

















RITA DE KÁSSIA
Autorizou a doação dos órgãos do filho

Autorizou a doação dos órgãos do filho
Com indicadores sociais abaixo da média nacional e desafios históricos de renda, saúde e educação, a região exige respostas que integrem sustentabilidade e inclusão. Nesse contexto, a Agropalma, reconhecida internacionalmente pela produção sustentável de óleo de palma, vem se consolidando como um dos agentes...
A Cúpula aconteceu durante a abertura da 80 a sessão da Assembleia Geral da ONU. Antes da Cúpula, dez Diálogos de Soluções Climáticas de alto nível foram realizados de 22 a 24 de setembro, na Sede da ONU. Os diálogos visaram fornecer recomendações concretas para consolidar, acelerar e implementar soluções de ação climática antes da trigésima reunião da Conferência das Partes (COP 30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém. Líderes nacionais anunciando os compromissos...
O Congresso Mundial de Reservas da Biosfera teve como objetivo principal o futuro das reservas da biosfera da UNESCO, mapear o futuro das reservas da biosfera da UNESCO, decidindo sobre uma nova Estratégia e Plano de Ação para 2026-2035. Ao abrir a sessão, Ding Xuexiang, vice-primeiro-ministro do Conselho de Estado da China, destacou a abordagem holística da China em relação à conservação da biodiversidade e, entre as sugestões para fortalecer as reservas...
A exploração de recursos minerais na Amazônia é um tema historicamente carregado de contradições econômicas e desigualdades sociais. Em nível nacional, os dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) mostram que, no primeiro semestre de 2025, o fatura¬mento do setor mineral no Brasil foi de R$ 139,2 bilhões, 7,5% a mais em com¬paração com o mesmo período de 2024. Minas Gerais lidera esse faturamento, seguida pelo Pará e pela Bahia...
Álvaro Lario, Presidente da ONU-Água, abriu a 42ª Reunião da ONU-Água observando que as negociações estão ocorrendo em um momento em que esta comunidade é mais importante do que nunca. Ele destacou que a Iniciativa ONU 80 do Secretário-Geral da ONU defende a reforma da ONU, tornando- a mais interligada para responder melhor aos desafios atuais, e lembrou que a Estratégia
Sistemática das Nações Unidas para Água e Saneamento se baseia nesse sistema interligado. Lario também destacou o item da pauta...
As correntes do Oceano Atlântico que respondem às mudanças climáticas estão caminhando em direção a um ponto crítico que pode causar impactos severos antes do final deste século, segundo um novo estudo. As correntes formam a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), que circula o Oceano Atlântico como uma gigantesca correia transportadora, levando calor para o Hemisfério...
[06] Florestas, Biodiversidade e Sociedades Humanas [20] A maioria dos políticos não sabe que estamos sem tempo para o clima [24] NASA alerta: “O sol está acordando lentamente” [28] A onda de calor que destruiu ecossistemas [38] Áreas continentais de mega regiões de seca [41] Os trópicos chuvosos podem enfrentar secas sem precedentes devido à desaceleração da corrente atlântica [51] A maior corrente oceânica da Terra está parando [54] Grande perda de gelo cria fábricas de fertilizantes subaquáticas [57] Agrobiodiversidade para as Pessoas e o Planeta [60] Novo mapa mostra onde há maior potencial para agricultura no Brasil [64] Peixe de águas profundas tem dentes na testa e os usa para sexo
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Em IISD, na Retomada da COP 16 sobre Biodiversidade. Para promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Conservar sua biodiversidade e os ecossistemas naturais e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento econômico e social. Foto: Cortesia de Debora Tingley no Unsplash
OFórum Brasil-França Florestas, Biodiversidade e Sociedades Humanas, integrou a Temporada França-Brasil 2025, com apoio das embaixadas do Brasil e da França em realização da USP, em parceria com o Muséum National d’Histoire Naturelle (MNHN) da França e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Teve o objetivo de discutir a biodiversidade florestal, os ecossistemas e sua relação com as sociedades humanas, do passado ao presente, fortalecendo a cooperação científica e cultural entre os dois países, reunindo cientistas, jornalistas e representantes da sociedade civil do Brasil e da
França, em conferências, mesas-redondas e debates, além de visitas institucionais.
Na abertura, com representantes da USP, Fapesp e instituições francesas, além de conferências inaugurais sobre a Amazônia antiga e contemporânea e debates sobre a preservação das florestas, a programação inclui relatos da fase inicial do evento em Paris, intercâmbios científicos entre Brasil e França e uma mesa-redonda dedicada aos desafios da cooperação científica entre o Brasil e a Guiana Francesa para o estudo da Amazônia.
O encerramento no segundo dia, começaram com as discussões, conferências sobre sociobiodiversidade florestal e seguiram com mesas-redondas que
abordaram mudanças globais, conservação da biodiversidade e as relações culturais entre humanos e florestas. Entre os temas em destaque estiveram o conhecimento biocultural amazônico, a preservação da diversidade e os impactos das transformações ambientais sobre os modos de vida tradicionais.
Durante o Fórum, entre outros relevantes temas, selecionamos e apresentamos: os resultados preliminares do estudo/ pesquisa feito na Unesp: “As palmeiras funcionam como grandes reservatórios ou caixas d’água da floresta”, pela professora Thaise Emilio, da Unesp e coordenadora do projeto, transcrito abaixo:
No segundo dia começou com conferências que trataram da sociobiodiversidade florestal e dos desafios impostos pelas mudanças globais à conservação da biodiversidade. Pesquisadores do Brasil e da França discutiram questões como monitoramento ambiental, riscos climáticos e estratégias de preservação. À tarde, a programação trouxe uma conferência sobre o conhecimento biocultural amazônico e a diversidade cultural e biológica, seguida de uma mesa-redonda dedicada às relações culturais entre humanos e florestas. Participaram especialistas das áreas de psicologia, arqueologia, biologia
Palmeira patauá (Oenocarpus bataua) em um baixio na Amazônia
Central: espécie é a próxima em que pesquisadores vão instalar sensores para estimar armazenamento de água
Apesar de representar apenas uma entre 171 famílias de plantas arborescentes na Amazônia, as palmeiras dominam a paisagem florestal tanto no dossel quanto no sub-bosque. Os cientistas levantam a hipótese de que populações humanas antigas domesticaram essas plantas há milhões de anos durante a ocupação e manejo da região.
“Ainda debatemos se os humanos enriqueceram a Amazônia com palmeiras ou se escolheram viver na floresta justamente pela abundância dessas plantas úteis, que possuem grande importância econômica”, explicou Emilio.
Atualmente, cerca de 75% da produção brasileira de produtos florestais não madeireiros provém de palmeiras. O açaí (Euterpe oleracea) sozinho responde por 50% desse total.
Thaise Emílio, professora da Unesp, coordenadora do projeto e pesquisadora associada ao CBioClima: apesar de ser apenas uma entre 171 famílias de plantas arborescentes na Amazônia, as palmeiras são extremamente dominantes na floresta, tanto no dossel como no sub-bosque
Desde 2017, Emilio colabora com pesquisadores do Soleil Síncrotron, de Paris, e da Universidade de Bordeaux para analisar a resistência do xilema das palmeiras à embolia induzida pela seca.
O xilema constitui o tecido vascular que transporta água e sais minerais das raízes para o restante da planta.
Os cientistas utilizaram o acelerador circular de partículas do Soleil Síncrotron para investigar seis espécies de palmeiras das subfamílias Arecoideae e Coryphoideae. A tecnologia permite examinar a composição e estrutura da matéria em escala molecular.
“Constatamos que as palmeiras apresentam vulnerabilidade à seca similar a outras angiospermas ou gimnospermas. Porém, elas concentram mais água dentro dos troncos e conseguem mobilizar esse recurso, tornando essa a estratégia mais importante para minimizar os riscos de embolia”, detalhou a pesquisadora.
Palmeiras retêm até 70% de água em seus troncos
Pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, participaram de monitoramentos recentes que revelaram dados surpreendentes. Enquanto árvores dicotiledôneas armazenam no máximo 50% de seu volume em água, as palmeiras retêm até 70%. Durante períodos secos, essas plantas reservam ainda mais água do que nas estações chuvosas.
“Isso gera enormes impactos na biodiversidade da floresta amazônica, que ainda precisamos estimar”, afirmou Emilio. Durante expedições na floresta em períodos de seca, a equipe observa que apenas as palmeiras produzem frutos. “Só elas dão frutos nessas épocas de seca. Isso mantém a alimentação dos animais e dos humanos que dependem desses recursos. Uma das hipóteses para explicar essa capacidade é justamente o funcionamento diferenciado dessas plantas, que armazenam mais água”, explicou a cientista.
Mudanças climáticas ameaçam serviço ecossistêmico
O serviço ecossistêmico prestado pelas palmeiras enfrenta ameaças devido ao declínio de espécies associadas a climas úmidos. A intensificação do ciclo hidrológico, marcada por secas e estações chuvosas mais extremas, compromete a abundância dessas plantas. “Isso terá um impacto muito importante para a dinâmica da floresta”, alertou Emilio. Um estudo em andamento avalia através de modelagem o risco de morte de palmeiras em diferentes ambientes e condições climáticas. Os resultados preliminares indicam que essas plantas morrem duas vezes mais do que outras árvores. “A combinação de anos chuvosos e secos está causando uma mudança na dinâmica e nas características de regiões da floresta”, concluiu a pesquisadora.
e antropologia, além de representantes de comunidades indígenas, como o povo Guarani da Aldeia Jaraguá.
Além da programação aberta ao público, foram realizados, paralelamente, encontros entre cientistas, dirigentes e integrantes de grupos de pesquisa brasileiros e franceses para intercâmbios de experiências, reforçando a continuidade da cooperação iniciada em Paris.
À medida que a COP30 se aproxima e o mundo volta os olhos para a Amazônia, cresce também a expectativa em torno de soluções que conciliem preservação ambiental e desenvolvimento humano
Com indicadores sociais abaixo da média nacional e desafios históricos de renda, saúde e educação, a região exige respostas que integrem sustentabilidade e inclusão. Nesse contexto, a Agropalma, reconhecida internacionalmente pela produção sustentável de óleo de palma, vem se consolidando como um dos agentes privados mais relevantes na construção desse caminho por meio do programa SOMAR – sua principal plataforma de responsabilidade socioambiental.
Amazônia além da floresta: desafios humanos e sociais
O bioma amazônico ocupa 6% da superfície terrestre e abriga a maior biodiversidade do planeta. Ao mesmo tempo, é cenário de desigualda -
des profundas. Estados como Pará, Amazonas e Maranhão estão entre os que apresentam os piores índices de
desenvolvimento humano do Brasil, segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano. Esse contraste entre abundância natural e fragilidade social revela o tamanho da tarefa: promover dignidade, segurança e oportunidades para milhões de pessoas enquanto se protege a floresta.
A ciência alerta para os riscos do chamado “ponto de não retorno”, quando a perda de vegetação comprometeria a capacidade de a Amazônia se regenerar. Mas também aponta que políticas públicas e investimentos privados consistentes podem transformar o bioma em vitrine de uma transição justa, onde conservação e crescimento caminham juntos. É nessa interseção que a Agropalma aposta desde sua fundação, há mais de 40 anos, e que ganhou nova forma com a estruturação do SOMAR em 2023.
A preservação da Amazônia passa não apenas pela floresta em pé, mas também pelo fortalecimento das pessoas que nela vivem
Fortalecimento econômico: mais de 400 contratações diretas realizadas dentro das comunidades. O Programa de Agricultura Familiar e Integrada, existente desde 2002, já assegura renda média superior ao dobro do PIB per capita brasileiro aos produtores locais, garantindo perspectivas às novas gerações rurais. Capacitação e empoderamento: 46 moradores participaram de cursos de gestão financeira, 40 receberam formação em processamento de frutas e 51 mulheres foram capacitadas em projetos de
empoderamento feminino, reforçando o protagonismo da mulher rural em áreas de acesso limitado a qualificação. Infraestrutura básica: melhorias em estradas e pontes beneficiaram cerca de 1.000 pessoas; a doação de caixas d’água levou segurança hídrica a mais de 1.300 moradores.
e jovens, muitos deles tendo sua primeira experiência no cinema.
A preservação da Amazônia passa não apenas pela floresta em pé, mas também pelo fortalecimento das pessoas que nela vivem
Saúde e bem-estar: campanhas de prevenção ao câncer de mama, como o Outubro Rosa, beneficiaram mais de 100 mulheres.
Educação ambiental e cultura: palestras sobre preservação alcançaram 1.400 pessoas; projetos como Jornada Jovem Consciente (87 participantes), Participa Jovem (119 jovens), Cine Agropalma e (Re)ciclo de Cinema reuniram mais de 2.600 crianças
Além dessas frentes, o SOMAR promoveu doações de brinquedos em escolas da região, ações de voluntariado corporativo, plantio de mudas nativas e fornecimento de materiais didáticos.
A proposta é somar esforços com o poder público e ampliar a resiliência das comunidades.
O SOMAR é fruto da evolução de iniciativas socioambientais iniciadas em 2003 e, desde 2023, atua com metodologia definida e apoio da Earthworm Foundation. O programa promove diálogo direto entre empresa, comunidades e parceiros, transformando demandas locais em projetos que geram resultados concretos. Mais do que reduzir vulnerabilidades, busca engajar moradores como protagonistas de seu próprio desenvolvimento, unindo preservação da floresta a geração de renda e acesso a oportunidades.
Em apenas dois anos, o programa já impactou positivamente a vida de mais de mais de 10 mil pessoas em 34 comunidades nos municípios de Tailândia, Moju, Acará e Tomé-Açú, incluindo as -
A preservação da Amazônia passa não apenas pela floresta em pé, mas também pelo
O programa já impactou positivamente a vida de mais de mais de 10 mil pessoas em 34 comunidades nos municípios de Tailândia, Moju, Acará e Tomé-Açú, incluindo assentamentos, núcleos rurais, e urbanos e populações tradicionais e associações de produtores
sentamentos, núcleos rurais, e urbanos e populações tradicionais e associações de produtores. Assim, a
iniciativa avança em frentes diversas: trabalho e renda, empoderamento, infraestrutura, educação e cultura.
Para Monica Neves, gerente de Responsabilidade Socioambiental da Agropalma, o impacto real vai além dos relatórios: “O maior ganho está em ver uma família prosperando na agricultura, um jovem descobrindo sua vocação ou uma mulher tornando-se liderança em sua comunidade. Cada vida transformada é prova de que estamos no caminho certo.”
Na mesma linha, Wander Antunes, coordenador do programa, destaca a conexão com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. “O SOMAR reafirma nosso compromisso com a sustentabilidade e com os di-
reitos humanos, alinhando inovação e responsabilidade social para construir
um futuro em que sociedade e meio ambiente prosperem juntos”.
Legado para a Amazônia e para o mundo
A preservação da Amazônia passa não apenas pela floresta em pé, mas também pelo fortalecimento das pessoas que nela vivem
A preservação da Amazônia passa não apenas pela floresta em pé, mas também pelo fortalecimento das pessoas que nela vivem
A atuação da Agropalma no Pará simboliza como a iniciativa privada pode ir além do discurso, assumindo papel ativo na transformação de territórios vulneráveis. Ao conectar conservação ambiental e desenvolvimento humano, o SOMAR coloca comunidades amazônicas como protagonistas de soluções que dialogam com a agenda global da COP30 e com os compromissos internacionais de clima e direitos humanos. Mais que um programa corporativo, o SOMAR se apresenta como uma plataforma de inclusão e esperança. Um lembrete de que a preservação da Amazônia passa não apenas pela floresta em pé, mas também pelo fortalecimento das pessoas que nela vivem. Afinal, sem justiça social não há sustentabilidade possível.
Para acelerar o impulso para a ação climática, este evento destacou a necessidade de planos climáticos nacionais para apoiar o Acordo de Paris e refletir ações ousadas para a próxima década, destacando a necessidade de que esses planos reflitam e liberem os benefícios de um futuro justo, resiliente e de baixo carbono.
ACúpula aconteceu durante a abertura da 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU. Antes da Cúpula, dez Diálogos de Soluções Climáticas de alto nível foram realizados de 22 a 24 de setembro, na Sede da ONU. Os diálogos visaram fornecer recomendações concretas para consolidar, acelerar e implementar soluções de ação climática antes da trigésima reunião da Conferência das Partes (COP 30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém.
Na sessão solene de abertura da Cúpula do Clima 2025, cerca de 100 países, incluindo
Governo, declararam seu compromisso com novas metas
Líderes nacionais anunciando os compromissos em relação às mudanças climáticas e acelerando o ritmo rumo à 30ª reunião da Conferência das Partes (COP 30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (CQNUMC), em novembro., em Belém. Quase 100 países compartilharam seus planos ou atualizaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (CNDs), que refletem as intenções de seus países de adotar medidas climáticas.
