ano 1 > # 3 > 2010 > www.renergybrasil.com.br
Fontes alternativas sob martelo • •
MAIS NESTA EDIÇÃO ::: Um balanço dos resultados dos leilões e os efeitos
Entrevista exclusiva com o ministro
de Minas e Energia, Márcio Zimmermann
Construções mais verdes
ISSN 2178-5732
na matriz energética brasileira
R$ 10,00
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índice Como navegar pelo conteúdo Localize os temas do seu interesse através dos ícones abaixo relacionados:
Eco A relação direta do homem com o meio ambiente
Energia Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis
Sustentável Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável
“entre vista
MÁRCIO ZIMMERMANN O ministro de Minas e Energia fala dos compromissos assumidos ao ser nomeado à pasta. Em entrevista exclusiva, discute a busca pela diversificação da matriz, o caso Proinfa, biodiesel, etanol brasileiro e os resultados dos últimos leilões para a atual política energética
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Uma cidade brasileira totalmente projetada para ser ecológica e sustentável econômica e socialmente
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Projetos começam a investir em garrafas PET para substituir tijolos na construção de moradias 8 Aprovado um projeto de lei que responsabiliza toda a sociedade pela geração de lixo e gestão dos resíduos sólidos 12 Empresas lucram com a sustentabilidade corporativa e bolsas de valores criam “índices verdes” 20 Edgar Gouveia, do Instituto Elos, reune estudantes de arquitetura e moradores para viabilizar projetos coletivos 32
Investidores e associações fazem um balanço dos últimos leilões de fontes alternativas de energia
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Presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, debate sobre o sistema elétrico brasileiro e futuros leilões 68 Cobertura: Brazil Wind Power foi considerada a maior feira de energia eólica já realizada na América Latina 72 Ruas começam a receber postes que aproveitam a radiação solar e a força dos ventos para gerar energia elétrica 74 Opinião: diretor comercial da IMPSA, Jorge Andri fala sobre leilões sob a ótica do investidor 76
Novas construções usam medidas sustentáveis: retorno econômico e qualidade de vida
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Dicas para reduzir, reutilizar e reciclar o lixo orgânico transformando-o em adubo natural 88 Guia prático de como colocar em prática o conceito de eficiência energética no escritório 89 Livros, sites, filmes e produtos ligados a energias renováveis e sustentabilidade 92 O ilustrador SandesJr toma a energia eólica como tema para a nossa seção “O Último Apaga a Luz” 94
editorial
Bons ventos setor comemora. Os últimos leilões foram um grande sucesso, contabilizando a maior contratação de energia oriunda de fontes alternativas no País por meio de certames. E mostrando um mercado mais consolidado com ampla participação, alta competitividade e presença de diferentes tipos de agentes. Os resultados asseguram também energia suficiente para que o Brasil cresça a uma taxa de 7% ao ano até 2014, segundo previsões da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O grande destaque tem sido o avanço dos empreendimentos eólicos. Não apenas em estatísticas de participação e venda, mas também pela garantia de um preço médio mais baixo do que as demais fontes. Uma quebra de paradigmas no setor elétrico brasileiro. Se por um lado a cadeia de energia eólica comemora, produtores de biomassa e investidores de PCHs fazem críticas e sinalizam desejo de mudanças para os próximos certames. Em nossa reportagem especial, investidores e associações representativas de cada setor analisam os últimos leilões, os resultados, os avanços, as estratégias dos vencedores e levantam questões sobre o modelo atual e o futuro dos leilões. Os certames também foram tema de duas entrevistas nesta edição. O ministro Márcio Zimmermann faz uma análise sobre os resultados dos leilões para a atual política energética e comenta sobre universalização do uso da energia, modicidade tarifária, segurança energética, biodiesel e etanol. O presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, traz um balanço sobre o cenário brasileiro, fala sobre plano decenal e próximos leilões. Construções sustentáveis tornam-se um segmento de oportunidade dentro da expansão do setor imobiliário. Segundo a ONG Green Building Council, a previsão é de que este setor tenha um crescimento de 53% até 2013. Uma matéria sobre o assunto mostra que o retorno não é apenas econômico. Recai também sobre a saúde, qualidade de vida e até produtividade de quem habita uma casa mais “verde”. Boa leitura. E não se esqueça: recicle esta revista, passando-a adiante para um novo leitor.
O
A maior contratação de energia oriunda de fontes alternativas no País por meio de certames
expediente DIREÇÃO GERAL
Joana Ferreira
joana@renergybrasil.com.br
Mário Acioli
mario@renergybrasil.com.br EDIÇÃO
Ana Naddaf
editor@renergybrasil.com.br REDAÇÃO
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Gil Dicelli DIREÇÃO DE ARTE
Aldonso Palácio
aldonso@renergybrasil.com.br EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Gerardo Júnior
Estalo! Comunicação + Design REVISÃO
Eleuda de Carvalho CONSULTA TÉCNICA
Gustavo Rodrigues
gustavo@renergybrasil.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Mauricio Motta (texto), Jorge Andri (artigo) e Sandes Jr - Coletivo Base (ilustração) DEPARTAMENTO COMERCIAL Meiry Benevides (85) 3023 2002 comercial@renergybrasil.com.br IMPRESSÃO Gráfica Santa Marta TIRAGEM 10 mil exemplares RENERGY BRASIL EDITORA Ltda. Rua Senador Virgílio Távora, 1701 sala 1404 - Aldeota CEP 60170-251 Fortaleza CE Brasil www.renergybrasil.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Ana Naddaf MTB CE01131 CAPA Max Uchôa Estalo! Comunicação + Design Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.
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morar
Casa de PET Além de guardar água na geladeira, garrafas PET podem ser usadas, por exemplo, em substituição a tijolos na construção de moradias. Há algumas iniciativas desse tipo em andamento no Brasil, mas a maioria esbarra em questões financeiras
PET significa Polite reftalato de Etileno, um polímero termoplástico, desenvolvido por dois químicos britânicos, Whinfield e Dickson, em 1941. Sua maior utilização está em embalagens para bebidas, mas também em forma de fibras para tecelagem.
Illustração: Gerardo Júnior/ Fotos: Antonio Duarte Gomes
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inguém tem dúvida da praticidade das garrafas PET no dia a dia, mas o que fazer com elas após o uso? Não são retornáveis e muitas vezes acabam no lixo, levando até 400 anos para se decomporem no meio ambiente. Saiba que essas garrafas plásticas podem ter outras finalidades, além de guardar água na geladeira. Elas podem ser usadas, por exemplo, em substituição a tijolos na construção de moradias. Além de ecologicamente correta, a solução representa economia de até 50% nos custos. Há algumas iniciativas desse tipo em andamento no Brasil, mas a maioria esbarra em questões financeiras. Apesar de mais barata do que uma casa convencional, falta financiamento. Sem o apoio de um agente financiador, Antônio Duarte Gomes lamenta ter perdido oportunidades recentes com investidores de Angola e da Itália. Há quatro anos, Gomes - que trabalha como eletricista em uma empresa - desenvolveu o projeto já patenteado de casas feitas com paredes e teto de garrafas PET no Rio Grande do Norte. Ele explica que o uso das garrafas, junto com areia e cimento, implica em economia na massa. A principal inovação de seu pro-
N
jeto é o uso do PET também nas telhas, feitas a partir do material triturado, prensado e moldado. Não apenas a economia é atrativa, mas o conforto: leve e resistente, a parede reduz a entrada de calor na casa, graças às bolhas de ar formadas quando bate o sol. As casas foram testadas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e estão dentro dos padrões de segurança. Outro projeto já patenteado que recicla garrafas PET é o da “Casa de Plástico”, desenvolvido em Fortaleza pelo engenheiro Joaquim Caracas, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC). A construção utiliza placas plásticas de polietileno preenchidas com espuma de poliuretano e estrutura em metálicos ou plásticos entre elas. Uma equipe de sete pessoas trabalha na pesquisa, que está prestes a concluir uma terceira versão da construção, para ser comercializada. A ideia é tornar o processo mais prático, rápido e econômico. “No momento estamos concluindo a avaliação pelas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)”, conta Salvador da Rocha, pró reitor de extensão da UFC e coordenador do projeto pela instituição.
Segundo ele, as placas plásticas - produzidas em polietileno de alta densidade 100% reciclado - apresentam grande rigidez e garantem conforto térmico e acústico equivalente ao de uma casa convencional de alvenaria e concreto. O acabamento interno pode ser feito em gesso, o que permite pintura, aplicação de texturas e até colocação de revestimento cerâmico. “Apresentamos o projeto na Casa Cor 2008 e as pessoas entravam e saíam sem perceber que era uma casa de plástico”, diz. Mesmo em caráter experimental, o projeto da “Casa de Plástico” já está presente em cerca de 300 construções, como em salas de aula e na sede da Guarda Municipal de Maracanaú - município da Região Metropolitana de Fortaleza, que ocupa uma área de cerca de 250 metros quadrados. Há ainda uma casa, da segunda versão do projeto, aberta à exposição no Campus do Pici, da UFC. Apesar da redução de custos e de ser ideal para moradias populares, o material não é restrito a elas. “Também estamos construindo os chalés de um hotel cinco estrelas em Guaramiranga usando essa técnica”, revela Joaquim Caracas, autor do projeto.
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olhar
Meio ambiente em cartoons Uma exposição retrata, com bom humor e crítica, grave problema que aflige inúmeras grandes cidades ao redor do mundo: a poluição urbana. Cartoons, charges e caricaturas alertam para a conscientização
Imagens: Eco Cartoon/ divulgação
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liando bom humor e conscientização em relação à poluição urbana, a exposição Ecocartoon 2010 trouxe à tona, de modo irreverente e crítico, o relevante tema ambiental. O local escolhido para sediar o evento não poderia ser mais propício: São Paulo, megalópole brasileira que tem em sua paisagem cotidiana os efeitos da poluição. Realizada pelo Catavento Cultural e Educacional - espaço criado em 2009 pelas Secretarias da Cultura e da Educação do Estado de São Paulo, com a intenção de ‘ensinar brincando’ - a mostra reuniu cerca de 140 trabalhos
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artísticos, entre cartoons, charges e caricaturas, que alertam, de forma leve e engraçada, para o grande problema que aflige inúmeras metrópoles ao redor do mundo. Artistas de 49 países - como Alemanha, Austrália, Brasil, Coréia do Sul, Cuba, Inglaterra, Irã, Ucrânia e Venezuela - apresentaram seus trabalhos sob a curadoria do Shopping Pátio Brasil, de Brasília (DF), que idealizou a proposta ainda em 2008 e se encarregou de selecionar e premiar as obras de destaque, por meio de um júri renomado e outro popular.
A edição anterior da exposição Ecocartoon no Brasil aconteceu na cidade de Brasília, em 2009. Este ano, a capital paulista foi escolhida para sediar a mostra por conta dos sérios problemas que enfrenta com os mais variados tipos de poluição - sonora, visual e de água e ar. A Ecocartoon insere-se na política de ações ambientalmente responsáveis do Pátio Brasil Shopping que, devido às iniciativas, sagrou-se o primeiro shopping do Centro-Oeste a conquistar a certificação ISO 14001, a mais alta qualificação em gestão ambiental.
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reciclar
Uma nova visão sobre o lixo
© Inga Nielsen | Dreamstime.com
Um projeto de lei, que tramitou por mais de 20 anos no Congresso Nacional até que fosse aprovado, responsabiliza toda a sociedade pela geração de lixo. A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos
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lixo começa a ser tratado, no Brasil, como atividade, para o bem da economia e do meio ambiente. A riqueza que vem do lixo gera emprego e renda. Essa cadeia evita a contaminação do meio ambiente com os resíduos produzidos pela sociedade. O problema está nas mãos de cada ser humano, que produz, em média, quase 1 quilo de lixo por dia. A produção anual de lixo em todo o planeta é de aproximadamente 400 milhões de toneladas, segundo dados coletados pelo portal Ambientebrasil, especializado em meio ambiente. Para tentar dar contar do problema, o presidente Lula sancionou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em agosto deste ano. Trata -se de um marco regulatório que assegura estabilidade e clareza nas regras para gestão do sistema e representa um estímulo fundamental para a adoção de programas baseados no tripé da sustentabilidade - desenvolvimento econômico e social com respeito ao meio ambiente.
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“A adoção de uma lei nacional para disciplinar o manejo de resíduos é uma revolução em termos ambientais. O maior mérito, contudo, é a inclusão social de trabalhadores que durante anos foram esquecidos e maltratados pelo poder público”, disse o presidente, durante a cerimônia de sanção das novas regras. Lula refere-se à inserção dos catadores no texto, por meio do estímulo a parcerias entre o poder público, a iniciativa privada e as cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Para o Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), associação sem fins lucrativos dedicada à promoção da reciclagem dentro do conceito de gerenciamento integrado do lixo, o reconhecimento do papel das cooperativas no processo de gerenciamento dos resíduos sólidos deverá se converter em políticas e programas de apoio à categoria. Entre os recursos disponíveis, estão R$ 1 bilhão do orçamento de 2011 previstos para financiamentos e incentivos do governo à reciclagem, além de R$ 500 milhões
da Caixa Econômica Federal em crédito para cooperativas de catadores e projetos que tratam do manejo de resíduos. Com a sanção da lei, o Brasil passa a ter um marco regulatório na área de resíduos sólidos. A lei faz a distinção entre resíduo (lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado) e rejeito (o que não é passível de reaproveitamento). A lei se refere a todo tipo de resíduo: doméstico, industrial, construção civil, eletroeletrônico, lâmpadas de vapores mercuriais, agrosilvopastoril, da área de saúde, perigosos etc. A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos. O projeto de lei, que tramitou por mais de 20 anos no Congresso Nacional até que fosse aprovado, responsabiliza as empresas pelo recolhimento de produtos descartáveis (logística reversa), estabelece a integração de municípios na gestão dos resíduos e responsabiliza toda a sociedade pela geração de lixo.
Perfil do lixo produzido nas grandes cidades brasileiras
39%
papel e papelão
7%
plástico filme
16%
metais ferrosos
2%
15%
8%
vidro
embalagens longa vida
rejeito
1%
alumínio Fonte: Ambientebrasil
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fazer o bem
Revista consciente
Fotomontagem: Gerardo Júnior sob imagem do SXC.hu
A Renergy foi pensada como uma publicação ambientalmente responsável desde sua concepção. Projeto gráfico e material utilizado na sua confecção garantem o cumprimento dos requisitos básicos da sustentabilidade e do ecodesign
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ê uma olhada mais atenta nessa Renergy Brasil que você tem em mãos. Percebe a valorização da cor branca? A cor deixa a revista mais bonita, com um visual mais arejado e facilita a leitura. Mas não é só isso, pois ao escolher o branco em detrimento de outras cores, isso significa uma redução no gasto com tinta no processo de impressão. Ou seja, menos impacto ao meio ambiente, em total consonância com a proposta editorial da revista, que tem como um de seus focos a sustentabilidade. Pelo mesmo motivo, as seções da nossa publicação são abertas com uma tipografia pontilhada, no lugar das letras sólidas, que consumiriam mais tinta. Se ficou curioso, trata-se de uma fonte da família Stag, criada por Christian Schwartz, em 2005. Também em vários detalhes tipográficos optamos pelo cinza em vez do tradicional preto. Mais uma vez a ideia é aliar leveza na aparência com economia na impressão, sem prejudicar a legibilidade do material. O formato menor, de 192 x 250 mm, também não foi escolhido por acaso: é prático para que o leitor transporte a revista consigo e diminui o consumo de papel.
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Além de coerente, a Renergy Brasil está bem informada sobre as novidades ambientalmente responsáveis em todas as áreas, inclusive na gráfica, que ainda amadurece suas propostas. “O ecodesign está mais voltado ao design de objetos e produtos, mas acredito que o design gráfico está acompanhando aos poucos. São recentes as inovações nessa área no Brasil”, comenta o jornalista e designer gráfico Gil Dicelli, responsável pelo projeto gráfico da Renergy Brasil. Segundo ele, a preocupação ecológica não pode ser vista como um modismo, e sim uma realidade sem volta e positiva para toda a sociedade. Depois de ter o projeto gráfico pronto e aprovado, o cuidado é com a impressão dos exemplares. A gráfica Santa Marta, com sede em João Pessoa (PB), foi uma das primeiras gráficas do Norte e Nordeste a ser certificada pela FSC Cadeia de Custódia, que tem a finalidade de garantir ao consumidor a origem florestal utilizada na fabricação de determinados produtos. Trata-se do selo verde mais reconhecido em todo o mundo, com presença em mais de 75 países, concedido pela Forest Stewardship Council, ONG
criada em 1990, com sede em Bonn, na Alemanha. O selo Fontes Mistas FSC estampado na capa da Renergy Brasil assegura que pelo menos 50% da matéria prima do papel utilizado são oriundos de florestas exploradas de acordo com as leis vigentes e de forma ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável. “Somos certificados na cadeia de custódia FSC, pois garantimos a rastreabilidade desde a chegada do papel FSC até a nota fiscal de nossos produtos certificados”, explica Ana Paula Pinho, coordenadora de qualidade da empresa. Anualmente a gráfica passa por auditoria para atestar que cumpre todos os requisitos obrigatórios para a utilização da marca FSC. Um estudo da consultoria inglesa Pira International estima que o consumo mundial de papel certificado pelo FSC deve chegar a 6,5 milhões de toneladas em 2012. A expectativa é que o uso seja disseminado diante do interesse cada vez maior do público em conhecer a origem dos produtos e as práticas socioambientais dos seus fabricantes em todos os nichos de mercado.
O maior evento de
Energias Renováveis
do Brasil. O ALL ABOUT ENERGY 2010 foi um grande
A próxima edição espera ampliar a
sucesso. Com 70 expositores, distribuídos em
participação de empresas e entidades do
06 pavilhões e 5.000 m2, e a presença dos
setor energético, firmando definitivamente
principais players do mercado, o evento se
o ALL ABOUT ENERGY 2011 como
2 consolidou como um dos mais importantes da
oportunidade imperdível para a realização
América Latina.
de grandes negócios.
5 a 8 Julho de 2011 Centro de Eventos
Fortaleza • Ceará • Brasil www.allaboutenergy.com.br
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ler
Para folhear consciente Bienal do Livro de São Paulo adotou práticas socioambientais responsáveis em todas as suas etapas, desde a instalação até a desmontagem de toda a estrutura. Destaque também para os inúmeros lançamentos sobre meio ambiente
Bienal Internacional do Livro de São Paulo já tem lugar garantido no calendário cultural, e agora pode marcar presença também entre os eventos que se destacam pela sustentabilidade. Pela primeira vez, a feira adotou práticas socioambientais responsáveis em todas as suas etapas, desde a instalação dos estandes até a desmontagem de toda estrutura - atentando sempre ao princípio universal dos 3R (reduzir, reutilizar e reciclar). Os expositores não apenas aderiram à idéia de reduzir os impactos ao meio ambiente como também apostaram em inúmeros lançamentos sobre o assunto.
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Com a assessoria da Evento Responsável, um programa de gestão e marketing ambiental desenvolvido pela consultoria Reciclagem, a 21ª edição da Bienal priorizou o uso responsável do Pavilhão de Exposições do Anhembi, a gestão do público visitante de 740 mil pessoas, a destinação adequada dos resíduos produzidos pelo evento, o controle da poluição ambiental e o consumo inteligente de água e energia. A emissão de carbono na atmosfera foi compensada com o plantio de mudas. As atividades também foram pensadas nesse sentido, com palestras sobre cultura indígena e bate papo com crianças e adolescentes sobre
consciência socioambiental. Todos os expositores receberam um Manual da Sustentabilidade e tiveram seus estandes inspecionados durante os dez dias da feira, realizada em agosto deste ano. Muitas das dicas eram bem simples e fáceis de serem colocadas em prática, como a sugestão de brindes feitos de materiais reciclados e/ou recicláveis, duráveis, funcionais e com caráter educativo ou informativo. FTD Editora, Volkswagen, Editora Cortez e Audiolivro Editora foram considerados os estandes com melhores conjuntos de práticas responsáveis e terminaram premiados pela organização da Bienal.
Imagen
s: divulg
ação
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Lançamentos Uma das premiadas foi a Editora Cortez, com estrutura em madeira certificada e pintada com tinta à base de água, não agressiva ao meio ambiente. Entre as práticas adotadas, se destacaram ainda a distribuição de sementes de árvores frutíferas e sacolas ecológicas confeccionadas por iniciativas sociais. O catálogo também reflete a preo cupação socioambiental, com o lançamento de títulos como Lixo: Cenários e Desafios, de Maurício Waldmann. A Cortez não foi a única editora a focar na sustentabilida-
de. De modo geral, o conteúdo da feira estava mais “verde”. A Editora Senac apresentou Meio Ambiente & Floresta, de Emílio F. Moran, que discute o papel da floresta no meio ambiente físico e humano, e Ética e Meio Ambiente, que coloca a questão sob o prisma da filosofia. Um relatório do Banco Mundial sobre políticas públicas e problemas ambientais deu origem ao livro Desenvolvimento e Mudança Climática, levado à Bienal pela Unesp. Já a Campus-Elsevier lançou o mais recente livro do ganhador do prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, Criando um
Negócio Social, sobre iniciativas empresariais. Crianças e adolescentes também foram iniciados no tema. Um exemplo é o livro Makiko e Tatuiuiú: os Guardiões da Natureza, de Dulce Auriemo, lançado pela D.A. Produções Artísticas. No estande da Imprensa Oficial, Mônica Pilz Borba apresentou a coleção Consumo Sustentável & Ação, que traz atividades para serem desenvolvidas com os alunos em sala de aula, espaços educativos e centros comunitários. A ideia é que desde cedo a sociedade seja mais consciente em relação aos hábitos de consumo.
