Radar 9

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SUMÁRIO

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We Blog You

Cantigas de Escárnio e Mal-Dizer

Anna Balecho

Radar Spots: ID Bespoke Shoes

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The Glockenwise

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Joana Cardoso

66

Anarchicks

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À Cabeceira

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40

72

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Film Reviews

Ana Amaro

Peace of Cake

Em Cartaz

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Lady of The Rings

Editorial “F*ck Mundane”

Radar Tech

No Radar


Editora Daniela Salsa Paginação Daniela Salsa Redactores Daniela Salsa Sansão Gomes João Carvalho Rui Veloso Patrícia Silvério Ana Mestre

Contacto radar-magazine@hotmail.com Facebook facebook.com/magazineradar


EDITORIAL Caros leitores, Esta é, muito provavelmente, a última edição de 2013. Com o final do ano a aproximar-se, queremos que entrem em 2014 repletos de boas energias e, acima de tudo, muita motivação. Numa altura em que a crise assola o nosso país é importante mantermos a confiança e não deixar que esta nos impeça de sonhar e seguir os nossos instintos. Por vezes torna-se complicado ter um pensamento positivo e ganhar forças para continuar, mas depois, aparecem projectos como aqueles que vos apresentamos em cada edição, que se tornam uma inspiração para mim, para os colaboradores e, espero eu, para os leitores. Nesta edição, damos a conhecer o We Blog You, um blog, no mínimo, diferente, que anda a revolucionar a blogosfera portuguesa. E como qualquer blog não vive sem boas imagens, quisemos ficar a conhecer melhor o trabalho de duas jovens portuguesas que não vivem sem uma máquina fotográfica: Anna Balecho e Joana Cardoso. E para aproveitarem os últimos meses do ano da melhor forma, nada melhor do que a companhia dos The Glockenwise, a banda oriunda de Barcelos que já muito dá que falar...e que ouvir! Se vos falta ideias para os presentes de Natal, convidamo-vos a deliciarem-se com os produtos da Lady of The Rings. Mas se bijuteria não é o que procuram, então estejam atentos ao trabalho de Ana Amaro, uma jovem amante de moda que cria as suas próprias peças. Se, por sua vez, querem algo para oferecer ao público masculino, então não percam o Radar Spots desta edição, que vos apresenta os ID Bespoke Shoes. Para terminar, nada como lerem o nosso artigo sobre a Peace of Cake. Garantimos que irão ficar com água na boca! Mas não ficamos por aqui, como poderão comprovar já a seguir! Boa Leitura!

Daniela Salsa.



BLOGUE

WE BLOG YOU por Daniela Salsa Fotografia: We Blog You

Fred Gomes e Raquel Graça (que já conhecem dos projectos Maçã de Adão e Beija-Flor que demos a conhecer em edições anteriores) são dois antigos colegas de trabalho que, após paragens em Istambul e Barcelona, se conheceram no Porto e se encontraram na empresa onde trabalhavam como designers. Apesar da empatia ter sido imediata, o desencanto com um trabalho que “não nos enchia as medidas e isso fez-nos sonhar com projectos nossos, onde pudéssemos fazer as coisas como achávamos bem e tratar os clientes da forma que achávamos mais justa. Como éramos a companhia um do outro, fomos son-

-hando juntos e assim nasceu a ideia do We Blog You, entre mil viagens matinais a blogs que nos inspiravam para mais um dia de trabalho.” Frequentemente partilhavam links de blogs e admiravam o trabalho que viam publicado na maior parte deles. No entanto, todos eram internacionais. Foi então que começaram a pensar que, em Portugal, muita coisa teria de mudar, uma vez que os blogs lá foram ocupam um espaço muito generoso, sendo até considerados um emprego para muitos bloggers. E assim surgiu o We Blog You, como uma forma de colmatar algumas destas falhas através da oferta de um serviço que, por cá, 7


BLOGUE

ainda ninguém oferecia: ensinar a bloggers aspectos básicos de desgin, fotografia, gestão de conteúdos e tipografia, para que estes pudessem trabalhar melhor e fazer “coisas bonitas como as que víamos lá fora”. Segundo Raquel e Fred, o We Blog You pretende “ser uma rede de blogues, uma verdadeira família”. Mas os objectivos deste projecto não se ficam por aqui: “Queremos ser um ponto de informação e formação, daí os nossos truques e dicas, que publicamos todas as semanas, e os nossos workshops onde tentamos desmistificar imensas coisas e ensinar ferramentas básicas aos bloggers mas que farão toda a diferença no seu contributo para a blogosfera. Queremos mostrar que tal como acontece lá fora, se remarmos todos na mesma direcção, se partilharmos conhecimento, seremos melhores e sairemos a ganhar!” O We Blog You nasceu com este objectivo, dar workshops, pois na opinião destes dois jovens, “é importante que se comece a perceber o design e não só por designers”. Nos seus workshops, querem mostrar que o design é algo com sentido, que é pensado para nos facilitar a vida em muita coisa e não é arte pois, apesar de ter uma grande componente criativa, tem de obedecer a certas regras. tante que se comece a perceber o design e não só por designers”. Nos seus workshops, querem mostrar que o design é algo com sentido, que é pensado para nos facilitar a vida em muita coisa e não é arte pois, apesar de ter uma grande componente criativa, tem de obedecer a certas regras. Até agora, têm feito design e redesign de blogs, desenho de estacionário (cartões de visita, envelopes, papel de carta, etiquetas, carimbos, etc...), infografia, vídeo e fotografia, tendo também já criado identidades corporativas para marcas recentes no mercado. E como (normalmente) o trabalho árduo e a paixão pelo que se faz dá frutos, a adesão e o feedback não podia ser mais positiva!


