
13 minute read
Figura 26: Classificação indicativa, Guia prático (SNJ
3.4.4. Classificação Indicativa
Segundo o Manual de Classificação Indicativa da SECRETARIA NACIONAL DE JUSTIÇA, 2018, o documentário se classifica em “Não recomendado para menores de 14 anos”. O tema levanta questões sociais ligadas à desigualdade, podendo haver cenas de preconceito, discriminação, agressão verbal e situações de extrema pobreza.
Advertisement
Figura 26: Classificação indicativa, Guia prático (SNJ)
3.5 Argumento
3.5.1 Visão Original
Ao começar os debates e discussões acerca do desenvolvimento desse projeto, percebe-se que o documentário vai abordar uma questão crônica que permeia o Brasil, mas que fica em evidência com a chegada da pandemia. Após concluirmos a fundamentação teórica, nota-se a questão da desigualdade na capital paulista, o pobre sempre é a classe mais afetada em períodos de crises e o atual governo brasileiro não contribui com ajuda efetiva para esse grupo e, com isso, ocasiona na explosão da disparidade social no Brasil. Analisando a história do país, observa-se o desauxilio sobre o retrato da desigualdade e, em contrapartida, no mesmo período em que bilionários aumentam suas rendas, o pobre luta para sobreviver no período caótico.
“Até aqui, está tudo bem? ” , irá expor uma realidade vivida por muitos brasileiros na pandemia, dará voz a uma família de modo que outras sintam-se representadas; a mídia tem levantado muitos problemas sociais decorrentes das restrições, causando aumento no desemprego, instabilidade financeira e fome. A construção da narrativa do documentário alterna-se entre a realidade e relatos dos personagens em paralelo com uma fotografia, que mostra a real situação do cenário, onde grande parcela da sociedade está inserida, a periferia. Entender que essas diferenças têm endereço é fundamental, famílias vulneráveis estão ficando sem saída e é uma forma de conceder voz a essas pessoas que, por muitas vezes, não são ouvidas devido à posição socioeconômica.
3.5.2 Proposta do Documentário
“Até aqui, está tudo bem”, propõe uma discussão aprofundada e reflexiva sobre a disparidade socioeconômica no contexto da pandemia e como a população das periferias saem drasticamente afetadas. De fato, é uma crise que atinge diversas camadas da sociedade, no entanto, os moradores da região de Paraisópolis que estão mais afastadas do centro-urbano são os que mais necessitam de políticas públicas.
O impacto da pandemia entre as pessoas que habita essa região é estremecido, e o projeto levanta essas questões; durante as gravações o depoimento de famílias de classe baixa, residentes de Paraisópolis, mostrando as dificuldades e a realidade da comunidade. Além da crise financeira, essa parcela da sociedade precisa lidar inclusive com as emoções, já que a saúde mental tem sido abalada e não é possível encontrar uma perspectiva de melhora dentro do cenário particular deles.
Com as restrições impostas pela pandemia, a demanda dos entregadores de aplicativos subiu, paralelo a isso, o número de entregadores aumentou, refletindo em menos renda e mais riscos à saúde desses profissionais. Através da narrativa, o documentário propõe e abre espaço para essas vozes.
O abismo socioeconômico segue dividindo a sociedade. Neste sentido, prevêse que através das histórias relatadas no documentário, os telespectadores possam
criar um olhar solidário para com o outro. A captação visual tem um papel fundamental no projeto e com a ajuda dela, iremos mostrar que a pandemia da Covid-19 não afeta todos da mesma maneira. Cada pessoa tem uma realidade diferente.
Moradora de Paraisópolis há 24 anos, mãe de quatro filhos que precisam intercalar os dias para ir a creche e a escola, com isso, para poder alimentar os filhos dentro de casa durante a pandemia, teve que receber cestas básicas distribuídas no pavilhão do G10 Favelas, vale merenda da escola e a pensão. Mora na comunidade desde que nasceu, passou por muitas dificuldades e com a chegada da pandemia ficou ainda mais complicado, ficou desempregada e precisou do auxílio emergencial.