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lucrar
Ser verde dá lucro Divulgação
Marcas ganham reconhecimento e lucram com a sustentabilidade corporativa. Bolsas de valores até criaram índices que privilegiam empresas que adotam práticas socioambientais responsáveis
o ano passado, a Grant Thor nton International, uma das maiores organizações de auditoria e consultoria do mundo, realizou uma pesquisa com 7.200 empresas privadas de 36 países de capital fechado sobre a preocupação com o meio ambiente. O resultado mostrou que os empresários brasileiros ainda estão divididos: 43% garantem que adotariam práticas verdes, mesmo se isso prejudicasse o desempenho de suas empresas, mas 47% afirmaram que não se arriscariam a perder a rentabilidade (10% não responderam). Na mé-
N
dia global, que considera todos os países pesquisados, 51% optariam pelas práticas ambientalmente corretas e 36% pelos negócios. Entretanto, várias empresas em todo o mundo mostram que não é necessário fazer esse tipo de escolha, pois é possível lucrar com sustentabilidade. A Natura Cosméticos foi uma das pioneiras no mercado brasileiro a produzir refis para seus produtos, no início da década de 80, e desde 2007 é carbono neutra, com o compromisso de reduzir suas emissões em 33% até o ano que vem. Recentemente, a
marca inaugurou seu maior projeto de sustentabilidade, com uma linha de sabonetes compostos por 20% a 50% de óleo da biodiversidade brasileira, tudo extraído de ativos comprados de oito comunidades. “Em todos os casos, buscamos potencializar os impactos positivos e minimizar os impactos negativos de nossas atividades, tanto do ponto de vista econômico quanto social e ambiental, estimulando, por exemplo, o manejo sustentável dos recursos naturais e a certificação”, conta Renato Abramovich, diretor regional Norte e Nordeste
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da empresa. As práticas verdes estão longe de prejudicar os negócios. Em 2009, a receita líquida foi de R$ 4,9 bilhões, 18,6% maior do que no ano anterior, e a empresa, de capital aberto, possui um market share de 22,5% no Brasil. Segundo o executivo, os consumidores compartilham a mesma filosofia da empresa. Alex MacBeath, líder global da Grant Thornton International, afirma que o consumidor está cada vez mais preocupado com as questões socioambientais e que a pressão deles deve aumentar nos próximos anos, levando o setor produtivo a ter atitudes mais sustentáveis. “As práticas verdes são boas para o meio ambiente e trazem vantagens para a marca, como reconhecimento no mercado e de seus colaboradores. Enfim, eleva a marca e os produtos para outro patamar de percepção junto aos consumidores e da mídia em geral”, explica. Ou seja, pode se tornar inclusive uma vantagem competitiva em mercados acirrados. Em 2005, a líder do varejo mundial, a Walmart, incorporou a sustentabilidade como um dos pilares de negócios. “A empresa enxergou que o futuro do varejo depende disso”, diz Cristianne Urioste, diretora de Sustentabilidade do Walmart Brasil. Entre as metas stão o suprimento total da companhia por energia renovável e o impacto zero em termos de resíduos, além da ampliação da oferta de produtos com diferenciais em sustentabilidade. Desde 2006, todas as lojas construídas ou reformadas levam isso em consideração. No ano passado, as novas unidades no formato hipermercado passaram a ser
construídas de forma ecoeficiente possuem iniciativas de redução do consumo de energia, utilizam materiais reciclados e reaproveitam água, entre outras ações. Atualmente, a rede conta com sete lojas ecoeficientes, todas do formato hipermercado. Urioste destaca que, embora algumas iniciativas não sejam visíveis para o cliente, todas tem grande importância ambiental e podem ser replicadas para outras lojas, pois representam redução de 25% no consumo de energia e 40% menos água. Em agosto, a empresa anunciou o compromisso para o desen-
volvimento sustentável da pesca e aquicultura no Brasil, além da ampliação da oferta de pescados artesanais e da Amazônia, com ações a serem implementadas até 2016. Mesmo com a economia mundial ainda abalada pela crise financeira, a rede destronou este ano a ExxonMobil, gigante do ramo petrolífero, e obteve o primeiro lugar da classificação anual das 500 maiores companhias americanas, pela revista Fortune. A companhia registrou lucro líquido de US$ 14,3 bilhões em 2009. Mais uma prova de que sustentabilidade e lucro podem, sim, caminhar juntos.
Índices verdes Atentas à importância da sustentabilidade corporativa, as bolsas de valores criaram índices que privilegiam empresas que adotam práticas socioambientais responsáveis. O mais conhecido é o precursor Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI), lançado em 1999, para avaliar o desempenho das empresas listadas na Bolsa de Nova York utilizando critérios de sustentabilidade. Para serem incluídas no DJSI, as organizações devem preencher um questionário detalhado, que é renovado a cada ano, para em seguida passarem por auditoria externa. Em sua versão 2010, o DJSI contém 318 empresas de todo o mundo, entre elas, sete brasileiras: Bradesco, Cemig, Itaú Unibanco, Itaúsa, Petrobrás, Redecard e Fibri (resultado da união da Aracruz Celulose com a Votorantim Celulose e Papel). Na cola do Dow Jones, o Índice
de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa (ISE) surgiu em 2005, a partir da demanda de entidades para a criação de um índice composto somente por ações de empresas negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo e que se destacam em responsabilidade socioambiental, econômica e de governança corporativa. Das 531 empresas listadas na BM&FBovespa, 55 estão participando da seleção para o ISE. Para conseguir entrar, as empresas precisam responder o questionário do índice e estar entre as que mais pontuam. A nova carteira será divulgada em novembro e entrará em vigência a partir de 1º de dezembro. Outras bolsas ao redor do mundo já aderiram ao índice de sustentabilidade, como a de Londres, que em 2001 lançou o FTSE4Good, e a de Johannesburgo, com o SRI, apresentado dois anos depois.
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plantar
Catedral da Semente Arquiteto Thomas Heatherwick cria o monumento Catedral da Semente, com nítidos simbolismos em referência ao meio ambiente, na Shangai World Expo. O espaço, que é coberto de varas de acrílico, guarda 60 mil sementes de várias espécies de plantas
http://timgarrattnottingham.co.uk
Imagens: Felipe Campolina / divulgação
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aras de acrílico balançam ao vento e cobrem a estrutura de uma catedral de 20 metros de altura. Elas guardam mais de 60 mil sementes de variadas espécies de plantas. Este monumento está exposto no pavilhão do Reino Unido durante a Shangai World Expo. A edição de 2010 do evento, feira global que se iniciou em 1º de maio e segue até 31 de outubro, tem como tema “Uma cidade melhor, uma vida melhor”. A ideia de sustentabilidade e preservação ambiental presente na exposição inspirou o arquiteto britânico Thomas Heatherwick a projetar a construção mais exuberante da feira, a obra intitulada Catedral da Semente. A catedral é coberta por varas de acrílico, que balançam com o
V
vento. Em cada uma dessas tiras, estão guardadas algumas sementes. Durante o dia, cada vara, de mais de 7 metros, atua como fibra óptica, levando luz ao seu interior. À noite, as fibras se iluminam criando uma atmosfera que faz alusão ao respeito e à devoção aos recursos do planeta. O projeto de Heatherwick, além de conter nítidos simbolismos em referência ao meio ambiente, é também inspirado no Crystal Palace, o pavilhão britânico que marcou a primeira grande exposição mundial que se realizou em 1851, em Londres. A obra, tida até hoje como um grande marco arquitetônico, resguarda em seu interior uma vasta quantidade de espécies botânicas raras, advindas de todas as partes do mundo. Baseada em
semelhante temática, a Catedral da Semente apresenta propostas inovadoras para o desenvolvimento de espécies vegetais, com diversos fins, desde medicinais até de componentes de construção e edificação. A aparência exterior deslumbrante é estendida ao lado interno da catedral. Os espaços visitáveis são compostos de paredes em vidro, que chegam a 20 metros de altura. Algumas delas são embebidas com sementes, iluminadas artificialmente durante o dia, e em oclusão durante a noite, em condições atmosféricas propícias ao desenvolvimento das espécies de botânica. A ideia é tornar o pavilhão vivo, permitindo aos visitantes assistir diariamente ao crescimento das plantas.
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praticar
Esporte sobre árvores Apesar de ainda não ser muito difundido por aqui, o Brasil é um dos lugares com maior potencial para o desenvolvimento do arvorismo. Graças aos seus recursos naturais abundantes em áreas de proteção ambiental, reservas particulares e parques
Y-Park/ divulgação
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aprática do arvorismo surgiu pela necessidade: biólogos e botânicos precisavam se deslocar com desenvoltura pelas copas das árvores para realizar suas pesquisas. No entanto, nos anos 90, com a introdução de técnicas e equipamentos mais sofisticados, logo se tornou um esporte de aventura para toda a família. O objetivo é atravessar um percurso suspenso entre plataformas montadas nas copas de árvores. Para aumentar a adrenalina, são colocados obstáculos no caminho, que muitas vezes exigem o uso de tirolesas. França e Nova Zelândia são os pioneiros no arvorismo como esporte. Mas, apesar de ainda não ser muito difundida por aqui, o Brasil é um dos lugares com maior potencial para o desenvolvimento da prática, graças aos seus recursos naturais abundantes em áreas de proteção ambiental, reservas particulares e parques. O primeiro circuito de arvorismo ao ar livre do país é o do Sítio Sete Quedas, em Brotas
A
(SP), criado em 2001, em cima de postes de eucalipto. Outras cidades já oferecem a atividade. Com 370 metros e 23 percursos, se destaca o circuito localizado no Rancho Canabrava, a 25 km de Brasília. Um dos mais belos cartões postais do Rio de Janeiro, a Lagoa Rodrigo de Freitas, também conta com um circuito em seu entorno, no Parque da Catacumba, com nove plataformas conectadas por brinquedos e pontes, além de um circuito infantil, com altura menor. O arvorismo é bem democrático, podendo ser praticado em todas as idades e nas mais diversas condições físicas, desde que seja respeitada a exigência de altura mínima do esportista, que varia de acordo com o circuito. Em Socorro, a 132 km de São Paulo, pessoas com mobilidade reduzida ou necessidades especiais também podem aderir ao arvorismo em circuitos adaptados no Hotel Campo dos Sonhos. O município está dis-
posto a tornar-se um exemplo em acessibilidade e o conceito foi aplicado também ao turismo ecológico e de aventura, que é o carro chefe de sua economia. “Em função dos obstáculos, o arvorismo só não é indicado para quem está com sobrepeso, com hipertensão arterial ou tem algum tipo de fobia à altura ou formas em labirinto”, explica Niele Pessoa, gerente de marketing do Y-Park. O circuito de 32 metros em Maranguape, a 30 km de Fortaleza, existe há dois anos, com três tipos de obstáculo, que fazem o praticante trabalhar a coordenação motora e o equilíbrio. Qualquer que seja o local, o mais importante é garantir a segurança: escolher roupas e calçados adequados, aplicar protetor solar e repelente e evitar carregar objetos pessoais soltos, como celulares. No local, verifique se há monitores treinados acompanhando a atividade e preste atenção ao estado de conservação dos equipamentos.
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conviver
Levando a casa nas costas Estรก a fim de mudar de ares, mas sem abrir mรฃo do conforto do lar? No projeto Portable House, basta engatar sua casa no carro e levรก-la pra onde quiser
Imagens: Felipe Campolina / divulgação
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magine poder levar sua casa para onde quiser engatada no carro? Não estamos falando daqueles trailers de filme americano, mas de um projeto bem mais complexo: a Portable House, desenvolvida pelo arquiteto mineiro Felipe Campolina. Trata-se de uma enorme estrutura metálica onde é possível encaixar centenas de contêineres, na verdade, unidades habitacionais pré-fabricadas, cada uma com 32 metros quadrados e quatro cômodos. Um elevador os leva para cima e para baixo sem qualquer interferência nos demais “apartamentos”. Na hora do transporte, a unidade é compactada para 17 metros quadrados.
I
Felipe explica que a Portable House complementa um projeto anterior, o ecoBitat, uma unidade de moradia feita de chapa OSB padrão, vidro temperado, paredes e telhado verdes e um sistema que permite a reutilização da água. Depois veio o projeto da torre, desenvolvido para um concurso de ideias promovido pela eVolo Magazine, que discute novas formas de habitação para o futuro. “Talvez possa ser uma boa solução para a falta de espaço urbano. A geometria da torre tem uma pequena área de projeção no terreno, destinada a facilitar a sua aplicação em centros urbanos adensados, onde o espa-
ço é muito limitado”, propõe. A idéia de uma torre com cápsulas surgiu nos anos 50, no Japão, com um grupo de arquitetos chamado Metabolistas. O primeiro exemplo construído para uso real é o Nakagin Capsule Tower, em Tóquio, projetado por Kisho Kurokawa. O projeto de Felipe dá um passo a mais, pois no caso japonês as cápsulas são fixas. Por enquanto, a torre da Portable House é apenas um protótipo, com o intuito de instigar as pessoas. Mas o arquiteto espera que um dia possa ver esse sistema funcionando: “Quem sabe, de acordo com o interesse público, possamos desenvolver os detalhes executivos”.
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cidade renovável EMPREENDIMENTO PIONEIRO
Pedra Branca Totalmente planejada para ser sustentável econômica, ambiental e socialmente, a Cidade Universitária Pedra Branca deve abrigar 30 mil pessoas nos próximos 15 anos. O empreendimento, pioneiro na América Latina, já recebeu prêmios internacionais e está entre os selecionados pela Fundação Clinton
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Pedra Branca/ divulgação
Florianópolis
alhoça é um município catarinense localizado cerca de 15 quilômetros da capital, Florianópolis. Destino turístico conhecido por suas praias, morros e ilhas, a cidade tem tudo para se tornar também uma referência mundial em urbanismo sustentável. A paisagem vem se transformando graças à construção de um bairro modelo totalmente planejado para ser sustentável econômica, ambiental e socialmente: a Cidade Universitária Pedra Branca. Com uma área de dois milhões de metros quadrados, o local deve abrigar 30 mil pessoas nos próximos 15 anos. A ideia do projeto, iniciado em 2002, é ter um bairro com infraestrutura de cidade, rodeado de áreas verdes e onde os moradores possam trabalhar, estudar e se divertir ao alcance de uma caminhada. A Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) funciona como âncora, mas há também áreas para a implantação de serviços e indústrias, como o Techno Park, com 204 lotes destinados à operação de
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empresas não poluentes. Contando com a chancela do conselho nacional de prédios verdes GBC Brasil, o projeto cria uma comunidade que privilegia o pedestre e a preservação do meio ambiente local. “No mundo contemporâneo e diverso no qual vivemos, a Pedra Branca contempla em seu projeto a convivência e perfeita relação entre o ambiente natural e o ambiente construído”, diz Jaime Lerner, urbanista orientador do projeto. O reconhecimento do empreendimento, pioneiro na América Latina, aconteceu em setembro de 2007, quando recebeu o prêmio na categoria Investidores na XI Bienal Internacional de Buenos Aires, um dos três maiores eventos do mundo no setor. Também foi um dos vinte finalistas do Financial Times Sustainable Awards Cities 2008 (Prêmio Financial Times e Urban Land Institute de Cidades Sustentáveis 2009). Além disso, a Pedra Branca foi convidada pelo U.S.Green Building Council a apresentar o
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cidade renovável EMPREENDIMENTO PIONEIRO case de bairro planejado em Boston, durante o Greenbuild Conference & Expo, o maior evento de construções sustentáveis do Pla neta, que aconteceu em novembro de 2008. No último mês de outubro, o diretor da Fundação Clinton, Seth Schultz, esteve na Grande Florianópolis para iniciar um projeto piloto que irá estabelecer as metas de emissão de carbono para as cidades do futuro. O projeto Pedra Branca é um dos cinco escolhidos para participar dessa iniciativa, que será desenvolvida em parceria com a Academia Real de Tecnologia da Suécia. O desafio é reduzir a emissão local de CO² para zero, dentro do Programa do Clima Positivo, tocado em 16 empreendimentos selecionados pela Fundação, presidida por Bill Clinton. Com o intuito de reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa de seus Desenvolvimentos Positivos para o Clima para abaixo de zero, empreendedores imobiliários e governos municipais entrarão em acordo para trabalhar em parceria nas áreas de atividades específicas. Dilnei Bittencourt, responsável pela coordenação de todos os projetos de engenharia, explica que isso inclui a implantação de inovações economicamente viáveis em edifícios, a geração de energia limpa, gerenciamento de resíduos, gerenciamento de água, sistemas de transporte e de iluminação pública. Pedra Branca é o primeiro bairro latinoamericano a utilizar iluminação pública com lâmpadas LED. Para avançar ainda mais, há a intenção de trabalhar com universidades locais, pesquisadores, o GBC Brasil e o CBCS (Conselho Brasileiro de
Construção Sustentável). As obras do bairro cidade começaram este ano, com a cons trução das duas primeiras quadras, que terão investimentos de R$ 82 milhões. A praça Pedra Branca, âncora do novo centro do bairro, já saiu do papel. De um lado, terá um Centro Cultural projetado por Jaime Lerner e de outro um hotel de alto padrão do arquiteto André Schmitt. A primeira quadra é toda sustentável, com captação de água da chuva, energia solar e o reuso de água. Em outubro foi lançada a segunda quadra, com unidades residenciais e de escritórios. Atualmente, Pedra Branca abriga 4 mil moradores, 600 casas e seis prédios. Onze grandes escritórios de arquitetura e urbanismo estão engajados na experiência e vem se reunindo em “charretes” (método de trabalho que reúne especialistas de variadas áreas). O conceito começa no projeto de canteiro, com a racionalização da construção e eliminação de desperdícios, e passa pela escolha dos materiais mais adequados. “Sustentabilidade é um processo que nasce no projeto, passa pela construção e deve continuar durante toda a vida útil da edificação. O mesmo se aplica ao bairro”, lembra o investidor do projeto, Valério Gomes. Até mesmo o showroom mostra essa preocupação, com sua estrutura em aço reciclável, refrigeração com gás ecológico e lâmpadas com baixo consumo de energia. O novo centro de bairro da Cidade Universitária Pedra Branca será constituído em núcleos que permitam aos moradores o acesso rápido à zona comercial. Uma rede de ciclovias obedecerá ao mesmo padrão viário, oferecendo
rotas alternativas. Bolsões de áreas verdes, praças e um parque linear ao longo de um lago servirão como áreas de convivência. A maior parte dos edifícios será de alvenaria de blocos cerâmicos e contará com pátios internos e jardins complementando a área verde pública, assim como jardins na cobertura e área de estacionamento subterrânea. O projeto seguirá os padrões do sistema Leadership in Energy and Environmental Design (Leed), a mais importante certificação mundial de sustentabilidade. Toda a infra estrutura urbana será subterrânea, sem excesso de postes e fios que poluem visualmente a maioria das grandes cidades.
Princípios do Urbanismo Sustentável 1. Prioridade ao pedestre 2. Uso misto e complementaridade 3. Diversidade de moradores 4. Senso de comunidade 5. Densidade equilibrada 6. Sustentabilidade e alta performance do ambiente construído 7. Espaços públicos atraentes e seguros 8. Harmonia entre natureza e amenidades urbanas 9. Conectividade e integração regional
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rg verde PERFIL
O transformador de comunidades Ao deixar de lado uma bolsa de estudos para participar da reforma coletiva de museu sobre pesca, Edgar Gouveia não afetou apenas a cidade litorânea que recebeu o projeto. Foi a base para a formação do Instituto Elos, que reúne estudantes de arquitetura que buscam lugares físicos e socialmente degradados para, junto com as pessoas daquela comunidade, melhorar as condições de habitação
Ruchir Purohit/ divulgação
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ascido em Santos, Edgard Gouveia Júnior teve grande parte de sua vida próxima ao mar, além dos animais e dos desenhos. “Adorava animais e ajudava o dono de uma loja a cuidar deles. Eu passeava muito nesse centrinho comercial e também passava muito tempo desenhando. Eu tinha um mundo muito introspectivo, pegava um papel em branco e passava horas e horas desenhando”, puxa pela memória. Sobre “o que ser quando crescer”, Edgard lembra que não havia cobranças. “Meu pai nunca me falou que eu precisava fazer uma universidade. Mas ele tinha a preocupação de que fôssemos independentes. Medo de que tivéssemos que trabalhar de dia e de noite como ele fez para nos sustentar. Eu imaginava ser veterinário ou cenógrafo, não me lembro muito bem. Mas também gostava do Jacques Cousteau, das expedições. Na verdade eu queria fazer muitas coisas, viver muitas aventuras no mar, no
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deserto, gostava de espaço. E acredito que escolhi arquitetura por conta disso”. Antes da arquitetura, Edgard foi jogador de vôlei pelo time do Santos. “O vôlei fez minha vida, guardei dinheiro, paguei minha faculdade, viajei para muitos países. Com 22 anos de idade eu já tinha meu apartamento. Fiquei tranquilo para encarar a vida e fazer o que eu faço hoje. Escolhi até o lugar onde eu queria fazer estágio, trabalhar. E quando eu percebi que toda minha vida era o vôlei e, que se eu perdesse aquilo, de repente, eu poderia ficar muito mal, eu falei: ‘Não está certo’. Então, comecei a relembrar quais eram meus sonhos. E a arquitetura era um deles”. Foi esta área do conhecimento que levou Edgard a trabalhar com comunidades carentes. “A conexão da arquitetura com o social foi muito forte”, afirma. “O vôlei me deu essa vida, essa busca de fazer coisas. Mas na arquitetura, quando eu comecei
a lidar com favelas e mergulhar nesse mundo, recuperei essa história do que acontece com as favelas e o que está acontecendo na África e no Nordeste”. Ainda com os recursos que havia juntado como jogador de vôlei, mas já com o espírito de arquiteto, Edgar Gouveia fez uma viagem ao sertão nordestino. “As coisas que eu via na infância. Crianças brincando com ossinhos, essas imagens que nos passam. E cheguei lá e vi que as crianças brincam e riem, tem galinhas. Tem miséria, mas não só aquela miséria mostrada pela televisão, que mostra o pior, porque são as imagens que vendem, que tocam as pessoas. Tem também alegria, tem danças, tem comunidade. Tem um foco de luz ali no meio da escuridão. A arquitetura foi o que me possibilitou a tocar nisso, a agir”. Foi com a ajuda de uma disciplina de urbanismo que ele se aproximou da realidade da favela. “Ninguém >
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rg verde PERFIL munidade e jovens empreendedores sociais para viabilizar projetos de interesse coletivo. Desde o começo, o processo foi de oportunidades e descobertas, assim como a vida de Edgard. Ele recorda que foi procurado por estudantes da Faculdade de Arquitetura de Santos, que já sabiam de seu trabalho em algumas comunidades, para coordenar os trabalhos no Museu de Pesca. O jovem pesquisador, mas também empreendedor social, deixou de lado uma bolsa de estudos na Alemanha para participar da reforma coletiva do museu. O projeto afetou toda a cidade e despertou a atenção de outros estudantes de arquitetura, agora não apenas da cidade de Santos, mas de várias faculdades da América Latina. A partir daí, nasceu o Instituto Elos. A ONG desde então reune estudantes de arquitetura e urbanismo que buscam lugares físicos e socialmente degradados para, junto com as pessoas daquela comunidade, melhorar as condições de habitação.
