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Quadro 15: Orçamento do Projeto

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................13 CAPÍTULO 1 - PRODUTORA...................................................................................16

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1.1 A Produtora.............................................................................................16

1.2 A Marca da Produtora ............................................................................16

1.3 Identidade Organizacional.....................................................................17 1.4 Membros..................................................................................................18

1.5 Organograma..........................................................................................21 1.6 Portfolio...................................................................................................22 1.6.1 PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS..................................................22 1.6.2 PRODUÇÕES RADIOFÔNICAS ................................................26 CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................28 2.1 O Documentário......................................................................................28

2.2 A Ascenção do Documentário...............................................................30 2.3 Tipos de Documentário..........................................................................32 2.4 Princípio da Desigualdade: O Capitalismo...........................................39 2.5 Disparidade Social das Metrópoles .....................................................40 2.6 Pandemia: Agravamento de um Problema Crônico no Brasil............46 CAPÍTULO 3 – BÍBLIA DE PRODUÇÃO .................................................................53 3.1 Explicação do Título...............................................................................53 3.2 Sinopse ...................................................................................................53 3.3 Objetivos Gerais.....................................................................................53 3.3.1. Específicos ..............................................................................54 3.4 Classificação do Projeto .......................................................................54 3.4.1 Gênero ......................................................................................54

3.4.2 Categoria ...................................................................................54

3.4.3 Formato .....................................................................................54

3.4.4 Classificação Indicativa ................................................................ 55

3.5 Argumento ..............................................................................................55

3.5.1 Visão Original............................................................................55 3.5.2 Proposta do Documentário......................................................56

3.5.3 Eleição e Descrição dos objetos ............................................ 58

3.5.4 Eleição e Justificativa para a(s) Estratégias de abordagem .63

3.5.5 Sugestão de estrutura..............................................................65 3.5.6 Desenho de Produção..............................................................67

3.6 Referências Estéticas.............................................................................72

3.6.1 Limpam com Fogo....................................................................72

3.6.2 Auto de Resistência .................................................................74

3.7 Público-Alvo............................................................................................76

3.8 Veiculação/Distribuição.........................................................................76 3.9 Justificativa ............................................................................................77

3.10 Cronograma de Produção ...................................................................78 3.11 Orçamento Previsto..............................................................................86 3.12 Orçamento Real....................................................................................88 4 Relatório Individual..............................................................................................90

5 Referências Bibliográficas ................................................................................101 6 Anexos ................................................................................................................108

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Logomarca da produtora........................................................................16

Figura 2: Símbolo Missão.......................................................................................17

Figura 3: Símbolo Visão..........................................................................................17

Figura 4: Símbolo Valores .....................................................................................17

Figura 5: Organograma ..........................................................................................21

Figura 6: Capa Beija Eu .........................................................................................22

Figura 7: Capa Por Trás das Redes ......................................................................22 Figura 8: Capa [RE]INÍCIO .....................................................................................23

Figura 9: Capa Doca Sp Na Estrada .....................................................................23

Figura 10: Capa Jeitinho Brasileiro ......................................................................24

Figura 11: Capa REC ..............................................................................................24

Figura 12: Capa Caminhos ....................................................................................24

Figura 13: Capa O Ateliê ........................................................................................25

Figura 14: Capa Percalço .......................................................................................25

Figura 15: Capa O Corpo que Habita ....................................................................26

Figura 16: Capa Piratas do Bairro .........................................................................26

Figura 17: Capa Renascer da Vida ........................................................................26

Figura 18: Modelo de Roteiro de Ficção ...............................................................29

Figura 19: Capa Edífico Master .............................................................................34

Figura 20: Capa Salesman .....................................................................................35

Figura 21: Capa Primárias......................................................................................35

Figura 22: Capa Ilha das Flores ............................................................................36

Figura 23: Capa Janela da Alma ...........................................................................36

Figura 24: Capa Eram os Deuses Astronautas? ..................................................37

Figura 25: Capa Diário de uma busca ..................................................................37

Figura 26: Classificação indicativa, Guia prático (SNJ) ......................................55

Figura 27: Limpam com Fogo ...............................................................................72

