A Última Revolta

A Noite da Medicina orgulha-se de ser o maior e mais antigo espetáculo académico do país. Todos os anos, cerca de 3000 estudantes de Medicina, médicos e professores da Faculdade de Medicina de Lisboa e Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte juntam-se para assistir a um espetáculo de teatro, música e videografia que, com um notável impacto mediático, satiriza o quotidiano vivido pelos estudantes desta Casa. Durante cerca de 10 meses, cerca de 400 finalistas trabalham incansavelmente para escrever, ensaiar e preparar toda a cenografia, figurinos e adereços da produção que, numa fria noite de novembro, sobe ao palco de uma das mais emblemáticas salas da cidade de Lisboa.

Se por um lado, a Noite da Medicina apresenta o talento voltado para as artes performativas e plásticas dos estudantes numa troca audaz da bata branca pelo palco, a Revista RESSONÂNCIA, fundada em 2002 e já com mais de 50 edições publicadas, é também palco das vozes irrequietas que se propõem a alternar o estetoscópio com o lápis e caneta.

Este ano, e pela primeira vez, surgiu o desafio de criar uma edição especialmente dedicada à Noite da Medicina, celebrando o seu crescimento, a sua antiguidade centenária, mas também a sua atualidade e indubitável qualidade reconhecida nacionalmente. É ao celebrar a despedida dos finalistas que terminam o seu percurso que conseguimos, da melhor forma que sabemos, dar as boas-vindas aos novos alunos, numa noite de tradições marcadas, emoções fortes, nostalgia e arte (com um pouco de Medicina). É dos que dizem “olá” e dos que dizem “até já”.

Apresentamos-te então esta edição da noite que é “A Noite”, numa Revista que é muito mais do que uma revista.

Diogo Vianez Oliveira & Raquel Julião

Beatriz Costa & Catarina Borges & Leonor Carola

Coordenação-Geral da Revista RESSONÂNCIA e da Noite da Medicina

Fotos Breve história da NdM A nossa Cronologia A mão que cura é a mesma que escreve Entrevista a Raquel Moreira Entrevista com JM (Produtor da Noite da Medicina) Não basta querer ser melhor, temos de o ser Extremamente Desagradável Fotos 9 11 5 17 12 6 18 7 19

BLOCO 3 - VAMOS AO QUE INTERESSA BLOCO 1 - HISTÓRIAS QUE NUNCA ACABAM BLOCO 2 - SEM VERGONHA NENHUMA

You Must Know - Top 5 Hits da Noite da Medicina O nosso Merchandising 22 21 Atuação Perfeita: A receita 14 Fotos 26 Quiz + sopa de letras QR Code 24 Fotos 23

BLOCO 4 - ESTOU PRONTO P’RA GANHAR O DIA

HISTÓRIAS QUE NUNCA ACABAM

Ana Vieira

UMA BREVE HISTÓRIA DA NOITE DA MEDICINA

Seguindo a tradição das clássicas Récitas Estudantis do virar do século XX, a 1ª edição da Noite da Medicina de que há registo remonta ao dia 5defevereirode1929, no Teatro Politeama, sob a forma de um teatro de revista com o título “OQueArde... Cura!”

Este espetáculo, levado à cena pelo curso de 1924/29 e pela então designada “Associação dos Estudantes de Medicina de Lisboa”, foi escrito por apenas 4 alunos e era composto por um prólogo, três atos e dez quadros.

Em 1933, devido à interdição do direito de livre associação, introduzida no período do Estado Novo, suspendese a realização do espetáculo nos seus moldes habituais, regredindo lentamente e tornando-se mais “bemcomportado”, com um teor mais erudito.

No entanto, os alunos da FML sempre estiveram na linha da frente na luta contra o regime ditatorial e contra a opressão. Por este motivo, a vontade de fazer uma Noite da Medicina sarcástica e acutilante nunca desapareceu.

Assim, o espetáculo mais querido pela comunidade estudantil retoma o seu cariz teatral e caústico em1978, agora naSaladeAlunosdaAssociação de Estudantes da Faculdade de MedicinadeLisboa (AEFML), onde se manteve durante os seguintes 25 anos, até ser transferida para o Auditórioda Faculdade de Medicina Dentária da UniversidadedeLisboa (FMDUL), em 2003.

Devido ao número crescente de espectadores, em 2005, o espetáculo passa a ter lugar na Aula Magna da Universidade de Lisboa (UL) e, posteriormente, no Coliseu dos Recreios. Em 2014, decorre pela primeira vez no Campo Pequeno, mantendo-se esta tradição até aos dias de hoje.

