Prezado Leitor, “Blow-Up” é um filme de 1966 dirigido por Michelangelo Antonioni Ele é frequentemente considerado um clássico do cinema, especialmente na categoria de filmes artísticos e do movimento cinematográfico italiano conhecido como “Cinema Morderno”. O filme segue a história de um fotografo de moda em Londres que, acidentalmente, fotografa um assassinato enquanto está trabalhando em um parque. Uma das cenas mais famosas e significativas do filme envolve a ampliação de uma fotografia. O protagonista, após fazer uma série de fotos no parque, retorna ao seu estúdio e começa a examinar as imagens em detalhes. Ele faz diversas ampliações das fotografias (as ampliações de diversos cortes de um único fotograma é que denomina-se na fotografia, BlowUp) e ao estudá-las, minuciosamente, começa a perceber pistas sutis do assassinato que ocorreu no parque Essa sequência é crucial para a trama do filme e para o seu tema central sobre percepção e realidade
A ampliação da fotografia simboliza a busca pela verdade e a tentativa de entender o mundo através das imagens capturada No entanto o filme sugere que a realidade é muitas vezes elusiva e pode ser distorcida pela percepção subjetiva
A cena da ampliação da fotografia também destaca o poder da imagem e da fotografia como meio de documentação e interpretação da realidade
Em suma, "Blow-Up" é um filme que explora questões profundas sobre percepção, realidade e o papel da fotografia na compreensão do mundo ao nosso redor Sua cena de ampliação de fotografia é apenas uma das muitas camadas que tornam o filme uma experiência cinematográfica fascinante e provocativa Filme que influenciou muitos de nós fotógrafos amadores e profissionais
Neste número contamos com a participação dos Fotógrafos Especialistas, Dalva Couto, Davy Alexandrisky, Fabiano Cantarino, Fernando Talask, Herminio Lopes, Leny Fontenelle, Leo Mano, Luiz Ferreira, Marco Antonio Perna, Margarida Moutinho e Ináh Garrantino, Pedro Karp Vasquez, Renato Nabuco Fontes e Thiago Campos
A REVISTA INFOTO NÃO SE RESPOSABILIZA PELO CONTEÚDO DOS ANÚNCIOS E CLASSIFICADOS DE TERCEIROS, E NEM POR FOTOGRAFIAS INSERIDAS NOS ARTIGOS DE NOSSOS COLUNISTAS
FOTO DA CAPA
Sumário Sumário
03-EditorialeExpediente
08 - CABEÇAS CORTADAS DO BANDO DE LAMPIÃO, FOTÓGRAFO
DESCONHECIDO, SANTANA DO IPANEMA, 1938
Fotógrafo Pedro Karp Vasquez
11 - Exposição Individual Fotógrafo
Fotógrafo Marco Antonio Perna
17 - Última Parada: Estação
Leopoldina
Fotógrafo Leo Mano
24 - Qual o lugar da Fotografia nos dias de hoje?
Fotógrafo Fernando Talask
28 - Trilhando o Caminho das Estrelas
Fotógrafa Dalva Couto
35... no meu tempo...
Fotógrafo Davy Alexandrisky
40 - Fotografia Icônica História Emocionante
Fotógrafo Thiago Campos
05 - Galeria dos Leitores
10 - HISTÓRIA DA MINHA
FOTOGRAFIA
Fotógrafa Leny Fontenelle
15 - Dom Pedro II Um Entusiasta da Fotografia
Fotógrafo Herminio Lopes
MATERIA DA CAPA
20 - Entre os passadiços na montanha e o banho no rio Zêzere Margarida Moutinho e Ináh Garritano
27 - Escolhas
Fotógrafo Luiz Ferreira
31 - O Guia de Poses de Johannes Vermeer Parte 2
Fotógrafo Fabiano Cantarino
38 - Coluna Your Self
Renato Nabuco Fontes
41 - Acontecendo
Fotógrafo Antonio Alberto Mello Simão
43 - O Leitor Escreve
Galeria dos Leitores
Passarela BRT
Fotógrafo Bebeto Vieira Vieira
São Gonçalo - RJ - BR
Brasília
Fotógrafo Antonio Alberto Mello Simão Niterói - RJ - BR
Mosteiro de São Bento - RJ Fotógrafo Agnnaldo Motta
Niterói - RJ - BR
Praia da Pajuçara
Fotógrafa Wislaine Ataíde
Maceió - AL - BR
Praia de Icaraí
Fotógrafo Fabricio Arriaga
Niterói - RJ - BR
Sem Título
Fotógrafo João Pereira Fidalgo Tomar - Portugal
Recantos do Rio Pomba
Fotógrafa Lucia Richa
Santo Antônio de Pádua - RJ - BR
Sol do Inverno
Fotógrafa Lara Simão Fontes
Niterói - RJ - BR
Sem Título
Fotógrafa Wilma Amarante
Niterói - RJ - BR
Largo da Carioca RJ
Fotógrafo Alexandre Nicolau
Niterói - RJ - BR
CABEÇASCORTADASDOBANDO DELAMPIÃO,FOTÓGRAFO
DESCONHECIDO,SANTANADO IPANEMA,1938
FotógrafoPedroKarpVasquez
Síntese sinistra de uma época violenta, a imagem de Lampião, Maria Bonita e nove outros cangaceiros decapitados suscita uma série de conexões, todas igualmente macabras. O arranjo em forma piramidal diante do Quartel do 2º Batalhão do Regimento da Polícia Militar de Alagoas, em Santana do Ipanema, evoca um altar às avessas, destinado não à louvação e sim à execração pública dos personagens expostos.
Virgulino Ferreira da Silva (1898-1938) e seu bando aterrorizaram o Nordeste durante as décadas de 1920 e 1930, deixando por onde passavam um rastro de sangue e sofrimento em meio à poeira difusa da mistificação lendária. Versão sertaneja e imperfeita do mito de Robin Hood, os cangaceiros não costumavam “roubar dos ricos para dar aos pobres” como o herói da floresta de Nottingham, mas adquiriram para muitos a aura de justiceiros pelo fato de ousarem atacar e humilhar os ricos e poderosos.
O gesto bárbaro da decapitação e da subsequente exposição em praça pública das cabeças cortadas se explica: visava comprovar de modo inequívoco a morte do “rei do cangaço” e de seus asseclas. Mas, ainda assim, há quem jure que Lampião e sua fiel companheira, Maria Bonita (Maria Gomes de Oliveira, 1911-1938), escaparam da emboscada da madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota Angicos, em Sergipe, e se refugiaram no Ceará, onde morreram de velhice em um pequeno sítio bem escondido...
