua nobreza e transmissão em praça. Em 2007, o pai de Manuel Coimbra resolve adquirir vacas e sementais de procedência Juan Pedro Domecq e Las Ramblas levando esta linha totalmente em separado. Os resultados demonstraram ser um êxito, daí terem decidido, anos mais tarde, eliminar toda a linha procedente da antiga ganadaria, prevalecendo apenas esta linha genética introduzida recentemente. Localizada no concelho da Chamusca, esta ganadaria brava caracteriza-se por ter um toiro de médio porte, com cara e fundamentalmente presença. “É na vacada que tudo começa,

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portanto tentamos proporcionar os melhores cuidados aos animais. No momento da tenta, quando as novilhas passam pelo teste de bravura, procuramos a nobreza, mas ao mesmo tempo a transmissão. Por outras palavras, o espectador na praça quando estiver a assistir à lide tem de sentir a arte que está a ser desenvolvida. Portanto, na seleção procuro a investida e a repetição com passo largo, ‘fijeza’ e atenção ao cite do toureiro. Relativamente ao semental pode ser escolhido consoante a sua prestação na arena ou passa pelo mesmo processo de seleção das novilhas”, explica Manuel Coimbra. Para o ganadeiro não é simples continuar o trabalho desenvolvido pelo avô e pelo pai, mas assume-se como uma responsabilidade que ele recebe com orgulho e dedicação. “Atualmente, a atividade é mais exigente, porque existem outras normas relativamente à festa brava, tornando esta atividade mais desafiante. Como representante da ganadaria ainda não lidei nenhuma corrida, mas espero continuar o caminho trilhado pelo meu pai e concretizar o seu sonho de voltar a estar presente nas principais praças espanholas”, revela o ganadeiro. Quanto ao futuro, Manuel Coimbra sublinha

a vontade, em conjunto com a irmã, Maria, em preservar o legado da família, mantendo viva toda a ‘afición’ e tradição que foram pautando o crescimento desta casa, no que diz respeito à criação do toiro bravo e do cavalo puro lusitano.

Email: manuelpbcoimbra@gmail.com


Ganadaria Herdeiros de paulino da cunha e silva|toiro bravo

O Príncipe do Campo Bravo A Ganadaria Herdeiros de Paulino da Cunha e Silva é uma propriedade familiar que data do século XIX, sendo das explorações dedicadas à criação do toiro de lide mais antiga do país. “O toiro é um animal muito belo no campo, e é essa beleza que nos faz apaixonar e dedicar-nos a esta atividade”, descreve D. Alexandre Lobo da Silveira.

D. Alexandre Lobo da Silveiraw Ganadeiro

com ferro e divisa a D. António Paulino Lobo da Silveira, continuando a anunciar-se em nome de Herdeiros de Paulino da Cunha e Silva, designação que mantêm, mesmo após o falecimento do seu titular. Esta ganadaria lidou a primeira corrida na praça do Campo Pequeno a 22 de Agosto de 1947. Hoje, a procedência da ganadaria deriva do encaste Pinto Barreiros, embora na origem tenha estado a linha Soler. “O que eu procuro essencialmente é a bravura do toiro. Essa é a essência deste animal e é o que se quer ver no momento da lide. Por isso, quando estamos a selecionar as futuras mães da ganadaria recorremos ao

“O facto de vermos o bezerro acabado de nascer, ainda todo molhado e o seu primeiro instinto é começar a marrar, verifica-se na realidade como algo único e belo. Desde que nasci que tenho esta paixão pelos toiros, aliás esta casa já convive com o toiro bravo há mais de 140 anos”, refere D. Alexandre Lobo da Silveira. A ganadaria foi fundada em 1873 pelo Comendador Paulino da Cunha e Silva com reses de casta portuguesa de Gaspar Gomes dos Anjos, antes Rafael José da Cunha. Mais tarde, os herdeiros acabaram por vender parte daquele efetivo aos irmãos Terre, vindo a substituí-lo integralmente (1942), com vacas de João Torres Vaz Freire e sementais Dr. António Silva, portanto, proveniência Soler e Pinto Barreiros. Foi nesta altura que o pai do atual ganadeiro adquiriu a ganadaria, vindo posteriormente a introduzir-lhe sementais adquiridos a David Ribeiro Telles. Em 1987, a ganadaria foi dividida, por partilhas, em dois lotes, cabendo um

teste de varas, porque é o primeiro contacto com a bravura do animal, percebendo como é que este reage. Claro que também tem de apresentar algumas características essenciais na muleta, ou seja, deve existir uma mistura dos dois processos, mas pesando sempre mais a reação na vara. Fundamentalmente procuro um toiro sério, com ‘fijeza’, que humilhe e se empregue no teste de varas”, explica o ganadeiro, acerca do processo de apuramento dos futuros toiros de lide. Quanto à alimentação do gado é produzida de forma natural, sendo apenas ajudado em períodos mais críticos, como é o verão, com suplementos nutricionais essenciais para manter a boa estrutura física do gado bravo. No que se refere ao maneio, os machos estão separados em diferentes parques consoante a idade. Quanto à vacada está dividida em três lotes, mais propriamente os dois lotes que estão na época de cobrição e o lote das vacas que ainda irão passar pela tenta. “Aqui agendamos a época de cobrição entre os meses de novembro a junho e vamos rodando os sementais, para desse modo vermos os resultados e percebermos quais os melhores cruzamentos para a ganadaria”, sublinha D. Alexandre Lobo da Silveira.

Em relação ao futuro, o ganadeiro assume que quer continuar a prolongar a história da ganadaria, evidenciando a importância do toiro bravo e a magia que ele reflete no campo, salientando a alegria imensa que se atinge quando o animal é de facto bravo e nobre na praça, ostentando a divisa azul, vermelha e amarela.

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toiro bravo| ganadaria jorge mendes

Onde o toiro dialoga com a natureza Situada no litoral alentejano, na freguesia de Santa Catarina, concelho de Alcácer do Sal, a Ganadaria Jorge Mendes é uma exploração agrícola com mais de 20 anos de atividade, que desde a década de 90 se começou a dedicar à criação de gado bravo. Com uma paisagem ímpar, onde sobressai a beleza da floresta, o toiro vive em perfeita harmonia com o meio ambiente. Felizardo Carretas e Jorge Mendes Maioral e Ganadeiro

Foi em 1993 que Jorge Mendes decidiu adquirir uma ganadaria brava no Alentejo, dando forma à sua vontade de se dedicar à criação de bovinos da raça brava. Inicialmente o efetivo provinha de Simão Malta e Rio Frio, mas foi sendo progressivamente eliminada a sua origem. Mais tarde, o efetivo foi aumentado com vacas e sementais de Simão Malta, procedentes da linha Sampedro, que formam o encaste atual da ganadaria, como nos recorda Jorge Mendes: “Desde o início que fomentei um processo de seleção consoante a minha vontade e o conceito de bravura que pretendo imprimir na exploração. Nos últimos anos decidi alterar um pouco a morfologia do toiro, dando-lhe mais tamanho e cara, tendo para isso adquirido um semental à Ganadaria António Silva, cujo encaste é o Conde de La Corte, de modo a atingir os objetivos a que me propunha”. A seleção dos futuros toiros de lide da ganadaria assume-se como o vetor fundamental para a Ganadaria Jorge Mendes, que procura fundamentalmente salientar a bravura do animal. Durante a tenta, todas as novilhas com dois anos de idade passam por um processo de avaliação, que pretende apurar comportamentos. Nesse processo as vacas têm de

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demonstrar a sua bravura em todas as fases da seleção, nomeadamente no teste de varas, no toureio com muleta e no toureio a cavalo. “O toiro tem de ser bravo, é o que o diferencia e o torna especial. Por outro lado, a seleção também se baseia no sentimento e nas emoções que o animal me transmite durante o processo de apuramento”, sublinha o ganadeiro. A alimentação do gado bravo é outro ponto de interesse da exploração, pois é baseada em pastagens e em alimentos compostos, tais como fenos, que garantem nutrientes de elevada qualidade para os animais. “Os toiros necessitam de ser bem alimentados e acompanhados, de modo a não perder a estrutura física exigida para aguentar a lide em praça. Portanto, na altura do verão introduzimos suplementos ricos em proteína e vitaminas, essenciais para manter o desenvolvimento nos animais”, completa Jorge Mendes. No que se refere à gestão do maneio reprodutivo, o ganadeiro explica que o semental é introduzido na vacada durante praticamente o ano inteiro, sendo retirado apenas alguns meses, para evitar que os nascimentos dos bezerros ocorram durante os meses de verão.

Relativamente ao futuro, Jorge Mendes assegura que quer dar continuidade ao trabalho desenvolvido até aqui, mantendo presente a sua paixão pelo toiro bravo. “O meu filho é muito aficionado, sendo que a pouco e pouco vai tomando nota da gestão da ganadaria”, termina.

Email: jlouromendes@hotmail.com


ruralbeja.pt

De 5 a 8 de outubro

saiba mais em ruralbeja.pt


CAVALO LUSITANO O puro-sangue lusitano é uma raça de cavalos com origem em Portugal. É o cavalo de sela mais antigo do Mundo, sendo montado aproximadamente há mais de cinco mil anos. Os seus ancestrais são comuns aos da raça Sorraia e Árabe. Essas duas raças formam os denominados cavalos ibéricos, que evoluíram a partir de cavalos primitivos existentes na Península Ibérica dos quais se supõe descenderem diretamente do pequeno grupo da raça Sorraia ainda existente. Pensa-se que essa raça primitiva foi cruzada com cavalos “Bereber” oriundos do Norte de África e mais tarde tiveram também influência do árabe. O puro-sangue lusitano apresenta aptidão natural para alta escola e exercícios de ares altos, uma vez que põe os membros posteriores debaixo da massa com grande facilidade. Assim, o Lusitano revela-se não só no toureio e equitação clássica, mas também nas disciplinas equestres federadas como dressage, obstáculos, atrelagem e, em especial, equitação de trabalho, estando no mesmo patamar que os melhores especialistas da modalidade. Como curiosidade: Foram estes cavalos portugueses, os utilizados na produção do filme “O Senhor dos Anéis”. Depois de apresentada esta raça deslumbrante de cavalos, seguem-se páginas dedicadas à coudelaria em Portugal, fique para ler e conhecer o trabalho realizado, neste setor, no nosso país.


A história da

herdade da toula | cavalo lusitano

homenagem a

Filipe Graciosa Filipe Graciosa, veterinário de profissão e cavaleiro por paixão viu, no passado dia 30 de julho, a sua vida e carreira serem homenageadas pelos representantes máximos da região que o viu nascer, crescer e tornar-se no homem que é hoje. De entre muita emoção e histórias (contadas à mesa no almoço-convívio que precedeu a homenagem) fica o momento, explicado na primeira pessoa, à nossa revista.

Presidente da Câmara da Golegã e Filipe Figueiredo (Graciosa)

sobre o regulamento de trânsito de equinos nos países membros da União Europeia (deslocou-se, por diversas vezes, a Bruxelas neste âmbito), representou Portugal, como juiz, em campeonatos de cavalos lusitanos no Brasil e por toda a Europa e é o único fundador da EPAE ainda vivo: “Tenho uma carreira limpa, honesta e transparente”, afirmou Filipe Graciosa, orgulhoso, enquanto enumerava as várias fases da sua carreira. O dia da homenagem começou com um almoço que juntou família e amigos na Herdade da Toula, património da família Graciosa, que serviu de palco ao convívio e demonstrações de afeto, respeito e consideração pelo homem que fez vingar a sua paixão pela arte equestre. Depois deste almoço-convívio, que se prolongou

Tuna da Faculdade de Economia do Porto e Filipe Figueiredo (Graciosa)

Filipe Figueiredo (Graciosa) Proprietário

Realizou-se no passado dia 30 de julho, em plena Feira Raiana, a Homenagem a João Filipe Figueiredo ‘Graciosa’ em Idanha-aNova. João Filipe Giraldes Figueiredo (mais conhecido por Filipe Graciosa), Médico Veterinário, Criador de Cavalos, Cavaleiro, Equitador e Fundador da Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE), da qual foi Mestre-Picador Chefe e Diretor, contribuiu de forma ímpar para que esta alcançasse um reconhecimento internacional sem precedentes. Organizou, entre tantos eventos memoráveis, o grandioso espetáculo que juntou as quatro Escolas: Saumur, Viena, EPAE e a Real Escola Andaluza. Foi Veterinário do Ministério da Agricultura durante 36 anos, participou em reuniões

Presidente da Câmara de Idanha-a-Nova e Filipe Figueiredo (Graciosa)

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cavalo lusitano | herdade da toula

até bem perto da hora da homenagem, era altura de Filipe Graciosa e da sua esposa Isabel Palha Figueiredo se prepararem para o evento. No intervalo do espetáculo taurino, que teve como cavaleiros Marcos Tenório Bastinhas, António Ribeiro Telles Júnior e Duarte Pinto (com os Grupos de Cascais, Alter do Chão e Coimbra a cargo das pegas da tarde), decorreu a homenagem. Filipe Graciosa entrou com um cavalo de seu ferro trabalhado à mão, enquanto a cavalo, vestida de amazona, estava a sua esposa Isabel Palha Figueiredo, Presidente da recém-criada Associação das Amazonas de Portugal. O casal demonstrou vários ares de alta escola perante uma praça esgotada. O seu filho, Afonso Palha Figueiredo, a cavaleira Sofia Graciosa, o Presidente da Associação de Proprietários de Arsénios Raposo Cordeiro, André Bica e Jorge Carvalhinho, em representação oficial dos Romeiros da Golegã, também participaram. Para além do presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, estiveram presentes Veiga Maltez, na qualidade de presidente da Assembleia Municipal da Golegã, o Alcalde de Moraleja, as criadoras Maria do Carmo Infante da Camara e Maria Eugénia Casquinha, Gorjão Claro,

Luís Miguel Cotrim, organizador do Baile da Jaqueta da Golegã, Jorge Duarte Carvalhinho (que representou oficialmente os Romeiros de S. Martinho com uma lembrança da Confraria Goleganense), João Cortesão, Luís Van Zeller Palha e a Tuna da Faculdade de Economia do Porto, entre outros. A Tuna foi uma surpresa improvisada pelo visado da homenagem: “Encontrei a Tuna em Sevilha, convidei-os para atuarem hoje e eles, simpaticamente, aceitaram”, confidenciou-nos. À nossa revista, o homenageado explicou o que significou para si este momento: “As homenagens não se pedem, aceitam-se e recebem-se. Penso, não é uma falsa modéstia, que é merecida. Posso dizer-vos que estive na dúvida se montava hoje porque queria montar pela afición. Mas convenceram-me a não o fazer pela minha saúde e limitei-me a fazer alguns exercícios com os cavalos que a minha esposa e o meu filho montaram. Mas este é um reconhecimento que me deixa feliz, porque gosto da terra e sei que a terra também gosta de mim. Já me propuseram candidatar-me a presidente da Câmara Municipal, mas eu não aceitei, prefiro ser presidente da Assembleia Geral da Associação das Amazonas de Portugal e agora convidaram-me para presidente da Assembleia Geral da Associação de Criadores da Beira, portanto, já tenho atividades que cheguem”, disse, divertido, Filipe Graciosa. A histórica Coudelaria Marquês da Graciosa Na Herdade da Toula, em Idanha-a-Nova, propriedade pertencente aos Giraldes desde o século XVI, sempre existiu criação cavalar, mas foi nos finais do século passado que esta se apurou com um núcleo de éguas de pelagem castanha e sangue “Peninsular”, conforme consta nos livros de Victória Pereira, 1887 e Chaves de Lemos, 1903. Estas éguas, nos anos mais secos, chegavam a ser transferidas a pé para as baixas frescas da Quinta da Graciosa, em Anadia (percorrendo 250 quilómetros). A grande afición, as caçadas às lebres, a corricão do 2º e 3º Marquezes da Graciosa, a caça às raposas a cavalo do 4º Marquês (1º Master de Equipagem de Santo Huberto) e a equitação académica do 3º e do atual Marquês mantiveram a criação cavalar sempre ligada à família. Com vista à obtenção de animais funcionais nesta Coudelaria, todas as éguas são montadas. Em 1975, foi comprado um grupo de éguas Anglo-Lusas à Coudelaria Telles Carvalho e Coudelaria Nacional, mantendo-se um núcleo de cruzadas para desporto na Quinta da Graciosa, em Anadia. Factos históricos à parte, a verdade é que, atualmente, a Coudelaria de Filipe Graciosa conta com cerca de 20 éguas, 60 cavalos e 500 bovinos. Números que só uma tradição enorme na área permite alcançar: “Conheço pessoas que investiram muito dinheiro nesta área, criando todas as infraestruturas necessárias, mas que não conseguiram vingar. Eu, como veterinário e criador, não aconselho ninguém a criar cavalos para ganhar dinheiro”, reiterou o especialista. Grande parte da sua criação de bovinos tem como objetivo o cruzamento industrial, no entanto,

Isabel Palha Figueiredo

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Afonso Palha Figueiredo

10 por cento prende-se


herdade da toula | cavalo lusitano

à manutenção do touro puro de raça portuguesa. O negócio, para esta coudelaria, encontra-se numa boa fase, o que pode ser explicado pela experiência e confiança que tem no mercado a marca da Família Graciosa. Ainda em conversa com a Revista Business Portugal, Filipe Graciosa confidenciou que António Ribeiro Teles e Pablo Hermoso são os seus cavaleiros preferidos: “O segundo cuida muito da imagem dele e cuida muito bem dos seus cavalos, nota-se a alegria deles no trabalho. Vão ao toiro convencidos, não vão vencidos. Os cavalos têm que ser livres, têm que ser

que se muscular para aguentarem certos exercícios”, justificou. Apesar de, recentemente, ter tido alguns problemas de saúde, o quinto filho mais velho (no seio de 10 irmãos) garantiu ser cavaleiro ainda antes de existir: “Antes de o ser já o era. Tenho fotografias da minha mãe a caçar lebres com fato de amazona. Antes de ser vivo já andava a cavalo, portanto, posso dizer que nasci para ser cavaleiro e veterinário, porque sempre o quis ser”, finalizou o homenageado e nosso entrevistado, Filipe Graciosa.