Residente do bairro Vila Sônia em Paraisópolis, mora com a mãe, sua prima e irmã. Trabalha no setor de entrega de aplicativos desde os 18 anos de idade, começou nesse setor para ganhar uma renda extra para poder pagar a faculdade. No início da pandemia, foi quando ele sentiu um impacto muito forte no seu trabalho, a clientela começou a comparar os seus fretes com os do aplicativo que eram menores, perdendo cerca de 80% de seus clientes, dessa forma, buscou mais demandas no setor de delivery.

56 anos, morava em Paraisópolis e durante a pandemia se mudou para Piracicaba com o intuito de ter um melhor custo de vida, porém não conseguiu emprego e teve que voltar para a comunidade. Aposentado, não possui condições no mercado de trabalho e faz pequenos serviços vendendo sorvete na rua. Casado com a Lia, possui filhos e consegue cesta básica e marmitas com o G10 Favelas.

Casada com Domingos há 8 anos, tem um filho. Nunca trabalhou registrada, antes da pandemia realizada faxinas domésticas fora da comunidade e dessa forma ganhava dinheiro para ajudar na alimentação do filho. Durante a pandemia passou por muitas complicações, além de não haver mais chamados para fazer faxinas, passou a ter problemas emocionais, como depressão e síndrome do pânico. Por conta do distanciamento social esses problemas só aumentaram por ela não ter mais contato com outras pessoas e sua família. Sofreu preconceito quando entregou currículo em um shopping center, pois não aceitam pessoas que moram em Paraisópolis por achar que os moradores dessa região são expresidiários ou traficantes.

O agente da região para explicar sobre essa disparidade, já que tem vasta experiência no assunto. Discutir questões de políticas sociais de uma forma natural e humana, causando reflexões e discussões construtivas. O portavoz precisa ser experiente no tema e qualificado. A ideia é criar um contraste entre visões técnicas e práticas.

Voz-off Poema: Logo no início do documentário será narrado um poema autoral trazendo uma reflexão sobre a desigualdade social antes mesmo da pandemia.
Cronologia da Pandemia no Brasil: Mostraremos utilizando banco de imagens de redes de televisão todo o período da pandemia do coronavírus no Brasil.
Periferia: O local, servirá como estúdio para as gravações. A ideia é causar emoções no telespectador com as imagens do local. O local para capturar os inserts será a Paraisópolis. Esta região é uma grande referência no quesito desigualdade e abandono. Os personagens serão moradores dessa comunidade.
3.5.3 Eleição e Justificativa para a (s) Estratégias de abordagem
Procedimento geral: A proposta do documentário é abordar a realidade de pessoas de origem humilde que tiveram suas vidas afetadas pela pandemia, entrevistando-as e relatando suas vivências e suas materialidades. Além delas, o líder da comunidade de Paraisópolis debatendo sobre economia e questões sociais que agreguem com o debate do porquê de a desigualdade ter se elevado.
As entrevistas com os atores sociais serão em suas próprias casas e a comunidade que habita, apresentando o ambiente onde elas vivem e parte de seu cotidiano, registrando o que for pertinente ao tema da desigualdade social e de seu aumento repentino entrando em temas como: De que maneira a família tem sobrevivido ao período; como reagiu às perdas e dificuldades; se conseguiram alguma forma de renda, como foi este processo e outras observações que eles possam ter feito sobre o período.
Os encontros serão realizados levando em conta o deslocamento da equipe a proteção das personagens em relação ao Covid-19 para que não se exponham e nem sejam expostas sem necessidade.
Entrevista com atores sociais: Os atores sociais são as personagens entrevistadas com o objetivo de relatar suas experiências e realidades em relação a pandemia e como as mesmas foram afetadas por ela, principalmente em relação a sua renda.