Figura 28: Limpam com Fogo ................................................................................73

Figura 29: Limpam com Fogo ...............................................................................73

Figura 30: Auto de Resistência .............................................................................74

Figura 31: Auto de Resistência .............................................................................75

Figura 32: Auto de Resistência .............................................................................75

Figura 33: Logo Globo Play ...................................................................................77

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Distribuição percentual da população, por cor ou raça, segundo as classes de percentual de pessoas em ordem crescente de rendimento domiciliar per capita - Brasil - 2019.........................................................................................44

Quadro 2 - Proporção de pessoas abaixo da linha da extrema pobreza por rendimento domiciliar per capita (menos de US$ 1,90 diários per capita PPC), segundo sexo e cor/raça - Brasil (2012/2018). .....................................................45

Quadro 3 - População brasileira, de acordo com as divisões do mercado de trabalho, 4º trimestre 2020. ....................................................................................48

Quadro 4 - Perda/ Ganho de Renda (Formais e informais). ................................49

Quadro 5 - Equipamentos de vídeo ......................................................................69

Quadro 6: Equipamentos de áudio .......................................................................70

Quadro 7 – Cronograma Pré-Produção: Fevereiro – Junho................................78

Quadro 8 – Cronograma Pré-Produção: Fevereiro - Julho..................................80

Quadro 9 – Cronograma Pré-Produção: Agosto - Novembro..............................81

Quadro 10 – Cronograma de Agosto......................................................................82

Quadro 11 – Cronograma Setembro.......................................................................83

Quadro 12 – Cronograma Outubro.........................................................................84

Quadro 13 – Cronograma Novembro.....................................................................85

Quadro 14: Orçamento Previsto do Projeto..........................................................86

Quadro 15: Orçamento do Projeto...........................................................................8

INTRODUÇÃO

O documentário audiovisual “Até aqui, está tudo bem? ” retrata o atual cenário e escancara a desigualdade social em São Paulo. Expõe um problema que existe há anos e ficou ainda mais grave com o aparecimento do coronavírus. A pandemia reforça que, a desigualdade é um problema crônico e, frente a esse cenário de evidente e profunda deterioração, ocorre uma elevação brutal das enfermidades e mortes, das taxas de desemprego, do aumento da fome e pobreza, deixando visível (instantaneamente) a sociedade mais vulnerável, principalmente sua parcela mais pobre.

A narrativa causa reflexões, mostrando uma realidade pouco falada e muito omitida. Em virtude da pandemia, o documentário demonstra como a sociedade está sobrevivendo a condições precárias na pandemia, como os direitos básicos de consumo dessa classe mais pobre, acesso à moradia, oportunidade no mercado de trabalho e o fundamental, alimento; ou seja, o que já era difícil ficou pior.

A falta de um sistema de saúde pública para o enfrentamento de crises, consequentemente ocasionadas pela falta de medidas governamentais já no início da pandemia, contribuiu para o impacto dessa vulnerabilidade e da disparidade socioeconômica no país. A pandemia torna-se um problema maior para moradores de regiões periféricas e locais densamente povoados. Com um olhar mais aprofundado e uma explicação do porquê essa desigualdade se agravou, a produção irá contar com a participação ativa de especialistas nas áreas econômicas e sociais, levantando em evidência o porquê as classes sociais são afetadas de formas diferentes. No mesmo período em que bilionários aumentam suas rendas, o pobre luta para sobreviver no período caótico.

Dentro do capítulo 1, é apresentada as características da Produtora Recover, bem como, sua logomarca, representantes, organograma e portfólio de trabalhos acadêmicos.

No capítulo 2, são desenvolvidas as fundamentações a respeito do tema abordado no projeto e sobre o conceito do documentário, utilizando definições de diferentes autores de livros e artigos que baseamos para a pesquisa e que estabelecem a escolha para o gênero e tema na pré-produção do projeto.

Já no capítulo 3, é desenvolvido toda a estruturação técnica e teórica estabelecida para a construção do projeto documentário, é elaborado a justificativa e visão original juntamente com os métodos que serão utilizados tanto para a gravação quanto a pós-produção.