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“Somos apaixonados por imagem e se chegarem desafios bons aceitamos com grande entusiasmo.” “Temos pouco mais que um ano de existência e nunca esperamos que em tão pouco tempo tivéssemos tanto trabalho e tão diferente. Conseguimos aquilo que queríamos, chegar às pessoas e mostrar que o nosso trabalho é, de facto necessário, e que não pode ser feito ali pelo primo que até sabe trabalhar no photoshop. Temos um grande sen-timento de gratidão por todos aqueles que nos seguem e pelos nossos clientes. Era isto que sonhávamos para o nosso We Blog You mas que não sabíamos que poderia acontecer em tão pouco tempo.” Questionados sobre o que de melhor e pior esta experiência lhes tem trazido, afirmaram não conseguir enumerar coisas más, mesmo correndo o risco de parecerem pouco honestos. “A única coisa que nos está a fugir do controlo é o nosso tempo livre. Tivemos vontade de deixar um emprego para termos mais liberdade, mais tempo para nós e para aproveitarmos as coisas todas, e agora está tudo a correr como era esperado mas temos trabalhado das 9 às 21h em dias bons.


BLOGUE

Antes saíamos às 18h e agora, em muitos dias da semana esquecemos o jantar e acaba por ser quase dois turnos seguidos, como costumamos dizer. Mas até nisto há uma parte boa, antes saíamos esgotados às 18h, agora podemos acabar às 23h (ou mais) e pelo menos estamos satisfeitos com o nosso trabalho e entusiasmados por mostrar as propostas aos clientes ou por fazer um post bonito para o nosso blog.” Sendo o seu público principal os bloggers apesar de já terem chegado a outros públicos - a curiosidade veio à tona: Mas afinal o que é necessário um blog ter para ser bem sucedido? Tendo o seu blog como exemplo, por lhes ser mais próximo e por ser ele que lhes paga as contas, afirmam que para ter sucesso o mais importante é serem sinceros e quererem fazer o melhor que conseguirem. “Quem faz porque quer alcançar isto ou aquilo geralmente cansa-se de tudo isto que é ter um blog e a trabalheira que dá. Depois essa falta honestidade também passa para fora e os leitores acabam por sentir isto. Um blogger tem de ser verdadeiro, bom comunicador e ter qualquer coisa que agarre os leitores. Acreditamos que toda a gente tem qualquer coisa de especial e que o distingue dos outros por isso esta parte não será difícil. Saber e querer passar isso cá para fora é que não é para todos.

Depois há que ter cuidado com a imagem que é no fundo o cartão de visita para quem entra num blog pela primeira vez. Ter conteúdos que surpreendam os leitores é muito importante! (Já dissemos montes de coisas não foi?)” Enquanto jovens portugueses - e empreendedores - quisemos ouvir os conselhos que tinham para nos dar. Resumindo, para esta equipa criativa o melhor é passarem horas a dar voltas à cabeça para arranjarem forma de colocar as vossas ideias em prática pois apesar de considerarem a situação atual do país complicada “se estiverem mesmo cheios de vontade as coisas acabam por acontecer.” Por último, quiseram deixar a uma mensagem aos nossos leitores: “Aos bloggers, visitem o nosso blog, aos que não são bloggers, criem um blog, e a toda a gente que anda por aí digam, criem, mostrem e partilhem coisas bonitas! 11


Música


THE GLOCKENWISE por Daniela salsa

Depois do álbum de estreia “Building Waves”, de 2011, a banda portuguesa de Rafa, Fiusa, Cris e Nuno, The Glockenwise, é a vez de o álbum “Leeches” dar que falar. Com 2013 a ser um ano gratificante para a banda, que contou com concertos no Primavera Sound e Paredes de Coura, os Glockenwise conversaram com a Radar e deram origem a uma das entrevistas mais inusitadas de sempre.

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Em primeiro lugar, e só para os nossos leitores vos conhecerem um pouco melhor (o que é sempre bom), falem-nos um pouco sobre vocês... Os Glockenwise são quatro rapazes de Barcelos que gostam muito de passear e beber uns copos e por isso fizeram uma banda para tornar todas essas coisas mais fáceis.

Os Glockenwise surgiram após uma noite atribulada vivida por quatro marmanjos que até curtiam música e, no auge da aventura noturna, um deles se lembrou de dizer “vamos criar uma banda?” ou o processo de criação da banda pouco ou nada teve a ver com isto? Nada disso! Quando os Glockenwise se formaram ainda mal saiam a noite mas no entanto se trocarmos a noite pela tarde as coisas foram mais ou menos parecidas.