HISTÓRIAS QUE NUNCA

ACABAM

A NOSSA CRONOLOGIA

SEM VERGONHA NENHUMA

Catarina Ventura

ENTREVISTA A JM

(Produtor da Noite da Medicina)

Oseu nome é Jo ã o Maria e é produtor da Noite da Medicina desde 2015. Este ano ser á a sua oitava edi çã o do projeto e o carinho especial que nutre pela Noite vem do desafio que é concretiz á -la

O que torna a Noite da Medicina umespetáculodiferente?

O facto de ser um espetáculo feito por pessoas que ensaiaram nos tempos

não usam nem metade do equipamento que precisamos para uma Noite da Medicina.

Como é trabalhar com alunos de Medicina, por vezes com pouco conhecimentodomundoartístico?

Não é mais fácil nem mais difícil. O nível de exigência que vocês põem no projeto para que corra bem é o mesmo nível de exigência que eu dou ao projeto, o que faz com que seja muito

livres, que estão a estudar, só por acaso, para Medicina, e que não são artistas profissionais. São pessoas que investiram todo o seu tempo para que isto acontecesse e o resultado final é de uma exigência profissional e artística de grande nível. Posso confidenciar que há muitos eventos corporativos que não tem tanta exigência a nível técnico e que

fácil trabalhar em conjunto. Quando se gosta do que se faz e se trabalha para o melhor possível, não existem problemas, existem questões, cuja resposta tem de ser trabalhada. Criamos grandes amizades. Todos os anos recebo mensagens de força ou parabéns no dia do espetáculo de elementos de CONMs passadas. Já trabalho há tanto tempo

SEM VERGONHA NENHUMA

com alunos de medicina que acho que qualquer dia também já posso ser médico, pelo menos Honoris Causa! Já tenho contactos suficientes [risos].

QualfoiatuaNoitedaMedicina favoritaatéagora?

É muito injusto pedir-me para escolher uma, cada uma é diferente porque traz sempre novos desafios. Há umas que me deram muito gosto de fazer. A primeira, em 2015, porque a CONM apresentou-me um projeto e nós fizemos algo diferente: Não havia backstage, o palco era todo à mostra, não havia cortinas que abrem e fecham... esse boneco que hoje marca a Noite da Medicina, é um boneco meu, fui eu que o montei. Por isso, e por ter sido a primeira, marcou-me muito.

Tens alguma história engraçada debackstageparanoscontar?

Há muitas. Mas há sempre a máxima de “o que acontece em

backstage fica em backstage” [risos]. Há momentos muitos divertidos, partidas que se pregam... são estes momentos que ficam. Houve um ano em que havia um momento de música pimba, em que eu e um dos assistentes de palco entramos em palco a dançar, mesmo durante o espetáculo. Brincámos com isso nos ensaios, e ninguém esperava que fosse acontecer durante o espetáculo. É este bom ambiente que marca este projeto.

Há algum conselho que queiras deixaraoscaloirosquevãoveraNoite da Medicina pela primeira vez este ano?

Apesar de nunca ter sido, não ser e provavelmente nunca vir a ser estudante de medicina, já conheço isto há tempo suficiente para deixar este conselho: o fundamental é ir de mente aberta e estarem com muita atenção, porque vão ver aquilo que os espera durante esse ano e os 5 anos seguintes. Se quiserem desistir, agora é o momento certo, depois já é tarde [risos].

Vera Silva

EXTREMAMENTE DESAGRADÁVEL

A Noite da Medicina pelas Bocas do Mundo

Já alguma vez ouviste falar da Joana Marques que se esforça sempre por ser “Extremamente Desagradável” na Rádio Renascença?

Ora pois, da Noite da Medicina, podemos garantir-te que a humorista não só ouviu falar como dedicou uma das suas rubricas de humor de “As Três da Manhã” exclusivamente à Nossa Noite, nomeadamente, à Noite da Medicina de 2021. Atualmente, conta com mais de 110 mil visualizações dando-nos a conhecer a um grande público que, até então, nos desconhecia.

Demonstrando preocupaçã alguma indignação sobre o futuro dos médicos deste país, Joana refletiu ainda sobre as suas idas desnecess urgências. Para além disso, ser ainda acha que a Noite da Medicina acontece na Aula Magna?

Pelo meio de algumas referências e desabafos, confessou: “Em termos de nota artística está impecável”. Oh Joana, não terás também tu sido conquistada pelo maior e mais antigo espetáculo académico do país?

Passados três anos, acreditamos que permanece uma afincada fã da Nossa Noite pelo que continuamos ansiosamente à espera da sua visita, ao vivo e a cores, num próximo espetáculo.