O beato Antônio Conselheiro também foi retratado postumamente, pelo fotógrafo expedicionário Flávio de Barros, com seu corpo tendo que ser exumado para que o retrato pudesse ser feito. Com Che Guevara não foi preciso tanto: ele foi fotografado antes do sepultamento com um arranjo evocativo de uma bizarra lição de anatomia. Apesar de acreditar no valor documental da fotografia, a CIA fez com que seu agente na Bolívia, Gustavo Villoldo, mandasse decepar as mãos do Che para enviá-las aos EUA, de modo a possibilitar confirmação inequívoca de sua identidade.
FotógrafaLenyFontenelle
Já estou ficando figurinha marcada nesses prédios… ih lá vem aquela mulher de novo….Pra fazer as mesmas fotos. Aí é que se enganam. Cada foto é única.
E-mail:contato.revistainfoto@gmail.com
Exposição Individual
Fotógrafo Marco Antonio Perna
Marco Antonio Perna é um fotógrafo com uma trajetória diversa e rica em experiências. Iniciou sua carreira em 1997, registrando o II Encontro Internacional de Dança no Hotel Glória, no Rio de Janeiro. Desde então, desenvolveu foco em foto documentação de eventos de dança de salão e outras modalidades artísticas, como jazz, ballet e danças étnicas. Sendo pesquisador com livros de história da dança de salão brasileira publicados, como o “Samba de Gafieira: a história da dança de salão brasileira” (de 2001) e a coletânea “200 Anos de Dança de salão no Brasil”, foi natural lançar um livro fotográfico nesse mesmo tema, o livro "Bailes Cariocas", de 2021. Este último livro reúne imagens de shows e bailes cariocas, um projeto que ele desenvolveu ao longo de muitos anos, inspirado por fotógrafos como Joel Meyerowitz e Martin Parr. É analista de sistemas e possui mestrado no tema de imagens digitais no Instituto Militar de Engenharia (1994).
Além de seu trabalho em fotografia documental realizou também um projeto de nu artístico, que durou de 2015 a 2017, onde explorou temas como a condição humana e a representação do corpo feminino, com um olhar que foge ao clichê do tema e com foco em iluminação low key.
Possui premiações em sites de competição fotográfica, nos mais diversos temas, especialmente em fotografia de rua.
Possui várias medalhas conquistadas em diversos salões e sites de fotografia. Publicou diversos artigos sobre fotografia em vários sites e revistas afins.
Maiores detalhes sobre seu trabalho podem ser vistos em seu site oficial: www.marcoantonioperna.com.br
Curador: Antonio Alberto Mello Simão
DomPedroII UmEntusiastada Fotografia
FotógrafoHerminioLopes
Olá pessoal da Infoto. Nesta edição, vamos falar um pouco sobre “antigamente”, afinal muitos de nossos amigos fotógrafos desconhecem essa parte da história.
A familia imperial – Foto: Alberto Henschel
Como é sabido, Dom Pedro II foi um grande entusiasta da fotografia, seja como mecenas ou colecionador. Foi o primeiro brasileiro a possuir um daguerreótipo, a primeira câmera da época, e, foi o primeiro fotógrafo nascido no Brasil que se tem conhecimento. Como tinha grande interesse no assunto, implantou e ajudou o desenvolvimento da fotografia no país. Sua filha, a princesa Isabel foi, inclusive, aluna do fotógrafo alemão Revert Henrique Klumb.
Quando foi banido do país, em 1889, pelos fundadores da republica, D. Pedro II doou sua coleção de cerca de 25 mil fotos à Biblioteca Nacional, que então denominou, junto com a coleção de livros, de “Coleção Dona Theresa Christina Maria”. Segundo Pedro Vasquez (Escritor, Historiador, Fotógrafo e Jornalista – tem, inclusivo, uma coluna na Revista INFOTO), essa coleção é, até hoje, “o mais diversificado e precioso acervo dos primórdios da fotografia brasileira jamais reunido por um particular, e tampouco por uma instituição pública”.
A notícia do invento do daguerreótipo chegou ao Brasil a uma velocidade curiosa: em 7 de janeiro de 1839, na Academia de Ciências da França, foi anunciada a descoberta da daguerreotipia, um processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce e Louis Jacques Mandé Daguerre; cerca de 4 meses depois, foi publicado no Jornal do
Commercio, um artigo sobre o assunto – apenas 10 dias após de ter sido o tema de uma carta do inventor norte-americano Samuel F. B., escrita em Paris em 9 de março de 1839, para o editor do jornal New York Observer. O interesse de dom Pedro II pela fotografia teve quase a mesma idade do próprio daguerreótipo: menos de um ano após o anuncio da invenção na França, ele, aos 14 anos, adquiriu o equipamento, em março de 1840, mesmo ano em que o abade francês Louis Comte apresentou-lhe o invento no Rio de Janeiro (Jornal do Commercio).
Por sediar o Império, o Rio de Janeiro foi a capital da fotografia no Brasil. O imperador foi retratado por diversos fotógrafos, tendo conhecido praticamente o trabalho de todos eles. A fotografia passou a ser o instrumento de divulgação da imagem de dom Pedro II, “moderna como queria que fosse o reino”, segundo comenta Lilia Moritz Schwarcz no livro As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos, e tornou-se também mais um símbolo de civilização e status. Foi um dos primeiros monarcas a oferecer seu real patrocínio a um fotógrafo, juntamente com a rainha Victoria da Inglaterra quando, em 1851, permitiu que Buvelot & Prat, que haviam realizado uma série de daguerreótipos de Petrópolis –todos desaparecidos – usassem as armas imperiais na fachada de seu estabelecimento fotográfico.
Fotógrafos: Alphonse Léon Nöel; Victor Frond - Dom Pedro II
Dom Pedro II governou o Brasil de 23 de julho de 1840 a 15 de novembro de 1889 e, segundo José Murilo de Carvalho, o fez “com os valores de um republicano, com a minúcia de um burocrata e com a paixão de um patriota. Foi respeitado por quase todos, não foi amado por quase ninguém”. Em seus quase 50 anos de governo – só superados pelas rainhas Vitória e Elizabeth II, ambas da Inglaterra – o tráfico de escravizados e a escravidão foram abolidos, a unidade do Brasil foi consolidada, as principais capitais brasileiras se modernizaram, a ciência e a cultura se desenvolveram. Sinais, sobretudo estes últimos, de um reinado que, não obstante o conservadorismo escravista dominante, perseguiu sempre uma pauta liberal, humanista e civilizatória.
