Amazônia 148

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RITA DE KÁSSIA

Autorizou a doação dos órgãos do filho

Faltam palavras, sobra

PACOTE DE BELÉM

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, do inglês Tropical Forest Forever Facility) cria uma forma inédita de pagamento para que países mantenham as florestas tropicais em pé. Países que preservam as florestas tropicais serão recompensados financeiramente por meio de um fundo de investimento global. Ao menos 63 países já endossaram ideia. O fundo já mobilizou, segundo a presidência da COP3O, US$ 6,7 bilhões. O dinheiro não é uma doação. A proposta é que os investi¬dores recuperem...

5 RESULTADOS DA COP 30: O QUE O PACOTE POLÍTICO DE BELÉM REALMENTE ENTREGOU

PUBLICAÇÃO

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Rodrigo Barbosa Hühn pauta@revistaamazonia.com.br

PRODUTOR E EDITOR

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A 30 a Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30) reuniu o mundo em Belém, no Brasil, para uma rodada de negociações em meio aos crescentes impactos climáticos e às expectativas cada vez maiores. Após duas semanas de conversas, os países adotaram um pacote de decisões agora conhecido como Pacote Político de Belém. Aqui estão cinco resultados principais da COP 30: O financiamento para adaptação é o recurso que ajuda...

DA TERRA PARA A TERRA: AGROPALMA COMPROVA EFICIÊNCIA DAS TÉCNICAS

NATURAIS NO MANEJO DA PALMA

A COP3O em Belém (PA) trouxe grande visibilidade ao tema das Soluções Baseadas na Natureza (SBNs). A expectativa é de que esse conjunto de práticas se torne um dos pilares da ação climática global, sendo implementado sobretudo pelo agronegócio - setor com alto potencial para mitigação e restauração de ecossistemas...

AL GORE VISITA E EXALTA O PARQUE DA BIOECONOMIA E O VALE BIOAMAZÔNICO

O governador do Pará, Helder Barbalho, recepcionou o ex vicepresidente dos Estados Unidos e referência mundial na luta contra as mudanças climáticas, Al Gore, no Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, em Belém. A visita, realizada durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP3O), reforçou o protagonismo do estado na construção do Vale Bioamazônico, estratégia que une ciência, tecnologia e valorização...

SISTEMAS ALIMENTARES AQUÁTICOS

COMO SOLUÇÕES CLIMÁTICAS

O papel estratégico da algicultura para a economia azul e para sistemas alimentares sustentáveis, foi destacado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), durante o painel “Sistemas Alimentares Aquáticos como Soluções Climáticas”, no Pavilhão Brasil, na Blue Zone da COP 30. No evento, o ministro André de Paula anunciou que o Brasil passará a integrar a Iniciativa Global para as Algas Marinhas — United Nations Global Seaweed Initiative (UNGSI)...

AGRIZONE APRESENTA SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS

A AgriZone é uma grande vitrine de tecnologias, ciência e cooperação internacional voltada à agricultura sustentável e ao combate à fome em um contexto de mudança do clima. O espaço ficou aberto ao público de 10 a 21 de novembro das 10h às 18h, com acesso gratuito mediante inscrição. Localizado a menos de 2 km da Blue Zone, ambiente de negociação da COP 30, em Belém (PA)... 13 06 31 40 45 50

[10] Abertura da COP 3O [16] Papa na COP 3O: ‘Se queres cultivar a paz, cuida da criação’ [18] Marco Zero da Implementação Climática [20] COP3O mobiliza 190 países em 120 planos de ação climática [22] Décimo ano do Acordo de Paris [24] 5 gráficos mostram o progresso climático no 10° aniversário do Acordo de Paris [28] O Brasil acredita que pode mudar o jogo climático com o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) [34] Urbanizaçao e Mudança do Clima [37] Declaração de Belém para a Industrialização Verde [42] Países amazônicos anunciam monitoramento conjunto da floresta [ [48] Conhecimento indígena e financiamento direto são pilares da adaptação climática [52] Floresta amazônica impulsiona inovação e múltiplas possibilidades na bioeconomia [54] Brasil anuncia R$ 107 milhões para bioeconomia amazônica [56] Desafio da Bioeconomia, definindo os principais objetivos, resultados esperados e marcos até 2028 [59] Pará e BID firmam primeira garantia multilateral para restauração florestal no Brasil, durante a COP30 [62] Floresta em pé: lavoura e árvores reduzem impacto de mudança climática

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ARTICULISTAS/COLABORADORES

Adrielen Alves, Arthur Sobral, Bianca Leão, Bruna Cerqueira COP30, Edson Carvalho, INPE, FAO, Laura Marques, Lucas Maciel, Mayara Souto, Meghan Bartels, MMA, OTCA, Rafaela Ferreira, Ronaldo G. Hühn, SCI AM Scientific American, UNU-EHS;

FOTOGRAFIAS

Ag. Pará, Agência Pública, Alex Ferro/COP30, Aline Massuca/COP30, Amanda Montañez, Antonio Scorza/COP30, Arquivo Amazônia, Bruno Peres/ Agência Brasil, Cambridge University Press, Climate Central, Copernicus, COP30, Divulgação, Embaixador André Corrêa do Lago, ,IEA, IPCC 2014, Isadora Ferreira/ONU Brasil, Kiara Worth / ONU Mudanças Climáticas, Lucas Maciel – Ascom Semas, Marcelo Camargo /Agência Brasil, Marco Santos / Ag. Pará, Mongabay Brasil, MPA/Divulgação, Pedro Guereiro/Agência Pará, Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR, OMM, OTCA, Rhodium Group,Tânia Rêgo/Agência Brasil, Ueslei Marcelino/COP30, UN Climate Change - Kiara Worth, © UN Climate Change - Zô Guimarães, UNU/Raimundo Paccó, Unsplash, Yago Fagundes/Divulgação, Wim Thiery et al., em Science, World Weather Attribution, Wylliam Torres/Divulgação;

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NOSSA CAPA

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Ilustração de chamada da UNEA-7. Em homenagem aos Delegados e decisores da sétima sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente com o objetivo de transformar resultados tangíveis para as pessoas, os ecossistemas e a estabilidade do nosso planeta, em soluções sustentáveis para sua resiliência. Foto: Erick Arce/pexels, em UNEA-7

EDITORA CÍRIOS

A conferência em Belém consolida avanços políticos e técnicos.

Pacote de Belém

A conferência em Belém consolida avanços políticos e técnicos. Ela projeta a liderança brasileira e inaugura um mutirão global contra as mudanças climáticas

☆Fundo Florestas Tropicais para Sempre

OFundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, do inglês Tropical Forest Forever Facility) cria uma forma inédita de pagamento para que países mantenham as florestas tropicais em pé. Países que preservam as florestas tropicais serão recompensados financeiramente por meio de um fundo de investimento global. Ao menos 63 países já endossaram ideia. O fundo já mobilizou, segundo a presidência da COP30, US$ 6,7 bilhões. O dinheiro não é uma doação. A proposta é que os investidores recuperem os recursos investidos, com remuneração compatível com as taxas médias de mercado, ao mesmo tempo em que contribuem para a preservação florestal e a redução de emissões de carbono. A ideia é que as florestas sejam vistas como fonte de desenvolvimento social e econômico.

☆Financiamento

Os países incluíram no Pacote de Belém o compromisso de triplicar o financiamento da adaptação às mudanças climáticas até 2035 e a ênfase na necessidade de os países desenvolvidos aumentarem o financiamento para nações em desenvolvimento. O documento Mutirão, classificado pela presidência brasileira da COP30 como um “método contínuo de mobilização que começa antes, atravessa e segue além da COP30”, cita a ampliação do financiamento para os países em desenvolvimento para ação climática, de todas as fontes públicas e privadas, para pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035.

☆122 países com NDC

A COP termina com 122 países tendo apresentado Contribuições Nacionalmente Determinada, conhecidas nas discussões como NDC, sigla em inglês para Nationally Determined Contributions. NDC são as metas e os compromissos assumidos pelas partes para a redução de emissões de gases do efeito estufa. Os países devem apresentar a cada cinco anos uma nova versão de NDC, com as ambições atualizadas em relação ao Acordo Paris.O Acordo de Paris, lançado na COP21, em 2015, reúne ações globais em resposta à ameaça da mudança climática, como a redução das emissões de gases de efeito estufa.

COP 30 É ENCERRADA COM METAS DE 122 PAÍSES DEFINIDAS

☆Meta Global de Adaptação

☆Atenção às pessoas

A COP30 recebeu 59 indicadores voluntários para monitorar o progresso sob a Meta Global de Adaptação. São indicadores que envolvem setores como água, alimentação, saúde, ecossistemas, infraestrutura e meios de subsistência. Todos integram questões transversais como finanças, tecnologia e capacitação.

Os documentos aprovados ressaltam que a transição justa deve se atentar às pessoas, tanto como protagonistas de ações quanto em termos de igualdade entre elas, de forma que populações vulnerabilizadas recebem atenção maior no cenário de mudança do clima. Pela primeira vez, afrodescendentes foram mencionados nos documentos da conferência sobre o clima.

COP30 CRIA MECANISMO DE TRANSIÇÃO

JUSTA E RECONHECE INDÍGENAS E NEGROS

Praça da República e seus corredores de mangueiras em Belém. Foto finalista da edição de 2024 do concurso internacional de fotografia sobre Transformação Urbana, organizado pela Universidade das Nações Unidas (UNU). Foto: © UNU/Raimundo Paccó

☆Gênero

Os países aprovaram um Plano de Ação de Gênero. A iniciativa amplia

o orçamento e o financiamento sensíveis ao gênero e promove a liderança de mulheres indígenas, afrodescendentes e rurais.

☆Ambição coletiva

O documento Mutirão reafirma a determinação em aumentar a ambição coletiva ao longo do tempo. Para isso, há dois mecanismos de implementação:

Acelerador Global de Implementação: iniciativa colaborativa e voluntária lançada sob a liderança das presidências da COP30 e COP31 para apoiar os países na implementação de NDC e Planos Nacionais de Adaptação.

☆Implementação

O Brasil tem defendido que uma série de anúncios e iniciativas de impacto já está em curso, fazendo dessa COP a conferência de implementação das medidas. São exemplos:

Iniciativa Fini (Fostering Investible National Implementation), medida para tornar mais viáveis os Planos Nacionais de Adaptação. A Fini reúne países, bancos de desenvolvimento, seguradoras e investidores privados e pretende desbloquear US$ 1

Missão Belém para 1,5 °C: plataforma orientada para a ação sob a liderança da COP29-COP31, para promover maior ambição e cooperação internacional em mitigação, adaptação e investimento.

trilhão em projetos de adaptação dentro de três anos, com 20% mobilizados pelo setor privado;

A Fundação Gates prometeu US$ 1,4 bilhão para apoiar pequenos agricultores;

Plano de Ação de Saúde de Belém, endossado por mais de 30 países e 50 organizações, elevou a saúde como prioridade climática. Recebeu US$ 300 milhões do Fundo de Financiadores do Clima e Saúde (Climate and Health Funders Coalition), uma rede de organizações filantrópicas. Os recursos são destinados a fortalecer sistemas de saúde, hospitais, vigilância e prevenção de doenças resilientes ao clima, especialmente nos países emergentes; Dez países anunciaram apoio ao Acelerador Raiz, iniciativa para restaurar terras agrícolas degradadas e mobilizar capital privado.

Durante a plenária final de encerramento da COP30, em Belém

Prioridade do governo brasileiro, inclusive tendo sido objeto de discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos dias, o Mapa do Caminho, um roteiro para o afastamento dos combustíveis fósseis – emissores de gases do efeito estufa, causadores do aquecimento global – ficou de fora dos documentos.

Na COP, questões precisam ser aprovadas por unanimidade, mas o Mapa do Caminho teve apoio de 80 a 85 países.

De acordo com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e do presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, o Mapa do Caminho não foi descartado. Pelo contrário, fará parte dos próximos meses de discussão entre os países. O Brasil segue na presidência da COP até novembro de 2026.

“O Mapa do Caminho já não é mais uma proposta apresentada pelo Brasil, pelo presidente Lula, mas por dezenas de países e por milhares e milhares de pessoas em todo mundo, chancelada pela comunidade científica”, disse Marina.

A ministra disse acreditar que cada país deverá ter o seu próprio Mapa do Caminho, assim como acontece com as NDC.

“Um país rico, eu imagino que todos já têm seus mapas do caminho, já têm suas trajetórias muito bem planejadas. Agora países em desenvolvimento, países pobres, dependentes inclusive de petróleo em suas economias, não têm essas trajetórias. É por isso que é muito importante o esforço que será feito”.

Embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, na plenária final, em Belém

Coalizão de países liderados pela Colômbia cobra da COP30 um mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis

Ela ressalta que o Brasil recebeu de mais de 80 países o mandato para tratar do tema, além de ser assunto com respaldo “muito grande na opinião pública, da sociedade civil e da comunidade científica”.

Além do afastamento dos combustíveis fósseis, lembrou Marina, haverá outro mapa referente ao fim do desmatamento.

O embaixador Corrêa do Lago admitiu que imaginava ser difícil ter consenso sobre o Mapa do Caminho na COP30.

“Há uma resistência sobre o tema e havia uma outra possibilidade, que era a de transformar isso em uma agenda importante da COP”, relativiza ele, prometendo estudos pelos próximos 11 meses e meio da presidência brasileira na COP. “Vamos juntar a maior inteligência possível sobre energia fóssil”, disse.

A COP30 conclui com claras manifestações de renovado compromisso político e fortalecimento do multilateralismo climático. As decisões adotadas em Belém oferecem instrumentos concretos para intensificar a ação global, reforçar a centralidade da justiça climática e reafirmar a convicção de que somente por meio da cooperação internacional será possível garantir um futuro seguro, resiliente e sustentável para as próximas gerações.

Depois de 13 dias de negociação, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) terminou no sábado (22/11), em Belém, com uma série de avanços e discussões que prosseguirão pelos próximos meses.

Abertura da

Realizada pela primeira vez na Amazônia - bioma com a maior biodiversidade do planeta e um regulador do clima global -, a COP30 tem o enorme desafio de recolocar o tema das mudanças climáticas no centro das prioridades internacionais

Lula enfatizou que o aquecimento global pode empurrar milhões de pessoas para a fome e a pobreza, fazendo retroceder décadas de avanço, e lembrou do impacto desproporcional que mudança do clima causa sobre mulheres, afrodescendentes, migrantes e grupos

Fotos: Bruno Peres/Agência Brasil, Rafael Nedemeyer/COP30, Tânia Rêgo/Agência Brasil

vulneráveis, o que deve ser levado em conta nas políticas de adaptação.

“Uma transição justa precisa contribuir para reduzir as assimetrias entre o Norte e o Sul Global, forjadas sobre séculos de emissões. A emergência climática é uma crise de desigualdade.

O presidente reafirmou o papel dos

territórios indígenas e de comunidades tradicionais nos esforços de mitigação do aumento das temperaturas, pela preservação das florestas e, consequentemente, a regulação do carbono na atmosfera. “No Brasil, mais de 13% do território são áreas demarcadas para os povos indígenas. Talvez ainda seja pouco”.

“Trazer a COP para o coração da Amazônia foi uma tarefa árdua, mas necessária. Quem só vê floresta de cima desconhece o que se passa à sua sombra. O bioma mais diverso da Terra é a casa de quase 50 milhões, incluindo 400 povos indígenas, dispersa por nove países em desenvolvimento, que enfrentam imensos desafios sociais e econômicos”.

Lula conclamou as partes a cumprirem a meta de mobilização de US$ 1,3 trilhão para o financiamento climático e denunciou o negacionismo climático, chamando a COP 30 de “COP da Verdade”.

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, ressaltou a necessidade de urgência na adoção de uma agenda de ações para enfrentar a crise climática global.

O presidente Lula, na abertura da 30ªCOP

“Estamos quase lá, mas temos que fazer muito. O que mudou imensamente a minha percepção sobre esse processo é a questão da urgência”, disse o embaixador em discurso , após ter sido eleito por aclamação pelos delegados para presidir a conferência.

Corrêa do Lago fez menção a desastres naturais como o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu (PR), a mais afetada, e em pelo menos outras 11 cidades de região centro-sul paranaense, deixando seis pessoas mortas e 750 feridos. O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, na abertura destacou a herança diplomática da Cúpula da Terra do Rio de Janeiro de 1992 e afirmou que a presença de autoridades subnacionais e parlamentares é um sinal de mobilização coletiva para a implementação das deci-

sões da COP. Ele ressaltou a importância do “Mutirão” e da apresentação de soluções por meio da agenda de ação, e disse que a COP será um evento de implementação, adaptação e integração da política climática e do desenvolvimento econômico, com base em evidências científicas.

“A questão da urgência é o elemento adicional, que está tão presente e somos lembrados, com grande tristeza, como, por exemplo, essa semana no Brasil no Paraná, ou nas Filipinas ou poucas semanas atrás na Jamaica. Temos uma responsabilidade imensa”, apontou.

Para o embaixador, desastres como esses ressaltam a importância de a COP resultar em ações concretas, unindo a ciência, a educação, a cultura e o multilateralismo.

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, fala durante a cerimônia de abertura da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, na COP30
Embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30: Esta é uma COP de implementação
Secretário Executivo da UNFCCC, Simon Stiell

“Esta portanto é uma COP de implementação. Eu espero que seja lembrada também como uma COP de adaptação, uma COP que vai avançar na integração do clima, na economia, nas atividades, na criação de emprego e mais do que tudo, uma COP que vai ouvir a ciência”, afirmou. Observando que a curva de emissões de gases de efeito estufa (GEE) está em declínio, o Secretário Executivo da UNFCCC, Simon Stiell, ressaltou que o Acordo de Paris está funcionando, mas que as partes precisam agir mais rapidamente para fortalecer a resiliência e reduzir as emissões, a fim de retornar à meta de 1,5°C após qualquer ultrapassagem temporária. Ele afirmou que, na COP 30, os países devem concordar com medidas concretas para alcançar uma transição justa e ordenada para longe dos combustíveis fósseis, concordar com os indicadores que ajudarão a acelerar o progresso na adaptação e começar a avançar em direção à meta de US$ 1,3 trilhão em financiamento climático mobilizado.