Guterres enfatizou a necessidade de novos planos para 2035 que sejam mais abrangentes e rápidos. Ele afirmou que a COP 30 deve ser concluída com um plano global confiável para nos colocar no caminho certo:
☆ turbinando a transição para energia limpa;
☆ reduzindo drasticamente as emissões de metano;
☆ acabar com a destruição das florestas;
☆ redução das emissões da indústria pesada; e
☆ garantindo a justiça climática
Para ilustrar o impacto do Acordo de Paris desde sua adoção, Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, citou um aumento de 140% nas energias renováveis e um aumento de 80% nos investimentos em energia limpa. Ela afirmou que as emissões da UE caíram quase 40% desde 1990, representando agora apenas 6% das emissões globais, e que a UE está a caminho de atingir sua meta de -55% para 2030. Von der Leyen anunciou que a UE apresentará formalmente sua nova NDC antes da COP 30, afirmou que a meta de redução de emissões ficaria entre 66% e 72%, descreveu o trabalho em torno de uma meta de 90% de redução de emissões para 2040, a fim de atingir a neutralidade climática até 2050, e delineou os esforços da UE nas áreas de parcerias globais e financiamento climático.
Após essas declarações, ministros de aproximadamente 60 países tomaram a palavra para compartilhar suas metas ou planos atualizados para suas NDCs.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, enfatizou que tanto a ciência quanto a economia impulsionam a ação climática. Embora o Acordo de Paris tenha feito a diferença, com a projeção de aumento da temperatura global caindo de 4°C para menos de 3°C se as NDCs atuais forem totalmente implementadas.
Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente do Brasil, afirmou que que a nova NDC de seu país estabelece uma meta para toda a economia de reduzir suas emissões líquidas de GEE em 59-67% abaixo dos níveis de 2005 até 2035 e acabar com o desmatamento até 2030. Ele apelou aos países que ainda não submeteram suas NDCs para que o façam.
Mapas de ( A ) risco de mudança climática medido como a distância euclidiana padrão em várias métricas climáticas entre um período de referência (1995–2014) e futuro (2080–2099) sob o cenário
Muitos enfatizaram a necessidade de uma transição justa que apoie o desenvolvimento sustentável e apelaram a todos os países para que honrassem seus compromissos com o financiamento climático e a transferência de tecnologia. Vários citaram os impactos das mudanças climáticas em seus países, observando a crescente frequência e intensidade de incêndios florestais, tempestades e furacões, inundações e secas.
O Momento ODS 2025 reuniu Chefes de Estado e de Governo para impulsionar o multilateralismo e a responsabilidade compartilhada para cumprir a
É possível limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, mas somente se os países agirem com urgência
Shared Socioeconomic Pathway; ( B ) o inverso do Índice de Intacta da Biodiversidade 5, que reflete a perda proporcional da riqueza de espécies em uma determinada área em relação aos locais de referência minimamente impactados em 2005; ( C ) risco de doença representado pela riqueza de hospe-
deiros zoonóticos de mamíferos, que é uma medida tanto da biodiversidade quanto de doenças infecciosas (veja também abaixo, para congruência com plantas); e ( D ) um mapeamento colorido 3D (mapa de cores do pacote R) descreve como várias pressões se sobrepõem geograficamente.
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O evento aconteceu em meados da Década de Ação para a Concretização dos Objetivos Globais e durante a comemoração do 80º aniversário das Nações Unidas.
As discussões levaram em conta os resultados e objetivos dos principais eventos durante 2025 que colocaram em foco elementos específicos da estrutura dos ODS
A pauta incluiu declarações do Secretário-Geral da ONU e do Presidente da Assembleia Geral, uma visão geral do progresso dos ODS e painéis de discussão entre líderes mundiais e as partes interessadas.
O Secretário-Geral da ONU, para acelerar o ritmo sediou o Evento Especial de Alto Nível sobre Ação Climática fazendo parte da semana de alto nível da 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU e como uma plataforma para os líderes apresentarem suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).
Cerca de 100 países — incluindo quase 40 Chefes de Estado e de Governo — anunciaram na abertura Cúpula do Clima 2025 que se comprometeram a finalizar ou definiram seu compromisso de implementar suas novas metas climáticas antes da COP30 em Belém, Brasil, em novembro.
Pela primeira vez, várias economias importantes, incluindo a China – o maior emissor mundial – e a Nigéria, anunciaram metas de redução de emissões para toda a economia, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores. Outras nações detalharam metas ambiciosas de energia renovável, planos para reduzir as emissões de me-
tano, estratégias para proteger as florestas e medidas para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis.
“A ciência exige ação. A lei a impõe. A economia a impõe. E as pessoas estão clamando por isso”, declarou o Secretário-Geral da ONU em sua declaração de abertura da Cúpula do Clima, que ele convocou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, à margem da 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU. Simon Stiell, Secretário Executivo da Convenção-Quadro das Nações Uni-
das sobre Mudanças Climáticas (CQNUMC), fez seu discurso na abertura Cúpula do Clima 2025, enfatizando a necessidade de os países acelerarem a implementação de suas Contribuições Nacionais Determinadas (NDCs) para atingir o limite de aquecimento global estabelecido pelo Acordo de Paris. Stiell destacou a importância de um plano financeiro robusto para apoiar os países em desenvolvimento e a necessidade de os países demonstrarem como contribuirão para a ação climática global.
A cúpula, realizada na sede da ONU, teve como objetivo pressionar as nações a elevarem seus compromissos climáticos antes da próxima COP30 em Belém, Brasil. Os comentários de Stiell fizeram parte de um esforço mais amplo para abordar a necessidade urgente de ação climática e garantir que as maiores economias do mundo contribuam para a meta global de limitar o aquecimento a 1,5 grau Celsius.
“Somos parte da natureza ou apenas suas testemunhas?” Os delegados que chegaram ao 5º Congresso Mundial de Reservas da Biosfera foram recebidos com essa pergunta, enquanto o tema de moldar um futuro sustentável para as pessoas e a natureza ganhava destaque.
OCongresso Mundial de Reservas da Biosfera teve como objetivo principal o futuro das reservas da biosfera da UNESCO, mapear o futuro das reservas da biosfera da UNESCO, decidindo sobre uma nova Estratégia e Plano de Ação para 2026-2035.
Ao abrir a sessão, Ding Xuexiang, vice-primeiro-ministro do Conselho de Estado da China, destacou a abordagem holística da China em relação à conservação da biodiversidade e, entre as sugestões para fortalecer as reservas da biosfera, pediu o fortalecimento da cooperação internacional “para proteger nossa casa compartilhada, a Terra”.
Citando o fundador do taoísmo, Lao Tzu, que afirmou que “todas as coisas surgem em uníssono”, Audrey Azoulay, Diretora-Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), instou os delegados a compreender e respeitar o
vínculo fundamental entre os seres humanos e o mundo vivo. Ela reafirmou o
Xuexiang, Vice-Primeiro-Ministro
compromisso da UNESCO com o combate à desregulamentação ambiental e a proteção da biodiversidade, colocando o multilateralismo ecológico no centro de seu trabalho.
Ao apresentar o HSAP, Natalia Beltrán, copresidente do Grupo de Redação, destacou sua visão de um mundo onde os humanos compreendam seu futuro compartilhado em um planeta finito e reconheçam sua interdependência com a vida não humana. Ela delineou os três principais objetivos do HSAP, a saber:
☆ contribuir para a concretização de acordos ambientais multilaterais e da agenda de desenvolvimento sustentável;
☆ fortalecer e desenvolver o Programa MAB e seu WNBR; e
☆ desenvolver pesquisas e compartilhar conhecimentos e lições aprendidas com o WNBR para facilitar a vida em harmonia com a natureza.
Em seguida um painel de discussão interativo que abordou as sinergias com outras convenções e organizações internacionais relacionadas à biodiversidade. Os painelistas refletiram sobre as interligações entre o Programa MAB e programas de trabalho relevantes de organizações relacionadas, bem como sobre como as prioridades e objetivos do HSAP se alinham com suas estratégias institucionais para biodiversidade, mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável.
Nos painéis abordando os papéis e as contribuições das principais instituições e entidades da UNESCO, para o cumprimento do Objetivo C do Plano de Ação Estratégica de Hangzhou (HSAP) : desenvolver pesquisas e trocar conhecimento da Rede Mundial de Reservas da Biosfera (WNBR) para facilitar a vida em harmonia com a natureza. Enfatizando que “as reservas da biosfera são salas de aula vivas”, a Diretora-Geral Adjunta da UNESCO para a Educação, Stefania Giannini, destacou como a WNBR pode servir como um laboratório para testar abordagens inovadoras e participativas para a transformação dos sistemas educacionais. A Década Internacional das Ciências para o Desenvolvimento Sustentável (2024-2033) também foi apresentada como um facilitador para a promoção de soluções baseadas na ciência, inclusive por meio da produção de conhecimento mais prático e acessível para facilitar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Outo painel compartilhou experiências em: promoção de diálogos intergeracionais e interculturais; uso do WNBR como locais de campo educacionais; e projetos de ciência cidadã orientados para a comunidade. Três painéis discutiram como aproveitar o financia-
mento e as parcerias intersetoriais para atingir o Objetivo B do HSAP: fortalecer e desenvolver o Programa Homem e Biosfera (MAB) e seu WNBR e as contribuições inovadoras do setor privado e as parcerias entre múltiplas partes interessadas. Também destacaram vários exemplos de ações inovadoras que podem ser ampliadas para oferecer
soluções criativas para os desafios ambientais.
Sobre a mobilização de recursos por meio da cooperação bilateral e governamental, os painelistas destacaram que: a contabilidade ecossistêmica é fundamental para sustentar um modelo econômico sustentável; o uso eficiente de fundos pode atuar como um catalisador para atrair mais financiamento; a restauração ecológica é um processo de longo prazo que requer financiamento estável e de longo prazo; e o envolvimento das comunidades locais no desenvolvimento do projeto, desde as fases de planejamento, gera confiança e aumenta a participação. Foram consideradas as contribuições inovadoras do setor privado e as parcerias entre múltiplas partes interessadas. Os palestrantes discutiram a visão do setor privado para a sustentabilidade – construída em torno de resultados mensuráveis, monitoramento e acompanhamento, e com foco na melhoria dos padrões de vida das comunidades locais. Eles também
destacaram vários exemplos de ações inovadoras que podem ser ampliadas para oferecer soluções criativas para os desafios ambientais.
Rede Mundial de Reservas da Biosfera (WNBR)- Conjunto de sítios, pessoas e ambições
Nas discussões sobre as WNBR, foram destacaram os pontos fortes das reservas – seus povos e as próprias redes.
A ex-secretária do Programa Homem e Biosfera (MAB), Noëline Raondry Rakotoarisoa, destacou que a WNBR conecta 300 milhões de pessoas em todo o mundo e tem um papel fundamental na construção de resiliência por meio da cooperação regional. O Programa MAB coordena uma série de redes geográficas e temáticas, que reúnem reservas da biosfera que compartilham ecossistemas, culturas ou característi-
cas geopolíticas semelhantes, com o objetivo de facilitar a elaboração de soluções replicáveis para os desafios globais.
Os representantes de redes regionais e temáticas relataram avanços na contribuição para as agendas globais de biodiversidade, clima e desenvolvimento sustentável, e analisaram oportunidades e desafios para o fortalecimento das redes na próxima década.
As necessidades comuns entre as redes regionais incluem:
☆ aumentando a visibilidade das reservas da biosfera, com vários painelistas observando que histórias de sucesso podem passar despercebidas;
☆ equipar melhor as reservas da biosfera com as ferramentas e os recursos humanos e financeiros adequados para implementar as metas ambiciosas do Plano de Ação Estratégico de Hangzhou (PAES) ; e
☆ fortalecer a colaboração e o compartilhamento de conhecimento entre redes, o setor privado e a academia.
Os porta-vozes das redes temáticas destacaram o valor de suas diversas características ecológicas e culturais, abrangendo regiões montanhosas, cavernas e ecossistemas costeiros e insulares. Eles compartilharam experiências de futuras atividades de capacitação focadas nas necessidades e destacaram a importância do engajamento comunitário.
Os painelistas enfatizaram os benefícios colaterais do fortalecimento do engajamento comunitário para aumentar a resiliência das reservas da biosfera.
Apresentações de representantes das redes regionais
Um dos Objetivos do HSAP: Desenvolver pesquisas e compartilhar o conhecimento e as lições aprendidas com a WNBR para facilitar a Vida em Harmonia com a Natureza, alinhando-se aos ODS e inspirando e influenciando futuros sustentáveis e acordos pós-2030
Ao apresentar a Declaração, Ouyang Zhiyun, da Academia Chinesa de Ciências, observou que ela exige uma reforma do relacionamento entre a humanidade e a natureza para alcançar a visão do Plano de Ação Estratégica de Hangzhou (HSAP) e pediu que a Declaração marcasse “um compromisso coletivo para deixar um planeta próspero para as gerações futuras”.
“A inação influenciará nosso futuro para sempre.” No último dia do quinto Congresso Mundial de Reservas da Biosfera, os delegados destacaram a importância das reservas da biosfera como “laboratórios vivos” para testar, implementar e dimensionar soluções para as três crises planetárias de perda de biodiversidade, poluição e mudanças climáticas.
Mensagens-chave destacadas pelos palestrantes, durante o Congresso, incluindo:
☆ apela a uma coordenação mais forte entre as reservas da biosfera e ao investimento nessas reservas;
☆ oportunidades de alinhamento entre o Programa Homem e a Biosfera (MAB), os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal;
☆ a importância da ciência aberta, das parcerias entre múltiplas partes interessadas e da capacitação para aumentar a resiliência das reservas da biosfera;
☆ as contribuições da ciência cidadã e da pesquisa participativa para o trabalho das redes regionais e temáticas; e
☆ abordagens para fortalecer a integração de povos historicamente marginalizados na governança das reservas da biosfera.
O HSAP orienta o trabalho do Programa MAB para o período 2026-2035 com 34 metas de ação que contribuem para três objetivos principais:
☆ promover acordos ambientais multilaterais e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável;
☆ Fortalecer e desenvolver o Programa MAB e o WNBR; e
☆ inspirando futuros sustentáveis por meio de cooperação, educação e ciência mais eficazes e participação inclusiva, desenvolvendo pesquisas e compartilhando conhecimento e lições aprendidas com o WNBR.
de Ação
2 O público e os parlamentares do Reino Unido subestimam a urgência de atingir o pico das emissões globais de gases com efeito de estufa
por *Universidade de East Anglia
(Esquerda )– Mudanças na temperatura da superfície global em °C em relação a 1850–1900. Essas mudanças foram obtidas pela combinação de simulações do modelo CMIP6 com restrições observacionais baseadas no aquecimento simulado passado, bem como uma avaliação atualizada da sensibilidade climática de equilíbrio. Intervalos muito prováveis são mostrados para os cenários de baixas e altas emissões de GEE (SSP1-2.6 e SSP3-7.0) (Caixa de
Amaioria dos membros do Parlamento britânico errou a resposta quando os pesquisadores fizeram uma pergunta direta sobre ciência climática: quando as emissões globais de gases de efeito estufa precisam atingir o pico para manter o aquecimento abaixo de 1,5 grau Celsius?
A resposta correta, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, era 2025. Esse prazo já passou. No entanto, quando cientistas entrevistaram 100 parlamentares no final de 2023, menos de 15% conheciam esse fato básico de um dos relatórios climáticos mais divulgados do mundo. Mais de 30% acreditavam que as emissões poderiam continuar aumentando até 2040 ou mais tarde.
Seção Transversal 2); (Direita) – Razões Globais para Preocupação (RFC), comparando as avaliações AR6 (brasas espessas) e AR5 (brasas finas). As transições de risco geralmente se deslocaram para temperaturas mais baixas com a atualização da compreensão científica. Os diagramas são mostrados para cada RFC, assumindo baixa ou nenhuma adaptação. As linhas conectam os pontos médios das transições de risco moderado para alto entre AR5 e AR6.
Os relatórios de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas tratam os políticos como receptores de informações, mas não como focos de esforços de pesquisa. Além disso, a pesquisa acadêmica sobre o conhecimento dos políticos concentra-se na crença na causa antropogênica das mudanças climáticas. Pouco se sabe sobre o quão cientes os parlamentares estão das principais descobertas e recomendações políticas dos relatórios de avaliação. Nesse estudo foram abordados isso por meio de uma pesquisa com 100 membros do Parlamento no Reino Unido sobre seu conhecimento da declaração amplamente divulgada do “6º relatório de avaliação de quando as emissões globais de gases de efeito estufa” precisam atingir o pico para que um limite de aumento da temperatura global de 1,5 °C seja possível. Os parlamentares superestimam esmagadoramente o período de tempo que a humanidade resta para dobrar a curva de temperatura, embora existam diferenças partidárias. Pesquisas públicas na Grã-Bretanha, bem como no Canadá, Chile e Alemanha, mostram conhecimento similarmente baixo, mas ser mais jovem, preocupado com as mudanças climáticas e ter níveis mais baixos de mentalidade de crença conspiratória aumentam significativamente a precisão.
A descoberta levanta uma questão desconfortável: se as pessoas que escrevem as políticas climáticas não sabem o pouco tempo que temos, como podem agir com a urgência apropriada?
Uma lacuna partidária no conhecimento climático
O estudo da Universidade de East Anglia, na Communications Earth & Environment, revela mais do que simples ignorância. Ele expõe uma divisão política na forma como os parlamentares percebem a ciência climática. Os parlamentares trabalhistas tiveram quase três vezes mais probabilidade de responder corretamente do que os conservadores, com 27% dos parlamentares trabalhistas acertando, em comparação com apenas 8,5% dos conservadores.