CAPÍTULO 1 – PRODUTORA

Neste capítulo, será apresentado o histórico da criação e as características da produtora responsável pelo projeto.

1.1A Produtora

A Produtora Recover, é uma produtora audiovisual universitária formada no quarto semestre de 2019 por alunos do curso de Rádio, TV e Internet da Universidade Cruzeiro do Sul. A Produtora foi formada por alunos da APA, alguns integrantes da REC e Coruja Produções, que também eram produtoras audiovisuais universitárias, por conta de um projeto interdisciplinar demandar uma quantidade maior de alunos na construção do mesmo.

1.2 Marca da produtora

Na logomarca, a equipe buscou demonstrar a paixão pelo audiovisual, utilizando as duas mãos e manejando-as em um formato que faz alusão a um fotógrafo ensaiando seu enquadramento para um "clique". Paixão essa, que fica evidente quando se utiliza a cor vermelha como fonte das letras, registrado na marca da produtora. O vermelho é uma cor intensa e possui alta visibilidade e está associada, muitas vezes, ao sentimento de amor e paixão.

Figura 1: Logomarca da produtora

1.3 Identidade Organizacional

Figura 2: Símbolo Missão

A missão é produzir conteúdos audiovisuais para o mercado nacional, mantendo um alto padrão de qualidade e produtividade dos projetos, e manter o público-alvo satisfeito com o trabalho realizado.

Figura 2: Símbolo Missão

Visão em tornar-se uma produtora com eficiência no trabalho exercido, buscando um resultado satisfatório sempre.

Figura 4: Símbolo Valores

Os valores estão no respeito da diversificação da equipe, sempre tendo em vista às inovações de ideias e a liberdade de expressão.

1.4 Membros

1.5 Organograma

Figura 5: Organograma

1.6. Portfólio

Apresentação de todo material produzido por cada integrante da produtora. Alguns dos projetos foram realizados em parceria com integrantes que, atualmente, estão em outros grupos.

1.6.1 PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS

1. Beija Eu

Um programa de namoro, apresentado pelo Bruno Bennoti e Nayara Ariodante, onde três participantes disputam entre si, o beijo de um (a) convidado (a) especial. A disputa é realizada por meio de 4 jogos e, conta com eliminações, até chegar no participante desejado.

(Produtora Recover, 2019)

Figura 06: Capa Beija Eu

2. Por Trás das Redes

Figura 07: Capa Por Trás das Redes Retrata os bastidores das transmissões online. Por conta da pandemia de Covid-19, a sociedade precisou se isolar, e muitas atividades foram adaptadas de uma maneira que fosse possível de realizar da própria casa. Muitas instituições

religiosas adotaram as famosas “lives" como método de transmissão de suas reuniões. Os encontros com os fiéis são por intermédio da internet, e os líderes relatam como é a experiência.

(Produtora Recover, 2020)

3. [RE]INÍCIO

Eventos catastróficos vêm acontecendo no Brasil, Arthur, junto com o seu tio, precisam aprender a sobreviver na nova realidade para encontrar os pais de Arthur. (Produtora Recover, 2020)

Figura 08: Capa [RE]INÍCIO

4. Doca SP Na Estrada

Nome da música: Doca SP Na Estrada

Cantor: Doca

Produção: Recover, 2021.

Figura 09: Capa Doca SP Na Estrada

5. Jeitinho Brasileiro

Figura 10: Capa Jeitinho Brasileiro A revista se baseia em pessoas que, a partir de sua criatividade e realidade social, criaram uma maneira de gerar renda. Entrevistas com pessoas de baixa renda do estado de São Paulo exemplificam essa realidade. (Vinci Audiovisual,2019)

6. REC

Figura 11: Capa REC Apresentado por Douglas, a revista utiliza de uma linguagem moderna, jovem e extrovertida para passear no setor audiovisual, levando informação e entretenimento. Trata de assuntos técnicos, entrevistando profissionais da área, até curiosidades do mundo do cinema e da televisão. (Produtora Recover, 2019)