Em uma mensagem em vídeo, Jim Skea, presidente do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, observou que 2024 foi o ano mais quente já registrado, com 1,55°C acima dos níveis pré-industriais, e que a implementação de todas as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) ainda levaria a um aquecimento de 2,3 a 2,5°C até o final do século.

Simon Stiell, encerrou instando as partes a avançarem mais rapidamente para que o limite de aquecimento global

seja revertido para 1,5°C após qualquer ultrapassagem temporária.

Ainda no vídeo, na abertura da COP30, o presidente do IPCC Jim Skea destacou “a capacidade do IPCC para avaliar e sintetizar o vasto e continuamente crescente corpo de conhecimento científico sobre as alterações climáticas, os seus impactos e as respostas disponíveis são únicas.

As principais descobertas dos nossos relatórios são duradouras. As muitas opções de adaptação e mitigação identificadas podem ser implementadas agora. O IPCC continuará a apresentar resultados científicos claros, autorizados, atempados e acionáveis para apoiar os processos da CQNUAC”.

Belém e suas Chuvaradas

Mesmo reconhecendo a felicidade da escolha de Belém como cidade anfitriã e reconhecendo esse valor simbólico, um observador não pôde deixar de notar que muitos participantes tiveram que enfrentar longos deslocamentos diários de ida e volta ao local do evento devido à falta de opções adequadas de hospedagem na cidade. “Certamente estamos saindo da nossa zona de conforto”, exclamou outro, em meio ao barulho de uma tempestade tropical que caiu sobre o local à tarde, criando verdadeiras cachoeiras dentro do plenário.

Contudo, nenhuma dessas turbulências impediu os delegados de finalizarem a organização dos trabalhos, determinados a iniciar as negociações substantivas o mais breve possível.

Margareth Menezes , Ministra da Cultura do Brasil, se apresentando na cerimônia de abertura da COP 30
Pavilhões da COP30

5 Resultados da COP 30: O que o Pacote Político de Belém realmente entregou

Nos bastidores da COP30: os avanços, as lacunas e os próximos passos, apresentados através de cinco resultados essenciais.

A30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30) reuniu o mundo em Belém, no Brasil, para uma rodada de negociações em meio aos crescentes impactos climáticos e às expectativas cada vez maiores. Após duas semanas de conversas, os países adotaram um pacote de decisões agora conhecido como Pacote Político de Belém. Aqui estão cinco resultados principais da COP 30:

A 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30) reuniu o mundo em Belém, no Brasil, para uma rodada de negociações em meio aos crescentes impactos climáticos e às expectativas cada vez maiores. Após duas semanas de conversas, os países adotaram um pacote de decisões agora conhecido como Pacote Político de Belém. Um

1. Um sinal político para triplicar o financiamento da adaptação até 2035

O financiamento para adaptação é o recurso que ajuda os países a lidar com os impactos climáticos já em curso, como a construção de estradas resistentes a inundações, a melhoria do armazenamento de água durante secas ou a expansão de sistemas de alerta precoce. Na COP 30, os países indicaram que o financiamento para adaptação deveria triplicar até 2035. Embora ainda não seja um compromisso vinculativo, trata-se de um importante sinal político.

O financiamento atual está muito aquém do que os países vulneráveis precisam, e os impactos estão se intensificando rapidamente.

A clara expectativa de aumentar os recursos na próxima década indica às instituições internacionais e aos governos nacionais uma direção a seguir, mesmo que os detalhes das contribuições ainda precisem ser negociados.

Fotos: © UN Climate Change - Kiara Worth, © UN Climate Change - Zô Guimarães

2. Atenção ao abismo: Novas iniciativas para aumentar a ambição

As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) dos países, embora representem um progresso quando implementadas, não são suficientes para alcançar a mitigação necessária para evitar o aumento de 1,5°C .

Em um esforço para reduzir a lacuna entre as metas climáticas atuais e o objetivo de 1,5°C, o Pacote Político Baku-Belém estabelece duas iniciativas destinadas a apoiar as nações no fortalecimento e na concretização de seus compromissos.

A “Missão Belém para 1,5°C” visa incentivar uma maior ambição nos planos climáticos nacionais (NDCs), fomentando o diálogo sobre a cooperação e o investimento internacionais necessários. Essa iniciativa é complementada pelo “Acelerador Global de Implementação”, uma plataforma voluntária e cooperativa destinada a auxiliar os países na transição do planejamento para a ação, facilitando a implementação prática das medidas de mitigação e adaptação necessárias para atingir essas metas.

3. Um novo mecanismo da UNFCCC para orientar a “transição justa”

Um dos resultados mais importantes da cúpula foi a criação de um mecanismo de transição justa. Em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a transição justa refere-se à ideia de que a ação climática não deve deixar ninguém para trás, em particular as comunidades e os trabalhadores cujos meios de subsistência dependem de combustíveis fósseis ou de setores com alta emissão de carbono.

Significa também dar aos países em desenvolvimento o apoio necessário para que possam desenvolver suas economias de forma mais limpa e resiliente.

O novo Mecanismo de Ação de Belém (BAM) servirá como plataforma para coordenar a assistência, compartilhar boas práticas, mobilizar recursos e monitorar o progresso. Sua criação significa que a equidade na transição global para economias sustentáveis deixou de ser apenas um slogan político e agora tem um lugar formal no sistema climático da ONU.

4. Os países concordaram com os indicadores para o Objetivo Global de Adaptação.

Durante anos, as Partes têm tentado definir como medir o progresso global na adaptação, uma tarefa difícil, considerando que a resiliência climática se apresenta de forma diferente em cada local.

A COP 30 finalmente produziu um conjunto de indicadores acordados para o Objetivo Global de Adaptação (OGA). Esses indicadores ajudarão a avaliar melhorias em áreas como segurança hídrica, sistemas alimentares, resiliência da infraestrutura, alcance dos sistemas de alerta precoce e acesso ao financiamento para adaptação. As negociações foram difíceis e muitos governos enfatizaram que os indicadores precisarão de maior refinamento, o que deixa um trabalho significativo para as próximas COPs. Ainda assim, ter uma primeira versão em vigor oferece aos países uma estrutura comum para avaliar se os esforços de adaptação estão no caminho certo.

5. A proposta de eliminação gradual dos combustíveis fósseis não foi aprovada, mas o movimento pode ganhar força em outros setores

Muitos governos e grupos da sociedade civil chegaram a Belém exigindo um compromisso claro para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, mas

o movimento pode ganhar força em outros lugares. No final, as Partes não conseguiram chegar a um acordo sobre uma linguagem formal que consolidasse

a eliminação gradual nos resultados da COP 30, especialmente devido à oposição das principais nações produtoras de combustíveis fósseis. No entanto, a questão está longe de ser encerrada. O Brasil, na Presidência da COP 30, lançou uma iniciativa para manter o tema em discussão até a COP 31. Processos liderados pela Presidência já ajudaram a superar impasses políticos, e este novo esforço visa trabalhar com os países dispostos a delinear medidas práticas para a redução gradual da produção e do uso de combustíveis fósseis. Embora não seja uma decisão negociada, essa iniciativa poderá influenciar as discussões do próximo ano e ajudar a superar a grande lacuna deixada em Belém. Em conjunto, esses cinco resultados demonstram tanto avanços quanto limitações. A COP 30 trouxe novas ferramentas, expectativas mais claras e novos espaços de cooperação, mas também evidenciou onde a ambição global ainda está aquém do que a ciência climática exige. O próximo ano determinará se os países conseguirão transformar esses resultados em ações significativas antes da COP 31.

[*] Instituto para o Meio Ambiente e Segurança Humana da Universidade das Nações Unidas

Papa na COP30: ‘Se queres cultivar a paz, cuida da criação’

Em mensagem transmitida pelo Cardeal Parolin na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima em Belém, o Papa apela a uma ação urgente e a uma “conversão ecológica” alicerçada na responsabilidade, na justiça e na solidariedade

OPapa Leão XIV exortou os líderes mundiais reunidos em Belém para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) a assumirem compromissos corajosos e concretos para o cuidado com a criação, lembrando-lhes que a paz e a gestão ambiental estão indissoluvelmente ligadas.

Ao transmitir a mensagem do Papa , o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, disse aos delegados: “Se vocês querem cultivar a paz, cuidem da criação”. As palavras do Papa, afirmou ele, refletem a convicção de que cuidar da nossa casa comum é tanto um dever moral quanto um caminho para uma paz duradoura.

O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, ao ler a mensagem do Papa Leão XIV na 30ª COP

Em sua mensagem, o Papa observou que, embora a atenção global esteja frequentemente voltada para guerras e conflitos, a paz também está gravemente ameaçada “pela falta de respeito pela criação, pela pilhagem dos recursos naturais e por um declínio progressivo na qualidade de vida devido às mudanças climáticas”. “Esses desafios colocam em risco a vida de todos neste planeta”, disse ele, “e, portanto, exigem cooperação internacional e um multilateralismo coeso e voltado para o futuro, que coloque a sacralidade da vida, a dignidade inerente a cada ser humano dada por Deus e o bem comum no centro das atenções.”

Fotos: Aline Massuca/COP30, Antonio Scorza/COP30, Bruno Peres/Agência Brasil
Se vocês querem cultivar a paz, cuidem da criação
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, ao ler a mensagem do Papa à COP30

“Em meio a um mundo em chamas, como resultado tanto do aquecimento global quanto dos conflitos armados, esta Conferência deve se tornar um sinal de esperança”, disse ele.

“Em meio a um mundo em chamas, como resultado tanto do aquecimento global quanto dos conflitos armados, esta Conferência deve se tornar um sinal de esperança”.

Recordando as palavras de São João Paulo II, o Papa Leão XIV reiterou que a crise ecológica “é uma questão moral” que exige um renovado sentido de solidariedade entre as nações.

“Os Estados devem compartilhar cada vez mais a responsabilidade, de forma complementar, pela promoção de um ambiente natural e social que seja pacífico e saudável”, afirmou.

Ele destacou que os mais pobres e vulneráveis “são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das mudanças climáticas, do desmatamento e da poluição” e enfatizou que cuidar da criação é, portanto, “uma expressão de humanidade e solidariedade”.

“Precisamos transformar palavras e reflexões em escolhas e ações baseadas na responsabilidade, justiça e equidade”, disse ele. “Precisamos transformar palavras e reflexões em escolhas e ações baseadas na responsabilidade, justiça e equidade”.

Das palavras à ação

Ao relembrar o Acordo de Paris de 2015, o Papa observou que “o caminho para alcançar os objetivos estabelecidos nesse Acordo continua longo e complexo”. Ele exortou as nações a “acelerarem corajosamente a implementação do Acordo de Paris e da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima”.

Ao celebrar o décimo aniversário da encíclica “Laudato si’ do Papa Francisco , ele lembrou aos participantes que “o clima é um bem comum, que pertence a todos e é para todos”.

“Que todos os participantes desta COP30”, acrescentou, “sejam inspirados a abraçar com coragem esta conversão ecológica em pensamento e ação, tendo em mente a face humana da crise climática”,

O Papa Leão XIII prosseguiu, apelando a uma “nova arquitetura financeira internacional centrada no ser humano” para garantir que todas as nações, especialmente “as mais pobres e as mais vulneráveis aos desastres climáticos”, possam atingir o seu potencial e proteger a dignidade dos seus cidadãos.

Segundo ele, essa estrutura também deveria reconhecer “a ligação entre a dívida ecológica e a dívida externa”.

Ele também fez um apelo por “uma educação em ecologia integral” que ajude indivíduos e comunidades a entender como as escolhas diárias - pessoais, familiares e políticas - moldam o futuro da humanidade.

Um compromisso para o futuro

Concluindo sua mensagem, o Papa exortou os participantes a “protegerem e cuidar da criação que nos foi confiada por Deus, a fim de construir um mundo pacífico”.

Ele assegurou a todos os envolvidos na COP30 suas orações enquanto tomam decisões importantes para o bem comum e para o futuro da humanidade, acrescentando: “Que esta conversão ecológica inspire o desenvolvimento de uma nova solidariedade que salvaguarde tanto a criação quanto a dignidade humana”.

“Que esta conversão ecológica inspire o desenvolvimento de uma nova solidariedade que salvaguarde tanto a criação quanto a dignidade humana”.

O clima é um bem comum, que pertence a todos e é para todos
O cardeal Paroli finalizou a leitura da mensagem assegurando as orações do Santo Padre enquanto, nesta COP30, tomam-se decisões importantes para o bem comum e para o futuro da humanidade

Marco Zero da Implementação Climática

AConferência do Clima de Belém, a COP30, inscreveu-se na história diplomática não apenas como mais um encontro anual, mas como o marco zero de uma nova era: a fase da implementação. Superado o longo e complexo ciclo de regulamentação do Acordo de Paris, a cúpula na Amazônia brasileira tinha a missão de tirar os compromissos do papel e transformá-los em realidade palpável. A análise trazida pelo Instituto LACLIMA em seu tradicional balanço revela que, se o evento não resolveu todas as equações climáticas globais, ele foi decisivo ao erguer o andaime político necessário para os próximos anos. Sob a liderança da Presidência brasileira, a conferência inovou ao criar avenidas diplomáticas para temas que, até então, eram sistematicamente contornados nas mesas de negociação.

“A COP30 mostrou que a cooperação climática está viva e forte, mantendo a humanidade na luta por um planeta habitável”, e finalizando: “Aqui em Belém, as nações escolheram a solidariedade, a ciência e o bom senso econômico” disse Simon Stiell, Secretário Executivo da ONU para Mudanças Climáticas, no seu discurso de encerramento das plenárias da COP30 em Belém

Fotos: Alex Ferro/COP30, Kiara Worth / ONU Mudanças Climáticas

Questões nevrálgicas, como o desenho de roteiros globais para o enfrentamento do desmatamento e a transição para longe dos combustíveis fósseis, ganharam um espaço de debate inédito. Embora a resistência política tenha impedido que esses roteiros fossem integrados às decisões formais finais, a Presidência brasileira garantiu que eles não morressem na praia: serão desenvolvidos como iniciativas políticas cruciais ao longo do próximo ano, mantendo viva a chama da meta de 1,5°C. No campo das conquistas tangíveis, Belém celebrou a aprovação dos aguardados Indicadores de Belém para a Meta Global de Adaptação, preenchendo uma lacuna histórica desde a criação do GGA e oferecendo métricas para um dos pilares mais urgentes da ação climática. Avanços na agenda de transição justa também foram registrados, sinalizando uma compreensão mais madura sobre os impactos sociais das mudanças necessárias. O coração político da conferência, no entanto, pulsou na construção da chamada “Decisão Mutirão”. O processo foi um teste de fogo para a diplomacia. O início das tratativas foi marcado por uma polarização intensa. De um lado, blocos como a União Europeia e os pequenos estados insulares pressionavam por um plano de resposta robusto

à lacuna de ambição das NDCs para manter o 1,5°C viável. Do outro, países em desenvolvimento insistiam que o verdadeiro gargalo não era a falta de metas, mas a ausência de financiamento previsível e a ameaça de medidas comerciais unilaterais disfarçadas de protecionismo verde.

A segunda semana de negociações exigiu um esforço intensivo de bastidores, com a Presidência utilizando uma diplomacia itinerante para costurar consensos mínimos. O resultado foi uma arquitetura complexa baseada em três pilares principais. O pri -

meiro instituiu o Acelerador Global de Implementação, um mecanismo cooperativo para dar tração às NDCs e planos nacionais. O segundo criou a “Missão Belém para 1,5°C”, um guarda-chuva político destinado a organizar a ambição e os investimentos até a década crítica de 2035.

O terceiro pilar enfrentou as tensões geoeconômicas. A decisão reafirmou o compromisso com um sistema multilateral de comércio aberto, tentando blindar a pauta climática de guerras comerciais, e mandatou um ciclo de diálogos formais envolvendo a Organização Mundial do Comércio (OMC), a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) e o International Trade Centre (ITC). No front financeiro, a solução possível foi a criação de um programa de trabalho de dois anos para discutir o financiamento climático, uma resposta parcial às demandas por maior estruturação e qualidade nos repasses de recursos.

Ao final, a COP 30 de Belém consolidou-se como um ponto de inflexão. Não entregou todas as respostas sobre os volumes financeiros necessários nem resolveu o destino imediato dos fósseis no texto oficial, mas estruturou os debates decisivos para o futuro e firmou o compromisso político com a aceleração da implementação. Como ressaltou o Presidente da COP30 após a adoção do texto, o Brasil continuará liderando, à margem das decisões formais, os roteiros cruciais sobre desmatamento e energia, garantindo que o espírito do “Mutirão” continue a mobilizar a humanidade.

Embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, bate o martelo declarando o fim da Conferência das Partes (COP)
Missão Belém para 1,5°C – Acelerador Global de Implementação, para dar tração às NDCs

COP30 mobiliza 190 países em 120 planos de ação climática

Para coordenadora, documento é um efeito inédito global da conferência

No balanço da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), ocorrida em Belém (PA), o consenso de 29 itens da agenda climática foi celebrado entre as 195 partes que atuaram nas negociações. O documento final, esperado a cada término de COP, não inclui outros acordos que extrapolam as decisões oficiais, mas que igualmente são decididos no ambiente multilateral, como a Agenda de Ação.

