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Quadro 4 - Perda/ Ganho de Renda (Formais e informais

Quadro 4 — Perda/ Ganho de Renda (Formais e informais).

Fonte: FGV - Fundação Getúlio Vargas.

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Esses dados ajudam a esclarecer como os trabalhadores informais, em média, têm uma renda menor do que os formais e estão mais vulneráveis. Um dos resultados do desemprego é justamente levar mais pessoas a buscar a informalidade, que por sua vez vai permitir menos garantias ao trabalhador: Seguro-desemprego, perda de direitos e benefícios, inclusive, plano de saúde; o que reverterá em mais pessoas necessitando do Sistema único de Saúde (SUS), já sobrecarregado por conta da pandemia de Covid-19. A alta do desemprego e a necessidade em diminuir a circulação de pessoas, faz crescer a busca aos serviços de entrega por aplicativo, o delivery, acelerando ainda mais o processo de popularização deste serviço que já estava crescendo. Ribeiro (2021) aponta que segundo a empresa de gestão de finanças Mobius, em 2020 se gastou 187% a mais com os três principais aplicativos do mercado de entregas de comida. No entanto, os profissionais não têm vínculo empregatício, sendo assim, sem direitos trabalhistas garantidos pela Constituição Federal, em conjunto com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), conforme o Art.2 da introdução do DecretoLei n°5.4.52/43.

Art. 2° - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. (BRASIL, 1943)

Por um lado, a falta de vínculo permite uma variação maior na forma de prestar o serviço permitindo que o entregador faça seu próprio horário ou trabalhe com diversas empresas, podendo inclusive encarar a função como uma forma de complementar sua renda, mas não como a principal, por outro a falta de vínculo empregatício e de responsabilidade dos aplicativos para com os entregadores acaba precarizando o trabalho. Em meio a pandemia as empresas não fornecem qualquer tipo de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) relacionado a proteção contra o vírus, além de não existir qualquer tipo de protocolo de como realizar as entregas de forma segura para ambas as partes, como aponta a pesquisa de Mendes et al. (2017). Além desse fato, são mal remunerados, o que cria nos entregadores a necessidade de fazer um alto número de entregas, já que recebem por cada uma delas, despendendo de mais horas trabalhadas para obter uma renda razoável e estando em contato maior com outras pessoas, correndo o risco de se contaminar com o coronavírus, inclusive podendo ajudar em sua disseminação. Na metade de 2020 duas greves maiores foram promovidas pela classe para buscar mais garantias como prestadores de serviço e também materiais básicos de proteção durante a pandemia, ao final deste movimento as empresas de entrega fizeram algumas concessões, no entanto os entregadores ainda permanecem sem um vínculo. Como informa o texto do IHU - Instituto Humanas Unisinos (2020), apesar da crise gerada pela pandemia, as 25 pessoas mais ricas do mundo se tornaram ainda mais ricas neste período, cerca de US$255 bilhões. A maior parte deles e os que mais faturaram, foram os ligados aos setores de tecnologia e a plataformas digitais que cresceram muito por conta da necessidade de se ter alternativas à pandemia. Uma das empresas que se sobressaiu no período é a Amazon, a mesma é o maior marketplace do mundo e cresceu somente no último trimestre de 2020 cerca de

44%, levando seu CEO e fundador, Jeff Bezos, a aumentar seu patrimônio em US$64 bilhões no ano. Segundo o site (UOL, 2021), isso em meio a diversas denúncias de condições precárias de trabalho com baixos salários e jornadas de trabalho exaustivas, e por não garantir a segurança de seus funcionários em relação ao coronavírus como informam Chong (2018) e o site V/C SA (2021). Estas duas situações ajudam a esclarecer o abismo social existente no Brasil e no mundo, demonstrando como a sociedade moderna está sobrevivendo à pandemia: Explorando os menos afortunados que têm que recorrer a formas de trabalho exaustivas, com remunerações baixas e com poucas garantias trabalhistas para poder se manter. Se por um lado, o distanciamento social seria muito mais difícil e traumático tanto para a economia quanto para a população em geral, sem os meios e mercados digitais, por outros estes são sustentados e beneficiados diretamente pela desigualdade e a discrepância socioeconômica entre as classes.

CAPÍTULO 3 – BIBLÍA DE PRODUÇÃO

No capítulo, são abordados aspectos teóricos e técnicos em relação ao projeto desenvolvido.

3.1 Explicação do título

“Até aqui, está tudo bem? ”, faz o telespectador refletir sobre um problema grave do país. A pandemia de Covid-19 reforça e expõe uma desigualdade social que afeta milhões de pessoas. O termo empregado no título cria uma alusão de como a sociedade e os seus governantes lidam com situações adversas ao normal que vivemos. Antes da pandemia a desigualdade social no Brasil já existia, porém não lidávamos como uma situação séria, até o momento em que uma das piores crises que já vimos afetou a nossa sociedade e agravou a desigualdade e a forma que vivemos, levando a cada pessoa perguntar a si mesmo se até agora, está tudo bem.

3.2 Sinopse

O Documentário “Até aqui, está tudo bem? ”, exibe a desigualdade social no contexto pandemia. Retrata a história de famílias que foram afetadas por conta do período caótico. Muitos brasileiros perderam seus empregos, influenciando diretamente a renda e causando um desequilíbrio emocional e financeiro. Dentro das periferias, a situação é alarmante. Sem políticas públicas, muitos perecem em busca de uma ajuda.

3.3 Objetivos Gerais

Produção de um documentário para retratar a desigualdade social no momento da pandemia de Covid-19, com foco na cidade de São Paulo, especificamente na comunidade de Paraisópolis.

3.3.1 Específicos

● Mostrar a realidade de personagens que vivem o pior momento de desigualdade em São Paulo.

● Relatar casos que mostram que a pandemia por coronavírus foi um dos fatores agravantes para o aumento dessa desigualdade.

● Trazer a voz de um Líder da comunidade.

● Levantar questões sociais referente a desigualdade.

3.4. Classificação do Projeto

Neste tópico, são exibidas as classificações organizadas com base no projeto que está sendo realizado pela produtora.

3.4.1. Gênero

O produto tem como características mostrar o agravamento da desigualdade social no contexto da pandemia, causado em São Paulo. Com base nesse motivo, a produtora definiu como melhor estratégia realizar o projeto no gênero documentário.

3.4.2. Categoria

A pandemia do Coronavírus escancarou a desigualdade social. O projeto causa reflexões e coloca em discussão esse problema crônico no Brasil. Por este motivo, é atribuído dentro do documentário audiovisual “Até aqui, está tudo bem? ”, a categoria informativa, através de uma linguagem que visa esclarecer de uma forma objetiva.

3.4.3. Formato

A partir do estudo realizado com base na fundamentação teórica do documentário, a produtora optou por seguir de acordo com o que o autor Bill Nichols (2012) define como modo expositivo. Utilizando deste formato, a narrativa consiste em depoimentos e entrevistas, para exibir o mais próximo da realidade do grupo maior afetado no período pandêmico.

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