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FAVELA VIVE

Tudo começou com uma banda em 1989. O grupo foi um dos primeiros da região do Jardim Ângela. Sem dinheiro, os amigos resolveram montar instrumentos a partir de materiais reutilizáveis. Assim nasce o ‘Poesia do Samba’, que teve seu nome alterado em 2001 para ‘Poesia Samba Soul’.“Percebemos que a música era um caminho muito fácil para se comunicar. Onde tinha música, não tinha violência”, conta Claudio Miranda, integrante da banda e fundador do ‘Instituto Favela da Paz’. Além dos instrumentos, o grupo também construiu um estúdio com circulação de ar natural, graças ao irmão de Claudio, que segundo suas palavras, sempre foi muito inventor. Um ponto de virada para o grupo foi quando Fábio viajou para Portugal em 2009. O local de visita foi uma ecovila autossustentável, que juntava jovens do mundo inteiro para uma universidade de verão. “Tinha 500 pessoas, 60 países envolvidos e eu era esse único jovem que saiu aqui do Brasil pra entrar nesse congresso durante 3 meses”. Quando voltou para o Brasil, Claudio explicou para o irmão e para Hellen Fernandes, outra integrante do grupo, a experiência que teve e os influenciou a largar tudo e viajar com ele novamente para a vila, a fim de aprender as técnicas sustentáveis utilizadas lá. “Fomos duas vezes em 2010 para Portugal. Uma para um encontro de músicos do mundo todo e depois para um encontro chamado ‘Campus Global’, voltadas a iniciativas em áreas de risco. No ano seguinte, ainda na missão de aprendizado o grupo foi convidado a visitar um local chamado Comunidade de Paz San Jose, na Colômbia, no meio da Amazônia, onde morreram 250 pessoas em um conflito. E assim nasce o ‘Instituto Favela da Paz’, uma casa autossustentável localizada no bairro Jardim Nakamura, extremo sul de São Paulo. “Aquela comunidade nos inspirou. Apesar de tanta violência que eles sofreram, eles conseguiram se reerguer e se manter em comunidade”.

O Instituto Favela da Paz está localizado no Jardim Nakamura, zona Sul. O prédio sustentável funciona à base de energia solar, circulação de ar natural e um biodigestor que transforma lixo orgânico em gás metano. Foto: Luiz Lucas.

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De lá pra cá tudo mudou. Fabio criou o projeto ‘Periferia Sustentável’, que ensina teorias e práticas de tecnologia e energias renováveis e funcionais à jovens, Hellen fez nascer o Vegearte, com aulas sobre alimentação saudável, sustentável e orgânica, com uma pegada mais empreendedora, onde moradoras aprendem técnicas desse tipo de alimentação e cuidam do coffe break de empresas. Outro integrante, o ‘Pequeno’, é responsável pelo estúdio de música e dá aulas de percussão à crianças do bairro. Essas são as principais, mas o instituto abriga atualmente 13 iniciativas voltadas ao crescimento cultural do Jardim Ângela. O grupo também tem parcerias com projetos internacionais. “Hoje não somo só a Favela da Paz, somos um coletivo muito maior”. Para Fabio, o instituto não tem como foco mudar ninguém e sim causar reflexão. “Devemos pensar um pouco em quem somos, por que estamos aqui e qual a beleza deste lugar”. Essa é uma das missões, mostrar o que de positivo tem na comunidade. “O ser humano precisa de gente, não de parede, e isso temos aqui”.

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