O Dr. John Kenny, do Centro Tyndall de Pesquisa de Mudanças Climáticas da UEA, vê isso como uma falha de comunicação com sérias implicações.
Em um mundo com crescente saturação de informações e campanhas de desinformação, filtrar informações factuais não é uma tarefa fácil, especialmente em um desafio complexo como as mudanças climáticas. Como o tempo para ações significativas está se esgotando, é fundamental que entendamos melhor como transmitir com eficácia as principais mensagens científicas aos formuladores de políticas e ao público.
Os pesquisadores escolheram essa descoberta em particular porque ela estava em todos os lugares em 2022, quando o relatório do IPCC foi divulgado. A BBC a chamou de “descoberta fundamental”. O The Guardian a cobriu. Um dos principais autores do re-
Este número fornece uma análise da porcentagem de respostas fornecidas por parlamentares (barra azul) e públicos (barra dourada) em uma gama de seis opções de resposta para quando os gases de efeito estufa globais devem atingir o pico para limitar o aquecimento global a 1,5 °C acima do nível pré-industrial
latório a descreveu como “uma bomba”. Se os parlamentares não conseguiram absorver essa mensagem com toda essa cobertura, o que mais estão perdendo?
O público britânico não se saiu melhor. Em uma pesquisa separada com mais de 2.000 pessoas, a mesma porcentagem (menos de 15%) sabia a resposta correta. Pesquisas semelhantes no Canadá, Chile e Alemanha mostraram padrões de confusão quase idênticos, com a resposta correta consistentemente classificada como uma das opções menos escolhidas.
O estudo identificou padrões em quem entendeu a urgência. Os entrevistados mais jovens em todos os países apresentaram maior probabilidade de responder corretamente. O mesmo ocorreu com pessoas que relataram níveis mais elevados de preocupação com o clima e aquelas com menor mentalidade de conspiração. No Reino Unido e no Chile, a confiança em cientistas também se correlacionou com a precisão.
O que chama a atenção é o quão pouco esses fatores influenciaram a situação. Mesmo entre os grupos com maior probabilidade de acertar, as porcentagens permaneceram desanimadoramente baixas. O coautor Dr. Lucas Geese ressalta que a composição do Parlamento mudou desde a pesquisa, com o Partido Trabalhista agora no poder após as eleições de 2024. Mas ele se pergunta se a lacuna de conhecimento pode explicar, em parte,
Respostas dos parlamentares versus do público
o recente retrocesso político em relação aos compromissos climáticos.
Não podemos afirmar, a partir do nosso estudo, se o atual parlamento tem uma consciência maior da urgência de tomar medidas climáticas do que o anterior. Nossos resultados, no entanto, levantam questões sobre se a falta de conhecimento sobre a urgência do problema pode ser, de alguma forma, responsável pelos recentes apelos para reduzir, em
vez de intensificar, as ações climáticas. O Reino Unido historicamente liderou a política climática, aprovando a histórica Lei de Mudanças Climáticas em 2008 e declarando emergência climática em 2019. Se os parlamentares locais tiverem dificuldades com as conclusões básicas do IPCC, argumentam os pesquisadores, o problema provavelmente se estenderá aos parlamentos do mundo todo.
Os relatórios de avaliação do IPCC representam um esforço impressionante: 782 autores, 66.000 artigos revisados por pares, quase 200.000 comentários de revisão. Os governos devem aprovar cada linha do resumo para os formuladores de políticas. E, no entanto, esse sistema elaborado de traduzir ciência em políticas parece estar falhando em um nível fundamental.
Os pesquisadores reconhecem que o conhecimento não se traduz automaticamente em ação. Os políticos podem conhecer os fatos e ainda assim optar por não agir, ou podem não ter conhecimento, mas responder a outras pressões. Ainda assim, não é possível tomar decisões informadas sem informações precisas.
À medida que as emissões continuam aumentando e a meta de 1,5 grau fica cada vez mais distante, o estudo sugere que enfrentamos não apenas uma crise climática, mas uma crise de compreensão entre aqueles com o poder de lidar com ela.
Representante Autorizado
O sistema é alimentado com resíduos orgânicos
Bactérias decompõem o resíduo orgânico no biodigestor
O biogás é armazenado no reservatório de gás para ser usado em um fogão
O fertilizante líquido pode ser usado em jardins e plantações
O sistema tem capacidade de receber até 12 Litros de resíduos por dia.
O equipamento produz biogás e fertilizante líquido diariamente. Totalmente fechado mantendo pragas afastadas.
O QUE COLOCAR NO SISTEMA
Carne, frutas, verduras, legumes e restos de comida.
OBS: Máximo de duas cascas de cítricos por dia.
Em um ano, o sistema deixa de enviar 1 tonelada de resíduos orgânicos para aterros e impede a liberação de 6 toneladas de gases de efeito estufa (GEE) para atmosfera.
QUE NÃO COLOCAR NO SISTEMA
Resíduos de jardinagem, materiais não orgânicos (vidro, papel, plástico, metais). Resíduos de banheiro, produtos químicos em geral.
por *Jamie M. Jasinski, Marco Velli Fotos: NASA/GSFC/Observatório de Dinâmica Solar, NASA Goddard, NASA GSFC/CIL/Bailee DesRocher, NASA/SDO
Parecia que o Sol caminhava para uma calmaria histórica na atividade. Essa tendência se inverteu em 2008, de acordo com a nova pesquisa – a atividade solar permanecerá alta ou aumentará ainda mais nas próximas décadas, contradizendo suposições anteriores de que o sol estava se acalmando
Ao longo de duas décadas até 2008, o vento solar tornou-se significativamente mais fraco com uma tendência de declínio constante em muitos parâmetros importantes do vento solar, e o ciclo solar 24 sendo o mais fraco registrado desde o início da era espacial. Aqui mostramos que, desde 2008, o Sol reverteu essa tendência de enfraquecimento de longo prazo com um aumento constante em vários parâmetros de prótons do vento solar observados em 1 UA. Além disso, a comparação de valores de uma tendência ajustada com dados entre 2008 e 2025 mostra os seguintes aumentos nos parâmetros de prótons do vento solar: velocidade
(~6%), densidade (~26%), temperatura (~29%), pressão térmica (~45%), fluxo de massa (~27%), fluxo de momento ou pressão dinâmica (~34%), fluxo de energia (~40%), magnitude do campo magnético interplanetário (~31%) e o componente radial do campo magnético (~33%). Isso tem implicações importantes nas tendências solares de longo prazo, sugerindo que a fraqueza excepcional do ciclo solar 24 foi provavelmente um caso isolado recente e que o Sol não está entrando em uma fase mínima da era moderna, semelhante à de Maunder/Dalton, em sua variação solar, mas sim se recuperando de um declínio de aproximadamente 20 anos. Atualmente, a pressão dinâmica média do vento solar de aproximadamente 1,9 nPa no ciclo solar atual, no entanto, ain-
As medições são calculadas em média ao longo de uma rotação solar completa e mostram média (vermelho), mediana (preto), intervalos de 5% a 95% (cinza claro) e intervalos de 25% a 75% (cinza escuro), e o azul mostra uma tendência ajustada a partir do início de 2008 (veja o texto para detalhes). Os números azuis mostram os valores no início (esquerda) e no final (direita) da tendência
da é menor do que a registrada no final do século XX, de aproximadamente 2,4 nPa. Medições futuras contínuas revelarão se esse aumento continuará nos próximos ciclos solares ou se esses parâmetros permanecerão estáveis.
O Sol tem se tornado cada vez mais ativo desde 2008, mostra um novo estudo da NASA. Sabe-se que a atividade solar oscila em ciclos de 11 anos, mas há variações de longo prazo que podem durar décadas. Um exemplo: desde a década de 1980, a quantidade de atividade solar vinha diminuindo constantemente até 2008, quando a atividade solar foi a mais fraca já registrada. Naquela época, os cientistas esperavam que o Sol estivesse entrando em um período de atividade historicamente baixa.
Mas então o Sol inverteu seu curso e começou a se tornar cada vez mais ativo, conforme documentado no estudo publicado no The Astrophysical Journal Letters. É uma tendência que, segundo pesquisadores, pode levar a um aumento nos eventos climáticos
ajustada. De cima para baixo estão (a) velocidade do próton, (b) densidade do próton, (c) temperatura do próton, (d) pressão dinâmica do próton, (e) magnitude do campo magnético e (f) número de manchas solares. No painel (f), as linhas tracejadas mostram a média concluída para produzir a Tabela 2 para as fases ascendentes do ciclo solar 24 (2008,92 a 2013) e do ciclo solar 25 (2019,92 a 2024).
espaciais, como tempestades solares, erupções e ejeções de massa coronal. “Todos os sinais apontavam para uma fase prolongada de baixa atividade do Sol”, disse Jamie Jasinski, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA no sul da Califórnia, principal autor do novo estudo. “Então, foi uma surpresa ver essa tendência se inverter. O Sol está lentamente despertando”.
O primeiro registro da atividade solar remonta ao início do século XVII, quando astrônomos, incluindo Galileu, contaram manchas solares e documentaram suas mudanças. Manchas solares são regiões mais frias e escuras na superfície do Sol, produzidas por uma concentração de linhas de campo magnético. Áreas com manchas solares são frequentemente associadas a maior atividade solar, como erupções solares, que são explosões intensas de radiação, e ejeções de massa coronal, que são enormes bolhas de plasma que irrompem da superfície do Sol e se espalham pelo sistema solar.
Cientistas da NASA monitoram esses eventos climáticos espaciais porque eles podem afetar naves espaciais, a segurança dos astronautas, as comunicações de rádio, o GPS e até mesmo as redes elétricas na Terra. As previsões climáticas espaciais são essenciais para apoiar as naves espaciais e os astronautas da campanha Artemis da NASA, pois compreender o ambiente espacial é essencial para mitigar a exposição dos astronautas à radiação espacial.
Com lançamento previsto para 23 de setembro, as missões IMAP (Interstellar Mapping and Acceleration Probe) e Carruthers Geocorona Observatory da NASA , bem como a missão SWFO-L1 (Space Weather Follow On-Lagrange 1) da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), fornecerão novas pesquisas e observações sobre o clima espacial que ajudarão a impulsionar esforços futuros na Lua, em Marte e além.
A atividade solar afeta os campos magnéticos dos planetas em todo o sistema solar. À medida que o vento solar
Cada fenômeno solar pode ter impactos diferentes na Terra. Um dos maiores impactos do aumento da atividade solar na Terra é a interrupção dos sistemas de comunicação, com ejeções de massa coronal (EMCs) e erupções solares causando apagões de rádio, danos a satélites, erros de GPS e até falhas na rede elétrica
— um fluxo de partículas carregadas que flui do Sol — e outras atividades solares aumentam, a influência do Sol expande e comprime as magnetosferas, que servem como bolhas protetoras de planetas com núcleos e campos magnéticos, incluindo a Terra. Essas bolhas protetoras são importantes para proteger os planetas dos jatos de plasma que emanam do Sol no vento solar. Ao longo dos séculos em que se estuda
a atividade solar, os períodos mais calmos foram um período de sete décadas, de 1645 a 1715, e um período de quatro décadas, de 1790 a 1830. “Não sabemos realmente por que o Sol passou por um mínimo de 40 anos a partir de 1790”, disse Jasinski. “As tendências de longo prazo são muito menos previsíveis e são algo que ainda não compreendemos completamente”.Nas duas décadas e meia que antecederam 2008, as manchas solares
e o vento solar diminuíram tanto que os pesquisadores esperavam que o “mínimo solar profundo” de 2008 marcasse o início de um novo período histórico de baixa atividade na história recente do Sol. “Mas então a tendência de declínio do vento solar terminou e, desde então, os parâmetros do plasma e do campo magnético têm aumentado constantemente”, disse Jasinski, que liderou a análise de dados heliosféricos disponíveis publicamente em uma plataforma chamada OMNIWeb Plus , administrada pelo Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland.
Os dados que Jasinski e colegas coletaram para o estudo vieram de uma ampla coleção de missões da NASA. Duas fontes principais — ACE (Advanced Composition Explorer) e a missão Wind — lançadas na década de 1990 têm fornecido dados sobre a atividade solar, como plasma e partículas energéticas fluindo do Sol em direção à Terra. A nave espacial pertence a uma frota de missões da Divisão de Heliofísica da NASA projetadas para estudar a influência do Sol no espaço, na Terra e em outros planetas.
Matou baleias de fome e empurrou os peixes para o norte... Essa onda de calor marinha recorde revela como as mudanças climáticas podem reescrever as regras da vida no oceano
por *Universidade de Victoria
Fotos: Oceanography and Marine Biology, Shutterstock, Universidade de Victoria (UVic)
Uma onda de calor marinho escaldante entre 2014 e 2016 devastou a costa do Pacífico, abalando ecossistemas que vão do plâncton às baleias, e desencadeando mortandades em massa, migrações e colapsos da pesca. Pesquisadores sintetizaram descobertas de mais de 300 estudos, revelando os impactos de longo alcance do
Uma nova pesquisa da Universidade de Victoria (UVic) destaca como as ondas de calor marinhas podem impactar drasticamente os ecossistemas marinhos e oferece uma prévia clara de como o futuro aquecimento dos oceanos remodelará a vida oceânica.
aumento da temperatura dos oceanos. Florestas de algas marinhas secaram, espécies migraram para o norte e animais marinhos icônicos pereceram — oferecendo uma prévia assustadora do futuro dos oceanos sob as mudanças climáticas. Este evento devastador exige ações urgentes em conservação marinha e mitigação climática.
De 2014 a 2016, a costa do Pacífico da América do Norte vivenciou a mais longa onda de calor marinha já registrada, com temperaturas atingindo de dois a seis graus acima das médias históricas por um período prolongado. Pesquisadores do Laboratório Baum da UVic compilaram uma visão geral abrangente dos
impactos ecológicos da onda de calor, analisando os resultados de 331 estudos primários e relatórios governamentais.
“A onda de calor marinha resultou em perturbações ecológicas sem precedentes em milhares de quilômetros da costa oeste da América do Norte”, afirma Samuel Starko, autor principal e ex-bol-
Com base na análise do conjunto de dados de temperatura da superfície do mar (TSM) do COBE (Ishii et al., 2005 ).
Em (a), as linhas cinzas indicam as Zonas Econômicas Exclusivas do sul (sCA), centro (cCA) e norte da Califórnia (nCA), Oregon (OR), Washington (WA), Colúmbia Britânica (BC) e Golfo do Alasca (AK). Os painéis inferiores mostram o histórico de ondas de calor marinhas (b) nessas sete regiões e (c) dentro de cada uma das sete regiões. As condições de onda de calor foram identificadas como temperaturas acima de 90% da climatologia histórica (1980–2010) para um determinado mês e célula raster (Hobday et al., 2016 ); portanto, a intensidade da onda de calor representa a diferença entre a tem peratura observada e o limite de onda de calor de 90%. Em (b), a intensidade da onda de calor é calculada em média em todas as células que experimen tam condições de onda de calor
sista de pós-doutorado da UVic. “Nossa síntese abrangente dos impactos ecológicos da onda de calor nos ajuda a entender melhor seus impactos gerais e como estes se encaixam no contexto mais amplo de outras ondas de calor marinhas”. De acordo com a pesquisa, 240 espécies diferentes foram encontradas fora de sua distribuição geográfica típica durante a onda de calor, muitas delas mais ao norte do que nunca. Várias espécies, como o golfinho-franco-do-norte e a lesma-do-mar Placida cremoniana, foram encontradas a mais de 1.000 quilômetros ao norte de seu habitat típico.
A onda de calor causou um declínio generalizado de algas e ervas marinhas, e muitas florestas de algas entraram em colapso. Espécies, de estrelas-do-mar a aves marinhas, morreram em escalas sem precedentes, e eventos incomuns de mortalidade foram observados em várias espécies de mamíferos marinhos. Um predador-chave de costões rochosos, Pycnopodia helianthoides, quase foi extinto.
Muitos dos impactos da onda de calor foram em cascata, com impactos diretos sobre algumas espécies, impulsionando dinâmicas complexas que afetaram tudo, do plâncton às baleias.
Doenças relacionadas à temperatura, como a doença da estrela-do-mar, contribuíram para o colapso do ecossistema.
A redução da abundância e da qualidade nutricional dos peixes forrageiros causou problemas para os predadores. As comunidades de plâncton se reorganizaram e a produtividade oceanográfica offshore foi alterada.
A intensa onda de calor marinho causou caos nos ecossistemas, migrações de espécies e grandes perdas pesqueiras, sugerindo o impacto oceânico das mudanças climáticas
A onda de calor também teve custos econômicos. O fechamento de diversas áreas de pesca, impulsionado por mudanças nas interações entre espécies, proliferação de doenças e perda de habitat, causou centenas de milhões de dólares em perdas. “À medida que as
ondas de calor se tornam mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas, a onda de calor marinha do Pacífico Nordeste de 2014-16 fornece um exemplo crucial de como as mudanças climáticas estão impactando a vida oceânica e como nossos oceanos podem se parecer no futuro”, afir-
ma Julia Baum, ecologista marinha da UVic e consultora especial para o clima. “Este estudo ressalta a necessidade urgente de estratégias proativas de conservação marinha baseadas em ecossistemas e medidas de mitigação das mudanças climáticas”. A pesquisa, publicada em Oceanography and Marine Biology: An Annual Review , é apoiada pelo financiamento do Natural Science and Engineering Research Council of Canada, Mitacs, Oceans North, Fisheries and Oceans Canada e Forrest Research Foundation.