De acordo com a coordenadora-geral da Agenda de Ação da Presidência da COP30, Bruna Cerqueira, a criação ao final da COP30 de um documento com 120 planos de aceleração das iniciativas climáticas e 190 países atuando em pelo menos um deles foi um feito global inédito.

Pela primeira vez, iniciativas que convergem para implementação das decisões de uma COP, construídas por outros atores como o setor privado ou governos subnacionais, foram organizadas em uma espécie de banco de boas ideias globais. Segundo Bruna Cerqueira, a intenção foi reunir ações voluntárias para acelerar a implementação do que já foi decidido.

“A gente criou seis eixos para a Agenda de Ação.

Focados em energia, indústria e transporte; em florestas, biodiversidade e oceanos; em sistemas alimentares e agricultura; em cidades, infraestrutura e água; em desenvolvimento humano e social e um último transversal de financiamento, tecnologia e capacitação”, explica Bruna.

Resultados

Na prática, os resultados já puderam ser observados ao longo das atividades ocorridas em Belém. Um exemplo, foi o a iniciativa global para proteção de terras, um plano de aceleração do compromisso para Florestas e Posse da Terra (Pledge, na sigla em ingês), já existente antes.

Segundo a integrante da presidência da COP30, um esforço mais focado nos resultados e em conectar as negociações à vida das pessoas resultou em uma maior adesão de países ao plano, e na renovação de recursos para financiamento da ação.

“Foram antecipados US$ 1,7 bilhões e agora eles colocaram mais uma meta de US$ 1,5 até US$ 2 bi em novos recursos. E isso veio acompanhado, nessa nova etapa, de um compromisso de alguns países em melhorar a sua gestão de terras. O Brasil, inclusive, anunciou algumas terras demarcadas durante a COP, como parte desse compromisso também”.

Fotos: Bruno Peres/Agência Brasil, Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR
Coordenadora-geral da Agenda de Ação da Presidência da COP30, Bruna Cerqueira
Relatório de Resultados da COP30

Alavancas

Após serem classificadas nos seis eixos, as iniciativas receberam diagnósticos a partir de 12 alavancas para efetivação das ações, com base nas perspectivas que vão desde a regulação das iniciativas nos territórios até demanda, oferta e aceitação pública.

“A gente fez um diagnóstico do que está indo bem, o que precisa ser focado e os planos são ações para lidar com essas alavancas, para a gente conseguir destravar as questões que estão bloqueando e implementar mais rápido”, explica Bruna.

Como orientador para esse trabalho, a presidência da COP30 trabalhou a partir do Balanço Global (GST, na sigla em inglês), um mecanismo de transparência do Acordo de Paris, para avaliar o progresso nas metas de emissões dos gases do efeito estufa em longo prazo.

Com periodicidade de cinco anos, o primeiro foi entregue durante a COP28,

em Dubai, Emirados Árabes Unidos, ocorrida no ano de 2023.

A partir da classificação e diagnóstico alinhados aos resultados do GST, a Agenda de Ação chegou a um efeito que conecta as negociações formais ao dia a dia das pessoas, avalia a coordenadora. “Se a gente quer transformar as economias, conseguir colocar todo mundo em uma estrutura desses seis eixos, qualquer ator econômico ou qualquer ator da sociedade tem que entender.

Dificilmente alguém vai saber o parágrafo X do GST, mas se você fala energia, indústria e transporte, todo mundo entende”, ressalta.

Com os 120 planos construídos, muitos deles com encaminhamento, Bruna Cerqueira avalia que os próximos passos são dar continuidade para que a Agenda de Ação seja fortalecida nas próximas COPs. “A próxima presidência já sinalizou no acordo entre a Turquia e a Austrália que gostaram da estrutura e que querem construir em cima daquilo. O desafio agora é estabilizar o legado e trabalhar com eles pra continuar trazendo todo mundo pra mesa e acelerar essa implementação”, conclui.

Os próximos passos são dar continuidade para que a Agenda de Ação seja fortalecida nas próximas COPs
Foram criados seis eixos para a Agenda de Ação
O Brasil lançou a primeira iniciativa global dedicada a garantir os direitos territoriais de povos indígenas, afrodescendentes e comunidades tradicionais, com a meta coletiva de proteger 160 milhões de hectares
Conexão

Décimo ano do Acordo de Paris

Lula celebrou uma década do Acordo de Paris e destacou as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) como caminho para tornar o desenvolvimento sustentável uma realidade

Esta COP marca dez anos do Acordo de Paris, em um momento em que acelerar a implementação, restaurar a confiança no multilateralismo e conectar as metas climáticas à vida das pessoas é mais urgente do que nunca. Inspirada pelo espírito do Mutirão Global e pelos resultados do primeiro Balanço Global, a COP30 busca transformar compromissos em soluções concretas em todos os níveis da sociedade. O Acordo de Paris, completando 10 anos neste 2025 é um tratado internacional sobre mudança do clima que busca limitar o aquecimento global a um nível “bem abaixo” de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais até o fim do século, fazendo esforços para limitá-lo, idealmente, a 1,5º.

Cento e noventa e cinco países o assinaram na COP21, em Paris, em 12 de dezembro de 2015.

O acordo é considerado histórico por representar a primeira vez que um tratado climático envolveu todos os países na adoção de compromissos para a redução nas emissões de gases de efeito estufa. A cada cinco anos, os signatários devem apresentar suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), planos de combate à mudança do clima na escala nacional.

O tratado substituiu o Protocolo de Kyoto, que restringia a responsabilidade de combater a mudança climática às nações desenvolvidas.

O que aconteceu em 10 anos

O Acordo de Paris entrou em vigor em 2016, um mês depois da COP21e até então resultou em avanços. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse recentemente na Cúpula de Líderes, que “a revolução da energia limpa está em plena expansão, embora precisemos garantir que todos os países possam aderir plenamente a ela.

No ano passado, US$ 2 trilhões foram investidos em energias renováveis — o dobro do valor investido em combustíveis fósseis”.

Graças a este investimento, a curva foi para abaixo de 3ºC — o que ainda é perigoso, mas prova que a cooperação climática funciona” afirmou o secretário-geral das Nações Unidas.

E, o tratado continua com lacunas.

Em 10 anos, as emissões de gases de efeito estufa dos países não diminuíram, os eventos climáticos extremos cresceram, as discussões sobre financiamento empacaram e alguns países ainda não submeteram novas metas climáticas em 2025.

E a saída dos EUA nos governo de Donald Trump. Multilateralismo

Os EUA, segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, saíram do Acordo de Paris nos dois mandatos de Donald Trump na Casa Branca.

Nesse último, ainda deve ser concluído. A medida ocorre num contexto de enfraquecimento do multilateralismo, considerado fundamental para a ação climática.

Fotos: Agência Pública, Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR, UNFCCC/Kiara Worth
Chefes de Estado, líderes de governos e representantes de alto nível de mais de 70 países na sessão temática sobre o Acordo de Paris

O que esperar para a COP30

Essas e outras lacunas do Acordo de Paris foram alvo de discussão nas últimas conferências do clima e voltam para a agenda da COP30.

O Brasil, que preside o evento, diz que quer transformar o encontro num marco global de implementação do Acordo de Paris, com foco no multilateralismo e em ações concretas.

Segundo o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, há um roteiro não inserido diretamente entre os itens de negociação da conferência. Somente um roteiro para que o mundo dê escala ao financiamento climático.

Apesar desses esforços, o Brasil diz que dar início à implementação do Acordo de Paris na COP30 envolve desafios. Um deles é alinhar os compromissos de países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre o financiamento — o que não ocorreu na COP29, em Baku.

Além disso, é preciso garantir que as metas de redução de emissões sejam compatíveis com o tratado e com os impactos socioeconômicos da mudança climática sobre populações vulneráveis.

O presidente reforçou que ainda estamos distantes das metas do Acordo de Paris, mas que o Brasil está comprometido em liderar uma transição justa e responsável. Lula fez um chamado por uma COP30 da verdade, que reconheça os avanços da ciência e a importância dos territórios indígenas e comunidades tradicionais na proteção climática.

O Brasil propõe que esta COP na Amazônia reconheça o papel dos territórios in-

dígenas e comunidades tradicionais como instrumento de mitigação climática.

Lula também defendeu uma reforma no financiamento climático global, afirmando que não é justo que os países em desenvolvimento paguem juros para enfrentar uma crise que não criaram. Segundo ele, é preciso enxergar a ação climática como investimento, e não como gasto.

Não faz sentido ético ou prático demandar a países em desenvolvimento que paguem juros para combater o aquecimento global. Isso representa um financiamento reverso indo do Sul para o Norte. O enfrentamento da mudança do clima deve ser visto como um investimento, não como um gasto.

Ao encerrar, o presidente fez um apelo por solidariedade e cooperação entre as nações, destacando que o multilateralismo é o único caminho possível para um futuro sustentável.

A Terra é única. A humanidade é uma só. A resposta tem que vir de todos, para todos.

“Apoiem a ciência; defendam a justiça; defendam as gerações futuras”
O Brasil está comprometido em liderar uma transição justa e responsável

5 gráficos mostram o progresso climático no 10º aniversário do Acordo de Paris

Amanda Montañez, Cambridge University Press, Climate Central e World Weather Attribution, Copernicus, IEA, IPCC 2014, OMM, Rhodium Group, Wim Thiery et al., em Science, World Weather Attribution

OAcordo de Paris de 2015 abriu caminho para que o mundo evitasse os piores cenários de mudança climática. Eis a situação 10 anos depois. Há dez anos, o mundo se uniu para traçar um caminho para sair da emergência climática na forma de um tratado global denominado Acordo de Paris.

Nos termos do acordo, as nações se comprometeram a manter o aumento da temperatura global “bem abaixo” de dois graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais e a se esforçar para limitar esse aumento a 1,5 graus Celsius. Essas metas eram ambiciosas e exigiam que as emissões de gases de efeito estufa começassem a diminuir até 2025.

Apesar disso, as emissões continuam a aumentar. As negociações anuais para a implementação do Acordo de Paris prosseguiram nas últimas duas semanas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), no Brasil, onde os participantes reconhecem duas verdades simultâneas: fizemos progressos significativos na proteção do

Fotos:

nosso planeta, mas ainda são necessários grandes avanços para evitar os piores cenários. Esses avanços são desafiadores, visto que o presidente Donald Trump está, mais uma vez, retirando os EUA do acordo e que países como a China e a Arábia Saudita ainda tentam manter os combustíveis fósseis na matriz energética. A China, no entanto, está ultrapassando rapidamente os EUA como potência em energias renováveis, e a energia solar e eólica têm apresentado crescimento exponencial em todo o mundo nos últimos anos.

Estes cinco gráficos mostram por que o Acordo de Paris é vital — e como o mundo está se saindo 10 anos após o início do projeto.

O Acordo de Paris baseia-se no aumento das temperaturas em comparação com uma linha de base pré-industrial não especificada, geralmente considerada como a segunda metade do século XIX. Todos os anos desde 1970 — há mais de meio século — as temperaturas têm estado acima dessa média e continuam a subir vertiginosamente.

de 1900 a 2024 ); Organização

Montañez; Fonte: “IPCC 2014: Resumo para Formuladores de Políticas”, em Mudanças Climáticas 2014: Mitigação das Mudanças Climáticas . Grupo de Trabalho III do Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Cambridge University Press, fevereiro de 2015 ( projeção de 2015 ); Rhodium Group ( projeção de 2025 ).

Em 2015, a temperatura média global era 1,1 grau Celsius mais alta do que no período pré-industrial. Hoje, está em torno de 1,3 grau Celsius. (Em 2024 — o ano mais quente já registrado — o planeta registrou mais de 1,5 grau Celsius acima da média, mas o Acordo de Paris considera a média ao longo de muitos anos. A Organização Meteorológica Mundial prevê que 2025 terá uma temperatura cerca de 1,4 grau Celsius acima da média pré-industrial e será o segundo ou terceiro ano mais quente já registrado.)

O aumento é alarmante, mas não é o fim da história — especialmente se a humanidade conseguir interromper a poluição climática com rapidez suficiente para reverter a tendência de aquecimento. “Cada tonelada importa; cada décimo de grau que evitamos importa; cada ano importa”, afirma Costa Samaras, especialista em política energética da Universidade Carnegie Mellon.

De fato, antes do Acordo de Paris, previa-se que o mundo registraria um aquecimento entre 3,7 e 4,8 graus Celsius até 2100. Mas, se as nações cumprirem seus compromissos de Paris para reduzir as emissões, esse nível de aquecimento cairá para cerca

Amanda
Amanda Montañez; Fonte: Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus ( dados
Meteorológica Mundial ( projeção para 2025 )

de 2,9 graus Celsius, com uma faixa provável de 2,3 a 3,4 graus Celsius, de acordo com uma estimativa recente. No entanto, mesmo seguindo o roteiro de Paris, ainda é um desafio enorme — e seus objetivos permitem alguma emissão de poluentes de carbono na atmosfera.

“Enquanto as emissões globais não atingirem o nível zero líquido”, diz Samaras, “as consequências climáticas de amanhã serão piores do que as de hoje”. Essas consequências climáticas poderiam ser desastrosas, embora não tão desastrosas quanto as que ocorreriam em nossa trajetória pré-Paris. Novas pesquisas mostram que, com um aquecimento de cerca de quatro graus Celsius, os residentes dos EUA veriam cerca de 118 dias extremamente quentes a mais do que ocorreriam em um clima pré-industrial até o final do século. (Outras nações teriam um desempenho ainda pior.)

Se cumprirmos os compromissos atuais de redução de emissões, o número de dias com o pior calor em 2100 cairá para 88 nos EUA. Se conseguirmos limitar o aquecimento global a 1,3 graus Celsius, os EUA terão apenas 58 dias assim por ano, em média. É claro que, mesmo que cumpramos os compromissos atuais, haverá consequências climáticas de qualquer forma. Com um aquecimento de 2,6

graus Celsius, as crianças de cinco anos de hoje enfrentarão 22% mais ondas de calor do que os jovens de 15 anos de hoje, segundo um estudo do cientista climático Wim Thiery, da Universidade Livre de Bruxelas. Da mesma forma, as crianças de hoje enfrentarão mais do que o dobro de ondas de calor do que seus pais de 35 anos — e mais de seis vezes mais do que seus avós de 65 anos.

Outros desastres provocados pelas mudanças climáticas, incluindo secas, incêndios florestais e ciclones tropicais, também estão se tornando mais frequentes.

Um dos principais pontos positivos desde a assinatura do Acordo de Paris é o crescimento exponencial das energias renováveis . Um ganho particular foi a entrada em operação de usinas de energia solar muito mais rápida do que qualquer um esperava em 2015. Melhor ainda, a energia gerada por

Amanda Montañez; Fonte: Agência Internacional de Energia ( dados )
Amanda Montañez; Fonte: “Dez anos do Acordo de Paris: o presente e o futuro do calor extremo”, Climate Central e World Weather Attribution (dados)

Amanda Montañez; Fonte: “Desigualdades intergeracionais na exposição a eventos climáticos extremos”, por Wim Thiery et al., em Science , Vol. 374; 8 de outubro de 2021 ( dados )

essas usinas está sendo armazenada para uso noturno graças à tecnologia de baterias, que era inexistente quando o Acordo de Paris foi assinado. “As baterias são realmente o grande milagre aqui”, afirma Samaras.

Agora precisamos de uma história de sucesso semelhante para setores como transporte, agricultura, indústria e uso da terra. “Espero que possamos revisitar isso daqui a 10 anos e dizer que o Acordo de Paris iniciou uma rápida redução nas emissões de

gases de efeito estufa”, diz Samaras. “Mas precisamos trabalhar pelos próximos 10 anos para que isso aconteça”.

[*] Em SCI AM Scientific American

O Brasil acredita que pode mudar o jogo climático com o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF)

Para garantir florestas tropicais em pé, transformando a proteção da floresta em lucro…

O Brasil propôs ao mundo um dispositivo financeiro novo, audacioso e com ambição estruturante: o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, conhecido pela sigla TFFF (em inglês “Tropical Forests Forever Facility”).

Aideia é simples na essência, poderosa na escala. Em vez de depender exclusivamente de doações públicas e onerosas, o modelo busca criar um fundo de investimento global que remunera quem investe e, ao mesmo tempo, presta conta aos países que abrigam florestas tropi -

cais — gerando renda sustentável para quem conserva a floresta em pé.

O mecanismo surgiu em resposta a uma constatação: países ricos e investidores já tentaram financiar florestas tropicais por meio de doações ou créditos de carbono, mas os fluxos eram imprevisíveis, insuficientes e muitas vezes não alcançavam

escalas compatíveis com a urgência climática. O Brasil, que possui cerca de um terço das florestas tropicais do planeta, assumiu a liderança de propor uma saída nova: transformar a preservação florestal em modelo econômico de longo prazo, com participação privada, governança internacional e resultados mensuráveis.

Fotos: Arquivo Amazônia, Bruno Peres e Marcelo Camargo /Agência Brasil, Unsplash
Na COP30, o Brasil propondo uma saída nova: transformar a preservação florestal em modelo econômico de longo prazo

Como o TFFF vai funcionar

O desenho do TFFF prevê que um montante inicial de recursos públicos — cerca de US$ 25 bilhões — seja combinado com captações no mercado financeiro, sobretudo por investidores privados, para formar um “endowment” (fundo patrimonial) de cerca de US$ 125 bilhões. Esse capital seria investido em instrumentos financeiros conservadores, gerando rendimento anual. Desse rendimento, parte é devolvida aos investidores com retorno adequado, e o excedente é canalizado aos países tropicais que mantêm e/ou ampliam suas florestas. Os países elegíveis — mais de 70 em princípio — receberiam pagamentos em função de quanta floresta mantiverem de pé e como comprovarem, por meio de monitoramento e critérios claros, que não apenas estão evitando o desmatamento, mas investindo em conservação e restauração. O modelo inova ao priorizar “floresta em pé” (standing forest) e recompensas por desempenho, e não simplesmente compensar desmatamento evitado. Além disso, o TFFF impõe salvaguardas sociais e ambientais: comunidades indígenas e locais devem ser beneficiadas diretamente e participar da governança; o pagamento depende de transparência, boas práticas de monitoramento e verificação externas.