E o nome foi daquelas coisas difíceis de encontrar ou nem por isso? E já agora, a que se deveu a escolha do nome?


Música

Por acaso até chegamos bem rápido ao nome mas no entanto não nos podem perguntar o que significa porque nenhum de nós sabe responder a essa pergunta.

Agora, passando um bocadinho ao que interessa, o que é que o vosso novo álbum, Leeches, nos traz de novo? Penso que acima de tudo traz novas canções que revelam algumas facetas nossas que no disco anterior não tinham sido muito exploradas.

O que mudou desde “Building Waves”, lançado em 2011? Mudou muita coisa! Tivemos bastantes concertos e passeamos bastante. Acho que com tudo isso ganhamos bastante enquanto banda e isso facilitou-nos muito as coisas noutros aspectos.

Relativamente às letras, também sentem que há um amadurecimento, ou é só impressão minha? Acho que esse “amadurecimento” tem mais a ver com as coisas que fizemos enquanto banda do que com as coisas da nossa vida pessoal. Está directamente ligado com todas as surpresas agradáveis e desagradáveis que tivemos desde o

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Música

o lançamento do “Building Waves”. Na hora de compor, o que vos inspira? Não há nada em específico que nos inspire, gostamos muito de fazer isto e isso basta para compor coisas novas. O que acham da música feita em Portugal? Penso que Portugal vive o seu melhor momento musical. Há imensas coisas boas a serem feitas cá e acima de tudo penso que a música portuguesa está a perder aquele toque “tuga” que tornava as coisas um bocado secantes e muito parolas . Sendo vocês jovens portugueses e estando naquela idade em que já são considerados adultos e minimamente conscientes, digam-me: pretendem viver da música ou isso em Portugal já é de tal modo impossível que é melhor tirar o ca-valinho da chuva? Penso que sim (que Portugal é um bom país para as artes), acho que não é pelo facto de ser praticamente impossível viver das artes que Portugal não é um bom sitio para a prática das mesmas. No nosso caso, viver da música é uma coisa que não nos passa pela cabeça, nunca perdemos muito tempo a pensar nisso. 2013 tem sido um ano de loucos para vocês, no sentido positivo da coisa. Até agora, conseguem escolher o momento mais marcante? E como tem sido a reacção do público ao vosso trabalho? Tem sido muito gratificante e acima de tudo uma enorme surpresa para nós. Em relação ao momento mais marcante do ano é muito complicado decidir, mas assim de repente aponto facilmente para os concertos no Primavera Sound ou em Paredes de Coura pois nunca pensamos fazer parte de cartazes tão grandes.


“acho que não é pelo facto de ser praticamente impossível viver das artes que Portugal não é um bom sitio para a prática das mesmas.”

E como é que os nossos leitores poderão adquirir o vosso álbum? Isso é muito fácil! Podem falar directamente connosco ou com a nossa editora “Lover’s and Lollypops”. Podem também recorrer a algumas lojas como a Louie Louie, CD Go ou Fnac. Tendo em conta que Goodbye se mantém para encerrar o disco,

parece que gostam de deixar mensagens aos vossos ouvintes, portanto aproveitem essa garra toda e deixem uma mensagem aos leitores da Radar. Nós gostamos muito de dizer adeus no fim dos nossos discos mas desta vez acho que fica melhor um “Olá” visto que esta é a nossa primeira vez na revista Radar :)

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FILM REVIEWS por João Carvalho

O Homem Elefante “The Elephant Man” (1980) – David Lynch Este filme reflecte a importância da capacidade que tem um ser humano, seja ela de índole sentimental, de carácter, intelectual, e que os homens nunca deverão ser julgados pela sua aparência. É a história verídica de John Merrick (exemplarmente interpretado por John Hurt), que sofre de síndrome de Proteus, uma doença congénita que causa crescimento exagerado e patológico da pele. Ocorre em Inglaterra, em plena era Victoriana, onde um cirurgião, Frederick Treves, ajuda John, a ter, ou pelo menos a tentar ter uma vida digna, apesar da doença que tem. Anthony Hopkins faz de Frederick Treves, e dá uma dimensão genuinamente humana ao filme, e é escusado dizer, que o papel que faz, roça a perfeição. Sublinhe-se o toque do realizador David Lynch, ao captar o desprezo e repugnância das outras pessoas para com a doença de John, ou seja, aquela deformidade nada tem a ver, com a pessoa sensível e inteligente que ele é. Uma história que choca pela tenacidade e crueza da realidade. A conclusão que se chega é que a alma, de facto, nunca morre, e o que realmente conta, está dentro de cada um de nós. Uma obra-prima do cinema, e um filme intemporal.