(A) Caranguejos vermelhos pelágicos (Grimothea plani‑ pes) apareceram em uma praia na Califórnia em junho de 2015 (Crédito: Dirk Dallas); (B) flora‑ ções de algas nocivas causa das por Pseudo‑nitzschia spp. (Crédito: Oregon State Univer sity); (C) pirossomas (Pyroso ma atlanticum) apareceram em uma praia no Oregon no verão de 2017 (Crédito: Tiffany Boothe/Seaside Aquarium); (D) Lula do mercado da Califór nia (Doryteuthis opalescens) encontrada no estômago de salmão Chinook em Sitka Sound, Alasca em 2017 (Crédi‑ to: Karen Johnson); (E) deser‑ tos de ouriços (formados por Strongylocentrotus purpura tus) em Monterey, Califórnia, tornaram se predominantes à medida que a perda de Pycno podia helianthoides por SSWD (F); foto de 2014) levou a uma liberação de ouriços, levando ao pastoreio excessivo de flo ‑ restas de algas marinhas (Cré dito: Zachary Randell, Janna Nicols); (G) peixe lua oceano morto (Mola mola) na praia em Bamfield, Colúmbia Britânica, em agosto de 2016 (Crédito: Kristina Tietjen); (H) lobo ‑ma‑ rinho de Guadalupe morto (Arctocephalus townsendi) em junho de 2016 (Crédito: John Vonderlin); e (I) duas parde las‑ de ‑ c auda‑ cur ta (Ardenna tenuirostris) alimentando ‑ se de uma carcaça de salmão na foz de Big Creek, Península do Alasca, Alasca, no verão de 2017 (Crédito: Gerritt Vyn).
Apesar da arrecadação bilionária por meio de royalties, municípios mineradores do estado do Pará, como Parauapebas e Canaã dos Carajás sofrem com a má distribuição e uso inadequado de recursos, escancarando ao problema da falta de governança, transparência e critérios para a utilização das compensações financeiras da mineração
Aexploração de recursos minerais na Amazônia é um tema historicamente carregado de contradições econômicas e desigualdades sociais. Em nível nacional, os dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) mostram que, no primeiro semestre de 2025, o faturamento do setor mineral no Brasil foi de R$ 139,2 bilhões, 7,5% a mais em comparação com o mesmo período de 2024. Minas Gerais lidera esse faturamento, seguida pelo Pará e pela Bahia. Com relação à geração de empregos, dados do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostram que o setor alcançou o patamar nacional de aproximadamente 226 mil empregos diretos, além de milhares de empregos indiretos. De janeiro a junho de 2025, 5.085 novas vagas foram preenchidas em todo o Brasil. Por um lado, a mineração é responsável por equilibrar a balança comercial do país. O ferro, por exemplo, responde por quase 60% de toda a exportação do Pará. Em 2024, o estado exportou mais de R$73 bilhões em minerais de ferro. Por outro lado, toda essa riqueza gerada pela mineração não garante efetivamente melhores condições de vida para a população das cidades mineradoras,
como Parauapebas e Canaã dos Carajás. Apesar de estarem entre os municípios paraenses com os melhores indicadores, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não se traduziu diretamente em um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) proporcional, o que sugere um problema na distribuição de renda e na qualidade dos serviços públicos.
Em 30 anos (1995-2025), Parauapebas recebeu aproximadamente R$13,4
bilhões em Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) e outras modalidades de royalties, transformando-se na principal economia mineral do país. Este montante representa não apenas uma fonte crucial da receita municipal, mas também evidencia a dependência econômica estrutural da região em relação à atividade extrativa mineral, particularmente da exploração de minério de ferro pela Vale.
Tanto Parauapebas quanto Canaã dos Carajás têm altos índices de PIB per capita, mas um nível de desenvolvimento considerado baixo, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades, que mede o desempenho das cidades conforme os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) para o cumprimento da agenda 2030 das Nações Unidas.
Mais de 60% das famílias em ambas as cidades são beneficiárias de programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família, segundo o Observatório do CadÚnico, que mede o nível de pobreza nos municípios.
Dado esse panorama contraditório de grandes recursos, mas poucos investimentos sociais e ambientais nos municípios mineradores da Amazônia, Maria Amélia Enríquez, professora da Faculdade de Economia, titular do Programa de Pós Graduação em Direito e Desenvolvimento da Amazônia - PPGDDA da Universidade Federal do Pará e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Governança de Municípios Mineradores (LAGEM), afirma que a raiz do problema está na forma como a gestão municipal utiliza os recursos provenientes de royalties, como a Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais (CFEM).
“Em 2024, 94% da arrecadação da CFEM ficou concentrada nos quatro municípios mineradores da RI-Carajás – Parauapebas, Canaã dos Carajás, Marabá e Curionópolis – o equivalente a R$ 2,9 bilhões. Embora a cota-parte dos municípios seja de 60% desse montante, os valores são muito expressivos, o que contribui para inflar o PIB per capita, mas isso não quer dizer desenvolvimento. O problema aqui não é receita, mas sim critérios e regras para o uso desses recursos. A raiz do problema está na visão de curto prazo e na falta de um planejamento que realmente foque em uma inclusão social de verdade. Falta uma visão de longo prazo.”, destaca a pesquisadora.
Enríquez afirma ainda que eventuais investimentos apenas em urbanização feito nas cidades não garante mudanças reais na qualidade de vida da população. “Desenvolvimento está associado principalmente a uma educação de qualidade, às condições de saúde, de segurança, da qualidade das instituições e das oportunidades econômicas para superar a dependência exclusiva do ciclo
minerário. Lamentavelmente, nessas outras estratégias se percebe pouco uso da CFEM. Acredito que está faltando esse direcionamento para aquilo que é realmente estratégico para o desenvolvimento e que prepare o caminho para se chegar a ele”.
Recursos da CFEM: entre investimentos públicos e usos políticos
Boa parte da receita dos municípios mineradores como Parauapebas e Canaã dos Carajás é oriunda da CFEM, que é uma contrapartida das empresas mineradoras, estabelecida pela Constituição de 1988, pela utilização econômica dos recursos minerais nos territórios explorados. Trata-se de um pagamento instituído por lei que está diretamente ligado à natureza patrimonial do minério.
Portanto, é um recurso financeiro
arrecadado pelo Estado Brasileiro associado especificamente à exploração mineral, sendo o minério de ferro o responsável pela maior parcela dessa arrecadação, com 69,4%.
De janeiro a agosto de 2025, Parauapebas arrecadou aproximadamente R$600 milhões de CFEM. Estima-se que a arrecadação total da CFEM em Parauapebas em 2025 será de aproximadamente R$ 880 milhões, de acordo com as projeções da prefeitura. Já Canaã dos Carajás arrecadou de janeiro a agosto de 2025, R$706.3 milhões, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). Mas há regras previstas em lei para a utilização desse recurso.
O promotor de Justiça do Ministério Público do Pará e mestre em Direito Constitucional, Hélio Rubens Pereira Pinho, explica que esse dinheiro não pode ser utilizado para pagar despesas correntes, mas deve ser usado para investimentos nos municípios, ou seja, medidas emancipadoras que garantam o bem estar da população a longo prazo, pensando inclusive no futuro, no período pós-mineração.
“[esse recurso] é justamente para que se crie as condições para quando o minério acabar, o município continue tendo força econômica para manter a dignidade da sua população. Então é essa a ideia, é o que vai ficar no lugar do minério”, comenta.
Educação, saúde, saneamento, segurança e infraestrutura são alguns exemplos de áreas em que os investimentos da CFEM deveriam ser destinados. Mas em muitos casos, não é isso que acontece. Aparentemente, a maioria dos municípios mineradores do Brasil sofrem com o desvio de finalidade desse recurso pelas prefeituras, que são as responsáveis por administrar o dinheiro da CFEM repassado pela União.
Pela lei, os recursos da CFEM não podem ser usados para pagamentos de dívidas e despesas correntes com pessoal, exceto com a manutenção e desenvolvimento do ensino, especialmente da educação básica. Há ainda a orientação para que 20% desse recurso seja destinado a atividades de diversificação econômica, ao desenvolvimento mineral sustentável e desenvolvimento científico e tecnológico.
“Agora, qual é a grande dificuldade? A primeira, é o uso desse recurso para finalidades ilegais. Muitos municípios utilizam para pagar folha, e sobretudo para pagar folha de servidor temporário. É uma utilização ilegal do serviço temporário”, destaca o promotor.
Esse uso imediato, sem planejamento a longo prazo, compromete os índices de desenvolvimento social e econômico das cidades mineradoras, que deixam de receber investimentos importantes para satisfazer interesses políticos de gestores municipais.
“O que vemos são servidores temporários que estão fazendo funções administrativas, que são do cotidiano da gestão. Elas não são nem por natureza temporárias, porque elas são permanentes e nem há uma situação eventual de urgência que justifique.
E aí o que acontece? Quando você tem 4.000 servidores temporários você incha a folha, você drena todo o recurso da CFEM e quando terminar a vida útil da mina, vai restar para aquela população apenas o buraco”, destaca Hélio Rubens. O promotor também evidencia as consequências desse desvio de recursos da CFEM pelas prefeituras. “E tem outras consequências, porque esse serviço temporário é utilizado para transformar o eleitor em cliente. Ele passa a ser dependente daquele governo. E se eu mudar o governo, talvez eu não seja mais escolhido, porque não tem critério. É a vontade
do gestor, quer dizer, ele transforma o cargo público, a função pública em um bem particular para se capitalizar politicamente e transforma o eleitor num cliente. Então isso é uma deformação. Se utilizam do recurso que era para garantir a emancipação de um povo para fins de interesses políticos pessoais, para se manter no poder. É a política clientelista brasileira que vai só mudando de roupa, mas ela se mantém em essência a mesma”. Essa espécie de clientelismo e uso imediatista de recursos não é uma prática isolada, mas um problema recorrente na maioria dos municípios que arrecadam CFEM ou outros tipos de royalties. Enquanto isso, a população segue sem políticas efetivas para a melhora na qualidade de vida nem no presente, tão pouco no futuro.
‘Má-fé’: sonegação, fiscalização insuficiente e perdas bilionárias
Em outubro de 2024, uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) apontou outros problemas graves: o elevado índice de sonegação dos recursos da CFEM e da Taxa Anual por Hectare (TAH) pelas empresas mineradoras, além de uma fiscalização insuficiente pela Agência Nacional de Mineração (ANM) para coibir a sonegação e perdas de créditos minerários por decadência e prescrição.
A auditoria revelou que entre 2017 e 2022, o percentual médio de sonegação entre 134 processos fiscalizados foi de 40,2%. O TCU destaca ainda que em 2022, apenas 17 empresas de mineração foram fiscalizadas, mesmo havendo mais de 39 mil processos em andamento relacionados à mineração, como concessão de lavra, lavra garimpeira, licenciamento e registro de extração. Uma perda de receita potencial da CFEM entre R$9,4 bilhões e R$12,4 bilhões. Sobre as perdas de créditos minerários por decadência e prescrição, o TCU afirma que quando a ANM consegue fiscalizar e identificar a sonegação, ela não é capaz de concluir a autuação e cobrança, fazendo com que os créditos minerários sejam prescritos ou decaídos. Isso gerou uma perda de receita da CFEM de mais de R$4 bilhões, entre 2017 e 2021. Para o relator do processo, o ministro Benjamin Zymler, o pagamento da CFEM depende da ‘boa-fé’ das empresas, já que a ANM é incapaz de cumprir as devidas fiscalizações e ter controle sobre o setor. Para o TCU, a ANM não possui recursos humanos, materiais e tecnologias suficientes para arrecadar e fiscalizar o pagamento da CFEM e outras taxas.
A incapacidade de fiscalização da ANM foi motivo de intensos protestos dos servidores da própria agência reguladora desde 2023. Nesse período,
houve diversas paralisações das atividades de regulação e fiscalização do setor como forma de reivindicar a reestruturação do órgão e a equiparação de salários, 43% menor do que o salário pago a outras agências reguladoras. Desde que o antigo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) se tornou a atual Agência Nacional de Mineração (ANM), em 2017, novas atribuições legais foram dadas ao órgão, porém, sem mudanças no orçamento para suprir as novas demandas, levando os servidores a uma sobrecarga de trabalho exaustiva e sem condições dignas.
Em todo o país, servidores da ANM se mobilizaram para exigir do governo federal o reajuste salarial da categoria, novos concursos públicos para repor o quadro de servidores e melhores estruturas de trabalho no órgão. Segundo os trabalhadores, esses problemas estruturais são os responsáveis pela má fiscalização no setor. Em janeiro de 2025, os servidores da ANM conquistaram a sua isonomia salarial, mas alertam que há muito a ser feito para que a agência consiga, de fato, cumprir o seu papel institucional.
Incidência política e pressão popular: ‘A gente não tem clareza para onde vai esse recurso’
Coletivos populares, movimentos sociais e institutos de pesquisa têm atuado em conjunto para pressionar o poder público, as empresas e os ór-
gãos fiscalizadores a garantir a melhor arrecadação e destinação dos recursos da CFEM e outros royalties. O Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) é uma das organizações não governamentais que trabalha em conjunto com os movimentos sociais e outras organizações na discussão sobre a promoção de políticas a partir de estudos sobre o orçamento público. Para Alessandra Cardoso, economista e assessora política do Inesc, a discussão sobre a arrecadação e distribuição dos royalties da mineração precisa ser amadurecida em diferentes níveis da sociedade para que seja possível direcionar os recursos corretamente, inclusive para o enfrentamento das mudanças climáticas.
“É muito importante que se crie espaço fiscal, capacidade de direcionar recursos nacionais para enfrentar as mudanças climáticas e a gente entende que esses recursos são estratégicos para isso. Também são estratégicos para garantir uma justiça social, porque no final das contas são recursos que devem estar comprometidos com a visão de futuro, com a visão geracional, com a visão de que esses recursos que são extraídos hoje, não vão existir amanhã e eles precisam ser gastos para construir uma superação, inclusive dessa condição de dependência da lógica de exploração extrativista, que a gente sabe que tem custo social, ambiental e que lá na frente não vai ser mais possível”, destaca a economista. Nesse sentido, a organização atua para que haja maior transparência sobre o
destino que os municípios dão ao dinheiro da CFEM. Eles defendem uma regulação nacional que oriente de maneira mais explícita a destinação dos recursos.
“É preciso que se crie um critério básico e único de transparência para que todos os entes que recebem esses recursos patrimoniais deem transparência máxima na execução. Porque a gente consegue olhar qualquer portal de transparência quanto que [cada governo] recebeu, mas para onde [o dinhei-
ro] vai? Essa resposta é extremamente difícil. Então não é justo com os grupos e comunidades que essa luta seja feita em cada local. É preciso que haja uma regulação nacional para garantir uma transparência em função da natureza desse recurso”, acentua Cardoso.
Além de maior transparência por meio de uma regulação nacional, o Inesc defende uma efetiva governança desses recursos, ou seja, que o destino do dinheiro seja discutido no âmbito de cada
localidade, com base nas prioridades regionais e em diálogo com a sociedade. Mas como alerta Alessandra, essa questão é política, e não técnica. “A gente sabe que abrir essa informação significa colocar em escrutínio público o destino desse dinheiro. E as prefeituras e grupos locais que dominam a política não querem exatamente esse escrutínio, entendemos que não é possível que a gente coloque essa decisão na mão de cada prefeitura, de cada localidade como se fosse um ato de transparência próprio”. Como alternativa, o trabalho de articulação com coletivos e grupos locais tem sido fundamental para fomentar a participação e a organização popular em torno do orçamento público. Um forte exemplo são as iniciativas do grupo “Mulheres Amazônidas”, que, com o apoio do Inesc e de outras organizações, busca incidir nos debates públicos a respeito da necessidade de destinar parte dos recursos da CFEM para políticas de raça e gênero nos municípios mineradores do Pará.
Rose Lima, integrante do ‘Mulheres Amazônidas’, reforça que as mulheres são as mais afetadas pelos problemas decorrentes da má distribuição e uso do dinheiro público e que por isso, precisam ter políticas direcionadas a elas.
“Qual é o lugar que as mulheres ocupam nesse processo todo? Quando olhamos os lançamentos públicos, a destinação da CFEM, vemos a inexistência dessas políticas e quando existem são muito fragilizadas por falta de uma estratégia clara e de um problema a ser enfrentado. A gente não tem clareza para onde vai esse recurso.”, esclarece Rose. Rose mora em Marabá, outro município minerador do sudeste do Pará. Por lá, o coletivo ‘Mulheres Amazônidas’ tem discutido e enfrentado o debate com as prefeituras e outros atores da região, tanto a pauta de gênero, como a pauta racial.
“A população negra é a que mais é afetada pelas violações, pelas contaminações, pelos despejos, pelas desapropriações. São elas que não acessam as políticas, são para elas que essas políticas não são pensadas”, enfatiza Rose.