Em seu diário de 1862, Pedro II declarou: “Nasci para consagrar-me às letras e às ciências, e, a ocupar posição política, preferia a de presidente da República ou ministro a imperador”. De fato, no século XIX, muito do que se fez no Brasil nos campos das letras e das ciências deveu-se a ele, um dos monarcas mais eruditos de sua época. É isso. Por hora já temos bastante história para ler até a próxima edição, rs rs. Mas se você quer saber mais, entre no site abaixo, há muito para ler.
Fonte de pesquisa e texto base: https://brasilianafotografica.bn.gov.br
Última Parada: Estação Leopoldina
Fotógrafo Leo Mano
Em junho de 2024 tive a oportunidade, o prazer e a dor de fotografar as últimas horas de existência da estação de trem “Barão de Mauá” (seu nome oficial). O terminal ferroviário foi inaugurado em 1926 pela “Estrada de Ferro Leopoldina” (ferrovia pioneira na região sudeste do país. Daí a origem do nome que os cariocas adotaram informalmente para a estação). O prédio principal será reformado e toda a área pertencente à estação (incluindo a gare, plataformas e oficinas) será remodelada. Mas não mais como estação de trem. Nunca mais. Ali serão construídas habitações para o programa “Minha Casa Minha Vida”, galpões para as principais escolas de samba do RJ, um espaço para eventos culturais e um centro de convenções.
O prédio principal foi projetado pelo arquiteto escocês Robert Prentice no estilo “eduardiano”. A foto mostra a bilheteria principal situada diante da gare para recepcionar os passageiros. No lado esquerdo ficam os elevadores de acesso aos escritórios e gabinetes administrativos.
O destino da “Leopoldina” não foi decidido repentinamente. Pelo contrário, a estação já estava desativada desde 2001. Estamos falando, portanto, de um local sem função há mais de 20 anos. Mesmo assim, sua importância na história do país é incontestável. Apesar de ser mais lembrada por abrigar o “Trem de Prata” (a linha de passageiros “Rio/São Paulo”), a estação também era responsável por levar e trazer os trabalhadores até os subúrbios da cidade e municípios vizinhos. Já os trens de carga, abasteciam toda
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a região sudeste do país. Hoje, o prédio principal da estação permanece abandonado numa região de grande fluxo da cidade e, por isso, é visto por milhares de pessoas todos os dias (impedindo que sua existência seja esquecida).
Pessoalmente, usei pouquíssimas vezes a “Estação Leopoldina”. Por isso, quando eu soube que iria fotografar ali (*), não tive nenhum sentimento nostálgico, mas sim uma sensação curiosa, semelhante a de quando vejo aquelas fotos de pessoas post mortem que eram comuns no passado (mas que hoje parecem um tanto macabras). Imaginei as locomotivas e vagões como corpos sem vida estacionados ao lado de plataformas vazias. A própria estação me lembrava um jazigo, onde toda uma história de desenvolvimento e visão de país foi enterrada. Até o almejado “Trem-Bala”, hoje não passa de uma canção lacrimosa (**).
As obras estavam marcadas para iniciar no dia seguinte da seção de fotos mas, na verdade, já era possível “esbarrar” em alguns operários enquanto fotografa. Não sei dizer o que será preservado e o que será removido para sempre. Por isso, minha intenção foi fotografar da forma mais conservadora possível, quase documental, ou seja, com enquadramentos naturais e assuntos óbvios (bilheterias, locomotivas, arquitetura, etc). Eu teria apenas duas horas para fotografar todo o complexo. O plano é voltar lá depois das reformas concluídas e fazer uma nova seção de fotos. Ainda não há uma data definida para isso (mas 2026 é um ano sugestivo, pois será o centenário do prédio principal).
Fotos: Leo Mano
Foto 1 “COBRASMA”: Na estrutura da suspensão (ou “truque”) ainda é possível ler o nome do fabricante, “COBRASMA” (Companhia Brasileira de Material Ferroviário). A empresa foi fundada em 1943 em decorrência da II Guerra Mundial. Os fornecedores internacionais de peças estavam comprometidos com os esforços de guerra. O Brasil foi obrigado a produzir, ele mesmo, as peças de que precisava. Em seu auge, a empresa chegou a ter 6.900 funcionários. Encerrou suas atividades em 1998.
Foto 2 “Fim de Linha”: O ponto de vista do maquinista após chegar de uma longa jornada. Quem sabe, um deles esteja vendo esta revista e revivendo aquele momento
Foto 3 “Senhores”: Quando fotografo eventos sociais, eu procuro evitar as portas de banheiros (para que não apareçam na cena) mas, aqui, fiz questão de registrar este belo portal. Ele inspira respeito pelos usuários que, em sua maioria, eram passageiros dos subúrbios do Grande Rio e interior do estado. Exemplo de como a arquitetura pode inspirar dignidade.
Foto 4 “Por Baixo”: O transporte ferroviário foi preterido em relação à indústria automobilística (depois, “montadoras”). Hoje, as pistas para carros, ônibus e caminhões cortam até o céu sobre a estação de trem abandonada logo abaixo. Em 1930, a malha ferroviária nacional somava 29.000Km. Já em 1999, depois da extinção da RFFSA (Rede Ferroviária Federal), operadoras privadas assumiram cerca de 26.000Km nas variadas malhas regionais remanescentes. Nos tempos atuais, as concessões somam 30.000Km, apenas mil a mais que um século atrás (mas com uma população 5 vezes maior).
Foto 5 “Biriba”: Doze locomotivas americanas “ALCO FA-1” chegaram ao Rio de Janeiro em 1948 (ano em que o Botafogo havia sido Campeão Carioca de Futebol). Quando os maquinistas viram as novas locomotivas, imediatamente identificaram a “fuça” do Biriba (o cãozinho mascote do alvinegro) que, àquela altura, era o personagem mais popular da cidade. Obviamente, o apelido daquelas locomotivas grudou e nunca mais saiu.
Foto 6 “Alô”: É interessante dizer que as dependências da estação, apesar de inativas por mais de 20 anos, não foram totalmente “depenadas”. Vários objetos e adornos permaneceram quase intactos (o que nos permitia uma verdadeira viajem no tempo). Os telefones públicos ainda estavam lá e não era difícil imaginar as conversas ocorridas através deles: “Alô! Acabei de chegar. Foi tudo bem. Não se preocupem”. Vários aparelhos dispostos lado a lado sugerem filas de passageiros ansiosos por se comunicar entre chegadas e partidas. “Alô... meu trem sai em meia-hora... tentei te avisar mais cedo... Adorei te conhecer. Até a próxima vez”.
(*) A visita à Estação Leopoldina foi promovida e organizada pela Copa do Brasil de Fotografia com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro. (**) “Trem Bala”. Composição de Ana Vilela (Som Livre, 2017).