Se quiseres ouvir na íntegra o que a Joana Marques disse, aproveita esta oportunidade e faz scan deste mesmo QR Code.

SEM VERGONHA NENHUMA

João Pedro Baldo

ENTREVISTA A RAQUEL MOREIRA

Coordenadora Teatro NdM 2022 e Personagem (Lebre)

- Qualfoiomomentoquemaiste marcounoplaneamentodaNoite?

Omeu

momento favorito dos meses de planeamento da Noite foi, sem dúvida, a Table-Read que fizemos. Sempre gostei de ver essas coisas nas séries de televisão e filmes. Achava um conceito interessante, mas nunca se tinha proporcionado participar numa. Desde início tinha isso como objetivo e, depois dos castings, o Departamento de Teatro marcou uma data e juntámos quase todos os atores da Noite para ler o guião todo, fala a fala, didascália a didascália. Foi a primeira vez que ouvi as vozes das

personagens todas, as vozes que andávamos a imaginar há meses. Foi a primeira vez que se materializaram as palavras em pessoas, em colegas e em amigos. Senti mais que nunca que era real, que estávamos a fazer a Noite da Medicina, a NOSSA Noite, e que se estava a aproximar.

- Descreve como é entrar no PalcodoCampoPequenonaNoiteda

SEM VERGONHA NENHUMA

Mas quando a minha fala acabou e percebi a imensidão do que estava à minha frente, a quantidade de pessoas, o número de vezes que eu me tinha sentado naquelas cadeiras e antecipado aquele preciso momento, a quantidade de ensaios, o trabalho todo para chegarmos até ali, finalmente estar a concretizar a nossa Noite… passei essa cena inteira com o coração a saltar-me do peito, sentia todos os batimentos um a um, e adorei cada segundo.

- Como foi ser uma das personagens principais e gerir ensaiosaomesmotempo?

Isto foi algo em que pensei MUITO e só me candidatei porque adorava profundamente a personagem. Sabia que me ia arrepender se não tentasse. Mas,

na realidade, a diferença de tempo ocupado não foi, de todo, abismal. No fundo, a diferença foi mais o peso emocional que teve, porque sentia ainda mais responsabilidade em não falhar, nem com a personagem, nem com as minhas funções na CONM e, em particular, no departamento de Teatro. Como eu andava a namorar a personagem desde que escrevemos o guião, a parte de decorar as falas estava mais facilitada.

- Por fim, há alguma história engraçada de backstage que tenhas paracontar?

Não é propriamente do backstage, porque aconteceu no palco, mas houve uma cena de palco em que era suposto a Alice (Personagem da NdM 2022) ler uma profecia, que estava escrita num papel. Acontece que alguém se esqueceu de pôr esse papel na mochila, pelo que chegámos à cena e ninguém tinha a profecia para ela ler (e esta parte do texto tinha palavras estranhas, tipo “pontífice”, que nem ela, nem os restantes sabíamos de cor). Depois de uns LONGOS segundos em que estávamos a tentar improvisar para disfarçar, o Francisco (um dos atores) disse “Espera aí, eu costumo andar com uma cópia” e tirou o nosso guião da NdM completo, que por acaso tinha na mochila dele, procurou a página da profecia e deu à Alice. Conclusão: houve uma cena em que literalmente lemos a fala diretamente do guião. Aparentemente ninguém reparou, mas no momento foi uma adrenalina.

Pedro Freitas

ATUAÇÃO PERFEITA: A RECEITA

Areceita para construir a atuação perfeita não é algo que se veja todos os dias. Há até quem não acredite na sua existência. A essas pessoas digo que não só existe como, é a única receita capaz de curar toda e qualquer ressaca!

E vocês perguntam: “ Então? Como é que se constrói a atuação perfeita? ”. Calma, caros leitores, uma pessoa dávos a mão e vocês querem logo o braço. Se eu fosse o tutor da vossa tese, já não me chateavam tanto. Vá, respirem fundo, a atuação perfeita é conseguida através de seis pequenos passos.

1º Passo : Começar por deixar tudo em pratos limpos e cumprimentar os caloiros . Nunca ninguém cumprimenta os caloiros, mas é algo que devia ser prática comum. Não por respeito, mas sim porque eles não estão habituados a ver espetáculos de 7 horas e, por isso, adormecem com facilidade. E nós não queremos que eles percam a oportunidade de assistir à atuação perfeita!

SEM VERGONH A NENHUMA

2º Passo : Imitar o 18-24 sempre que conseguirem . Está feito! De nada. Estou a brincar, este segundo passo apenas pode ser utilizado “q.b.”, já que todas as atuações do 18-24 são mundialmente conhecidas. Assim sendo, mais que 50g de 18-24 em qualquer atuação vai acentuar em demasia o amargo sabor a plágio.