Por que esse mecanismo interessa

Há três razões principais pelas quais o TFFF atrai atenção — e porque o Brasil o coloca como peça central da sua agenda climática. Escala e previsibilidade: mercados voluntários de carbono e doações florestais têm receitas oscilantes e insuficientes. O TFFF propõe um fluxo estável, de larga escala, que os países podem considerar como renda regular por conservação. Alinhamento com

justiça socioambiental: ao incorporar comunidades indígenas e tradicionais como parte integrante — destinando percentuais significativos dos recursos para essas populações — o mecanismo busca corrigir uma falha histórica dos programas de conservação.

Integração floresta+economia: florestas tropicais deixariam de ser vistas como obstáculo à produção para se tornarem ativos financeiros estratégicos. O TFFF aposta que conservar pode ter retorno econômico real — transformando hectares em valor.

O TFFF inova ao priorizar “floresta em pé” (standing forest)
O fundo tem o objetivo de garantir financiamento permanente e de longo prazo para a preservação e recuperação dos ecossistemas

Desafios e incógnitas

Apesar das inovações, o TFFF enfrentará obstáculos significativos. Primeiro, levantar US$ 125 bilhões exige compromisso firme de governos, investidores e filantropos — e embora países como Reino Unido, Noruega, Alemanha, Emirados Árabes Unidos estejam em discussão, encaixar o aporte total não é trivial.Segundo, a governança e a verificação são complexas: como garantir que o pagamento ocorra apenas para quem efetivamente conserva, como lidar com riscos de reversão (desmatamento futuro), como estruturar multas ou deduções por perda de floresta. Alguns estudos já questionam se os cálculos de retorno por hectare são realistas. Terceiro, articulá-lo no contexto de soberanias nacionais e políticas ambientais de cada país exige que o mecanismo respeite legislações, identidades locais e economias diversas — e que a floresta em pé seja valorizada em escala global.

O papel do Brasil

Para o Brasil, o TFFF representa uma oportunidade estratégica. Como país que abriga a imensa Floresta Amazônica e demais biomas tropicais, sediando a COP30 em Belém, o mecanismo eleva seu protagonismo na agenda climática. A iniciativa também se conecta ao seu plano de transformação ecológica — o Novo Brasil –Plano de Transformação Ecológica — co-

Mostrar que o TFFF não é apenas mais um mecanismo de financiamento climático — ele busca redesenhar a forma como o mundo remunera a preservação ecológica e coloca a floresta tropical no centro da economia global do clima

Em resumo o TFFF – Fundo Florestas Tropicais Para Sempre é um modelo de financiamento que vai combinar investimento público e privado e prevê que os recursos sejam repassados a países com florestas tropicais que trabalhem pela preservação dessas áreas.

Entre eles estão:

☆ Brasil, ☆ Colômbia, ☆ Peru, ☆ Colômbia, ☆ Peru, ☆ Indonésia, ☆ República Democrática do Congo e ☆ Gana.

Na prática, países que conseguirem recuperar e manter suas florestas de pé serão recompensados financeiramente por esse esforço. Eles só receberão os valores após verificação por imagens de satélite que confirmem níveis de desmatamento abaixo de limites pré-definidos.

locando desenvolvimento, justiça social e meio ambiente como vetores integrados.

Ao propor que a floresta parada produza valor e que os países que a conservam sejam compensados, o Brasil abre caminho para que conservação e produção não sejam inimigos — mas partes do mesmo processo de transição para uma economia de baixo carbono.

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre não é apenas mais um mecanismo de financiamento climático — ele busca redesenhar a forma como o mundo remunera a preservação ecológica e coloca a floresta tropical no centro da economia global do clima. Se bem implementado, pode transformar áreas verdes em fluxos financeiros, comunidades locais em protagonistas e países tropicais em beneficiários de um novo paradigma. O desafio está lançado, mas o Brasil aposta que essa virada será indispensável para alcançar os objetivos climáticos e assegurar que a floresta continue sendo parte viva do planeta — e não apenas recordação.

Reconstrução gradual da floresta, para se tornarem ativos financeiros estratégicos

Da terra para a terra: Agropalma comprova eficiência das técnicas naturais no manejo da palma

Empresa adota práticas sustentáveis no cultivo da palma de óleo há mais de 20 anos, garantindo a saúde das plantações e dos ecossistemas sem comprometer a produtividade

ACOP30 em Belém (PA) trouxe grande visibilidade ao tema das Soluções Baseadas na Natureza (SBNs). A expectativa é de que esse conjunto de práticas se torne um dos pilares da ação climática global, sendo implementado sobretudo pelo agronegócio - setor com alto potencial para mitigação e restauração de ecossistemas. Nesse panorama, o Brasil se destaca com produtores agrícolas que são referência de cultivo ecológico. Segundo o estudo “Global Farmer Insights 2024”, desenvolvido pela McKinsey, 61% dos agricultores brasileiros participantes da pesquisa utilizam insumos biológicos no manejo de pragas, reforçando a liderança do país no emprego de práticas sustentáveis. Reconhecida mundialmente como referência na produção sustentável de óleo de palma, a Agropalma possui um rigoroso sistema de controle de pragas que se enquadra nas SBNs. Esse modelo de atuação tem se comprovado eficiente, contribuindo com a saúde e produtividade das plantações ao passo em que protege a biodiversidade local.

Prevenção e diagnóstico

A prática de controle biológico de pragas é aplicada em todos os 39 mil hectares de plantação da empresa em Tailândia (PA) desde os anos 2000. Com ciclos mensais de análise das parcelas, ela é responsável por assegurar a saúde da lavoura. Para eficiência desse método, cada palmeira é avaliada individualmente a fim de identificar possíveis pragas, doenças ou anomalias que podem, de alguma forma, comprometer a saúde da planta, sua produtividade e o ecossistema ao redor.

“A fitossanidade age na prevenção. É um processo que, ao ser realizado, pode minimizar as ocorrências. Se o especialista de fitossanidade relata alguma condição, nós conseguimos avaliar qual o melhor tratamento caso a caso e agir, dando preferência para ações de cunho biológico. Nós utilizamos o que tem disponível na natureza e potencializamos em nosso favor”, explica Gerson Carlos Gloria, Coordenador de Fitossanidade da Agropalma.

Fotos: Divulgação
A atuação da Agropalma tem se comprovado eficiente, contribuindo com a saúde e produtividade das plantações ao passo em que protege a biodiversidade local
Nós utilizamos o que tem disponível na natureza e potencializamos em nosso favor”, explica Gerson Carlos Gloria, Coordenador de Fitossanidade da Agropalma

Tudo o que se observa durante as avaliações é registrado em um sistema automatizado, ao qual toda a equipe agrícola da Agropalma tem acesso. O processo adotado substitui o tradicional relatório manual, que demandava mais tempo da equipe e uso significativo de papel. Com os registros digitais é possível efetuar um cruzamento de dados e reduzir o tempo de resposta para cada condição específica.

“Há uma gama diversa de tratamentos; por isso, é importante identificar com qual disfunção estamos lidando”, detalha Gloria. “Para as anomalias, geralmente causadas por eventos naturais, como chuvas, ventos e raios, são necessárias intervenções mecânicas. Em caso de doenças, sejam elas virais, bacterianas ou fúngicas, ou de pragas, como insetos, a solução é o controle biológico.”

Manejo com base no equilíbrio natural

O coordenador explica que dentro do controle biológico de pragas está disponível um leque de opções. “Pode-se empregar desde armadilhas para capturar insetos, como besouros, até produzir soluções com lagartas mortas ou doentes para serem destinadas ao combate a outros animais da mesma espécie. O uso de insetos predadores para um controle natural e equilibrado também é uma das técnicas que aplicamos”.

A Agropalma mantém em um laboratório próprio a criação de uma espécie nativa de percevejo que é predadora natural da lagarta-desfolhadora – uma das pragas mais comuns das plantações

de palma. Nesse ambiente controlado, a empresa desenvolve esse tipo de inseto, acostumando-o desde o início a se alimentar das suas presas. Quando atinge a fase adulta, ele é liberado na plantação para executar o manejo de pragas de forma natural - processo que acontece trimestralmente para não comprometer o equilíbrio do ecossistema local. Como resultado, a equipe agrícola da companhia tem notado uma menor incidência de lagartas e besouros que são nocivos às plantações nas fazendas onde os percevejos foram introduzidos.

Todo esse trabalho foi desenvolvido em conjunto com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ - USP), uma das parceiras da companhia nas pesquisas de fitossanidade.

Outras instituições, como a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mantêm parceria com a Agropalma, desenvolvendo trabalhos no ramo de inseticidas biológicos, melhoramento genético e pirólise.

“Existem muitos desafios por trás das práticas que aplicamos, mas quando olhamos o impacto produtivo, ambiental e social, tudo vale a pena”, defende Gloria. “Quando fazemos uso de técnicas naturais, os resultados não são imediatos como os alcançados por defensivos sintéticos. É preciso estudar os ciclos da natureza para compreender os melhores horários e condições para elaborar uma ação ou aplicação. Em contrapartida, sabemos que estamos produzindo frutos saudáveis sem a presença de toxinas prejudiciais para todo o ecossistema do entorno e o consumidor final. Isso tem impacto até mesmo no campo empregatício, pois os colaboradores passam a se sentir mais seguros.”

A natureza como aliada

Entre as palmeiras, a Agropalma cultiva leguminosas que fixam nitrogênio da atmosfera no solo e o disponibilizam para a planta, contribuindo com a sua nutrição. Também são cultivadas nectaríferas, que atraem insetos benéficos ao cultivo por meio das substâncias açucaradas que liberam e os mantém nessas áreas. Vivendo nesses espaços, esses animais, em sua maioria predadores, combatem naturalmente as principais pragas da palmeira. De modo geral, essas espécies que se intercalam com a produção da palma de óleo, além de contribuírem para o equilíbrio, captam CO2 da atmosfera, melhoram a nutrição do solo e, consequentemente, propiciam um solo mais saudável.

A companhia ainda conta com as Melhores Práticas de Manejo (BMP) aplicadas parcialmente nas áreas de plantio. Essas boas práticas consistem, basicamente, em combinar estratégias de produtividade, como manejo voltado a ganho de rendimento, boa cobertura de solo, nutrição adequada e podas nos

Quando olhamos o impacto produtivo, ambiental e social, tudo vale a pena

períodos corretos, com a captura de rendimento - processo em que há intervenções para reduzir as perdas durante a colheita. Nessas áreas, ocorreu aumento da produtividade: desde o início da iniciativa, foi registrado crescimento da produção de 2,4 toneladas a mais por hectare em 2021, 6,4 ton/ha em 2022, 10 ton/ha em 2023 e 5ton/ha em 2024 (queda provocada pelo forte déficit hídrico no ano passado).

Um modelo de negócio comprovado

Todas essas ações da Agropalma têm um denominador comum: a sustentabilidade. Preservação de florestas e mananciais, potencialização do cultivo em áreas já antropizadas, redução quase total do uso de defensivos agrícolas nas plantações, segurança alimentar e de trabalho: em todas as esferas, os benefícios são nítidos.

Espécies que se intercalam com a produção da palma de óleo, além de contribuírem para o equilíbrio, captam CO2 da atmosfera, melhoram a nutrição do solo e, consequentemente, propiciam um solo

“As ações que promovemos hoje na área agrícola da Agropalma não funcionam de maneira isolada; elas se complementam, protegendo o ecossistema, gerando valor e garantindo a perenidade do negócio”, afirma André Borba, diretor Agrícola da Agropalma.

“O que vemos em campo é que proteger a biodiversidade e investir em manejo biológico é a ferramenta mais poderosa de produtividade e segurança para os ecossistemas que nos cercam e

os nossos colaboradores e consumidores. Assumimos o papel de que somos a mudança que queremos ver no mundo e esse futuro começa a ser construído agora”, finaliza Borba.

Sobre a Agropalma

A Agropalma é uma empresa brasileira reconhecida em todo o mundo como referência na produção sustentável de soluções com óleo de palma.

Sua trajetória começou em 1982, no município de Tailândia (PA), e sua atuação perfaz toda a cadeia produtiva – da fabricação de mudas ao óleo refinado e gorduras especiais às soluções de alto valor agregado. Atualmente, a companhia conta com seis indústrias de extração de óleo bruto, duas refinarias e um terminal de exportação alfandegado, e emprega cerca de 5 mil colaboradores. A Agropalma também foi pioneira em implementar, há mais de 20 anos, um programa de Agricultura Familiar com palma, que beneficia hoje mais de 300 agricultores parceiros. Guiada pelo compromisso com o planeta e as pessoas, a empresa segue avançando em suas práticas para tornar a palma sustentável uma referência brasileira. Para mais informações, acesse: www.agropalma.com.br

Um denominador comum – a sustentabilidade: Preservação de florestas e mananciais
mais saudável

Urbanização e Mudança do Clima

Na Reunião ministerial sobre urbanização e mudança do clima com a presidência da COP30 e representantes da ONU Habitat e de governos estaduais, o embaixador André Corrêa do Lago, reforçou a necessidade de incluir as cidades no centro das negociações climáticas

Nessa Sessão Plenária de Encerramento de Alto Nível da 4ª Reunião Ministerial sobre Urbanização e Mudança do Clima, organizada pela Presidência da COP30, em conjunto com o Ministério das Cidades e o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), com apoio da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Coalizão global Local2030, Coalizão para Parcerias Multiníveis de Alta Ambição (CHAMP), constituinte de Governos Locais e Autoridades Municipais (LGMA) e Coalizão Baku Continuity. O governador do Pará, Helder Barbalho, afirmou que a transição climática só será efetiva “se olhar primeiro para onde as pessoas vivem”. Ele defendeu que justiça climática e justiça social caminham juntas, com investimentos urgentes em saneamento, mobilidade de baixas emissões e espaços verdes, especialmente na Amazônia, onde os impactos recaem de forma mais dura sobre a população de baixa renda.

O encontro na Blue Zone reuniu ministros, governadores, prefeitos, lideranças comunitárias e parceiros internacionais para consolidar resultados e reforçar o protagonismo de cidades e regiões na implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas de terceira geração (NDCs 3.0) e no cumprimento do Acordo de Paris.

Amazônia como eixo da transição climática

Ao discursar no encerramento da reunião, o governador destacou o sentido histórico de realizar a conferência em Belém. “O simbolismo de fazer a COP na Amazônia coloca luz sobre o desafio de conciliar a preservação da natureza com as necessidades de quem vive aqui”, afirmou. Para ele, essa escolha torna visível uma realidade muitas vezes invisibilizada: “A maior floresta tropical do mundo convive com centros urbanos complexos, e o mundo precisa entender essa realidade”.

Helder Barbalho situou as cidades como eixo da adaptação. “No Brasil, 86% a 87% da população vive nas cidades. Na Amazônia, metade das pessoas vive em centros urbanos desafiadores. Precisamos de soluções de esgoto, água, áreas verdes e mobilidade limpa para reduzir a pressão sobre a floresta e garantir bem-estar.”

Fotos: Marco Santos / Ag. Pará, Rafael Neddermeyer/COP30
Na reunião ministerial sobre Urbanização e Mudança do Clima, a Amazônia é a estrela guia
Durante a reunião, o governador do Pará afirmou que a transição climática só será efetiva “se olhar primeiro para onde as pessoas vivem

Ao relacionar clima e vida cotidiana, ele enfatizou que decisões globais só se materializam quando chegam ao bairro, à comunidade ribeirinha e à periferia urbana. O governador ressaltou que Belém já apresenta avanços ligados à preparação para a COP30. “Estamos ampliando a infraestrutura de tratamento de esgoto, reforçando o abastecimento de água, implantando transporte coletivo de baixas emissões e executando um plano de rearborização. Uma cidade amazônica que precisa, paradoxalmente, recuperar sombra e conforto térmico.” Segundo Helder, as obras estruturantes buscam reduzir vulnerabilidades e criar resiliência diante de alagamentos extremos e ondas de calor. Segundo Corrêa do Lago, enfrentar os impactos da crise climática exige ação coordenada entre diferentes níveis de governo. “Para implementar melhor, acreditamos que todos temos que pensar juntos porque ninguém tem a resposta certa”, afirmou. Ele destacou ainda que, embora a mitigação receba mais atenção, “quando voltamos às cidades, quando voltamos ao governo local, é obviamente a adaptação que é uma questão absolutamente fundamental com a qual temos que lidar”, disse, ao defender ações de resiliência à crise climática. O ministro das Cidades do Brasil, Jader Barbalho Filho, destacou a importância do financiamento para ações de adaptação e lembrou que são os governos locais que percebem, na ponta, os efeitos da crise climática e as demandas das populações.

Segundo o ministro das Cidades do Brasil, Jader Barbalho Filho, o futuro urbano e futuro climático são um só. E é neles que a crise climática é sentida primeiro, e de forma desigual. Por isso, não haverá justiça climática sem justiça urbana. Esse é o caminho. E ele passa pelas cidades.
Na inauguração do Centro Cidades e Regiões COP30

Ele enfatizou que as metas discutidas em Belém só poderão ser implementadas com a participação efetiva de estados e municípios e com o tema urbano colocado no centro da agenda climática. O evento foi organizado pela Presidência da COP30, Ministério das Cidades e ONU Habitat. Estiveram presentes também o governador da Califórnia (EUA), Gavin Christopher Newsom, e o governador do Pará (Brasil), Helder Barbalho, que representaram o multinível de governança nas discussões.