Morada: Herdade da Toula / Quinta do Valongo 6060 Idanha-a-Nova - PORTUGAL Tlf: (+351) 277 427 135 | Tlm:(+351) 961 733 396 Fax: (+351) 277 427 135 e (+351) 277 202 822 E-mail: jfilipegraciosa@gmail.com

tratados com respeito e têm

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Cavalo lusitano | Lusitanos Aníbal liberal

Paixão familiar em recuperação Aníbal Liberal é o impulsionador de um projeto recente de coudelaria no concelho de Trancoso. Assim, a Lusitanos Aníbal Liberal pretende reconstruir uma história há muitos anos iniciada por José Diogo de Andrade (bisavô de Aníbal Liberal), onde a paixão por cavalos lusitanos era a essência do negócio. participante nos Jogos Olímpicos), que se espera resultar em crias igualmente boas.

Aníbal Liberal Proprietário

O cavalo lusitano nas competições O cavalo lusitano para além de muito bonito é também muito versátil, adaptando-se a todo e qualquer tipo de exercícios e competições. Os treinos na Lusitanos Aníbal Liberal são coordenados por Mário Sobral (que também é o cavaleiro de serviço nas competições) e por Aníbal Liberal. “Por forma a evoluirmos, fazemos diversas formações em que nos deslocamos às casas de outros cavaleiros para treinar com eles e ouvir os seus conselhos”, confidenciaram. Também a desertificação do interior é combatida por esta entidade que se encontra a organizar uma prova de obstáculos que servirá para fazer uma demonstração do que se faz numa coudelaria. Para além deste evento, a Lusitanos Aníbal Liberal encontra-se em competição na final do Campeonato Regional do Centro de Equitação de Dressage, podendo vir a competir,

“Decidi aproveitar as condições físicas que tinha, nomeadamente as propriedades, e a paixão enorme que tenho, desde pequeno, por cavalos”, começou por explicar o nosso entrevistado. Apesar da localização não ser a melhor, Aníbal Liberal garante que vai lutar por fazer vingar a qualidade do seu trabalho: “estamos longe de todo o centro, mas é aqui que eu tenho o meu património e, por isso, é aqui que eu tenho que investir”. Paixão por cavalos Segundo o proprietário desta coudelaria “não há nenhum criador que crie cavalos apenas por dinheiro”, garantindo que existe sempre uma paixão enorme por detrás deste negócio. “Isto exige uma enorme dedicação. Não há horários, não há fins de semana, não há feriados. Só mesmo com paixão conseguimos concretizar este projeto”, acrescentou Mário Sobral, monitor de equitação e responsável pelos treinos dos cavalos da coudelaria Lusitanos Aníbal Liberal, que também esteve presente na entrevista. Desta coudelaria fazem parte dez éguas, três cavalos e três poldros: o Ditador (o garanhão da criação de cavalos), o Snob e o Herudito (o futuro garanhão/cavalo reprodutor). Ao longo da conversa foram, ainda, denunciados os principais constrangimentos desta atividade. O primeiro tem a ver com o caráter extremamente dispendioso associado à criação de cavalos. “Uma égua só pode ter filhos após cinco anos. Depois é um ano à espera que ela tenha a cria e esperar que essa cria seja boa para reaver o investimento”, explicaram os intervenientes nesta conversa, garantindo que o apoio da Câmara Municipal de Trancoso, Junta de Freguesia e demais patrocinadores é valioso para que seja viável esta aposta. O segundo constrangimento prende-se com o risco que se corre neste negócio. “Nada garante que os cavalos vão ser bons. É um risco muito grande e um processo muito moroso”, concluíram. A esperança está agora do lado do Herudito devido a este ser um cavalo de uma linhagem muito boa (é primo do famoso cavalo Rubi –

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Aníbal Liberal e Mário Sobral


Lusitanos aníbal liberal | cavalo lusitano mais tarde, numa prova onde estarão presentes todos os vencedores das diversas regiões do nosso país. Mas, nem só em competições brilha o cavalo lusitano. Aníbal Liberal deu-nos conta do constante crescimento que se tem assistido na procura por esta raça e as razões são muito objetivas e claras: “para além de serem muito versáteis, são, também, cavalos fáceis de montar por serem mais pequenos”, elucidou-nos o proprietário da coudelaria. Um desporto para todos Em tom de curiosidade, os nossos entrevistados alertaram a nossa revista para algo muito interessante: a igualdade

de género existente na equitação. “A equitação é o único desporto em que homens e mulheres competem em pé de igualdade, ao mesmo nível. Isto demonstra que este é um desporto inteligente e evoluído. Não há diferenças entre homens e mulheres. Ambos competem da mesma forma e uns contra os outros”. Por fim, ficaram os desejos e objetivos futuros: “a ideia é competir por todo o país com um cavalo da casa. O futuro passa por sermos conhecidos em todo o país, mas, também, fora dele”, finalizaram.

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IMOBILIÁRIO E REABILITAÇÃO A reabilitação urbana corresponde a uma modalidade de intervenção arquitetónica, baseada no desempenho de obras de remodelação, com vista à conservação ou modernização do património imobiliário. De acordo com Reis Campos, presidente da Direção da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), a necessidade de investir em reabilitação urbana é, nos dias de hoje, um tema da maior importância e atualidade para o nosso País. Por este motivo, há anos que defende a necessidade de reconhecimento da reabilitação dos centros urbanos como um vetor imprescindível para o desenvolvimento sustentável das cidades e para a melhoria das condições de vida das populações e do País. É, pois, forçoso inverter completamente o paradigma dos últimos anos em matéria de reabilitação. Aos centros urbanos degradados, às vezes mesmo em ruínas, desertificados e inseguros, que marcam a paisagem atual, temos de contrapor a renovação desses espaços, tanto públicos como privados, dotando-os de condições de atratividade, conforto e segurança capazes de captarem novos residentes e novas atividades. É vital que isso aconteça em defesa da construção, do emprego, da economia, da qualidade de vida, do ambiente e da defesa da nossa identidade histórica e cultural.


tribosaicos | imobiliário e reabilitação

O local onde a satisfação dos clientes é a prioridade Localizada no concelho de Torres Novas, a Tribosaicos é uma empresa que exerce, desde 2011, diversas atividades respeitantes ao setor imobiliário. A diversificada panóplia de serviços que oferece bem como a situação atual da empresa foi explicada pela proprietária Helena Brogueira.

Helena Brogueira Proprietária

Fator diferenciador: disponibilidade total Contrariamente à construção civil, que esteve em queda nos últimos anos, a Tribosaicos cresceu substancialmente e isso deveu-se, segundo a sua administradora, a um fator determinante: a total disponibilidade demonstrada por si e pela sua equipa a todos os seus clientes: “A minha equipa é multidisciplinar e foi o rigor com que fazemos as coisas e a nossa disponibilidade que fez com que conseguíssemos chegar onde chegamos”, garantiu. Também Vasco Caranguejeiro, marido de Helena Brogueira, faz parte desta empresa: “Eu estou mais na parte administrativa e ele na parte operacional porque temos 20 carros, tratores e máquinas e uma grande estrutura para gerir”.

A nossa entrevistada tem formação na área da Engenharia Agrícola e exercia funções de Técnica de Batatas, enquanto o seu marido administrava uma empresa de construção civil. Tendo em conta que a campanha das batatas começa em novembro e termina em agosto, Helena Brogueira, deparava-se com uma série de meses sem atividade. Assim, começou por ir junto das entidades bancárias por forma a fazer remoções (retirar pertences e limpar os imóveis para serem colocados no mercado). A aposta neste nicho de mercado revelouse promissora com o aumento de entregas de casas, empresas e outros imóveis à banca, resultantes da crise económica e financeira atravessada nos últimos anos. Helena Brogueira começou sozinha com dois familiares e, actualmente, conta com uma equipa de 40 funcionários, sendo que 3 são permanentes no Funchal. A sua empresa exerce atividades que se dividem em três áreas distintas: a manutenção imobiliária, a construção e reabilitação do património edificado e os facility managements: “Fazemos desde o arrombamento de portas à entrega do imóvel, passando pela sua reabilitação, pintura, limpeza e acompanhamento ao agente de execução”, explicou a nossa entrevistada. Cerca de 80 por cento do trabalho desenvolvido pela Tribosaicos é para entidades bancárias (Montepio, Novo Banco e BCP), no entanto, condomínios e particulares também fazem parte do leque de clientes desta empresa multifuncional.

Responsabilidade social Outra das particularidades da Tribosaicos prende-se com a sua mão-de-obra: “Trabalhamos muito com pessoas que vêm da reabilitação social, porque eu gosto de dar segundas oportunidades às pessoas”, confidenciou Helena Brogueira, acrescentando: “Alguém tem que lhes dar uma oportunidade, eu faço a minha parte e eles quando trabalham, trabalham bem”, reiterou. O prémio Gazela foi, para a nossa entrevistada, o reconhecimento de todo o trabalho que tem desenvolvido nos últimos seis anos à frente da Tribosaicos: “Temos passado sempre muito despercebidos, mas fico feliz que alguém tenha reparado no trabalho que efetuamos”, disse orgulhosa a empresária. Em fim de conversa, ficaram as perspetivas futuras: “Queremos trabalhar mais com particulares, nomeadamente na área de restauros e reabilitações. Penso que o futuro da Tribosaicos será crescer na área em que já domina”, finalizou Helena Brogueira.

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imobiliário e reabilitação | rmf construções

Profissionais na arte de construir A RMF Step 2 Success é uma empresa de construção civil que executa todo o tipo de serviços, com base na qualidade e no profissionalismo. Com sede em Carregal do Sal, é no distrito de Viseu que exerce maior influência, embora realize trabalhos por todo o país. Rui Ferreira é o responsável pelo projeto que foi distinguido como Empresa Gazela em 2016.

Rui Ferreira CEO

forma a valorizar o crescimento e o sucesso. Acaba por ser também um incentivo, porque se fomos reconhecidos no ano passado, este ano vamos trabalhar ainda com mais afinco para continuar a ser distinguidos”, garante. E assim deverá ser, já que a agenda da RMF Step 2 Success para este ano está totalmente preenchida.

“Procuramos a excelência na execução das nossas obras com o objetivo da satisfação total do cliente”, começa por explicar o CEO, justificando o sucesso que a RMF Step 2 Success tem alcançado nos últimos sete anos. Fundada em 2011, surgiu da dinâmica e da experiência de Rui Ferreira, cuja família já tem tradição na área da construção. Em entrevista à Revista Business Portugal, o empresário conta que trabalhava numa multinacional francesa como chefe de equipa, quando, em 2007, decidiu sair e apostar num projeto em nome próprio. Ao início com o apoio do pai, Rui Ferreira aproveitava os fins de semana para utilizar as suas máquinas e equipamentos em obras de amigos e assim ganhar mais experiência para criar a sua empresa. Assim, em 2011, surgiu a RMF Step 2 Success. “O meu pai ofereceu-me uma carrinha de trabalho antiga, que já não utilizava, e contratei o meu primeiro colaborador, que hoje é o encarregado da empresa”, recorda o empresário. Com o tempo, foram surgindo obras maiores e a necessidade de aumentar a equipa, que atualmente é de 16 elementos, bem como de expandir os serviços prestados. Hoje, a RMF Step 2 Success realiza a construção de edifícios e estruturas, em obras públicas ou privadas, arranjos exteriores, reabilitações, acabamentos,

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pinturas, isolamentos, tetos falsos, piscinas e todo o serviço de máquinas, desde poços, limpezas ou terraplanagens. Empresa Gazela 2016 Com crescimento de cerca de 400 por cento em três anos, foi natural o reconhecimento da RMF Step 2 Success como Empresa Gazela no ano passado. O conceito de Empresa Gazela, assumido internacionalmente, corresponde a empresas jovens e com elevados ritmos de crescimento, sustentados ao longo do tempo. São organizações inovadoras, capazes de se posicionarem de forma diferenciadora nos mercados, nos quais afirmam a sua competitividade e constroem sucesso a um ritmo acelerado, contribuindo fortemente para a criação de emprego. Para Rui Ferreira, tal distinção é de extrema importância, pois funciona como um incentivo à continuidade do profissionalismo e da qualidade: “Acredito que são de louvar todos os reconhecimentos que as empresas possam ter, de

Responsabilidade social A qualidade de uma empresa mede-se ainda pela preocupação em colaborar com as necessidades da região em que se insere. A pensar nisso, e visto que muitos dos clientes da empresa são de classes económicas altas, a RMF Step 2 Success tem uma política de reaproveitamento de loiças e equipamentos que se encontrem em perfeitas condições (obtidos em reformulações de casas de banho, por exemplo) e utiliza-os, gratuitamente, em reformulações solicitadas por clientes de menos posses que necessitem urgentemente desses serviços. Ao mesmo tempo, e em conjunto com uma outra empresa da região, a RMF Step 2 Success realiza eventos de beneficência em prol de pessoas que estejam a passar por um período difícil: “Acreditamos que são estes pequenos gestos que podem melhorar muito a vida de alguém”, refere Rui Ferreira. O futuro perspectiva-se, portanto, de continuidade. A RMF Step 2 Success encontra-se, neste momento, em processo de recrutamento, de forma a fazer face aos muitos serviços solicitados: “Queremos continuar a lutar pelo sucesso e pela continuidade do trabalho. Queremos trabalhar da melhor forma possível, esforçando-nos por deixar um sorriso na cara dos nossos clientes”, conclui.



INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO Cada vez mais o empreendedorismo é visto como um meio para fazer avançar as sociedades ao nível da criação de emprego, promoção da criatividade e da inovação, oferecendo também um valioso contributo ao nível da responsabilidade social. Portugal necessita de uma verdadeiro impulso empreendedor, em que escolas e universidades terão um papel fundamental, dado que precisamos de ajustar currículos a uma educação mais virada para o fomento do empreendedorismo. Temos muito a fazer no que toca a alteração de mentalidades, dado que somos uma sociedade virada para formar trabalhadores por conta de outrem e funcionários públicos, desperdiçando talento e criatividade que, com o devido enquadramento de base, poderia ser gerador de novas empresas e criador de novos postos de trabalho, renovando o nosso tecido empresarial, fator fundamental para atingirmos o nível de crescimento a que aspiramos. A criação de novas empresas tem um impacto positivo não só no emprego, mas também na inovação, na produtividade e na renovação do tecido empresarial. Atualmente, a nova geração de investigadores e cientistas, que, com ousadia, têm demonstrado estar ao nível do melhor que se faz no mundo, são outro aspeto da maior relevância para o nosso futuro. Assim sendo, a aposta no empreendedorismo é um grande passo para o crescimento económico sustentado e para uma maior prosperidade global.


Onde cada projeto

financertus | inovação e empreendedorismo

é único

A Financertus nasce em 1990. Como começa este projeto? O projeto Financertus resultou do meu percurso profissional, essencialmente ligado ao setor do turismo, que desde muito cedo se desenvolveu em conjunto com empresários, instituições financeiras, arquitetos, engenheiros e outros técnicos, potenciando conhecimento e experiência de vida muito importantes na criação dos alicerces pessoais e profissionais que todos pretendemos estabelecer para o futuro. O gosto pela atividade exercida aliada ao reconhecimento dos clientes transformou-se em paixão, dando forma a um projeto abrangente de apoio ao tecido empresarial de investimento no turismo. Estão focados na área do turismo. Porquê esta aposta? Entendemos que numa economia globalizada, a competitividade das empresas deverá assentar na sua especialização. Resultando a Financertus do percurso profissional do seu responsável, com experiência e conhecimentos do setor onde não existia uma empresa com propostas de solução global para estudo, desenvolvimento e implementação de projetos de investimento de forma coordenada, decidiu-se pela sua constituição. Preencheu-se desta forma uma lacuna na oferta de prestação de serviços numa área que sempre consideramos com bom potencial de crescimento. Quais os vossos valores e missão? São simples. Como valores, para nós é fundamental tratar cada projeto e os seus promotores como únicos, na realidade como se fosse nosso. Essa postura de envolvimento, uma vez reconhecidos o desempenho, persistência e alcance dos resultados, consolidam relações e geram confiança em resultado do esforço e dedicação que sempre imprimimos aos trabalhos que executamos. Como missão, apoiar os empresários nas análises e decisões estratégicas dos seus investimentos nas diversas áreas em que se integram,

José Manuel Inácio Administrador

Conversámos com José Manuel Inácio sobre a Financertus, uma referência há quase 30 anos no mercado da consultoria, ligada essencialmente ao turismo, uma área em franco crescimento em Portugal. procurando a oportunidade da sua realização com uma minimização de custos e maximização de resultados. Falamos de um ‘serviço chave na mão’. Este é um dos vossos elementos diferenciadores? Sem dúvida. Num mercado cada vez mais dinâmico e exigente, a ineficiente gestão de um projeto poderá determinar, ou não, a sua concretização. Num contexto de solução global ‘ou aproximada’, garante-se o plano de negócios adequado ao futuro empreendimento, a assessoria técnica aos projetistas através do estudo e otimização funcional, bem como a criação de modelos eficazes de gestão visando o alcance do binómio atração de clientes e a sua tradução em resultados financeiros. Esta gestão do projeto começa com a programação e coordenação financeira e funcional, passando pela organização e acompanhamento dos processos necessários às várias fases de licenciamento, avaliação das necessidades operacionais quer em mobiliário, decoração e equipamentos, bem como no âmbito dos recursos humanos, comunicação e imagem, entre outros. Importante será ainda o garante da organização dos programas de concurso necessários por áreas de intervenção assentes em estudos credíveis, o acompanhamento dos trabalhos em obra conjugando os vários atores e os prazos de execução estimados. Este envolvimento gera conforto aos empresários quanto à gestão do seu tempo, cada vez mais escasso, não potenciando diluição de responsabilidades e garantindo eficácia de procedimento. Que outros serviços disponibilizam aos vossos clientes? Pretendemos que o empresário nos contacte não só pela elaboração de projetos, como por muitos outros fatores, de entre os quais estudos de mercado; planeamento estratégico; assessoria diversa às suas equipas de projeto, jurídica e fiscal; apoio à gestão operacional; criação de imagem corporativa dos seus empreendimentos; auditorias funcionais

e de qualidade de serviços; auditorias processuais e apoio logístico e marketing. O que vos distingue das demais empresas de consultoria? Preferimos que essa avaliação seja externa. Contudo, o que poderemos afirmar é o gosto por aquilo que fazemos e o sentimento intenso e vivido por todos que aqui trabalham no máximo de apoio ao cliente, partilhando experiências diárias com a perspetiva de alcance de resultados no exercício de uma atividade da qual não queremos abdicar. Esta postura tem sido reconhecida, potenciadora do crescimento e consolidação da empresa que hoje apresenta um portfólio extenso, nos orgulha e motiva a continuar, secundarizando ganhos comerciais e priorizando objetivos estratégicos, empresariais e pessoais. O que reserva o futuro à Financertus? Resultado de um estudo do Banco de Portugal a mais de meio milhão de empresas, o seu tempo médio de existência ronda os 10 anos. Se considerarmos os nossos 27 anos e acrescermos o reconhecimento empresarial ao nosso exercício, acreditamos que continuaremos a ocupar um lugar interessante no setor. Por outro lado, o forte crescimento previsto exige empresas credíveis, capazes de responder a novos desafios, e onde num mercado altamente competitivo só algumas terão capacidade de os alcançar. Consideramos que ao integrarmos o reduzido número de consultores com know-how para os projetos em crescente inovação, só poderá estar agradecida e encarar o futuro como promissor.