Um recorte ilustrativo sobre esse desamparo às mulheres, em particu -
lar às mulheres negras e indígenas, foi mostrado em uma reportagem de julho da revista Azmina, que revelou o alto índice de mortalidade materna e violência obstétrica no hospital de Marabá. O município tem uma taxa 39% maior de mortalidade que a média do estado do Pará.
O projeto Mulheres Amazônidas - iniciativa do Inesc, analisa a relação entre a mineração, a receita de royalties e os impactos sociais e econômicos nas comunidades do sudeste do Pará, especialmente as mulheres
Mulheres negras e indígenas estão morrendo devido a negligência e racismo no atendimento.
A reportagem ouviu 12 mulheres que relatam o descaso do poder público, com partos realizados no chão, bebês com membros fraturados no nascimento, negação de direitos básicos, tratamento desumanizado e mortes.
Iniciativas como o coletivo Mulheres Amazônidas têm feito o possível para incidir nas agendas públicas, inclusive na elaboração do Plano Plurianual para o período de 2026 a 2029, com o objetivo de definir diretrizes, metas e objetivos voltados para a dignidade das mulheres.
Rose afirma que “se a CFEM é um recurso que vem de empresas que violentam corpos e esses corpos têm rosto, tem sexo, esse corpo está definido quem é, essas políticas têm que priorizar essas pessoas. São para elas que essa política tem que chegar. Não como uma reparação que a empresa tem que fazer, mas do que chega em termos de orçamento público”. Como resultado dessas incidências políticas, o coletivo “Mulheres Amazônidas” tem dialogado com o Ministério Público Federal para orientar e cobrar que políticas públicas específicas para mulheres negras sejam criadas nos municípios de Marabá, Canaã dos Carajás e Parauapebas. O MPF também recomendou a criação de Conselhos Municipais de Promoção da Igualdade Racial. Com relação ao orçamento público e transparência, os movimentos sociais de mulheres da região de Carajás exigem a efetivação de um orçamento público sensível aos recortes de gênero, raça e classe; a criação de mecanismos de participação social na criação do Plano Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA); e transparência na destinação da CFEM.
[*] Entramos em contato por email com as prefeituras de Parauapebas e Canaã dos Carajás para solicitar esclarecimentos sobre a utilização dos recursos da CFEM nos municípios, mas até o momento não recebemos resposta.
[**] Esta reportagem foi produzida por meio da Bolsa de Reportagem do edital Sala Colaborativa, promovido pela Ajor (Associação de Jornalismo Digital), em parceria com a InfoAmazonia e com apoio do Instituto Serrapilheira. O projeto tem como objetivo fortalecer o jornalismo socioambiental guiado por evidências científicas para informar decisões, gerar impacto real e fortalecer o diálogo público sobre desafios climáticos e ambientais.
Secagem continental sem precedentes, redução da disponibilidade de água doce e aumento da contribuição da terra para a elevação do nível do mar
Os continentes perderam tanta água desde 2002 que ultrapassaram as camadas de gelo como os maiores contribuintes para o aumento global do nível do mar, revela um novo estudo
A extração descontrolada de águas subterrâneas e as mudanças climáticas secaram continentes significativamente nos últimos 22 anos, com 101 países perdendo água doce para o oceano, revela uma pesquisa
Quase 70% dessa perda se deve à extração descontrolada de águas subterrâneas, que remove água de aquíferos profundos e, eventualmente, a transfere para o oceano, descobriram os pesquisadores. Juntamente com o aumento das taxas de evaporação devido às mudanças climáticas , isso fez com que “pontos críticos” de secagem rápida se fundissem em quatro regiões de “mega-secagem”, disseram os cientistas.
Mapa global de tendências de longo prazo do TWS do GRACE/FO ( A ) Tendências em TWS (cm ano −1 ) de fevereiro de 2003 a abril de 2024. Mega-regiões (regiões excedendo −0,2 cm ano −1 e conectando pontos críticos de TWS relatados anteriormente) são contornadas em preto e rotuladas de 1 a 4 correspondendo ao texto principal. ( B ) Soma zonal das tendências de TWS para todas as regiões (preto) e não glaciais (vermelho).
Os “pontos críticos” de secagem rápida se expandiram nos últimos 22 anos, fundindo-se em regiões de “mega-secagem”
“Há pouquíssimos lugares agora que não estão secando”, disse o coautor do estudo, Jay Famiglietti , professor da Escola de Sustentabilidade da Universidade Estadual do Arizona, à Live Science. “Tenho observado isso há 20 anos, e só piorou, piorou e piorou”.
Para medir a secagem continental, os pesquisadores usaram dados de satélites que respondem a pequenas mudanças de massa na Terra. A força gravitacional arrasta os satélites para baixo quando uma área ganha peso de água e os libera de volta à sua órbita inicial quando a água é perdida. A resolução em terra é de cerca de 25 quilômetros, o que é sufi-
ciente para detectar pequenas mudanças em escalas regionais, disse Famiglietti.
Os pontos críticos de seca são tipicamente regiões com grandes aquíferos que os humanos exploram intensamente há décadas, o que significa que apresentam altas taxas de perda de água, disse Famiglietti. Esses pontos críticos incluem lugares como a Planície do Norte da China , o noroeste da Índia e o Vale Central da Califórnia, que perderam enormes quantidades de água devido às atividades humanas e à evaporação. Essa água entra nos rios, que desembocam no oceano, ou é despejada da atmosfera sobre o oceano — o que, em última análise, causa a elevação do nível do mar.
As novas descobertas, publicadas recentemente na Science Advances, mostram que os pontos críticos de seca estão se expandindo rapidamente, e muitas dessas áreas estão se unindo. “O sul da Ásia é um ótimo exemplo”, disse Famiglietti. “Ao redor do Himalaia, costumava haver quatro ou cinco pontos críticos. Agora, isso acontece em todo o Himalaia”.
Os autores do estudo chamaram essas áreas continentais de mega-regiões de seca. Eles identificaram outras três regiões semelhantes em todo o mundo, todas no Hemisfério Norte: uma que combina o Alasca, o norte do Canadá e o norte da Rússia, outra que abrange a Europa Ocidental e uma terceira que abrange o sudoeste da América do Norte e a América Central. As regiões de seca estão crescendo tão rápido que “é como um fungo ou vírus rastejante que se espalha pela paisagem”, disse Famiglietti.
Não está claro por que o Hemisfério Sul não possui regiões de megassecagem, mas os pesquisadores acreditam que isso esteja de alguma forma ligado a um evento recorde de
O Vale Central (verde) abrange as Bacias de Sacramento, San Joaquin e Tulare (limite preto e branco), da Califórnia. A borda vermelha delimita a área dos dados de mascon GRACE/FO, utilizados no estudo, também perdeu enormes quantidades de água
Planícies do Norte da China, perderam quantidades de água devido às atividades humanas e enormes à evaporação
El Niño ocorrido há mais de 10 anos. “Há uma espécie de mudança na taxa de seca e na expansão dos extremos que ocorreu por volta de 2014”, disse Famiglietti.
Os pontos críticos de seca parecem ter mudado de principalmente no Hemisfério Sul para principalmente no Hemisfério Norte durante uma transição global de um La Niña muito forte para o El Niño mais forte já registrado entre 2011 e 2014, disse Famiglietti, acrescentando que sua equipe ainda está tentando entender o porquê.
“Recurso natural mais importante”
A seca no Alasca, Canadá e Rússia é causada principalmente pelo degelo e derretimento do permafrost, enquanto a seca na Europa Ocidental é causada pela seca, disse Famiglietti. O sudoeste dos EUA era seco antes de os humanos começarem a bombear água subterrânea, mas agora a seca se espalhou para o México e a América Central. Em todo o mundo, apenas os trópicos estão ficando mais úmidos, o que também é impulsionado pelo aquecimento global. Analisando a
Mapa mostrando o armazenamento de água doce por país entre 2003 e 2024. Os países mostrados em vermelho escuro são aqueles que secam mais rápido, enquanto os países mostrados em azul são aqueles que ficam mais úmidos
Este mapa mostra os anos em que o armazenamento de água terrestre atingiu o mínimo de 22 anos (ou seja, a terra esteve mais seca) em cada local, com base em dados dos satélites GRACE e GRACE/ FO. Uma parcela significativamente grande da superfície terrestre global atingiu esse mínimo nos nove anos desde 2015, que são os nove anos mais quentes do registro moderno de temperaturas
tendência, os pesquisadores descobriram que 101 países — que abrigam 75% da população mundial — vêm perdendo água doce nos últimos 22 anos. “A água subterrânea está se tornando o recurso natural mais importante nessas partes secas do mundo”, disse Famiglietti. As implicações são profundas, pois a seca continental afeta a produção de alimentos, a biodiversidade, as catástrofes naturais, os níveis do mar e os modos de vida. À medida que continuamos a cozinhar o planeta, mais água subterrânea será necessária para irrigar as plantações e sustentar as populações, forçando as pessoas a perfurar cada vez mais profundamente os aquíferos, com grandes custos. O esgotamento das águas subterrâneas não pode ser revertido, mas mudanças no uso da água, como o fim da irrigação por inundação, podem ser muito úteis, disse Famiglietti.
Qualquer coisa que fizermos para mitigar as mudanças climáticas também ajudará, afirmou.
“Já estamos vendo o que acontece se não mudarmos”, disse Famiglietti. Por exemplo, os incêndios florestais aumentaram em gravidade e frequência , o que é resultado direto da perda de água e do aumento das temperaturas, disse ele. Muitas regiões também estão enfrentando estresse hídrico , e o nível do mar subiu 9 centímetros nos últimos 25 anos.
“Não precisamos parar de fazer tudo”, disse Famiglietti. “Só precisamos fazer as coisas da forma mais eficiente possível.”
Resposta tropical à desaceleração da circulação oceânica aumenta o risco futuro de seca
Alguns dos lugares mais chuvosos da Terra podem ver sua precipitação anual reduzida quase pela metade se as mudanças climáticas continuarem alterando a maneira como a água do oceano se move ao redor do globo, diz novo estudo liderado pela CU Boulder, publicado recentemente na Nature.
Cientistas revelaram que até mesmo uma modesta desaceleração de uma grande corrente do Oceano Atlântico poderia secar florestas tropicais, ameaçar ecossistemas vulneráveis e prejudicar os meios de subsistência nos trópicos.
“Esse é um risco impressionante que agora entendemos muito melhor”, disse o autor principal Pedro DiNezio, professor associado do Departamento de Ciências Atmosféricas e Oceânicas da CU Boulder, acrescentando que partes da floresta
amazônica podem sofrer uma redução de até 40% na precipitação anual.
A Circulação Meridional do Atlântico (AMOC) é um enorme sistema de correntes oceânicas que movimenta a água através do Oceano Atlântico, transportando água quente e salgada dos trópicos para o Atlântico Norte. A AMOC desempenha um papel importante na regulação do clima, redistribuindo o calor do hemisfério sul para o norte. Ela também garante que o cinturão de chuva tropical, uma faixa estreita de precipitação intensa perto do equador, permaneça ao norte dele.
À medida que o clima esquenta, o derretimento do gelo polar e o aumento das
A AMOC compõe metade da circulação termohalina global, um grande sistema de correntes oceânicas, semelhante a uma correia transportadora, impulsionado pela temperatura e salinidade
chuvas diluirão as águas superficiais do oceano, tornando-as menos densas e potencialmente desacelerando a circulação. O impacto de uma AMOC enfraquecida nos trópicos permanece incerto, pois os cientistas monitoram o sistema diretamente há apenas duas décadas.
Como técnico em um laboratório da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) em Miami, em 2005, DiNezio ajudou a calibrar algumas das primeiras medições do AMOC. Na época, ele não tinha ideia de que estaria estudando o mesmo sistema duas décadas depois.
“Há alguns anos, este sistema de monitoramento registrou sinais de declínio na AMOC, mas depois ela se recuperou. Então, não tínhamos certeza se era apenas um acaso. O problema é que não medimos o oceano há tempo suficiente para detectar mudanças significativas a longo prazo”, disse DiNezio. Embora os cientistas não tenham certeza se o AMOC já começou a declinar, os modelos climáticos preveem que o sistema acabará enfraquecendo devido às mudanças climáticas.
DiNezio e sua equipe decidiram explorar como uma futura desaceleração dessas correntes oceânicas críticas poderia impactar os padrões globais de precipitação.
“Mudanças na precipitação são muito difíceis de prever, porque muitos fatores estão envolvidos na formação da chuva, como umidade, temperatura, vento e nuvens. Muitos modelos têm dificuldade em prever como o padrão mudará em um mundo em aquecimento”, disse DiNezio.
A equipe recorreu a registros climáticos de cerca de 17.000 anos atrás, quando a AMOC desacelerou significativamente pela última vez devido a causas naturais.
Evidências de precipitação preservadas em formações de cavernas, bem como em sedimentos lacustres e oceânicos, revelaram como os padrões de precipitação responderam à desaceleração durante esse período.
Com base nesses dados, a equipe de DiNezio identificou os modelos de computador que melhor capturaram essas antigas mudanças de precipitação e os usou para prever como os padrões poderiam mudar no futuro.
Seus melhores modelos preveem que, à medida que a AMOC enfraquece e esfria o Atlântico Norte, essa queda de temperatura se espalharia em direção ao Atlântico tropical e ao Caribe. Essa mudança, somada ao aumento das temperaturas globais, levaria a reduções significativas na precipitação sobre a América Central, a Amazônia e a África Ocidental.
“Esta é uma má notícia, porque temos esses ecossistemas muito importantes na Amazônia”, disse DiNezio. A floresta amazônica concentra quase dois anos de emissões globais de carbono, tornando-se um grande sumidouro de carbono na Terra.
Como uma futura desaceleração dessas correntes oceânicas críticas poderia impactar os padrões globais de precipitação. Precipitação climatológica (sombreamento, unidade: mm) e temperatura da superfície do mar (contorno cinza, unidade: °C) no Pacífico tropical durante março-abril-maio (MAM) no período de 1990 a 2022
no ciclo do carbono na região da floresta amazônica
“A seca nesta região pode liberar enormes quantidades de carbono de volta para a atmosfera, formando um ciclo vicioso que pode agravar as mudanças climáticas”. Embora DiNezio tenha afirmado que é improvável que o AMOC cesse completamente, mesmo uma pequena redução em sua intensidade pode levar a mudanças em toda a região tropical, aumentando o risco de atingir um ponto crítico. Mas a rapidez e a intensidade da desaceleração dependem do grau das mudanças climáticas futuras. “Ainda temos tempo, mas precisamos descarbonizar rapidamente a economia e tornar as tecnologias verdes amplamente disponíveis para todos no mundo. A melhor maneira de sair de um buraco é parar de cavar”, disse DiNezio.
lvaro Lario, Presidente da ONU-Água, abriu a 42ª Reunião da ONU-Água observando que as negociações estão ocorrendo em um momento em que esta comunidade é mais importante do que nunca. Ele destacou que a Iniciativa ONU80 do Secretário-Geral da ONU defende a reforma da ONU, tornando-a mais interligada para responder melhor aos desafios atuais, e lembrou que a Estratégia Sistemática das Nações Unidas para Água e Saneamento se baseia nesse sistema interligado. Lario também destacou o item da pauta da Conferência da ONU sobre Água de 2026 e a oportunidade que a Conferência proporcionará para o trabalho coletivo a fim de promover mudanças e transformar vidas em larga escala.
A Enviada Especial para a Água, Retno Marsudi, lembrou que foi nomeada como resultado da Conferência da Água da ONU de 2023. Ela pediu esperança, soluções e narrativas de empoderamento, afirmando que elas podem ajudar na liderança em todo o sistema da ONU e dentro dos países, além de demonstrar que o financiamento e o investimento em água não são um fardo. Entre outros itens discutidos durante o primeiro dia do evento de dois dias em Genebra, Suíça, os membros e parceiros da ONU-Água discutiram os preparativos do Relatório de Síntese de 2026, que contribuirá para a revisão da implementação do
ODS 6 durante a sessão de julho de 2026 do Fórum Político de Alto Nível (HLPF). Durante uma longa discussão sobre os preparativos para a Conferência da ONU sobre Água de 2026, que ocorrerá em dezembro de 2026 nos Emirados Árabes Unidos (EAU), os membros e parceiros da ONU-Água se ofereceram
para apoiar o processo de preparação de notas conceituais para os seis diálogos interativos, a saber:
#Água para as Pessoas (direitos humanos à água e ao saneamento);
#Água para a Prosperidade (gestão integrada de recursos hídricos, nexo água-energia-alimentos, eficiência hídrica);
#Água para o Planeta (clima, biodiversidade, desertificação, meio ambiente, fonte para o mar);
#Água para Cooperação (cooperação transfronteiriça, cooperação científica e governança inclusiva);
#Água em Processos Multilaterais (ODS 6, Agenda 2030); e
#Investimentos para Água (financiamento, inovação, capacitação).
Os palestrantes discutiram o cronograma para a preparação das notas conceituais, com alguns afirmando que o prazo proposto para a primeira versão, junho/julho de 2026, não seria suficiente para apoiar os copresidentes e seus preparativos para cada diálogo. Os palestrantes discutiram a possibilidade de usar a reunião preparatória de janeiro de 2026 em Dacar, que o Senegal, como coanfitrião da conferência de dezembro, está organizando, como uma oportunidade para iniciar as discussões iniciais sobre os documentos. Diversos outros eventos durante 2026 também foram discutidos como oportunidades para avançar nas discussões sobre os temas, incluindo eventos regionais em preparação para o Fórum de Alto Nível de Julho e o próprio Fórum de Alto Nível.