Os personagens serão moradores de Paraisópolis que tiveram sua renda prejudicada durante o período da pandemia do coronavírus, mas que já eram de origem pobre, sendo sua rotina e suas experiências como principal fio condutor do documentário, ilustrando a discussão sobre o porquê de a desigualdade ter crescido tanto no período e como isso afeta as pessoas na prática. As entrevistas ocorreram em seu lar e por sua comunidade, relatando seu cotidiano em casa e no trabalho e a família, irá representar o sonho de se obter uma vida melhor, com mais oportunidades e emprego na cidade de São Paulo e como o coronavírus se torna mais um fator complicador para alcançar esse objetivo.
Outro entrevistado será um entregador de aplicativos, que irá representar a reação da sociedade à pandemia. Tendo os aplicativos de entrega crescido tanto durante o período e assumido um papel tão relevante, as entregas se tornaram alternativa para muitas pessoas poderem fugir do desemprego e manter sua renda.
Ao mesmo tempo, ele trará o debate de como a sociedade usa sua profissão como muleta para resolver a questão da locomoção durante o isolamento, enquanto eles seguem expostos e mal remunerados. A personagem trará a força de reação humana ao mesmo que este também está vulnerável à aos efeitos da pandemia, sendo uma profissão incerta e perigosa, não só pela natureza do trânsito e da segurança pública, mas também da exposição ao vírus.
Locação: Os lugares escolhidos para a gravação das externas tratam de paisagens que representam esteticamente a história que será contada no documentário. Com o intuito de mostrar a desigualdade entre bairros da mesma metrópole será gravado cenas das ruas e as casas tanto de bairros da parte mais pobre quanto da mais rica da cidade sendo o resultado a disparidade entre eles.
As entrevistas terão estratégias diferentes em relação ao personagem que retrataremos na cena. Quando a entrevista for com um especialista, este será gravado em um local que demonstre o seu profissionalismo em um escritório ou sala de trabalho para detalhar o aspecto mais técnico que ele está relatando. Para a entrevista com os atores sociais gravaremos em lugares que demonstrem a característica que esses personagens apresentam como bairros com baixa renda e casas simples.
Fotografia: A abordagem fotográfica priorizava a presença da luz natural dos cenários de gravação e em ambientes internos priorizamos a utilização de luzes mais quentes para trazer a sensação de calor e realçar a estrutura da locação que serão as favelas. Pensando na utilização de GC para apresentação dos personagens, posicionaremos uma câmera no tripé em plano médio para manter o enquadramento do material gráfico. Os enquadramentos durante os relatos dos personagens frente ao documentarista serão estáticos em tripé, variando em plano geral, close, plano médio, contra plano e detalhe. Terá imagens de cobertura que será feita com câmera na mão, locais do bairro serão gravados em plano aberto, com inserts e movimentação das pessoas no próprio bairro. Familiarizando os telespectadores ao ambiente. A captação visual será feita através de câmeras DSLR Canon, para manter a configuração padrão a todos os vídeos.
3.5.4 Sugestão de estrutura
Abertura:
Cenas da cidade de São Paulo, edifícios, trânsito, pessoas caminhando pelas ruas do centro e, de um outro ângulo, imagens da periferia com som ambiente, captações espontâneas dos moradores, ruas sem asfalto, vielas, esgoto a céu aberto. Esses cenários bem distintos entre si, expõem as diferentes realidades que existem em São Paulo. A abertura, através da uma narração de uma poesia autoral e todo o conjunto de imagens, trará uma realidade que muitos sequer conhecem.
Situação 1:
Moradores de Paraisópolis relatam o quanto tempo e como chegaram até a região e a sensação de abandono durante o período de pandemia contando algumas das dificuldades encontradas por elas.
Situação 2:
Gilson, do pavilhão do G10 Favelas, faz uma análise social do dia a dia da periferia informando que para melhorar o Brasil é preciso investir mais em políticas públicas para primeiro salvar a população, principalmente em momentos de crise. Oferecendo ritmo a narrativa os moradores de Paraisópolis contam os problemas deles por falta de políticas públicas
Situação 3:
Seguimos agora com os moradores contando mais sobre as dificuldades de conseguir um emprego tanto pelo preconceito de morarem em uma periferia quanto pelo agravamento do desemprego durante a pandemia. Danilo, trabalha com delivery de aplicativos, relata os impactos causados pela pandemia fazendo uma análise dessa transição de ter trabalhado antes e durante a crise, explicando as dificuldades em relação a segurança de trabalho e a quantidade de serviço de entrega que passou a fazer para conseguir manter a mesma renda.