Film reviews

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Film reviews

A Queda : Hitler e o Fim do Terceiro Reich “Der Untergang” (2004) – Oliver Hirschbiegel Existem inúmeros filmes a retratar a Segunda Guerra Mundial, uns de forma exemplar, outros de forma mais vaga, preferindo erradamente, dar apenas relevo à parte bélica e de combate. Pois bem, este filme, é sobre os últimos dias de Hitler e restante comitiva no bunker. Como mencionei, estamos em plena Segunda Guerra Mundial, os céus da “Germania” estão a ser rasgados com ataques aéreos, e soldados seguidores do regime, lutam em terra contra as ofensivas aliadas. Até aqui nada de novo, para quem conhece a história da Segunda Guerra, ou já viu algum documentário ou filme relacionado. A grandeza do filme é o papel de Bruno Ganz, que é bastante fiel, ao que se consta do ditador. Enérgico, convicto, e até a imitar na perfeição os tremeliques numa das mãos. Hitler, até ao fim, pediu sempre afinco total das suas tropas e seguidores, e que nunca se renderia aos aliados. Na sua comitiva, estão presentes fervorosos defensores do regime e do chefe, mas também alguns que não vêm futuro no Partido NacionalSocialista e não acreditam neste modo de governação para a Alemanha, e que ainda tentam fugir das garras do regime. No fim, o inevitável, o suicídio de Hitler, bem como o de os mais cegos e devotos ao ditador, e a posterior condenação de muitos oficiais de Guerra nazis. Os pontos fortes da película são o realismo retratado da época, os factos, e a convicção cega do ditador e os demais acérrimos defensores que era possível conquistar toda a Europa com a Guerra.

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Lady of the rings texto: Daniela Salsa Fotografia: Daniela Gandra, Ana Garcês e Nádia sepúlveda

Lady of the Rings é uma loja virtual onde qualquer pessoa pode adquirir peças de bijuteria e, mais recentemente, malas a preços acessíveis. Esta é uma loja que marca a diferença pela selecção e qualidade das peças mas também pelo atendimento individualizado e envio rápido e sem complicações dos artigos comprados. O rosto por detrás da marca é Anabela, uma professora de Português e Inglês de 31 anos apaixonada por música, cinema, moda e, claro, ensinar, que viu na Lady of The Rings o seu plano B numa altura em que as sequelas do desemprego se fizeram sentir.


LOja online

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Loja online

Anabela confessa ser uma pessoa bastante

cadilho com Lord of the Rings).

perfeccionista. Como costuma dizer, tem “comichão na alma”, que trocando por miú-

“No livro/filmes o anel é o bem mais pre-

dos significa que gosta de criar e desenvolver

cioso…Da mesma forma vejo as minhas

projectos e envolver-se neles com garra.

peças: não são de ouro, não há diaman-

Dessa “comichão”, surgiu a Lady of the Rings

tes, mas para mim e para cada uma das

pois após alguns anos de ensino, Anabela

minhas clientes são preciosas.”

deu por si numa encruzilhada: de um lado o desemprego, do outro, tudo o resto! Foi aí

Mas não só a escolha de uma identidade

que as ideias que tinha dentro de si saíram

foi complicada já que perceber qual seria o

cá para fora, surgindo então um plano B: um

público-alvo foi um processo difícil.

centro de estudo e, posteriormente, a Lady of the Rings.

“Eu tinha o meu gosto pessoal, seguia, dentro do possível, as tendências da

“Sempre gostei de bijuteria e este pro-

moda, mas não sabia ainda o per-

jecto permitia-me mostrar o meu lado

fil do meu futuro comprador. Comecei

mais feminino, empreendedor e cria-

por experimentar peças de dois tipos:

tivo.”

mais simples e “clean” e outras mais “statement”. O tempo e as escolhas das

O processo de dar uma identidade ao pro-

minhas clientes ditaram o rumo da loja.

jecto foi complicado, segundo Anabela.

De facto, as peças mais vistosas, mais

“Cá em casa choviam nomes de todo o

vibrantes e não tão facilmente encon-

lado. Acho que até o meu gato tentou

tradas nas lojas “mainstream” foram as

opinar… Um dos primeiros nomes (eu

mais procuradas.”

nem devia dizer isto!) foi Kiss Kiss Bling Bling… Sem comentários!”

A segunda grande dificuldade foi a escolha dos fornecedores. Como já possuía dentro de

Foi então que, num momento de epifania,

si o bichinho do negócio, passado pela sua

surgiu Lady of the Rings (em jeito de tro-

mão que teve uma papelaria durante trinta

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Loja online


anos, Anabela reconhecia a importância de ção das mesmas.E quando uma pessoa dediencontrar fornecedores com peças de boa ca tanto tempo, amor e dedicação ao que faz, qualidade e a preços acessíveis, com os quais isso reflete-se de alguma forma e, neste caso, pudesse criar uma boa relação profissional. essa reflexão está na adesão do público, que Nada que não obtivesse solução pois, segun- segundo Anabela, tem sido muito boa já que do a prpçlópria, “um pouco de investiga- em menos de 6 meses a Lady of the Rings ção e um marido com grandes aptidões vai a caminho dos 6 mil gostos. O feedback e de detective resolveram o assunto rapi- as mensagens de carinho que recebe na sua damente.”

página também demonstram isso mesmo, o

Com uma vasta gama de produtos dis- que não poderia deixar Anabela mais radipara

ante.