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inovação e empreendedorismo | dapaferro

Soluções únicas à medida de cada desafio Daniel Silva e Pascoal Pereira constituíram a Dapaferro – Serralharia Civil, Lda. em 2004, começaram por arrendar um pequeno barracão, foram adquirindo algumas máquinas e, hoje em dia têm instalações próprias com dimensões consideráveis. A Dapaferro – Serralharia Civil, Lda aposta na qualidade e inovação, pretendendo assegurar soluções criativas e eficientes para o mercado de produtos em aço inox e ferro.

Daniel Silva e Pascoal Pereira Administradores

Estamos sediados no concelho de Leiria há mais de 13 anos, onde somos reconhecidos como uma empresa de confiança, sólida, competitiva e em constante adaptação aos mercados nacionais e europeus. A empresa dedica-se ao fabrico e montagem de gradeamentos, escadas, portões residenciais, piso tátil, entre outros, em ferro e aço inox, utilizando sempre as mais novas tecnologias. Perfeitamente integrados no contexto atual do mercado, oferecemos os nossos serviços através de uma equipa de profissionais com experiência no sentido de poder satisfazer as necessidades dos clientes e exigências técnicas dos trabalhos, tendo sempre como fim servir os nossos clientes com qualidade, eficiência e rapidez. Procurando assim corresponder às expectativas dos clientes mais exigentes. Primamos ainda por um planeamento e execução de trabalhos marcado pela estrita obediência aos normativos legais e/ou regulamentos e normas internas de cada cliente. A sociedade Dapaferro – Serralharia Civil, Lda., dotada de equipamentos e tecnologias

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dapaferro | inovação e empreendedorismo

de ponta, é extremamente conceituada no ramo da fabricação de produtos no segmento de acessibilidade em geral, e em particular no caso de equipamentos para pessoas que sofrem de deficiências visuais. O piso tátil em chapa de aço inox que é fixado ao chão fornece auxílio na locomoção a pessoas deficientes visuais. Pois com a aposição do presente produto, as pessoas com diversos tipos de deficiência visual saberão quando se encontram próximos de degraus, desníveis ou obstáculos ao seu percurso, ao entrarem em contacto com o piso tátil em chapa de aço inox. Este tipo de piso encontra-se normalmente em começos e finais de escadas, rampas, lancis, junto a estações de comboio, metro, estádios, teatros, ginásios,

escolas, centros comerciais e nos interiores de quaisquer outros edifícios de acesso ao público. Em suma, o piso tátil, em chapa de aço inox, encontra-se em todos os locais que poderão constituir obstáculos à acessibilidade de pessoas com deficiência visual. Este produto está certificado e registado.

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inovação e empreendedorismo | servireboques

Transportar com confiança Nasceu na Alemanha e cresceu rodeado de carros e camiões. Teve o primeiro contacto profissional com apenas 12 anos e a paixão foi imediata. Atualmente, João Gomes lidera a Servireboques que é já uma referência no mercado nacional e internacional. Além da qualidade de serviço, a empresa dedica-se ainda ao transporte de produtos químicos e é especialista em ADR. Fique a conhecer este caso de sucesso na Batalha que se distingue pela confiança.

João Gomes Administrador

Na Batalha já quase todos conhecem a Servireboques pelo seu trabalho na área dos transportes. Fundada a 15 de Junho de 2000, teve sempre como missão primar por um serviço de excelência, sempre em busca de soluções para a entrega dos produtos com a maior rapidez ao mais baixo custo. O negócio já corria bem mas a partir de 2016, com a administração de João Gomes, o crescimento foi notório. O gosto por carros já existia e intensificou-se com o primeiro contacto profissional aos 12 anos, através da empresa do tio. João nasceu na Alemanha, mas as raízes portuguesas continuam bem presentes, por isso aos 25 anos, voltou ao seu país de origem para trabalhar e o setor só podia ser um: os transportes. Com alguma experiência acumulada enquanto funcionário, em ambos os países, chegou à Servireboques em 2015 e um ano foi suficiente para adquirir a empresa e tornar-se sócio-gerente. “Desde o início definimos um crescimento linear entre 08 a 10 por cento por ano”, destaca. Especialistas ADR Com a ambição sempre presente, esta é mais do que uma empresa de transporte e logística. Nos últimos anos, a Servireboques tem apostado no transporte de produtos químicos como tintas, corantes e outras matérias consideradas perigosas (ADR). Todos os motoristas têm a devida formação e a frota está preparada para este tipo de serviço. “Existem mais empresas a fazer o transporte de produtos químicos, mas queremos destacar-nos como especialistas ADR. Na importação, 80 por cento das cargas que chegam são produtos químicos, nem todos considerados ADR”, exemplifica o administrador. O objetivo está definido, mas não é único, até porque a Servireboques transporta ainda papel, moldes, plásticos, aço e vidro. Toda a mercadoria que chega devidamente embalada para o transporte dentro de um camião de lona, como os existentes na empresa, é possível de transportar. “A maior parte dos carros que saem de Portugal, destinados à exportação, são de clientes nacionais. Na importação é que temos clientes

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estrangeiros, com foco nos produtos químicos. Temos um nível de trabalho equilibrado entre o mercado nacional e internacional. Faz parte da nossa política desde o início: ter um cuidado especial com ambos os mercados apesar de já existir alguma flexibilidade e contacto com o exterior”, frisa João Gomes. Apesar do principal mercado ser o alemão, dada a ligação e contactos efetivados, esta empresa é acima de tudo portuguesa e encontra-se disponível para todos os que requisitam os seus serviços. A importância da frota Ao longo destes anos, a evolução tem sido positiva e a Servireboques trabalha para empresas com alguma dimensão, quer nacionais como internacionais. Reconhecida por um serviço de transporte de excelência com a maior rapidez, a frota encontra-se ao mesmo nível. Atualmente, é composta por 35 veículos e o objetivo é chegar aos 40 durante o primeiro trimestre de 2018. Uma estrutura pesada que exige um esforço substancial, já que as viaturas têm uma idade média de


servireboques | inovação e empreendedorismo 3 a 4 anos. Devido à evolução técnica e tecnológica, João Gomes assume-se como uma pessoa atenta à inovação que valoriza a constante renovação da frota. Para garantir o bem-estar do motorista, tal como evitar paralisações desnecessárias. As avarias podem acontecer a qualquer momento e o sócio-gerente prefere minimizar os riscos, até porque transporta matérias perigosas. No total, a Servireboques, é composta por 43 colaboradores, entre motoristas e staff do escritório. Uma equipa jovem e ambiciosa que trabalha em prol do mesmo objetivo e transmite confiança aos clientes. O reconhecimento por parte dos clientes é, cada vez maior, e traduz-se na procura crescente pelos serviços, daí a preocupação da empresa em crescer e inovar, para dar resposta a todas as exigências do mercado. O estatuto de PME Líder constitui mais uma prova da evolução saudável e, no ano passado, foi concluído o processo de certificação de qualidade. “Sentimos, cada vez mais, que somos uma referência na região. Apesar de ser uma

empresa relativamente jovem, creio que aos poucos chegaremos mais longe”, afirma. Esta é uma apresentação geral da Servireboques, mas não ficamos por aqui. Na próxima edição, João Gomes fala-nos da importância de ter uma equipa dinâmica, do estado do setor dos transportes em Portugal e outros detalhes que estão na origem do sucesso. A dedicação mantém-se, mas outros projetos irão surgir no futuro com a mesma qualidade, confiança e paixão pelas quatro rodas.

Transportes Internacionais e Logística

www.servireboques.com

especialista | ADR | expert spezialisiert auf Transport gefährlicher Güter

Rua José Sousa Ribeiro, Nº 6 | Jardoeira | 2440-387 Batalha | PORTUGAL | Tel.: + 351 244 764 800 | Fax: + 351 244 764 809 | geral@servireboques.com

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inovação e empreendedorismo |intermarché moita

Uma mercearia grande

Hiugo e Sandra Almeida Administradores

A proximidade à localidade onde se insere, bem como aos seus habitantes, caracteriza o Intermarché da Moita num supermercado que se identifica como “uma mercearia grande”, onde todos se conhecem. Aqui encontrará produtos frescos e nacionais (quando não são mesmo locais), e todos os serviços que poderá precisar, aos preços mais competitivos.

Hugo e Sandra Almeida conheceram-se através do emprego que ambos tinham, na área da optometria. Atingiram um ponto nas suas carreiras onde sentiam a necessidade de uma mudança, na qual pudessem enveredar juntos. Eram vários os familiares que trabalhavam dentro do grupo «Os Mosqueteiros», alguns dos quais proprietários de um estabelecimento Intermarché. Naturalmente, esses mesmos familiares sugeriram que o casal se associasse ao grupo, o que fizeram corria o ano de 2012. Integraram o processo de formação, o qual algo demorado. Em 2014 conseguiram a alçada da atual loja que administram: o Intermarché da Moita. Projeto com alguma antiguidade, foi erigido em 1993 e era considerado relativamente complicado de administrar. Foram necessárias bastantes renovações: as obras à estrutura foram realizadas pelo próprio grupo antes do casal assumir o compromisso, as restantes modernizações ficaram ao seu encargo. Hugo e Sandra sempre manifestaram a vontade de trabalhar nesta região, uma vez que habitavam perto, e não ficaram desencorajados com este desafio. Já conheciam a Moita, a qual tem “uma vida muito própria”, afirmam, “é uma vila pequena, mas dinâmica. Os habitantes têm algo de extraordinário, toda a gente se conhece. Juntamos o útil ao agradável, que por acaso é o antigo slogan do Intermarché, e ficámos com o projeto”. Em comparação com o setor profissional onde trabalhavam anteriormente, esta área é mais complicada, admitem, mais trabalhosa e exige uma gestão mais apertada, muito devido à rotação bastante frequente dos produtos comercializados. Este é um trabalho árduo, só possível de desempenhar com gosto, dedicação e disponibilidade.

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intermarché moita |inovação e empreendedorismo Empregam 50 colaboradores e Hugo e Sandra Almeida sabem o nome de todos eles. “Identificamo-nos como uma mercearia grande: sente-se um ambiente familiar”, expõem. Não podíamos deixar de inquirir os nossos entrevistados acerca dos motivos pelos quais os consumidores deveriam escolher o Intermarché como local onde fazer as suas compras. “Antes de mais”, expôs Hugo Almeida, “porque temos sempre os preços mais competitivos. Depois, porque temos os produtos mais frescos e apostamos nos fornecedores locais. Por exemplo, a carne que vendemos é 100 por cento portuguesa e o peixe somos nós que o vamos buscar pessoalmente à lota”. Se estes motivos não são o suficiente para convencer o consumidor indeciso, será importante referir que no Intermarché da Moita encontra todos os serviços que poderá necessitar: desde a ervanária, até ao sapateiro, a farmácia, a florista, a papelaria, o cabeleireiro, a loja de animais, o posto de abastecimento e o restaurante, são 1750 metros quadrados disponíveis ao cliente, ambiente proporcionado pelos proprietários. A ligação ao local implica muito mais do que conhecer os consumidores. O Intermarché da Moita apoia várias associações e instituições por sua própria iniciativa, ou por receberem pedidos por parte das mesmas. Desde donativos a apoios monetários, colaboram com a Santa Casa da Misericórdia, com famílias carenciadas, com a Raríssimas Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras, com os Bombeiros e com várias associações desportivas. O grupo

«Os Mosqueteiros» partilha desta visão, embora seja escolha individual de Hugo e Sandra implementarem-na. Estes projetos, confessam, são muito gratificantes.Também têm presença relevante nas festas da região, as quais patrocinam. A Câmara Municipal da Moita incentiva-os nessa direção. Futuramente, pretendem manter a gestão equilibrada, que têm praticado até ao momento, e continuar a apostar em melhoramentos constantes que beneficiem os consumidores. Para concluir, Hugo Almeida deixa um agradecimento a Vítor e Carla Bento, sua irmã e cunhado, e aos seus pais, “sem os quais nada disto seria possível”.

Qualidade e preços baixos, só com combustíveis cá dos nossos.

Moita

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inovação e empreendedorismo| apisland

Terra de abelhas! A Apisland é uma empresa formada em 2006 que se iniciou na exportação de méis portugueses, a granel, para o resto do mundo. O seu nome teve origem nesta ideia o que, traduzido literalmente, significa ‘Terra de Abelhas’. E o nosso país é indiscutivelmente uma terra de abelhas, visto que desde tempos imemoriais estes inteligentes insetos polinizam e colhem o néctar da nossa flora, obtendo vários tipos de méis de múltiplos sabores, doces aromas e variadas cores. A Revista Business Portugal esteve a conversa com João Mestre.

Para que possamos contextualizar os nossos leitores, pedia-lhe que nos contasse como surge a APISLAND. A Apisland surgiu da necessidade de promover e comercializar o mel português a preços justos à produção. Na altura todo o mel português era escoado para Espanha e daí saía como mel espanhol ou misturas de méis da CE e não CE. Na França e na Alemanha, dois dos maiores importadores mundiais de mel, não sabiam da existência de mel português. Foi através do trabalho da Apisland que o mel português é hoje conhecido fora da Península Ibérica e reconhecido como um produto de excelente qualidade. Qual o seu propósito e missão? A primeira missão, de dar a conhecer os nossos méis fora da Península Ibérica, foi cumprida. A missão de agora é dar a conhecer os nossos méis no nosso país, pois existe algum desconhecimento dos nossos consumidores sobre os nossos méis. Estão habituados aos mais comuns, rosmaninho, laranjeira, eucalipto e urze, mas existem mais dez tipos diferentes, girassol, trevo, castanheiro, alecrim, tomilho, floresta, flores silvestres, medronheiro, alfarrobeira e de montanha. Cada um tem sabor, aroma e cor distintos consoante o seu tipo. Nas feiras em que damos provas é curioso e agradável vermos a satisfação e surpresa das pessoas ao ficarem a saber desta grande diversidade

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de méis num país tão pequeno. Há o problema de hoje em dia a maioria do mel que se encontra no mercado ser de misturas da CE e não CE, ou seja, são misturas de méis chineses, europeus e da américa latina, cuja qualidade é muito inferior ao nosso. O mel, para ser benéfico à saúde, tem que ser consumido no seu estado puro, como nós o comercializamos. Ao fazerem-se essas misturas destroem-se as propriedades naturais do mel, não tendo assim qualquer efeito benéfico para o nosso organismo. Por isso aconselhamos todos os consumidores a lerem no rótulo a origem do mel e preferirem o português. Pois se é tão apreciado noutros países também o deve ser cá. Infelizmente acontece com o mel o mesmo que acontece com muitos outros produtos portugueses, exportamos o bom e importamos o mau. Por isso é nossa missão colocar todos os consumidores e apreciadores de mel a

consumirem os méis de Portugal. São a empresa líder em Portugal neste setor. Como se alcança este patamar? Com muito esforço, dedicação, paixão, e muito respeito e reconhecimento pelo trabalho que os apicultores portugueses realizam para a obtenção destes méis únicos. Que produtos comercializam? Mel e Pólen. Em que países, por intermédio da APISLAND, podemos encontrar os méis e pólen português? Fora de Portugal existem lojas a venderem os nossos méis e pólen em França, Alemanha, Polónia, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos da América. Qual a aceitação dos nossos produtos no exterior? A aceitação está a ser fantástica! Todas as semanas recebemos e-mails de consumidores

que compram os nossos méis nos países referidos e que nos dizem que nunca tinham provado nada igual. É uma enorme satisfação recebermos este feedback dos consumidores. O vosso compromisso ambiental é também um dos vossos elementos diferenciadores. O nosso compromisso ambiental é essencial. Repare que a apicultura é uma atividade que depende das condições climáticas. Estamos devastados com os incêndios que estão a decorrer em Portugal, onde milhares de colmeias foram destruídas pelos fogos. As abelhas não são só produtoras de mel, são também os principais polinizadores do ecossistema silvestre. Quais as vossas expectativas para o Fórum de Apicultura? As expectativas são as melhores. Os Fóruns de Apicultura são eventos onde se encontram apicultores, indústria e os organismos estatais responsáveis pelo setor. E onde se apresentam e se debatem projetos e inovações para a apicultura. Por onde passa o futuro da APISLAND? O futuro da Apisland passa por implementarmos a nossa marca em Portugal, continuarmos o nosso bom trabalho na exportação e inovarmos em novos produtos à base de mel e pólen.