7. Caminhos

Um programa apresentado por Caio Diniz, com a intenção de instigar o telespectador a visitar pontos turísticos de São Paulo. Repleto de cultura, costumes e muita história. (Estúdio Coruja, 2019)

Figura 12: Capa Caminhos

8. O Ateliê

A cada episódio, três novos talentos das artes visuais passam por desafios que colocam suas técnicas em jogo. Após serem avaliados por jurados especialistas no assunto, sai um vencedor dessa de cada disputa. Os vencedores dos três episódios da temporada retornam para a “grande final” em que apenas um ganhará o título de “Mestre do Ateliê”. (Vinci Audiovisual, 2019)

Figura 13: Capa O Ateliê

9. Percalço

Figura 14: Capa Percalço Com a nova realidade do mundo em meio a uma Pandemia, o isolamento social passou a ser uma medida de contenção para o novo coronavírus. Universidades precisaram se adaptar ao ensino à distância, levando um novo cenário para a vida de professores e alunos. (Produtora Escalera, 2020)

1.6.2 PRODUÇÕES RADIOFÔNICA

1. Corpo que Habita

Relata a história de Isadora, uma garota que possui Transtorno Dissociativo. Ela e o seu amigo Marcel, buscam desvendar o mistério por trás deste transtorno, enquanto a Isadora é investigada por uma série de mortes que aconteceram na região. (Produtora Atena, 2018)

Figura 15: Capa O corpo que Habita

2. Piratas do Bairro

Se a cultura e o esporte estão ameaçados no bairro de Itaquera, eles são os heróis perfeitos, ou melhor, os piratas perfeitos. Expandindo a potência de suas vozes na rádio comunitária, mostram sua força para resolver conflitos de interesses a favor da comunidade. (Banana Produções, 2018)

Figura 16: Capa Piratas do Bairro

3. Renascer da Vida

Julia, tem 16 anos, a garota foi estuprada pelo amigo e sócio de seu pai. Após ir morar com um amigo, e se refazer do trauma, a jovem usará sua história para ajudar outras garotas, vítimas da mesma violência. Por conta de um trágico acidente, Julia se torna um símbolo na luta contra violência sexual. Sua história ganha força na internet. (Art9 Produções, 2018)

Figura 17: Capa Renascer da Vida

CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, são desenvolvidas as fundamentações teóricas estudadas para a elaboração do tema do projeto e os conceitos de uma produção de documentário segundo autores de diferentes livros e artigos.

2.1 O Documentário

Documentário é um gênero de produção audiovisual que oferece a impressão, a partir do argumento de algum diretor, ou documentarista, de documentar e retratar uma representação fiel de uma determinada realidade. O documentário, ou cinema de não ficção, lidará com um recorte, representação ou reprodução de alguma situação, dessa forma ele é sempre mediado por um documentarista que conduzirá o que está acontecendo na frente da câmera e o que o telespectador vai assistir. Para o autor Silvio Da-Rin (2004), é essencial que o documentário produza uma justificativa do mundo em que vivemos, “trata-se de construir e acompanhar um argumento sobre o mundo histórico, mais do que construir e acompanhar uma história imaginária” (DaRin, 2004, p. 140).

Por muito tempo existiu uma dificuldade em distinguir uma obra audiovisual de ficção para um documentário, visto que as duas, se tratando de equipamentos e técnicas de realização são muito semelhantes, ambas utilizam, planos de enquadramento, câmeras, equipamentos de iluminação, edição e roteiro. Analisando o paradigma abaixo da estrutura do roteiro de uma obra audiovisual de ficção demonstrada no livro Manual do Roteiro (Field, 2001), concluímos que uma ficção é dividida em três partes, apresentação, confrontação e resolução, onde na primeira ocorre a introdução da ação dramática, na segunda o desenvolvimento e a terceira a conclusão da história fictícia que está sendo contada no filme.