Um dos projetos desenvolvidos é o Guerreiro sem Armas. É um programa bienal de aprendizagem e imersão de 30 dias para jovens empreendedores sociais do mundo inteiro. O objetivo do programa é que os participantes retornem para suas comunidades inspirados, armados com técnicas eficientes para trabalhar em grupo. Com o espírito cooperativo fortalecido, poderão agir nas suas próprias comunidades. Para despertar e cultivar esse espírito, o programa imerge os participantes numa comunidade local, como uma favela, um gueto urbano ou uma comunidade de pescadores tradicional do litoral paulista. Jovens trabalham lado a lado com a comunidade para planejar, projetar e construir algo que tenha importância cultural, social ou simbólica para os moradores. Atualmente, o projeto seleciona 60 jovens que vão participar do programa em janeiro de 2011. Mais de 400 jovens, de 30 países, estão inscritos na seleção. Ruchir Purohit/ divulgação
gostava de planejar uma cidade. Todo mundo queria fazer grandes edifícios, escolas espetaculares, casas maravilhosas, e não ficar desenhando uma cidade, estudando política”, lembra, ao apontar que foram professores desta disciplina que o levaram para este novo universo, o das comunidades menos favorecidas. “Descobri, então, essa imagem distorcida de que quem vive na favela quase não é gente. Então comecei a desenvolver esse senso mais humano também, de fazer sentido o que as pessoas querem, o que as pessoas sonham, quais são os desejos delas, de onde elas vem. Depois que você conhece essas pessoas, eles te chamam: ‘Olha, vai ter uma festa e tal’. E eles estão lá, pulando, dançando, brincando, cheios de vida. Não é nada daquilo que você imagina quando vai lá, dá uma olhadinha e sai”. Este aprendizado plantou a raiz do que seria o Instituto Elos. A ideia era de uma instituição que reunisse moradores de uma determinada co-
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personagem ENTREVISTA
MÁRCIO ZIMMERMANN
“Estamos na direção certa para ampliar a matriz energética brasileira” Universalização do uso da energia, modicidade tarifária e segurança energética. Prioridades a que se comprometeu Márcio Zimmermann, ao assumir a pasta do Ministério de Minas e Energia. Em entrevista, o ministro fala destes compromissos e da busca pela diversificação da matriz, do caso Proinfa, de biodiesel, do etanol brasileiro e dos resultados dos últimos leilões para a atual política energética
{ por Mônica Lucas
Foto: Ruy Baron/Valor/Folhapress
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personagem ENTREVISTA
MÁRCIO ZIMMERMANN
o ser nomeado para o Ministério de Minas e Energia (MME), o engenheiro eletricista catarinense Márcio Zimmermann se comprometeu a atuar com base em três prioridades: segurança energética, modicidade tarifária e universalização do uso da energia. Desde março à frente da pasta, uma das mais estratégicas para o desenvolvimento do País, Zimmermann concedeu entrevista exclusiva à Renergy Brasil, em que citou os avanços para alcançar esses objetivos. Em um balanço sobre o atual cenário energético brasileiro, o ministro voltou a defender que o País tem vocação para uma matriz limpa e renovável. Tanto que, nos últimos cinco anos, cerca de 70% da energia agregada ao sistema elétrico é oriunda de eólicas, biomassa, pequenas e médias centrais hidrelétricas. Além de servirem como opções complementares às fontes convencionais, a tecnologia empregada, com emissão bem menor de CO², contribui para o cumprimento de metas assumidas pelo Brasil para a preservação ambiental do planeta. Para conseguir mais resultados nesse aspecto, Zimmermann destaca a necessidade de travar um diálogo mais constante com
a iniciativa privada. O exemplo mais completo seria o da indústria automotiva que, com o desenvolvimento da tecnologia flex, deu vazão à produção de etanol. “Boa parte das políticas públicas passa pela harmonização dos interesses dos diversos setores envolvidos”, diz o ministro. Desafio que o governo tenta levar a cabo também no setor elétrico, com os leilões de energia. O ministro afirma que os resultados dos últimos leilões são outra
sólido planejamento. Devemos lembrar que a indústria está recuperando um terreno que perdeu com a crise de 2009. As ações do governo para lidar com a crise foram bem sucedidas, como a redução de IPI para equipamentos eficientes. Este é um exemplo que permitiu o crescimento, ao mesmo tempo em que contemplou a economia de energia. Se por um lado houve aumento de consumo pelo crescimento da
O Brasil possui vocação para uma matriz limpa e renovável. Nos últimos cinco anos, cerca de 70% da energia agregada ao sistema elétrico (55GW) foi proveniente de fontes renováveis
prova do acerto da atual política energética. “Conseguimos conciliar segurança energética com preços menores, diversidade energética e respeito ao meio ambiente”, completa Zimmermann. Renergy - A indústria foi o setor que apresentou maior expansão no consumo de energia elétrica. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética, somente no primeiro trimestre deste ano, o consumo do setor cresceu em 13%. As previsões são otimistas e estima-se que o Brasil pode crescer até 7%, 8%. Nesse ritmo, há risco de apagão? Márcio Zimmermann - O Brasil não corre risco de apagão. O setor de energia brasileiro está baseado em um
produção, por outro, equipamentos mais eficientes ajudaram na economia de energia. Leilões de reserva também foram feitos e com oferta bem sucedida. Outro ponto importante que deve ser destacado é o modelo institucional do setor elétrico brasileiro, que foi estabelecido a partir de três prioridades: segurança energética, modicidade tarifária e universalização do uso da energia. O governo tem respostas adequadas no que diz respeito à expansão do sistema e acompanhamento da operação, através de análises permanentes do equilíbrio entre a oferta e a demanda. Hoje o sistema de transmissão no Brasil está adequadamente direcionado para permitir a troca de energia
entre todas as hidrelétricas e todas as regiões brasileiras. R - Podemos esperar um aumento da participação das energias alternativas? Quais são os planos do MME em relação a esse tipo de geração? MZ - As fontes alternativas estão cada vez mais presentes. Nas últimas décadas, algumas dessas tecnologias alcançaram o reconhecimento, como alternativa tecnologicamente viável, para o suprimento em uma escala
o desenvolvimento sustentável destas tecnologias. As fontes alternativas surgem como opção complementar às convencionais, uma vez que promovem um ganho sistêmico com a reserva de água e a redução da necessidade de fontes térmicas. R - E quanto ao custo? MZ - Outro paradigma que está sendo superado é a questão do custo. No último leilão de fontes alternativas, realizado em agosto deste ano, a energia eólica, por
energia agregada ao sistema elétrico (55GW) foi proveniente de fontes renováveis (biomassa, eólica, pequenas e médias centrais hidrelétricas). Como essas tecnologias tem índices muito mais baixos de emissões de CO², o setor contribuirá para o cumprimento das metas de emissão assumidas pelo Brasil. R - Que balanço o senhor faz do Proinfa? MZ - O Proinfa é um programa pioneiro, que está aumentando
mais robusta. Este é o caso da geração eólica, que está crescendo de maneira significativa em consonância com a tendência mundial. A evolução tecnológica aprimorou este tipo de geração, permitindo sua integração ao sistema elétrico e sua operação conjunta com fontes tradicionais. Certamente os incentivos tributários e o ambiente regulatório pautado na diversificação da matriz energética, sob a égide da modicidade tarifária, contribuíram para o aumento desta representatividade. A inclusão de projetos no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI) e o direito de uso dos créditos de carbono advindos do projeto são mecanismos de promoção para
exemplo, teve o preço médio de R$ 130,86 por megawatt-hora. O leilão, como um todo, foi um sucesso. No geral, foram contratadas 70 centrais eólicas, 12 termelétricas à biomassa e sete pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Os 89 projetos receberão investimentos de aproximadamente R$ 9,7 bilhões. As térmicas à biomassa apresentaram um preço médio de R$ 144,20 por megawatt-hora e as PCH de R$ 141,93 por megawatt-hora. Isto demonstra o aumento da competitividade entre essas fontes e a tendência da participação cada vez maior nos próximos leilões. O Brasil possui vocação para uma matriz limpa e renovável. Nos últimos cinco anos, cerca de 70% da
a segurança no abastecimento de energia elétrica, por meio de usinas de biomassa, eólicas e Pequenas Centrais Hidrelétricas. Os últimos números mostram os avanços do programa. Dos 2.143 MW estimados desde o seu lançamento, 71% do programa foi concluído. Esse percentual é equivalente à inserção de 1.523 MW no sistema. R - Além das fontes eólica e de biomassa e das PCHs, há alguma previsão para outras fontes, como a solar, a geotérmica e a de ondas? MZ - A busca pela diversificação da matriz elétrica remete a um novo paradigma energético, representado pela introdução de algumas tecnologias renováveis que, embora ainda mais
Fotos: Rogério Resende/ divulgação
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personagem ENTREVISTA
MÁRCIO ZIMMERMANN
caras, tornam-se mais viáveis na medida em que se expandem. Essa viabilidade se conquista não só pela redução dos custos proporcionada pelos ganhos de escala, mas também pelo avanço tecnológico. No Brasil, com suas múltiplas opções renováveis, as opções mais baratas, naturalmente, foram desenvolvidas, com destaque para energia hidrelétrica e etanol, deixando para trás opções mais caras. A energia solar fotovoltaica vem apresentando um efetivo crescimento mundial nos últimos anos, em grande parte devido à implantação ou intensificação de programas de governo que estimulam tanto o uso quanto o desenvolvimento tecnológico e industrial dos equipamentos necessários para o seu aproveitamento. Associa-se a este crescimento, o aumento de custos dos combustíveis fósseis e a preocupação com o meio ambiente, que favorece as fontes de energia menos agressivas. Em países desenvolvidos, nos quais a base é essencialmente fóssil, existem, em geral, poucas opções renováveis para o suprimento energético. Por isso, alternativas relativamente mais caras são utilizadas para a diversificação da matriz energética. R - E a realidade brasileira? MZ - Não há ainda no Brasil uma estrutura industrial favorável à inserção em larga escala dessas tecnologias, devido ao seu alto custo e à falta de uma cadeia produtiva consolidada. Mas projetos de pesquisa e desenvolvimento estão em andamento para superar os gargalos tecnológicos e preparar uma base técnica e regulatória para atender às
possibilidades de inserção dessas tecnologias. Se por um lado precisamos estar preparados para o futuro, também é importante manter nosso compromisso com a modicidade tarifária. Ao atingir um valor razoável, uma tecnologia passa a ter outra dimensão em termos de perspectivas de sua participação na matriz energética. O exemplo mais recente disto é a energia eólica. R - Poderia haver uma maior contribuição do Legislativo, para estimular as energias alternativas? MZ - O Legislativo tem sido bastante atuante no que diz respeito a proposições no setor de energia. Temos tido uma grande gama de iniciativas que chegam ao Ministério e são sempre levadas em consideração. É lógico que são sempre analisadas dentro do contexto do Planejamento Energético. Uma ação que isoladamente parece efetiva pode não se revelar tão desejável quando analisada dentro do contexto geral da matriz energética e do modelo energético vigente. Devemos lembrar que o novo modelo do setor foi resultado de um esforço que contou com todo o apoio do Legislativo. O setor de energia tem o apoio de parlamentares e estudiosos das questões energéticas. Um recente exemplo desta cooperação é o Grupo de Trabalho de Energia Solar Fotovoltaica que, por meio de uma iniciativa do Legislativo, teve sua condução coordenada pelo MME, resultando num relatório que, em breve, será divulgado. R - O Brasil se destaca pela produção de etanol e a criação
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da tecnologia flex, hoje bastante popular nos veículos nacionais, que contribui para a demanda. Há outras possibilidades de “diálogos” semelhantes na indústria? MZ - O diálogo precisa ser permanente quando pensamos em política energética. Governo e iniciativa privada tem cada um suas responsabilidades e boa parte das políticas públicas passa pela harmonização dos interesses dos diversos setores envolvidos. Quando falamos de combustíveis líquidos, como é o caso do etanol, há interesse nacional na segurança energética e na segurança do abastecimento, com o combustível disponível ininterruptamente para o consumidor, com qualidade e preço justo. Envolve também o relacionamento com a indústria do petróleo, com distribuição de combustíveis, com ciência e tecnologia, com o meio ambiente e com a indústria automotiva. O caso do carro flex-fuel é um bom exemplo do diálogo e dessa harmonização de interesses. Ele foi a alavanca principal da maior demanda interna nos últimos anos. Mas os desafios tecnológicos são constantes quando pensamos em indústria automotiva. Outro ponto relevante é o aumento da eficiência e redução do consumo dos carros flex. Temos ainda as emissões poluentes, que estão diretamente relacionadas com os avanços tecnológicos do motor e do sistema de injeção e também com a evolução da qualidade dos combustíveis, seja com o etanol, com o biodiesel ou com os derivados de petróleo.
O programa de etanol brasileiro é reconhecido na história mundial como o maior projeto de substituição de combustíveis fósseis por renováveis no setor de transportes
Outras questões importantes são motores preparados para o maior uso de biodiesel e o desenvolvimento dos carros híbridos com tecnologia flex-fuel, de forma a permitir o uso de etanol, gasolina ou eletricidade. Esses são pontos ainda em aberto, cuja solução nasce do diálogo. R - O etanol é o nosso caso mais bem sucedido de energia limpa? O que esta fonte provocou no mercado quando entrou na matriz? MZ - O programa de etanol brasileiro é reconhecido na história mundial como o maior projeto de substituição de combustíveis fósseis por renováveis no setor de transportes. Com o desenvolvimento do setor, passamos a ter mais um derivado energético da cana de açúcar: a bioeletricidade. Juntos, etanol e bioeletricidade da cana ocupam a segunda posição na matriz. Está atrás somente do petróleo. O etanol contribui com vários aspectos positivos. Primeiramente, reforça nossa segurança energética de longo prazo, pois é mais uma fonte renovável dentro da matriz. Além de renovável, é uma alternativa bastante competitiva com a gasolina. Em termos ambientais, contribui para reduzir os gases causadores do efeito estufa, razão pela qual se torna uma parte importante da solução dos problemas de mudanças climáticas. O etanol também reduz as principais emissões poluentes e, assim, contribui para melhorar a condição do ar nas cidades, nos centros urbanos. Os benefícios não param por aí. A produção de etanol não é tão capital intensivo quanto a indús-
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personagem ENTREVISTA
MÁRCIO ZIMMERMANN
tria do petróleo, e a maior parte do custo de produção é a própria matéria prima agrícola. Ou seja, está relacionado com a atividade rural. Desse modo, gera mais emprego e ajuda a desconcentrar a renda. R - Quais são as prioridades do MME em relação ao biodiesel? Que pesquisas avançam mais rapidamente? MZ - O biodiesel avançou bastante desde sua criação pelo presidente Lula. Fizemos um programa energético ambicioso, que envolveu produzir e usar o biodiesel em larga escala e, ao mesmo tempo, manter o foco social e ambiental. O biodiesel brasileiro é diferente do produzido nos outros países, conseguimos conciliar interesses da agricultura familiar e do agronegócio. Ambos participam do fornecimento de oleaginosas. Mas o sucesso obtido até agora não implica pensarmos que nada mais precisa ser feito. Pelo contrário, há muito que trabalhar para consolidar o biodiesel como um produto competitivo dentro da matriz energética brasileira. Já antecipamos em três anos a meta da lei para a mistura B5 (5% de biodiesel no diesel), antes prevista para 2013. Mas o fato é que uma fonte energética sempre compete com outra, ainda que não sejam substitutos diretos. O biodiesel deverá, sim, ampliar sua participação no Brasil, mas isso requer competitividade. O etanol é hoje um produto muito competitivo com a gasolina, sem qualquer tipo de subsídio, porém teve toda uma curva de aprendizado, com ganhos de produtividade nas etapas agrícola
O biodiesel brasileiro é diferente do produzido nos outros países, conseguimos conciliar interesses da agricultura familiar e do agronegócio. Ambos participam do fornecimento de oleaginosas
e industrial durante vários anos. A produção atinge atualmente até 8 mil litros de etanol por hectare de cana plantado. Com o biodiesel, ainda estamos longe. R - É possível ter desenvolvimento energético sem danos ao meio ambiente? Como o MME tem encarado essa questão? MZ - Ao contrário do que a sociedade pensa, o setor de energia tem uma parcela muito reduzida na emissão de gases que causam o efeito estufa. As emissões brasileiras estão mais ligadas ao uso indevido da terra (queimadas) e da floresta (desmatamento), que está sendo firmemente combatido. O setor elétrico, como as hidrelétricas, biomassa e eólicas, participa com apenas 2,5% de emissões. Ao contrário do resto do mundo, o Brasil prioriza o uso de fontes renováveis. Em curto prazo, ele será um pequeno emissor e um exemplo no mundo em economia de baixo carbono. R - De acordo com estudos do IBGE, o Brasil tem uma das tarifas mais baixas na geração de energia, mas, na ponta, é uma das energias elétricas mais caras do mundo. Por que isso acontece? MZ - Embora o preço da geração seja um dos mais baixos no mundo, a tarifa final paga no Brasil sofre um elevado acréscimo de tributos. O principal imposto pago pelos brasileiros é o ICMS, de origem dos governos estaduais e que em 25% dos estados chega a ser de 42,86%. Além disso, a tributação do PIS/ COFINS também eleva o valor da conta em aproximadamente 8,54% na média nacional. Com relação à tarifa final, sem os
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impostos já citados, a composição é: 46% para a compra da energia, 9% para o encargo de transmissão, 12% para os encargos setoriais e 33% para as distribuidoras e gerência. Sem impostos, não se pode afirmar que a tarifa brasileira seja uma das mais caras do mundo. Segundo a Agência Internacional de Energia, o Brasil está em 20º lugar no ranking formado por 25 países. R - Nos últimos anos, a atração de investidores estrangeiros no setor de energia aumentou significativamente. A que o senhor atribuiu esse interesse? MZ - O Brasil encontrou um modelo que é muito atrativo para investimentos. Ele oferece um PPA de cerca de 30 anos para geradores hidráulicos e 15 anos para geradores térmicos no segmento de geração. Além da possibilidade de oferta de preços mais baixos, essa garantia de compra de energia pelo governo proporciona uma considerável redução no risco do negócio e garante aos investidores o atendimento de suas taxas de retorno de capital/ TIR. Na transmissão também ocorre a garantia da receita, o que tem feito dos leilões um sucesso, já que o gerenciamento de risco no mundo é um dos principais problemas do capital. A distribuição é o segmento em que empresas que são bem administradas conseguem capturar parte da sua eficiência, transformando-a em lucro adicional. Então, o momento brasileiro é muito atrativo e animador para os investidores estrangeiros. R - Ao assumir a pasta, o senhor colocou como prioridades o
consumidor de baixa renda e o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica. Como a energia renovável seria um indutor de desenvolvimento e redução de desigualdades econômicas e sociais no Brasil? MZ - Um dos grandes desafios do Programa Nacional de Universalização do Acesso à Energia Elétrica é atender as comunidades isoladas, especialmente as localizadas na Amazônia. Para isso, o MME elaborou o Manual de Projetos Especiais para atender essas comunidades a partir do uso de fontes alternativas de energia elétrica (como a solar, biomassa, eólica, PCH). Um exemplo de comunidade que já funciona com sistema alternativo de geração de energia elétrica é a ilha de Lençóis, no município de Cururupu (MA). O sistema que abastece a ilha é um projeto piloto desenvolvido e executado pela Universidade Federal do Maranhão e financiado pelo MME, por meio do Programa. O sistema é composto por três turbinas eólicas movidas pelo vento da região, montadas em torres de 30 metros cada, e uma miniusina composta por 162 painéis fotovoltaicos que captam a luz solar, que é transformada em energia e armazenada em um banco de baterias. Desde 2008, o município recebe energia elétrica por ininterruptas 24 horas. Com previsão também para instalação de freezer para a conservação pescados. Desta forma, o Programa beneficiou 90 famílias, além de possibilitar o desenvolvimento local, redu-
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personagem ENTREVISTA
MÁRCIO ZIMMERMANN
zindo assim as desigualdades sociais. R - Como o ministério avalia os últimos leilões? MZ - A resposta do mercado em relação aos últimos leilões foi satisfatória. O MME vê como positiva a realização de leilões diversificados. Isso torna a oferta de fontes cada vez mais competitiva e com desenvolvimento sustentável. Acredito que estamos na direção certa para ampliar a matriz energética brasileira, de acordo com as políticas estabelecidas no Plano Decenal 2030. R - E como o senhor avalia o resultado dos leilões de fontes alternativas, realizados no fim de agosto? MZ - O leilão mostra mais uma vez o acerto da política energética. Conseguimos conciliar segurança energética com preços menores, diversidade energética e respeito ao meio ambiente. A energia eólica, que desde o leilão de dezembro mostrou-se competitiva, comprova que veio para ficar. Temos um grande potencial e, com preços competitivos, podemos utilizá-lo de maneira econômica. As outras fontes, que já se mostravam econômicas, já percebem os novos preços apresentados pela energia eólica. Esta competição é saudável, movimenta o setor, faz com que os agentes busquem soluções para reduzir seus custos. R - E sobre o domínio das eólicas nos leilões? Vai ao encontro dos planos do ministério? MZ - O Ministério não privilegia esta ou aquela fonte, mas trabalha no sentido de garantir que todo o potencial brasileiro
das diversas fontes possa ser utilizado da melhor maneira, ou seja, com segurança e modicidade tarifária. Estamos sempre atentos e, quando necessário, fazemos leilões específicos para uma determinada fonte, como foi o caso do leilão de dezembro para energia eólica. É natural que, num determinado leilão, uma fonte específica se sobressaia em função de uma determinada conjuntura, incluindo a conjuntura internacional. Isso não caracteriza um domínio de
O leilão mostra mais uma vez o acerto da política energética. Conseguimos conciliar segurança energética com preços menores, diversidade energética e respeito ao meio ambiente. A energia eólica, que desde o leilão de dezembro mostrou-se competitiva, comprova que veio para ficar uma tecnologia, mas reflete todo um trabalho realizado por investidores e governo. Em outros leilões, outros resultados em termos da posição relativa entre as fontes ocorrem. R - Serão realizados novos leilões de energias renováveis em 2011? O senhor acredita que essa regularidade estimula os investidores? MZ - Os leilões ocorrem segundo as necessidades antecipadas pelo planejamento energético e pela tendência de
evolução da demanda, que é continuamente monitorada. O país está crescendo e energia é um vetor importante deste crescimento. Os leilões ocorrerão segundo esta necessidade e os investidores acompanham atentamente a evolução do mercado antecipando, evidentemente considerando um risco inerente a todas as previsões, as tendências e tomando suas decisões. O importante é que as regras são claras, conhecidas e estáveis. Isto estimula os investidores e faz cair os preços. É o que vivenciamos com os resultados que estamos obtendo nos leilões. R - Existe a possibilidade de leilões regionais para resolver as questões de transmissão relacionadas à concentração de projetos de geração em determinadas regiões? MZ - A questão está sendo estudada pelo Ministério de Minas e Energia.