Se você quiser ouvir a música, citada pelo colunista
Basta apontar a sua câmera para o Qr Code ao lado:
Entreospassadiçosna montanhaeobanhonorio Zêzere
FotógrafasMargaridaMoutinhoe
InáhGarritano (NossascorrespondentesemPortugal)
"Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia."
Alberto Caeiro
O rio Zêzere nasce na Serra da Estrela, a cerca de 1900m de altitude e viaja 200km até desaguar no Tejo. É o segundo maior rio exclusivamente Português. O primeiro é o rio Mondego.
Ferreira do Zêzere é uma vila portuguesa que pertence ao distrito de Santarém. É uma região que nos surpreendeu pela beleza natural, ar puro e excelente infraestrutura. Há passadiços a serpentear as encostas nos levando às piscinas naturais onde é irrecusável o convite ao mergulho em suas águas geladas. Foi lá que restauramos nossas energias para continuar o passeio sempre acompanhadas pelas nossas cadelas Nina e Kira.
Subimos a montanha através de uma belíssima trilha que nos levou à aldeia de Xisto Casal de São Simão.
No Português arcaico, "Casal" é um termo que na idade média correspondia a um aglomerado de duas ou três casas em meio rural.
No caminho de volta para casa, descobrimos um campo de girassóis e não resistimos. Paramos, fotografamos e apreciamos o pôr do sol junto deles. São as surpresas das estradas pelo interior de Portugal!
Caminho para Fragas de São Simão
pôs do sol
Campo de girassol que encotramos na volta para casa
Casal de São Simão - Aldeia de Xisto 1
Casal de São Simão - Aldeia de Xisto 2
Casal de São Simão - Aldeia de Xisto 3
Casal de São Simão - Aldeia de Xisto 4
Girassol contemplando o
Escultura de Joana Alves que representa uma criança que contempla a sua terra
Passadiço de Fragas de São Simão 1
Passadiço de Fragas de São Simão 3
Kira e Nina, nossas cãopanheiras de aventuras apreciando a paisagem
Passadiço de Fragas de São Simão 2
Passadiço para praia fluvial de Penedo Furado
Pequena cachoeira em Penedo Furado
Ponte na trilha de São Simão
Praia fluvial de Fragas de São Simão
Rio Zêzere
Vista do rio Zêzere
Qualolugarda Fotografianosdiasde hoje?
FotógrafoFernandoTalask
A minha geração e as outras que vieram antes de mim não tinham muitas oportunidades para divulgar os seus trabalhos fotográficos, seja como um amador ou mesmo profissional. Os meios para mostrar para o público eram reduzidos, havia poucas galerias de arte, sendo que a maioria considerava a fotografia como uma categoria de segunda classe quando comparada com pintura, desenhos, esculturas etc. Ficávamos sempre restritos aos guetos do fotoclubismo, onde o público era mais dos mesmos. As exposições eram feitas para os associados que se preocupavam mais em criticar o seu trabalho do que propriamente admirá-lo.
Assim, para os que decidiam ser fotógrafos, ser artista não era uma opção. Jornais, revistas e peças publicitárias eram a melhor forma de se colocar em exposição o talento profissional.
A vida não era nada fácil para aqueles que começavam nos cliques. Participar de mostras coletivas nos restritos espaços que ofereciam essas oportunidades era a fórmula dos primeiros passos. Eu francamente nunca entendi o preconceito que os artistas da fotografia sofriam. No início dos anos 80, participei do salão de artes promovido pela UFF para os estudantes de Niterói. Ainda no ensino médio tive a oportunidade de ganhar o 1º lugar.Quando fui receber o prêmio, descobri que só havia uma única na categoria na fotografia. Enquanto, por exemplo, na pintura existiam os tradicionais 1º, 2º e 3º lugares além de duas menções honrosas. Para complicar ainda mais a situação, todos ganhavam um valor em dinheiro bastante substancial enquanto o prêmio da fotografia era o mesmo da menção honrosa das outras categorias. Enfim, ficávamos feliz de ao menos lembrarem da gente. Quando tive a oportunidade, abri uma galeria para expor os trabalhos dos jovens talentos da cidade, realizei vários cursos Kodak de fotografia gratuitos e concursos anuais. Dei assim uma pequena colaboração para divulgar tantos talentos. Confesso que hoje me encontro num questionamento não sobre ao valor da arte fotográfica que continuo achando insuperável, mas sobretudo com relação ao público que aprecia e consome essa arte. Ele mudou demais nos últimos tempos e me parece que não estamos conseguindo entender, pelo menos os mais velhos, o que vamos oferecer em termos de produção artística. Será que como artistas fará sentido expor o trabalho em pequenas telas do celular e nos contentar com um clique de uma curtida?
INFOTO
Nas minhas leituras do tempo da faculdade de história me deparei com um autor incrível que hoje compartilho com os leitores. Walter Benjamin, nascido em Berlim em 1892, foi um escritor, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo, cujo ensaio chamado “A obra de Arte na Era da sua reprodutibilidade técnica” (1936) nos ajuda a entender um pouco mais sobre o que é arte. Para ele, o aparelho fotográfico representava a inauguração de uma nova forma de comunicação que não dependia mais de pincéis e tintas, seria na verdade uma nova escrita sem palavras, uma síntese composta por imagens.
O autor considerava que a consequência da reprodução em massa de uma criação artística seria a destruição da AURA dessa obra. Foi com essa teoria que comecei o meu debate interno sobre a questão da popularização das cópias. Qual seria o resultado, por exemplo, do quadro Última Ceia de Leonardo da Vinci habitar as salas de jantar de milhões de famílias ao redor do mundo? Seria um meio de aproximar o cidadão comum ao mundo das artes? Ou seria banalizar a importância da obra? Benjamin não considerava a fotografia comparável com uma pintura, já que a foto por si só já seria uma reprodução mecânica. Ele acreditava que para haver uma verdadeira experiência de se apreciar uma obra, deveria haver um ambiente adequado como museus e galerias. Para quem escreveu esse ensaio há 90 anos ficou algo de profético para nós do século 21. Finalmente entendi que a super exposição que vivemos hoje através da mídias sociais nos faz encontrar trabalhos de Rembrandt, Portinari e outros gênios em qualquer lugar, seja na fila do ônibus ou no banheiro. Isso retira completamente a experiência de se encontrar uma obra de arte de excepcional valor, pois não temos as condições de apreciar a genialidade da criação.