Os palestrantes destacaram a necessidade de trazer representantes dos setores financeiro e privado para a Conferência e destacaram a importância de envolver os jovens, o conhecimento indígena, a ciência e as perspectivas de gênero. Questões como águas subterrâneas e dessalinização foram enfatizadas como temas a serem incorporados às notas conceituais.
Muitos enfatizaram a importância de identificar os resultados esperados da Conferência da Água da ONU de 2026. Alguns pediram lições aprendidas com os compromissos anunciados durante a Conferência da Água da ONU de 2023. Muitos palestrantes se referiram à incerteza e à mudança de contexto que a geopolítica atual e o processo de reforma da ONU trazem para o evento de 2026, em comparação com o que era visto como possível quando a Conferência da Água da ONU de 2023 ocorreu. Durante o segundo dia da 42ª Reunião da ONU sobre Água, os membros e parceiros da ONU sobre Água foram
acompanhados por representantes dos Estados-membros da ONU para discutir em conjunto as expectativas para a Conferência da ONU sobre Água de 2026. Durante o segundo dia da 42ª Reunião da ONU sobre Água, em Genebra, em 1º de outubro de 2025, os participantes discutiram os preparativos para a Conferência da ONU sobre Água de 2026, incluindo o foco em soluções orientadas para a ação e uma narrativa esperançosa para inspirar o progresso em direção ao ODS 6. A 42ª reunião serve como um
passo crucial na coordenação dos esforços da ONU para enfrentar os desafios relacionados à água e apoiar os Estados-Membros na gestão sustentável da água antes da conferência de 2026.
A 42ª reunião serviu como um passo crucial na coordenação dos esforços da ONU para enfrentar os desafios relacionados à água e apoiar os Estados-Membros na gestão sustentável da água antes da conferência de 2026. As discussões se concentraram nos preparativos para a próxima conferência, coorganizada pelo Senegal e pelos Emirados Árabes Unidos (EAU). As discussões se concentraram nos preparativos para a próxima conferência, coorganizada pelo Senegal e pelos Emirados Árabes Unidos (EAU). Os participantes enfatizaram a importância de discussões orientadas para ações e comunicação focada em soluções.
Também foi feita uma sugestão para adotar uma “narrativa de esperança” que inspire os participantes ao mostrar o que é possível, em vez de focar nos problemas, com objetivo principal para atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 (Água Limpa e Saneamento) até 2030.
A Circulação Meridional do Atlântico traz calor para o Hemisfério Norte e regula o clima globalmente, mas pesquisas sugerem que ela pode enfraquecer significativamente nas próximas décadas.
por *Live Science
Visualização das correntes oceânicas no Atlântico Norte. As cores mostram a temperatura da superfície do mar (laranja e amarelo são mais quentes, verde e azul são mais frios). Podem começar a entrar em colapso em apenas três décadas Assista o GIF em: Global_Ocean_Circulation_GIF
As correntes do Oceano Atlântico que respondem às mudanças climáticas estão caminhando em direção a um ponto crítico que pode causar impactos severos antes do final deste século, segundo um novo estudo.
As correntes formam a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), que circula o Oceano Atlântico como uma gigantesca correia transportadora, levando calor para o Hemisfério Norte antes de
seguir para o sul novamente, pelo fundo do mar. Dependendo da quantidade de carbono emitida pelos humanos nas próximas décadas, a AMOC pode atingir um ponto crítico e começar a entrar em colapso já em 2055, com consequências dramáticas para diversas regiões, descobriram os pesquisadores.
Essa previsão assustadora, baseada em um cenário em que as emissões de carbono dobrarão entre agora e 2050, é considerada improvável — mas o resul-
tado de um cenário muito mais provável, em que as emissões permanecerão em torno dos níveis atuais pelos próximos 25 anos, não é muito melhor, de acordo com o estudo. Mesmo que mantenhamos o aquecimento global neste século em 2,7 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais — um cenário “intermediário”, de acordo com o último relatório climático da ONU —, a AMOC começará a entrar em colapso em 2063, sugerem os resultados.
Com estudos limitados de feedbacks biofísicos sobre a temperatura nos trópicos, especialmente em terras áridas, usamos várias plataformas de satélite para determinar a influência de plantas de terras áridas tropicais na temperatura da superfície.
Descobrimos que, enquanto a vegetação nos trópicos tende a resfriar a superfície, as plantas de terra seca reduzem esse resfriamento tropical em pelo menos 14%, ao contrário do resfriamento aprimorado encontrado em
alguns estudos anteriores. A redução do resfriamento em sequeiro é atribuída à menor evaporação de suas plantas devido à aridez e proporcionalmente maior absorção vegetal da radiação solar
“A probabilidade de tombamento é muito maior do que se pensava anteriormente”, disse Sybren Drijfhout , professor de oceanografia física na Universidade de Southampton, no Reino Unido, e na Universidade de Utrecht, na Holanda, à Live Science. No geral, a probabilidade de o AMOC entrar em colapso neste século é de cerca de 50%, estima Drijfhout, que não participou da nova pesquisa, mas recentemente liderou um estudo semelhante publicado na Environment Research Letters . No estudo, Drijfhout e colegas executaram os modelos climáticos mais recentes para um período que se estende além de 2100 e descobriram que cenários de alta
a Esquema das principais correntes oceânicas que cruzam a Dorsal Groenlândia-Escócia (GSR). As setas representam os caminhos e a transformação das águas quentes do Atlântico (setas vermelhas) no NAC-NwAC em transbordamentos frios e densos (setas verdes) que saem dos Mares Nórdicos através do Estreito da Dinamarca e do Canal Faroé-Shetland (FSC). A Corrente Leste da Groenlândia (EGC) fria e fresca é mostrada por setas azuis. As seções a 70°N e no Atlântico Norte subpolar oriental (imitando a parte oriental da matriz do Programa 13 de Reviravolta no Atlântico Norte Subpolar ; OSNAP-Leste) usadas para calcular a circulação de reviravolta são mostradas como linhas pretas tracejadas. NAC: Corrente do Atlântico Norte, NwAC: Corrente Atlântica Norueguesa. b Representação esquemática do fluxo meridional através da GSR destacando como as águas densas de transbordamento dos Mares Nórdicos contribuem para o membro inferior da circulação de reviravolta no OSNAP-Leste. emissão, ou aqueles que causam cerca de 4,4°C de aquecimento acima dos níveis pré-industriais até o final deste século, sempre levaram a um colapso da AMOC. Cenários alinhados com o objetivo do Acordo de Paris de manter o aquecimento idealmente abaixo de 1,5°C também desencadearam um colapso em dois dos modelos, sugerindo que um colapso é mais provável do que os cientistas pensavam anteriormente, disse ele.
O novo estudo de modelagem, publicado em 24 de agosto no periódico Journal of Geophysical Research: Oceans , testou 25 modelos climáticos e encontrou um indicador que ajudou os pesquisadores a determinar quando a AMOC poderia atingir um ponto crítico. Ao contrário dos parâmetros comumente usados para monitorar a AMOC indiretamente, como a temperatura da superfície do mar, este novo indicador é regido pela dinâmica da circulação do oceano Atlântico, disse o autor principal do estudo, René van Westen , pesquisador de pós-doutorado em física climática na Universidade de Utrecht Van Westen e colegas demonstraram anteriormente que o fluxo de água doce do Atlântico a 34 graus sul, a latitude ao longo da ponta da África do Sul, é um bom indicador da estabilidade da AMOC e pode alertar os cientistas sobre
um colapso iminente. Esse indicador funciona para condições ambientais que mudam lentamente, mas é menos útil para identificar tendências da AMOC em um clima em rápido aquecimento, disse van Westen.
“Portanto, nosso objetivo era desenvolver um novo indicador que também funcionasse em relação às mudanças climáticas”, disse ele.
Um novo marcador para a força da AMOC
Para avaliar quando os pontos de inflexão serão atingidos, o novo estudo analisou a massa de água que afunda no fundo do oceano no Atlântico Norte.
Atualmente, a água da superfície perde calor para a atmosfera ao atingir o frio Atlântico Norte. Essa água da superfície torna-se tão fria, salgada e densa que afunda no fundo do oceano, formando correntes que percorrem o fundo do oceano até o Hemisfério Sul. O processo de afundamento da água fria e densa é chamado de formação de águas profundas e é o motor que impulsiona a AMOC. A formação de águas profundas pode ser medida por meio de mudanças na densidade da água do mar ou pela extrapolação de dados oceânicos em modelos climáticos.
“Quando essa quantidade se reduz a zero, significa que a superfície ficou muito leve e não houve afundamento”, que é essencialmente o momento em que a AMOC começa a entrar em colapso, disse van Westen.
A formação de águas profundas já está diminuindo devido ao aquecimento do ar no Atlântico Norte e ao derretimento do gelo do Ártico. O ar quente faz com que a água da superfície não perca calor suficiente para afundar, enquanto o derretimento do gelo dilui a concentração de sal na água e, assim, diminui sua densidade.
Os pesquisadores identificaram um componente da formação em águas profundas, o fluxo de flutuabilidade da superfície, que foi um “atalho” para estimar a formação em águas profundas no Atlântico Norte, disse van Westen. O fluxo de flutuabilidade da superfície é um parâmetro que combina mudanças no calor e na salinidade na superfície do oceano para entender como elas impactam a densidade da água.
O calor e a salinidade podem ser monitorados diretamente por instrumentos ou satélites, mas o estudo examinou
Variações no estado hídrico foliar e tolerância à seca de espécies de árvores dominantes que crescem em florestas tropicais multi-idade florestais na Tailândia
Destacam-se as respostas na superfície, na alta troposfera e no oceano no LESTE. O aumento das emissões de AAs sobre o Sul e o Leste da Ásia (sombreamento roxo) reduz a insolação solar e suprime a convecção local (setas vermelhas), iniciando uma sequência de ondas de Rossby circumglobais (sombreamento azul e setas pretas) que se propagam para o leste e em direção aos polos e um deslocamento da corrente de jato em direção ao equador (setas cinzas). As mudanças na circulação atmosférica barotrópica geram uma anomalia de pressão do nível do mar semelhante à Oscilação do Atlântico Norte negativa no Atlântico Norte subpolar (centro de alta pressão laranja e centro de baixa pressão azul), suprimindo os ventos de oeste predominantes ao sul da Groenlândia (setas azul-claro). Ao reduzir a diferença de temperatura entre o ar e o mar e a velocidade do vento, as mudanças no vento injetam calor turbulento anômalo na superfície do Mar do Labrador (setas vermelhas), inibindo a produção de massas de água densas que compõem o ramo que flui para o sul do AMOC, resultando, assim, em um AMOC mais fraco e raso (sombreamento azul no oceano).
dados existentes de calor e salinidade em simulações da dinâmica da superfície do mar, com o fluxo de flutuabilidade da superfície se destacando em diferentes modelos e experimentos como um marcador claro da força da AMOC.
“A vantagem [do fluxo de flutuabilidade da superfície] é que ele pode ser calculado em muitos modelos climáticos”, disse van Westen.
O fluxo de flutuabilidade da superfície foi constante até 2020, disse van Westen, o que significa que quase não houve mudanças no AMOC antes disso — uma conclusão que é reforçada por uma pesquisa publicada em janeiro.
Desde 2020, no entanto, o fluxo de flutuabilidade da superfície aumentou, sugerindo que a AMOC está enfraque-
cendo. Os modelos mostraram que trajetórias de alta emissão podem desencadear um colapso da AMOC mais cedo do que trajetórias de emissão “intermediárias”, portanto, é urgente reduzir o uso de combustíveis fósseis, de acordo com o estudo.
“Um cenário de colapso da AMOC pode ser evitado ao seguir um cenário de baixa emissão”, disse van Westen, mas isso exigiria atingir emissões líquidas de carbono zero por volta de 2050.
Um “sério alerta climático”
Um colapso da AMOC na década de 2060 é plausível e “muito preocupante”, disse Drijfhout, mas as incertezas são grandes demais para apontar anos pre-
cisos em que a AMOC entrará em colapso sob diferentes trajetórias de emissão.
As consequências seriam dramáticas e globais, mas a Europa seria particularmente afetada, disse Drijfhout. Um colapso da AMOC traria temperaturas muito mais baixas para o noroeste da Europa, bem como uma redução na precipitação, o que poderia levar a perdas agrícolas de cerca de 30%, disse ele. Os invernos na Europa seriam muito mais rigorosos, com mais tempestades e inundações ao longo da costa atlântica, resultantes da redistribuição da água pelo oceano à medida que a AMOC desacelera.
“ Pode-se esperar uma elevação ainda maior do nível do mar nas costas leste dos Estados Unidos” devido a essa redistribuição, disse Drijfhout.
E locais que não fazem fronteira com o Atlântico também podem ser afetados, como as regiões de monções na Ásia e na África , acrescentou.
Wopke Hoekstra , comissário europeu para o clima, emissões líquidas zero e crescimento limpo, descreveu as descobertas como um “sério alerta climático” em uma publicação nas redes sociais . “Este novo estudo diz que a Corrente do Golfo pode entrar em colapso durante a nossa geração”, alertou.
No entanto, de acordo com o estudo, os efeitos não serão sentidos imediatamente após o início do colapso da AMOC. Os autores estimam que levaria mais de 100 anos para que a AMOC en-
fraquecesse significativamente e novos padrões climáticos surgissem.
Mas Drijfhout acredita que o colapso pode ocorrer em apenas 50 anos. A AMOC é como uma fogueira com combustível cada vez menor, disse ele. “Se
pararmos de jogar novos blocos de madeira no fogo, o fogo não se apaga imediatamente, mas continua queimando lentamente por algum tempo”, disse Drijfhout. “Para a AMOC, esse ‘tempo de queima lenta’ é de [cerca de] 50 anos”.
A principal corrente do Atlântico Norte está à beira do colapso, agora flui três vezes mais devagar do que há 130.000 anos - e as consequências podem ser desastrosas
por *Universidade de Bonn
Os mapas que utilizam o conjunto de dados MDT_CNES_CLS18_global mostram a corrente global da superfície oceânica, com cores vermelhas mais quentes representando velocidades de corrente mais altas. Os locais U1537 e U1538 estão localizados no sul do Mar da Escócia (retângulo branco). Outros retângulos vermelhos e roxos são locais de sedimentos discutidos neste estudo. Os locais, numerados de 1 a 13, são os seguintes: (1) TPC063, 3956 m, (2) TPC077, 3774 m, (3) PS2514-1, 2537 m, (4) PS67/197-1, 3837 m, (5) TPC290, 3826 m, (6) PS67/205-2, 3790 m, (7) PS67/219-1, 3619 m, (8) PS67/224-1, 2868 m, (9) TPC288, 2864 m, (10) PS67/186-1, 3671 m, (11) PS2319-1, 4323 m, (12) TPC287, 1998 m, e (13) GC528, 598 m. As linhas pretas indicam as cinco principais frentes da Corrente Circumpolar Antártica (ACC), que de
ACorrente Circumpolar Antártica (ACC) exerce controle substancial sobre as propriedades físicas, químicas e biológicas do Oceano Antártico, desempenhando um papel fundamental na modulação do ciclo global do carbono e do clima. No entanto, a forçante em escala orbital e as futuras mudanças na força e posição da ACC permanecem indefinidas. Aqui, reconstruímos a história da ACC que remonta ao Último Interglacial (LIG; 128-113 ka) usando núcleos de sedimentos do Mar da Escócia. Com base em medições de alta resolução do tamanho médio dos grãos de silte classificável, descobrimos que a velocidade da corrente de fundo é sincronizada com a excentricidade, sobreposta pela precessão. Durante a LIG, quando tanto a excentricidade quanto a precessão atingiram seus máximos, a velocidade da corrente atingiu o pico na região ao sul da frente da ACC Sul,
Norte a Sul compreendem: o Limite Norte (NB), a Frente Subantártica (SAF), a Frente Polar (PF), a Frente ACC Sul (SACCF) e o limite sul (SB) da ACC, respectivamente. A linha vermelha marca a Trilha de Jason perto da Passagem de Drake (DP). A área sombreada no mapa à esquerda mostra a área de estudo (figura à direita).
Mapas da temperatura superficial anual (TSM) do Oceano Antártico moderno de 0 a 200 m e vento zonal de 10 m
a Temperatura anual de superfície de 0–200 m do World Ocean Atlast 2009 (°C) e b Força do vento zonal de 10 m com base em dados de reanálise para o período de 1951–1978. Círculos rosa indicam localizações centrais de MD11-3353 (50,57°S, 68,39°E) na Zona Antártica (AZ) e MD11-3357 (44,68°S, 80,43°E) na Zona Subantártica (ZAS). Frente Subtropical STF; Frente Subantártica SAF, Frente Polar Antártica APF
sugerindo que a Frente Polar se deslocou ~5° para o sul. Propomos que a migração frontal de baixa frequência do ACC seja controlada principalmente por mudanças causadas por excentricidade nos ventos de oeste do Hemisfério Sul, enquanto mudanças causadas por precessão contribuem para a migração de alta frequência. Nossas descobertas sugerem que, em cenários futuros em escala orbital, a posição do ACC provavelmente se deslocará para o norte.