Para saber mais: O engenheiro eletricista catarinense Márcio Zimmermann faz parte dos quadros do Ministério de Minas e Energia desde 2005. Já havia sido Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético e Secretário Executivo e chegou a ocupar o cargo de ministro interino após a saída de Silas Rondeau, em 2007. Reconhecido pelo mercado por um perfil técnico e boa desenvoltura política, assumiu a pasta em 31 de março deste ano.
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capa LEILÕES/ FONTES ALTERNATIVAS
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LOES Para o setor, os três últimos leilões direcionados para a contratação de fontes alternativas foram um grande sucesso: ampla participação, alta competitividade e presença de diferentes tipos de agentes. Investidores, especialistas e associações analisam os resultados, os motivos do avanço e das estratégias dos grandes vencedores. Apesar do modelo consolidado, os leilões também foram alvo de questionamentos.
por Mônica Lucas
Fotomontagem: Gerardo Júnior
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capa LEILÕES/ FONTES ALTERNATIVAS á exatos dez anos o Brasil passava por um dos seus piores momentos no setor elétrico: a falta de chuvas, planejamento e investimentos de geração e distribuição forçou a população a um racionamento de energia, o chamado “apagão”. A situação mostrou a necessidade de diversificação da matriz energética. Para diminuir a dependência das hidrelétricas e evitar o acionamento das usinas termelétricas a gás, carvão e óleo combustível, o governo começou a dar mais atenção às fontes renováveis. Dentro desta nova re-
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gia tem garantia de contratação por 20 anos pela Eletrobras. A segunda fase, cujas bases do programa previam o atendimento de 10% da demanda de energia elétrica do Brasil pelas três fontes alternativas em 20 anos, foi esquecida pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e Eletrobras. Para o coordenador do Proinfa na Eletrobras, Sebastião Florentino, o estabelecimento de incentivos para fontes alternativas não é mais uma necessidade, pois a primeira fase do programa cumpriu o seu papel, abriu os caminhos e criou um mercado. “O Proinfa 2
tribuindo para a modicidade tarifária. Ao colocar as fontes alternativas no calendário de leilões, com um mecanismo de comercialização de transação rápida e regras claras, o governo deu sinal verde para os investidores do setor. Nos últimos doze meses foram realizados três destes leilões, um em dezembro de 2009 e mais dois no fim de agosto de 2010, que devem transformar a matriz elétrica e modificar o mapa da geração de energia no País, na próxima década. Um deles foi de fontes alternativas A-3 e os outros dois
No total, o segundo leilão de fontes alternativas (A-3) e o segundo e terceiro leilões de Reserva contrataram 141 centrais eólicas, 12 termelétricas movidas à biomassa e sete PCHs. Foram as maiores contratações de energia oriunda de fontes alternativas no País alidade, deu-se início a um planejamento que envolve agentes privados e estatais que compõem o setor elétrico brasileiro. Pode-se dizer que o processo de diversificação se iniciou em abril de 2002, com a instituição do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), no qual eram previstas duas fases distintas. A primeira fase, acontecida em 2004, previu a operação de 144 usinas, totalizando 3.299,40 MW de capacidade instalada, sendo 1.191,24MW provenientes de 63 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), 1.422,92 MW de 54 usinas eólicas, e 685,24 MW de 27 usinas à base de biomassa. Toda essa ener-
é desnecessário. Estamos em outro patamar, com a realização dos leilões específicos”, comenta o executivo. Com a reestruturação do setor elétrico brasileiro, os leilões de energia se mostraram ferramentas fundamentais do processo de diversificação da matriz. Neste rumo, o governo vem adotando a prática sistemática de leilões de fontes alternativas, com base num modelo holandês, no qual busca energia mais barata proveniente de projetos mais eficientes. O presidente da Abrace, Ricardo Lima, enaltece os leilões específicos e destaca que a competição entre os agentes permite reduzir o preço da energia, con-
de energia de reserva. A esperança é que tenhamos energia limpa e mais do que suficiente para acompanhar a demanda, que tem tudo para aumentar, com a expectativa de crescimento econômico e a realização dos dois maiores eventos esportivos do mundo em solo nacional: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Os leilões são peças chave para alcançar essa meta, tanto que o governo federal, por meio da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) vai leiloar, no próximo ano, R$ 980 milhões em linhas de transmissão para reforçar a distribuição de energia em Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR), >
Sob o martelo Os números comprovam o sucesso dos três leilões realizados, nos meses de dezembro de 2009 e agosto de 2010 – um de fontes alternativas A-3 e outros dois de Energia de Reserva. Aqui, o resultado final dos leilões por fontes alternativas e balanço geral.
Eólica Projetos contratados: 141 Potência instalada (MW): 3.853,5 Energia Negociada (MW médios): 1.709,15 Preço médio (R$/MWh): 148,33 (LER 2009), 134,35 (LFA 2010) e 122,87 (LER 2010)
Biomassa Projetos contratados: 12 Potência instalada (MW): 712,9 Energia Negociada (MW médios): 190,6 Preço médio (R$/MWh): 137,92 (LFA 2010) e 146,22 (LER 2010)
PCH Projetos contratados: 7 Potência instalada (MW): 131,5 Energia Negociada (MW médios): 69,8 Preço médio (R$/MWh): 146,47 (LFA 2010) e 131,59 (LER 2010)
Resultado geral Projetos contratados: 160 Potência instalada (MW): 4.697,9 Energia Negociada (MW médios): 1.969,55
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética / Ministério de Minas e Energia
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capa IMPSA
LEILÕES/ FONTES ALTERNATIVAS duas das cidades sedes da Copa. Para evitar um apagão durante a Copa, um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em julho, definiu que duas novas linhas serão construídas no Rio Grande do Sul, que irão reforçar a integração das hidrelétricas do Paraná e de Santa Catarina. A ideia é que as fontes alternativas sejam complementares à energia hidráulica, não concorrente. Juntos, os três últimos leilões, realizados em 2009 e 2010, movimentaram R$ 46,49 bilhões em contratos que variam de 15 a 30 anos, válidos a partir de 2011, 2012 e 2013. Os 160 empreendimentos de geração proveniente de eólica, biomassa e PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas) representam a inserção de 4.697,9 MW de capacidade instalada no SIN (Sistema Interligado Nacional). Em volume de energia, essa capacidade corresponde a 1.945,55 MW médios. O preço da energia negociada ficou na faixa de R$ 120,92 a R$ 154,40 por MWh. No total, o segundo leilão de fontes alternativas (A-3) e o segundo e terceiro leilões de Reserva contrataram 141 centrais eólicas, 12 termelétricas movidas à biomassa e sete PCHs. Foram as maiores contratações de energia oriunda de fontes alternativas no País por meio de leilões. De acordo com o Plano Decenal de Energia (PDE-2019), o Brasil precisará expandir a capacidade instalada de energia elétrica em mais 63 mil MW. Do total, 71% já foram contratados, incluindo nessa conta a energia contratada nestes leilões. A participação de fontes renováveis na matriz ener-
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gética brasileira deve passar dos atuais 47,2% para 48,4% em 2019. Entretanto, a matriz de elétrica sofrerá uma leve redução no mesmo período, de 90% para 86%, como resultado de uma política de diversificação da matriz, com eólicas, biomassa, térmicas, nuclear, gás natural e petróleo. Ainda assim, o Brasil possuirá um lugar de destaque, pois a parcela de energia limpa e renovável é muito maior do que as observadas nos outros países. No mundo, as fontes renováveis respondem por apenas 13% da matriz energética e 18% na matriz elétrica. O PDE-2019 prevê investimentos de R$ 214 bilhões no setor elétrico, sendo R$ 175 bilhões desse total em geração e os outros R$ 39 bilhões em transmissão de energia elétrica. Entre as ações, o governo pretende dar continuidade à implantação de fontes de energias renováveis, com a realização de leilões entre 2014 e 2019 para hidrelétricas, eólicas, solar e termelétricas movidas a biomassa. O planejamento considera as projeções de aumento anual na demanda de energia elétrica de 5,9% e de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) a uma taxa de 5,1% ao ano. Na última década, o crescimento médio anual da economia brasileira foi de 3,5%. Após o encerramento dos leilões de Reserva e A-3, no dia 26 de agosto, o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, afirmou que os resultados asseguram energia suficiente para que o Brasil cresça a uma taxa de 7% ao ano até 2014. Se esse dado já o deixa otimista, ele destaca ainda o que chamou de quebra de paradigmas no se-
tor elétrico brasileiro: o preço médio da energia eólica, contratada a R$ 130,86 por MWh, mostrandose competitivo mesmo em relação à produzida por biomassa (R$ 144,20) e por pequenas centrais hidrelétricas (R$ 141,90). Tolmasquim atribui o comportamento à maior segurança dos investidores, após um apoio mais visível do governo a essa fonte, melhor estruturação dos financiamentos e a maneira com que o Brasil enfrentou a recessão internacional - o que faria do País um cenário melhor para a expansão de negócios do que a Europa. Eólica: uma boa surpresa O fôlego competitivo dos projetos de energia eólica surpreendeu investidores, consultores experientes e até mesmo os agentes do governo. A fonte responde por 70,8% da potência dos empreendimentos vencedores dos leilões de 2010: um total de 2.047,8 MW, com contratos de 20 anos. Foram 50 projetos no leilão A-3 e mais 20 no de Reserva, cuja entrega de energia deverá ser iniciada em 2013. Atualmente, a capacidade eólica instalada no País é de incipientes 838,93 MW, com mais oito projetos em fase construção (273,3 MW). Com os novos projetos contratados, a capacidade instalada no País será de 4.965,73 MW no final de 2013 e sua participação na matriz energética brasileira deve saltar dos atuais 0,75% para algo em torno de 2,5%. A estimativa da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) é de que o Brasil se torne uma nova fronteira eólica no mundo, com a
demanda crescente de energia elétrica proveniente desta fonte. Não bastasse o expressivo volume negociado, o deságio foi bastante agressivo: mesmo sem subsídios federais, foi de 19,62% no leilão A-3 e de 26,5% no de reserva, no qual alcançou o preço médio de R$ 122,69 por MWh - abaixo até mesmo do preço médio dos leilões, de R$ 133,56. O apetite dos investidores provocou uma das maiores disputas do leilão, contrariando a expectativa da maior parte do mercado, que estimava um preço em torno de R$ 155,00. Mas vale lembrar que no ano passado a energia eólica já tinha surpreendido ao ser comercializada a R$ 148,39 médios no segundo leilão de Reserva. Vale salientar que o valor já chegou a R$ 270,00 no âmbito do Proinfa, e passou a cair sucessivamente nos últimos leilões direcionados à fonte. A competição se mostrava acirrada ainda na fase pré leilão, com o número expressivo de empreendimentos habilitados pela EPE. Inicialmente haveria apenas o leilão de reserva, marcado para junho, mas a grande quantidade de empreendimentos inscritos - mais de 500, com uma oferta de aproximadamente 14.000 MW - levou o governo a adiar o certame para agosto e levar adiante também um leilão A-3. No final, 366 usinas obtiveram habilitação para participar do leilão de reserva, destas, 316 eram de energia eólica. No leilão A-3, essa fonte também foi a mais expressiva, com 320 empreendimentos em um total de 368 credenciados. Muitos projetos participaram simultaneamente dos dois leilões. >
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capa LEILÕES/ FONTES ALTERNATIVAS
Não há dúvidas de que o fato que mais chamou atenção nos leilões destinados às fontes alternativas foi o avanço dos empreendimentos eólicos, desde a habilitação dos empreendimentos até o resultado final, dominando as estatísticas. A fonte eólica, até então considerada de alto custo, foi comercializada a um preço médio significativamente inferior às demais fontes. A título de comparação, no leilão de energia eólica realizado em dezembro de 2009, considerado um teste de viabilidade comercial da fonte, o valor médio praticado foi de R$ 148,39, ante um teto inicial de R$ 189,00. Nos leilões de agosto de 2010, a energia eólica chegou a ser contratada por R$ 122,00 por MWh. O avanço desta fonte pode ser creditado a várias razões, como a evolução tecnológica dos aerogeradores e até o incentivo do governo (como por exemplo, mecanismos de contabilização e acessos a financiamentos mais atraentes), além de negociações acertadas dos investidores com a cadeia de fornecedores. Na avaliação da ANEEL, o comportamento dos preços também passa pela competitividade entre os próprios fabricantes de equipamentos e o fato de os empreendimentos vencedores estarem localizados em regiões de grande penetração eólica, com fatores capacidade (FC) na ordem de 40%. Como comparação, na Europa este valor é em média na ordem de 22%. Ou seja, essa vantagem natural faz com que as unidades brasileiras possam gerar mais energia por MW instalado.
Pedro Perrelli, diretor executivo da ABEEólica, ressalta que a maturidade do mercado, cada vez com mais empresas, estimula a competitividade e a consequente queda de preços. Os oito meses desde o leilão de dezembro de 2009 permitiram que os investidores trabalhassem melhor seus projetos e estimassem custos com um maior detalhamento. Responsáveis por até 70% do valor dos investimentos, os aerogeradores também fizeram diferença, pois os fabricantes puderam reduzir seus preços com o financiamento feito em reais por bancos de fomento, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Nordeste (BNB). “Os fabricantes estão cada vez mais presentes. A grande maioria deles já está no Brasil, como Wobben e IMPSA. A Alston providenciou uma unidade em Camaçari na Bahia”, comenta. A sinalização do Ministério de Minas e Energia de que haverá expansão na área de energias renováveis também seria um estímulo aos produtores de energia eólica, que tem como uma de suas principais vantagens a rapidez na geração. Hoje, a fonte responde por 0,75% da matriz (com 838,93 MW). Somando isso ao total contratado em dezembro de 2009, com fornecimento previsto para julho de 2012, e aos projetos vencedores dos leilões de agosto, a eólica deve chegar aos 2,5% da matriz, aproximandose de 5.000 MW. “A expansão não aparenta ser tão acelerada, mas é porque toda a matriz vai crescer junto”, explica Perrelli.
SXC.hu
Motivos do avanço
É pequena a demanda do mercado por energia adicional a partir de 2013, quando entram em operação os empreendimentos vencedores na licitação do leilão A-3.