Avanço nas NDCs

A diretora-executiva da ONU Habitat, Anacláudia Rossbach, corroborou a importância das instâncias locais para implementar os acordos sobre clima. “Sabemos que as metas do Acordo de Paris não podem ser alcançadas sem ações climáticas locais, urbanas e em múltiplos níveis — e sem o compromisso de vocês: governadores, prefeitos e comunidades”, disse.

Durante o evento, foi lançado o estudo “Conteúdo Urbano nas NDC 3.0 - Um panorama global para a COP30”, produzido pela ONU Habitat. O documento aponta que as novas NDCs possuem mais que o dobro de informações sobre as cidades do que os planos anteriores. “A garantia de moradia adequada para todos, a transformação de todos os assentamentos informais no mundo e a urbanização sustentável não podem ser alcançados sem uma ação climática abrangente”, argumentou Rossbach.

Os resultados do estudo demonstraram que as NDCs estão passando de planos para implementação nas cidades,

Urban Content in NDC 3.0

A

global snapshot for COP30

Record recognition of cities in national climate plans.

Now it’s time for implementation.

The number of NDCs with strong urban content has almost doubled

Global Findings pg.12

NDCs 3.0 include record climate responses in urban sectors, with almost half including housing and informal settlements

Global Findings pg.14

NDCs 3.0 are shifting from plans to implementation in cities, with a stronger emphasis on multilevel governance

Thematic Deepdives pg.30

com uma ênfase maior na governança multinível. Ainda conforme o levantamento, a comunidade internacional tem promovido maior integração da agenda urbana e ambiental e reconhecido o papel das cidades no enfrentamento à mudança do clima.

“Há qualidade naquelas NDCs, mais de 75%, perto de 80%, têm alguma referência a cidades. Mais de 80% deles são de abrangência econômica ampla. Mais de 80% têm um componente de adaptação. Muitos deles são custosos.

Então os países levaram este exercício extremamente a sério e eles precisarão da sua ajuda para entregar mais e alcançar mais”, resumiu o secretário-geral assistente para Ação Climática das Nações Unidas, Selwin Hart.

Preparar as cidades amazônicas é proteger gente, floresta e rios ao mesmo tempo
Conteúdo Urbano nas NDC 3.0 - Um panorama global para a COP30

Declaração de Belém para a Industrialização Verde

Iniciativa mobiliza países e organizações para acelerar a transição energética e promover uma economia global sustentável, consolidando agenda global de industrialização verde

Com a adesão de 35 países, organizações internacionais e iniciativa, foi lançada a Declaração de Belém para a Industrialização Verde, durante uma reunião de líderes na COP30. O documento reúne metas ambientais, econômicas e sociais que buscam transformar o cenário internacional, impulsionar a inovação tecnológica e garantir um modelo de crescimento sustentável. Para isso, os países assumem esforços compartilhados, com ações coordenadas e iniciativas voltadas a acelerar a transição energética e promover a modernização do setor industrial e novas oportunidades para países em desenvolvimento na economia verde.

“As metas climáticas precisam acompanhar uma transformação econômica real. A indústria verde é sobre o avanço do setor e dos empregos para o futuro, garantindo que todos os países, especialmente do Sul Glo -

bal, possam liderar e se beneficiar dessa nova era de prosperidade sustentável”, reforçou o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, ao enfatizar a importância de alinhar ambição climática e desenvolvimento.

A visão foi compartilhada também pela CEO da COP30, Ana Toni e ex-secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil.

“A industrialização verde é um tema irreversível, e precisamos trabalhar em conjunto para garantir que todos os países avancem da melhor forma possível”, afirmou, celebrando o fato de que o tema passou rapidamente da fase de negociação para a agenda de ação.

“Podemos trazer outros países conosco, outras indústrias, e dialogar com governos e parlamentares para entender que tipo de quadro temos em cada caso”, completou.

A visão foi compartilhada também pela CEO da COP30, Ana Toni. “A industrialização verde é um tema irreversível, e precisamos trabalhar em conjunto para garantir que todos os países avancem da melhor forma possível”, afirmou, celebrando o fato de que o tema passou rapidamente da

fase de negociação para a agenda de ação. “Podemos trazer outros países conosco, outras indústrias, e dialogar com governos e parlamentares para entender que tipo de quadro temos em cada caso”, completou.

Mike Muzurakis, Rafa Neddermeyer/COP30
Autoridades e representantes internacionais durante o anúncio da Declaração de Belém na COP30
CEO da COP30, Ana Toni

Gerd Müller, diretor-geral da Organização para o Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (UNIDO), ressaltou o caráter histórico do momento.

O Diretor-Geral da UNIDO, Gerd Müller, afirmou: “A Declaração de Belém marca um momento histórico para a cooperação global em prol da industrialização verde. Ela conecta metas climáticas com ações concretas, mobilizando inovação, investimento e inclusão. A UNIDO orgulha-se de apoiar esse esforço juntamente com nossos parceiros para garantir que a descarbonização industrial impulsione não apenas a redução de emissões, mas também o desenvolvimento, a criação de empregos e o progresso tecnológico”.

Gerd Müller, diretor-geral da Organização para o Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (UNIDO), ressaltou o caráter histórico do momento. “Estamos conectando metas climáticas a ações concretas para a indústria, mobilizando inovação, investimentos e inclusão. A UNIDO tem orgulho de apoiar esse esforço ao lado dos parceiros para garantir não apenas a descarbonização industrial, mas também desenvolvimento, geração de empregos e avanço tecnológico”.

Mais empregos e inclusão social

Segundo Júlia Cruz, secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a discussão sobre industrialização verde também envolve o compromisso com a inclusão social. Ela defende que a transição precisa considerar as populações diretamente ligadas às indústrias e às suas matrizes energéticas.

“Precisamos garantir empregos e benefícios para as comunidades. Se não houver estratégia de desenvolvimento para essas pessoas, elas vão procurar outras formas de lucrar e sobreviver, inclusive em mercados criminosos, como exploração ilegal de madeireira ou de mineração, disse júlia Cruz”.

A Declaração de Belém prevê ações para assegurar coesão e coordenação entre as diferentes iniciativas conduzidas no âmbito da COP voltadas à transformação do setor industrial, alinhando e acelerando os trabalhos da agenda. O compromisso também reconhece outros esforços essenciais para a industrialização verde, ao buscar apoio financeiro e técnico para a implementação de políticas sustentáveis em escala global. O documento permanece aberto para a adesão de países e organizações interessados em integrar esses esforços.

Júlia Cortes da Cunha Cruz, secretária nacional de Economia Verde

Segundo Katie White, Ministra do Clima, Departamento de Segurança Energética e Net Zero, Reino Unido: “Estamos muito satisfeitos em trabalhar com nossos parceiros para acelerar a transição industrial verde global, a fim de criar bons empregos, impulsionar o crescimento econômico e enfrentar a crise climática.

Desde o apoio a soluções inovadoras de tecnologia limpa por meio de nossa parceria com o Brasil até o desbloqueio de investimentos privados em projetos industriais limpos em todo o mundo, estamos comprometidos com esta nova era internacional de ação coordenada para tornar o setor industrial mais limpo”.

A Declaração de Belém vincula a ambição climática diretamente à transformação da economia real. Fundamentada nos resultados do Diálogo Global sobre Industrialização Verde (GGID), realizado em julho de 2025, a Declaração concretiza o Pacto Global para a Industrialização Verde, que estabeleceu a industrialização verde como prioridade global

Para atingir as metas globais de clima e desenvolvimento, a indústria deve liderar o caminho. Sem reduções drásticas nas emissões da indústria pesada, as metas climáticas globais não poderão ser alcançadas. Ao mesmo tempo, a transição energética global depende de indústrias de tecnologia limpa. Essa transformação representa uma oportunidade

única para os países, particularmente os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento (MEEDs), de se posicionarem na vanguarda das indústrias verdes sustentáveis, impulsionando o crescimento econômico e contribuindo para as metas climáticas. Apesar da aceleração da transição global para energias limpas, as lacunas em financiamento, implantação

de tecnologia e coordenação de políticas continuam a retardar o progresso. A Declaração de Belém aborda esses desafios ao estabelecer uma estrutura multilateral de ação mais robusta, que orienta tanto a ambição global quanto a implementação local.

Belém-Pará-Amazônia, no Brasil, a Capital e Sede da COP30
Katie White, Ministra do Clima e Net Zero do Reino Unido

Al Gore visita e exalta o Parque da Bioeconomia e o Vale Bioamazônico

Durante a COP30, ex-vice-presidente dos EUA elogia iniciativas do Pará e promete divulgar modelo sustentável que alia ciência, inovação e sociobiodiversidade

Ogovernador do Pará, Helder Barbalho, recepcionou o ex-vice-presidente dos Estados Unidos e referência mundial na luta contra as mudanças climáticas, Al Gore, no Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, em Belém. A visita, realizada durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), reforçou o protagonismo do estado na construção do Vale Bioamazônico, estratégia que une ciência, tecnologia e valorização da sociobiodiversidade como base de um novo modelo de desenvolvimento sustentável.

Localizado nos armazéns 5 e 6 do complexo Porto Futuro, às margens da Baía do Guajará, o Parque foi apresentado a Al Gore como um ambiente voltado à formação de mão de obra especializada, incubação de startups e fortalecimento de negócios comunitários que atuam com a biodiversidade amazônica de forma responsável.

Reconhecimento internacional e compromisso com o futuro

Durante a visita, Al Gore elogiou a proposta inovadora do Pará e demonstrou entusiasmo com os projetos em andamento. “Eu vou ajudar a contar a história do Pará para o resto do mundo. É muito inspirador. Estive na Amazônia três vezes nos últimos 40 anos, e nas últimas visitas o que dominava era a narrativa da destruição. Mas agora vejo uma nova abordagem, com emprego e prosperidade protegendo a floresta. Terei que voltar mais vezes”, declarou o ex-vice-presidente.

Fotos: Marco Santos / Ag. Pará
Al Gore elogiou a proposta inovadora do Pará e demonstrou entusiasmo com os projetos em andamento
Eu vou ajudar a contar a história do Pará para o resto do mundo. É muito inspirador
Al Gore e Helder Barbalho

Do Vale do Silício ao Vale Bioamazônico

Ao conduzir Al Gore pelos espaços do Parque, o governador Helder Barbalho destacou a ambição do estado em posicionar o Pará como um polo global de inovação e bioeconomia.

“Queremos fazer um benchmarking do que aconteceu na Califórnia, do que representou o Vale do Silício.

Eu recebi terça-feira o governador Gavin Newsom e disse a ele: eles com os chips, nós com as moléculas”, afirmou Helder, ao comparar o potencial tecnológico da Califórnia com a riqueza biológica da Amazônia.

O Vale Bioamazônico, vai transformra a biodiversidade regional em vetor de inovação, ciência e geração de renda, com responsabilidade ambiental e valorização dos saberes tradicionais.

O Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia é um dos pilares do projeto do Vale Bioamazônico, que visa transformar a região em referência mundial em soluções climáticas e uso sustentável dos recursos naturais. A iniciativa envolve universidades, centros de pesquisa, empreendedores e comunidades tradicionais, articulando saberes científicos e conhecimentos ancestrais. O Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia nasce da força que o Pará já tem em ciência, tecnologia e inovação, unindo universidades, políticas públicas e comunidades que fazem a bioeconomia acontecer.

O Governador do Pará apresentou o Parque de Bioeconomia eo Vale Bioamazônico ao ex-presidente dos EUA, Al Gore, reforçando o protagonismo da

Amazônia na construção de soluções para o clima. Vai transformar conhecimento em oportunidades, atrai novos negócios e gera emprego com a floresta em pé. Um programa que coloca o Pará na liderança da economia sustentável. O Vale Bioamazônico será mais do que um projeto: uma visão de futuro. Um ecossistema que vai conectar universidades, governo e empresas para transformar a biodiversidade em conhecimento, inovação e prosperidade. É a Amazônia assumindo o protagonismo da economia do futuro.

“Terei que voltar mais vezes”, declarou o ex-vice-presidente
O Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia é um dos pilares do projeto do Vale Bioamazônico

Países amazônicos anunciam monitoramento conjunto da floresta

Projeto da OTCA vai integrar dados científicos com apoio do INPE

Monitoramento integrado da Amazônia reforça cooperação regional e combate ao desmatamento, em uma das mais ambiciosa iniciativa ambiental lançada até o momento na COP30, em Belém, os oito países que compartilham a floresta amazônica anunciaram a criação de um sistema conjunto de monitoramento do bioma. Coordenado pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), o projeto busca padronizar dados científicos e fortalecer ações de combate ao desmatamento e à degradação ambiental. A proposta será viabilizada por um investimento de R$ 55 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), via Fundo Amazônia, e contará com apoio técnico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O anúncio foi feito durante um dos eventos paralelos da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30),

que transformou Belém em palco de acordos internacionais para o futuro da floresta e da segurança climática do planeta.

Fotos: Agencia Carcara, CI-Brasil/Divulgação, COP30, EBC, Frontiersin, OTCA
CBERS-5, o primeiro satélite geoestacionário brasileiro
Ciência, tecnologia e cooperação regional se unem para transformar a proteção da maior floresta tropical do planeta

Uma Amazônia sob vigilância colaborativa

O novo programa prevê a integração dos sistemas nacionais de observação por satélite e coleta de dados sobre desmatamento, incêndios, biodiversidade, recursos hídricos e populações tradicionais. A ideia é construir uma base unificada de informações ambientais, capaz de orientar políticas públicas, ações preventivas e a resposta a crimes ambientais transfronteiriços.

Para Martin von Hildebrand, etnólogo colombiano e secretário-geral da OTCA, a floresta amazônica deve ser tratada como um organismo vivo, interdependente e indivisível. “A Amazônia é um vasto sistema, e danificar uma peça significa comprometer o todo. Cada árvore importa. O monitoramento conjunto permitirá agir de forma preventiva ou curativa, dependendo da situação de cada região”, afirmou.

A dimensão da tarefa é monumental. A Amazônia se estende por 6,7 milhões

de quilômetros quadrados, abriga quase 50 milhões de habitantes e é responsável por regular fluxos de umidade que influenciam o regime de chuvas de toda a América do Sul.

O INPE atuará na transferência de tecnologia de sensoriamento remoto e análise de dados para os países vizinhos, garantindo interoperabilidade e comparabilidade entre os sistemas nacionais. Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o projeto marca uma nova fase de cooperação regional.

“Estamos consolidando um painel técnico-científico que servirá de base para decisões públicas em temas como clima, biodiversidade e recursos hídricos. Essa rede de conhecimento comum permitirá que as respostas políticas sejam mais coordenadas e eficazes”, afirmou.

Além do intercâmbio técnico, a OTCA propõe a criação de uma comissão de ministros de Meio Ambiente dos países amazônicos, voltada à definição de estratégias conjuntas para combater o

desmatamento e o crime ambiental nas fronteiras. Marina Silva destacou ainda que a agenda inclui infraestrutura verde e resiliente, proteção da biodiversidade e mecanismos para evitar biopirataria, assegurando a partilha justa de benefícios oriundos do uso de recursos genéticos.

Observatório Regional da Amazônia

Uma das frentes centrais do projeto será o fortalecimento do Observatório Regional da Amazônia (ORA), já administrado pela OTCA, que reúne informações sobre florestas, biodiversidade, recursos hídricos, incêndios e áreas protegidas. A iniciativa ganhará novas funcionalidades, permitindo que governos e pesquisadores acessem dados atualizados e padronizados em tempo real. A diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, enfatizou que a interoperabilidade dos sistemas é essencial para enfrentar redes criminosas que se

Heterogeneidade do ciclo diurno de precipitação na bacia amazônica

aproveitam da fragmentação institucional. “O Brasil não vai impor nada aos outros países, e os outros países não vão impor nada ao Brasil. Mas, se não unificarmos a metodologia, o crime organizado sai vencendo”, alertou.

O acordo

“Com o novo acordo, poderão ser desenvolvidos mecanismos de compartilhamento de tecnologias, sistemas e metodologias de monitoramento ambiental, fundamentais para todos os países em relação às políticas de preservação da Amazônia”, disse Vanessa Grazziotin, ressaltando que a parceria da organização com o INPE é antiga.

Uma floresta, muitas nações, um desafio comum

A OTCA, criada em 1978, reúne Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Seu papel como organismo intergovernamental é promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia, conciliando preservação ambiental e prosperidade econômica. A nova aliança reforça a visão de que a defesa da floresta é uma responsabilidade compartilhada, tanto entre os países amazônicos quanto entre os setores público, científico e financeiro. Com o projeto de monitoramento conjunto, a COP30 consolida-se como o marco de uma diplomacia climática amazônica – em que ciência, tecnologia e cooperação regional se unem para transformar a proteção da maior floresta tropical do planeta em uma missão coletiva e estratégica.

A ideia é que o INPE e a OTCA desenvolvam e compartilhem sistemas de apoio à gestão de ecossistemas e base de informações georreferenciadas. Estão previstos também treinamento para capacitação em análise de informações de sensores remotos, geração de mapas temáticos e técnicas de apoio à prevenção ou gestão de risco ambiental. A parceria deverá contar com visitas técnicas para fortalecer as capacidades específicas de pesquisadores que atuam em diferentes temas na Amazônia com o uso de dados georreferenciados. Também serão organizados eventos para apresentar os produtos gerados em conjunto e a disseminação da informação científica para a sociedade.