venda e com mais

Com

poníveis de

5

mil

gos-

tos na página do Facebook, ditamos

acreque

o

segredo do negócio está bem explícito: a beleza e a qualidade dos seus artigos. Por isso

“se um colar ou um par de brincos contribuir para que saiamos de casa mais confiantes, óptimo! Enfrentamos a crise de frente com um belo par de brincos!

mesmo é que o

tanto

sucesso, quisemos

saber

o

que leva alguém como Anabela a lançar-se

num

projecto ligado à bijuteria numa altura de crise. “Eu queria iniciar um negó-

processo de escolha dos mesmos é algo cio, isso era ponto assente” - afirma - “e que leva o seu tempo, é algo pensado e que como sempre gostei de bijuteria decidi tem em conta alguns factores importantes, que esse seria o caminho a seguir. Além como a relação qualidade/preço, o gosto disso, o investimento inicial não seria pessoal de Anabela aliado às tendências, as muito grande, o que também contripreferências das clientes e, claro, uma boa buiu para a escolha do ramo.” dose de carinho e dedicação.

No entanto, acrescentou que, por outro

Além disso, sempre que tem oportunidade, lado, é importante que as pessoas se sina jovem professora experimenta ela própria tam bem com elas próprias e “se um colar as peças para poder ter uma melhor percep- ou um par de brincos contribuir para que

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saiamos de casa mais seguras e confi-

São elas próprias, inspiram outras mul-

antes, óptimo! Enfrentamos a crise de

heres e isso é o que interessa.”

frente com um belo par de brincos!”

Este seu contacto com bloggers permitiu-lhe também conhecer novas pessoas que além

Uma das características da Lady of the Rings

de extraordinárias possuem grande talento,

é trabalhar com a blogosfera portuguesa.

como é o caso da Ana Garcês do blog Infinito

A Radar quis saber até que ponto é que

Mais Um. “Encaixamos muito bem desde

Anabela considera este trabalho conjunto

o início e hoje tenho-a como minha par-

benéfico e crucial para o desenvolvimento do

ceira: a Ana faz muitos dos looks inspi-

seu projecto e ainda de que forma é que estas

radores e é a responsável por grande

parcerias se refletem nas vendas.

parte do design da página.”

Anabela afirmou que, quando lançou a página, convidou todos os seus amigos, e o do

E com tanto sucesso atingido, e outro tanto

seu marido também, e ainda assim o número

por alcançar ainda, nada melhor do que

de gostos era pequeno. Uma vez que era

darem um saltinho à Lady of the Rings e

necessário dinamizar a marca, aliou-se a

verem com os vossos próprios olhos a diver-

bloggers para o fazer.

sidade e qualidade da gama de produtos que

“ Respeito muito o seu trabalho e já

esta tem para oferecer. Para tal, basta ace-

seguia algumas antes desta aventura.

derem à página no facebook, em facebook.

Essas foram as primeiras a ser con-

com/ladyoftheringsbiju.

tactadas e, felizmente, todas elas foram extraordinárias e ajudaram imenso na

No final, Anabela fez questão de deixar uma

divulgação da página. Vejo as bloggers

mensagem a todos os nossos leitores, mas

como mulheres reais, com estilo e per-

também a todos aqueles que pretendem

sonalidade, com as quais as mulheres

lançar-se num projecto semelhante ao seu:

em geral se identificam. Não têm de ser

“Não fiquem parados em casa, nem

manequins: podem ser altas, baixas,

deixem a conversa da crise atordoar os

louras ou morenas, podem ter um estilo

vossos sonhos. Sejam empreendedores,

casual, chic, alternativo ou vintage...

dediquem-se, trabalhem com afinco e


Loja online

amor e respeitem os vossos clientes. Diz-se que “o segredo é a alma do negócio”, mas concordo com o que li um dia (lamento, mas não me lembro da fonte) “a alma é o segredo do negócio”.

ONDE ENCONTRAR?

facebook.com/ladyoftheringsbiju

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OPINIÃO

Cantigas de Escárnio e Mal Dizer por Sansão Gomes // Fotos: Filme 8 Mile

Os melhores/piores preconceitos contra os rappers

Quem tem acompanhado esta cróni-

Sempre foi o meu estilo favorito e

ca todos os meses (em primeiro lugar

eu acho que isso se deve ao facto

merece os meus parabéns porque

de eu não saber cantar, tal como a

não sei se eu teria essa paciência)

maior parte dos rappers.

tem-se apercebido que quase todas

Assim sendo, como sou solidário com

elas foram sobre álbuns de rap.

quem não sabe cantar, este mês vou


dedicar-me a analisar os três maiores preconceitos de que os rappers são vítimas. Não porque eu seja uma pessoa idónea e correcta, mas sim porque este mês não saiu nenhum album de que me apeteça falar. Preconceito #1: Isso é música de pretos Quem acredita nesta premissa nunca viu o 8Mile na vida. Por um lado não perdeu hora e meia com um filme de merda, mas por outro não deve saber quem é o Eminem.