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Leilões para cada fonte Os leilões 2010 negociaram também 712,9 MW de energia de usinas de biomassa, o que representa 25% do total negociado. São 12 usinas de biomassa, sendo 11 delas contratadas no leilão de reserva, com contratos de 15 anos, e apenas uma no de fontes renováveis A-3, cujo contrato é de 20 anos. Seis projetos foram vencedores na primeira fase do leilão de reserva, cujo início de suprimento já é em 2011. A capacidade instalada dos empreendimentos é de 286,9 MW. O preço médio ponderado foi de R$ 154,18/MWh, valor 1,2% inferior ao preço teto estabelecido, de R$ 156,00. Na segunda fase do leilão de reserva, com início de suprimento em 2012, também exclusivo para biomassa, foram contratados mais dois projetos, cuja potência instalada é de 118 MW. Com um preço médio ponderado de R$ 145,37/MWh, o deságio foi ainda maior, chegando a 6,8% abaixo do preço inicial. A terceira fase do leilão de reserva levou a cabo três leilões simultâneos, um para cada fonte (eólica, biomassa e PCH), em que foram contratadas mais três termelétricas a biomassa, que correspondem a 13,5% do total de energia contratada nessa etapa e acrescentam 243 MW de potência ao sistema. O preço de R$ 134,47 por MWh, mais uma vez, sofreu significativo deságio (13,8% relação ao preço teto). Já no leilão de fontes alternativas, na modalidade de disponibilidade para empreendimentos de geração de fontes biomassa e
eólica, foram contratados mais 65 MW de biomassa. Os proponentes foram basicamente usinas eólicas e somente um projeto de biomassa saiu vencedor, ao preço negociado de R$ 137,92, o que representa um deságio de 17,4%. O Instituto Acende Brasil avalia que ainda é pequena a demanda do mercado por energia adicional a partir de 2013, quando entram em operação os empreendimentos vencedores na licitação do leilão A-3. Apenas 15 empresas compradoras declararam necessidade de comprar energia nesse leilão, sendo mais da metade do montante contratado (58%) destinado às concessionárias que possuem sistemas isolados ao SIN nas suas áreas de concessão. Além da eólica e biomassa, nos leilões de 2010 foram negociados 131,5 MW em projetos de PCHs, o que corresponde a 5% do total. Foram firmados contratos com sete PCHs, cujos contratos são de 30 anos e devem iniciar as operações em janeiro de 2013 (no caso das vencedoras do leilão A-3) e em setembro de 2013 (para as contratadas no leilão de reserva). Para esta fonte, o certame de fontes alternativas, com cinco PCHs vencedoras (101 MW) destinadas à modalidade de quantidade de energia, contratou a um preço médio de R$ 146,99 por MWh (deságio de 5,2% em relação ao teto de R$ 155,00). Na terceira fase do leilão de reserva, saíram vencedoras mais duas PCHs, que representam 9,8% da energia contratada no certame, com capacidade instalada de 30,5 MW. O preço médio de R$ 130,73 por MWh, representa um deságio de 15,7%. >
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As maiores vencedoras e suas estratégias “Para o setor, os leilões foram um grande sucesso. Podemos constatar isso pela ampla participação, alta competitividade e a presença de diferentes tipos de agentes. Concorreram estatais, companhias estrangeiras e até empresas de construção, o que comprova a atratividade desse tipo de energia”, afirma Roberto Honczar, diretor administrativo financeiro e de relações com investidores da Renova Energia. A empresa foi a maior vencedora no leilão de reserva de 2009, com a comercialização de 270MW de capacidade instalada, por intermédio de 14 parques eólicos na Bahia. No último certame, marcou presença novamente e negociou mais 153 MW através de seis empreendimentos no leilão de reserva. Esses parques ficam na mesma região dos outros, no interior da Bahia, o que contribuiu para a competitividade da Renova. “Tivemos ganhos de sinergia porque aproveitamos o que já existia, linhas, estradas, o que otimiza o projeto”. A proximidade com a ICG de João Câmara, a 15 quilômetros de ligação, evitou problemas com conexões. Ainda no Leilão de 2009, o segundo maior vencedor foi o Grupo Martifer, com 9 projetos eólicos localizados no Ceará, totalizando 218,1MW de capacidade instalada. Outra grande vencedora dos leilões destinados à fonte eólica foi a Energimp, controlada pela argentina IMPSA, que foi beneficiada no leilão de 2009 com
211,2 MW, em oito parques eólicos no Ceará. Outros nove parques foram contratados em 2010, também de 30MW cada, e serão instalados quatro no Rio Grande do Norte, quatro no Ceará e mais um na Bahia. Além de outro, de 180MW, na Bahia, em parceria com a CHESF. Com o resultado, a Energimp se consolidou como o maior investidor em energia eólica no Brasil, com uma carteira total de aproximadamente 800MW, dos quais 100MW já estão em operação, 220MW em construção e 480MW em fase de implementação, com previsão de entrar em operação até o final de 2012. Estreante no mercado eólico nos leilões de 2010, a ERSA foi a única empresa a vender energia de mais de uma fonte. Além de garantir um empreendimento PCH, em Santa Catarina, a companhia conquistou contratos para quatro eólicas no Rio Grande do Norte, totalizando 78,2 MW. Para o presidente da empresa, Roberto Sahade, as condições melhoraram muito, principalmente em relação à tecnologia, com máquinas mais potentes e de operação e manutenção mais simples: “Isso acarreta uma queda de preço significativa”. Segundo ele, ao contrário do que acontece com as PCHs, o investimento das eólicas, que já chegou a R$ 6 milhões por MW instalado antes do Proinfa, hoje é um terço menor, chegando a R$ 4 milhões por MW. A isso alia-se a queda da demanda por energia nos países eu-
ropeus, como consequência da desaceleração de suas economias, que barateou os preços internacionais de geradores e outros equipamentos. Para conseguir baixar ainda mais o preço, a ERSA não apenas otimizou o layout dos parques, de modo a aproveitar melhor os ventos, como também fechou um contrato vantajoso com a Siemens. A companhia de origem alemã, já presente no Brasil em outras áreas, precisava de um player para se inserir no nosso mercado como fornecedor de infraestrutura para o setor elétrico. Cada torre (no total são 34) terá potência de 3,2 MW. “É um grande avanço tecnológico. Em 2009, o maior possível era 1,6 MW. Comparando à época do Proinfa, que nem faz tanto tempo assim, de 2004 para 2005, essas torres eram de 0,8 MW, no máximo”, lembra Sahade. Os leilões de 2010 tiveram outras participações de peso, como a estatal CHESF, Dreen (empresa da Galvão Energia) e CPFL, além de outros grupos formados especialmente para construir usinas eólicas, como a Brennand Energia e a própria Renova. Na disputa, 70 usinas eólicas negociaram energia e boa parte delas está no Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará e Rio Grande do Sul. Uma característica interessante é que surgiram mais empreendimentos fora do litoral. Dos nove projetos da espanhola Iberdrola, sete estão no interior,
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A CHESF, subsidiária da Eletrobras, também se destacou no certame. Disputou os dois leilões com um mesmo parque de 180 MW de potência instalada, no interior da Bahia. Perdeu no dia 25, mas levou no dia 26, registrando a maior venda individualizada por parque eólico no leilão. cinco deles no Rio Grande do Norte e mais dois na Bahia. A diretora de novos negócios da companhia, Laura Porto, chama atenção para o fato de que “foi outro paradigma quebrado, mostramos que no interior também tem ventos bons”. Entre os vencedores, a Iberdrola foi uma das que mais venderam energia, com 258 MW contratados, todos no leilão de fontes alternativas A-3. “Foi visível o quanto os fabricantes ficaram mais agressivos em relação aos preços depois da retração no mercado europeu”, diz Laura Porto. A companhia fechou contrato com a também espanhola Gamesa, que também está se instalan-
do no Brasil e já teve seu plano de nacionalização aprovado pelo BNDES. Com isso, a Iberdrola conseguiu melhores condições na competição em termos de financiamento e também evita o pagamento de imposto de importação. A CHESF, subsidiária da Eletrobras, também se destacou no certame. Disputou os dois leilões com um mesmo parque de 180 MW de potência instalada, no interior da Bahia. Perdeu no dia 25, mas levou no dia 26, registrando a maior venda individualizada por parque eólico no leilão. Para ganhar, a companhia partiu com um conjunto de pré contratos assinados com os fornecedo-
res de máquinas e equipamentos e a construção civil do empreendimento. Os pré contratos garantem que o empreendimento seja colocado de pé nas condições previamente acertadas e eliminam o risco de prejuízo no negócio como um todo. “Esta condição de assinaturas prévias de contratos é um fator fundamental na competitividade do negócio”, explica José Ailton de Lima, diretor de engenharia e construção da CHESF. Segundo ele, os pré contratos são importantes para os empreendedores porque os fornecedores são forçados pela disputa de mercado a baixarem os seus preços, sob pena de o empreendedor perder o leilão. >
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Fornecedores e financiadores: a grande ajuda nos leilões A IMPSA não ganha somente na comercialização de energia. Através de uma subsidiária, a Wind Power Energia (WPE), se tornou a maior vendedora de geradores eólicos deste leilão, assinando contratos para o fornecimento de equipamentos de 450 MW de potência. Paulo Ferreira, gerente comercial da IMPSA, destaca a queda na cotação do dólar para a redução no preço das máquinas. “Conseguimos negociar com
nossos clientes próximo do custo ótimo”, diz. Do ponto de vista tecnológico, a empresa lançou uma máquina nova, com 100 metros de diâmetro e 2 MW de potência de gerador, apropriada para os ventos brasileiros - com velocidade um pouco menor, porém constante, e pouca variação na direção do vento, no caso da região Nordeste. Com fornecimento acertado para 21 empreendimentos do leilão de dezembro de 2009, a Wob-
ben estará presente em pelo menos mais três eólicas contratadas nos últimos leilões. Mas pode fechar ainda mais negócios. Diferente do que aconteceu no leilão anterior, quando a maioria dos investidores entrou no certame com seu fornecedor já definido, nos leilões de agosto muitos deles ainda estão definindo máquinas e fabricantes. Para eles, a Wobben está oferecendo máquinas entre 2 MW e 2,3 MW. No caso dos empreen-
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dimentos que iniciarão a entrega de energia somente em 2014 ou 2015, existe a possibilidade da versão com 3 MW. Segundo Pedro Ângelo Vial, presidente da empresa, o trunfo é a tecnologia, já que os preços praticados foram muito semelhantes aos do leilão do ano passado. “Qualidade tem preço, e nós não entramos em guerra de preços”, diz. Há ainda outro fator destacado por fornecedores e investidores: as regras de financiamento. O BNDES criou um departamento exclusivo para projetos de fontes alternativas e flexibilizou as condições de amortização de emprés-
timos no início de agosto, o que ajudou na alavancagem das empresas. O banco de fomento ampliou de 14 para 16 anos o prazo máximo para a quitação nos projetos de energia eólica, biomassa e PCHs. Com a mudança, as condições de financiamento desses empreendimentos ficam equiparadas às oferecidas a usinas hidrelétricas entre 30 MW e 1.000 MW. “Todas as empresas correram para cadastrar aerogeradores, porque ao fazer o investimento em real com financiamento estrangeiro, o empreendedor tem que assumir o risco cambial. No BNDES não há esse risco, a menos que outra fábrica cote em moeda estrangeira, mas esse é um risco imponderável”, argumenta Paulo Ferreira. O banco exige um índice de nacionalização de 60%, considerando peso e valor, para o empréstimo. Com a concessão de isenção fiscal e financiamentos a mais longo prazo do BNDES, fábricas de equipamentos específicos já se instalaram ou estão em processo de instalação no Brasil. Além das multinacionais que já instalaram fábricas no País (IMPSA, Alston e GE), outras empresas estão interessadas em construir novas unidades por aqui. Entre elas, estão a espanhola Gamesa, a dinamarquesa Vestas, que se instalará em Maracanaú, no Ceará, a indiana Suzlon e investidores coreanos e chineses. Se a indústria de equipamentos eólicos se firmar no Brasil, o País pode passar a outro estágio, o de exportador de equipamentos para a América Latina e África. “Mas isso só será possível se for-
mos capazes de atrair e manter a cadeia produtiva desta importante indústria, propiciando as condições necessárias para a implantação de novos projetos, a instalação de novas fábricas e o desenvolvimento de mão de obra especializada”, comenta Otávio Ferreira Silveira, presidente da Galvão Energia, que teve quatro projetos contratados nos leilões. O BNB também se voltou para o setor de geração de energia eólica, atendendo à estratégia do governo federal de consolidar o Nordeste como peça chave no plano de segurança energética do País. É nessa região onde se encontra o maior potencial, segundo especialistas na área. “Grande parte dos empreendimentos aprovados (em leilões) estava localizada na nossa região, com predominância de parques eólicos no Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia, tendo como novidade bastante positiva o estado de Sergipe”, destacou o superintendente da área de Negócios Corporativos do BNB, Jorge Antônio Bagdeve de Oliveira. O banco oferece empréstimos com prazo de quitação de até 15 anos, com taxas que variam de 9,5% ao ano, para médias empresas, com faturamento anual de até R$ 35 milhões, até 10% para as companhias de grande porte. Os adimplentes recebem ainda um rebate de pelo menos 15%. Empreendimentos no semiárido, embora pouco comum no caso de eólicas, recebem rebate de 25%. Há algum tempo, o banco vem também prestando consultoria financeira e técnica aos projetos participantes de leilões. >
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Se por um lado a cadeia de energia eólica comemora os resultados do certame, produtores de biomassa e investidores de PCHs reclamam mais atenção do governo nos próximos certames. Apesar de ter habilitado 33 projetos no leilão A-3, totalizando 1.824 MW de potência, o setor de bioeletricidade (que usa como matéria prima para produção de energia bagaço de cana, resíduos de madeira e capim elefante) conseguiu emplacar apenas um único empreendimento para a entrega de 36,5 MW médios a partir de 2013. No leilão de reserva 2010, o aproveitamento foi maior, mas não alcançou a expressividade desejada: de 40 projetos credenciados, num total de 2.375 MW, 11 foram contratados, representando uma capacidade instalada de 647,9 MW. Um dos principais fatores para essa diferença entre o cadastrado e o efetivamente comercializado teria sido a divulgação do preço teto somente após a adesão das empresas ao leilão, o que teria desestimulado os investidores. O valor estipulado foi de R$ 167,00 por MWh, mas o preço médio contratado chegou a 144,20 - um deságio de 13,6%. Para os investidores da biomassa, o preço não seria atraente, considerando-se a carga tributária e os problemas de conexão, quando os prazos para viabilizar a ligação variam entre 30 e 40 meses. Usinas paulistas não tem conseguido acesso à rede de distribuição das empresas em São Paulo, que estão sobrecarregadas. A União da Indústria de Cana de Açúcar (UNICA) defende que o número de projetos cadastrados
nos leilões poderia ser ainda maior, se considerado o potencial não explorado das usinas de etanol e de açúcar em operação. Não houve contratação de retrofits, as usinas adaptadas para gerar energia. Para elas, o maior desafio é a necessidade de atualização da estrutura existente, já que boa parte delas nasceu como fabricante exclusivo de açúcar e etanol. Os investimentos para essa transição incluem a aquisição de caldeiras e montagem
Celso Oliveira, presidente da ABIB, também defende a desoneração tributária para companhias do setor de biomassa e empresas que produzem equipamentos e tecnologia industrial para atendê-las. de pontos de conexão até as redes de distribuição e transmissão de energia. Gastos que, segundo a UNICA, podem não compensar diante do preço teto estipulado para os leilões. “Por isso as retrofits, que são o grande potencial, passaram longe dos leilões”, esclarece Zilmar de Souza, assessor de bioeletricidade da entidade. A maior parte dos projetos de bioeletricidade se localiza no Centro Sul do País. Segundo os produ-
SXC.hu
Críticas de outras fontes tores, financiamentos como os do BNB (que atende e financia projetos no Nordeste e norte de Minas Gerais) fazem falta. Segundo Zilmar, “por meio de fundo constitucional, o BNB oferece encargo de pai pra filho”. Além disso, alega que a política fiscal favorece as eólicas, uma vez que há desoneração de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para aerogeradores equipamento que representa, em média, 70% do investimento. Celso Oliveira, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biomassa e Energia Renovável (ABIB), também defende a desoneração tributária para companhias do setor de biomassa e empresas que produzem equipamentos e tecnologia industrial para atendê-las. Hoje, a biomassa representa 6% da matriz, sendo 5% somente gerada a partir de bagaço de cana. A expectativa é de que, considerando somente bagaço e palha, essa parcela chegue a 14%, com 13.158 MW médios. “São três usinas de Belo Monte”, destaca o consultor. Charles Lenzi, presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Limpa (Abragel), reforça a importância de rever as políticas para o setor de modo a viabilizar mais projetos, principalmente se considerada a esperança de chegar ao ano de 2020 com 20% da matriz limpa. “Potencial nós temos, apesar de os leilões terem contratado 2.892 MW, foram inscritos cerca de 15.000 MW, considerando todas as fontes”, frisa o executivo.
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Empreendedores de PCHs também frustrados A frustração atingiu também os empreendedores de PCHs, que pediam preço teto na casa de R$ 160 por MWh. O preço estabelecido no certame ficou em R$ 155 para contratos de 30 anos. Segundo o presidente da Abragel, já havia a expectativa de que o preço fosse menor do que o reivindicado pelo setor, o que fez com que poucos complexos fossem inscritos no leilão - 25 projetos, sendo 15 deles no A-3 e o restante no de reserva. Juntos, somavam 390 MW de potência. Foram efetivamente contratados cinco empreendimentos no leilão de fontes alternativas na modalidade de quantidade de energia voltada para PCHs, totalizando 101 MW de potência. No leilão de reserva, foram garantidas mais duas usinas e 30,5 MW de potência. De acordo com Lenzi, a tecnologia das PCHs precisa melhorar, mas para isso precisaria de revisão nas políticas para o setor, sobretudo na carga tributária. Ele estima que, em média, 30% a 35% dos custos de uma PCH sejam em impostos. Financiamento é outro problema. O BNDES ampliou seus prazos de 14 para 16 anos, mas os contratos do setor são de 30 anos. “A PCH assume o perigo de 30 anos e isso pesa no custo do investimento”. Estudos realizados pelo Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH) apontam que são poucas as chances de uma PCH se viabilizar financeiramente com tarifas menores do que R$ 155/MWh. Os empreendimentos com potência abaixo de 12,6 MW e quedas inferiores a 12 metros são
os mais prejudicados. Geraldo Lúcio Tiago Filho, secretário executivo da CERPCH, afirma que mais uma vez as PCHs estão sendo preteridas frente às outras fontes, apesar de ser uma tecnologia dominada pela indústria nacional e com grande potencial disponível. “Há que se promover uma revisão desta linha de ação”. O PDE-2010 prevê um crescimento de 293,3 MW ao ano, o que seria factível com o número de PCHs em construção e já autorizadas. “Mas isso pode não acontecer, com essas tarifas inviáveis, se não houver política que nos permita concorrer em pé de igualdade”, alerta Tiago Filho. O que o setor deseja é o direito a isenções fiscais semelhante aos dados a empreendimentos eólicos e mais facilidade nos financiamentos. O custo com equipamento em um projeto de PCH pode chegar a 30% do total. Uma das vencedoras do leilão de energia eólica, a ERSA também conseguiu vender 20 MW em um empreendimento de PCH em Santa Catarina. Conhecendo as especificidades de cada mercado, Roberto Sahade, presidente da companhia, defende a realização de leilões separados. “Não é bom ter essa concorrência entre fontes. Elas tem que ser vistas como complementares, já que a PCH é mais segura e confiável em relação à eólica, que tem uma sazonalidade grande”, argumenta. Ele cita ainda o investimento por MW instalado. Enquanto nas eólicas houve redução, nas PCHs passou de R$ 4,5 milhões por MW para R$ 7,5 milhões, com um preço de energia menor. >
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Próximos leilões De acordo com a ANEEL, a sistemática do cálculo de preços teto é clara: começa com a aprovação do estudo de viabilidade técnica e econômica do empreendimento (EVTE). Esse estudo sinaliza a viabilidade do empreendimento e o ganho de energia que estaria associado. Depois da aprovação, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) recebe o estudo e, a partir do preço sugerido e custos de contratação da obra, tenta deixá-lo mais atrativo em termos de modicidade tarifária. A EPE submete o preço ao Ministério de Minas e Energia, que é responsável por definir o valor final. São levados em consideração fatores como investimento a ser feito em relação ao potencial hidráulico e o ganho em termos de comercialização da energia, tanto no ambiente de contratação regulada como no ambiente livre. Como o governo pretende colocar as fontes alternativas de energia elétrica no calendário regular de leilões, há a expectativa de um novo certame em 2011. Com mais leilões em vista, os empresários tem mais segurança para investir e buscar linhas de financiamento. A ANEEL ressalta que a defesa das fontes alternativas não prevê uma competição com as hidrelétricas, mas um complemento à matriz energética nacional. O objetivo é que durante os períodos de baixa nos reservatórios das hidrelétricas a geração seja compensada com a safra de cana elevada do Sudeste e com os ventos do Nordeste e Sul. Inclusive há um leilão A-5 (para
início de fornecimento em 2015) marcado para 17 de dezembro, pela construção de cinco usinas hidrelétricas (Estreito, Cachoeira, Ribeiro Gonçalves, Teles Pires e São Roque). Em relação às fontes alternativas, as reclamações de falta de isonomia entre elas não deve mudar os rumos dos próximos certames. A EPE já sinalizou que não deverá atender aos pedidos de leilões por fontes separadas. Em um evento
do setor elétrico, realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pouco antes dos leilões, Maurício Tolmasquim argumentou que o preço da biomassa é o mesmo da eólica no leilão de fontes alternativas porque o setor de etanol pede taxas de retorno mais altas devido ao custo de oportunidade. “O setor elétrico, no geral, trabalha com taxas de retorno entre 10% e 12%, já o de etanol, gira em torno de 17%. Então, mesmo
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de competição seria melhor para todos”, opina Roberto Honczar, da Renova. Além de incentivos fiscais, os projetos de eólica contam com menos problemas em relação à liberação de licenças ambientais que, se já demoram para eles, são processos ainda mais lentos e difíceis para os empreendimentos de PCH e biomassa. Se a reivindicação de leilões por fontes separadas é praticamente um consenso, o mesmo não acontece com a proposta de divisões regionais, defendida,
por exemplo, pela UNICA, mas contestada pela ABEEólica. Para a entidade sucroalcooleira, seria uma maneira de evitar a concentração de projetos de geração em uma única região, já que as eólicas ganham espaço no Rio Grande do Sul e litoral nordestino. “O maior centro consumidor não está mais gerando tanta energia, se houver essa separação por regiões, evitaria o custo de transmissão”, argumenta Zilmar de Souza. Pedro Perrelli, da ABEEólica, rebate dizendo que isso seria ir contra o sistema interSXC.hu
a biomassa sendo mais barata que a eólica, elas receberam o mesmo preço no leilão”, disse. O leilão por fontes separadas é uma reivindicação de praticamente todos os setores, até mesmo dos produtores de energia eólica, as grandes vencedoras do último certame. A ABEEólica já se mostrou favorável, assim como muitos investidores. “Desse modo, iria comparar o que é comparável, porque cada fonte tem suas especificidades, o que dificulta uma metodologia. Um ambiente mais justo
Em relação às fontes alternativas, as reclamações de falta de isonomia entre elas não deve mudar os rumos dos próximos certames. A EPE já sinalizou que não deverá atender aos pedidos de leilões por fontes separadas ligado. “O sistema está prestes a ser fechado como um círculo, não há necessidade de regionalizar”, diz, citando o caso da CEMIG, em Minas Gerais, que traz energia da costa cearense, ou a CPFL, de Campinas, que tem sete parques sendo construídos no Rio Grande do Norte. De qualquer forma, o Ministério de Minas e Energia está estudando a questão. De um jeito ou de outro, o mercado espera por novos preços, >
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uma vez que a capacidade das diversas fontes e o custo do financiamento devem ser mantidos, mas o valor dos equipamentos pode passar por transformações, com a expectativa de retomada da economia europeia. Paulo Ferreira, da IMPSA, acredita que “o mundo todo deve retomar a produção no ano que vem”. Com isso, a relativa calma deve dar lugar a um cenário de mais competitividade e de maior demanda mundial da cadeia produtiva, pelo menos no caso da eólica. Com a estabilização do mercado, tudo indica que os preços voltem a subir, influenciados também pela menor oferta nas áreas com melhores ventos. “Havia uma grande quantidade de competidores ávidos por conquistar espaço neste mercado, situação que tende a se atenuar nos próximos leilões. Agora que assistimos à retomada da economia, é preciso estar atento e aberto a novas opções, como a utilização de equipamentos chineses e soluções criativas de engenharia civil e financeira”, reforça Otávio Ferreira da Silveira, da Galvão Energia. Para investidores e fornecedores da cadeia, José Ailton de Lima, da CHESF, salienta que “cada leilão tem sua história própria e nem sempre a estratégia que deu certo em um leilão dará certo em outro”. Segundo ele, é justamente essa imprevisibilidade dos acertos prévios que forçosamente empurra os preços para baixo e é o que garante que o preço da energia vendida seja o menor possível. “Esse é o fundamento da modicidade tarifária. Isto é, o leilão de energia, seja de reserva ou de fontes renováveis,
é um instrumento de política de preços do governo federal que garante que os consumidores sempre pagarão o menor preço possível naquele momento”. Modelo consolidado, mas alvo de questionamento Mesmo tratado pelo governo como um modelo consolidado, os leilões não deixam de ser alvo de questionamento. Além da ausência do marco regulatório, que “confunde o investidor”, nas palavras de Luiz Castro Júnior, analista de negócios da IMPSA, há críticas mais incisivas, como a do GWEC (Conselho Global de Energia Eólica), que defende a contratação por sistema finding-in, ou tarifas fixas. Ramón Fiestas, presidente da entidade, acredita que os preços baixos não garantem segurança para a concretização dos projetos e que seria melhor dar condições favoráveis em vez de incentivar a competição entre as companhias. O modelo dos leilões foi idealizado inicialmente para a contratação de projetos de energia proveniente de projetos hídricos, disputados geralmente por 10 a 15 grupos. Um ambiente bem diferente da competição dos leilões realizados recentemente, em que 366 projetos foram habilitados, entre mais de 500 inscritos. “Ao replicar o mesmo modelo, a competitividade é exacerbada e talvez extrapole o razoável. Uma demonstração disso ocorreu no segundo leilão deste ano, no qual o governo comprou apenas 500 MW para o mesmo número de projetos em disputa. Isso resultou num preço final distorcido, que pode comprometer o desenvolvi-
mento da indústria nacional, deslocando-a para equipamentos que tenham outra origem e privilegiem apenas preço em detrimento da confiabilidade”, adverte Otávio Silveira, da Galvão Energia. José Antônio Feijó de Melo, da diretoria do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), em Recife, diz que a instituição não aprova inteiramente o modelo de leilões, que segundo ele inevitavelmente
O leilão de energia, seja de reserva ou de fontes renováveis, é um instrumento de política de preços do governo federal que garante que os consumidores sempre pagarão o menor preço possível naquele momento conduz para tarifas mais altas: “Isso acontece porque os valores não são calculados de acordo com os custos de produção, mas na formação de um preço comercial. Mas o fornecimento de energia elétrica é um serviço público essencial, não se caracteriza como mercadoria”. Apesar das críticas, o engenheiro elogia o fato de a hidrelétrica estar de volta às atenções do governo no próximo leilão. “É uma fonte excelente, mas muito bombardeada por equívocos. As perspectivas são boas, se complementada com eólica e biomassa”.