LISBOA Lisboa é a capital de Portugal e polo duma região multifacetada que apela a diferentes gostos e sentidos. Tanto a norte como o a sul da capital, a grande variedade de paisagens e património fica sempre a curta distância. Com praias, parques naturais, percursos culturais e alojamento para todos os gostos, é difícil escapar à região de Lisboa numa visita a Portugal. Paralelamente, Lisboa possui uma ampla variedade de razões para atrair investimentos – que vão desde a sua situação geoestratégica privilegiada, o seu papel como centro económico de uma vasta região, dotada de recursos humanos qualificados, até ao seu ambiente cosmopolita, enriquecido com uma elevada qualidade de vida. Por outro lado, a cidade revela preocupações com o ambiente, a criatividade e o empreendedorismo, possuindo uma ampla e competitiva oferta habitacional, sendo também, uma das cidades mais seguras da Europa. Lisboa tem vindo a desenvolver estruturas de apoio ao investimento e ao empreendedorismo. A estratégia de Lisboa, planeada para promover a valorização económica da cidade e atrair novos investimentos.


uon imobiliária | lisboa

“Uma parceira na medida exata dos interesses de cada cliente” A UON Mediação Imobiliária apresenta-se como uma solução diferenciadora no mercado. Sediada em Lisboa, integrada num Grupo com mais de 25 anos de experiência e conhecimento tem como ADN rigor e qualidade nos serviços que presta. Perante os sinais positivos em que a UON se revê, facilmente percebemos o profissionalismo que caracteriza esta entidade, mas foi através das palavras de Ana Ferro que o comprovamos. A origem da UON remonta ao tempo em que Portugal emergia de uma conjuntura de grave crise económica e financeira (já lá vão 25 anos). Tinha início um período de crescimento económico. No panorama nacional havia então escassas entidades com know how para realizar avaliações seja imobiliárias seja de equipamentos e foi nessas circunstâncias, que surgiu, em 1990, a Luso-Roux, uma empresa de capital holandês que começou a desenvolver trabalho de acompanhamento de processos de privatizações e vendas. Desde então, a empresa originalmente denominada por LusoRoux tem trabalhado lado a lado com instituições de crédito, seguradoras, consultoras e particulares, criando assim as bases necessárias para obter um crescimento sustentado e marcar uma posição sólida no mercado das avaliações. Esta parceria de proximidade com a Banca permitiu que na viragem do milénio se antecipasse a necessidade de escoamento dos ativos imobiliários com processos de crédito em situação de incumprimento.Nasce assim a Luso-Roux Imobiliária, agora Uon Imobiliária, uma empresa destinada à mediação imobiliária, fundamentalmente na modalidade de leilão.

Um Grupo multifacetado A UON é um grupo que inclui inúmeras valências: consultoria, avaliação e venda de maquinaria, venda de salvados, gestão de sinistros, energias, tecnologia, entre outras. Na vertente tecnológica a empresa tem desenvolvido inúmeras aplicações como resposta às necessidades das empresas que procuram esse serviço. Ana Luísa Ferro tem gerido uma equipa que cumpre com rigor e qualidade todos os processos de análise, consultoria e mediação imobiliária. “Surgimos e fomos pioneiros na solução de Leilões com estas caraterísticas”, contou assim o início da empresa. Por força da crise de 2008, a dinâmica dos Leilões registou alterações e levou à procura de novos rumos, principalmente a mediação tradicional - seja junto das instituições de crédito seja junto de particulares que pretendem vender os seus imóveis. Coexistindo as várias valências no seio do Grupo particularmente no âmbito das avaliações de ativos, a empresa pode oferecer como fator diferenciador o conhecimento profundo do mercado: “isso faz-nos estar sempre um passo à frente”, destacou Ana Ferro.

A internacionalização da empresa O mercado imobiliário tem, nos últimos tempos, revelado forte dinamismo particularmente nos grandes centros urbanos e em localizações com potencial turístico. A UON tem apostado também na internacionalização. “Apostámos muito fora de portas, mais especificamente no mercado brasileiro. Tem sido uma tarefa desafiante mas com resultados visíveis sobretudo no que diz respeito à atividade associada à área seguradora e às avaliações”, explicou Ana Ferro. A empresa marca presença também em Espanha, Polónia, Colômbia e alguns países de África, especificamente os de expressão oficial portuguesa como Angola e Moçambique. O futuro da UON passa sempre por aproveitar as bases construídas e continuar a desenvolver o seu trabalho, tentando sempre antecipar as necessidades dos seus tradicionais parceiros, apoiando-os constantemente.

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lisboa | lopes da silva advogados

Lopes da Silva Advogado

Resoluções eficazes e acompanhamento de proximidade Insolvências: a palavra em si causa apreensão, porém quase todos os problemas têm algum tipo de resolução. Estes casos de matéria jurídica devem sempre ser acompanhados pelo profissional indicado: o advogado, o qual saberá aconselhar a melhor solução para o seu caso específico. No escritório Lopes da Silva Advogados, em Lisboa, o apoio constante ao cliente durante esta fase é a prioridade.

Focado em Insolvências e Revitalizações, o escritório Lopes da Silva Advogados tem um cariz jovem, uma vez que foi constituído em 2013. Quando Lopes da Silva, advogado, iniciou a sua carreira profissional, o país viu-se a braços com um crescimento de insolvências ditado pela conjuntura económica. Lopes da Silva, porta-voz deste Gabinete de Advogados, trabalhou num escritório com presença forte nesta matéria, na qual se especializou. Os diversos processos que acompanham de norte a sul do país (incluindo ilhas) consolidaram conhecimentos e providenciaram

precária, sem possibilidade de recorrer ao crédito bancário e em constrangimento de pagamento. Há várias soluções para cada caso, umas mais intrusivas, outras menos.

experiência para acompanhar os seus casos da forma mais eficaz possível e prever algumas questões que, com frequência, podem suscitar nestas áreas. Cada caso que chega a este escritório é analisado em detalhe de forma a alcançar todos os objetivos pretendidos. A primeira conclusão à qual se tenta chegar é, se for possível, a recuperação da situação financeira mediante um plano de pagamentos. Exposto de forma simples: se não há dinheiro, tal solução não é viável, e urge a apresentação à insolvência. Importa saber distinguir em que etapa se encontra o devedor: no momento de insolvência por incapacidade de fazer face às responsabilidades financeiras assumidas, ou no momento anterior a esse, no qual se encontra numa situação económica

mecanismos judiciais que surgiram. Uma nova lei, que está em permanente evolução, criou e sustentou novos mecanismos que permitem novas soluções e dispensa a liquidação de património como primeira opção para pagamento de dívidas. Em 2012 foi introduzido o Processo Especial de Revitalização (PER), na altura aplicável a particulares e a empresas, uma imposição da Troika que visava o revitalizar do tecido empresarial. Entretanto, a interpretação da lei foi alterada e o PER deixou de se

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Novos mecanismos de recuperação O número de insolvências tem vindo a crescer desde a crise económica que abalou Portugal. Todavia, nos últimos anos esses valores têm vindo a sofrer alterações para perspetivas mais otimistas devido a fatores como o clima de recuperação económica que se sente nos mercados, bem como aos

aplicar à pessoa singular, mudança com a qual Lopes da Silva não concorda. “Era uma fórmula que funcionava, permitia à pessoa singular recuperar a sua situação económica sem passar pelo estigma da insolvência. Era possível renegociar as dívidas e encontrar outras formas de pagar. Para além disso, se o objetivo era revitalizar o tecido empresarial, o particular também tem um papel nesse efeito, de nada adianta revitalizar empresas se o produto não escoa porque os potenciais consumidores estão insolventes”.


lopes da silva advogados | lisboa A 1 de julho deste ano, o Código de Insolvências e Recuperação de Empresas (CIRE) sofreu mais uma alteração, onde se clarificou a aplicação do PER exclusivamente às empresas, agora com critérios mais restritos para garantir o acesso apenas àquelas em situação económica difícil, e, por outro lado, entrou em vigor o processo especial para acordo de pagamento (PEAP), aplicável a pessoas coletivas que não empresas e a pessoas singulares. No momento que precede a insolvência, quem se encontrar numa situação económica difícil pode apresentar um PER se for uma empresa, ou um PEAP, nos demais casos, para chegar a novo acordo com os credores. Ou seja, é a renegociação da dívida, sem recurso a um novo crédito bancário. A finalidade é agir antes de ser necessário apresentar-se à insolvência e, se possível, evitar a mesma por completo. Se nem sempre se recorre a estes mecanismos é por desconhecimento e constrangimento do público, que tem dificuldade em ser objetivo quanto à situação em que se encontra e, mais tarde, pode ser tarde demais para aplicar uma medida que seria considerada mais adequada. Plano de Insolvência de Empresas Nem sempre um processo de insolvência significa que a empresa feche as suas portas. Apesar de se encontrar em situação de insolvência, poderá ainda ser possível a recuperação da empresa, que se conseguirá mediante a apresentação de um plano de insolvência com recuperação da empresa. Conforme afirma Lopes da Silva, “o importante é determinar se a empresa tem negócio ou não”, esse é o ponto de partida para a recuperação, depois é necessário fazer o encontro de vontades entre a devedora e os credores no que respeita à reestruturação dos créditos. Exoneração do passivo restante No que respeita às pessoas singulares, existe uma medida dentro do processo de insolvência denominada exoneração do passivo restante: trata-se de uma medida de recuperação na qual após a venda do património do devedor, e na hipótese provável de isso não bastar para saldar a

dívida, o mesmo ficará vinculado ao pagamento de um valor mensal durante cinco anos. O tribunal calcula os rendimentos do insolvente e estipula um valor que o mesmo pode manter para si para garantir a sua sobrevivência, todo o excedente será entregue aos credores para amortização da dívida. Quando este período de tempo terminar, é-lhe atribuída uma exoneração, ou seja, o perdão da dívida, independentemente do valor que conseguiu pagar. Neste reiniciar da sua vida o insolvente deverá ter uma atitude mais cautelosa nos seus investimentos, uma vez que passar por uma insolvência lhe dará inevitavelmente outro entendimento das circunstâncias. Confiança nos profissionais As insolvências de pessoa particular ou coletiva são muito específicas e quem procura avançar com um processo desta natureza deve procurar um profissional bem informado e capaz. No escritório Lopes da Silva Advogados, o cliente terá, garantidamente, um acompanhamento próximo por quem tem uma visão mais objetiva dos problemas e das consequentes soluções, para que se sinta apoiado num momento emocional conturbado. É ambição deste escritório que o devedor atravesse o processo de forma consciente e com respeito pela sua vontade, dentro do possível. Toda a matéria jurídica é descodificada para uma compreensão plena. Preparados para todas as questões As insolvências envolvem muitas outras questões jurídicas. Esta abrangência interessa ao escritório de advogados, que também exerce outras áreas do direito, sem perder o foco das insolvências e das revitalizações. Esta amplitude permite preparação para qualquer questão que o cliente possa ter e resolução da mesma. Lopes da Silva Advogados é um escritório onde encontra acompanhamento completo e de confiança.

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Bruno Carvalho, Tiago Miranda Paulo e Andrea Borges

lisboa | iberlínguas

A concretização de um sonho Andrea Borges e Bruno Carvalho são apaixonados pela literatura, cultura e história portuguesa e partilham o gosto pelo ensino. Em 2011, foram recebidos na rua Eça de Queirós, em Lisboa, e inauguraram o Iberlínguas. Além dos cursos presenciais extensivos e intensivos, prestam formação nas empresas e têm ainda um departamento de traduções. Fique a conhecer este projeto que leva as três línguas oficiais da Península Ibérica mais longe.

Costuma dizer-se que de génio e de louco todos temos um pouco. Esta tónica encontra-se bem presente na fundação do Iberlínguas e na vida dos seus administradores. Andrea Borges nasceu em Vila Real, viveu em Coimbra e estudou na Universidade da Beira Interior, onde conheceu Bruno Carvalho. Tornaram-se colegas, companheiros de estudo e eternos apaixonados pela literatura, cultura e história portuguesa. Apesar de terem seguido percursos académicos e profissionais distintos, Andrea no ensino e na formação e Bruno no ramo científico e nos arquivos, voltaram a encontrar-se em Madrid. Aqui perceberam que dar aulas constitui uma forma de enriquecimento pessoal e profissional e transportaram esse gosto até à concretização de um sonho. À semelhança de Fernando Pessoa, o poeta que nunca saia de Lisboa, o Iberlínguas chegou para durar. Apesar de todas as dificuldades, Andrea e Bruno partiram à aventura e inauguraram o centro em 2011. O espaço foi escolhido à distância e o nome Eça de Queirós despertou o interesse deste casal. Numa única viagem de Madrid à capital portuguesa, depararam-se com um espaço ideal localizado numa rua pequena, acolhedora e repleta de alusões à literatura portuguesa. Uma aposta diferenciada Com muito trabalho e esforço, têm visto o projeto crescer e

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contam já com 12 professores. “Criámos uma equipa dinâmica e trouxemos algumas referências e ideias do funcionamento de uma escola em que trabalhamos em Madrid. Esse conhecimento foi muito útil para perceber quais as vertentes que podíamos atuar”, explicam. E realmente este é um instituto que prima pela diferença e apostou nas três línguas oficiais da Península Ibérica. Dedicado ao ensino do Português, Espanhol e Inglês, este centro ibérico tem opções para todos os interessados em aprender ou aperfeiçoar um novo idioma. A oferta passa por cursos anuais, de Outubro a Junho e divididos por trimestres e níveis, dirigido para um público estrangeiro a residir em Portugal que, por questões profissionais ou familiares, optam por cursos extensivos de português. Para quem chega por períodos mais curtos, alguns de férias na capital, existem também os cursos intensivos ao longo de todo o ano e os cursos de verão de Julho a Setembro. “Temos alunos de vários países e é gratificante acompanhar a evolução e ver que saem daqui a falar a língua corretamente”, completam. Com calendários e horários definidos atempadamente, os alunos adaptam-se à dinâmica do centro mediante a sua disponibilidade. Enquanto alguns optam por um ensino diferenciado, através de aulas particulares, outros querem fazer a manutenção da língua e recorrem às aulas interativas via Skype.


iberlínguas| lisboa

O ensino do português A ideia tão comum de que a língua portuguesa é difícil de aprender é confirmada pelos nossos entrevistados. “Queremos que no início todos os alunos tenham uma boa base fonética para depois irem adquirindo vocabulário e construindo frases. A nossa mestria é simplificar a língua de modo a que eles aprendam o melhor possível. Também damos a conhecer a cultura e a História do nosso país para facilitar a compreensão da língua. Tentamos criar pontes entre alunos de nacionalidades diferentes para que abordem acontecimentos históricos dos seus países para provocar um interesse maior”, reforça Bruno Carvalho. Assim, sentiram a necessidade de criar o seu próprio material de ensino, adequado ao método também diferenciado. Um trabalho de constante renovação e atualização em que os alunos são os protagonistas da aula. Seguindo os objetivos especificados no quadro de aprendizagem da língua, os professores acompanham esta dinâmica de trabalho com uma flexibilidade ímpar. A realização de atividades culturais e históricas com os alunos são outra aposta do Iberlínguas que preza conceitos como a amizade e família. Mais do que um instituto Além dos cursos linguísticos, “temos a formação fora da escola, em que o professor se desloca a empresas para dar formação. Muitas vezes fazemos o trabalho de coaching, não fornecendo apenas a transmissão da língua mas também uma relação de confiança. Acabamos por aconselhar e incentivar pessoas, é um trabalho enriquecedor e uma grande responsabilidade”, assegura Andrea Borges. A trabalhar com várias empresas desde a sua fundação, o Iberlínguas teve como primeiro cliente a reconhecida marca Louis Vuitton que continua até hoje. O departamento de traduções constitui uma outra vertente deste projeto criativo. Ao longo destes seis anos, os administradores fazem um balanço positivo e reconhecem o mérito do seu trabalho. Perante as adversidades, não desistiram dos seus sonhos e atualmente têm visto aumentar de forma gradual o número de alunos e empresas. As boas referências como professores no país vizinho foram recomendadas e conquistaram clientes. A pensar no futuro, Andrea e Bruno desejam um crescimento responsável, marcado pela diferença e formação da equipa em prol de uma aprendizagem de sucesso. “A nossa grande ambição seria ter um Iberlínguas espalhado por toda a parte e até mesmo além-fronteiras. Já pensámos no Algarve ou na Ericeira porque são locais que têm alguns estrangeiros e talvez os cursos de verão fossem uma boa aposta”, concluem.

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lisboa | bidding leilões

Onde pode confiar a venda das suas peças

António Henriques e Marta Nunes Gerentes

Peças de artes decorativas à procura de novo proprietário são o core-business da Bidding Leilões, em Lisboa. Há quatro anos que António Henriques e a sua sócia Marta Nunes gerem esta empresa de leilões periódicos, um setor em desenvolvimento e que gera cada vez mais curiosidade.

António Henriques fez parte da equipa de Gestão do Património Artístico do Millennium BCP, onde participou na realização de exposições da Coleção Millennium BCP e pequenos leilões internos, enquanto Marta Nunes passou por outras empresas ligadas ao mercado leiloeiro e ambos juntaram às experiências nas diversas áreas, o mestrado em Gestão de Mercado da Arte, no ISCTE-IUL. Em 2012, o banco passou por uma restruturação, fase na qual, António Henriques, decidiu abandonar a sua ocupação e apostar na fundação da Bidding Leilões, em Lisboa, com o apoio de um antigo professor, a colaboração de uma colega de curso que abandonou o projeto em 2014, e da Marta Nunes que trazia com ela a experiência de ter trabalhado em outras leiloeiras. Os quatro uniram esforços no desenvolvimento da empresa que marca já quatro anos de existência. A Bidding Leilões é procurada por público detentor de antiguidades, obras de arte e artes decorativas, e que as pretendem vender. Realizam, normalmente, um leilão de três dias por mês: um dia dedicado a todo o que envolve papel

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(manuscritos, livros, fotografias, mapas, entre outros) e os outros dois a bens relacionados com as artes decorativas e o colecionismo. Apesar de também existirem online, António Henriques dá privilégio ao leilão físico, uma vez que os cibernautas não são os clientes habituais. Uma semana antes do leilão, o catálogo é colocado na internet para disponibilizar as peças ao conhecimento público, as quais também são expostas nas próprias instalações da Bidding durante três dias, sexta, sábado e domingo, anteriores aos dias de leilão, para que possam ser vistas, manuseadas e apreciadas pelos seus futuros donos. Leiloeiras especializadas em peças de gama alta, já conhecidas no mercado, chegam a encaminhar clientes que procuram este tipo de peças mais acessíveis para a Bidding. A relação entre estas empresas do mesmo setor é saudável, de tal forma que não será possível utilizar a palavra ‘concorrência’. Há sempre nichos e o que se pretende é que o cliente fique o mais satisfeito possível, e isso é o que se pretende ao encaminhar peças específicas para diferentes leiloeiras. O mercado está em desenvolvimento devido a particulares que procuram decorar as suas casas conciliando móveis modernos com peças antigas, pequenos investidores, profissionais do ramo da Arquitectura e decoração de interiores. O recente ‘boom’ do turismo, faz com que também o aparecimento de novos espaços habitacionais, hotéis, turismos rurais, Arbnb, procurem no mercado secundário peças que não surgem com frequência, com alguma antiguidade e uma unicidade que, no mercado primário, não existe (maioritariamente tudo feito em grande escala e com pouca qualidade nos dias que correm) e também comerciantes do setor.