Tenho recebido muitos conselhos de como divulgar um trabalho, atingir milhares de pessoas e quem sabe alguns seguidores. No entanto, não creio que uma tela de 5 polegadas, com um tempo de contemplação de cinco segundos pelo observador possa permitir a apreciação da criação, do tempo investido, do estudo e do equipamento necessário para aquele resultado. Vivemos com uma avalanche de informações, a
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maioria visuais, que até o mais formidável clique não ganha muito destaque. Porém a popularização da mídia não foi o único fator para a vulgarização, afinal quando a técnica de se tirar uma boa fotografia se banalizou por meio das inteligências digitais acoplados aos smartphones isso promoveu uma nivelação total de um antes componente crucial para o fotografo se destacar, a técnica. Qualquer pessoa hoje, sem piscar, aponta a lente para um assunto e o resultado final sempre é muito bom e sem a menor preocupação se existe ou não luz suficiente. Para minha alegria a dinâmica do mundo não permite que nada fique estagnado ou no apogeu por muito tempo. A mesma tecnologia que nos levou a trivialização das imagens, tem de muitas formas apresentado um caminho extremamente auspicioso levando a fotografia para um certo santuário e mesmo devolvendo ou inventando uma AUREA para nossas criações. Venho observando a preferência pela fotografia como opção de arte para decoração de residências, escritórios, shoppings. A foto se espalhou em forma de impressões de alta qualidade em nosso cotidiano, com papeis especiais, dando uma textura única e com tintas pigmentadas que garantem a permanência dessas fotos por gerações. Resgatamos todo um espaço que vinha sendo perdido para o mundo digital e volátil. Obras físicas felizmente voltaram a importar num mundo tão efêmero.
Afirmo essa tendência pela procura cada vez maior e pelos grandes investimentos que a indústria da impressão tem feito no mercado. Epson, Hp e Canon a cada ano renovam as apostas em novas tecnologias que garantem mais qualidade e durabilidade a impressões. Novas mídias surgem como opções para essas reproduções, sejam elas em papel lona, Canvas, camisas ou até mesmo azulejos.
A fotografia está prestes a completar 200 anos, trocamos as carroças puxadas a cavalo do século 19 por viagens pelo espaço. Mas a única máquina capaz de fazer o tempo parar em um simples clique congelando o momento continua sendo a fotografia. Ainda não inventamos nada tão fascinante.
Dentro do meu incorrigível otimismo, acredito que a valorização do olhar é o melhor investimento que um fotógrafo possa fazer para ter ser trabalho reconhecido. Se seu objetivo é fotografar pessoas, seja empático ou melhor ainda em qualquer área se envolva com o trabalho encarando como mais uma oportunidade de ir além.
Nas últimas olimpíadas de Paris, uma prova realizada a milhares de quilômetros da cidade ilustrou com uma imagem mostra toda a grandeza do esporte e a habilidade do fotógrafo. Quando Gabriel Medina flutuou no ar com sua prancha, apesar de haver dezenas de profissionais apontando suas lentes para ele, somente um profissional, o Fotógrafo Francês Jerome Brouillet, estava preparado para o momento decisivo, naquele centésimo de segundo quando criou sua obra de arte.
Imagens assim vão continuar a existir encantando principalmente aqueles que amam essa forma de expressão ou arte. Publicações como a Revista INFOTO que generosamente dão espaço para não só pensamentos sobre a fotografia contemporânea, mas a oportunidade de talentos mostrarem seus trabalhos são maravilhosamente importantes para a retomada de um lugar de valorização constante da nossa paixão. A fotografia ocupa corações e mentes e cada vez mais as paredes dos santuários que chamamos de nossas casas.
Escolhas
Fotógrafo Luiz Ferreira
Tudo o que vivo agora é fruto de escolhas feitas em outro momento. Creio firmemente que a vida é isso, viver este momento com as consequências das escolhas. Na fotografia também cabe uma analogia com o dito acima. Quando examino o material resultante de um trabalho executado, estou vendo o resultado das escolhas de tema, local, estação, horário, ângulo, luz, equipamento, momento do clique, etc. Na escolha entre as inúmeras subdivisões das variáveis com que devo lidar, é que se forma a fotografia que vai comunicar a todos que a virem, o meu olhar.
E gostaria que todos compreendessem que meu olhar é assim, uma sucessão de fragmentos (escolhas) que formarão o painel que ilustrará o sentido de tudo para mim. E é esse sentido que timidamente exibo para o mundo.
Quando paro para refletir a respeito do meu ofício (e refletir é mais uma escolha minha), sempre chego à conclusão de que cada fotografia é uma soma de pequenas e grandes escolhas feitas ao longo de toda a minha vida. Fico com a convicção de que não caí naquele momento e naquele lugar de paraquedas. Conscientemente ou não, minha trajetória até ali foi traçada a cada decisão que tomei. Nenhuma fotografia nasce de modo gratuito. Por trás de cada uma delas tem suor, tem lágrimas e, às vezes, tem até sangue. Cada um sabe de sua história, e a conta para o mundo do seu jeito. No tom que ressoa em sua alma. No momento em que brota diante dos olhos, forjada por uma cadeia de escolhas.
Trilhando o Caminho das Estrelas
FotógrafaDalvaCouto
Os últimos dois meses foram motivo de comemoração para mim, “The Ballerina Room” que foi Capa da Revista INFOTO Nº 09, conquistou a Medalha de Ouro no” International Exhibition of Art Photography Petrus”, na Sérvia, “Roseate Spoonbill” a Medalha de Prata no “Zeus Circuit 2024”, na Índia e “Nunca é tarde para Brilhar” foi aceita para a exposição do “11º Salão Nacional de Arte Fotográfica”, organizado pelo Fotoclube ABCclick, de São Caetano do Sul-SP, Brasil. Me tornei membro da ”International Association of Art Photographers” - IAAP, da Macedônia do Norte, recebendo minha primeira DISTINÇÃO: “NOVICE” (N IAAP).
DA IMPORTÂNCIA DE LER AS REGRAS
Nesta edição, vamos abordar um assunto extremamente importante para quem como eu, participa dos concursos internacionais de fotografia, que é o CONHECIMENTO E O RESPEITO ÀS REGRAS. Na minha última atuação como jurada deparei-me com esse problema ao julgar uma seção temática definida como monocromática (PIDM), que apresentou várias imagens em cores, dando causa à desclassificação das mesmas. Na Revista INFOTO Nº 13 falamos sobre o “SALON DAGUERRE” – organizado pelo Photoclub Paris Val-de-Bièvre - PARIS – France, que apresenta temas específicos. O Salão Daguerre está com suas inscrições abertas até o dia 22 de setembro de 2024, com 05 seções, sendo três temáticas:
Seção A - Open monochrome (PIDM) – Somente Monocromático
Seção B - Backlighting (PIDM) – Somente Monocromático
Seção C - Open color (PIDC) – Somente Cor
Seção D - Rainy days (PIDC) – Somente Cor
Seção E - Sign Language (PIDC) – Somente Cor
São 4 imagens por seção. As regras do Salão Daguerre indicam expressamente o tipo de imagem e o assunto que pode ser inscrito em cada uma delas.