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Cartografia da energia
542MW 150MW 657MW 1064,6MW
Infográfico: Gerardo Júnior
Nos últimos doze meses foram realizados três leilões voltados para empreendimentos de fontes alternativas. Os resultados destes leilões devem transformar a matriz elétrica e modificar o mapa da geração de energia no País, na próxima década.
30MW
390MW 587,4MW Empreendimentos eólicos negociados no leilão de Energia de Reserva (dez/2009) - Total 1805MW Empreendimentos eólicos negociados nos leilões de Fontes Alternativas A-3 e Energia de Reserva (agosto/2010) - Total 2047,8MW
186MW 245,8MW
80 MW Biomassa negociada no LRE
150 MW Eólica negociada em LFA e LRE
1.064,6 MW Eólica negociada nos LFA e LRE
587,4 MW Eólica negociada em LFA e LRE
20,6 MW
191 MW
PCH negociada no LRE
Biomassa e PCH negociadas nos LFA e LRE
126 MW
21 MW
Biomassa negociada no LRE
PCH negociada no LFA
29,9 MW PCH negociada nos LFA e LRE
245,8 MW Eólica negociada nos LFA e LRE
356,9 MW Biomassa negociada no LRE
Empreendimentos negociados nos leilões LFA E LRE, de agosto/2010
19 MW PCH negociada no LFA Fonte: Empresa de Pesquisa Energética / Ministério de Minas e Energia
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na prática
Segurança dos contratos Para dar segurança nos contratos provenientes dos leilões, especialistas orientam clientes a resolverem algumas questões antes mesmo do certame. Principalmente em relação ao terreno que o empreendimento ocupará
Fotomontagem: Gerardo Júnior/ Imagens: SXC.hu e © Kmitu | Dreamstime.com
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vitória em um leilão de energia elétrica não significa tranquilidade, mas a continuidade de um grande projeto. O trabalho nos parques da ERSA, por exemplo, já começou, com a abertura de acessos. Em janeiro de 2011, com a entrada dos financiamentos do BNB e BNDES -as cartas consulta já foram enviadas -terão início as obras pesadas. Os empreendimentos da Renova também terão sua construção iniciada ainda este ano, para a montagem em meados de 2011 na sequência. O plano é iniciar a operação no começo de 2013, embora o contrato seja apenas para setembro. Para evitar problemas na etapa subsequente, a advogada Marília Bugalho Pioli, coordenadora jurídica da área de energia eólica do escritório curitibano Becker, Pizzato & Advogados Associados,
A
orienta seus clientes a resolverem algumas questões antes mesmo do certame, principalmente em relação ao terreno que o empreendimento ocupará. Além da medição anamométrica, exigida para o leilão, o investidor deve atentar ao acesso e à distância da rede elétrica. Independente de optar pela compra ou pela utilização (por arrendamento, usufruto ou cessão real de direito de uso), é fundamental a “due diligence” imobiliária -ou seja, um procedimento metódico de análise de informações e documentos referentes àquele terreno. “Ele tem que ver se não se trata de terreno indígena, reserva de Marinha, se não possui pendências judiciais ou empecilhos por questões ambientais”, exemplifica. Os contratos merecem atenção especial. No caso de investidores estrangeiros, o cuidado
precisa ser redobrado em função das diferenças jurídicas entre países. O que vale são as regras do edital, elaborado no Brasil, seja na aquisição do imóvel, no fornecimento de equipamentos ou prestação de serviços. Um contrato mal elaborado ou uma pequena exigência esquecida pode trazer enorme prejuízo, inviabilizar a construção e até mesmo o funcionamento do empreendimento. “A qualidade do contrato evita muita dor de cabeça. Há parques prontos sem poder funcionar por causa disso”, comenta Marília, que aconselha investidores estrangeiros a sempre buscarem advogados no Brasil, pois conhecem os trâmites locais que podem passar ao largo dos escritórios no exterior -e que não são baratos. Um documento com tradução juramentada pode custar até R$ 100 mil. >
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na prática
SXC.hu
Contratos de empreitada e de EPC A advogada Mariella Gondim Rocha adverte ainda que, pelas suas semelhanças, contratos de empreitada muitas vezes podem ser confundidos com contratos de EPC (Engineering, Procurement and Construction Contracts), que ainda não encontram definição legal no dicionário brasileiro. As principais diferenças dizem respeito à concordância tácita da contratada com alterações no projeto solicitadas pela contratante nos contratos de empreitada (que seguem os artigos 610 a 626 do Código Civil), assim como a irredutibilidade dos prazos de garantia de cinco anos e a garantia dos materiais fornecidos por terceiros. O empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu, se por imperícia ou negligência os inutilizar. Já no contrato de EPC, o contratante envolve a construtora em
todas as atividades do empreendimento, desde o projeto até a aquisição de materiais e equipamentos. O desafio da gestão destes contratos é, muitas vezes, a falta de padrão de minutas de contratos utilizados, processos e procedimentos incompletos ou com vícios e pouca integração do corpo técnico com o corpo administrativo envolvidos nestas contratações. Algumas cláusulas devem ser observadas com muita atenção, pois qualquer dúvida pode acarretar até em paralisação das obras. “O mais importante é a suficiência de informações, com cláusulas de definições e garantias, com delimitações de responsabilidades”, diz Mariella Rocha. Nessa etapa, devem ser levados em consideração as subcontratações, licenciamentos ambientais, custos de aluguel e desmobilização das equipes e até o transporte utilizado, uma vez que o mau estado de conservação das estradas
pode danificar as cargas pesadas. “Na prática, muitos declaram conhecimento do espaço, mas não conhecem. Um exemplo claro é o inverno no Nordeste. Alguns não conhecem o tempo, as condições, a duração... Há casos de obras que ficaram paradas no Ceará porque não contavam com as chuvas”, cita. As hipóteses de variação de preços com relação à carga tributária, cronograma e requisitos técnicos também devem ficar bem definidos. Por fim, mais uma segurança jurídica nos contratos é a arbitragem, que tem se demonstrado eficiente para a solução de controvérsias empresariais em que o tempo para decisão, o conhecimento específico do assunto e o sigilo são fatores importantes. “É o meio mais adequado para a solução de conflitos. Representa um custo a mais, mas não vale a pena fazer economia de palito”, completa a advogada.
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especialista ENTREVISTA
MAURICIO TOLMASQUIM
Sistema elétrico equilibrado O Presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, explica como a complementaridade entre fontes e o bom momento do mercado eólico são fatores importantes para que o sistema elétrico brasileiro se torne cada vez mais equilibrado. Em entrevista exclusiva, comenta ainda sobre plano decenal e futuros leilões
questão de que a hídrica e a eólica eram concorrentes foi superada. A complementação das duas faz o sistema elétrico ser equilibrado”, comenta o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim. Responsável pela área de estudos e pesquisas de planejamento do setor energético no Brasil e afiliada ao Ministério de Minas e Energia, a EPE também tem como finalidade a habilitação técnica dos leilões do setor. O atual presidente da EPE é formado em Engenharia de Produção pela Universidade Fe-
“A
deral do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1984, Tolmasquim completou mestrado em Planejamento Energético também na UFRJ
O País possui grande potencial energético. Já chegamos a 143,5GWh, o que equivale a 53% do mercado atual da energia elétrica. e, em 1990, concluiu seu doutorado em Socio Economie du Développement, na França. É
professor licenciado da COPPE/ UFRJ e foi secretário executivo e ministro interino de Minas e Energia, onde elaborou um novo modelo no setor elétrico. Principal defensor de que a capacidade da renovação da matriz energética é um fator importante para o destaque do País no cenário mundial, o presidente da EPE afirmou que, para atingirmos o objetivo do Plano Decenal, ainda é preciso “expandir 63,5GWh da capacidade instalada nacional”. Nesta entrevista, realizada durante o evento Brazil Wind Power, logo após a realização
Empresa de Pesquisa Energética/ divulgação
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dos leilões de agosto, Tolmasquim falou ainda sobre o bom momento do mercado eólico nacional e futuros leilões. Explicou sobre a necessidade de que haja leilões de forma constante. E não apenas de reserva, mas “também de atendimento de mercado, onde a eólica também é competitiva”, complementou. Segundo o presidente da EPE, foi identificada a necessidade de novas subestações coletoras e há uma corrida para que o processo de chamada pública ocorra ainda em 2010. Renergy - Qual a importância dos leilões para o mercado energético brasileiro? Mauricio Tolmasquim - Os leilões deram certo e merecem ser comemorados. O País possui grande potencial energético. Já chegamos a 143,5GWh, o que equivale a 53% do mercado atual da energia elétrica. A energia eólica pode ser definida com o antes e depois dos leilões. Antes, era considerada ambientalmente interessante, mas pelo seu alto custo possuía um papel crítico. Após o leilão, a visão mudou. É uma fonte competitiva, que pode ter papel relevante na complementaridade às hidrelétricas. R - Como andam as metas para cumprir o que foi estabelecido no Plano Decenal? MT - O Plano Decenal compreende o período entre 2009 e 2019 e, para atingirmos o nosso objetivo, precisamos expandir 63,5GWh da capacidade instalada nacional, sendo que 71% desta energia já está contratada por causa das novas usinas que
serão inauguradas. Já temos algo em torno de 45GWh contratados e a nossa expectativa é que vamos superar e muito o que estávamos prevendo em 2009. Talvez dentro de dois ou três anos já consigamos atingir o número que imaginávamos levar dez anos para chegar. O plano de longo prazo está ultrapassado. Atualmente, o custo da eólica é bem mais baixo. R - Qual o principal desafio da energia eólica para se consolidar de vez no mercado energético? MT - Quando o sistema de energia eólica foi implantado no Brasil, houve muito temor
A ideia é de que haja leilões de forma constante até pelo preço da eólica, o que atrai uma grande quantidade de ofertantes. dos investidores. Nos primeiros leilões, a participação da energia eólica foi pífia, mas hoje já temos um leilão exclusivo de fontes alternativas, o que demonstra a evolução da eólica. Acredito que o maior desafio seja garantir uma receita constante em uma fonte variável. R - A que você atribui a queda do preço da energia eólica no leilão realizado no fim do mês de agosto? MT - Os investidores estão mais seguros. Os riscos foram reduzidos. O governo apóia a eólica. Contamos com uma boa
estruturação de financiamento, além de um favorável momento cambial no Brasil. Além disso, a recessão internacional fez com que os fabricantes se interessassem em mercados em desenvolvimento como é o caso do Brasil. R - Você acha que o mercado fora do país não vive um bom momento? MT - Acho que falta oferta lá fora. Isto faz com que o ofertante se instale em países com potenciais de crescimento e desenvolvimento, no caso, o Brasil. O mercado já esteve a favor do ofertante. Agora está ao lado do demandante, o que aumenta a competitividade. R - Como podemos comparar a energia hídrica com a eólica? MT - A questão de que a hídrica e a eólica eram concorrentes foi superada. Elas são aliadas e não competidoras. A complementação das duas faz o sistema elétrico ser equilibrado. O principal fator de competitividade da eólica é o bom preço que vem melhorando a cada leilão. R - Qual a previsão de futuros leilões? MT - A ideia é de que haja leilões de forma constante até pelo preço da eólica, o que atrai uma grande quantidade de ofertantes. Pretendemos realizar não apenas leilões de reserva, também atendimento de mercado, onde a eólica também é competitiva. Identificamos a necessidade de 21 subestações coletoras. Estamos correndo para fazer o planejamento de modo que a ANEEL possa realizar o processo de chamada pública ainda neste ano.
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tecnologia
Carro chinês absorve CO² do ar m carro popular que roda 500 quilômetros por mês emite 1,1 tonelada de carbono equivalente (ton CO²e), segundo cálculos da Keyassociados, consultoria em soluções sustentáveis. Para compensar esta emissão, são necessárias oito novas árvores nativas da Mata Atlântica. Ano passado, estimulada pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a frota brasileira de carros ganhou 3 milhões de veículos, conforme dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) sobre emplacamentos no Brasil. É o quinto maior resultado entre todos os países, atrás dos Estados Unidos (10,4 milhões de emplacamentos), China (9,8 mi), Japão (4,5 mi) e Alema-
U
nha (3,9 mi), em igual período. O segundo colocado neste ranking ofereceu uma opção para transporte particular sem causar poluição. Em abril deste ano, durante a World Expo 2010 Shanghai, a General Motors e a Shanghai Automotive Industry Corp. Group (SAIC) compartilharam um pavilhão corporativo, onde apresentaram suas novidades ao público visitante. O veículo chinês com o conceito verde, chamado de Yez (folha, em mandarim), chamou atenção. Movido a energias limpas produz energia solar e eólica -, o carro também absorve CO² para gerar eletricidade e o devolve para o ar em forma de oxigênio. Este processo de troca de gases lembra a fotossíntese realizada pelas plantas. O veículo foi apre-
sentado como uma possibilidade para um mundo mais verde em 2030. A energia necessária para o carro é obtida da natureza, simulando o processo que as plantas vem fazendo nos últimos milhares de milhões de anos. Com painéis solares e motores eólicos, tem também um dispositivo que permite absorver CO² da atmosfera e expulsar oxigênio. A energia obtida por painéis solares e motores eólicos fica armazenada nas baterias responsáveis pelo movimento do carro. A chance do Yez chegar ao Brasil pode ocorrer pela GM, que parece estar interessada no projeto, segundo especialistas no setor, mas ainda sem informações definidas sobre datas de lançamento e custo final ao consumidor.
Montagem: Gerardo Júnior sob imagem da SAIC/ divulgação
O apelo ecológico pode chegar ao trânsito, um dos maiores poluidores atualmente. Montadora chinesa apresentou protótipo que realiza processo semelhante à fotossíntese
errata
Aerogeradores brasileiros Na edição passada da revista, falamos de projetos para a criação de um agerador específico para as usinas instaladas no Brasil. Embora nossos ventos sejam “bem comportados” e previsíveis (mais suaves no primeiro semestre e velozes no segundo), boa parte das máquinas ainda segue os padrões de países europeus, onde as condições dos ventos são completamente diferentes, em velocidade e intensidade. Equivocadamente citamos o IWP-100 como o protótipo apresentado pela engenheira Carolina Caheté, da Impsa, fabricante
de aerogeradores argentina com unidade instalada em Pernambuco. Na verdade, o que foi mostrado durante sua palestra no All About Energy, evento sobre energias renováveis realizado em Fortaleza, foi o certificado do IWP-70, classe S, com velocidade média de projeto de 12,5 m/s. “O protótipo já está em funcionamento em Comodoro Rivadávia, Argentina. O objetivo foi apresentar um modelo de certificação de classe e mostrar que a Impsa já tem um aerogerador desenvolvido com tecnologia própria e certificado”, explicou Caheté.
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cobertura BRAZIL WIND POWER
O poder do vento brasileiro Rogério Resende/ divulgação
Já contabilizando o resultado dos leilões, a Brazil Wind Power foi considerada a maior feira de energia eólica já realizada na América Latina. Expositores e participantes de mais de 27 países reafirmaram o potencial e a estabilidade do setor no País
energia eólica já é uma realidade no Brasil. O Rio de Janeiro sediou, entre os dias 31 de agosto e 1 e 2 de setembro, a Brazil Wind Power 2010. A feira de exibições ocorreu no Centro de Convenções Sul América, localizado na zona norte da cidade carioca. O evento foi considerado um sucesso por todos os participantes e investidores que prestigiaram a feira. No total, 55 expositores, 21 patrocina-
A
dores e 1.826 visitantes de 27 países. No congresso realizado nos auditórios, 727 participantes e 65 palestrantes trocaram experiências sobre a energia eólica, não só no Brasil como em todo o mundo, desde o seu surgimento. A maioria dos palestrantes discursou sobre o avanço brasileiro no mercado energético. Ramon Fiestas, representante da Global Wind Energy Council (GWEC), comentou
sobre o bom momento vivido pelo Brasil na energia eólica e ainda disse que o país pode ser considerado um exemplo se comparado com países iberoamericanos. Jamie Fergusson, do International Finance Corporation (IFC), ressaltou que, com o preço da turbina em queda, o Brasil pode sair ganhando, já que vem crescendo nesse mercado. O evento aconteceu logo após a realização dos Leilões de Energia de Reserva e A-3 para Fontes Alternativas Renováveis. Para Mauricio Tolmasquim, a presença dos estrangeiros se dá devido à segurança que os investidores tem com a queda do preço da eólica. Para o Presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os riscos foram reduzidos e um mercado em expansão, como o Brasil, é uma área que interessa aos mercados estrangeiros. A prevenção de riscos e a já elogiada natureza brasileira foram lembradas. Eduardo Dias, engenheiro da Voltalia Energia do Brasil, disse que uma boa inovação que poderia ser estudada é a instalação de sensores de chuva nas turbinas. A exigência do estudo de impacto de vizinhança foi um fator citado para prevenir riscos. Alguns pontos, como evitar riscos
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técnicos, foram lembrados na palestra de Nelson Rocha, da Promon Engenharia. Segundo Rocha, para evitar riscos, o empreendedor deve ter um bom planejamento, informações certas no site, segurança no preço com orçamentação antes dos leilões, elaborar contratos de gerenciamento, uma topografia precisa e realizar um bom orçamento. Os principais pontos destacados na Brazil Wind Power para explicar o sucesso nos leilões foram a competitividade, a forte concorrência e os investimentos, cada vez maiores,
O conselho criticou o uso de leilões para a viabilização da fonte. O modelo foi o escolhido pelo Brasil para inserir a fonte na matriz elétrica, mas o GWEC prefere a contratação por sistema de finding-in, ou tarifas fixas por parte do governo. Parceiros como BNDES e Banco do Nordeste também foram exaltados como fundamentais para aumentar a transparência, ao realizar financiamentos com taxas baixas. Michael Liebreich, chefe executivo da Bloomberg, elogiou o BNDES e disse que o banco foi o maior financiador de energia limpa do mundo, ao aumentar o investimento. O incentivo financeiro do BNDES e a extensão no financiamento de 14 para 16 anos também foram citados pelo economista da Petrobras, Leonardo Scalfi, como uma grande ajuda para
quem quer investir. A capacidade de geração de energia eólica no Brasil foi de 606 megawatts (MW) em 2009, com um aumento de 77,7% em relação ao ano anterior. A capacidade instalada em 2008 era de 341 MW. O Brasil responde por cerca da metade da capacidade instalada na América Latina, mas representa apenas 0,38% do total mundial. A energia eólica tem tido a maior taxa de expansão de todas as fontes renováveis de energia disponíveis, com um crescimento médio de 27% por ano desde 1990, segundo o GWEC. O conselho criticou o uso de leilões para a viabilização da fonte. O modelo foi o escolhido pelo Brasil para inserir a fonte na matriz elétrica, mas o GWEC prefere a contratação por sistema de finding-in, ou tarifas fixas. Segundo o presidente do comitê latinoamericano da entidade, Ramón Fiestas, os preços de energia em leilões, mais baixos, nãogarantem segurança para implementar os parques. Para Fiestas, preços baixos não garantem a concretização do projeto. É melhor dar condições favoráveis e não estimular a competição. Já Mauricio Tolmasquim não enxerga uma competição entre as energias eólica e hídrica. Para Tolmasquim, há a complementaridade. O Brazil Wind Power alcançou tanto sucesso que os patrocinadores fizeram questão de já lançar a segunda edição do evento, e a principal esperança é que seja maior que a desse ano e contabilize o resultado de próximos leilões. Esta foi considerada a maior feira de energia eólica já realizada na América Latina. A ideia é de que em 2011 o mercado esteja ainda mais forte e amadurecido.
Opinião de quem foi “Como um dos responsáveis por trazer o evento ao Brasil, me sinto muito orgulhoso pelo resultado da Brazil Wind Power 2010. A feira marcou a estabilidade da eólica em nosso País. Uma vida muito curta, porém muito promissora”. Lauro Fiúza, vice presidente da ABEEólica “A eólica veio para competir e
concorrer. Uma lição aprendida foi que sempre vale a pena trocar ideias, articular em rede e ouvirmos um ao outro”. Klaus Rave, presidente da GWEC “A principal novidade é que
pudemos observar um evento feito exclusivamente para tratarmos sobre energia eólica, o que mostra como o Brasil está se desenvolvendo neste mercado”. Luiz Fernandes de Castro Júnior, analista de Negócios da IMPSA
Números do evento 55 expositores 1.826 visitantes de 27 países
65 palestrantes
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solar
Iluminação pública renovável Ruas em várias cidades brasileiras, e até no Uruguai, começam a receber postes que aproveitam a radiação solar e a força dos ventos para gerar energia elétrica para iluminação pública. Um sistema totalmente eletroeletrônico, com durabilidade elevada e que requer pouca manutenção artes de algumas cidades brasileiras já tem iluminação pública gerada por fontes alternativas. São postes que aproveitam a radiação solar e a força dos ventos para gerar energia elétrica para iluminação. Um dos projetos começou em Fortaleza (CE) e chegou a Natal (RN), São Luís (MA), São Paulo (SP) e no Uruguai. E está em negociação para ir até Recife (PE), às paulistas Ribeirão Preto, São José dos Campos, Campos do Jordão, Baixada Santista, além de Goiânia (GO) e Canoas (RS). Todos esses destinos terão autovia, pátios particulares, condomínios, shopping centers ou concessionárias com o poste híbrido, desenvolvido pela Gram-Eollic. O diretor da empresa, Fernando Ximenes, lista as cidades, mas prefere não indicar os clientes que estão contratando a iluminação por “sigilo comercial”.