Usufruem de vários fornecedores habituais, do ‘passa palavra’ e de alguma pesquisa comercial. “As peças têm vindo cá ter porque o público sabe que aqui se vendem bem”, esclarece o administrador. Há sempre quem precise de vender este tipo de peças, muitas vezes pertencentes a familiares ou vindos de heranças, e quem as queira comprar, muitas vezes por saudosismo, para investimento ou para decoração, existindo até vários compradores internacionais interessados. “É importante desmistificar”, realça António Henriques, “Os nossos leilões estão abertos a qualquer pessoa e não só a profissionais. Aliás, podem até ser frequentados apenas por curiosos”. Existem várias formas de licitar as peças. Na sala durante o leilão, nas ordens de compra em que os clientes deixam junto do pregoeiro, um valor máximo pelo qual licitam a peça e, se for até esse valor, ficam com ela e ainda os pedidos de licitação por telefone em que os clientes pedem para ser contactados telefonicamente durante o leilão e acompanham por telefone a evolução da peça do seu interesse. Após três anos de existência, a Bidding Leilões já aumentou o seu espaço comercial com uma loja só dedicada a exposição dos lotes referentes ao primeiro dia de leilão, ou seja relacionados com papel, um nicho que desenvolveram quase por acaso. “Já leiloamos cartas de Salazar e bilhetes do Rei D. Carlos para o comandante do iate Amélia IV, entre outras peças curiosas”, revelou com algum entusiasmo. Na opinião do administrador, o futuro da Bidding Leilões passará por consolidar a sua presença no mercado e apostar na divulgação da imagem. “Este negócio terá sempre futuro, é um setor com potencial”. O estabelecimento na Avenida Óscar Monteiro Torres já tem falta espaço porque a procura continua a aumentar.


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lisboa | aerocoope

Rigor na excelência do transporte das tripulações Na rota entre aeroporto e o conhecimento de Portugal surge a Aerocoope, uma empresa de transporte de tripulações sediada bem no coração do aeroporto de Lisboa. João Moura contou à Revista Business Portugal os novos projetos que têm sido desenvolvidos e implementados numa empresa que conta com mais de 40 anos de atividade. adquire o alvará para transporte nacional e internacional de passageiros, culminando o processo de reestruturação da empresa e de uma oferta mais diversificada dos seus serviços, nomeadamente o de aluguer de autocarros para fins turísticos”, contou João Moura, resumindo em breves linhas um pouco da história e evolução da empresa. Atualmente, atravessa uma fase de expansão e crescimento, fruto do aumento de turismo na cidade de Lisboa. João Moura, na frente da Aerocoope há dois anos, tem sido o

João Moura Administrador

A Aerocoope é uma cooperativa que prima na excelência de vários serviços. Diretamente ligada ao turismo, faz o aluguer de autocarros e minibus e realiza o transporte das tripulações que chegam ao aeroporto de Lisboa. A empresa surgiu no pós-25 de abril, em 1975, quando um grupo de pessoas se juntou com o objetivo de providenciar serviços de assistência às companhias transportadoras aéreas. Foi suplementada e erguida como uma cooperativa, chegando a contar com mais de 40 cooperantes. “Em 1991, obteve o alvará para transporte de mercadorias, permitindo efetuar a entrega de bagagem extraviada das principais companhias aéreas. Em 2001,

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responsável por traçar um novo caminho que se tem fundamentado de sucesso. Tem implementado algumas novas filosofias e acrescentou um espírito mais jovem com novas propostas. A melhoria dos sistemas informáticos e o investimento para acompanhar o mercado, têm sido renovações implementadas que rapidamente reforçaram a posição que a Aerocoope já tinha no mercado. Com trabalho realizado essencialmente com as companhias aéreas e agências de viagem têm conquistado cada cliente e credibilizado os seus serviços. Contam com uma frota de transportes que vão desde um Mercedes Class E de 3 lugares, passando pela oferta de mini bus com disponibilidade para transportar até 20 passageiros e autocarros com 53 lugares. O rigor é fundamental, principalmente para obedecer a horários intransigentes, “qualquer atraso na recolha de tripulação num hotel reflecte-se no horário de saída depois

do voo”, referiu João Moura. “É uma responsabilidade muito grande, porque se atrasarmos 15 ou 20 minutos o próprio voo atrasa também. Felizmente, a nossa taxa de incidência é de menos de um por cento ao ano. Temos uma equipa formada há muitos anos, e utilizamos as novas tecnologias para contornar o trânsito. Temos muito rigor no cumprimento dos horários. Outro fator importante são as questões de segurança e confidencialidade. Temos um serviço discreto e viaturas descaracterizadas”, acrescentou. Com uma posição consolidada os passos referentes ao investimento futuro são dados no sentido da aposta no turismo. É uma área que tem vindo a ser notabilizada em Portugal e tem tido recordes históricos. “Como o turismo é uma área de negócio com grande expressão, queremos estar cada vez mais ligados a esse sector. Mantemos a essência da Aerocoope, mas queremos explorar mais o turismo”, aludiu João Moura, explicando a aposta que passará por criar serviços direcionados ao agenciamento e consultaria de turismo. Por agora, enquanto se prepara a ascensão dos novos serviços, o crescimento é sustentado ao acompanhar o desenvolvimento do turismo e investindo em novas viaturas.


empresa | tema

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SANTARÉM O distrito de Santarém está inserido no fértil Vale do Tejo, encontrando-se Santarém, a sua capital administrativa, a menos de 80 quilómetros da Grande Lisboa. Santarém esteve sempre presente nos principais momentos da história de Portugal. Aqui nasceram príncipes, viveram reis, reuniram-se cortes do reino, decorreram batalhas, construíram-se torres e mosteiros, templos e palácios dos mais belos do país. A cidade de Santarém possui igrejas cheias de interesse e o conhecido Jardim das Portas do Sol, jardins rodeados pelas muralhas medievais da cidade, com vistas magníficas sobre o rio e as vastas planícies. Vale a pena visitar a Igreja romano-gótica de S. João de Alporão, onde está instalado o Museu Arqueológico de Santarém, e alguns dos tesouros góticos desta cidade, como a Igreja da Graça, a igreja de Santa Clara ou a Igreja de Santa Maria de Marvila. Merece também visita, o Santuário do Santíssimo Milagre e o Núcleo Museológico do Tempo, instalado na Torre das Cabaças e uma das primeiras gerações de torres-relógio construídas no país. No distrito de Santarém há que destacar um evento anual muito importante. Iniciada em meados do século XVIII, a Feira da Golegã é a Feira Nacional do Cavalo a mais importante e mais castiça de todas as feiras que no seu género se realizam em Portugal e no mundo. A não perder em Santarém são ainda o Festival de Gastronomia, a principal mostra gastronómica do país, que se realiza na segunda quinzena de Outubro e a Feira Nacional de Agricultura / do Ribatejo, na primeira semana de Junho.Á mesa no Ribatejo saboreia-se a afamada Sopa de Pedra, o Carneiro à moda de Alpiarça, o Cozido de Carnes Bravas, a Sopa de Cachola, a Caldeirada à Fragateiro, a Açorda de Sável, o Torricado, o Ensopado de Enguia, sem nunca esquecer a excelente doçaria, como os Celestes, os Arrepiados de Almoster, a Palha de Abrantes, os Queijinhos do Céu, as Tigeladas, as Delícias de Batata, as Broas de Pinhão e Mel... Na lezíria, outros pontos de interesse, como Alpiarça, com a sua bela igreja e a Casa Museu dos Patudos ou Almeirim, conhecida pelos seus vinhos e, em especial, a sopa de pedra. Também as bonitas ruas da cidade de Tomar valem uma visita. Perto daqui, o santuário de Fátima, onde se diz que a Virgem Maria apareceu a três pastorinhos, atrai centenas de milhares de peregrinos por ano.


filstone | santarém

Ricardo Jorge Administrador

“É importante o setor reinventar-se” Ricardo Jorge tem o negócio das pedras no sangue: foi o seu bisavô, Francisco dos Santos “Canteiro”, a iniciar esta atividade que há quatro gerações está na família. Para além desta herança ancestral, Ricardo Jorge é um apaixonado pelo setor, o que o levou a procurar novas oportunidades de negócio no comércio com a China e a fundar há 15 anos a Filstone. A Filstone nasceu em 2002, sediada na

altura ao meu pai que tínhamos que aproveitar

ecológicos. “Nós tentamos cortar a distância

nossa capacidade de fornecer matéria-prima

zona de Fátima e com especialização na extração e comercialização de calcários. A empresa foi criada para aproveitar a janela de oportunidades que, Ricardo Jorge identificou no mercado chinês. O fundador e CEO da Filstone trabalha nesta área desde os seus 14 anos, altura em que se juntou ao negócio da família. “Aos 21 anos, descobri que havia uma oportunidade no mercado chinês. E disse na

esta oportunidade e ele deixou-me seguir com este projeto. Iniciámos um pequeno comércio de compra e venda de blocos que exportávamos para a China. Mais tarde, quando se percebeu que o negócio estava a ter uma dimensão mais séria, resolvi criar esta empresa”, explica. Inicialmente, a firma foi criada com um espírito de cooperativa, no sentido de agrupar várias empresas da região, para reunir maior capacidade de resposta às exigências do mercado chinês. Na impossibilidade de implementar na totalidade este conceito, Ricardo Jorge optou por seguir sozinho o caminho que tinha idealizado e em meados de 2008, adquiriu as atuais instalações da pedreira, onde opera até hoje. Após esta alteração de rumo na gestão da empresa, Ricardo Jorge procurou apostar numa estratégia moderna e diferente, que privilegiasse um melhor enquadramento social e métodos de extração inovadores e mais

entre as populações e as pedreiras. Optámos, por um lado, colocar taludes e, por outro lado, canalizamos sempre o investimento com várias premissas: baixas emissões de CO2, de ruído e tentar reduzir o pó o mais possível”, explicou o responsável. Atualmente com 52 funcionários, produção de 30.000 m3/ano e com vários parceiros em todo o mundo, a Filstone é uma marca de sucesso e uma família unida, como refere o seu fundador.

à capacidade de design, desenvolvimento tecnológico, o seu know-how”, explica Ricardo Jorge. Para além disto, o responsável está a apostar na área comercial, através de um novo conceito que pretende apostar numa nova linha de serviços ligada à indústria 4.0 e mais próxima dos clientes. “O objetivo desta equipa comercial é desenvolver parcerias e criar esta relação de acompanhamento com os clientes. Queremos ser mais do que o fornecedor da matéria-prima.” Estes projetos de Ricardo Jorge enquadramse na forma como o responsável vê este negócio e na necessidade que o mesmo identifica para encontrar novos rumos. “Acho que é importante o setor reinventar-se. Perceber o que a natureza nos dá, como ela quer comunicar connosco. Se eu puder fazer alguma coisa por este setor, para o tornar mais respeitável e sustentável, fico tremendamente satisfeito”, concluiu.

Reinventar o setor da pedra Apesar de muito satisfeito com os atuais desenvolvimentos da Filstone, Ricardo Jorge pretende ap ostar em novos rumos para a empresa. Neste sentido, criou a Filstone Collection – uma gama de produtos de luxo para decoração de interiores, que têm a pedra como matéria-prima e que foram criados em parceria com as empresas Moca Stone e Pedrantiqua. “A ideia era unirmos a

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santarém | austra

Inovação ambiental A AUSTRA – Associação dos Utilizadores do Sistema de Tratamento de Águas Residuais de Alcanena - foi constituída em dezembro de 1991 com o objetivo de assegurar a gestão do tratamento de efluentes e resíduos da indústria de curtumes. Com a criação do “Sistema de Alcanena”, em 1995, o mesmo foi concessionado à AUSTRA por um período de 29 anos. Além da gestão do tratamento de resíduos e definição da estratégia ambiental do setor, a AUSTRA assegura também, desde o início, o tratamento dos efluentes domésticos, mediante pequena compensação financeira por parte do Município, que representa na estrutura de rendimento da AUSTRA somente dois por cento. O esforço financeiro despendido pela AUSTRA com a cobertura dos custos com o tratamento dos efluentes domésticos representa uma contribuição da AUSTRA para com o Município e os Munícipes. Dispondo do estatuto de Utilidade Pública e não tendo fins lucrativos, as receitas da AUSTRA garantem contudo, os investimentos necessários à permanente atualização tecnológica da operação, corporizada nos últimos cinco anos por investimentos de cerca de 2,5 milhões de euros. Acresce a este montante a participação na remodelação da rede de coletores, cujo valor global de cerca de 7 milhões de euros, foi financiado em 85 por cento pelo POVT, sendo que dos 15 por cento restantes – componente nacional – a AUSTRA assegurou 74 por cento, cerca de 790.000 euros, cabendo ao Município os restantes 26 por cento, desta forma o investimento total levado a cabo pela AUSTRA cifrou-se em cerca de 3,2 milhões de euros, montante inteiramente financiado por capitais próprios. A entrada em funcionamento do “Sistema de Alcanena” permitiu a recuperação do rio Alviela, para o qual eram vertidos, sem tratamento, os efluentes da indústria. A indústria de curtumes por intermédio da AUSTRA foi pioneira em Portugal

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do conceito “Poluidor/Pagador”, definindo-se a AUSTRA, no âmbito da sua atividade, não apenas como um organismo que efetua o controlo e o tratamento das emissões de efluentes das indústrias – como também participa na definição da estratégica ambiental do sector. A AUSTRA no panorama atual Desde o início da concessão, a AUSTRA cedeu a exploração a entidades externas, tendo em 2008 assumido a exploração direta do Sistema – tornando assim o seu funcionamento mais próximo dos associados. O Sistema é atualmente constituído pela ETAR, Aterro de Resíduos Sólidos Industriais, Aterro de Lamas e por uma unidade de valorização de crómio, o SIRECRO – na altura da sua entrada em funcionamento designada como ALVICRÓ. A construção – e recente reabilitação - da rede de coletores levada a cabo no âmbito de um protocolo celebrado, inicialmente, entre o ex-Instituto da Água, I.P., a exAdministração da Região Hidrográfica do tejo, I.P., a Câmara Municipal de Alcanena e a AUSTRA, a 5 de Junho de 2009 e, posteriormente, no protocolo, celebrado entre a Agência Portuguesa do Ambiente, I.P., os Municípios de Alcanena e de Santarém e a AUSTRA, a 15 de Abril de 2014, os quais compreendiam também o projeto das “Raspas Verdes”, projeto este ainda não concretizado, veio permitir o encaminhamento dos efluentes industriais diretamente para a ETAR, de forma adequada às caraterísticas dos mesmos, salvaguardando o


austra | santarém abrangendo uma grande diversidade de áreas de conhecimento. A AUSTRA assume também a gestão de aterros, valorização de resíduos e utilização racional de energias.

solo e as linhas de água. A construção do Aterro de Lamas permitiu dar um destino final adequado às Lamas da ETAR, enquanto a construção e entrada em funcionamento do Aterro de Resíduos Sólidos Industriais permitiu o encerramento das lixeiras clandestinas que grassavam um pouco por todo o concelho, especialmente em Vila Moreira – passando a constituir o destino final por excelência dos resíduos de peles curtidas. Com o SIRECRO procedeu-se à reciclagem e valorização dos banhos de crómio, evitando-se o encaminhamento de águas residuais altamente contaminadas por esse metal para a ETAR. O Sistema de Tratamento de Alcanena possui caraterísticas únicas a nível nacional, quer no que concerne à ETAR de Alcanena - que se distingue em simultâneo pelas suas dimensões e especificidade do tratamento -, e quer pelo SIRECRO – primeira e única unidade de reciclagem e recuperação a nível nacional no seu género. Sendo um Sistema único a nível nacional, apresenta grandes especificidades ao nível de funcionamento –

Investimentos e Futuro O Sistema de Alcanena foi criado para responder às exigências impostas pela legislação em vigor aquando da sua conceção. O evoluir da legislação foi sempre acompanhado, com a implementação de melhorias contínuas para suprir os desafios que sucessivamente se foram apresentando. A história do “Sistema de Alcanena” caminha assim de braço dado com a evolução da despoluição e revitalização do rio Alviela, à qual permanece inevitavelmente ligada, constituindo uma história de sucesso que se encontra associada à melhoria das condições de vida da população do Concelho de Alcanena – e que constitui uma referência a nível nacional, quer pela dimensão quer pela inovação que representou na altura. A AUSTRA, enquanto instrumento ambiental da Indústria de Curtumes assume a responsabilidade pelos investimentos futuros que as evoluções legais e tecnológicas venham a revelar necessárias.

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santarém | htn distribuição alimentar

Proximidade, confiança e Nelson Neto e Helena Isabel Luís Gerentes

qualidade nos produtos e serviços Uma gestão ponderada e espírito de empreendedorismo podem levar alguém muito longe. Foi o caso de Nelson Neto, que se tornou numa figura incontornável do setor da distribuição e do retalho da região centro do país - responsável por gerir a HTN, empresa de distribuição, e a cadeia de supermercados Totaltejo.