A Corrente Circumpolar Antártica (CCA) é a maior corrente oceânica da Terra, circulando a Antártida de oeste para leste, em alinhamento com a rotação da Terra. Essa corrente oceânica fria é impulsionada principalmente pela deriva dos ventos de oeste. Conectando os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, a CCA é crucial para o transporte global de calor, o ciclo do carbono e a troca interoceânica de nutrientes. Assim, a CCA influencia o clima regional e global, impactando a biodiversidade.
Recente publicado na Nature Communications que documentou um estudo realizado por uma equipe internacional de pesquisa composta por 36
(CCA) é uma corrente oceânica que flui no sentido horário de oeste para leste ao redor da Antártida. Ela conecta as bacias dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico e serve como principal via de troca entre essas bacias
cientistas de cinco países, liderada pelo Prof. Xufeng Zheng, da Universidade de Hainan, em Haikou, China.
Utilizando amostras de núcleo coletadas a uma profundidade de 3.000 a 4.000 metros, os pesquisadores determinaram a velocidade do fluxo do ACC. O navio de perfuração JOIDES Resolution foi destacado para o Mar da Escócia, ao norte da Antártida, em 2019, para coletar as amostras no âmbito do Programa Integrado de Descoberta Oceânica (IODP).
A expedição foi liderada pelo Dr. Michael Weber, do Instituto de Geociências da Universidade de Bonn.Medições da distribuição granulométrica nos sedimentos permitem agora tirar conclusões sobre as mudanças na velocidade do fluxo. Simplificando, em velocidades mais altas, partículas finas são carregadas pela corrente e só se depositam no fundo do mar quando a velocidade diminui proporcionalmente. Conhecer a distribuição granulométrica das partículas no núcleo permite determinar variações na velocidade do fluxo ao longo de diferentes períodos de tempo. Isso é especialmente verdadeiro considerando uma fração de silte de granulação relativamente fina, de 0,1 a 0,063 milímetros, que era o foco dos pesquisadores.
A velocidade do fluxo foi três vezes maior
“Consequentemente, a velocidade no penúltimo período quente, há cerca de 130.000 anos, foi mais de três vezes maior do que nos últimos milênios, que compõem o atual período quente”, relata Weber.
Embora essa descoberta contradiga as expectativas, dado um clima bastante semelhante, os pesquisadores atribuem a diferença à radiação variável resultante de mudanças na órbita da Terra em torno do Sol.
A Terra orbita o Sol em um ciclo orbital elíptico que se repete aproximadamente a cada 100.000 anos. Além disso, o eixo da Terra muda de inclinação e rotação a cada 21.000 anos. “Ambos os parâmetros apresentaram um máximo simultâneo e mutuamente reforçador exclusivamente durante o último período quente”, diz Weber, o que pode ter alterado os ventos de oeste que impulsionam a Corrente Circumpolar Antártica.
Com base também em outros dados, os pesquisadores concluíram que há evidências de que o ACC se deslocou em direção aos polos no último período interglacial em pelo menos cinco graus de latitude (aproximadamente 600 quilômetros).
“Isso trouxe águas mais quentes para mais perto das camadas de gelo da Antártida, o que pode ter contribuído para que o nível do mar subisse de 6 a 9 metros no último período interglacial”, explica Weber.
Dada a atual constelação de fatores orbitais, os pesquisadores acreditam que o sistema climático natural deverá deslocar o ACC para o norte nos próximos séculos ou milênios, neutralizando o deslocamento previsto para o sul devido às mudanças climáticas.
Os pesquisadores concluem, no entanto, que avaliar a importância relativa da variabilidade climática natural em comparação com a influência humana — um empreendimento complexo e incerto — é crucial para prever com precisão
mudanças na ACC no contexto de cenários de mudanças climáticas. O líder do projeto, Xufeng Zheng, afirma: “Em pesquisas futuras, será essencial combinar registros geológicos do passado com a modelagem climática”.
À medida que o gelo da Groenlândia recua, ele alimenta minúsculos organismos oceânicos. Para testar o porquê, cientistas recorreram a um modelo computacional do JPL e do MIT, que já foi chamado de laboratório
por *Sally Younger/NASA Fotos: Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, Estúdio de Visualização Científica da NASA, NASA, USGS/NASA/Landsat 7
Oescoamento da camada de gelo da Groenlândia está elevando nutrientes das profundezas do oceano e impulsionando o crescimento do fitoplâncton, segundo um novo estudo apoiado pela NASA . Em reportagem na Nature Communications: Earth & Environment, os cientistas usaram computação de ponta para simular a vida marinha e a física colidindo em um fiorde turbulento. Oceanógrafos estão ansiosos para entender o que impulsiona esses minúsculos organismos semelhantes a plantas, que absorvem dióxido de carbono e alimentam a pesca mundial.
A camada de gelo da Groenlândia, com mais de 1,6 km de espessura, está desprendendo cerca de 293 bilhões de toneladas (266 bilhões de toneladas métricas) de gelo por ano. Durante o pico do degelo no verão, mais de 1.200 metros cúbicos de água doce escoam para o mar a cada segundo, vindos de baixo da Geleira Jakobshavn , também conhecida como Sermeq Kujalleq, a geleira mais ativa da camada de gelo. As águas se encontram e despencam centenas de metros abaixo da superfície.
A pluma de água derretida é doce e mais flutuante do que a água salgada ao redor.
À medida que sobe, os cientistas levantaram a hipótese de que ela pode estar transportando nutrientes como ferro e nitrato — um ingrediente essencial em fertilizantes — para o fitoplâncton que flutua na superfície.
Pesquisadores rastreiam esses organismos microscópicos porque, embora muito menores que a cabeça de um alfinete, eles são titãs da teia alimentar oceânica. Habitando todos os oceanos, dos trópicos às regiões polares, eles alimentam o krill e outros herbívoros que, por sua vez, sustentam animais maiores, incluindo peixes e baleias.
de cor azul-petróleo
“Sem fitoplâncton, talvez não consigamos respirar ou comer sushi”, disse Aimee Neeley, oceanógrafa da NASA em Goddard. Grandes florações verdes de fitoplâncton rodopiam nas águas escuras ao redor de Gotland, uma ilha sueca no Mar Báltico
Modelo de ecossistema oceânico de Darwin impulsionado pelos campos de circulação oceânica da ECCO. O modelo simula 35 espécies de fitoplâncton, variando em tamanho de 0,6 a mais de 200 µm em diâmetro esférico equivalente, e 16 zooplânctons, variando de 6 a mais de 2000 µm de diâmetro. As cores mostram diferentes agrupamentos de tipos funcionais de fitoplâncton. Essa ecologia oceânica realista, baseada na “sobrevivência do mais apto”, é a base do modelo de biogeoquímica oceânica ECCO-Darwin, que utiliza um ecossistema simplificado baseado nas espécies mais bem-sucedidas na simulação acima
Trabalhos anteriores utilizando dados de satélite da NASA constataram que a taxa de crescimento do fitoplâncton nas águas do Ártico aumentou 57% somente entre 1998 e 2018. Uma infusão de nitrato das profundezas seria especialmente crucial para o fitoplâncton da Groenlândia no verão, após a maioria dos nutrientes ter sido consumida pelas florações anteriores da primavera. Mas a hipótese tem sido difícil de testar ao longo da costa, onde o terreno remoto e os icebergs do tamanho de quarteirões dificultam observações de longo prazo.
“Enfrentamos o problema clássico de tentar entender um sistema tão remoto e enterrado sob o gelo”, disse Dustin Carroll, oceanógrafo da Universidade Estadual de San José, também afiliado ao Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, no sul da Califórnia. “Precisávamos de um modelo computacional de primeira linha para ajudar”.
Para recriar o que estava acontecendo nas águas ao redor da geleira mais ativa da Groenlândia, a equipe utilizou um modelo oceânico desenvolvido no JPL e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge. O modelo incorpora quase todas as medições oceânicas disponíveis, coletadas por instrumentos marítimos e por satélite nas últimas três décadas. Isso equivale a bilhões de pontos de dados, desde a temperatura e salinidade da água até a pressão no fundo do mar.
O modelo é chamado de Estimativa da Circulação e do Clima do Oceano-Darwin (ECCO-Darwin, abreviação).
Um dos principais focos da ECCO-Darwin é representar melhor esses processos em uma estrutura de modelagem assimilativa de dados. O Contínuo Aquático Terra-Oceano (LOAC). Apesar de sua importância no balanço de carbono do sistema terrestre, os fluxos de carbono, água doce, nutrientes e sedimentos da terra para o oceano têm sido, até o momento, negligenciados nos modelos biogeoquímicos globais do oceano.
Simular “biologia, química e física se unindo” em apenas um bolsão ao longo dos 43.000 quilômetros de litoral da Groenlândia é um enorme problema matemático, observou o autor principal Michael Wood, oceanógrafo computacional da Universidade Estadual de San José. Para destrinchar, ele disse que a equipe construiu um “modelo dentro de um modelo dentro de um modelo” para ampliar os detalhes do fiorde ao pé da geleira.
Usando supercomputadores no Centro de Pesquisa Ames da NASA, no Vale do Silício, eles calcularam que os nutrientes de águas profundas impulsionados pelo escoamento glacial seriam suficientes para aumentar o crescimento do fitoplâncton no verão em 15 a 40% na área de estudo.
O aumento do fitoplâncton pode ser benéfico para os animais marinhos e a pesca da Groenlândia? Carroll afirmou que desvendar os impactos no ecossistema levará tempo. O derretimento da camada de gelo da Groenlândia deverá acelerar nas próximas décadas, afetando tudo, desde o nível do mar e a vegetação terrestre até a salinidade das águas costeiras.
“Reconstruímos o que está acontecendo em um sistema-chave, mas há mais de 250 geleiras semelhantes ao redor da Groenlândia”, disse Carroll. Ele observou que a equipe planeja estender suas simulações para toda a costa da Groenlândia e além.
Algumas mudanças parecem estar impactando o ciclo do carbono tanto positiva quanto negativamente: a equipe calculou como o escoamento da geleira altera a temperatura e
a química da água do mar no fiorde, tornando-a menos capaz de dissolver dióxido de carbono. Essa perda é compensada, no entanto, pelas maiores florações de fitoplâncton, que absorvem mais dióxido de carbono do ar durante a fotossíntese.
Wood acrescentou: “Não criamos essas ferramentas para uma aplicação específica. Nossa abordagem é aplicável a qualquer região, do Golfo do Texas ao Alasca. Como um canivete suíço, podemos aplicá-la a diversos cenários”.
A visualização mostra os tipos dominantes de fitoplâncton de 1994 a 1998, gerados pelo Projeto Darwin, utilizando um modelo oceânico e de ecossistemas de alta resolução. O modelo contém campos de fluxo de 1994 a 1998 (gerados pelo modelo ECCO2), nutrientes inorgânicos, 78 espécies de fitoplâncton, zooplâncton, bem como partículas e matéria orgânica dissolvida. As cores representam o tipo mais dominante de fitoplâncton em um determinado local, com base em seu tamanho e capacidade de absorver nutrientes. Vermelho representa diatomáceas, amarelo representa flagelados, verde representa proclorococos e ciano representa sinequicocos
Éum paradoxo que, apesar da abundante agrobiodiversidade mundial, a maioria das nações dependa cada vez mais de apenas três culturas básicas — arroz, trigo e milho — para atender às necessidades básicas de calorias e proteínas. Sinais de alerta apontam para pontos de inflexão ecológicos e sociais que se aproximam rapidamente — limiares que podem desencadear danos irreversíveis com graves consequências para a segurança alimentar global.
Mobilizando uma
Comunidade Internacional de Agrobiodiversidade
Para a comunidade da agrobiodiversidade, isso serve como um chamado à ação: precisamos acelerar os esforços para diversificar os sistemas alimentares, a fim de eliminar as lacunas de fome e desnutrição em meio à dupla crise climática e natural.
75% dos alimentos do mundo são gerados a partir de apenas 12 plantas e cinco espécies animais
Para os oito bilhões de habitantes do mundo, apenas 12 espécies de plantas e cinco espécies de animais respondem por cerca de 75% do suprimento global de alimentos.
Plantas: Açúcar(Cana e beterraba) milho, arroz, trigo, batata, soja, mandioca, tomate, banana, cebola, maçã, uva
Animais: Vacas, galinhas, porcos, cabras, ovelhas. *Classificação pela tonelada produzida, não por calorias,
Coincidindo com a comemoração deste ano do Dia Mundial das Abelhas e do Dia da Biodiversidade, a Aliança da Biodiversidade Internacional e o CIAT e a Academia Chinesa de Ciências Agrícolas (CAAS) lideraram a comunidade internacional a atender ao chamado e a intensificar ações concretas, uma meta de cada vez.
Reverter as ameaças à extinção de culturas e recursos genéticos é o tema central do Congresso Internacional de Agrobiodiversidade, foi coorganizado pela Universidade Agrícola de Yunnan ( YAU) e pelo Governo Provincial de Yunnan.
Na sua terceira edição, mais de 800 especialistas e acadêmicos de 60 países diferentes se reuniram em Kunming, na Cidade da Primavera, na província de Yunnan, para definir compromissos urgentemente necessários e mobilizar as partes interessadas em busca de soluções específicas para alcançar a segurança alimentar e nutricional e sistemas alimentares resilientes ao clima.
“Se usarmos a agrobiodiversidade para reduzir as lacunas em termos de insegurança alimentar, desnutrição e desenvolvimento econômico, também poderemos contribuir para alcançar os objetivos de desenvolvimento. Temos muito interesse em elevar a importância do uso da agrobiodiversidade para criar novos meios de subsistência e modelos econômicos para nossos pequenos produtores”, disse Marcela Quintero, Diretora Geral Associada da Aliança.
Ela destacou a necessidade de aumentar a conscientização sobre ações coletivas, especialmente para garantir que os sistemas alimentares sejam diversos, tanto na produção quanto na alimentação dos consumidores.
“Há muitas oportunidades para construir mais prosperidade no campo se usarmos uma agrobiodiversidade melhor e em maior quantidad.”. A China, um dos oito centros de origem de Vavilov no mundo , é uma escolha adequada para o Congresso deste ano, pois abriga alta diversidade genética em pelo menos 136 plantas endêmicas. Somente a província de Yunnan, que abrange montanhas elevadas e florestas tropicais, abriga mais da metade das espécies vegetais da China, 70% das espécies animais e fúngicas e mais de 80% dos tipos de vegetação.
Mas a biodiversidade mundial enfrenta uma emergência. Provavelmente ainda pior do que as mudanças climáticas, afirma François Stepman, especialista do Fórum Global de Pesquisa e Inovação Agrícola. Com a maior parte do financiamento ainda canalizada para três culturas básicas, o Congresso de 20 a 22 de maio foi uma plataforma oportuna para repensar as prioridades de pesquisa, destacando espécies negligenciadas e subutilizadas como recursos essenciais para diversificar as dietas e a nutrição de todas as pessoas.
Stepman enfatizou: “Quando perdemos variedades de plantas e animais, é irreversível. Ainda é possível negociar sobre o clima, mas não é possível negociar com a diversidade deste planeta”.
O Congresso não poderia ter ocorrido em melhor hora — ou em um lugar mais simbólico: o berço do Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal (KMBGF). Por meio de uma série de sessões interativas e aprofundadas que desvendam soluções inovadoras para desafios complexos na conservação e no uso de recursos agrícolas e genéticos, os resultados do Congresso agora contribuem diretamente para o Manifesto de Kunming — impulsionando o impulso para acelerar o KMBGF e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030, ambos com apenas cinco anos restantes.
“Nós conseguimos! Há um impulso real agora e uma compreensão crescente de que podemos mudar o sistema se trabalharmos juntos”, disse Carlo Fadda, Diretor de Pesquisa em Agrobiodiversidade da Aliança e Presidente do Comitê Científico do Congresso. “Se construirmos uma rede forte e mantivermos as conexões entre as diversas partes interessadas reunidas aqui, podemos criar a pressão necessária para
mudar o status quo e tornar os sistemas alimentares mais sustentáveis e positivos para a natureza”.
Do laboratório à terra, o Manifesto de Kunming ampliará mudanças tangíveis ao apresentar histórias reais de abordagens integradas bem-sucedidas da ciência, formuladores de políticas, agricultores e profissionais, e do setor
Carlo Fadda, Diretor de Pesquisa em Biodiversidade para Alimentos e Agricultura da Aliança da Biodiversidade Internacional e do CIAT. Ele também preside o Comitê Científico do Congresso Internacional de Agrobiodiversidade, onde ajudou a desenvolver o Manifesto de Kunming, que defende uma maior integração da agrobiodiversidade nas políticas do sistema alimentar. Doutor em Biologia Evolutiva
Congresso Internacional de Agrobiodiversidade. Assista o YouTube: www.youtu.be/gjB4Qi2SJDs
privado. Esta declaração, que orientará os próximos cinco anos, entrelaça agrobiodiversidade, nutrição, resiliência climática e sustentabilidade econômica em todas as regiões do mundo.
Algumas tendências e números relacionados à agrobiodiversidade
☆ Desde a década de 1900, cerca de 75% da diversidade genética das plantas foi perdida, pois agricultores do mundo todo abandonaram suas diversas variedades locais e raças nativas em favor de variedades geneticamente uniformes e de alto rendimento.