COP30: Países da Amazônia anunciam monitoramento florestal conjunto
O anúncio foi feito durante uma atividade na (COP30), em Belém. Os membros da OTCA são Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela

Sistemas Alimentares Aquáticos como Soluções Climáticas

Brasil anuncia entrada na Iniciativa Global para as Algas Marinhas durante painel na COP30

Fotos: COP30, MPA/Divulgação

Opapel estratégico da algicultura para a economia azul e para sistemas alimentares sustentáveis, foi destacado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), durante o painel “Sistemas Alimentares Aquáticos como Soluções Climáticas”, no Pavilhão Brasil, na Blue Zone da COP30. No evento, o ministro André de Paula anunciou que o Brasil passará a integrar a Iniciativa Global para as Algas Marinhas — United Nations Global Seaweed Initiative (UNGSI) — “A algicultura tem um potencial extraordinário para o país. Ela integra biodiversidade, bioeconomia e desenvolvimento territorial,

Para acelerar o desenvolvimento seguro, sustentável e inclusivo do setor global de algas marinhas, há uma plataforma colaborativa – UNGSI, que reúne Estados-Membros, entidades da ONU, instituições de pesquisa, partes interessadas da indústria e a sociedade civil

Durante o anúncio que o Brasil passará a integrar a Iniciativa Global para as Algas Marinhas feito pelo Ministro da Pesca e Aquicultura (MPA), André de Paula

além de abrir novas oportunidades para produtores, pesquisadores e empreendedores. Estamos trabalhando para que o Brasil avance com segurança regulatória, conhecimento técnico e novos investimentos”, afirmou o ministro.

O painel, moderado pela Secretária Nacional de Aquicultura, Fernanda de Paula, reuniu representantes da FAO, da academia, de comunidades tradicionais e de organismos interna -

cionais para debater o potencial das algas como bioinsumos estratégicos e soluções climáticas.

Algicultura como eixo da bioeconomia azul

Fernanda destacou que o Brasil avança na construção de um ambiente regulatório e produtivo orientado por ciência e inovação. Para ela, o setor pode se tornar um

dos novos pilares da economia azul, com impacto direto em segurança alimentar, adaptação climática e geração de trabalho digno. “A algicultura, reúne um potencial extraordinário, mas ainda enfrenta investimentos dispersos e regulações fragmentadas. Por isso, precisamos de uma abordagem colaborativa entre governos, agências internacionais, ciência, setor privado e comunidades costeiras”, disse.

Contribuições técnico-científicas e visão internacional

O chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, Everton Luis Krabbe, reforçou a importância da pesquisa para o avanço sustentável do setor.

O representante do Ministério da Pesca do Japão, Teiji Hayashi, apresentou experiências do país na integração entre tecnologia e desenvolvimento costeiro.

Já Chantal Line Carpentier, da UNCTAD, destacou o potencial das algas para diversificar economias costeiras, criar empregos verdes e apoiar metas globais de mitigação.

Voz dos territórios: biodiversidade e soberania alimentar

A cozinheira tradicional Aparecida Alves, da Praia de São Gonçalo, Paraty, destacou resultados ambientais e so-

A Secretária Nacional de Aquicultura, Fernanda de Paula, na COP30, disse que o setor da algicultura, pode se tornar um dos novos pilares da economia azul, com impacto direto em segurança alimentar
A algicultura entrega alta produtividade sem competir com terra ou água doce e ainda sequestra carbono

ciais observados no cultivo comunitário. “Com o trabalho da Kappaphycus alvarezii, vimos a água mais limpa e a volta de espécies marinhas ao redor dos plantios. Isso mostra que a algicultura pode melhorar o território quando é feita com cuidado e conhecimento. Para que mais comunidades participem, precisamos de políticas públicas, informação clara e diálogo. A algicultura pode gerar renda e fortalecer a soberania alimentar, mas isso só acontece quando quem vive do mar é ouvido desde o início”, conta.

Ciência, clima e produtividade

O professor Nathan Barros (UFJF) reforçou o papel das algas no enfrentamento das mudanças climáticas. “A algicultura entrega alta produtividade sem competir com terra ou água doce e ainda sequestra carbono. É uma solução que conecta produção de alimentos, restauração ambiental e redução de emissões”, disse.

O que é a Iniciativa Global das Nações Unidas para as Algas (UNGSI)

A UNGSI é uma iniciativa da UNCTAD, com apoio da COI-UNESCO, FAO, UNIDO e do Pacto Global da

O Brasil aderiu oficialmente a Iniciativa Global de Algas Marinhas das Nações Unidas e torna-se seu 5º membro

ONU, que busca promover práticas sustentáveis de produção e comercialização de algas, fortalecer a inclusão de pequenos produtores e ampliar a cooperação internacional em sustentabilidade, ciência, comércio e inovação na algicultura. O MPA, por meio da Secretaria Nacional de Aquicultura e da Assessoria Internacional, participou da elaboração do Termo de Referência e da Nota Conceitual da iniciativa, ao lado de representantes de dez países e organizações internacionais. Madagascar, Indonésia e França já confirmaram participação; Brasil e Chile são apoiadores, ao lado do Banco Mundial, CEVA, CNRS, ISA, SAMS e outras instituições.

A UNGSI integra a Agenda de Ação da COP30, no eixo de Transformação da Agricultura e Sistemas Alimentares, com foco em sistemas mais resilientes e sustentáveis. No processo preparatório, o MPA liderou o Plano de Aceleração de Soluções “Múltiplos benefícios climáticos da algicultura”, em parceria com UNCTAD, FAO, a Coalizão dos Alimentos Aquáticos, as Aquatic Food & Ocean Breakthroughs e a WorldFish.

O representante do Ministério da Pesca do Japão, Teiji Hayashi e Chantal Line Carpentier, da UNCTAD, que destacou o potencial das algas para diversificar economias costeiras

Conhecimento indígena e financiamento direto são pilares da adaptação climática

A participação de indígenas na elaboração dos Planos Nacionais de Adaptação (NAPS), aliada à proteção de territórios e financiamento climático direto aos povos, é avaliada como fundamental para o enfrentamento à mudança do clima. As pautas foram abordadas durante o evento de Alto Nível/Ministerial “Adaptação Indígena”

Para a anfitriã da sessão e Enviada Especial da COP30, Sineia do Vale, o modo de vida e a sabedoria indígenas são centrais para o cumprimento do Acordo de Paris e outras metas climáticas. “Os povos fazem um trabalho milenar nos seus territórios, trazendo soluções para as mudanças climáticas. É importante que possam continuar com o seu modo de vida”, frisou.

O representante do Comitê de Adaptação da Secretaria da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Carlos Ruiz-Garvia, reiterou a posição da anfitriã e lembrou que diversos acordos multilaterais reconhecem o papel dos povos originários no tema, como o Acordo de Paris, a Convenção sobre Diversidade Biológica e o Objetivo Global de Adaptação, da COP 28.

Financiamento

Os participantes concordaram que assegurar o repasse direto de recursos às ações dos povos indígenas é medida prioritária para preservar seus modos de vida, que são fundamentais para o clima. O Fundo Verde para o Clima (GCF, sigla em inglês), principal mecanismo de financiamento climático do mundo, também atua para garantir que os povos indígenas tenham acesso direto aos recursos destinados à adaptação e mitigação.

“Nosso objetivo é também garantir que os povos indígenas se beneficiem do financiamento climático.

Não apenas evitar os danos a eles”, enfatizou o diretor de Assuntos de Governança e secretário do Conselho do GCF, Artur Lacerda.

Fotos: Mongabay Brasil, Rafael Neddermeyer/COP30
Povos indígenas participam do debate
Debate de Alto Nível na COP30 demonstrou que planos de resiliência governamentais precisam incluir experiências dos povos originários. Garantia de direito ao território e facilitação no acesso a recursos também são apontadas como chave para a implementação

Além disso, a representante da Iniciativa Norueguesa para Clima e Florestas (NICFI), Lívia Kraemer, afirmou que a Noruega recomenda que os países formulem políticas de financiamento climático com a participação de representantes dos povos indígenas.

Kraemer citou o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) como um mecanismo exemplar. O país europeu anunciou o maior aporte para o fundo (US$ 3 bilhões).

A posse das florestas por povos indígenas e comunidades tradicionais pode reduzir as taxas de desmatamento e a perda de biodiversidade, evitando as emissões de C02

Direito ao território

A proteção dos territórios de povos originários também foi abordada no evento. De acordo com o coordenador da Bacia Amazônica na International Land and Forest Tenure Facility (Instalação Internacional de Posse da Terra e Florestas), David Kaimowitz, essa é condição essencial para o cumprimento das metas climáticas.

O especialista é autor de um estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o qual aponta que os indígenas e comunidades tradicionais são os melhores guardiões das florestas.

Boas práticas

As práticas lideradas por povos indígenas em Roraima resultaram em um plano de adaptação.

O documento foi lançado na COP30. A iniciativa tem à frente Sineia do Vale, que é co-presidente do Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudança do Clima (IIPFCC) e coordenadora do Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e de Mudanças Climáticas do Conselho Indígena de Roraima (CIR).

“Os povos trazem indicadores naturais para contribuir e dizer como os impactos da mudança climática já afetam a vida cultural e social das comunidades”, contou Sineia.

O documento é um dos poucos planos de adaptação indígena do mundo e o terceiro do Brasil.

Ele reúne saberes como a identificação de sementes mais resistentes às estações do ano e a relação entre a temperatura das águas na presença ou ausência de peixes nativos.

Guardiões das florestas

Segundo conclusões do relatório –“Povos indígenas e comunidades tradicionais e a governança florestal”– da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (FILAC): “As taxas de desmatamento na América Latina e no Caribe são significativamente mais baixas em territórios indígenas e de comunidades tradicionais onde os governos reconhecem formalmente os direitos territoriais coletivos. Melhorar a segurança da posse desses territórios é uma maneira eficiente e econômica de reduzir as emissões de carbono”.

David Kaimowitz diz que “Os povos indígenas e as comunidades locais têm sido cada vez mais transformados em heróis, em vez de vilões”
Sineia do Vale, copresidente do Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças do Clima (@iipfcc) com o Embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30

AgriZone apresenta soluções sustentáveis para a agricultura tropical

Durante visita ao espaço, presidente da COP30, André Corrêa do Lago, destacou papel do Brasil na construção de uma agricultura mais sustentável e inclusiva. Iniciativa que reúne instituições públicas, pesquisadores e representantes do setor produtivo para apresentar ao mundo as soluções brasileiras que conciliam produção, conservação ambiental e segurança alimentar

AAgriZone é uma grande vitrine de tecnologias, ciência e cooperação internacional voltada à agricultura sustentável e ao combate à fome em um contexto de mudança do clima. O espaço ficou aberto ao público de 10 a 21 de novembro das 10h às 18h, com acesso gratuito mediante inscrição.

Localizado a menos de 2 km da Blue Zone, ambiente de negociação da COP30, em Belém (PA), o espaço abriga aproximadamente 400 eventos, resultado de uma consulta pública, vitrines virtuais de soluções sustentáveis, experiências gastronômicas e culturais, imersão na floresta amazônica e vitrines vivas com tecnologias de baixo carbono e que tornam a agricultura mais resiliente à mudança do clima.

O presidente da COP30, embaixador

André Corrêa do Lago, visitou nesta quarta-feira (12/11) a AgriZone, espa-

ço dedicado à agricultura sustentável e à inovação tecnológica durante a conferência. A iniciativa, promovida pela Embrapa em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), destaca o papel do Brasil na produção agropecuária de baixo carbono. Duran-

te a visita, o embaixador ressaltou que o espaço mostra ao mundo os avanços do país na agricultura tropical e sua contribuição para um futuro mais sustentável.

“Eu sempre espero uma surpresa positiva de qualquer coisa que faço com a Embrapa, mas aqui ela se superou. A dimensão da AgriZone e o preparo desse espaço permitem que os estrangeiros entendam de que maneira o Brasil pode cooperar com a vida deles. Essa é uma grande contribuição do Brasil para mostrar ao mundo que a agricultura tropical é um avanço extraordinário, sobretudo porque sabemos que o mundo está crescendo e se desenvolvendo”, declarou Corrêa do Lago.

A AgriZone é uma iniciativa que reúne instituições públicas, pesquisadores e representantes do setor produtivo para apresentar ao mundo as soluções brasileiras que conciliam produção, conservação ambiental e segurança alimentar. Ela apresenta vitrines tecnológicas, experiências com sistemas agroflorestais e cultivos biofortificados, além de uma programação de painéis e lançamentos de projetos que discutem os caminhos da agricultura de baixo carbono.

Presidente da COP30, André Corrêa do Lago visita a AgriZone

Na ocasião, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, ressaltou como a agropecuária tem contribuído para o desenvolvimento de tecnologias de adaptação e mitigação da mudança do clima.

“Visitar e ver as vitrines que dão a dimensão do que é a agricultura brasileira, tanto do ponto de vista das culturas quanto dos sistemas de produção e da diversidade”.

e o

Vitrine de inovações

Entre os destaques da AgriZone, estão as vitrines demonstrativas a campo em que os visitantes poderão conhecer sobre intensificação sustentável e diversificação de sistemas produtivos, entender as iniciativas da Embrapa para desenvolvimento dos protocolos de agropecuária

de baixo carbono e ainda as vitrines tecnológicas para agricultura familiar.

Durante a visita, o presidente da COP30 também reforçou o papel do espaço para fomentar as negociações brasileiras. “Na entrada, a gente já vê que há não somente o setor privado, mas também filantrópicas que trabalham ativamente com a Embrapa, porque sabem que são resultados que chegam mais próximos das pessoas que são as primeiras vítimas da mudança do clima, as mais vulneráveis e, como sabemos, as menos responsáveis por ela”.

“Há, portanto, uma dimensão social muito acentuada aqui, além de uma dimensão de cooperação internacional que é muito impressionante. E é uma cooperação que aprecia enormemente a abertura da Embrapa e, sobretudo, a vê como uma entidade que busca o sucesso e a divulgação do que faz”, completou André Corrêa do Lago.

A Agrizone fica localizada na Embrapa Amazônia Oriental, na Travessa Dr. Enéas Pinheiro, no bairro Marco, em Belém, a aproximadamente 1,8 km da Blue Zone. O espaço estará aberto ao público de 10 a 21 de novembro, das 10h às 18h. A entrada é gratuita, com inscrição prévia ou realizada no local. A programação completa e as inscrições estão disponíveis no site da Embrapa: www.embrapa.br/cop30/agrizone

Na área do programa de Soja Baixo Carbono (PSBC) - uma iniciativa que objetiva agregar valor à soja produzida em sistemas que contribuam para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, responsáveis do aquecimento global
Observando como a integração com outras espécies
uso de bioinsumos são importantes para uma agricultura com baixa emissão de gases de efeito estufa
Na Vitrine Viva da Agrizone, o presidente da COP30 conheceu os programa Baixo Carbono desenvolvidos pela Embrapa. a que são parte da solução para os desafios climáticos

Floresta amazônica impulsiona inovação e múltiplas possibilidades na bioeconomia

Encontro reforça o potencial da Amazônia para impulsionar um novo modelo de desenvolvimento sustentável

Realizada na Cas’Amazonia, em Belém, a palestra “Múltiplas possibilidades na Bioeconomia” reuniu especialistas e agentes da iniciativa privada, sociedade civil e pública.

A diversidade de oportunidades que surgem a partir dos recursos da floresta foi o foco da palestra. O encontro reforçou o potencial da Amazônia para impulsionar um novo modelo de desenvolvimento sustentável, conciliando conservação ambiental, inovação tecnológica e geração de renda.

Representando a Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), a secretária adjunta de Bioeconomia (Sabio), Camille Bemerguy, destacou a importância de fortalecer a

bioeconomia como eixo estratégico da política socioeconomica no Pará.

Segundo ela, o Estado tem trabalhado para criar um ambiente favorável à valorização dos produtos da sociobiodiversidade e à inserção dos povos da floresta nas cadeias produtivas sustentáveis.

“O Estado tomou uma decisão estratégica de fazer da bioeconomia um eixo de desenvolvimento socioeconômico de baixo carbono. Estamos construindo essa trajetória com base na inovação, na pesquisa e, principalmente, no respeito aos saberes tradicionais. A bioeconomia é uma oportunidade real de transformar vidas, agregando valor ao que é produzido nas comunidades e mostrando que é possível crescer preservando”, afirmou Camille.

Desafios e estratégias

Durante a palestra, Camille ressaltou que o Pará vem consolidando uma governança robusta para a bioeconomia, com monitoramento das metas do Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) e integração entre 17 secretarias executoras. Esse processo, segundo ela, tem garantido resultados concretos e uma visão mais sistêmica sobre o impacto das ações no território.

A secretária também destacou que a implementação da bioeconomia exige superação de desafios, especialmente no acesso aos recursos e na ampliação da escala produtiva sustentável. “A gente usa o nosso conhecimento tradicional e ainda vai ardendo um pou-

Fotos: Lucas Maciel – Ascom Semas
Reforçando o potencial da Amazônia para impulsionar um novo modelo de desenvolvimento sustentável, conciliando conservação ambiental, inovação tecnológica e geração de renda

quinho, mas vai recuperando, a gente vai aprendendo com os outros. Quem começa sempre apanha mesmo, tem dificuldade, mas não pode voltar atrás. Então acho que a gente está nesse momento e acho que é isso que é o desafio aqui. Ainda ouvimos das comunidades a dificuldade de fazer os recursos chegarem na ponta, mas estamos construindo soluções conjuntas e aprendendo com as experiências de quem está no território”, pontuou Camille Bemerguy.