Recuámos até 2008, aquando a crise se implementou no mercado nacional. Nelson Neto via-se desempregado e decidira, então, aproveitar todos os anos de experiência que a sua carreira profissional lhe tinha oferecido para criar o seu próprio empreendimento. Em conjunto com a sua esposa Helena Isabel Luís, criou, em 2012, a HTN, uma empresa de distribuição que prima pela comercialização de produtos de qualidade a preços competitivos, com entregas atempadas e asseguradas num prazo de 24 horas. Nelson Neto aproveitou a carteira de clientes que trouxera de uma antiga empresa onde trabalhara para fazer prosperar o seu negócio. Reuniu um grupo de ex-colegas que se encontrava na mesma situação e formou a sua equipa de trabalho. Posteriormente, entrou no grupo UNAPOR: “Sentimos a necessidade de nos apoiarmos num grupo que, pelo nosso conhecimento, nos trazia muitas garantias. Têm marcas próprias muito fortes e artigos inovadores” explicou o gerente. Assim, criou bases de uma marca com produtos de qualidade: “O comércio local revelava alguma carência no que dizia respeito às marcas próprias e deixavam de ter uma oferta apelativa para o consumidor final. Aproveitamos essa necessidade e fomos inserindo as nossas marcas”, acrescentou. Entre as marcas próprias, distinguem-se a Perdiz, no ramo alimentar, a Novo Real 2000 na gama de detergentes, a Novo Real Clean e Care, para produtos de higiene, a Limpabem para papéis e produtos de limpeza, a Montes de Saudade para bebidas alcoólicas nacionais como vinhos do porto, moscatel, entre outras marcas devidamente

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segmentadas e com a mais-valia de uma boa qualidade e imagem. Para além das próprias marcas, trabalha também com a indústria, todos os fornecedores de marcas líderes de mercado, também elas fundamentais para o desenvolvimento do negócio. A qualidade dos serviços da HTN fez o projeto crescer e por consequência a necessidade de, em 2015, investir na aquisição de novos transportes e no aumento das suas instalações. A garantia dos seus serviços de distribuição em 24 horas tem sido um fator que tem diferenciado a empresa e os seus serviços: “Se um cliente solicita mercadoria é porque está a necessitar da mesma. Tem que a receber o mais rapidamente possível para não perder a oportunidade de venda”, esclareceu, assim, o administrador a razão pelo rigor nos seus serviços. Internamente tem inovado nas tecnologias e na comunicação interna para que possa gerir com eficácia as encomendas que recebe e processa-las atempadamente. A HTN trabalha exclusivamente como empresa de distribuição de produtos alimentares e não alimentares com atuação na zona centro de Portugal. Os sectores de mercado a que se direcionam são o retalho e a restauração embora o “nicho seja o comércio local e de proximidade”, elucidou. A empresa conta com colaboradores experientes que têm formado uma equipa dedicada e empenhada: “Temos uma relação de proximidade com o cliente e não queremos perder esse valor”, referiu. Em relação ao futuro o objetivo é continuar o investimento com prudência e crescer de forma gradual consoante as exigências que o


htn distribuição alimentar| santarém mercado impuser. Enquanto isso, espera ultrapassar o desafio da monopolização do mercado de retalho pelas grandes superfícies comerciais. O administrador esclareceu essa importância, “se o nosso cliente sentir essa monopolização, nós consequentemente também diminuímos o fluxo de mercadoria movimentada”. Totaltejo O espírito irreverente e inovador de Nelson Neto continuou a ponderar novas abordagens ao mercado e, em 2015, acabou por comprar a Totaltejo, empresa responsável por gerir o supermercado ‘Superlusitano’ na Golegã. A pequena rede de supermercados locais foi um investimento que se revelou de sucesso e que se foi implementando em novos espaços, contando neste momento com três superfícies. A primeira, localizada na Golegã, a segunda adquirida em setembro de 2016, em Malpique, perto de Santa Margarida e uma terceira, na Lamarosa, que representa o último investimento, feito ainda durante este ano. O despovoamento de alguns centros rurais fez assolar o comércio local e de proximidade dando lugar, cada vez mais, aos mercados das grandes redes de retalho. É nesse contexto que surge a aposta no Superlusitano, um mercado mais próximo aos clientes, com a oferta de produtos de qualidade. Além disso, o negócio acaba por se tornar num complemento de serviços entre ambas as empresas: “Cria-se uma maisvalia, conseguimos ter lojas funcionais, rentáveis e apelativas ao consumidor final porque temos um bom preço na compra e

na venda”, referiu Nelson Neto. O comércio de retalho começou por ser um desafio: “Tem um nível de exigência diferente. Ao lidar com o consumidor final temos de ir ao encontro do seu interesse, saber ouvir e compreender o que gostam e o que necessitam comprar”. O segredo do sucesso talvez tenha sido a ponderação e calma com que Nelson Neto gere o seu negócio. O mesmo tem vindo a crescer nos últimos anos e o gerente tenciona que se estabilize antes de dar o próximo passo, que irá consistir numa aposta em investimento em novas superfícies. É esperar para ver o muito que esta empresa ainda irá trazer para o mercado.

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santarém | adega chico de santo amaro

O prazer da simplicidade Encontra-se localizado em Fátima, tem por nome Adega Chico de Santo Amaro e é um restaurante de petiscos tradicionais cujo conceito já é reconhecido além-concelho. A Revista Business Portugal visitou o local e esteve à conversa com Cláudio Adriano, um dos proprietários, que nos explicou melhor o funcionamento desta casa de petiscos tradicionais portugueses.

O restaurante foi herdado e até o nome diz respeito ao senhor Francisco da freguesia de Santo Amaro, avô do nosso entrevistado. Nasceu como sendo uma mercearia (já lá vão quase 70 anos) e, ao longo dos tempos, foi-se tornando num local onde amigos se encontravam para conversar e petiscar, um conceito que perdurou até aos dias de hoje.

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O segredo, afirma o nosso entrevistado, é a qualidade e a simpatia: “Nós trabalhamos com um conceito muito diferente, porque nós damos a provar um pouquinho de cada coisa. Trabalhamos com petiscos e não temos carta”. Nesta casa, o aconselhamento quer das entradas, quer dos pratos ou sobremesas é feito diretamente pelos funcionários aos clientes, criando-se uma maior ligação e quebrando as barreiras típicas existentes entre quem serve e quem é servido.

é alterada todos os anos, sendo que a premissa é sempre a reutilização dos objetos e materiais da decoração do ano anterior. Mas, neste campo, esperam-se novidades: “Queremos dar um novo ar ao restaurante, queremos dar mais ‘glamour’ à esplanada e, no interior, vamos construir um palco para as noites de música ao vivo. Temos uma banda residente que atua, no inverno, todos os domingos. No verão, fazemos mais noites temáticas”, evidenciou-nos o proprietário. A localização também foi elogiada pelo

Petiscos para todos os gostos Da lista de petiscos existentes na Adega Chico de Santo Amaro constam as seguintes iguarias: petinguinha frita, ossos de espinhaço cozidos, saladinha de orelha de porco ou polvo, tábuas de enchidos, friginada (carne de porco temperada em vinha de alhos durante dois dias e depois frita), bacalhau grelhado com batata à murro, lulas grelhadas com migas e mistos grelhados. Motivos mais do que suficientes que justificam a visita regular de pessoas oriundas de Lisboa, Porto e Braga, por exemplo. O preço também é convidativo: “É fácil manter os preços acessíveis porque o serviço é rápido e trabalhamos muito com marcações. Como trabalhamos à base de grelhados, conseguimos um serviço mais rápido, fácil e barato”, confidenciou-nos Cláudio Adriano. No que diz respeito à decoração, esta

fatimense: “Gosto muito da minha região, aqui encontramos de tudo, desde a praia, ao rio, passando pelas grutas, pegadas de dinossauros ou monumentos religiosos”, enumerou em forma de convite. Para quem ficou com “água na boca”, saiba que pode visitar a Adega Chico de Santo Amaro, todos os dias, das 18h às 24h ou em almoços por marcação. A satisfação é garantida, o sabor tradicional e a simpatia, também.


Nutrição e serviços pecuários | Santarém

O futuro da pecuária passa pela NSP

Vítor Martins Administrador

Localizada em Rio Maior, Santarém, a Nutrição e Serviços Pecuários (NSP) destaca-se no mercado pelo seus sistemas inovadores de alimentação, pela excelente qualidade dos produtos que transaciona e pelos serviços de assessoria aos produtores com quem trabalham. Quem escolhe a NSP não se arrepende.

Vítor Martins, licenciado em Engenharia Zootécnica na Universidade de Évora, iniciou o seu percurso profissional numa empresa portuguesa (G.A.P.), empresa que se dedicava à multiplicação de reprodutores Suínos de Origem Inglesa (PIC). Mais tarde, e depois de ter trabalhado em duas multinacionais de produção de ração para animais de produção, respetivamente (Charoen Pokphand, Tailandesa e Purina, Americana) ingressa numa empresa multinacional espanhola de equipamentos e consumíveis para a inseminação artificial de suínos (Magapor). Onze anos mais tarde, quando surgiu a necessidade de diversificar a oferta de mercado, foi-lhe proposto sociedade com parceiros que desconhecia, Inzar, Sl, mas com a garantia de serem pessoas respeitáveis e honestas, uma empresa de menor dimensão, mas ainda assim com produtos com muita qualidade, e um quadro técnico muito competente. Em Junho de 2005, sozinho, deu início à laboração e, com o nome Nutrição e Serviços Pecuários (NSP), começou por se dedicar aos suínos e, mais tarde, aos ruminantes (bovinos e ovinos), sempre com a garantia do apoio técnico e visitas periódicas da empresa-mãe espanhola, a INZAR. A INZAR, empresa que é sócia da NSP, é especializada em dois núcleos de trabalho muitíssimos competitivos: alimentos de iniciação para suínos e alimentos para a engorda intensiva de bovinos e pequenos ruminantes. Estas são as valências às quais se dedica e nas quais é especialista. Também é a principal fornecedora dos produtos comercializados pela NSP.

O negócio foi crescendo, gerando maior movimento com o avançar dos anos. Atualmente, diferenciam-se no mercado na área da nutrição altamente específica para animais muito jovens (os lacto-iniciadores e os pré-starters, Linha QUICK START) e alimentos altamente específicos para usar em determinadas alturas do ciclo reprodutivo (nomeadamente, pré-parto, lactação e cobrição, linha OPTIVITAL); assim, distinguem-se em alguns pontos críticos da produção de suínos, para os quais têm alimentos únicos, impossíveis de encontrar em qualquer outra fonte. No âmbito da engorda intensiva de bovinos e ovinos, a INZAR desenvolveu o “Sistema Integral de Produção”, único e inovador a nível mundial. Este é um sistema intensivo de alimentação que prescinde da incorporação de forragem no dia a dia dos ruminantes, sem alterar a sua performance produtiva. Consegue-se, assim, ganhos a nível económico, não só pela diminuição da mão-de-obra envolvente, mas também pela menor utilização de recursos, como por exemplo, na compra da palha ou silagem. Por outro lado, há a vertente na qual a NSP tem bastante presença de mercado: a produção na carne de alta qualidade, “gourmet”, (linha de produtos - Inzar Finish Quality) para a qual têm sistemas de produção na área dos ruminantes e dos suínos, que fazem diferenciar a sua carne de qualquer outra empresa de nutrição do mercado. Este é um mercado altamente competitivo, no qual é difícil entrar. Os clientes da NSP têm valores graficamente registados através dos quais se constatam que a sua produção aumentou, situando-se atualmente ao melhor nível nacional e internacional. Desta forma, a fidelização é um processo natural que ocorre devido à qualidade dos produtos transacionados e pelo serviço que é prestado a nível de assessoria de maneio em estratégias de produção e assistência de reprodução: a empresa de Vítor Martins ensina o cliente a melhorar o maneio dos animais, a administrar a alimentação em períodos mais específicos da reprodução, a alterar as instalações, etc.

Com já alguns anos de experiência no mercado, Vítor Martins pode opinar que o balanço é positivo, o setor pecuário registou uma evolução técnica muito grande e todas as empresas melhoraram bastante o seu nível técnico/produtivo pelo que o setor está mais preparado e mais competitivo. A própria NSP é mais forte por ter passado pela crise e ter sobrevivido. De futuro, desejam consolidar a posição da empresa no mercado, que é vasto. Uma ambição totalmente exequível, não só pelos resultados comprovados a quem fornecem os seus produtos e serviços, como também pelo crescimento constante que têm verificado nas vendas ao longo destes anos de atividade.

Miguel Martins

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SINTRA Sintra, com a sua imponente serra salpicada de palácios, igrejas e quintas senhoriais, que se estende em ondas de verde até ao oceano e o fascínio dos aglomerados urbanos da Vila Velha constituí um local privilegiado por excelência, de inegável beleza e interesse cultural e natural. Sintra é um daqueles lugares cheios de magia e mistério onde a natureza e o Homem se conjugaram numa simbiose tão perfeita, que a UNESCO o classificou como Património da Humanidade. É uma vila portuguesa pitoresca, localizada no centro das colinas da Serra de Sintra. Este clima ligeiramente mais fresco atraiu a nobreza e elite de Portugal, cuja construiu palácios requintados, residências extravagantes e jardins decorativos. Depois de um passeio ao acaso pelas ruelas estreitas e pelas lojas de produtos regionais, sugerimos uma visita ao Palácio e Quinta da Regaleira. É um palácio do séc. XIX, embora pareça ser mais antigo, com uma decoração que impressiona, rica em simbologia maçónica. Muito perto da entrada da Regaleira, fica Seteais, um palácio do séc. XVIII atualmente transformado em hotel. Vale a pena entrar nos jardins e ir até ao miradouro, de onde se vê o Palácio da Pena, o Castelo dos Mouros e o mar ao longe...


Fernando Pereira Proprietário

taverna dos trovadores | sintra

Gastronomia e música num só espaço A Taverna dos Trovadores, em Sintra, é um espaço único. Composto por três salas com decoração regional, tem guitarras que enchem as paredes, lareira para melhor acolher nos dias mais frios e piano, que convida a usufruir do momento. Neste espaço, a gastronomia alia-se à boa música e a uma mini loja gourmet, com conservas e doces de produção própria.

bacalhau, principalmente o bacalhau espiritual e o bacalhau com broa, entre muitas outras variedades. Também somos muito procurados pelo nosso lombo de porco com puré de maçã ou recheado com farinheira. Os nossos grelhados, quer de peixe, quer de carne, em grelhadores a carvão também são pratos que nos distinguem”, refere. As sobremesas baseiam-se na doçaria tradicional portuguesa, feitas pela D. Donzília, que já está na casa há 25 anos. O destaque vai para as farófias, mousses, arroz doce, tartes de queijada, de amêndoa, torta de maçã e de framboesa. Tais iguarias só podem ser acompanhadas por um bom néctar e, a pensar nisso, a Taverna dos Trovadores conta com uma vasta garrafeira, até porque, de acordo com Fernando Pereira, “na Taverna dos Trovadores cultiva-se o gosto pelo bom vinho”. A música ao vivo não poderia também faltar, acompanhando os jantares de sexta e sábado e, durante a semana, em ocasiões especiais. Na Taverna dos Trovadores pode-se escutar música tradicional portuguesa e fado. Ocasionalmente são organizadas semanas gastronómicas e culturais de países da lusofonia, como Cabo Verde, Angola ou Brasil, que incluem pratos e música tradicional desses países.

Fernando Pereira acredita que o fator de sucesso da Taverna dos Trovadores passa pela qualidade: “Há muitos restaurantes em Sintra que só pensam no turista que vem uma vez e nunca mais volta. Aqui tentamos cativar a pessoa para que ela, ou alguém amigo ou da família, quando vier a Sintra, venha à Taverna dos Trovadores. Recebemos os clientes de igual forma, sejam eles portugueses ou estrangeiros”, confessa. Os colaboradores estão também sensibilizados no sentido de acolher da melhor forma os clientes. A equipa da Taverna dos Trovadores é composta por dez pessoas, muitas delas com vários anos de casa, que garantem todo o profissionalismo. Além deste espaço, Fernando Pereira é ainda proprietário de um outro, Sabores de Sintra. Com quatro anos, este é um espaço mais recente, também no coração de S. Pedro de Sintra. “No futuro queremos continuar com a qualidade que nos é reconhecida”, garante Fernando Pereira. A Taverna dos Trovadores está aberta todos os dias, exceto ao domingo à noite.

Fernando Pereira é o responsável por este espaço que conta já com 27 anos de existência. Se ao início passava por ser só um bar com música ao vivo - já que Fernando Pereira celebra este ano 40 anos de carreira enquanto músico -, depressa foi surgindo a necessidade de ampliar, quer o espaço, quer as valências. Assim, a Taverna dos Trovadores passou a incluir praticamente toda a área da Praça D. Fernando II, ao mesmo tempo que se convertia num restaurante de referência da vila de Sintra. Na Taverna dos Trovadores, a gastronomia tradicional portuguesa é rainha, segundo nos explica Fernando Pereira: “Destaco os nossos pratos de

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sintra | bolos de portugal

Os sabores da qualidade e tradição A fabricar a melhor Pastelaria e Pão desde 1974, os irmãos Aurélio e Helena Rebelo decidiram criar a empresa Bolos de Portugal que revende desde 2015. A fábrica que se encontra aberta 365 dias por ano, pretende fazer chegar aos seus clientes a sua pastelaria com produtos de qualidade e do modo mais tradicional possível.