Figura 18: Modelo de Roteiro de Ficção

Fonte: Field (2001, p. 102)

No artigo “O que é documentário” o autor Fernão Pessoa Ramos (2001) explica que o documentário também é visto como um campo tradicional que possui algumas regras a serem seguidas, dessa forma, o documentarista necessita de uma conduta para valorizar esses princípios estabelecidos. Muitas vezes encontramos normas de como estruturar um documentário em literaturas como o livro Introdução ao documentário, onde o autor Bill Nichols (2010) propõe um modelo típico de como organizar o filme que está representando o mundo em que vivemos que é a de solucionar problemas. O autor do livro realiza uma analogia com o documentário e uma história de detetive, onde o filme começa apresentando um tópico, em seguida o desenvolvimento compreendendo esse tópico através do entendimento histórico dele e prosseguindo examinando a dificuldade do assunto chegando em uma conclusão que o espectador possa acreditar que seja real. O autor do livro oferece ainda outros meios de distinguir essas duas formas de filmes, visto que, para ele, um filme precisa de características comuns às outras obras já classificadas neste gênero.

Há normas e convenções que entram em ação, no caso dos documentários, para ajudar a distingui-los: o uso de comentário com voz de Deus, as entrevistas, a gravação de som direto, a gravação de som direto, os cortes para introduzir imagens que ilustrem ou compliquem a situação mostrada numa cena e o uso de atores sociais, ou de pessoas em suas atividades e papéis cotidianos, como personagens principais do filme. (NICHOLS, 2010, p.54)

A partir desse conceito de representação fiel de uma realidade no documentário surgem também as questões éticas de como tratar as pessoas que participam do documentário. Pela analogia entre o filme ficcional e o documentário, Bill Nichols (2010) ressalta que na ficção os atores são dirigidos ao que fazer e falar no filme pois

são pagos para essa finalidade e nos documentários as pessoas são atores sociais e seu valor para o filme está em sua própria vida. O autor defende a necessidade de existir um consentimento entre o documentarista e o ator social, as pessoas devem estar cientes das possíveis consequências de sua participação no documentário, “Seu valor para o cineasta consiste não no que promete uma relação contratual, mas no que a própria vida dessas pessoas incorpora” (NICHOLS, 2010, p. 31).

Eduardo Coutinho (2003) revela em uma entrevista concedida a revista Galáxia que por ele ser uma pessoa de fora da realidade das pessoas que está entrevistando, essas se sentem escutadas por esse alguém que não vive a mesma veracidade e por esse motivo revelam o que vem de dentro da sua autenticidade. Para ele o que prevalece sempre é a conversa, ainda explica que muitas das pessoas que entrevista não sabe o que é um documentário e as pessoas conversam e agem de um modo mais livre e não ficam preocupadas se a conversa pode aparecer em um programa de televisão, a filmagem do documentário caracteriza-se por um encontro entre o mundo do documentarista, da sua equipe, mediado pela câmera que registrará o mundo da pessoa que está sendo filmada.

2.2 A Ascensão do Documentário

Lins e Mesquita (2008) indicam que o gênero documentário conquistou um interesse crescente entre profissionais do cinema e uma parcela pequena, porém considerável de telespectadores no Brasil. Para reforçar essa ideia, os autores explicam que o público possui uma atração cada vez maior por imagens e situações reais nas formas de expressão midiáticas e artísticas, mostrando mais interesse por cenas com câmeras amadoras, tremidas e imagens de baixa de qualidade que transmitem um efeito de realidade no que está sendo documentado, do mesmo modo que a documentarista Petra Costa apresentou no seu documentário Democracia em Vertigem (2019) com imagens e documentos reais, a queda e ascensão de um partido político nos momentos mais agitados da história política do país ganhando uma indicação ao prêmio do Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem. Em contrapartida, Eduardo Coutinho (2003) defende que o documentário precisa

questionar essa objetividade de poder dar conta de relatar o real, para ele o documentário é uma produção que é feito para durar, “O grande documentário não apenas é baseado nesse pressuposto, como também tematiza essa própria impossibilidade de dar conta do que quer que se chame real” (Coutinho, 2003, p.215).

Ainda no assunto do interesse ao gênero documentário, Lins e Mesquita (2008) revelam que com o crescimento da tecnologia digital a prática e realização de projetos documentais ganha um grande impulso, pois a utilização de câmeras digitais apresenta vantagens técnicas, estéticas e de barateamento de produção sobre o método analógico de gravação. Nessa mesma entrevista Eduardo Coutinho (2003) relatou que deixou de usar a tecnologia analógica e durante cinco anos trabalhou usando somente a câmera digital e que isso não afetou o modo de fazer o documentário.