Preconceito #2: Os rappers pro-

Além do mais, este é um duplo

movem a violência

preconceito (não sei se isso existe)

Dizer que os rappers incentivam à

porque tem implícito que os pretos

violência, roubos e tráfico de droga

são seres inferiores. Ora quem diz

é tão válido como dizer que este

isso, também nunca viu um preto

governo incentiva a economia por-

sem roupa (eu também não, feliz-

tuguesa. No fundo trata-se de levar

mente)

a sério aquilo que é apenas uma representação artística e ficcional da realidade: e nisso encaixa tanto um videoclip do 50 Cent como uma demissão do Paulo Portas. Preconceito #3: Música sem instrumentos não pode ser tão boa como a outra Entre outros, João Pedro Pais, Celine Dion, Bon Jovi, 30 Seconds to Mars (etc.) fazem música com instrumentos. Não é preciso dizer mais nada

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FOTOGRAFIA

Joana Cardoso por Daniela Salsa

Joana Cardoso é uma jovem de 23 anos, natural do Porto, que desde cedo nutre uma paixão inexplicável por fotografia. Com imagens capazes de nos transportar para um mundo paralelo ao nosso, onde reina a fantasia e até o mistério, a Radar quis conhecer melhor este talento português, bem como o seu trabalho. Sigam-nos nesta aventura a um mundo fantástico pois estou certa de que não se irão arrepender.

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FOTOGRAFIA

Apaixonada por fotografia desde os 13 anos, altura em que percebeu que esta arte era algo fundamental na sua vida após receber a sua primeira máquina digital, Joana Cardoso confessa que nutre um gosto especial pela captação de momentos. A estudar na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e com uma formação estritamente ligada ao mundo artístico, esta jovem confessa que o seu gosto pela arte de fotografar foi crescendo ao longo do tempo e se alojou dentro de si. Questionada sobre o que mais gozo lhe dá nesta arte, Joana mostra-se reticente pois, na sua opinião, esta é uma pergunta difícil já que a resposta vai mudando ao longo do tempo.

“Acho que gosto da ideia cliché de congelar momentos, mas gosto essencialmente do facto de este ser o meu modo preferido de me expressar e poder mostrar o mundo como o vejo, como eu gostaria que fosse, como o idealizo. Basicamente a fotografia permite-me contar histórias que, por outros meios, seriam para mim mais complicados de contar. Basicamente, a fotografia é o meu processo de transcrever os pensamentos e emoções para um estado mais físico e palpável, para que outros os possam ver e, quiçá, entender.” Apesar de não ser - nem se considerar - fotógrafa, a verdade é que o seu portefólio é já bem vasto e, indubitavel-

“acho que gosto da ideia cliché de congelar momentos”


mente, aliciante. Como qualquer artista, Joana necessita de algo que a inspire e esta afirma que, basicamente, esta provém um pouco de todo o lado. “Existem momentos (e por vezes meses inteiros) em que não tenho um único momento inspirador... e de repente, do nada, tenho um rasgo de “criatividade” e a musa vem cantar-me aos ouvidos, dizendo-me algo para fazer. Muitas vezes não tenho ainda os meios para concretizar os meus projectos mais loucos e megalómanos, mas sei que um dia heide lá chegar. Acho que ao fim ao cabo posso dizer que essencialmente histórias, vivências, contos e outra arte são os principais factores de inspiração para mim. Lendo um livro ou vendo um filme, ou até uma exposição, poderei mesmo começar a ter pensamentos e ideias que correm a mil à hora, e são esses os momentos que mais adoro.” Mas apesar de todas estas fontes de inspiração, a verdade é que existem algumas “tendências” que são recorrentes nas suas fotografias: o ambiente sonhador, ou até mesmo romântico, e o auto-retrato. Joana explica que “Para algumas pessoas, o auto-retrato é apenas algo narcisista e egocêntrico, enquanto que para mim é uma vertente artística tão válida como qualquer outra. Tudo começou pelo fac35


to de querer muito trabalhar com outras pessoas mas não conseguir arranjar pessoas dispostas a fazer aquilo que pretendia, e como ninguém se disponha a ser meu modelo, decidi passar para a frente da câmara. Ao longo do anos, acabei por perceber que na maior parte do tempo sou a minha melhor modelo uma vez que sei exactamente aquilo que quero e como quero. Já o ambiente sonhador... bem, é assim que vejo o mundo, em parte. Olho para as coisas e quase que as vejo como se elas estivessem “editadas” de forma mental e se parecessem exactamente com aquilo que gostaria. Para mim este tipo de ambiente entra mais num mundo fantástico, de fantasia, que é aquele que tenho quase sempre

na minha mente, sendo ele mais bonito ou mais sombrio. Para mim, há sempre algo de sonhador e irreal em tudo. Já me chamaram de surrealista, e penso que talvez o termo me assente bem.” Para conseguir transmitir esta sua visão de um mundo fantástico, Joana Cardoso recorre muitas vezes à pós-edição. Nesta sequência, a jovem artista confessa entender quem não é a favor deste processo mas que para si, sem edição, as imagens são tal e qual como qualquer pessoa as veria, mas como o que vê é diferente, necessita da pós-edição para fazer transparecer a sua visão aos outros. “ Muitas pessoas se riem mas costumo dizer que quando estou a tirar uma foto