Helena e Aurélio Rebelo Administradores

Uma das formas encontradas para fazer chegar os seus produtos ao consumidor final são as lojas Lobélia. Duas delas encontram-se junto da estação do Cacém, outras duas estão abertas na estação de Queluz e uma outra em Reboleira, em Lisboa. Todas as lojas abrem bem cedo, pela madrugada, antes da partida do primeiro comboio, oferecendo um serviço permanente aos viajantes que passam nas estações. A origem do nome para as pastelarias não foi escolhida ao acaso, como explica Aurélio Rebelo: “A primeira pastelaria que o nosso pai abriu chamava-se Lobélia, em 1952. Na época quase não existiam pastelarias. As pessoas tinham pequenas mercearias locais, aliás, quando o meu pai veio de Vila Nova de Foz Côa para Lisboa o seu primeiro trabalho foi numa mercearia a fazer entregas à casa das pessoas de bicicleta. E em homenagem ao percurso de vida do nosso pai decidimos que as nossas lojas atuais teriam o nome da sua primeira casa”, referindo ainda que o pai chegou a ter cerca de 250 colaboradores, 3 fábricas e 22 lojas, tendo nelas surgido o primeiro Bowling no país, assim como das primeiras Boutiques de Pão Quente. Bolos de Portugal é uma empresa familiar que se dedica ao fabrico artesanal e tradicional dos seus artigos de pastelaria. As receitas e as técnicas de produção são bastante familiares para Helena e Aurélio Rebelo que cresceram no meio. O pai dos irmãos começara na arte com apenas 15 anos e foi o fundador de uma das casas mais conhecidas na Amadora – a Minabela – plantando nos seus filhos a paixão pelos doces desde muito novos. A Bolos de Portugal surgiu como uma necessidade de dar resposta à procura de outros estabelecimentos que pretendiam poder oferecer aos seus clientes os produtos fabricados de forma tradicional. Iguarias deliciosas como as queijadas, os ducheses e o emblemático queque, fabricados ainda baseados em receitas antigas, fazem as delícias dos revendedores que contactam a empresa: “As pessoas começaram a

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procurar-nos por causa dos nossos bolos, queriam realmente comprar, começamos por fornecer apenas alguns estabelecimentos e as oportunidades de negócio começaram a surgir cada vez mais de uma forma muito natural. Ao mesmo tempo, temos os nossos balcões que também acabam por ser uma maneira de divulgar os nossos pastéis e bolos. Possuímos receitas antigas que mantemos já desde a altura do meu pai como são exemplos o nosso pastel de nata, que se destaca pelo sabor e o nosso chantilly fabricado de forma artesanal, entre muitos outros doces”, garantindo que o maior objetivo é manter a qualidade e o sabor dos seus produtos, melhorando sempre as condições de trabalho. Os jovens gerentes reconhecem que a economia do país não facilita o crescimento da sua empresa, embora os resultados sejam muito positivos. Segundo Helena Rebelo o segredo está em não desistir: “A situação do país exige uma maior luta, existem sempre obstáculos a serem ultrapassados. Existem lutas maiores e lutas menores mas o mais importante é acreditarmos sempre no nosso país, investindo no nosso negócio, criando postos de trabalho e não baixando os braços”, reconhecendo que a paixão pelo meio é um estímulo para querer fazer cada vez melhor. Helena Rebelo em conversa confessou que os bolos tornam a sua vida mais doce: “No fundo, já nascemos no mundo da hotelaria. Desde novos que convivemos com o negócio e é já algo natural nas nossas vidas. Tudo o que fazemos, fazemos com um enorme gosto. O nosso sonho também passa por não deixar acabar o legado do nosso pai. As lojas e as fábricas eram os amores da vida dele, ao qual ele se dedicou toda a sua vida, agora somos nós que temos as nossas meninas”,


bolos de portugal | sintra

destacando que a qualidade no fabrico artesanal dos seus produtos é o que distingue os Bolos de Portugal de outros fabricantes. Embora não seja fácil manter o fabrico tradicional dos bolos, os empresários preferem apostar na qualidade e no sabor dos seus doces e salgados que também têm ao dispor de seus clientes. Aurélio e Helena Rebelo revelam que a união da equipa é fundamental para o crescimento do seu projeto. De acordo com a empresária: “Os objetivos que alcançamos só foram possíveis através de um grupo. Temos colaboradores connosco com trinta anos de casa, como é o caso da nossa chefe de fábrica, que nos tem acompanhado e são eles que nos têm feito crescer. Trabalhamos em equipa”, no entanto, a jovem gestora conta que é cada vez mais difícil encontrar jovens que queiram vestir a camisola pelo projeto. Aurélio Rebelo acrescenta ainda que : “Cada vez há uma maior dificuldade em arranjar colaboradores, tanto para a nossa fábrica, como para as nossas lojas. Aliás, para que exista um maior desenvolvimento no nosso negócio chega a fazer falta mão-de-obra. Temos, no entanto, colaboradores excelentes que permitiram o crescimento do nosso projeto, que nos ajudaram com o próprio fabrico dos nossos produtos e com as responsabilidades que temos”. Bolos de Portugal oferece múltiplos serviços como o fabrico de bolos entre outros produtos para serviços de catering, casamentos, batizados, aniversários ou qualquer tipo de evento. Distingue-se pelo atendimento rápido e de qualidade e, claro, pelo sabor dos seus produtos. Para o futuro, os jovens empreendedores esperam expandir o negócio revelando novas medidas para o projeto: “Apostámos sempre num crescimento sustentável, mas claro que os nossos objetivos a longo prazo também passam pela expansão. Uma das medidas que vai ser implantada agora é a criação de um segundo turno na fabricação dos nossos bolos e pastéis, para poder dar resposta a todos os novos clientes que têm surgido. O espaço e o horário de funcionamento da fábrica vai ser aumentado possibilitando dobrar o fabrico dos bolos”, acrescentando que o seu sonho passa por não deixar morrer o legado do seu pai e a paixão da família Rebelo.

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sintra | etopi

O parceiro da sua empresa

José da Silva Fundador e CEO

A celebrar 30 anos de existência, a ETOPI, fundada por José da Silva, é um parceiro inerentemente fiável para qualquer empresa da área industrial. Para isso, conta com uma vasta gama de material pneumático, ao seu dispor 24 horas por dia, todos os dias, bem como a assistência e manutenção para que a sua empresa não interrompa a produção.

José da Silva, fundador e CEO da ETOPI, natural do Porto, cedo percebeu que era no Centro e Sul do País que estavam os maiores projetos e os empreendedores mais predispostos a investir. Tendo saído do Porto há mais de 40 anos, com formação mecânica, iniciou a sua vida profissional como funcionário em várias empresas, até que a sua visão de empreendedor o levou a criar o seu próprio projeto de negócio. O seu primeiro estabelecimento foi em Mem Martins, o qual ainda está na sua posse, caminhando até ao sexto estabelecimento. O local não foi selecionado por acaso: a zona era fértil em indústria que manifestava um forte crescimento. Se, por qualquer motivo, um cilindro uma válvula ou um compressor avaria nas horas de produção e tem que ser substituído, há a necessidade imediata de resolver o problema, sem parar a produção. Como visionário que é, José da Silva percebeu a necessidade deste apoio constante que as empresas requerem e dedicou-se a corresponder a essa lacuna. O ar comprimido é fundamental no funcionamento de quase toda a maquinaria, que compõe a indústria, daí ser a sua principal aposta. Com este pretexto fundou a ETOPI - Equipamentos Técnicos e Órgãos Pneumáticos para a Indústria: dar apoio à indústria e ser um parceiro para a sua produção. Dentro da sua vasta gama de produtos, praticamente todos disponíveis para entrega imediata garantida, uma das

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grandes mais valias é a assistência técnica 24 horas, com técnicos para se deslocarem até ao local. Montagem, adaptação e reparação de equipamentos pneumáticos são alguns dos serviços prestados. Os cilindros especiais, por exemplo, são parte fundamental de todo o funcionamento de qualquer mecanismo, e suscetível de reparação, tornando desnecessário a despesa de comprar um novo. Ou seja, a manutenção torna-se um complemento direto da produção. Sendo a ETOPI o representante de diversos fornecedores internacionais, são eles próprios os recetores dos louvores e das críticas, sendo que a satisfação do cliente final é da responsabilidade da ETOPI. Nesse aspeto, quisemos saber como selecionam os fornecedores, uma vez que lhes é exigido que assumam a responsabilidade pelos mesmos. A escolha é feita pela qualidade que lhes garantem, pela exclusividade no fornecimento e pela garantia, verificada ao longo dos anos, como empresas credíveis que conseguem satisfazer os clientes. Os fornecedores são sobretudo europeus, americanos e japoneses, mas também há nacionais, e, por preferência, a ETOPI opta por selecionar empresas portuguesas, desde que estas garantam as mesmas ou melhores condições. Para o transporte de produtos recorrem a parceiros com capacidade suficiente para realizar entregas de qualquer tipo, para qualquer


etopi | sintra lugar, seja por via aérea, marítima, ou rodoviária. Todas as empresas em Portugal são passíveis de recorrer aos serviços da ETOPI, que também exporta para diversos continentes. Devido a essa disponibilidade que vai além-fronteiras, a empresa está, constantemente a desenvolver e a atualizar o website, ferramenta necessária para o contacto com clientes em locais geograficamente mais afastados. Apesar de serem industriais na sua maioria, a empresa de José da Silva também comercializa a revendedores de material. A celebrar 30 anos, a empresa já se encontra bem posicionada no mercado e não teme a concorrência, uma vez que é difícil encontrar uma empresa na área como a ETOPI. Os administradores já obtiveram reconhecimento internacional. Quem visita a ETOPI surpreende-se pelo nível de especialização, bem como pelo stock permanente sempre acessível e showroom de 1000m2. As poucas empresas que poderão ser consideradas concorrentes em nada alteram a dinâmica da ETOPI, há mercado suficiente para as empresas que trabalham com qualidade. A ETOPI, aposta num crescimento controlado, rigoroso e com qualidade para garantir o crescimento de todos os seus parceiros. São 22 os colaboradores que neste momento compõem a equipa, todos eles recebem formação interna, externa e internacional. No terceiro trimestre deste ano uma equipa técnica vai deslocar-se a uma das capitais europeias, para receber formação relativamente a novas linhas de produtos para apoio às linhas de produção das indústrias. A empresa procura estar

sempre atualizada, seja em formação do pessoal, na renovação do stock e logística inerente, na manutenção e assistência técnica, entre outras competências. Há funcionários que estão na empresa há 20 anos e é com essa intenção que a administração formaliza as suas contratações. Procuram dar boas condições de trabalho, quer a nível financeiro, quer a nível de ambiente de trabalho. O bom desempenho de um colaborador é sempre reconhecido de alguma forma. Com presença frequente em feiras nacionais e internacionais, têm sempre na agenda empresarial o patrocínio a várias equipas desportivas locais, em modalidades que vão do ténis de mesa, ao ciclismo, automobilismo e futebol, uma aposta que considera importante. Esta atitude demonstra a disponibilidade e a presença para a comunidade local. A prova do sucesso da ETOPI são os clientes com a sua fidelização, a manutenção das suas representadas líderes no mercado internacional e nacional, os prémios PME Líder, que têm recebido, e o PME Excelência 2016, bem como a certificação Bureau Veritas, todas estas distinções a manter de futuro. Com José da Silva e a sua equipa, a visão estratégica e a correta implementação de produtos e serviços em ascensão, a ETOPI tem a fórmula que garante a sua longevidade, projetando o futuro com vontade de poder acrescentar uma melhoria nos processos utilizados pelos seus clientes, garantindo um serviço de excelência do ponto de vista humano, comercial e técnico, estando sempre disponível para admitir técnicos jovens que pretendam evoluir e lançar novos projetos.

EXPERIÊNCIA

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sintra |Intermarché massamá

O novo Intermarché de Massamá Aberto ao público há três meses, sob a alçada da nova gestão de Sandra e Carlos Modesto, o Intermarché de Massamá distingue-se pelo espaço remodelado, qualidade e oferta diversificada e diferenciadora que tem vindo a conquistar os clientes da região.

Sandra e Carlos Modesto Administradores

Sandra Modesto e seu esposo estiveram emigrados na Holanda durante dez anos, no entanto, o desejo de regressar a Portugal e abrir o seu próprio negócio levou-os a querer saber mais sobre o grupo Os Mosqueteiros. Após regressarem a terras lusitanas em 2010, o casal decidiu integrar o grupo dos Mosqueteiros e adquirir o seu primeiro Intermarché em Albufeira, em julho de 2012. O seu percurso de quatro anos no Algarve foi um sucesso, contudo, o casal decidiu mudar-se para Setúbal, dessa forma, cederam a sua loja em Ferreiras, Albufeira a um colega. Foi nessa altura que surgiu a ideia de abraçar um novo projeto mais perto da sua área de residência. O casal, nosso entrevistado para esta edição, passou então a assumir a gerência do Intermarché em Massamá que, apesar de já estar aberto há 17 anos, precisava de uma lufada de ar fresco. O compromisso foi assumido e o espaço foi totalmente remodelado para oferecer um lugar com melhores instalações e com uma maior seleção de produtos para todas as ocasiões acompanhada da mais elevada qualidade e frescura sempre ao melhor preço, esse é afinal o compromisso Mosqueteiro. Os novos proprietários apostaram sobretudo na qualidade dos produtos, negociando diretamente com produtores locais, proporcionando aos seus clientes acesso a produtos de

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fabrico artesanal. Para atingir os objetivos atrás enumerados, a família Modesto encontra-se diariamente na loja e são os primeiros a fazerem tudo o que é necessário pelo bom funcionamento da empresa. Desta forma, ajudam os seus colaboradores em todas as atividades, pois acreditam que a união e o esforço de verdadeiros mosqueteiros resultam num desenvolvimento de estratégias, que lhes permite compreender melhor as necessidades e exigências de quem procura este espaço comercial. Sandra Modesto, licenciada em Gestão de Empresas, conta: “É um desafio trabalhar com pessoas. Por vezes é difícil que as pessoas queiram vestir a camisola pela empresa. Nós, proprietários, somos os primeiros a ajudar em toda a atividade da loja, desde a reposição de stock. Carregamos pesos, limpamos o chão, fazemos tudo o que é preciso para também dar o exemplo aos nossos colaboradores, e para lhes mostrar que somos uma equipa, onde só com a união e a dedicação de todos conseguimos atingir os nossos objetivos”, mencionando ainda que o grupo com quem trabalha é um grupo singular, uma vez que se trata de um grupo económico muito forte, mas que conserva ainda uma forte componente humana. O Grupo dos Mosqueteiros, detentor da insígnia Intermarché, é uma grupo único na sua área. É um grupo detido e gerido


Intermarché massamá | sintra

exclusivamente pelos seus aderentes e, onde não existem acionistas maioritários. É um grupo onde o aderente é ao mesmo tempo franchisado e franchisador. Quem visita o Intermarché de Massamá, certamente encontrará todos os motivos para voltar uma e outra vez, pois um só espaço oferece um conjunto de valências que asseguram a qualidade, diversidade, compromisso, confiança, e tudo isto com preços bastante apelativos. A paixão do casal Modesto pela dinâmica do negócio cativa-os, não só pelo serviço personalizado, próximo e atento, mas também pela própria harmonia e coesão na disposição dos produtos. O principal objetivo desta equipa é apresentar aos seus visitantes a maior qualidade com os melhores preços, por isso mesmo as suas marcas são sinónimo de qualidade e confiança. De acordo com o casal: “É muito importante procurar trabalhar com os produtores locais para poder oferecer produtos da região como vinho, fruta, queijos, enchidos, etc. Na charcutaria os bens são de fabrico artesanal, assim como a padaria que é abastecida diariamente por fabricantes locais”, garantiu, acrescentando que pretende aumentar a diversidade de produtos da região na sua superfície comercial. A par de tudo isto, o espaço disponibiliza, ainda, um posto de combustível, um bar/cafetaria e uma área dedicada aos

Jogos da Santa Casa, o que permite ao Intermarché de Massamá oferecer mais dois serviços diferenciadores. Os novos proprietários revelaram que estão atentos às necessidades dos residentes locais e que pretendem remodelar o bar/cafetaria do estabelecimento, adicionando um serviço de take-away, uma vez que a zona é caracterizada por ser um misto entre uma zona habitacional e industrial. Os investimentos foram feitos para poder satisfazer as necessidades locais e, por isso, o Intermarché de Massamá pretende estar disponível para as famílias e conquistar cada vez mais a sua confiança. O casal explica que: “A distribuição alimentar é um setor muito competitivo e como não somos um grupo integrado acabamos por não receber o apoio que as outras grandes superfícies recebem. A nossa empresa tem que sobreviver por si só, portanto podemos dizer que somos uma pequena empresa no meio do mundo competitivo do setor da distribuição alimentar. Isso faz com que o nosso modelo de gestão não possa ser tão folgado como aquele dos grupos integrados, daí que ao trabalhar com um quadro reduzido de 40 pessoas seja necessário que todos deem o seu contributo, pois só assim conseguimos atingir os nossos objetivos”, afirmam, garantindo que a equipa é fundamental para o sucesso da empresa.

O empresário confessou que o negócio o fascina: “Gosto muito de trabalhar na distribuição alimentar, não nascemos neste meio e trabalhei a minha vida toda noutra área. Sou engenheiro físico de formação e trabalhei como examinador de patentes, mas efetivamente a distribuição alimentar estimula-me, o que acaba por ser viciante e dinâmico”, ao mesmo tempo referenciou que o setor é um desafio que consiste em conseguir liderar em várias áreas diferentes em simultâneo. Para o futuro, Sandra e Carlos esperam expandir o negócio abrindo mais lojas: “O nosso objetivo passa por expandir o negócio e abrir uma segunda ou mais unidades. Nós sabemos que para que o grupo seja forte os aderentes têm de ser fortes. Por vezes, ter apenas um ponto de venda é arriscado, no entanto, para nos tornarmos mais fortes, pretendemos sim num futuro não muito longínquo, abrir novas unidades. Sabemos que os aderentes mais fortes são os que efetivamente possuem vários Intermarchés abertos. O nosso projeto também é um projeto de família de futuro”, concluiu o casal.