☆ 30% das raças de gado estão em risco de extinção; seis raças são perdidas a cada mês.
☆ Hoje, 75% dos alimentos do mundo são gerados por apenas 12 plantas e cinco espécies animais.
☆ Das 4% das 250.000 a 300.000 espécies de plantas comestíveis conhecidas, apenas 150 a 200 são utilizadas pelos humanos. Apenas três — arroz, milho trigo — contribuem com quase 60% das calorias e proteínas obtidas pelos humanos a partir das plantas.
* Os animais fornecem cerca de 30% das necessidades humanas de alimentação e agricultura, e 12% da população mundial vive quase inteiramente de produtos de ruminantes.
O novo mapa de aptidão agrícola das terras do Brasil foi apresentado recentemente na solenidade de 50 anos da Embrapa Solos, no Teatro Ecovilla Ri Happy – Sala Tom Jobim, na Rio de Janeiro (RJ)
Como foi feito o novo mapa
Os especialistas informam que os dados de entrada para desenvolvimento do trabalho de avaliação do potencial das terras do Brasil para uso agrícola são oriundos do Mapa de Solos do Brasil, na escala 1:250.000, lançado pelo IBGE em 2018, conjugado ao Mapa de Áreas não Desmatadas da Amazônica Legal, conforme mapeamento de 2007 do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), liderado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e ao Mapa de Unidades de Conservação de Proteção Integral e Terras Indígenas, lançado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) em 2020.
O pesquisador Amaury de Carvalho Filho explica que o trabalho foi realizado de acordo com o Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola da Terras, método adotado pela Embrapa, desenvolvido para atender necessidades gerais de planejamento do uso das terras e propiciar a decodificação das informações técnicas disponibilizadas nos levantamentos pedológicos. Esses estudos viabilizam a aplicação prática do inventário dos recursos de solos de determinada área ou região, cuja distribuição espacial é representada em mapas de solos de diferentes escalas. Para interpretar a grande quantidade de dados disponíveis no mapa de solos do Brasil, a avaliação foi realizada por meio do estabelecimento de cruzamentos entre as diferentes características expressas na denominação dos solos, correspondentes aos quatro níveis do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), e informações de textura, tipo de horizonte superficial, saturação por bases, relevo e ocorrência de pedregosidade, rochosidade e erosão.
“Os trabalhos de avaliação da aptidão agrícola por meio desse método são realizados há bastante tempo, abrangendo áreas de dimensões variadas, desde microbacias até grandes regiões, incluindo unidades da federação. Mas ainda não havia sido realizada uma avaliação semelhante a essa que estamos lançando, que aborda todo o território nacional de uma forma integrada”, acrescenta.
O pesquisador ressalta, ainda, que foram excluídas dessa avaliação as áreas de unidades de conservação, estaduais e federais, e as terras indígenas, bem como as áreas não desmatadas da Amazônia Legal. “Assim, devido à condição especial do bioma Amazônia, reserva natural da biodiversidade, somente suas áreas desmatadas foram consideradas na avaliação da aptidão agrícola, com o propósito de embasar a exploração sustentável das terras já incorporadas ao processo produtivo”.
Já está disponível para a sociedade a versão atualizada do mapa de aptidão agrícola das terras do Brasil, na escala um para 500 mil (1:500.000), que indica em nível regional o potencial das terras para uso com lavouras, em três níveis de manejo, ou para usos menos intensivos, com pastagem plantada, silvicultura ou pastagem natural. Os estudos que resultaram na classificação da aptidão agrícola em todas as regiões brasileiras foram desenvolvidos por pesquisadores da Embrapa Solos (RJ) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com aporte financeiro do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
O mapa está disponível gratuitamente na plataforma da Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa (GeoInfo) e no Portal de Dados da Plataforma Tecnológica do PronaSolos. O ativo cartográfico subsidiará o direcionamento de políticas
públicas relacionadas ao uso da terra e tomada de decisão, em escala regional, para conservação e sustentabilidade da atividade agrícola. A atual versão é apre-
sentada como uma segunda aproximação, ainda devendo passar por mais uma etapa de revisão e aprimoramento para complementação e melhor adequação das informações disponibilizadas.
Tecnologia é capaz de orientar políticas públicas e projetos agropecuários regionais e estaduais. Levantamento exclui áreas protegidas, terras indígenas e regiões não desmatadas da Amazônia
Potencial de uso para lavouras em três tipos de manejo, pastagens plantada ou natural e silvicultura
Pela metodologia adotada, as terras foram avaliadas quanto às possibilidades de aproveitamento agropecuário tendo em vista suas qualidades naturais e a viabilidade de melhoramento das condições agrícolas por meio do emprego de insumos e aplicação de diversas práticas de manejo, em distintos níveis tecnológicos.
Para as diferentes classes de solo, foram avaliadas as possíveis interações entre os atributos mais relacionados aos cinco fatores limitantes ao uso agrícola das terras: deficiência de fertilidade, deficiência de água, deficiência de oxigênio (ou excesso de água), suscetibilidade à erosão e impedimentos à mecanização. No caso da avaliação da aptidão para silvicultura foi considerado, adicionalmente, o fator limitante “impedimentos ao enraizamento”.
Para cada um desses fatores, explicam os pesquisadores, foram atribuídos graus de limitação – nulo, ligeiro, moderado, forte, muito forte, extremamente forte e intermediários –, que expressam o grau de desvio das terras em relação a uma situação ideal. Levando em consideração as diferentes condições socioeconômicas ao alcance
do agricultor, foram considerados na avaliação três níveis de manejo (A, B e C), que representam distintos níveis tecnológicos: o primeiro deles (o nível A) contemplando apenas o emprego de técnicas simples e rudimentares; o nível B, para o qual estão previstos recursos tecnológicos intermediários, adequado a produtores de média capacidade de investimento; e o nível C, correspondente à agricultura moderna altamente tecnificada, com aplicação intensiva de capital e tecnologia.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Amaury de Carvalho Filho, essa diferenciação permite identificar o potencial de uso das terras tanto para pequenos produtores rurais, com baixo grau de instrução e descapitalizados, como para agricultores de nível médio e também para a agricultura em escala empresarial.
“Assim, por exemplo, uma determinada área com condições topográficas ou de solo desfavoráveis ao emprego de máquinas e implementos agrícolas pode não ser apropriada para a implantação de lavouras altamente tecnificadas, que requerem grande escala de produção, mas em contrapartida pode apresentar boas condições para o uso com agricultura familiar, em nível tecnológico mais baixo, possibilitando boa rentabilidade com modesto emprego de capital”, explica.
A classificação da aptidão agrícola prioriza as possibilidades de usos mais
Vai permitir identificar o potencial de uso das terras tanto para pequenos produtores rurais, com baixo grau de instrução e descapitalizados, como para agricultores de nível médio e também para a agricultura em escala empresarial
O mapa de aptidão agrícola das terras está disponível gratuitamente na plataforma da Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa (GeoInfo). Acesse pelos links abaixo:
*Mapa - www.geoinfo.dados.embrapa.br/catalogue/#/map/6499
*Painel de informações - www.geoinfo.dados.embrapa.br/catalogue/#/dashboard/6500
O mapa também está disponível na plataforma tecnológica do PronaSolos, na aba Zoneamentos/Interpretações.
nobres da terra, como é o caso das lavouras, seguida de usos menos intensivos. Para cada condição de manejo especificada no procedimento metodológico adotado – níveis A, B e C – foram identificadas as classes de aptidão agrícola “boa”, “regular” ou “restrita” para o uso com lavouras dos solos que ocorrem nas distintas unidades cartografadas no mapa. Por outro lado, caso o solo apresente condições inadequadas para exploração com culturas agrícolas, foram avaliadas as possibilidades de usos menos intensivos, referentes a pastagem plantada, pastagem nativa e silvicultura. “A avaliação para exploração florestal, ou silvicultura, no nível mais avançado (nível C) foi incorporada como uma inovação à metodologia utilizada. É um diferencial em relação aos trabalhos anteriores”, acrescenta Carvalho Filho.
O pesquisador reforça que um ponto importante da metodologia é a apresentação em formato digital da classificação da aptidão de maneira conjunta, indicando, ao mesmo tempo, o poten-
cial das terras para uso com lavouras nos três níveis de manejo ou para usos menos intensivos, com pastagem plantada, silvicultura, em nível tecnológico médio ou alto, ou pastagem nativa.
“Resumindo, esse mapa de aptidão agrícola das terras do Brasil apresenta a classificação para diferentes tipos de uso e níveis tecnológicos de exploração. Assim, para cada unidade espacial delimitada no mapa, e para os seus respectivos solos, são indicadas as classes de aptidão ‘boa’, ‘regular’ ou ‘restrita’ para lavouras nos três níveis de manejo, para pastagem plantada, para silvicultura ou para pastagem nativa, expressando o máximo potencial de uso agrícola de suas terras em nível regional”, detalha o pesquisador.
Outra indicação é a falta de viabilidade do aproveitamento agrícola de determinadas áreas (classe inapta), caso
não apresentem condições mínimas de sustentabilidade econômico-ambiental, devendo ser destinadas à preservação da natureza ou a algum outro tipo de uso não agrícola.
Suporte à tomada de decisão e subsídio a políticas públicas
Devido à grande extensão territorial do Brasil e ao caráter generalizado das informações sobre os solos e condições ambientais que embasam a interpretação realizada, o mapa de aptidão agrícola é apresentado na escala 1:500.000, considerada pelos pesquisadores mais adequada para representação do potencial de uso das terras. Por isso, sua aplicação é indicada para planejamentos de caráter regional – estados, regiões administrativas e grandes bacias hidrográficas.
Nessa escala, os cientistas do solo destacam que as informações do mapa nacional de aptidão agrícola podem ser usadas, por exemplo, para fins de direcionamento de atividades agropecuárias e alocação de recursos e regionalização de incentivos, ou mesmo para definição da distribuição de redes viárias de escoamento da produção, priorização de estratégias conservacionistas em áreas mais vulneráveis à degradação e também como subsídio a zoneamentos diversos. “Além disso, este mapeamento pode ser utilizado na avaliação do potencial de expansão da produção agrícola em nível municipal ou de microrregiões geográficas, assim como para direcionamento e adequação de projetos de extensão rural ou, ainda, para identificação de áreas preferenciais para preservação e formação de parques”, salienta o pesquisador da Embrapa José Francisco Lumbreras. Dois programas de estado que devem ser diretamente beneficiados são o Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos do Brasil (PronaSolos) e o Programa Nacional de Zoneamento de Risco Climático (Zarc).
“Mesmo com a limitação inerente à pequena escala deste mapa de aptidão agrícola do Brasil, cujas unidades espacializadas abrangem áreas extensas, de no mínimo mil hectares, o que torna inviável sua aplicação direta para tomada de decisão em nível de fazendas, as informações podem ser utilizadas por cooperativas rurais e associações de produtores, ou mesmo por proprietários de áreas maiores, como instrumento auxiliar para avaliações de adequação e riscos de insucesso de empreendimentos agropecuários”, pondera Lumbreras.
Pesquisadores sugerem que as fileiras de estruturas pontiagudas nas cabeças dos peixesrato-pintados são dentes verdadeiros, oferecendo o primeiro exemplo conhecido de dentes localizados fora da mandíbula
No fundo do oceano, você pode encontrar um peixe estranho com dentes não apenas na boca, mas também na cabeça.O peixe-rato-pintado , um parente dos tubarões, mede cerca de 60 centímetros de comprimento e é encon-
trado no nordeste do Oceano Pacífico. A espécie pertence a um grupo de peixes cartilaginosos chamados quimeras (também conhecidos como tubarões-fantasma ), e seus machos possuem uma característica distinta chamada tentáculo.
Este apêndice se projeta da testa do peixe-rato e é usado para agarrar as fêmeas durante o acasalamento. Além disso, o tenáculo parece ser coberto por dentes afiados e retráteis.
Uma equipe de pesquisadores decidiu determinar se essas saliências pontiagudas são dentes verdadeiros, relacionados aos da boca do animal, ou apenas estruturas semelhantes a dentes, conhecidas como dentículos, vistas em alguns tubarões e raias.
Estudos sugerem que os primeiros dentes e mandíbulas evoluíram há cerca de 450 milhões de anos .
Para descobrir, os cientistas examinaram espécimes de peixe-rato usando microtomografias computadorizadas e amostras de tecido, comparando-os com centenas de outros peixes. Descobriram que as estruturas eram fileiras de dentes de verdade, enraizados em um tecido chamado lâmina dentária, que ajuda a dar origem a novos dentes. Esta descoberta marca a primeira vez que a lâmina dentária foi documentada fora da mandíbula.
“Essa característica insana e absolutamente espetacular inverte a antiga suposição da biologia evolutiva de que os dentes são estruturas estritamente orais”, afirma Karly Cohen , pesquisadora da Universidade de Washington, em um comunicado . “O tenáculo é uma relíquia do desenvolvimento, não um caso isolado e bizarro, e o primeiro exemplo claro de uma estrutura dentada fora da mandíbula”.
Os pesquisadores também identificaram genes no tenáculo encontrados apenas em dentes verdadeiros, reforçando ainda mais os resultados. As descobertas foram publicadas na Proceedings of the National Academy of Sciences, recentemente.
“Acho absolutamente incrível que os tubarões-fantasma tenham dentes crescendo na testa”, disse Dominique Didier, ictiólogo da Universidade Millersville que não estava envolvido na pesquisa, a Jack Tamisiea.
Os dentes do tenáculo são usados para agarrar a fêmea durante o ato sexual. O peixe-rato-pintado também possui clásperes pélvicos para esse propósito, que também apresentam estruturas semelhantes a dentes.
Mas os clásperes pélvicos não apresentaram evidências genéticas de dentes verdadeiros, sugerindo que se tratam apenas de dentículos.
No tentáculo, os dentes em forma de gancho formam sete ou oito fileiras. “As fileiras de dentes estão todas organizadas de forma muito semelhante nesta esteira de dentes que vemos nos tubarões”, disse o coautor do estudo, Gareth Fraser, biólogo evolucionista da Universidade da Flórida. Os pesquisadores analisaram o registro fóssil de espécies intimamente relacionadas que também possuem um tentáculo e encontraram evidências de dentes nesses animais.
O Helodus simplex , um peixe cartilaginoso com aproximadamente 315 milhões de anos, possui o exemplo mais antigo conhecido de tentáculo. O tenáculo do H. simplex estava mais próximo da mandíbula, em comparação com o do peixe-rato atual. Ao longo dos anos, esse tenáculo pode ter evoluído para os dentes que o peixe-rato possui atualmente na cabeça, de acordo com o artigo. O ictiólogo Dominique Didier, disse que o tentáculo pode ter evoluído para um propósito além do acasalamento, porque as fêmeas de uma linhagem de peixe-rato têm vestígios da estrutura, o que sugere que ela já foi encontrada em ambos os sexos. Tomografias computadorizadas dos fósseis e de quimeras modernas deram aos cientistas
Variações no estado hídrico foliar e tolerância à seca de espécies de árvores dominantes que crescem em florestas tropicais multi-idade florestais na Tailândia
(A e B) Fotografia de um macho adulto de H. colliei em Puget Sound. (Fotografia usada com permissão de Tiare Boyes) (C) Tomografia computadorizada de um macho de H. colliei. (D) Tomografia computadorizada de volume do espinho dorsal em vista ventral, destacando as serrilhas ao longo do espinho. (E) Representação volumétrica do bico modificado, com regiões hipermineralizadas visíveis como colunas frisadas. (F) Representação volumétrica dos cláspers e da anatomia pré-pélvica. A pélvis é cravejada com seis dentículos grandes, e os cláspers são cobertos por centenas de dentículos pequenos em formato romboide. (G e H) Segmentação do tenáculo adulto, com dentes coloridos para destacar o arranjo. Escala, 1 cm.
insights detalhados e sem precedentes sobre o desenvolvimento dos dentes do tenáculo, que se pareciam notavelmente com os dentes dos tubarões atuais.
O prego no caixão veio da evidência genética. Os dentes do tentáculo expressam genes encontrados apenas em dentes verdadeiros, nunca em dentículos de pele de tubarão.
“O que eu acho muito interessante neste projeto é que ele fornece um belo exemplo de manipulação evolutiva ou ‘bricolagem’”, disse Michael Coates, Ph.D., professor de biologia na Universidade de Chicago:”Temos uma combinação de dados experimentais com evidências paleontológicas para mostrar como esses peixes se apropriaram de um programa preexistente de fabricação de dentes para criar um novo dispositivo essencial para a reprodução”.
Karly Cohen , Ph.D., pesquisadora de pós-doutorado no Friday Harbor Labs da Universidade de Washington e primeiro autor do artigo, disse que os cientistas nunca haviam identificado dentes fora da boca dessa maneira antes.
“O tentáculo é uma relíquia do desenvolvimento, não um caso isolado e bizarro, e o primeiro exemplo claro de uma estrutura dentada fora da mandíbula”, disse ela.
O caminho bizarro da boca cheia de dentes até os dentes da testa usados para acasalamento demonstra a impressionante flexibilidade da evolução, dizem os pesquisadores, sempre pronta para redirecionar estruturas para novos usos estranhos e inesperados.
“Ainda há muitas surpresas nas profundezas do oceano que ainda precisamos descobrir”, disse Fraser.