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DECUPAGENS E QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS Entrevista com Fernando Polastro, fundador e voluntário da Abravem, via whatsapp em 22/04/2020
A respeito do surgimento da entidade foi o seguinte, a cerca de 10 anos atrás um grupo de amigos estava reunido em um evento social e estávamos conversando a respeito dessa questão do erro médico e descobrimos que todos que estavam ali falando naquele momento haviam passado por isso direto ou indiretamente dentro da família e, absolutamente ninguém havia se movimentado na busca dos seus direitos. Nós chegamos a uma conclusão que se nós pessoas de um nível intelectual razoavelmente alto não havia se movimentado nesse sentido, imagina o que ocorre na esfera menos favorecida da população, principalmente, as pessoas que estão submetidas ao atendimento do SUS. A partir de então, eu, uma advogada e um médico, pessoas que estavam naquele momento, resolvemos ajudar uma pessoa, que era filha de uma diarista da casa de um desses amigos que estavam passando por um problema como esse e nós ajudamos essa pessoa, a partir daí, o boca a boca fez com que outras pessoas nos procurassem e nós passamos a auxiliar pessoas nessa demanda de erro médico. A coisa foi crescendo até que cerca de 3 anos atrás, nós institucionalizamos esse trabalho, porque como cresceu, ficou um pouco fora do nosso controle, principalmente, criando mecanismos para que as pessoas pudessem nos encontrar de uma forma mais fácil. Foi nesse momento que nós demos o nome de Abravem, criamos um site e a partir daí, o projeto explodiu. Hoje, nós auxiliamos pessoas em todo o país e temos feito esse trabalho voluntário. Já atendemos mais de 1000 pessoas. A média é de cada dez pessoas que nos procura, uma se torna ação e, em torno de, 50% a 60% dos casos que avaliamos, não é identificado o erro médico. Nosso trabalho consiste basicamente em realizar uma análise técnica tanto da área médica como jurídica e dizer para as pessoas se elas realmente foram ou não vítimas de erro médico e quais os caminhos a serem seguidos. Pouquíssimas pessoas estão dispostas a falar, o erro médico é algo que causa sofrimento, se abate sobre a família, então é muito difícil para as pessoas expor essas questões.