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VIANA DO CASTELO Viana do Castelo é uma das mais bonitas cidades do norte de Portugal. A sua participação nos Descobrimentos portugueses e, mais tarde, na pesca do bacalhau mostram a sua tradicional ligação ao mar. A Viana do Castelo depressa se acede a partir do Porto, ou de Valença para quem vem de Espanha. Do monte de Santa Luzia pode observar-se a situação geográfica privilegiada da cidade, junto ao mar e à foz do rio Lima. Esta vista deslumbrante e o Templo do Sagrado Coração de Jesus, edifício revivalista de Ventura Terra, de 1898, podem ser o ponto de partida para visitar a cidade. Viana enriqueceu-se com palácios brasonados, igrejas e conventos, chafarizes e fontanários que constituem uma herança patrimonial digna de visita. No Posto de Turismo podese pedir uma brochura e fazer percursos de inspiração manuelina, renascença, barroca, art deco ou do azulejo. Percorrendo algumas das ruas do centro histórico sempre se chega à Praça da República, o coração da cidade. É onde ficam o edifício da Misericórdia e o chafariz, quinhentistas, assim como os antigos Paços do Concelho. Não longe fica a românica Sé ou Igreja Matriz. Virada para o mar que fez a história de Viana, uma igreja barroca guarda a imagem da Senhora da Agonia, da devoção dos pescadores. Sai todos os anos a 20 de agosto para abençoar o mar numa das festas mais coloridas de Portugal, onde são de referir a beleza e riqueza dos trajes típicos que desfilam nas festas. É que Viana do Castelo - conhecida também pela filigrana em ouro - tem sabido manter as suas tradições, como se pode ver no Museu do Traje (traje e ouro), no Museu Municipal (especial relevo para a típica louça de Viana que aqui se expõe) ou no navio Gil Eanes. Mas Viana do Castelo é também considerada uma “Meca da Arquitetura” graças aos muitos e importantes nomes da arquitetura portuguesa contemporânea que assinam equipamentos e espaços da cidade. É o caso da Praça da Liberdade de Fernando Távora, da Biblioteca de Álvaro Siza Vieira, da Pousada da Juventude de Carrilho da Graça, do Hotel Axis de Jorge Albuquerque ou ainda do Centro Cultural de Viana do Castelo, de Souto Moura, entre muitos outros. Nas redondezas da cidade, podemos fazer um passeio pela ciclovia litoral ou fluvial ou por um dos muitos trilhos assinalados, assim como praticar surf, windsurf ou kitesurf e bodyboard em praias de areia fina e dourada. E ainda fazer jet-ski, vela, remo ou canoagem no rio Lima.


BIOJAQ | VIANA DO CASTELO e baixas emissões de partículas poluentes para o meio ambiente. Os nossos serviços baseiam-se no profissionalismo, rigor e credibilidade. Não é por acaso que a maior parte dos nossos produtos dispõem de garantias mais alargadas do que a maior parte da concorrência.

Climatização de qualidade Com mais de 20 anos de experiência, a Biojaq assume-se como importadora, distribuidora e instaladora de uma vasta gama de recuperadores de calor. Eficiência, transparência e confiança orientam esta empresa amiga do ambiente e representante de marcas prestigiadas. A BIOJAQ surge em 2011 como empresa do grupo Jaqueciprolar que se encontra no mercado desde 1994. Que apresentação faz desta empresa? A Biojaq surge da passagem de testemunho de pai para os filhos. João Alves Pereira, na qualidade de sócio gerente da Jaqueciprolar decidiu alargar a sociedade aos seus filhos e genro, sendo criada a empresa BIOJAQ Comércio e Distribuição de Recuperadores de Calor, Lda. Com uma equipa determinada a dar seguimento ao trabalho de mais de 20 anos, continuamos no sector da revenda a nível nacional de todas as marcas representadas. O objetivo foi manter uma equipa técnica e certificada para efetuar a venda e instalação, manutenção e assistência técnica de todos os produtos comercializados. Quais os principais serviços e produtos da Biojaq? A Biojaq apresenta aos seus clientes soluções de qualidade em climatização. Faz a importação e revenda das marcas que representa em exclusivo para Portugal. Para além disso, na zona norte ou nos locais onde ainda não existam revendedores oficiais, dispõe de uma equipa técnica para fazer a instalação dos nossos equipamentos, tais como recuperadores de calor a lenha, gás ou pellets, caldeiras, salamandras, sistemas solares, etc. A Biojaq afirma-se hoje como importadora e distribuidora das mais prestigiadas marcas do mercado das Energias Renováveis. Com que marcas trabalham?

Trabalhamos com marcas conceituadas do mercado internacional, tais como Bodart&Gonay, Dru, Dik-Geurts, Metalfire, Froling, Jolly-mec, Palazzetti, Citrinsolar. Reunindo assim uma gama de produtos completa, desde 4kw a 1MEGAWATT de potência, satisfazendo assim quase 100 por cento do mercado nacional.

proporcionando aos nossos clientes uma solução de excelente fiabilidade. O que vos distingue da concorrência? Dispomos de uma grande variedade de produtos capazes de se adaptar a qualquer situação. Estes distinguem-se pela qualidade, eficiência, design, rentabilidade e originalidade, aliando um baixo consumo

Consideram-se uma referência? Estamos cientes que a Biojaq é reconhecida a nível nacional como uma empresa que presta serviços de qualidade e aposta sempre em produtos com excelentes desempenhos, design, eficiência e rendimento. O que fazemos, fazemos bem! Têm já algumas novidades a caminho … Sim, a marca Bodart&Gonay vai lançar já este inverno a nova gama de recuperadores de calor encastráveis, que contam com vantagens bastantes positivas para o cliente final, a nível de funcionalidade e manutenção. De qualquer forma, todas as marcas que representamos estão sempre em contínua pesquisa de mercado e apresentam melhorias ou novos produtos todos os anos.

Que valores e princípios orientam a vossa atividade? A BIOJAQ preza, em primeiro lugar, a satisfação dos seus clientes. Apresenta soluções eficientes e de qualidade, pensando também no meio ambiente. Somos comandados pela transparência e confiança. Contam com uma equipa altamente qualificada e especializada. Onde estão presentes os vossos revendedores? Temos revendedores oficiais de norte a sul do país, assegurando assim uma rápida resposta a todos os consumidores. Dispomos de parceiros que têm casas abertas ao público e com esquipas de instalação e assistência técnica, prestando um melhor serviço e credibilidade junto do cliente. Insistimos numa formação agressiva porque a verdade é que quem não domina a técnica do produto que comercializa não consegue vender ao seu cliente. Prestam ainda um serviço de assistência e manutenção? Qual a importância? Sim, além dos nossos parceiros a nível nacional, contamos internamente com uma equipa técnica altamente formada e com uma vasta experiência nessa área,

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viana do castelo | AF MARISQUEIRA

A simbiose perfeita de vinhos e marisco Com uma vista sobre o mar e o porto da Pedra Alta, em Castelo de Neiva, a AF Marisqueira tem proporcionado experiências gastronómicas e visuais aos visitantes. Os sabores do mar, do peixe e do marisco da costa que chega diariamente às mesas do restaurante contrastam na perfeição com o cenário, a tranquilidade da praia e os vinhos de Geraz do Lima.

O edifício é já conhecido e o cais da Pedra Alta não engana quem passa. Castelo de Neiva detém uma lota própria e todos os dias vê os pescadores locais chegar à praia com as embarcações carregadas com aquilo que o mar lhes dá. Foi aqui que nasceu a reconhecida cadeia de restaurantes Pedra Alta e atualmente a AF Marisqueira, uma referência no peixe e marisco fresco. O nome deve-se ao proprietário Armindo Fernandes que decidiu usar as suas iniciais para renomear o restaurante que trabalha com o objetivo de satisfazer os

mexilhão, espetada de lulas com gambas e outros tipos de marisco e acompanhada com batata frita e uma base de arroz de marisco. Diariamente, uma grande panóplia de crustáceos compõem a montra e fazem as delícias dos apreciadores de marisco. Mas não ficamos por aqui. “Face ao local onde estamos inseridos, não podíamos deixar de trabalhar com o robalo. É o peixe com maior expressão em Castelo de Neiva, juntamente com o polvo e isso permitenos ter peixe fresco e de extrema qualidade todos os dias”,

clientes. “Mudámos o conceito mas não quisemos mudar as características deste espaço. Trabalhamos essencialmente com todo o tipo de crustáceos da costa, que chegam até nós ainda vivos e também com o peixe que o mar nos vai dando diariamente”, explica o gerente, Bruno Santos. A AF Marisqueira abriu as portas no dia 7 de Dezembro de 2016 e apostou no conforto e privacidade dos clientes. Através de um investimento, melhoraram as condições de acústica, pavimento, climatização do espaço, equipamentos e decoração para garantir o bem-estar dos visitantes. A sala tem capacidade para 250 pessoas e a possibilidade de ser estruturada e adaptar-se aos vários eventos que realizam num ambiente mais acolhedor. “A vista que temos é uma atração por excelência, estamos aqui em frente ao mar e creio que será uma das melhores vistas no nosso país. Estamos quase em cima da areia e é um privilégio para qualquer pessoa estar a almoçar ou jantar com o mar como cenário”, completa. Assim, dadas as condições, a localização, a qualidade e o facto de terem clientes exigentes, a gerência tem apostado na formação dos colaboradores para garantir um atendimento e serviço à altura.

afirma Bruno Santos. Para quem não aprecia estas especialidades do mar, a AF assegura pratos de carne certificada e barrosã como a posta de vitela e a espetada de novilho. Alguns clientes são já conhecidos pelo nome e fazem parte da família AF, com pedidos personalizados quase adivinhados à chegada do restaurante. A fidelização acontece através de uma relação de proximidade e confiança estabelecida no sentido de satisfazer o cliente e proporcionar uma experiência única. A tranquilidade tem atraído cada vez mais os portugueses que vivem no interior do país, estrangeiros e peregrinos dos Caminhos de Santiago que passam por este local com frequência. A presença dos emigrantes é também sentida nesta altura do ano em que visitam a sua cidade.

Do mar para a mesa Visitar a AF e ver as embarcações e os pescadores chegarem do mar é uma prática comum. A lota, situada em frente ao restaurante, é abastecida por estes homens do mar que asseguram qualidade e confiança. Aqui tudo é fresco e servido em doses generosas, ideal para partilhar com a família ou amigos. O prato mais sonante e, provavelmente, a grande especialidade da casa é a Parrelhada de Marisco, composta por lavagante da costa, sapateira recheada,

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O vinho como complemento “A Marisqueira foi a primeira aventura nesta área para o Sr. Armindo Fernandes. Nasceu como uma montra para os seus vinhos, uma atividade mais antiga, situada em Geraz do Lima”, começa por apresentar Bruno Santos. É exatamente nas Terras de Geraz que são produzidos alguns dos “melhores vinhos nacionais, premiados com medalhas de ouro a nível internacional”. A promoção deste produto tem sido feita na AF e conquistado cada vez mais adeptos que acabam por levar para casa. Entre o Solar da Videira, o Terras de Geraz e o Vianna, destaca-se o Solar de Louredo. “São vinhos frescos e que ligam na perfeição com pratos de peixe e marisco. Não têm gás e permitem ao cliente perceber as características e qualidade do vinho”, assegura. A história destes vinhos é já longa e, recentemente, foram adquiridos mais terrenos para plantar vinha com novas


AF MARISQUEIRA | VIANA DO CASTELO castas, compondo cerca de 50 hectares. Além das castas tradicionais da região, como Loureiro e Alvarinho, Armindo Fernandes aposta ainda noutras castas para oferecer ao cliente uma nova gama de vinhos brancos e tintos. A presença nos restaurantes da região está assegurada mas o objetivo passa pela expansão ao resto do país de forma gradual. “Fazemos exportação para a China, Brasil, França e avizinham-se outros mercados como Angola e os Estados Unidos da América. Temos uma empresa de vinhos em França, a “La Quinta de Vins du Portugal”, que faz a distribuição dos vinhos nesse mercado”, acrescenta Bruno Santos.

Para o futuro, existem vários projetos em mente e no papel. Tendo em conta que esta unidade foi adquirida na totalidade e o edifício tem uma grande dimensão, o próximo passo será investir no alojamento. “Queremos aproveitar o espaço e as condições que temos e proporcionar ao cliente a possibilidade de ficar hospedado num local com uma vista fantástica para o mar”. Mas as novidades não ficam por aqui. Ainda em segredo, encontra-se a abertura de mais um restaurante, numa zona histórica de Geraz do Lima, na Passagem.

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SETÚBAL Passando pela paisagem do cimo da Arrábida ou flutuando ao sabor da maré na marina de Setúbal, há sempre um convite para grandes momentos, tanto mais que a baía oferece uma multiplicidade de experiências: a cidade e a serra; o estuário do Sado e as praias atlânticas, os monumentos históricos e as delícias gastronómicas. Seja bem-vindo à Baía de Setúbal. Venha descobrir um Portugal Encantado. Foram os romanos que deram início a uma das mais tradicionais atividades da região - a recolha de sal e a conservação de alimentos em tanques de salga cujos vestígios se conservam na Península de Tróia. O desenvolvimento de Setúbal esteve desde sempre ligado às atividades marítimas propiciadas pela sua localização na foz do Rio Sado, sendo já no séc. XIV, um dos principais Portos do país. Os produtos agrícolas também merecem especial destaque sendo alguns deles já referenciados em documentos oficiais do final do séc. XIV nomeadamente as uvas, vinhos, laranjas e peixe. Ainda hoje, os vinhos produzidos na região envolvente têm fama, nomeadamente vinhos de mesa e o moscatel conhecido como de Setúbal. Poderão ser provados nas caves situadas na localidade próxima de Azeitão, onde também se produzem excelentes queijos e umas tortas deliciosas. Na cidade em que nasceram vultos da cultura portuguesa, nomeadamente Bocage e Luísa Todi merecem especial referência o Convento de Jesus em estilo gótico-manuelino que alberga o Museu da Cidade e o Forte de São Filipe. Atualmente convertido numa Pousada é um ótimo miradouro sobre a cidade, o Rio Sado, Tróia e a Serra da Arrábida. Em redor de Setúbal encontram-se áreas de natureza preservada, nomeadamente a Reserva Natural do Estuário do Sado, onde se podem observar golfinhos em liberdade, e o Parque Natural da Arrábida, de características únicas, com espécies que só se poderão encontrar em áreas próximas do Mediterrâneo. De destacar são também as excelentes praias nomeadamente a Figueirinha, Galapos e o Portinho da Arrábida e, na margem oposta do Rio Sado à qual se chega facilmente por ferry-boat, a península de Tróia com cerca de 18 quilómetros de praias e um campo de golfe.


União das freguesias de setúbal | setúbal

“Estamos a criar um melhor futuro”

Rui Canas Presidente

A União das Freguesias de Setúbal foi criada em 2013, no âmbito de uma reorganização administrativa que levou à fusão das freguesias de Nossa Senhora da Anunciada, Santa Maria da Graça e São Julião. Com mais de 46 mil habitantes, a União das Freguesias de Setúbal reúne as áreas do concelho há mais tempo habitadas, em cerca de dois terços da área do perímetro urbano da cidade.

Rui Canas, presidente desta união de freguesias, dá-nos conta de um território muito diverso: “Ficámos com praticamente todo o centro histórico, com a zona ribeirinha da cidade, com a atividade do centro e algumas aldeias da Serra da Arrábida. O Fórum Municipal Luísa Todi, a Casa da Baía, a Casa da Cultura, a Casa Bocage, a Igreja de Santa Maria, a Casa do Corpo Santo, o Parque Urbano de Albarquel e o Mercado do Livramento são alguns dos espaços de interesse que podem ser encontrados nesta união das freguesias”, explica. Tal diversidade resultou num mandato desafiante, com novas respostas a terem que se dar dadas para corresponder à atual realidade. A exercer pelo primeiro mandato a presidência da União de Freguesias de

Setúbal, Rui Canas é um setubalense com larga experiência no movimento associativo da cidade e nas dinâmicas autárquicas. Como tal, desde cedo definiu como prioridade a aposta num trabalho de construção de uma nova identidade, criada com base nos valores e história existentes nas três freguesias, bem como na melhoria e requalificação de espaços, arruamentos e acessos. Como exemplos, Rui Canas destaca o projeto “Ouvir a População, Construir o Futuro”, inédito a nível nacional, que levou a Câmara Municipal e a União das Freguesias de Setúbal a avaliar, em cada rua, as necessidades sentidas pela população. Tal traduziu-se em mais de duas mil situações a carecer de intervenção, com uma taxa de resolução de 93 por cento.

“O nosso projeto é o de trabalhar com as pessoas, com as instituições e com a autarquia”, salienta, destacando as parcerias de sucesso com a câmara municipal e com as diversas entidades e associações do município. Rui Canas salienta ainda um conjunto de projetos de revitalização da baixa comercial, avançados neste mandato, que uniu moradores e comerciantes, e se traduz numa das “melhores realidades que há hoje em Setúbal”. Tal projeto de revitalização será estendido à zona dos bares e restauração. A zona ribeirinha não poderia ser esquecida, com a requalificação do Mercado da Lota, que dará lugar ao Mercado do Rio Azul – com novas bancas, melhores infraestruturas, rede elétrica, abastecimento de água e sistema de recolha e tratamento de resíduos de peixe – e o reordenamento da doca, higiene e limpeza, tudo da responsabilidade da União de Freguesias de Setúbal, em parceria com o Porto de Setúbal. A par destas ações, a união de freguesias realizou e apoiou vários projetos de preservação e valorização do património imaterial herdado. Para tal, recuperou festas tradicionais que corriam

que envolve as escolas, pescadores e a população em geral e se traduz na possibilidade das crianças aprenderem a remar, a velejar, a coser redes, a cozinhar o choco e a tomar contacto com a tradição sadina. Muitas mais obras e projetos foram executados, como a manutenção do parque escolar, a criação de uma loja social que já apoiou cerca de 180 famílias, a abertura do Centro Comunitário da Anunciada, reperfilamento e recuperação da rede viária, entre muitos outros. Rui Canas, que será novamente candidato às próximas eleições, garante que “a proximidade aos fregueses e o contributo para um melhor dia-a-dia, bem como um futuro promissor para toda a população estão na base do nosso trabalho, desenvolvido por uma melhor União das Freguesias de Setúbal”.

o risco de desparecer e criou o projeto “Mostra das Tradições Marítimas”

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