FOTOGRAFIA

consigo já visualizar como será a foto depois de editada. A pós-edição é, para mim, o pó de perlimpimpim que dá o toque de sonho às minhas imagens, tal e qual como eu gosto. O que não dispenso é sempre um toque diferente de luz, mesmo em temáticas mais sombrias gosto sempre de uma luz especial, talvez muito inspirada por umas das minhas grandes influências, Caravaggio.” Para a ajudar, Joana não dispensa a companhia da sua Canon EOS 550D, bem como uma série de len tes e, por vezes, flashes externos e outros elementos que considera indispensáveis. Já na pós-edição, o seu fiel companheiro é o Photoshop CS5. Fazer da fotografia um modo de vida é algo

que está nos planos desta jovem há já alguns anos, e apesar de estar consciente dos obstáculos que terá de enfrentar, desistir desta sua vontade é algo que não fará certamente. No entanto, reconhece que a situação actual do país só veio dificultar mais a vida a quem vive das artes, no geral. “Apesar de toda a gente gostar de ver “coisas bonitas” e obras de arte, ninguém acha legítimo que uma pessoa seja “artista” de profissão. Se tudo isto já era assim, neste momento, com uma crise financeira e política, que deu uma tão grande machadada na cultura, o cenário para um estudante de artes é ainda mais negro, isto se não pensar em imigrar e ir 37


para qualquer outro país que valorize mais aquilo que fazemos e onde terá de trabalhar arduamente para se afirmar. Sei que há quem dentro do nosso país consiga singrar, há quem trabalhe anos para o conseguir fazer, mas infelizmente no panorama actual e dentro da mentalidade geral não há lugar para mais do que meia dúzia de artistas.” Colocando este triste panorama de lado, Joana continua a falar do que pretende atingir no futuro. “No futuro, pretendo acabar o curso de faculdade, começar outro em fotografia, talvez um mestrado e outras coisas relacionadas com aprendizagem. Em termos de fotografia, será sem dúvida fazer mais e melhor, alargar ainda mais o meu portefólio e conseguir pôr em prática muitas das ideias que tenho. No geral quero viajar e inspirar-me, conhecer outras pessoas e ideias, e lutar e trabalhar por tudo aquilo que quero. Sei que é vago, mas é basicamente isto.” Já no final, Joana Cardoso fez questão de dirigir algumas palavras a todos os nossos leitores, bem como a todos aqueles que seguem o seu trabalho.

“Não cruzem os braços nem fechem os olhos aos vossos sonhos. Com empenho e força conseguirão fazer tudo, ou quase tudo. Os sonhos não se concretizam a não ser que algo façamos para tal acontecer, e não acredito em sonhos impossíveis, apenas em pessoas estagnadas e conformadas com as ideias que uma sociedade geral lhe impõe. Pode ser difícil e pode demorar, mas a perseverança e a fé, especialmente em nós mesmos, consegue derrubar barreiras e levar-nos longe. Nas palavras de um senhor que é uma grande fonte de inspiração minha: “One person’s craziness is another person’s reality.” – Tim Burton”


FOTOGRAFIA

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MODA

ANA AMARO por Daniela Salsa Ana Amaro é uma jovem criadora de moda portuguesa que afirma ter ainda muito para aprender. No entanto, a vontade de se afirmar nesta área é inegável e por isso mesmo é que a Radar a quis ficar a conhecer melhor, bem como ao seu trabalho. cargocollective.com/anaamaro

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MODA

Desde que se lembra que Ana Amaro respondia com firmeza à questão “O que queres ser quando fores grande?”. “Estilista”, respondia. Foi aproximadamente aos 6 anos de idade que esta jovem se apercebeu que queria seguir uma carreira na moda pois, segundo a própria, foi nesta altura que teve uma maior noção do que gostava de ver e desenhar: roupas. Foi em 2008 que começou a criar as suas próprias peças, altura em que ingressou em Design de Moda na Universidade da Beira Interior. No entanto, colecções bem estruturadas em termos de etapa e número de looks apenas surgiram em 2011, durante o projecto de mestrado. Pelo meio, Ana Amaro foi organizando colecções cápsula para desfiles organizados pelos alunos. Apesar de todo o trabalho que tem vindo a desenvolver, a jovem criadora ainda não possui uma marca própria registada pois, para isso, “são necessários factores que ainda não possuo, como capital para investir, projecção no panorama nacional e internacional e muito know-how, ou possuir uma parceria com alguém que o tenha”. Contudo, a vontade de lá chegar é muita, e sempre ouvimos dizer que quem sonha e batalha pelo que quer, acabará por ser recompensado.

