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Quadro 2 - Proporção de pessoas abaixo da linha da extrema pobreza por rendimento domiciliar per capita (menos de US$ 1,90 diários per capita PPC), segundo sexo e cor/raça - Brasil (2012/2018
Quadro 2 - Proporção de pessoas abaixo da linha da extrema pobreza por rendimento domiciliar per capita (menos de US$ 1,90 diários per capita PPC), segundo sexo e cor/raça - Brasil (2012/2018).
Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2012/2018.
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Ainda segundo o mesmo Instituto, em outubro de 2019, a média de rendimento mensal de trabalho de 1% da população mais rica correspondia a 33,8 vezes o rendimento de 50% da população com menores rendimentos. Esses aumentos consideráveis da concentração de renda nas mãos de poucos têm reforçado a extrema desigualdade no país.
Com a participação dos excluídos na política é possível implantar leis que protegem os trabalhadores, para que a população consiga desenvolver-se, garantindo os direitos básicos de qualquer ser humano.
Quanto mais ampla e inclusiva for a participação dos cidadãos nos processos políticos e eleitorais, maior a pressão para que as políticas públicas funcionem como um contraponto às tendências concentradoras de renda, riqueza e oportunidades do mercado. (OBSERVATÓRIO DAS DESIGUALDADES, 2020).
2.6 Pandemia: Agravamento de um problema crônico no Brasil
Em 11 de março de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declara o surto de coronavírus (Sars-Cov-2) como uma pandemia, desde então uma série de medidas foram recomendadas pelas autoridades sanitárias. Tornou-se obrigatório o distanciamento social, evitando aglomerações, uso de máscaras, e outras medidas sanitárias mais cuidadosas. O distanciamento social tem um papel importante para barrar a circulação do vírus em um país com poucas testagens, como o Brasil, já que realiza cerca de 105 testes a cada 10 mil habitantes, pouco mais de 22 milhões de exames (UOL, 2021), sendo que a testagem em massa se mostra muito importante no mapeamento e controle da doença como aponta (CIÊNCIA & SAÚDE COLETIVA, 2020). O rastreio da localização do vírus ajuda na aplicação de restrições mais inteligentes. Em Singapura, a detecção precoce em aproximadamente 53% dos casos ajudou a manter o país com boas taxas logo no início da pandemia. O mesmo foi observado em Hong Kong e outras partes da China. Um problema que a princípio, seria sanitário, expõe uma crise socioeconômica de forma que acentua a desigualdade social. A pandemia agravou um problema crônico do país, que existe há anos e frente a esse cenário de evidente e profunda deterioração, ocorre uma elevação brutal das enfermidades e mortes, das taxas de desemprego, do aumento da fome e da pobreza, deixando visível (instantaneamente) a sociedade mais vulnerável, principalmente sua parcela mais pobre. Além da violação dos direitos básicos dessa população, como acesso a água, saneamento básico e moradia digna, a pandemia torna-se um problema maior para moradores de regiões periféricas e locais densamente povoados. Precisam lidar com a aglomeração dentro de suas próprias casas, o que torna complexo o distanciamento porque mesmo em suas residências as pessoas estão dividindo um único espaço, muitas vezes com seis, nove, até mesmo mais de dez pessoas; esses são fatores que prejudicam o isolamento adequado conforme as orientações das autoridades de saúde.
A insegurança existe também pela necessidade do uso de transporte público muitas vezes superlotado; obrigando os usuários a estarem em constante contato com os demais. Essa é outra forte marca da desigualdade urbana, visto que os mais ricos não dependem de transporte público para se locomover, já que podem manter meios próprios e em sua grande maioria habitam em regiões centrais onde se acumulam a maior parte das oportunidades de trabalho.
COVID-19 foi comparado a um raio-X que revelou fraturas no frágil esqueleto das sociedades que construímos e que em todos os lugares está expondo falácias e falsidades: a mentira de que os mercados livres podem fornecer saúde para todos; a ficção de que o trabalho de cuidado não remunerado não é trabalho; a ilusão de que vivemos em mundo pós-racista; o mito de que estamos todos no mesmo barco. Pois embora todos nós flutuamos no mesmo mar, é claro que alguns navegam em super iates, enquanto outros se agarram a escombros flutuantes. ” (INFORMAÇÃO VERBAL, 2020) ³
Somado a tudo isso ainda há a forte recessão provocada pelo vírus, com a taxa média de desemprego em 13,5% no ano de 2020. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no terceiro trimestre a taxa ficou em 14,6% e no último 13,9%, sendo a menor taxa desde a sequência histórica de 2012.⁴