Situação 4:
Aqui será um tom de conclusão, serão apresentadas uma série de relatos com notícias, vídeos e reportagens evidenciando a atuação abominável que o governo brasileiro teve ao tratar a pandemia do Covid-19. Ao final Gilson dará o seu depoimento respondendo à pergunta do documentário, até aqui, está tudo bem?
3.5.6 Desenho de Produção 1. Pesquisa
Através da divulgação das normas relacionadas ao TCC (trabalho de conclusão de curso), a equipe definiu um prazo para cada integrante da produtora apresentar uma sugestão de um possível projeto. Após esse levantamento, realizou-se uma reunião presencial, ao ar livre e com menor número de integrantes, seguindo todas às recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para discutir todas as propostas. Diante dos materiais, a produtora optou por seguir com um documentário que retrata a disparidade social no contexto pandemia.
Por tratar-se de um tema complexo e profundo, ficou acordado que, seriam duas equipes trabalhando no projeto. Um grupo responsável pela fundamentação teórica do tema e, os demais integrantes na fundamentação do documentário. Os grupos tinham como tarefa realizar pesquisas baseadas em materiais de extrema relevância ao assunto, elaborar relatórios e apresentar em discussões semanais. Através de subgrupos, cada dupla entregou informações pertinentes para a construção do texto. Uma equipe ficou responsável por estruturar e redigir o material.
A estrutura audiovisual e construção narrativa do projeto vêm sendo discutida através de reuniões por chamada de vídeo. A equipe apresenta ideias e, o diretor e roteirista, constroem o projeto no papel.
2. Pré-produção
Através da ideia principal do projeto; internamente, pesquisas foram realizadas para a procura dos personagens definidos. Os locais já discutidos, mas por se tratar de regiões desconhecidas da equipe, é necessária uma busca por associações que prestam serviço social, para não criar nenhum tipo de conflito com os moradores; os personagens são dessas regiões mais afastadas. O assunto envolve pesquisa e dados, a procura por especialistas para falar de assuntos técnicos é fundamental para esclarecer essas questões. Sempre reforçando uma questão técnica e humanitária sobre.
ETAPA DE FILMAGEM
1. Objeto (s) de abordagem
A ideia é extrair através dos depoimentos e palavras dos personagens da periferia, seus sentimentos, mediante toda essa disparidade socioeconômica. Partindo com diálogos profundos e sensíveis, o personagem como elemento principal, carrega a autonomia de mostrar a verdadeira realidade de quem mora em subúrbios. Os depoimentos de famílias, mostram que os impactos da desigualdade e pandemia, afetam um público específico e reforçam um problema que existe há anos.
2. Detalhes da abordagem
As gravações irão ocorrer nos mais variáveis ambientes, tanto externo quanto interno. Por conta da pandemia, é necessário um cuidado maior e algumas restrições, mas, a ideia é gravar imagens tanto da periferia quanto da cidade de São Paulo, para a construção da abertura do documentário. Serão duas locações internas, pois os moradores de Paraisópolis gravarão dentro de sua residência quanto fora também nas ruas da periferia e o Gilson gravará em sua sala dentro do pavilhão da G10 ’Favelas e o material de apoio será capturado nos respectivos locais. Todas as cenas serão gravadas durante o dia, para aproveitar luz natural.
3. Providência e infraestrutura de produção
Cada gravação carrega sua particularidade, nas gravações com às famílias, dois integrantes da produtora, irão se locomover seguindo todos os protocolos de segurança, de acordo com a fase de restrição instalada na região e autorização dos personagens, e na presença da associação que fez o intermédio à família de baixa renda. O operador de câmera e o diretor, irão até os respectivos locais capturar os depoimentos, dirigir todo o depoimento e, após, irão produzir material para usar como