Oferece descontos para Grupos, acima de 5 participantes.
Outro Salão que gosto muito, sobre o qual já falamos na REVISTA INFOTO Nº 12 e que também está com suas inscrições abertas até 1º de novembro de 2024 é o “CAMPINA 2024”, organizado pela “Campina Photographic Exhibitions Society” - (CPE), da ROMENIA, com 5 seções:
A - Color open (somente cores) – PSA PIDC
B - Monochrome open (somente monocromático) – PSA PIDM
C - Photo travel general (colorido ou monocromático em tons de cinza) – PSA PTD
D - Photojournalism general (colorido ou monocromático em tons de cinza) – PSA PJD
E - Nature general (colorido ou monocromático em tons de cinza) – PSA ND
Cada participante pode enviar no máximo 4 imagens em cada seção.
O Campina também oferece desconto para grupos acima de 5 participantes.
E para encerrar, deixo aqui a indicação de um Concurso com Taxa de inscrição gratuita. Trata-se da “Exposição Internacional de Fotografia de Arte IAAP WORLD CUP”, organizado pela IAAP de Kumanovo, Macedônia do Norte, com encerramento em 01 de novembro de 2024, com apenas duas seções:
A - Color open (somente cores)
B - Monochrome open (somente monocromático) https://theiaap.com/e/worldcup//?view=form&lang=por
Taxa de inscrição: GRATUITA
DICA DE OURO: SEMPRE LEIAM AS REGRAS!!!
Music at the Station - Aceita em Chipre e na Suíça
Nunca é tarde para brilhar - Aceita no 11º Salão Nacional de Arte Fotográfica ABCclick
Roseate Spoonbill - Medalha de Prata na India
Santuario NS Aparecida - Aceita na Suiça e na Índia
The ballerina Room - Medalha de Ouro na Sérvia
The Color of My Heart - Aceita na China, Romenia e Bangladesh
OGuiadePosesde JohannesVermeer Parte2
FotógrafoFabianoCantarino
Continuaremos a nossa aventura de imaginar o que teria sido um guia de poses escrito por Johannes Vermeer (1632-1675). Conforme abordamos na parte 1 deste estudo (Revista INFOTO nº 17), nos afastamos um pouco das questões de composição, luz e cor e inferimos como o gênio holandês orientou e posou seus modelos para produzir as preciosidades que criou. Apenas para relembrar, Vermeer abordou cenas domésticas com incrível domínio de luz, composição e cores. Ele alcançou um reconhecimento muito limitado em vida apesar de sua técnica apurada. Mulher segurando uma balança (c. 1664) Galeria Nacional de Arte, Washington Neste quadro, a mulher — supostamente esposa do pintor, grávida — segura uma balança com pedras e ouro de forma tão pensativa que o observador hesita em interromper. O quadro do fundo remete ao Juízo Final e a cena, no todo, aborda o tema de que julgar significa ponderar, colocar os prós e contras “na balança”. A modelo é colocada fisicamente entre o místico da cena bíblica e a contingência da vida material. Viver entre estes dois mundos requer equilíbrio.
Quadro nº 4 [ou Quadro nº 1, conforme a orientação do editor] – Mulher segurando uma balança
A Figura nº 4 [ou Figura nº 1] nos apresenta um corpo angulado em relação ao observador com a cabeça levemente inclinada para o ombro mais próximo, típico da delicadeza feminina. O olho direito e o nariz se aproximam da borda posterior da face quase tocando a têmpora e a maçã do rosto. O braço esquerdo está levemente dobrado, o que não interrompe a vista dos elementos posteriores nem traz tensão. As mãos são delicadas, mostrando as laterais (partes mais finas); os dedos dobrados levemente e as dobras suaves dos pulsos acentuam a feminilidade. Os olhos apontados para a balança reforçam a tranquilidade da cena. As bordas do quadro ao fundo não interrompem partes da cabeça nem do pescoço da modelo.
Figura nº 4 [ou Figura nº 1] – Estudo sobre o Quadro nº 4 [ou Quadro nº 1]
A rendeira (1669 – 1670) Louvre, Paris
Essa cena era comum no séc. XVII, havendo inclusive um trabalho semelhante de Diego
Velázquez de 1643, hoje na Galeria Nacional de Arte de Washington. Outros pintores holandeses exploraram esse motivo, mas nenhum alcançou Vermeer em tranquilidade e emoção. Essa cena também destaca o espírito trabalhador e a virtude da mulher holandesa.
Quadro nº 5 [ou Quadro nº 2, conforme a orientação do editor] – A rendeira
A Figura nº 5 nos [ou Figura nº 2] apresenta um corpo inclinado para frente angulado em relação ao observador, oportunidade para dar volume ao motivo. A cabeça está voltada sobre as mãos e pende levemente para o ombro mais próximo do observador. Os olhos e o nariz estão afastados que qualquer borda da face. Os antebraços e os objetos “protegem” o peito da modelo. Os dedos
dobrados suavemente reforçam a delicadeza. Assim como o quadro A Leiteira (parte 1), a parede não tem qualquer elemento de distração
Figura nº 5 [ou Figura nº 2] – Estudo sobre o Quadro nº 5 [ou Quadro nº 2]
O astrônomo (c. 1668) Louvre, Paris
Retratos de cientistas estavam na moda no séc. XVII. O modelo é possivelmente Antonie van Leeuwenhoek, especialista em ótica e microscópio, que mantinha contato com o pintor em vida, provavelmente criando soluções para a sua camera obscura. A cena é posada com vitalidade em um ambiente povoado de retângulos, círculo e vários elementos conectados por ângulos de 90 graus, conferindo “energia” para um efervescente ambiente “científico” dos anos 1600.
Quadro nº 6 [ou Quadro nº 3] – O astrônomo
A Figura nº 6 [ou Figura nº 3] revela um homem em perfil (ângulo de 90 graus e, relação ao observador) parcialmente sentado e contém vários elementos de estudo sobre a mesa. Há diversos ângulos retos na cena, conferindo energia. O rosto em perfil acentua o nariz totalmente fora da linha da face a mostra somente um olho, direcionado para o globo. Os braços estão afastados e expõem o peito, ao contrário das modelos femininas. As mãos estão posadas (a esquerda mostra sua maior área) e os dedos propositalmente abertos, sinais de vitalidade.