As pessoas pensam que é por causa do preço, mas não é só por isso. O problema maior é que a película possui um tempo de filmagem mais limitado e exige mais cortes, mais interrupções no diálogo. Imagine eu ter que interromper um personagem num momento narrativo e emocional muito intenso porque o filme acabou.... Não haveria mais como recomeçar do mesmo jeito. (COUTINHO, 2003, p.227)

Enquanto a maioria dos setores estão passando por momentos difíceis no meio audiovisual, há um segmento que está em crescimento constante a produção de documentários. Uma pesquisa feita há pouco tempo pela empresa americana Omdia, isso sem dependência de plataforma de streaming, a qual foi responsável por 30% de melhoria no ano de 2019.

A compra de novas produções nas plataformas de streaming era feita de uma forma econômica, não era o conteúdo mais desejado pelos assinantes e nem pelos produtores de elaborarem essas obras. Mas com esse atual momento de pandemia, todas as produções em geral sofreram uma queda no mercado.

Com isso as plataformas e produtores ficaram em uma situação difícil e precisaram se inovar e começar a pensar no tema documentário como uma nova

oportunidade. Os produtores tiveram uma boa surpresa, pois são procurados para elaborar documentários com diversas histórias e nada de pouco dinheiro e cenários de últimas horas e sim com uma boa ajuda de custo nas suas produções. Com orçamento mais flexível e cenários elaborados.

Estou trabalhando em um documentário de três episódios sobre um famoso caso criminal - algo que fiz inteiramente por videoconferência. Enfatizar imagens de arquivo tem sido um grande trunfo nessa fase", diz a diretora de "Perícia Viciada", minissérie lançada pela Netflix no ano passado. (DINO, 2020, Online)

Se depender do crescimento dos serviços de streaming, o mercado de documentários pode atingir uma audiência nunca registrada. Nos EUA, a Parks Associates divulgou que, no final de 2020, 61% das residências com banda larga no país contavam com dois ou mais serviços de streaming, em comparação a um índice de 48% Existe um grande interesse do público em conhecer a história de empresas de sucesso através de um olhar mais real, sensível e humano.

2.3 Tipos de Documentários

Podemos apresentar documentário por três maneiras:

I. Construir um documentário contando um retrato do mundo II. Contar histórias de outras pessoas III. Por último uma representação de terceiros por meios de uma obra audiovisual.

É importante estabelecer semelhanças e diferenças entre o cinema ficcional e o não ficcional. Nichols parte da dedução que todo filme é um documentário (2001), até mesmo os ficcionais. Cada um conta sua história, mas são de tipos diferentes.

Esses seis modos determinam uma estrutura de afiliação frouxa, na qual os indivíduos trabalham: estabelecem as convenções que um determinado filme pode adotar e propiciam expectativas especificas que os espectadores esperam ver satisfeitas. Cada modo compreende exemplos que podemos identificar como protótipos ou modelos: eles parecem expressar de maneira

exemplar as características mais peculiares de cada modo. (NICHOLS, 2010, p.135).

O documentário pode se dividir em duas importantes categorias: os documentários de satisfação de desejos (ficção) e os documentários de representação social (não-ficção).

Os documentários de satisfação de desejos são denominados de ficção. O filme expressa de forma real dos sonhos e desejos, pesadelos e medos. Faz com que a nossa imaginação flua com toques visíveis e audíveis da obra, pois expressam tudo o que desejamos ou até mesmo tememos na nossa realidade.

Os documentários de representação social são denominados de não-ficção, ele representa de forma sensível aspectos do mundo que vivemos. A forma como é expressado que é feita a realidade, como foi, como é, o que poderá vir a ser. Eles transmitem verdade, afirmações, argumentos ao mundo como conhecemos. Nos proporcionam visões novas para que observarmos e a partir disso elaborar uma compreensão e compreendermos.