P
Ximenes está à frente da fabricação deste tipo de torre de luz. Mas, no País, outras empresas também aproveitam este filão, como a FC Solar, a Solenerg, a Kyocera Solar do Brasil, a Sunlab. Por estas empresas, outras cidades também já testaram este tipo de iluminação pública, como Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ) e Patos (PB). Esta tecnologia é uma solução para vias públicas, parques, sítios, fazendas, locais remotos sem rede elétrica e áreas de proteção. É um sistema totalmente eletroeletrônico, sem peças móveis e com durabilidade elevada. A confiabilidade operacional é considerada alta. Requer pouca manutenção e utiliza lâmpada de grande eficiência. Além dessas vantagens, tratase de uma tecnologia limpa e sem conta de energia. Em Fortaleza, os postes híbridos podem ser vistos no Palácio Iracema, sede
do governo estadual. Os modelos tem de 12 a 18 metros de altura e são feitos em aço. No topo do poste, um pequeno avião é a peça chave. Feito em fibra de carbono e alumínio especial - material usado em aeronaves comerciais -, com três metros de comprimento, o equipamento abriga células solares que captam raios ultravioleta e infravermelho por meio do silício (elemento químico que é o principal componente do vidro, cimento, cerâmica, da maioria dos componentes semicondutores e dos silicones), transformando-os em energia elétrica (até 400 watts), que é armazenada em uma bateria fixada alguns metros abaixo. As hélices do avião também funcionam para gerar energia. As baterias do poste híbrido tem autonomia para 70 horas. Se faltar vento e sol 70 horas, ou sete noites seguidas, as lâmpadas continuarão ligadas.
Divulgação
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Curitiba está testando o uso da energia solar em dois parques, no Barigui (o maior da cidade) e no Tingui. O teste é feito com dois sistemas tecnológicos diferentes, novos, para avaliar o que se encaixa melhor no “custo benefício”, segundo informou a prefeitura. “Não há ainda um parecer sobre qualidade e funcionamento dos equipamentos, de acordo com o que se espera do sistema. O monitoramento levará mais alguns meses. E poderá ser estendido para outros pontos da cidade”. No Rio de Janeiro, a Secretaria municipal do Meio Ambiente testou alguns modelos de iluminação pública com energia solar. Segundo o subsecretário da pasta, Altamirando Moraes, o projeto Rio Solar pretende transformar a cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016 em uma capital verde. “Queremos que sejam os jogos mais ambientais até hoje. O Rio de Janeiro tem potencial enorme de luz solar que não é aproveitado. E esse tipo de energia não é poluente”, afirma. A implantação do projeto ecológico começou a ser feita no Leblon, bairro na Zona Sul do Rio, com um poste teste, capaz de captar a energia solar e transformá-la em luz pública para a Praça Cazuza, utilizando lâmpadas de LED. O poste funciona com uma placa de silício que faz a captação da energia.
Segundo Altamirando, com um dia de insolação é possível obter energia para iluminar 20 noites. De acordo com a secretaria, outra vantagem é que a iluminação com LED é superior a do sistema convencional. O novo sistema também dispensa condutos, cabos, fios, transformadores e aparelhagem elétrica. De acordo com Altamirando, o projeto vai proporcionar ao município uma economia de R$ 8 milhões por mês, que é o que se paga atualmente para a Light pela iluminação pública. Tirando o custo de instalação do poste, o município terá custo zero com a iluminação nova. Segundo o subsecretário, um poste instalado custa em torno de R$ 15 mil, e o dinheiro usado para os novos postes seria facilmente compen-
sado entre dois a três de utilização da nova tecnologia. Após os testes, a prefeitura do Rio aprovou o modelo da Andrade Gutierrez, que vai montar 86 postes ao longo de 22 quilômetros a partir de outubro. O projeto prevê a requalificação e reurbanização da zona oeste, passando por estações de trem e beneficiando a massa operária da população. Segundo Altamirando, o projeto também será levado para três parques cariocas. “A energia gerada será usada para alimentação da sede dos parques naturais”, explica. Os planos foram inspirados em algumas cidades espanholas, que já adotaram o modelo ecológico, assim como em cidades na China que testaram este tipo de postes por conta dos Jogos Olímpicos.
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em ação Jorge Andri
Leilões: uma sistemática muito limpa e transparente leilão de reserva e fontes renováveis é um processo absolutamente transparente e limpo, que é realizado pela internet, onde cada projeto habilitado recebe um login e uma senha para acessar o endereço na rede criado especificamente para o certame. O ponto fundamental do leilão é que não se sabe a quantidade de energia que o governo está disposto a comprar, e nem os projetos que estão dispostos a vender. No caso da IMPSA, contratamos uma consultoria que prepara a logística e o espaço físico em um hotel de São Paulo. O primeiro passo do leilão é confirmar a quantidade de lotes de energia que cada usina está disposta a vender e o próximo é confirmar se vende na tarifa ofertada. Para cada lance se tem cinco minutos para confirmar, e uma vez realizado, deve-se esperar até a próxima rodada, mas em alguns lances, se todos os participantes aceitam, a rodada é encerrada antecipadamente. O governo começa a baixar a tarifa a cada lance - nesse último leilão, reduziam R$ 0,50 por lance. Dez minutos é o tempo para inserir a tarifa. Neste último leilão, no caso de fontes alternativas, foi necessário escrever a receita anual esperada e o sistema automaticamente colocava a tarifa por MWh ofertada. Nos cinco minutos seguintes, cada usina recebe a resposta sobre a aceitação da oferta realizada. Em nosso caso, os nove projetos eólicos resultaram ganhadores do leilão de fontes renováveis. Consideramos que esta sistemá-
O
tica é muito limpa e transparente. Como a competição é muito grande, as tarifas acabam sendo reduzidas a níveis não imaginados até pouco tempo atrás. A tarifa média do leilão de fontes renováveis foi cerca de R$ 134,50/ MWh e a tarifa média do leilão de energia de reserva foi cerca de R$ 122,90/ MWh. Sem dúvida que com essas tarifas somente podem ser rentáveis os projetos eólicos com um alto fator de capacidade e com preço de equipamentos competitivo. Nesse último ponto, se destaca a evolução do mercado no Brasil, já que o Proinfa possibilitou a chegada de fabricantes de turbinas, de torres e também de outros importantes componentes. Hoje, o Brasil é o líder de geração de energia eólica na América Latina, devido ao pioneirismo em observar o grande potencial eólico que possui e por ter inserido um programa de energias renováveis, como o Proinfa. Outro aspecto fundamental para o desenvolvimento da energia eólica no Brasil são os financiamentos em longo prazo concedidos pelos principais e mais estáveis bancos como a CEF, BNB, BB e BNDS
Ilustração: Gerardo Júnior
ARTIGO
que oferecem contratos com taxas competitivas, proporcionando uma explosão de fontes de energia limpa. Os aspectos que tainda devem melhorar o crescimento contínuo da energia eólica são a diminuição dos preços do aço e a questão dos impostos, que afetam diretamente a produção dos equipamentos nacionais. Sem dúvida que uma política consistente do Ministério de Minas e Energia consolidará ainda mais este mercado, criando postos de trabalho qualificados em regiões menos desenvolvidas, proporcionando que o Brasil se transforme em um grande exportador de tecnologia desse tipo. Jorge Andri é diretor comercial da IMPSA Wind. É contador público formado pela Universidad Nacional de Córdoba, com mestrado em Administração pela Universidad Austral Buenos Aires. Desenvolveu sua carreira em empresas como a Corporação AES, onde trabalhou no setor elétrico argentino. Desde 2005 está no Grupo IMPSA, onde comanda o desenvolvimento de projetos eólicos para o Brasil.
É cultivando relações sólidas que colhemos a satisfação de nossos clientes. BRASELCO. Consultoria, assessoria técnica e desenvolvimento de projetos de engenharia para grandes empreendimentos na área de energias renováveis.
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balanço energético Eólica pode chegar a 1,8 mil GW em 2030
1
Segundo o estudo Global Wind Energy Outlook 2010, divulgado pelo GWEC e Greenpeace International, a perspectiva é que em 2010 a capacidade mundial de energia eólica chegue a 198,7 GW instalados. E, nos próximos 20 anos, aumente em quase 10 vezes a potência instalada. O relatório leva em conta as políticas implantadas ou em implantação de incentivo às fontes renováveis.
Usina Gargaú, no Rio de Janeiro, em fase de teste
2
Parque eólico Gargaú, instalado em São Francisco de Itabapoana, no Rio de Janeiro, tem sua operação autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O empreendimento, com 17 aerogeradores e com previsão de 28MW de potência, começou a funcionar em fase de teste. Após a conclusão dos testes, a empresa responsável pela operação do parque precisa enviar relatório dos ensaios retificando ou ratificando a potência das unidades.
GE Wind /divulgação
GE Wind fecha fornecimento de aerogeradores que somam 1GW
3
A GE Wind, divisão de energia eólica da GE, fechou fornecimento de turbinas eólicas que chegam a somar 1GW de capacidade. Os contratos, fechados nos últimos nove meses, somam US$2 bilhões em receitas. Segundo o vice presidente para a América Latina da companhia, Rafael Santana, parte dos contratos é
de aerogeradores para parques que fecharam contratos nos dois últimos leilões de fontes alternativas realizados pelo governo. Outra parte das turbinas tem como destino empreendimentos com foco na venda da energia para o mercado livre. Os aerogeradores, de 1,5MW e 1,6MW, serão produzidos em uma fábrica em São Paulo.
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EMPREGOS
PREVISÃO
2,373
Milhões de empregos gerados pela indústria da energia eólica até 2030. Segundo o estudo Global Wind Energy Outlook 2010, divulgado pelo GWEC
4
Prevendo uma queda de suas atividades na Europa, a fabricante espanhola de aerogeradores Gamesa começa a investir em outros mercados. Além de expandir em 15% suas vendas nos Estados Unidos, até 2013, a Gamesa prevê um crescimento de 20% na China e de 166% na Índia. Os contratos para a América Latina devem chegar até 50%, com boa participação brasileira
2,6
Bilhões de toneladas de CO² por ano é o que a energia eólica poderá evitar em emissões de gases do efeito estufa. Segundo previsão do Greenpeace
5
Uma Comissão de Estudos do Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações (Cobei) está elaborando as normas ABNT para aerogeradores, com base nas normas internacionais da família IEC 61400. O texto sobre medição de desempenho de turbinas eólicas conectadas à rede deverá ser publicado ainda em 2010.
POTÊNCIA
2 MW
ou acima será a potência da maioria dos aerogeradores instalados nos parques eólicos do Brasil, a partir de 2015, segundo estimativas levantadas pela GE
Pesquisa mostra queda de custos
9
Uma pesquisa da BTN Consult mostra a queda no custo médio de implantação de um parque eólico. No final do anos 80, o valor médio era de US$ 4 milhões por megawatt instalado. Passou para US$ 2 milhões, na década de 90. E hoje é de aproximadamente US$ 1,7 milhão. Os valores tem como base os EUA.
Bahia quer montar complexo eólico Nos últimos leilões, a Bahia foi um dos estados mais procurados pelos investidores do setor eólico. Por conta disso, o governo baiano quer oferecer facilidades para atrair fábricas de geradores, produtores de componentes - como pás e torres - e empresas ligadas ao ramo eólico. A ideia é construir um complexo eólico na região do Polo Industrial de Camaçari, onde já foi reservada uma área de 2 milhões de m² para a instalação desses empreendimentos. Já existem negociações com a espanhola Gamesa e Alstom.
6
“aspas “Fomos lançados em uma guerra fratricida no leilão A-3. Precisamos repensar sobre isso para que não aconteça mais”. Ricardo Pigatto, presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa, sobre a disputa entre fontes ocorrida no leilão A-3 deste ano
Leilão entre iguais
7
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou verba de R$ 574 milhões para a instalação de sete parques eólicos da CPFL. O projeto fica no município de Parazinho, no Rio Grande do Norte, e terá potência instalada total de 188 MW, incluindo ainda um sistema de transmissão.
8
Leilão de transmissão destinado à Instalação para Conexão Compartilhada de Geradores (ICGs) teve resultado homologado pela Aneel. No certame, a Chesf arrematou os três lotes ofertados, com investimentos estimados em R$ 300 milhões.
10
Durante o 7º Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico, ocorrido em setembro no Rio de Janeiro, associações representativas do setor eólico, de PCHs e de biomassa discutiram sobre a disputa entre as diversas fontes no último leilão A-3. Empreendedores defendem que as fontes alternativas, principalmente PCHs e eólicas, precisam de ambientes protegidos e de competição entre iguais.
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destaque CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVIES
casas mais verdes
e eficientes Entre 2005 e 2008, o setor das construções sustentáveis cresceu no Brasil em 27%. A previsão de crescimento é de 53% até 2013, segundo a organização não governamental Green Building Council. O retorno econômico recai não apenas na operação e manutenção da construção, mas também na saúde e produtividade de seus ocupantes. A construção civil conta com, no mínimo, dois mecanismos para alavancar o uso de medidas sustentáveis em seus empreendimentos
por Carol de Castro
MAD Architects / divulgação
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O Urban Forest,
em Chongqing (China), foi inspirado nas montanhas chinesas. O projeto é do escritório MAD Architects, conhecido por seus projetos sustentáveis
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destaque CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVIES m meio à expansão do setor imobiliário, mais um segmento tem uma oportunidade de crescimento: o da construção sustentável. A atividade da construção civil, em geral, é responsável por 42% do consumo de energia elétrica e 21% do consumo de água do Brasil, além de 50% do consumo dos recursos naturais do planeta e 75% do consumo de madeira da região amazônica, e produz 60% da massa de resíduos sólidos no País, segundo dados do Sinduscon, Secovi e Eletrobrás. Diante desses números de impacto ambiental e do impulso no mercado imobiliário, aumenta também a preocupação com a preservação do ecossistema. O resultado é a expansão das construções sustentáveis no setor. Este novo segmento, além de contribuir para a preservação do meio ambiente, traz retorno econômico. O custo da obra acaba sendo maior porque utiliza tecnologias mais modernas, como sistemas de aproveitamento de águas pluviais e tratamento de água. Porém, esse valor gasto a
E
mais é recuperado em pouco tempo. “A venda do empreendimento é mais rápida, além da redução dos custos operacionais da edificação”, explica a consultora em sustentabilidade Rejane Pieratti. Os gastos são reduzidos a partir da diminuição do consumo de água (que gira em torno de 40%), do consumo de energia elétrica (30%) e com a redução da produção de resíduos (que atinge 70%). A organização não governamental Green Building Council Brasil afirma que o setor das construções sustentáveis cresceu 27% no período de 2005 a 2008, e a previsão de crescimento até 2013 é de 53%. Ainda segundo a ONG, a cada R$ 1,00 investido na construção de edifícios sustentáveis, em 20 anos, R$ 15,00 são retornados, sendo deste total 74% economizados em saúde e produtividade dos ocupantes, 14% na operação e manutenção e 11% no consumo energético e hidráulico. A diretora da Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica (ANAB), Silvia Manfredi, é otimista em relaMilind Pai Architect
ção à expansão do segmento no Brasil. “A construção sustentável está em franco crescimento. Existem pessoas muito conscientes da sua responsabilidade com relação ao meio ambiente, principalmente as gerações mais jovens. O fato é que em pouco tempo a construção sustentável será a única solução possível, face a todos os desafios ambientais que já começamos a enfrentar: o alto custo dos recursos naturais e a escassez deles”. A construção sustentável baseia-se no tripé da sustentabilidade: deve ser ecologicamente correta, consumindo menos recursos e causando menor impacto ambiental. Além disso, deve ser socialmente justa, culturalmente aceita e economicamente viável. Novas normas A construção civil conta com, no mínimo, dois mecanismos para alavancar o uso de medidas sustentáveis em seus empreendimentos. Um deles é a Norma de Desempenho da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) - NBR 15.575 -, que vigora desde maio deste ano. Outra certificação sustentável é o Processo Aqua, criado em 2008 e emitido pela Fundação Vanzolini. A norma, válida em todo o território nacional, despertou uma expectativa de estímulo ao desenvolvimento setorial e de novas tecnologias a fim de atender a norma. “Nunca passamos por um período tão favorável e oportuno para evoluir, causado pelo aquecimento do setor. A norma será um dos principais aliados”, afirma Luiz Henrique Ceotto, diretor de Design & Construction da Tishman Speyer Properties. “Não podemos perder a oportunidade de melhorar a qualidade da construção civil brasileira”, diz Carlos Borges, vice presi-
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dente do Secovi-SP. Questões como acústica e conforto térmico em edifícios residenciais, entre outras necessidades dos usuários e que envolvem sistemas como as instalações hidrossanitárias, estruturas, pisos, fachadas e coberturas, terão de atender obrigatoriamente a um nível de desempenho mínimo ao longo de uma vida útil. “A norma estabelece requisitos mínimos de desempenho, de vida útil, de prazos de garantia de alguns sistemas. Ela não está completa. Este é um primeiro passo que precisava ser dado”, disse Borges, que também é superintendente do CB02, comitê da ABNT responsável pela redação da norma.
Ceotto concorda com Borges. “Este é o início do processo de um grande trabalho que vai diferenciar as empresas no mercado imobiliário”, completa. Segundo ele, a norma começa a disciplinar as relações entre os elos da cadeia imobiliária. Alguns exemplos: será instrumento para a defesa do consumidor, pois estabelece desempenho ao longo de uma vida útil de alguns sistemas construtivos; ajudará a reduzir decisões jurídicas classificadas por Ceotto como “estapafúrdias”; e será vetor para redução da concorrência predatória. Dentre os itens mais importantes na norma destacados por Borges está a definição do papel e da responsabili-
dade de cada agente para obtenção do desempenho.Ter a visão do cidadão e da sociedade e entender que existem patamares mínimos de desempenho para qualquer categoria de imóvel é um dos requisitos listados como essenciais para implantar a norma, segundo Maria Angélica Covelo e Silva, diretora da NGI Consultoria e Desenvolvimento. “Todos os consumidores, independente da classe econômica, são merecedores do desempenho mínimo. Qualidade não é sinônimo de luxo”, disse a especialista. Sobre o Processo Aqua, Ana Rocha Melhado, da proActive, faz um paralelo dos 14 requisitos que devem ser atendidos para obtenção da certificação da >
Bom para o meio ambiente e para o morador O conceito de construção sustentável, segundo o Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica (IDHEA), baseia-se no desenvolvimento de um modelo que permita à construção civil enfrentar e propor soluções aos principais problemas ambientais contemporâneos, sem renunciar à moderna tecnologia e à criação de edificações que atendam as necessidades de seus usuários. “Construção Sustentável é um sistema construtivo que promove alterações conscientes no entorno, de forma a atender as necessidades de edificação e uso do homem moderno, preservando o meio ambiente e os recursos naturais, garantindo qualidade de vida para as gerações atuais e futuras”, ensina o instituto em uma cartilha. As características básicas dos edi-
fícios sustentáveis são gestão sustentável da implantação da obra, consumir mínima quantidade de energia e água na implantação da obra e ao longo de sua vida útil, uso de matérias primas ecoeficientes, gerar mínimo de resíduos e contaminação ao longo de sua vida útil, utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural, não provocar ou reduzir impactos no entorno (paisagem, temperaturas e concentração de calor, sensação de bem estar), adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários, criar um ambiente interior saudável, proporcionar saúde e bem estar aos usuários. Como a construção civil é o segmento que mais consome matérias primas e recursos naturais no planeta e é o terceiro maior responsável pela emissão de gases do efeito
estufa à atmosfera, a sustentabilidade tem, de acordo com o Idhea, papel fundamental no desenvolvimento e incentivo de toda uma cadeia produtiva que possa alterar seus processos para um foco mais ecológico, de forma a reverter o quadro de degradação ambiental, bem como para preservar os recursos naturais para futuros usos e gerações. O instituto esclarece que não existe um padrão único para uma construção sustentável. Pode haver dezenas, talvez centenas de diferentes obras sustentáveis. O que permite que uma obra seja considerada sustentável é a avaliação do local de sua implantação e o planejamento de todas as intervenções, de forma a agredir ao mínimo o meio ambiente antes, durante e depois da construção.
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destaque
© ADEPT + MVRDV
CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVIES
Radier é um tipo de fundação. A fundação é a primeira etapa da obra, que é a fase de preparar o terreno para subir o prédio. No caso da fundação tipo radier, ela é rasae funciona como uma laje contínua de concreto armado em toda a área da construção e transmite as cargas da estrutura da casa (pilares ou paredes) para o terreno. construção sustentável. Relação do edifício com o seu entorno, escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos; gestão de energia, água e resíduos de uso e operação do edifício; conforto acústico, visual e qualidade sanitária dos ambientes são alguns deles. Segundo a especialista, a falta de iluminação
natural, por exemplo, reduz o conforto ambiental do usuário. Já a gestão de energia, quando contemplada na concepção arquitetônica, pode proporcionar a redução do consumo em até 75%.“A norma exige o desempenho mínimo para atender as necessidades do dia a dia das pessoas e as boas práticas nos projetos.