Figura nº 6 [ou Figura nº 3] – Estudo sobre o Quadro nº 6 [ou Quadro nº 3]
Moça lendo uma carta perto da janela (1659) – Gemäldegalerie, Dresden Esta pintura tem uma história excepcional. Ela foi adquirida em Paris, perto de 1740, como se fosse um Rembrandt. No séc. XIX, revisaram a autoria, atribuindo a obra a Vermeer. No séc. XXI, descobriu-se que a obra havia sido adulterada 200 anos antes, cobrindo o quadro do Cupido que está ao fundo. A restauração nos deu a oportunidade de reinterpretar a pintura e o Cupido garante que a moça está lendo uma carta de amor. Especialistas afirmam que a janela aberta representa o desejo da moça de estender sua vida para além das restrições de seu lar e da sociedade, enquanto as frutas são indícios de relações extraconjugais. A cena é densa, apesar de silenciosa. O quadro do Cupido representa um objeto grande e perturbador, reforçando o sentido do amor idealizado, mas impossível, pois parte dele (o braço e a mão esquerda) estão cobertos pela densa cortina
Quadro nº 7 [ou Quadro nº 4]– Moça lendo uma carta perto da janela
A Figura nº 7 [ou Figura nº 4] mostra a moça totalmente de perfil, com as colunas vertebral e cervicais retas, tensas. O olho e o nariz estão em perfil e já “romperam” a linha lateral da face escondida — regra de ouro para olhos e narizes: ou rompem completamente os limites da face (maçãs do rosto e têmporas), ou ficam dentro desses limites, sem tocá-los. O ângulo de 90 graus do cotovelo acentuam a tensão e os antebraços aproximados protegem o peito. As mãos seguram a carta em posições simétricas e mostram a parte maior com acentuado contraste, ressaltando a energia do momento.
https://www.santiniphotography.com/blog/lessons-vermeer-teached-me/ https://www.theguardian.com/artanddesign/jonathanjonesblog/2011/sep/27/johann es-vermeer-photographic-realism-painting https://erickimphotography.com/blog/2017/12/15/5-composition-photographylessons-from-johannes-vermeer/ https://johnnyburger.medium.com/vermeer-was-a-photographer-d3eaf3ab8c64 Woman Holding a Balance
Figura nº 7 [ou Figura nº 4] – Estudo sobre o Quadro nº 7 [ou Quadro nº 4]
Fotógrafo Davy Alexandrisky ... no meu tempo...
Nesse fim de semana estávamos jogando conversa fora (ou, muito pelo contrário) e nos divertíamos lembrando quando ficávamos falando sobre fotografia, diante da porta do último bar a fechar, enquanto as namoradas dormiam amontoadas num dos nossos carros.
O mais engraçado é que apesar da monótona e sistemática repetição dos assuntos, todas as conversas se faziam parecer uma grande novidade.
Até mesmo as infindáveis discussões de qual câmera era melhor que outra, qual filme era melhor e mais adequado a um determinado trabalho, do que a outro, ou mesmo fazendo piadas de nós mesmos, mas, claro, principalmente dos ausentes. (revelação bombástica, de um segredo que todos sabiam)
Enfim... são essas histórias que nos forjaram os fotógrafos que somos hoje.
E me perdoem os saudosistas, mas as conversas do meu tempo ficaram muito mais divertidas: tem sempre alguém trazendo uma novidade que torna a nossa estupenda câmera fotográfica num objeto obsoleto; tem sempre alguém falando que descolou um filme para fazer uns testes de fotos analógicas, com a emoção de quem acha uma pulseira de diamantes nas areias da praia na manhã de 1º de janeiro; tem sempre alguém vaticinando sobre tecnologias futuras, menos críveis do que os carros voadores dos Jetsons, ou seus incríveis telefones com imagem; Tem sempre alguém apresentando um novo aplicativo que...
No meu tem tempo, realmente, a fotografia se reinventa diariamente, porque há muito tempo ela deixou de ser o mero registro circunstancial, que aposentou os desenhos das paredes das cavernas e seus pintores rupestres. E não tarda a aposentar as câmeras fotográficas. Por favor, só não perguntem em voz alta o que substituirá as câmeras fotográfica, por que, tem sempre alguém, pronto para anunciar uma experiência de um implante de um chip na testa, entre os olhos, numa assimilação às crenças e tradições hinduístas, do terceiro olho, que vai transformar o fundo dos nossos crânios num grande “plano focal orgânico”!
Porque no meu tempo, o tal tempo da “pós-verdade”, que já vai perdendo a graça e apresentando um quadro de falência múltipla. Mas engana-se que pensa que o estertores da “pós-verdade” vai inaugurar um tempo de “pré-mentiras”: NÃO!
Estamos a caminho da era da “ultra verdade”, com milhões e mais milhões de celulares, com poderosas câmeras fotográficas embutidas, apontando despudoradamente para tudo e para todos, revelando até o que não é!
Eu já fui de outros tempos, antes de entrar nesse meu tempo, esperando entrar em outros novos tempos. O que me autoriza a dizer que quando eu era do tempo da fotografia fotoquímica, nem de longe eu era tão feliz, profissionalmente, como sou hoje nesse meu tempo.
Porque meu tempo é hoje!
E tiro proveito de cada oportunidade... no meu tempo... porque se eu não tirar o proveito que ele tem a oferecer, errarei como erra o errante navegante, navegando em busca de confirmar verdades para se enganar.
Nesse ponto, acabei de me lembrar, agora – sim mesmo quando não escrevo sobre lembranças, são elas – as lembranças – que vão ditando o texto para mim. Mas, como ia dizendo, acabei de me lembrar de uma história que o Cortella conta recorrentemente: Resumidamente, desde a mais tenra idade dos seus três filhos, a cada aniversário ele prometia que aos 12 anos lhes contaria o “Segredo da Vida”!
(corta para os 12 anos do seu primogênito)
O filho acorda antes do sol e vai lhe cobrar a grande revelação: qual é o “segredo da vida”!
Conta o Cortella, que se levantou da cama e seguiu solenemente até a sala, convidando
o filho aniversariante a se sentar diante dele, na sua poltrona preferida e, para saciar a incontrolável curiosidade do filho, curtida sofridamente ao longo dos anos, revela: _ o segredo da vida é que a vaca não dá leite!
Entre atônito e decepcionado o filho pergunta: _ como assim, pai?
Ao que Cortella, candidamente responde: - a vaca não dá leite. Tem que tirar. Nosso tempo desenvolve uma miríade de novas tecnologias por minuto, para produzirmos as mais belas imagens, mas não nos dá essas imagens: temos que “tirálas”.
O que até pode ser mais fácil do que tirar leite da vaca, para quem não é da roça, desde que haja o desejo explícito de fazer seu tempo no tempo presente.
Quando Santos Dumont pensou no avião, não pensou nele como uma arma de guerra. Muito menos pensamos nós em armas, quando usamos o avião com mais frequência, para encurtar as distâncias.