3º Passo : Adicionar 100g de reclamações convictas e críticas totalmente direcionadas ao Prof. Doutor João Eurico da Fonseca ! É verdade que nem sempre se utilizou este ingrediente de uma forma tão notável como agora. Aliás, há uns anos, para criticar a instituição, utilizavam-se os sketches e as musiquitas. Contudo, tem-se tornado hábito utilizar o palco e as atuações como base para críticas às ditas “entidades superiores”. Sinceramente, acho que ainda podemos evoluir na utilização deste ingrediente! Se querem uma dica, aconselho que, a meio da participação, se sentem ao colo do nosso querido Diretor e lhe sussurrem ao ouvido as vossas reclamações mais profundas. Sempre é algo mais íntimo que assim fica só entre vocês, não é como se estivessem com o microfone ligado.

4º Passo : Escolher a música mais fresca do mercado . Por exemplo, “Preço Certo” de Pedro Mafama seria uma ótima escolha. Porém, devemos sempre ter atenção aos prazos de validade e às próprias condições de conservação. Quem sabe, não vá surgir uma vaga de calor entre os 19ºC e os 25ºC que invada o mercado e deixe inutilizável uma ótima música de verão.

5º Passo : Utilizar com imaginação os temperos, para que possam chamar à atuação perfeita a vossa própria atuação . Seja nos figurinos, seja nas luzes, seja na dança, o importante é inovar e pensar fora da caixa. Como quem um dia achou por bem dizer que o pepino é, do ponto de vista botânico, uma fruta.

6º Passo: Para terminar, falta apenas agarrarem em todo o vosso engenho e banhá-lo em água , para que possa cozer em banho (Santa) Maria até à Noite da Medicina.

Seguindo estes seis simples passos, conseguirão cozinhar a Atuação Perfeita . Se, por outro lado, decidirem não seguir esta receita, talvez o melhor seja mesmo não acordar os caloiros. Sempre se poupam alguns pesadelos no futuro.

SEM VERGONHA NENHUMA

VAMOS AO QUE INTERESSA!

Beatriz Francisco

A MÃO QUE CURA É A MESMA QUE ESCREVE

A mão que cura

É a mesma que escreve

E que põe na tela a pintura

Para que possa ser leve

A vida que (é) dura

Vai-se cantando o fado

Para que o destino possa ter

Uma dança harmoniosa

Entre o errar e o aprender

Por entre os papéis representados É esculpida a nossa existência

Tendo em consideração que ser médico

Nada tem a ver com inteligência

Conta-se com o olhar atento do artista

Minucioso para que nada falhe

E não creio haver quem resista

Porque o todo está no detalhe

Medicina e arte

Têm muito em comum:

Uma combinação improvável

Em que o sonho e a loucura

Se sobrepõem só num.

VAMOS AO QUE INTERESSA!

NÃO BASTA QUERER SER MELHOR, TEMOS DE O SER

Éesteo mote que motiva, ano após ano, a Noite da Medicina a espalhar a sua magia mais longe.

A cada edição, o Grupo de Trabalho Solidário (GTS) da Noite da Medicina debruça-se sobre a vertente solidária da mesma, de forma a dar palco a novas causas e realidades, assim como às suas necessidades inerentes.

Desde o apoio social a idosos ou crianças, ao auxílio de famílias carenciadas, todas as ações do GTS procuram ir ao encontro das dificuldades atuais de quem apoia. Realizando ações como recolhas de bens alimentares e/ou roupa ou fundraising para as instituições, não há limites na resposta à pergunta “como podemos ajudar?”.

A Noite da Medicina 2023 apoiará a VilacomVida, uma instituição que partilha os seus valores com os estudantes da nossa casa: respeito, positivismo, inovação, paixão e compromisso. A VilacomVida trabalha junto de pessoas com dificuldades intelectuais pondo em prática a premissa de que, com as mesmas condições e oportunidades, são capazes de desenvolver competências que permitam a sua inclusão na sociedade e, acima de tudo, que se sintam felizes e realizados.

Ajuda-nos a espalhar a magia da Noite da Medicina e fica atento às nossas iniciativas!

TESTEMUNHOS VAMOS AO QUE INTERESSA!

Beatriz Costa

“A única forma de multiplicar a felicidade é dividi-la com alguém.”

ESTOU PRONTO P’RA GANHAR O DIA!

Também chegaste aqui sem saber o que fazer? Nada temas! Não queremos que te sintas perdido, por isso, deixamos-te aqui os “must have” de qualquer estudante da FML!