Inovação e conhecimento tradicional

“Quando a gente conceituou o parque, pensamos no ecossistema para promover essas sinapses entre esses diferentes atores. Eu diria que a beleza maior desse espaço, que acabou sendo um espaço concreto, para trazer alguma concretude, porque se a gente fala só de um ecossistema, com coisas que já estão espalhadas, talvez até pela novidade, isso fosse mais difícil de ser internalizado. Tendo algo concreto, onde você vai ter ali um centro de sociobio, eles disseram, ‘Olha, eu quero que seja Casa Sociobio’, então ficou Casa Sociobio. Se ali é um espaço deles, primeira coisa, eles têm que se reconhecer.

Então, acho que ali vai ter e ser um espaço pioneiro, onde eles serão a governança, virá deles o caminho estratégico.

De um outro lado, um centro de inovação, onde vamos ter um grande polo tecnológico, um Vale de Tecnologia em Bioeconomia e sustentabilidade.

A beleza desse espaço é justamente unir a Casa da Sociobioeconomia, onde as comunidades exercem a governança, com o centro de inovação. É nesse encontro entre o conhecimento tradicional e a pesquisa que a bioeconomia ganha força e se torna realidade, se torna múltipla”, destacou Camille.

Comunicação e cooperação

Em sua fala final, Camille defendeu a necessidade de colaboração entre os diversos atores da bioeconomia, reforçando que o aprendizado conjunto é fundamental para o avanço das políticas e iniciativas.

Ela citou o diálogo entre governos da Amazônia e o recente debate sobre o tema no G20, como exemplos da crescente articulação regional e internacional.

“Cada um desses atores precisa aprender uns com os outros. Temos que conversar, trocar experiências e comunicar melhor o que já está sendo feito. Às vezes, fazemos muito, mas ainda comunicamos pouco. Precisamos tornar visíveis as boas práticas que estão transformando o território”, afirmou.

A secretária ressaltou ainda que o processo é construído coletivamente e que o Estado busca consolidar parcerias com o setor privado e instituições de pesquisa para garantir escala e sustentabilidade às iniciativas. “O investimento em bioeconomia é uma aposta de futuro. Envolve riscos, mas é uma oportunidade única de transformar a Amazônia em referência global, em desenvolvimento sustentável”, completou a secretária da Sabio.

A agenda paralela da COP30 segue recheada de bons painéis, palestras e discussões para debater, enriquecer e desenvolver as melhores soluções para o meio ambiente, clima e sustentabilidade da Amazônia, do Brasil e do mundo. A Cas’Amazonia se consolida e faz parte de ciclo importante de espaço de diálogo e troca de experiências, conectando representantes do poder público, empreendedores e comunidades da Amazônia em torno de um mesmo propósito: construir um futuro sustentável, baseado na riqueza natural e cultural da região.

[*] Ascom Semas

Bioeconomia como eixo estratégico da política socioeconomica no Pará
Camille Bemerguy, secretária adjunta de Bioeconomia (Sabio), destacou a importância de fortalecer a bioeconomia como eixo estratégico da política socioeconomica no Pará.

Brasil anuncia R$ 107 milhões para bioeconomia amazônica

O programa Coopera+ Amazônia pretende impulsionar a inovação e gerar renda para famílias extrativistas

OBrasil lançou nesta segunda-feira, 17/11, o programa “Coopera+ Amazônia”, que prevê o investimento de quase R$107 milhões para fortalecer a inovação gerencial e produtiva de 50 cooperativas extrativistas que atuam nas cadeias do babaçu, açaí, castanha e cupuaçu. O objetivo é fortalecer as cooperativas em cinco estados da Amazônia Legal (Pará, Rondônia, Maranhão, Amazonas e Acre) pelo período de 48 meses.

O anúncio ocorreu durante a COP30, na Zona Verde, com a presença do vice-presidente do país, Geraldo Alckmin. “Esses recursos permitirão, nessa primeira etapa, agregar valor, aumentar a renda das famílias, fortalecer o cooperativismo na região e colaborar com o combate à mudança do clima. Aproximadamente 3.500 famílias serão beneficiadas”, explicou.

A iniciativa é uma ação conjunta do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

O “Coopera+ Amazônia” receberá R$103 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do Fundo Amazônia, sob a coordenação do MMA. Outros R$3,7 milhões serão do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Soluções climáticas

“Os investimentos ajudarão a melhorar a vida desses produtores para desenvolver máquinas, propor projetos, garantir mais produtividade, ter maior inserção no mercado e gerar emprego e renda. Isso é fundamental e vai ajudar

a manter a floresta em pé”, celebrou a diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello. O presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, disse que, além de ampliar mercados, o programa irá incorporar tecnologias que fortaleçam a bioeconomia amazônica. “É uma bioeconomia única, fruto dessa floresta extraordinária, que garante sobrevivência, não derruba árvores nem polui os rios, é sustentável.

Fotos: Isadora Ferreira/ONU Brasil, Rafael Neddermeyer/COP30
A diretora socioambiental do BNDES Tereza Campello no lançamento do “Coopera+ Amazônia”
Durante o anúncio de investimento em iniciativas de bioeconomia amazônica
BNDES, MMA e o Sebrae anunciaram o Coopera+ Amazônia, programa que vai usar recursos do Fundo Amazônia para fortalecer cooperativas e impulsionar a bioeconomia na região amazônica

Essa é a reflexão que precisamos fazer, principalmente, nesse modelo de cooperativas”, ressaltou.

“Vamos capacitar para identificar lacunas e retroalimentar a pesquisa. Contamos com dados e indicadores para monitorar essas cadeias e apoiar produtores rurais e comunidades locais, oferecendo informações para melhorar os sistemas de produção. Podemos ser parte da solução para as mudanças climáticas”, explicou a presidente da Embrapa, Silvia Musshurá.

Também participaram da cerimônia os ministros brasileiros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França; e a secretária de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente, Carina Pimenta.

Ações e resultados

O programa, estruturado pelo Sebrae em parceria com o MDIC, visa aprimorar a gestão, aumentar a produtividade, ampliar mercados e incorporar tecnologias que fortaleçam a bioeconomia amazônica. Estão previstas consultorias, capacitações, assistência técnica, extensão rural e aquisição de máquinas para reduzir a penosidade do trabalho extrativista e agregar valor aos produtos.

Como resultados, são esperados aumento da produtividade, crescimento do valor agregado dos produtos, elevação do faturamento, expansão do número de cooperados, redução e reaproveitamento de resíduos do extrativismo e aumento da renda para os beneficiados.

A iniciativa fortalece modelos de negócio que preservam a floresta e oferecem alternativas econômicas ao desmatamento. A estratégia inclui a criação de um Escritório de Negócios Territorial para apoiar cooperativas na expansão comercial, no fortalecimento

de marcas e no acesso a novos mercados. Os Agentes Locais de Inovação para Cooperativas (ALICoop), bolsistas do Sebrae, acompanharão melhorias tecnológicas e gerenciais. Além disso, o projeto incorpora o levantamento da Embrapa sobre máquinas e equipamentos adequados às cadeias da sociobiodiversidade, ampliando o potencial de mecanização no setor.

Fundo Amazônia

Criado em 2008, o Fundo Amazônia é o principal mecanismo de cooperação internacional para o clima no Brasil, combinando proteção florestal, desenvolvimento sustentável e melhoria da qualidade de vida na Amazônia Legal. Após a retomada das doações em 2023, o número de doadores passou de três para nove, incluindo União Europeia, EUA e Reino Unido. Desde sua criação, o Fundo beneficiou cerca de 260 mil pessoas, apoiou 144 projetos e fortaleceu mais de 600 organizações comunitárias, que resultaram no alcance de 75% dos municípios da Amazônia Legal. Os recursos financiam combate ao desmatamento, bioeconomia, cadeias produtivas sustentáveis, proteção de povos indígenas e comunidades tradicionais, além de monitoramento, pesquisa e inovação ambiental. Coordenado pelo MMA e operacionalizado pelo BNDES, o Fundo contribui diretamente para metas climáticas, Acordo de Paris e objetivos do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm).

Para aprimorar a gestão, aumentar a produtividade, ampliar mercados e incorporar tecnologias que fortaleçam a Amazônia

Desafio da Bioeconomia, definindo os principais objetivos, resultados esperados e marcos até 2028

O Brasil lançou, durante a COP30, o Bioeconomy Challenge, uma iniciativa global que transforma os princípios da bioeconomia em ações concretas até 2028, com um grande potencial para transformar a forma como vivemos, produzimos e compartilhamos recursos, com as pessoas e o planeta no centro do desenvolvimento

Esse potencial, porém, não será plenamente realizado, sem métricas claras sobre o que constitui uma bioeconomia sustentável e como ela pode ser monitorada e avaliada. Este evento marcou o lançamento do Grupo de Trabalho de Métricas do Desafio da Bioeconomia, uma plataforma multissetorial emergente para métricas claras e comparáveis sobre bioeconomia, e abordou objetivos-chave, resultados esperados e marcos até 2028. O lançamento se baseia nos Indicadores da FAO para a Bioeconomia Sustentável em 2025, visando a construção de uma estrutura de monitoramento e avaliação, e em um amplo processo de consulta liderado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e parceiros, entre março e julho de 2025, que reuniu contribuições de mais de 530 participantes de mais de 70 países. Em suas palavras de abertura, Carina Pimenta, Secretária Nacional de Bioeconomia do Brasil, saudou o lançamento do Grupo de Trabalho e o situou no contexto mais amplo do Desafio da Bioeconomia. Ela lembrou que o ponto de partida foram os Princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia do G20 (2024), anunciados durante a presidência brasileira do G20. Embora esses princípios representem uma grande conquista, afirmou, eles carecem de um caminho claro para a implementação, lacuna que o Desafio busca preencher reunindo instituições, especialistas e comunidades. Pimenta descreveu a iniciativa

como um espaço colaborativo para o consenso sobre métricas, padrões e

abordagens que apoiem bioeconomias inclusivas e preparadas para o mercado.

Fotos: ENB-IISD - Anastasia Rodopoulou

O moderador Kaveh Zahedi, Diretor do Escritório de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da FAO, relembrou o trabalho de longa data da FAO em bioeconomia, incluindo os Princípios e Critérios Aspiracionais para uma Bioeconomia Sustentável de 2021, que buscaram apresentar uma visão holística para a produção, utilização, conservação e regeneração de recursos biológicos de forma a apoiar a segurança alimentar e nutricional global e o desenvolvimento sustentável. Ele afirmou que os Princípios de Alto Nível do G20 incluem um apelo por “critérios e metodologias transparentes, comparáveis, mensuráveis, inclusivos, baseados na ciência e específicos ao contexto”, o que, segundo ele, permitiria que países, produtores e consumidores falassem uma linguagem comum. Ele explicou que o Grupo de Trabalho visa reunir, de forma coerente, o substancial conjunto de ferramentas e dados já existentes em diversas instituições. Em seguida, delineou o roteiro para 2028 do Grupo de Trabalho, que inclui testes-piloto, apoio a estratégias nacionais de bioeconomia e colaboração com mecanismos que atualizam evidências e conjuntos de dados.

Em seguida, um painel explorou questões-chave para o Grupo de Trabalho, incluindo o propósito das métricas da bioeconomia, elementos essenciais para a coerência internacional e como equilibrar a consistência global com a relevância local.

Siloshini Naidoo, Chefe de Meio Ambiente, Social e Governança (ESG)

do Banco de Desenvolvimento da África Austral ( DBSA ) , observou que a liderança da África do Sul no G20 incentivou uma maior atenção

às oportunidades da bioeconomia em todas as cadeias de valor. Naidoo enfatizou a necessidade de clareza nas definições, combinada com índices qualitativos e quantitativos que evitem abordagens isoladas. Ela afirmou que os bancos de desenvolvimento buscam indicadores comparáveis, porém sensíveis ao contexto, que se baseiem em trabalhos de ESG já existentes e que reflitam as realidades locais, ao mesmo tempo que contribuam para o alinhamento global.

Greg Watson, chefe da Unidade de Biodiversidade e Capital Natural do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), descreveu os esforços conjuntos entre os bancos multilaterais de desenvolvimento para criar diretrizes práticas para a seleção de métricas relacionadas à natureza. Ele mencionou a Nota de Orientação Conjunta dos BMD sobre a Mensuração da Natureza e a Ampliação de seu Financiamento , publicada recentemente . Watson enfatizou que as

Carina Pimenta, Secretária Nacional de Bioeconomia, Brasil
No lançamento do Grupo de Trabalho de Métricas do Desafio da Bioeconomia
Kaveh Zahedi , Diretor do Escritório de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da FAO

métricas servem a muitos propósitos, desde a elaboração de relatórios até a tomada de decisões de investimento, e que o Grupo de Trabalho deve esclarecer os objetivos exatos da mensuração. Ele compartilhou exemplos de projetos-piloto no Brasil, incluindo trabalhos sobre bioingredientes e programas de investimento em ecossistemas.

Victoria Crawford, Diretora de Agricultura e Alimentação do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), confirmou que o setor privado busca maior convergência em relação às métricas. Ela citou os esforços do WBCSD para alinhar abordagens em relação à natureza, soluções florestais, plásticos sustentáveis e agricultura regenerativa. Para as empresas, explicou, as métricas orientam as escolhas de compras e investimentos, apoiam soluções coletivas e guiam a colaboração em toda a cadeia de valor. Crawford recomendou uma estrutura que inclua um conjunto central de métricas aplicáveis em todos os lugares, complementado por uma lista suplementar mais extensa que permita especificidades locais. Ela enfatizou a importância de processos participativos que envolvam produtores, comunidades e outras partes interessadas.

Marcelo Behar, Enviado Especial da COP 30 para a Bioeconomia, compartilhou reflexões sobre sua experiência anterior trabalhando no setor privado na Natura. Ele descreveu o trabalho da Natura para conectar métricas sobre áreas de conservação, portfólios de bioingredientes e benefícios para as comunidades. Ele destacou o desafio de vincular

essas medidas ao desempenho financeiro de forma a recompensar resultados positivos para a natureza. Behar defendeu a criação de unidades e metas científicas para a natureza que reflitam a clareza das métricas climáticas. Ele apontou a Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza como o esforço mais avançado até o momento e incentivou o Grupo de Trabalho a construir sistemas que criem valor para as comunidades e os ecossistemas.

Durante um debate aberto, os participantes fizeram perguntas sobre definições, escalas de mensuração e diretrizes. Uma questão destacou a importância de começar com objetivos claros e de mapear os programas existentes, uma abordagem utilizada em trabalhos recentes sobre bioeconomia

nos EUA. Outra pergunta abordou como as métricas funcionariam em diferentes escalas, desde o nível do produto até o nível nacional. Um participante do Instituto de Recursos Mundiais enfatizou a importância de diretrizes que previnam práticas prejudiciais, incluindo monoculturas e abordagens extrativistas.

Anjali Goswami, Conselheira Científica Chefe e Diretora-Geral de Ciência, Dados e Análise do Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido, apresentou as considerações finais.

Ela enfatizou a importância do trabalho colaborativo entre os setores e observou que as métricas desempenham um papel central no monitoramento da biodiversidade e dos impactos climáticos. Ela incentivou o grupo a considerar conjuntos comuns de características, listas mais extensas de indicadores suplementares e novas ferramentas, como big data e inteligência artificial, que podem lidar com informações ecológicas complexas.

Para concluir, Zahedi enfatizou que a primeira tarefa do Grupo de Trabalho será catalogar o que já existe e identificar como isso pode ser integrado. Pimenta incentivou uma abordagem pragmática que ofereça soluções viáveis, sem deixar de lado as limitações. Ela observou que o objetivo do Grupo de Trabalho não é criar uma definição de bioeconomia, mas sim construir uma linguagem comum que apoie estratégias nacionais e a cooperação global.

[*] Ministério do Meio Ambiente do Brasil, FAO
O Grupo de Trabalho deve esclarecer os objetivos exatos da mensuração, pois as métricas desempenham um papel central no monitoramento da biodiversidade e dos impactos climáticos
Siloshini Naidoo, Chefe de ESG, DBSA

Pará e BID firmam primeira garantia multilateral para restauração florestal no Brasil, durante a COP30

Garantia inédita dá segurança a investimentos privados na Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu

Ogovernador do Pará, Helder Barbalho, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, celebraram na COP30, a primeira garantia de banco multilateral para restauração florestal no Brasil. O anúncio, seguido de assinatura do documento que garante a operação, ocorreu durante o painel “Parcerias Público-Privadas Florestais no Brasil: destravando investimentos para o uso sustentável da terra e a restauração”, na Blue Zone da COP30, em Belém.

O anúncio também contou com a presença da ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil, Simone Tebet; do diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Barbosa; e do Diretor-Geral do

de banco multilateral para restauração florestal no Brasil

Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Garo Batmanian. Annette Killmer, chefe da representação do BID no Brasil, foi a moderadora do painel.

São US$ 15 milhões, com vigência de 20 anos, a título de garantia ao concessionário vencedor da licitação para restaurar, com espécies nativas, a Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu (URTX). Agora, cria-se um fundo de garantia para o projeto que fará restauração ecológica na área mais pressionada pelo desmatamento ilegal na Amazônia, a APA Triunfo do Xingu.

O objetivo é que a concessão da área, que terá duração de 40 anos, ofereça uma garantia financeira à empresa vencedora do processo de licitação, fortalecendo a segurança da operação.

Fotos: Ag. Pará, Marco Santos / Ag. Pará
O governador do Pará, Helder Barbalho, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, celebraram na COP30, a primeira garantia
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, destacou a inovação financeira da operação, já aprovada pela Comissão de Financiamento Externo do Brasil

O projeto faz parte de uma meta maior para recuperação da vegetação nativa. “O Pará se propôs a uma meta ousada de restauro e recuperação do seu território de floresta. Temos a meta de restaurar 5,7 milhões de hectares até 2030, quase metade do compromisso brasileiro”, afirmou Helder Barbalho. Helder reforçou que o governo do Pará está implementando contrapartidas para garantir segurança jurídica, presença do Estado no ordenamento territorial, logística e infraestrutura, além de investimentos sociais em educação e saúde para adesão das comunidades.