Para quem irá fazer um documentário deve sempre extrair o melhor da pessoa que está sendo filmada, atento aos sinais físicos e emocionais. Mesmo assim isso não significa que deve esquecer a ética e o respeito com seu convidado. A voz no Documentário é algo muito importante, isso mostra para quem assiste o ponto de vista que está sendo transmitido, contando com ajuda de imagens e vídeos bem compreendidos.

Quais são os tipos de documentários existentes:

Modo Participativo: Esse modo prevê a intervenção onde se pode escutar a voz do cineasta, capta a interação das pessoas para que nesse modo não interfira na realidade dos fatos e contribuição na obra audiovisual com a pessoa filmada e documentarista.

Exemplo: Edifício Master (2002)

O filme registra o cotidiano dos moradores do Edifício Master, em Copacabana, e apresenta um rico painel de histórias. Com 276 apartamentos e 12 andares, o local serve de moradia aos entrevistados, que revelam dramas, solidões, desejos e vaidades.

Figura 19: Capa Edífico Master

Enfatiza a interação do cineasta e o tema. A filmagem acontece em entrevistas ou outra forma de envolvimento mais direto. Frequentemente, une-se as imagens de arquivo para examinar questões históricas. (NICHOLS, 2010, p.62)

Modo Observativo: Os atores ignoram o cineasta, interagem entre eles, quem está sendo filmado, um modo que esquecem a câmera no momento. Transmite a ideia de como é a realidade, não há narradores, nem entrevistados.

Exemplos: Salesman (1969)

Quatro vendedores de Bíblias, de porta em porta, trabalham entre a propaganda enganosa e o desespero. A missão é simples: convencer as pessoas a comprar o que chamam, ainda, o livro mais vendido no mundo.

Figura 20: Capa Salesman

Primárias (1960)

Figura 21: Capa Primárias As primárias fazem parte das eleições presidenciais de 1960, nos Estados Unidos. Concorrem Hubert Humphrey e John Kennedy. Cada um deles viaja pelo país em campanhas semelhantes: eles abraçam as pessoas, sorriem, dão autógrafos, apertam as mãos dos eleitores e fazem discursos. Mas Kennedy parece estar à frente na corrida presidencial.

Enfatiza o engajamento direto no cotidiano das coisas ou pessoas que representam o tema do cineasta, conforme são observadas por uma câmera discreta. (NICHOLS, 2010, p.62)

Modo expositivo: Agrupa o que resta de uma obra antiga em uma estrutura retorica ou argumentativa. O cineasta pensa em um determinado assunto, uma ideia fechada, um assunto que quer mostrar para os outros, então ele monta um roteiro e elabora a filmagem, diretamente com legendas e vozes que propõe uma visão argumentativa.

Exemplo: Ilha das Flores (1989)

Um tomate é plantado, colhido, transportado e vendido num supermercado, mas apodrece e acaba no lixo. O filme segue-o até seu verdadeiro final, tudo para deixar clara a diferença que existe entre tomates, porcos e seres humanos.

Figura 22: Capa Ilha das Flores

Enfatiza o comentário verbal e uma linguagem argumentativa. Esse tipo de documentário é um dos mais comumente encontrados no mercado audiovisual. Trata-se de qualquer documentário que retrate algum acontecimento, enfatizando fatos e argumentos para aquilo que o filme está narrando. (NICHOLS, 2012, p.62).

Modo poético: Compartilha um terreno comum com a vanguarda modernista, não investia em montagem de continuidade. Nesse modo o mais importante não é a fala e sim a imagem, emoção, sem entrevista ou assuntos elaborados e pensados.

Exemplo: Janela da alma (2001)

Dezenove pessoas com diferentes graus de deficiência visual, da miopia discreta à cegueira total, falam como se veem, como veem os outros e como percebem o mundo. O escritor José Saramago, o músico Hermeto Paschoal, o cineasta Wim Wenders, entre outros, faz revelações pessoais e inesperadas sobre vários aspectos relativos à visão.

Figura 23: Capa Janela da Alma

Enfatiza associações visuais, qualidades tonais ou rítmicas, passagens descritivas e organização formal. (NICHOLS, 2010, p.62).

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