Vem aí (ou já chegou há muito tempo, mas ainda não ligamos o nome à pessoa) a IAinteligência artificial. Que, com certeza, também será usada para o “mal”, mas não por nós que só estamos aproveitando o que o nosso tempo nos dispõe, para realizarmos fotos/imagens incríveis.
Não perca esse bonde das novas tecnologias: tire o leite da vaca, porque ... no meu tempo... (com vênia dos veganos)
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Coluna Your Self Renato Nabuco Fontes
Já que Setembro é o mês da Saúde mental, precisamos falar da importância, quebrar paradigmas e crenças…
Está claro que a saúde mental é essencial para o bem-estar integral de qualquer pessoa, pois ela afeta como pensamos, sentimos e agimos.
A influência dela na nossa capacidade de lidar com a rotina corrida que vivemos, com o estresse, construir relacionamentos saudáveis, tomar decisões e enfrentar os desafios da vida é direta, extremamente relevante e exatamente por isso, todos nós precisamos aprender a praticar o AUTOCUIDADO e criar estratégias que ajudem na manutenção da saúde mental.
Manter uma boa saúde mental é fundamental para garantir uma vida equilibrada, produtiva e com qualidade.
Diante disso, seguem 8 dicas que vão ajudar você a melhorar sua rotina e consequentemente lhe proporcionar saúde mental!
1. Pratique a autoconsciência
Entender seus pensamentos e emoções é o primeiro passo para manter a saúde mental em dia. Tire um tempo para refletir sobre suas emoções, reconhecer padrões de estresse e buscar soluções.
2. Cuide do corpo
Há uma forte conexão entre saúde física e mental. Pratique atividades físicas regularmente, mantenha uma alimentação saudável e priorize o sono. O exercício físico libera endorfinas, que melhoram o humor e reduzem o estresse.
3. Mantenha conexões sociais
Cultivar amizades e relações saudáveis é importante para se sentir apoiado e compreendido. Conectar-se com outras pessoas, seja por meio de conversas ou atividades sociais, ajuda a lidar com desafios emocionais.
4. Estabeleça limites
Saber dizer “não” é essencial para evitar o esgotamento emocional. Aprenda a reconhecer seus limites e respeitar seu tempo e energia, seja no trabalho ou em relacionamentos pessoais.
5. Pratique a gratidão
Desenvolver uma mentalidade de gratidão ajuda a focar nos aspectos positivos da vida. Tente criar o hábito de registrar ou pensar sobre as coisas pelas quais você é grato diariamente.
6. Tenha momentos de lazer
Fazer atividades que você gosta é uma ótima maneira de aliviar o estresse e melhorar o humor. Reserve um tempo para hobbies, ler, ouvir música ou praticar algum passatempo que traga alegria.
7. Gerencie o estresse
Aprenda a identificar sinais de estresse e busque técnicas para reduzi-lo. Práticas como meditação, ioga, respiração profunda e mindfulness são eficazes para ajudar a relaxar e acalmar a mente.
8. Desenvolva hábitos de pensamento positivo
Trabalhe para reestruturar pensamentos negativos
E aí, fez sentido?
Vamos em frente, vamos juntos!
Fotografia Icônica
História Emocionante
Fotógrafo Thiago Campos
VOA MEDINA
A 33ª edição dos jogos olímpicos, realizada em 2024, nos rendeu inúmeras fotografias espetaculares. Mas uma delas vai ficar na história, não só por ser uma obra de arte, mas por se tratar de uma daquelas fotografias que nos impacta quando olhamos.
Me refiro à fotografia emblemática que registrou o brasileiro Gabriel Medica, medalhista de prata na competição masculina de surf na ocasião das oitavas de final da competição, e que lhe rendeu a maior nota de todos os tempos da modalidade em olimpíadas.
Foto: Jerome Brouillet/AFP
O autor foi o francês Jerome Brouillet de 39 anos, especialista em surf, que relatou o exato momento em que conseguiu captar a imagem: "Medina estava atrás da onda e eu não conseguia vê-lo, e então ele aparece. Eu tirei quatro fotos e uma delas era esta. Não foi difícil tirar. Era mais sobre antecipar o momento e onde Gabriel Medina daria o pontapé inicial na onda", disse Jerome ao jornal "The Guardian", complementando que sabia qual era o gesto comum que o brasileiro fazia ao comemorar cada conquista. O relato do Jerome Brouillet reforça a tese de que a fotografia perfeita não depende única e exclusivamente do talento e conhecimento técnico do fotógrafo, e que um dos fatores principais é se antecipar aos fatos, e também estar no lugar certo e na hora exata.
Fontes: Internet, Jornal Extra, CNN, Globo Esporte e Google Imagens
40 INFOTO
ACONTECENDO ACONTECENDO Fotógrafo
Antonio Alberto Mello Simão
Sociedade Fluminense de Fotografia
80 anos
A Sociedade Fluminense de Fotografia (SFF), fundada em 1944, é uma das instituições fotográficas mais antigas e respeitadas no Brasil. Ao completar 80 anos, a entidade comemora sua rica trajetória de contribuição à Arte e à Técnica da Fotografia. O seu fundador, o Dr. Jaime Moreira de Luna, idealizou a Sociedade com o objetivo de promover o desenvolvimento cultural e técnico da fotografia, oferecendo espaço para o aprendizado, a troca de experiências, e a valorização dessa forma de expressão.
Ao longo de suas 8 décadas, a SFF tem desempenhado um papel fundamental na formação de Fotógrafos Amadores e Profissionais, oferecendo cursos, palestras, exposições e concursos. Se destaca também por suas galerias, que expõe, regularmente, trabalhos fotográficos e promove a difusão da fotografia como uma forma de Arte.
A celebração dos 80 anos da Gloriosa Sociedade Fluminense de Fotografia, marca um momento importante de reflexão sobre o impacto da fotografia na cultura brasileira e a importância de manter viva essa tradição no mundo contemporâneo, onde a fotografia digital e as novas tecnologias desempenham um papel cada vez mais central. Parabéns ao atual Antonio Machado, que com esforço hercúleo tem, nos últimos 30 anos, comandado a gloriosa Sociedade Fluminense de Fotografia. Parabéns, aos Membros do Conselho Deliberativo e ao demais Associados. Viva a SFF Viva!!!
Fotos extraídas do vídeo realizado por Antonio Machado
Parabéns a todos os envolvidos e demais participantes, desse grande evento que este ano fez 20 anos de existência - Paraty em Foco.
Mais um grande sucesso!!
O Leitor Escreve
Prezado Leitor,
Entre em contato conosco, será um grande prazer...