“O simbolismo de dar o primeiro passo na APA Triunfo do Xingu é enorme: área que sofreu pressão por pecuária nas últimas décadas, onde o Estado recuperou o território e iniciou a primeira concessão pública de restauro do Brasil, com estudos que mostram viabilidade econômica real”, destacou. “Esta é uma entrega concreta do Amazônia Sempre e um modelo replicável tanto para outros países amazônicos quanto para outros biomas na América Latina e no Caribe”, afirmou o presidente do Grupo BID, Ilan Goldfajn. “Criar condições para negócios sustentáveis em larga escala é fundamental para proteger a Amazônia e gerar desenvolvimento para suas populações”, acrescentou.

Comemorando o simbolismo de dar o primeiro passo na APA Triunfo do Xingu, que é enorme
Unidade de Restauro Triunfo do Xingu, localizada na APA Triunfo do Xingu
Todos vibrando com o simbolismo de dar o primeiro passo na APA Triunfo do Xingu

Durante o painel “Parcerias Público-Privadas Florestais no Brasil: destravando investimentos para o uso sustentável da terra e a restauração”, na Blue Zone da COP30, na celebração da primeira garantia de banco multilateral para restauração florestal no Brasil

A Unidade de Restauro Triunfo do Xingu, localizada na APA Triunfo do Xingu, foi concedida em processo na B3 em março deste ano para um projeto de reflorestamento. A concessão vai recuperar 10 mil hectares, tem prazo de 40 anos e projeta R$ 300 milhões em investimentos privados ao longo do contrato.

“Esse modelo pode retirar cerca de 4 milhões de toneladas de CO₂ da atmosfera e mobilizar 2 mil empregos ligados ao replantio de espécies nativas. É negócio: estimativa de lucro líquido de R$ 431

milhões, com floresta viva, NDCs cumpridas e desenvolvimento local”, disse. Durante o evento, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, destacou a inovação financeira da operação, já aprovada pela Comissão de Financiamento Externo do Brasil para contar com a garantia do Tesouro Nacional.

“Além de inovadora do ponto de vista ambiental, essa operação inova em sua estruturação financeira, o que ajudará os Estados brasileiros a canalizarem recursos para o desen -

volvimento em projetos ambientais e sociais, enfrentando uma dificuldade histórica na estruturação de garantias para PPPs. Esta operação recebeu a aprovação da Comissão de Financiamento Externo do Brasil para que também possa contar com a garantia do Tesouro Nacional”, explicou a ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil, Simone Tebet.

Próximos passos do Amazônia Sempre

O modelo de Triunfo do Xingu faz parte de uma nova fase do programa Amazônia Sempre, e está em expansão pelo Grupo BID.

O Governo do Estado do Pará, trabalha com o BID para incluir duas novas áreas na APA Triunfo do Xingu e apoia o Governo do Estado de Rondônia em projetos similares de restauração e conservação.

*No âmbito federal, em parceria com o Governo Federal, com o BNDES e o SFB, o BID impulsiona projetos que abrangem mais de 7,5 milhões de hectares de florestas em Unidades Federais de Conservação. Essa rede de Parcerias Público-Privadas florestais inclui 7 concessões em Unidades Federais de Conservação para restauração florestal e 5 concessões federais para gestão florestal sustentável.

Durante o período da concessão, espera-se: 9.980 hectares de florestas restauradas e conservadas; 3,7 milhões de toneladas de CO2 sequestradas;US$ 2,5 milhões investidos nas comunidades locais; 2.000 empregos gerados; Mais de US$ 46 milhões em investimentos; e Impulso à bioeconomia, cadeias produtivas locais e inclusão social

[*] SECOM

Floresta em pé: lavoura e árvores reduzem impacto de mudança climática

Sistema combina produção agrícola com preservação ambiental

Imagine lavouras sendo cultivadas no mesmo espaço que florestas. Para ficar ainda mais evidente, poderia ser uma plantação de milho localizada à sombra de uma castanheira-do-pará, por exemplo.

Esta combinação de produção agrícola com preservação ambiental tem sido apontada por especialistas do clima e ativistas ambientais como ideal para ajudar o planeta Terra a se recuperar dos danos causados pela ação humana e que refletem no clima em forma de eventos extremos, como chuvas torrenciais e estiagens.

A este “casamento” que é, na verdade, um modelo de uso da terra justo e sustentável, dá-se o nome de “agrofloresta”.

Este sistema, que busca otimizar terrenos descampados e transformar técnicas de monocultivo em florestas biodiversas, é considerado hoje uma das principais apostas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas na Terra.

A proposta é de uma agricultura não baseada em agrotóxicos e produtos químicos, mas baseada na própria ecologia, levando em consideração a existência de pragas, mas também o equilíbrio e

É atuar em duas frentes: na mitigação e adaptação dos efeitos das mudanças do clima.

“Quando eu estou diminuindo a emissão de carbono, eu estou mitigando

a lógica da natureza. Daí, a junção de plantas menores - como as alimentares - com árvores maiores e com raízes profundas, para propiciar sombra e água, sempre que preciso for.

Em resposta a esta combinação, vem a diminuição da emissão de Dióxido de Carbono (CO₂) na atmosfera - a camada que protege o planeta da radiação solar e ajuda a equilibrar a temperatura. O CO₂ compõe os gases que agravam o efeito estufa, um dos causadores do aquecimento global. A matemática é simples - quanto mais árvores vivas, mais absorção de carbono pelas plantas e menos gás nocivo enviado à atmosfera.

Agrofloresta

Em entrevista ao podcast S.O.S! Terra Chamando!, Moisés Savian, engenheiro agrônomo e secretário do Ministério do Desenvolvimento Agrário, contou que a ideia da agrofloresta é atuar em duas frentes: na mitigação e adaptação dos efeitos das mudanças do clima.

“Quando eu estou diminuindo a emissão de carbono, eu estou mitigando. Se eu, por exemplo, tenho um pasto ralinho e eu monto uma agrofloresta, eu vou trazer para a superfície o carbono que está excessivo na atmosfera (o carbono é absorvido pelas plantas). Se eu tenho uma lavoura de milho que não resiste muito tempo sem chuva - diante da crise hídrica - e junto esta lavoura à floresta, que tem sombra e raízes profundas, o milho se beneficiará da captação de água de uma castanheira, por exemplo”, explica.

Savian lembra ainda que a lógica da agrofloresta vai além ao agregar as questões do planeta à geração de renda e produção de alimentos, potente ferramenta contra a fome no mundo.

A ideia de florestas produtivas ganhou popularidade nas últimas semanas, durante as plenárias e reuniões da COP 30, realizada em Belém (PA). Mas este é o caminho ancestral que vem sendo apontado nos últimos anos por especialistas do clima, como já adiantou em entrevista ao podcast o climatologista Carlos Nobre.

“Os indígenas chegaram na Amazônia 12, 14 mil anos atrás, e eles sempre utilizaram o conhecimento muito bem para tudo, para a saúde deles, para alimentação, no transporte, os produtos da biodiversidade. Os indígenas utilizaram e utilizam ainda mais de 2,3 mil produtos da biodiversidade, por exemplo, 250 frutas alimentares, 1.450 plantas medicinais. Eles aprenderam a conviver muito bem com a floresta”, disse.

Embora seja uma técnica milenar, a Floresta em Pé, mesmo a passos curtos, tem ganhado espaço entre o voluntariado no Brasil e no mundo.

Troca de Saberes

Em Botuporã, cidade baiana com cerca de 11 mil habitantes e localizada a cerca de 700 quilômetros de Salvador, um projeto de cooperação internacional tem incentivado moradores e jovens lideranças a entender a importância de unir o agro à ecologia.

O município faz parte de um consórcio, iniciado em 2021, com comunidades da França localizadas na região da Alsácia do Norte.

Segundo o idealizador do projeto, prefeito da cidade francesa de Eschbach - que tem menos de mil habitantes -, Hervé Tritschberger, a ideia

Moisés Savian, engenheiro agrônomo e secretário do Ministério do Desenvolvimento Agrário, em palestra na COP30
Estudante Yago Fagundes em projeto de imersão na França, para aplicação no Brasil

surgiu após tratativas com a prefeitura botuporense para valorização de agricultores, produtores rurais e capacitação de jovens voluntários para troca de saberes sobre sustentabilidade.

Foi esta cooperação internacional que, há dois anos, levou o jovem estudante de Direito Yago Fagundes a uma imersão em agroecologia em terras francesas e, depois, à aplicação no Brasil.

“A experiência no Brasil tem sido de empoderamento rural. Nós recebemos, por exemplo, especialistas franceses que capacitaram nossos agricultores na produção do queijo Tomme de Vache (queijo de leite de vaca, em livre tradução), utilizando uma receita milenar de forma sustentável.

Na França, eu vivenciei essa prática de perto, morei com agricultores com o selo ‘BIO’ e participei ativamente da construção de cercas vivas e projetos de plantio em escolas, elementos cruciais para a biodiversidade”, lembra Yago.

O estudante de 20 anos diz que apesar do desafio da língua, a vivência internacional o fez refletir sobre resiliência, inclusive, nos cuidados com o planeta.

“A agroecologia é fundamental para combater as mudanças climáticas. Ela usa a teia do voluntariado

para criar uma solidariedade internacional que fortalece o planeta. Ela atua tornando o solo um sumidouro de carbono, aumentando sua matéria orgânica e sua capacidade de reter água, o que protege as comunidades de secas e eventos extremos”, explica. Em contrapartida, duas voluntárias francesas passaram oito meses em Botuporã para aprender técnicas de agricultura orgânica.

“Brasil e França não têm os mesmos desafios, mas temos os mesmos objetivos, que é trabalhar para o desenvolvimento sustentável.

O paradoxo dos países europeus é que eles não querem produzir alimentos com agrotóxicos, mas os consomem em importações. A partir dessa troca, é preciso repensar esta validação e capacitar agricultores para este modo mais saudável e sustentável”, diz o prefeito francês.

Marine e Estève Gigan, produtores de queijo tomme de leite de vaca

Como resultado da experiência, foi publicado um livro com a consolidação das principais trocas, disponibilizado gratuitamente e apresentado durante o Festival Nosso Futuro, realizado no início deste mês, em Salvador.

Consciência ambiental e planetária

A troca de saberes pode ir muito além das fronteiras geográficas, Brasil-França. Pode ser passada de pai para filho, entre amigos, de avó para neto, como foi o caso do jornalista socioambiental e divulgador científico Wylliam Torres. Morador do Rio de Janeiro, ele conta que é adepto da plantação de verduras e leguminosas no próprio quintal de casa, como prática sustentável e saudável.

“A minha primeira referência em agroecologia foi o quintal da minha avó e bisavó paternas, quando eu ainda era bem novinho e, àquela época, não fazia ideia da preciosidade que estava ao meu alcance e muito menos conhecia o termo. Hoje, é claro, entendo que a agroecológica vai muito além de alimentos livres de agrotóxicos, mas ela também engloba os aspectos subjetivos da nossa vida e que o adubo das nossas raízes: o território, a tradição e a sabedoria ancestral”, relata.

Torres diz ainda que a postura ambiental reflete valores como consciência ambiental responsável e coletiva, além da justiça socioambiental.

“Levantamento do mastro. Festa do Divino Espírito Santo”, na exposição de pranchas originais de Jean-Baptiste Debret. Uma das imagens que moldaram boa parte da memória visual do país, apresentado recentemente, durante o Festival Nosso Futuro, em Salvador.

“É nesse caminho que resgato parte da minha história, minha relação profunda com a natureza, meu senso de comunidade, minha necessidade de lutar pela vida na Terra e preservá-la”, conclui.

E mesmo de forma isolada, ele entende que não há fórmula mágica para enfrentar individualmente a crise climática.

“Quando se trata de combater os efeitos da crise climática que atravessamos, não existe uma balança que diga qual é a ação mais importante nesse processo, afinal, cada atitude que visa contrapor a lógica exploratória do agronegócio, é um ato revolucionário. Portanto, toda e qualquer ação individual que busque fugir da lógica do lucro, é sempre válida”, finaliza.

Exemplos do Brasil

Ainda acompanhando de perto o desfecho da COP 30, o Secretário de Governança Fundiária e Desenvolvimento Territorial e Socioambiental do Ministério de Desenvolvimento Agrário, Moisés Savian, adianta que o encontro tem sido uma grande oportunidade de mostrar para o mundo o que o Brasil tem feito. “A COP foi muito positiva para o Brasil, apresentamos nossa agenda de florestas produtivas para o mundo. Além de manter, vamos ampliar a área de cobertura florestal com geração de renda e alimentos”, diz.

Wyliam Torres é adepto da plantação de verduras e leguminosas no próprio quintal de casa

Para ele, é essencial pensar em um sistema de produção de alimentos resiliente às intempéries, como secas e chuvas extremas. “Eu acho que o futuro do Brasil é avançar na agricultura resiliente, de baixo carbono, biodiversa, agricultura agroecológica nas áreas degradadas. Nós temos muita área degradada no Brasil. Nós temos muita pastagem subutilizada. São áreas em que não estão produzindo alimentos e não estão servindo para a questão ecológica também. A propósito, o governo tem trazido a ideia de florestas produtivas de agroflorestas - avançar com a produção biodiversa, de agroflorestas nessas áreas que já foram desmatadas, numa ótica de restauração, mas uma restauração produtiva”., diz.

Savian defende ainda o incentivo financeiro de países mais desenvolvidos e, internamente, o crédito agrícola para capacitar pequenos agricultores e produtores rurais a aprenderem e utilizarem a técnica de produção de alimentos sustentável. Mas, ele chama a atenção, para um ponto ainda desafiador: ganhar o bolso e coração dos consumidores.

“Porque nós temos hoje, muita gente vive contando o dinheiro para passar o mês. Algumas outras pessoas podem pagar um pouco mais por um produto que é diferenciado. Nós nos reunimos com uma rede de supermercados internacional. E eles estão criando uma prateleira chamada de ‘produtos da floresta’. E aí, qual era o desafio que eles tinham? Muitas vezes, no mercado do

varejo, ele vai precisar de 30 dias, 60 dias para pagar. O agricultor, não pode esperar tanto. E essa rede está fazendo pagamento antecipado”, diz Savian.

Segundo ele, são iniciativas como essa que podem dar um efeito mais importante - além da mobilização de governo e produtor, que é incluir o mercado consumidor como uma mola propulsora da economia sustentável, da produção decorrente do agroflorestamento.

Para Savian, a Floresta em Pé pode fazer parte da solução para a situação de emergência climática que o planeta vive.

“Acredito que é esse ‘remedinho’ que pode junto com a restauração florestal, com o combate ao desmatamento, com uma pecuária mais intensa, no sentido de ocupar melhor o espaço que já existe, sem derrubar mais árvores. Não é um remédio que você vai tomar na veia e vai resolver num dia pro outro, mas é uma dose meio homeopática - tomada em pequenas quantidades, mas de forma contínua”, conclui.

Florestas produtivas, além de manter, vamos ampliar a área de cobertura florestal com geração de renda e alimentos
Para Savian, a Floresta em Pé pode fazer parte da solução para a situação de emergência climática que o planeta vive.
[*] Agência Brasil

Desenvolvimento sustentavel

Em parceria com

Representante Autorizado

O sistema é alimentado com resíduos orgânicos

Bactérias decompõem o resíduo orgânico no biodigestor

O biogás é armazenado no reservatório de gás para ser usado em um fogão

O fertilizante líquido pode ser usado em jardins e plantações

O sistema tem capacidade de receber até 12 Litros de resíduos por dia.

O equipamento produz biogás e fertilizante líquido diariamente. Totalmente fechado mantendo pragas afastadas.

O QUE COLOCAR NO SISTEMA

Carne, frutas, verduras, legumes e restos de comida.

OBS: Máximo de duas cascas de cítricos por dia.

Em um ano, o sistema deixa de enviar 1 tonelada de resíduos orgânicos para aterros e impede a liberação de 6 toneladas de gases de efeito estufa (GEE) para atmosfera.

O QUE NÃO COLOCAR NO SISTEMA

Resíduos de jardinagem, materiais não orgânicos (vidro, papel, plástico, metais). Resíduos de banheiro, produtos químicos em geral.

ESTAÇÃO

PREÇO DE FÁBRICA

Transforme recicláveis em renda extra!

Vidro Transparente - R$ 0,65/kg

Vidro plano, como vidraça, marinex, travessas, refratário, aquário ou janela serão considerados na categoria outros

Vidro Âmbar - R$ 0,65

Vidro Verde e Outros

Papelão - R$ 0,85/kg

Papel Branco - R$ 0,85

Cartolina / Papel Cartão

Plástico Pet - R$ 3,00

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Valores de Novembro de 2025 de acordo com os recicladores.

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COMO FUNCIONA

1 Você faz o download #gratuito

2 Você leva os materiais LIMPOS e separados por tipo até a estação

3 Informa que disponibilizará o material via app (vidro e plástico PET devem ser separados também por cor)

4 O material é pesado e você fica com o comprovante de entrega

5 Se o saldo for acima de R$10, um resgate será realizado

ATENÇÃO: O pagamento acontece por PIX somente às sextas-feiras. Sua chave PIX principal precisa ser seu CPF.

Baixe o app:

Praça Princesa Isabel - Belém/PA

Funcionamento: segunda a sexta-feira das 8h às 17h, sábado das 8h às 12h.

Para entregar grandes volumes é necessário agendar com antecedência por WhatsApp: (11) 91686-6678.

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