Desta maneira faremos empreendimentos mais adequados ao uso e à manutenção”, afirmou Ana Melhado. “Não é caro seguir a norma, desde que esta seja contemplada na fase de concepção do projeto de um novo empreendimento. Sai caro quando se toma a decisão de implementá-la durante a construção”, alertou. “Deve-
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se dedicar tempo na concepção do projeto e trabalhar com uma equipe multidisciplinar.” A certificação Aqua se baseia nestes 14 critérios de sustentabilidade, divididos em quatro fases: eco construção, eco gestão, conforto e saúde. Isso abrange a concepção, projeto, construção e fase de uso dos empreendimentos, sejam eles residenciais, comerciais, complexos esportivos e arenas, ou destinados à habitação popular. O Processo Aqua já conta com 25 processos iniciados, 20 certificados emitidos (fases de concepção, programa e operação) e 13 empreendimentos certificados, totalizando cerca de 150 mil metros quadrados. Entre os diversos empreendimentos em processo de certificação, na cidade de São Paulo, por exemplo, estão o Centro de Eventos Nortel e uma escola pública, da Fundação para o Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (FDE). Na Bahia, há dois empreendimentos residenciais da construtora Ecomundo. No Rio de Janeiro, em Niterói, a unidade da loja Leroy Merlin já obteve a certificação de todas as fases. Em Pindamonhangaba (SP), conjuntos habitacionais financiados pelo projeto Minha Casa Minha Vida, da Construtora Casoi, receberão a certificação Aqua, além da Escola de Sustentabilidade Campus Natura, em Nazaré Paulista (SP). Saindo do papel Um exemplo de empreendimento com ações sustentáveis é o caso da Rodobens Negócios Imobiliários, que incorporou uma nova tecnologia ao processo construtivo. Com sistema reconhecido pelo “Obra Sustentável” (programa do Grupo Santander Brasil), a Rodobens passou a utilizar
o siding vinílico, um componente do fechamento dos telhados das casas que faz parte dos novos conceitos de condomínios da empresa, chamados de Moradas e Terra Nova. O primeiro é voltado para o público com renda a partir de três salários mínimos, e o segundo é destinado às famílias com renda a partir de cinco salários. Trata-se de um sistema utilizado nos Estados Unidos há mais de 20 anos. O produto consiste em um revestimento altamente eficiente, composto por painéis de PVC em forma de barras, fabricadas com aditivos especiais que garantem resistência e durabilidade, além de reduzir os impactos ao meio ambiente. O sistema construtivo dos empreendimentos segue o mesmo processo utilizado no
A gestão de energia, quando contemplada na concepção arquitetônica, pode proporcionar a redução do consumo em até 75% Terra Nova Garden Village, localizado no Parque Belvedere, na cidade de São José do Rio Preto (SP), que recebeu, em 2008, o reconhecimento de primeira edificação, no Brasil, certificada pelo “Obra Sustentável”. A incorporadora utiliza, na construção das casas, tecnologia que consiste na‑ execução de fundações tipo radier e execução de paredes em concreto aerado autoadensável executadas em processo construtivo de alta velocidade, qualidade e ausência total de desperdício ou agressão
ao meio ambiente, garantindo os desempenhos térmico e acústico da edificação. Com a utilização do siding vinílico, o processo de execução das obras será ainda mais rápido e de menor manutenção para o cliente, além de criar diferenciais arquitetônicos nas casas. “Incorporamos o siding vinílico no processo, visto que, além de maior agilidade na execução das obras, o produto, somado à estrutura metálica utilizada sobre a parede de concreto, também proporciona um diferencial na qualidade e excelente padrão estético das fachadas, agregando ao imóvel um conceito de modernidade. Buscaremos continuamente novas tecnologias para modernizar e aprimorar cada vez mais os nossos processos construtivos com opções que reflitam sempre a responsabilidade socioambiental”, cita Eduardo Gorayeb, diretor presidente da Rodobens Negócios Imobiliários. O sistema construtivo adotado pela incorporadora permite, graças à espessura das paredes e à formulação de um concreto especial, desenvolvido com alta tecnologia, a construção de unidades habitacionais que, submetidas aos testes de desempenho térmico e acústico pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da Universidade de São Paulo, a comprovação de suas características de resistência e desempenho, garantindo que os empreendimentos dos conceitos Terra Nova e Moradas estão rigorosamente dentro dos padrões das Normas Técnicas pertinentes, o que, entre outros diferenciais de conforto, possibilitou a homologação e aprovação do sistema construtivo pela Caixa Econômica Federal em todo o País.
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destaque CONSUMO CONSCIENTE CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVIES
Flexibilidade nas soluções A certificação Aqua realiza auditorias presenciais em todas as fases. Ao mesmo tempo, é flexível quanto às soluções de projeto que podem ser adotadas, de acordo com a realidade brasileira, considerando região, clima, vegetação, comunidade local, entre outros critérios. Outro detalhe importante no processo é que durante a fase de projeto são consideradas soluções passivas e ativas para a redução de impactos ambientais e custos operacionais da construção. Entre as soluções passivas, que podem ser empregadas sem custo adicional, estão a orientação das fachadas de modo a obter iluminação natural; cobertura destacada do forro, para melhora da ventilação natural; e sombreamento das faces ensolaradas com utilização de vegetação para reduzir o calor no interior do imóvel. Se forem adotadas já na fase do projeto arquitetônico, a
habitação sustentável pode ter um custo similar à convencional. Já as soluções ativas podem incluir adoção de vasos sanitários com descarga de seis litros, torneiras e chuveiros economizadores, sistemas de aproveitamento de água da chuva e reuso de água, lâmpadas de alta eficiência energética, uso de energia solar para aquecimento da água etc. “Estes itens podem requerer um investimento maior. Porém, é bom lembrar que, quanto mais alto o desempenho ambiental, menores serão os custos operacionais da edificação”, explica o professor Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo do Processo Aqua, na Fundação Vanzolini. Martins ressalta que, hoje em dia, é necessário repensar o conceito de custo da obra, levando em conta também a fase de operação, cujo custo, ao longo dos anos, é muito maior do que o valor gasto na construção. Num horizonte
de 30 anos, do custo total de construção e operação de um edifício, cerca de 20% correspondem à construção e 80% à operação. “Ou seja, se um edifício for sustentável e, consequentemente, tiver custos operacionais mais baixos, os investimentos adicionais realizados na fase de construção terão um rápido retorno”, destaca Martins. “No Brasil, ainda não existem números relacionados a construções sustentáveis. Mas, na Europa, o período de retorno do investimento em uma obra sustentável gira em torno de dois a seis anos, aproximadamente. Além disso, uma construção sustentável - que pode ser uma casa, um edifício residencial, um hospital, uma escola, uma loja - certamente terá um valor patrimonial mais alto ao longo do tempo do que uma convencional, justamente pela durabilidade e facilidade de manutenção e pelo baixo custo operacional”, analisa Martins.
Como garantir que a obra é sustentável? Obras certificadas • No caso de obras comerciais, recomenda-se a certificação da obra junto a algum organismo certificador reconhecido pelo mercado nacional e internacional e acreditado junto às grandes entidades normalizadoras. • Recomenda-se, também, todos os demais passos, mencionados no tópico a seguir. Obras não certificadas • Para obras sustentáveis que não serão certificadas ou para edificações residenciais unifamiliares,
recomendam-se os seguintes passos: - Solicitar do consultor ou responsável pela obra dados e laudos técnicos sobre todos os materiais, tecnologias, soluções e técnicas a serem aplicadas, atestando benefícios ambientais; - Solicitar aos responsáveis pela obra ou assessoria planos de viabilidade ecológica e econômica da obra, apontando benefícios ecológicos, sociais e pay-back (retorno do investimento); - Solicitar dos responsáveis detalhes sobre o método construtivo
empregado e seus benefícios ambientais, bem como justificativas técnicas desde o início do planejamento, com informações detalhadas sobre todas as ações adotadas para se chegar à sustentabilidade da edificação; - Solicitar junto aos fabricantes e fornecedores de materiais diversos documentos comprovando o desempenho sustentável dos produtos e tecnologias fornecidos; - Estabelecer vínculo com entidades com experiência e know-how de mercado em ecoprodutos, tecnologias e soluções sustentáveis.
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Planejamento Sustentável A partir dele serão decididas todas as intervenções que poderão integrar a obra ao meio ambiente ou resultar em danos em curto, médio e longo prazos. Refere-se a uma análise da obra, do local e das informações pertinentes; aplicação da análise de ciclo de vida para determinação das diretrizes de projeto e escolha de materiais e tecnologias; estudos de solo; recomendações de projeto e intervenções; recomendação de materiais e tecnologias; projeto de arquitetura e paisagismo sustentável; planejamento geral e sustentável; estudos de consumo de materiais e energia da edificação; planejamento da logística de materiais e recursos em geral. Aproveitamento passivo dos recursos naturais Aproveitar os recursos naturais que atuam diretamente sobre a obra - como sol, vento, vegetação, para obter iluminação, conforto termoacústico e climatização naturais.
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Eficiência energética Conservação e economia de energia; geração da própria energia consumida por fontes renováveis; controle de emissões eletromagnéticas; controle do calor gerado no ambiente construído e no entorno. Gestão e economia da água Reduzir e controlar o consumo de água fornecido; não contaminar a água e corpos receptores; aproveitar as fontes disponíveis; tratar águas cinzas e negras e reaproveitá-las na edificação; reduzir necessidade de tratamento de efluentes pelo poder público; aproveitar parte da água pluvial disponível.sões eletromagnéticas; controle do calor gerado no ambiente construído e no entorno. Gestão dos resíduos na edificação Criar área para disposição dos resíduos gerados pelos próprios moradores/usuários; reduzir geração de resíduos; reduzir emissão de resíduos orgânicos para processamento pelo Poder Público ou concessionárias; incentivar a reciclagem de resíduos secos ou úmidos.
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Qualidade do ar e do ambiente interior Criar um ambiente interior e exterior à obra saudável a todos os seres vivos; identificar poluentes internos na edificação (água, ar, temperatura, umidade, materiais); evitar ou controlar sua entrada e atuação nociva sobre a saúde e bem estar dos indivíduos. Conforto termoacústico Promover sensação de bem estar físico e psíquico quanto à temperatura e sonoridade, através de recursos naturais, elementos de projeto, elementos de vedação, paisagismo, climatização e dispositivos eletrônicos e artificiais de baixo impacto ambiental. Uso Racional de Materiais Racionalizar o uso de materiais de construção tradicionais e prevenir o uso de produtos cuja fabricação e uso acarretem problemas ao meio ambiente ou que são suspeitos de afetar a saúde humana. Uso de Produtos e Tecnologias ambientalmente amigáveis Prever na obra uso máximo de produtos e tecnologias amigas do meio ambiente que atendam os seguintes pontos: Ecologia - Coletar dados que comprovem o desempenho sustentável dos processos construtivos, produtos e tecnologias recomendados, do ponto de vista da gestão e uso de matérias primas e insumos básicos; energia; água; emissão de poluentes; normatização; cumprimento das leis vigentes; embalagem; transportes (logística); potencial de reuso e/ou reciclagem. Economia - Recomendar ecoprodutos e tecnologias sustentáveis adequados à realidade financeira e capacidade de investimento do cliente, com prazo e taxas de retorno definidos (payback); Saúde Avaliar a biocompatibilidade e sanidade dos produtos recomendados com o ser humano e organismos vivos em geral, com o objetivo de gerar um ambiente saudável para ocupantes e vizinhança; Responsabilidade social - Recomendar o uso de materiais que atendam às normas brasileiras e internacionais de qualidade e padronização (NBR 16001), cuja fabricação contribua para inserção da população desfavorecida no mercado de trabalho e consumo, bem como para fixação do homem em sua região de origem
Infográfico: Gerardo Júnior
Nove Passos Para a Obra Sustentável
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3r’s
reduzir, reutilizar, reciclar
RESÍDUOS ALIMENTARES
Lixo orgânico Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de quatro milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas e seguem para o lixo. Em um mundo em que quase 24 mil pessoas morrem, por dia, devido à fome, segundo a ONU, e que 14 milhões de brasileiros passam fome, de acordo com pesquisa de amostra domiciliar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), valorizar os alimentos é quase uma obrigação de quem está com a mesa garantida.
REDUZIR No Brasil, estima-se que 80% do desperdício de comida sejam causados por mau uso dos alimentos. Para evitar isso, a dica é planejamento. Ao fazer as compras, calcule o quanto você vai precisar. Comprar em excesso resulta em alimentos estragados. Frutas e verduras são os alimentos com maior facilidade para ir à lixeira. Por isso, anote o quanto de alimento foi consumido na sua casa. Separe por tipo de comida. Na compra seguinte, leve somente aquela quantidade. Diminua ao máximo o intervalo das compras. Outra dica é na hora de preparar os alimentos. Faça a projeção de quantas pessoas irão comer e, se possível, com pouca margem de sobra. Evite deixar comida na geladeira. Com o tempo, essa comida vai pro lixo. Acostume seu filho a colocar no prato somente a quantidade que irá saciá-lo. Pode levar tempo, mas você estará criando um cidadão mais consciente.
REUTILIZAR O que você faz com a casca das frutas que você come? Joga fora? Você não sabe quanto é delicioso um suco com casca de abacaxi. Além de hidratar, deixa sua consciência mais tranquila por não desperdiçar. E é tão simples que você pode testar só para experimentar. Pegue um litro de água e ferva com a casca do abacaxi. Depois que a casca estiver molinha, bata tudo no liquidificador e acrescente açúcar. Depois que você coar e servir com gelo, ninguém vai dispensar esse suco politicamente correto. O suco de abacaxi é apenas um exemplo. Cascas de manga podem virar um suco rico em vitaminas A e C, complexo B, cálcio, ferro e carboidrato. Ou as de melão, que podem virar geléia. A ONG Banco de Alimentos (www.bancodealimentos. org.br) oferece cursos de reaproveitamento de alimentos e fornece receitas e dicas no seu site.
QUATRO MILHÕES DE TONELADAS DE ALIMENTOS SEGUEM DIRETO PARA O LIXO
RECICLAR Se você não quer reutilizar as sobras como alimento, pode fazê-lo como adubo.Tudo começa pela separação do lixo orgânico em um recipiente para este fim. Estão inclusos nessa categoria restos de alimentos, folhas e sementes. Esse material reunido passa por um processo de compostagem para virar adubo natural. Quando misturados, os diferentes componentes se transformam em húmus depois de três fases: decomposição, síntese de novas substâncias criadas pelos microrganismos presentes no lixo e formação de complexos resistentes. Tudo isso pode ser utilizado para preparar o solo. Há entidades que coletam o material para fazer esse serviço. E há projetos como o Minhocasa (www. minhocasa.com), que oferece soluções para destinação caseira do lixo orgânico, transformando-o em adubo natural por meio de compostagem, minhocultura e biofertilização.
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Como?
guia verde
REDUÇÃO DE CONSUMO
Eficiência energética começa no escritório Os equipamentos utilizados no dia a dia consomem, de alguma forma, energia. A utilização racional de energia fornece a mesma quantidade de valor energético, mas gera economia no uso da fonte. É o que se chama de eficiência energética. Algumas ações, adotadas no local de trabalho, podem contribuir para diminuir o uso de energia sem perda de produção. A adoção de medidas eficientemente energéticas gera uma otimização dos recursos.
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EQUIPAMENTOS. Alguns escritórios montam um espaço de refeição para os funcionários. Na hora de comprar estes eletrodomésticos, dê preferência aos que tem o selo Procel. É um programa para orientar o consumidor no ato da compra, indicando os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria, proporcionando assim economia na conta de energia elétrica. FUGAS DE ENERGIA ELÉTRICA. Para localizar esse defeito, desligue todos os aparelhos das tomadas e apague as luzes. Verifique se o disco medidor continua girando. Se continuar e der uma volta em menos de quinze minutos, existe a “fuga” de energia. A causa pode ser defeito na instalação elétrica ou problema no medidor. No primeiro caso, consulte um eletricista. No segundo, procure a companhia de fornecimento de energia elétrica. ILUMINAÇÃO. Sempre que possível, evite acender lâmpadas ao dia. Ao sair do ambiente, apague as luzes. Dê preferência às lâmpadas fluorescentes compactas (LFC) ou circulares. Além de consumir 1/3 menos energia que as correlatas incandescentes, duram 10 vezes mais. Estas lâmpadas são indicadas para qualquer ambiente que necessite de iluminação continuada por mais de 2 horas seguidas. Faça opção por lâmpadas duplas ou triplas com reatores eletrônicos.
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COMPUTADOR. Nas pausas mais prolongadas, desligue totalmente o aparelho, inclusive o estabilizador. Sempre que der uma pausa rápida no seu trabalho, desligue o monitor de vídeo. Ele é responsável por 70% do consumo de energia. Se puder, configure-o para desligar automaticamente após alguns minutos sem utilização.
AR CONDICIONADO. Ao usar o ar, mantenha as portas e janelas fechadas. Limpe os filtros periodicamente. Sujos, eles impedem a circulação livre de ar, aumentando o consumo de energia. Instale o aparelho em local com boa circulação de ar. Evite áreas expostas a raios solares. Regule o termostato para a temperatura adequada. O frio máximo, além de consumir mais energia, nem sempre é a melhor solução de conforto. ATITUDE. Além do bom funcionamento dos aparelhos e da instalação elétrica, é importante que, no ambiente de trabalho, a fim de economizar energia, essas dicas sejam postas em prática. De que serve todo esse conhecimento, se um vai ficar esperando pelo outro, ou se acha que é papel da empresa designar alguém para esta tarefa. Seja ativo. Forme uma comissão para verificar como a empresa pode gastar menos energia.
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se ligue agenda
DICAS DE LIVROS, SITES, FILMES E MUITO MAIS
Em The Planet, especialistas revelam verdades e mentiras sobre as mudanças climáticas e outras modificações que a Terra está experimentando. Foram entrevistados cientistas, empresários, distribuidores de água e de energia do Quênia ao Brasil, de Xangai a Groelândia. O projeto audacioso, concebido na Escandinávia, colocou equipes de filmagem em mais de 25 países durante dois anos. Foi dirigido por Michael Stenberg, Linus Torrel, Johan Söderberg. Depois de receber vários prêmios, o documentário virou série de TV.
filme
O IEEE/PES T&D 2010 América Latina é um congresso sobre transmissão e distribuição de energia, organizado pelo Institute of Electrical and Electronic Engineers do Brasil (IEEE) e Power and Energy Society (PES). No encontro, empresas do setor discutem automação e proteção, tecnologias VSC, smart grid, subestações e LTs. Além de trabalhos ligados ao tema de geração, transmissão e distribuição de energia. Quando: 8 a 10 de novembro. Onde: Centro de Convenções Frei Caneca - São Paulo (SP). Mais informações: www.ieee.org.br
evento
O SESC promove em São Paulo, até setembro de 2011, uma exposição cenográfica com o tema Energia. Montada em um pavilhão de 1.400 m², a mostra conta com vídeos, maquetes, instalações e projeções que retratam o papel da energia na vida do planeta. Fontes renováveis de energia, energia fóssil, energia nuclear e cultura de consumo são alguns dos temas tratados na exposição. Quando: até setembro de 2011. Mais informações: www.sescsp.org.br
exposição
A edição de Energia e Meio Ambiente traz artigos que discutem a questão energética no Brasil e os princípios físicos por trás do uso da energia e seus efeitos sobre o ambiente. Entre os temas abordados estão a desregulamentação e o aumento da competição no setor de geração de energia, os padrões brasileiros de uso da energia e o crescente compromisso global com as fontes de energia renováveis. Autores: Lineu Belico dos Reis, Roger A. Hinrichs e Merlin Kleinbach. Da Editora Cengage.
livro
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Que tal usar a capa do seu iPhone ou iPod para recarregar estes aparelhos? A empresa Novothink desenvolveu o Solar Surge, um equipamento que usa pequenos painéis para converter energia solar em eletricidade. Em sua lateral, indicadores mostram a situação da bateria e se a incidência solar é suficiente. Quando a carga está completa, o aparelho armazena a energia em uma bateria interna (até 120% da capacidade da bateria normal de um iPhone) para uso posterior. O produto é aprovado pela Apple e é compatível com os modelos mais recentes. Preço médio: $ 69.99. Mais informações: www.solararcadia.com.
novidade
Em Toward a Zero Energy Home: A Complete Guide to Energy Self-Sufficiency at Home, David Johnston e Scott Gibson ensinam como construir casas mais “verdes” e eficientes energeticamente. A casa de “energia zero” é aquela que produz tanta energia quanto consome. Através de 12 estudos de caso com diversos exemplos e estratégias, os autores provam que está cada vez mais fácil construir este tipo de casa com o surgimento de novos equipamentos. Da Editora Taunton Press.
livro
Cada vez mais, publicações estão falando sobre design ecologicamente correto. Agora, uma revista inteira está sendo dedicada ao assunto. A Standard Magazine foi criada pelo designer Kelly LaPlante, que está tentando ensinar à indústria de design que “o verde é uma norma, não um estilo.” Após 12 anos trabalhando com uma concepção ecológica em seus trabalhos, LaPlante resolveu criar uma publicação para mostrar propostas e produtos construídos a partir desta filosofia. Para conhecer a revista: www.standardmag.com
revista virtual
O 8º Congresso Internacional sobre Geração Distribuída e Energia no Meio Rural irá reunir especialistas para debater questões técnicas e políticas relacionadas à produção sustentável de biocombustíveis para o desenvolvimento econômico e social brasileiro. O Congresso também fará um balanço da universalização do atendimento e uso de energia elétrica no Brasil, através do Programa Luz para Todos. Quando: 13 a 15 de dezembro. Onde: Centro de Convenções da Unicamp (Campinas, SP). Mais informações: http://www.nipeunicamp. org.br/agrener.
evento
Visite projetos do artista e do Coletivo Base/Baião Ilustrado: www.sandesjr.com, www.baiaoilustrado.com.br e http://www.flickr.com/photos/coletivobase/
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o último apaga a luz
Poder do Vento, de SandesJr - Coletivo Base. Ilustração digital, 2010
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investimento qualquer
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E s t r a t e g i c a m e n t e l o c a l i z a d a n o N o r d e s t e , m a i s e s p e c i fi c a m e n t e n o e s t a d o d o C e a r á , a Te c n o m a q W i n d S t e e l To w e r a l i a t e c n o l o g i a d e ponta
na
construção
de
torres
eólicas
à
proximidade
da
implementação de novos parques eólicos na região. Com parcerias assim, seus negócios estão sempre na direção certa.