Na hora de idealizar e confeccionar as suas peças, o que mais lhe preocupa é se o que cria irá ser um deja vu de alguma coisa. “Gosto de manter tudo simples com algumas surpresas em detalhes, mas não me agrada nada a ideia de cópia ou inspiração demasiado literal”, afirma. Questionada sobre o que distingue as suas criações das restantes criadas por marcas nacionais e internacionais, Ana Amaro apenas explica que, no geral, vemos um mercado muito saturado e repetitivo. “Estamos perante um mercado onde tudo é possível mas onde as marcas se mantêm muito gémeas. Gosto de tentar pensar fora da caixa, não recorrer a tendências pré-ditadas por alguém, seguir o meu instinto e, principalmente, os meus recursos, o meu gosto pessoal e a visão daquilo que penso que poderá funcionar daqui a um ano. Esta atitude pode não correr muito bem a nível comercial, mas por agora é assim que me comporto criativamente.”. Quanto aos materiais que prefere utilizar nas suas criações, aponta as malhas, principalmente tricotadas à mão pois conferem um toque muito pessoas e intimista já que nunca se consegue fazer duas vezes a mesma coisa, de forma igual. Além disso,


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MODA

afirma que as malhas são muito versáteis e confortáveis. No decorrer da conversa, quisemos ouvir a sua opinião relativamente ao mundo da moda e das artes em geral no nosso país. “Estamos, no geral, cegos. Ignoramos uma fonte de criatividade e riqueza cultural gigante nas artes em geral mas principalmente na moda. Portugal tem uma história maravilhosa no que diz respeito à indústria têxtil e de confecção e talentos a saírem todos os dias das escolas. No entanto, nesta área (como em muitas outras) olhámos para o lado e idolatrámos nomes estrangeiros. Quem pode, não investe nas arte como deveria, não patrocina, não cria um mecenato que as mentes dos jovens artistas portugueses mereciam ter”.

brevemente já que tem alguns projectos no forno) poderão contactar a própria Ana e adquirir algumas das criações que já possui no seu portefólio. Com a conversa prestes a terminar, a jovem artista quis deixar algumas palavras a todos os aqueles que nos estão ler: “Continuem a olhar para projectos como a Radar, continuem a dar atenção ao que se passa à vossa volta pois é preciso descentralizar as leituras culturais e apostar em novos formatos”

Apesar de considerar a situação atual do país no que diz respeito à sua área muito pouco positiva, Ana Amaro mantém-se confiante, e apesar de ser péssima a fazer planos para o futuro, afirma que a prioridade é conquistar um cargo na área da moda e beber de todas as fontes que consiga para continuar a sua aprendizagem. E apesar de ainda não se venderem de forma maciça as suas peças (algo que espera ver acontecer

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editorial

F*ck Mundane Photography by Jessica Silva Model Bárbara Inês Styling and Makeup Inês Manique

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FOTOGRAFIA

Anna Balecho usa as fotografias como memórias da sua interpretação do que representa o seu mundo hoje. São corpos jovens, uns solitários, tatuados, sonhadores, apaixonados, mas todos despidos de preconceitos perante uma câmara que conhecem e sentem. É uma intimidade que está nas pessoas, nos ambientes e no olhar particular de quem retira a vida, o amor, os sonhos e a amizade de cada fotografia. Quem fica intrigado com as imagens tem de conhecer a fotógrafa que poderia ter sido copy, não gosta de rótulos e considera o seu luxo ficar sentada no sofá, a beber café enquanto folheia um par de revistas.

por Ana Mestre

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FOTOGRAFIA

1. Quem é a Anna Balecho e como surgiu a fotografia na tua vida? A fotografia surgiu de uma forma muito natural. Sempre estudei arte e desde relativamente cedo ficou claro que, fosse o que fosse que eu viesse a fazer, estaria relacionado com a imagem. Queria trabalhar no meio da cultura visual. Fiz um cursinho de fotografia no aR.Co aos 15 anos e dai, até estar a licenciar-me em fotografia, parece que foi a correr - parece só porque, pelo meio, estudei Design, Imagem para Cinema. Tinha fases de completa obsessão e outras de completo desinteresse. Quando percebi estava completamente dependente disso para me sentir realizada. 2. Qual o significado de uma fotografia? Não mais do que quem a estiver a observar lhe quiser dar e isto é válido para quase tudo. Para mim continua a ser uma memória, seja ela real ou não. 3. O teu universo fotográfico apela a um voyerismo cru e intimista da juventude. Porquê? Eu nunca descrevi o meu trabalho dessa forma. Já o li em vários sítios e percebo a descrição, mas nunca foi intencional, nunca expus o íntimo de alguém de forma gratuita, não acho especial graça a nus… Eu fotografo num trabalho mais pessoal - o que conheço e

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sinto. A verdade é, se aos 15 anos fotografar no “palco” da casa ocupada da Praça de Espanha me deixava feliz, aos 20 estava muito mais virada para “dentro” para as pessoas só por si e por ai fiquei. 4. “Life, love, dreams and friendships” são os ingredients principais das tuas imagens? Mais do que ingredientes, acho que é o que fica das minhas fotografias depois do visual. Se deixar alguém a pensar naquele momento, se já viveu algo assim ou que gostava de viver, eu fico feliz. 5. Que mensagem pretendes passar no teu trabalho? Nenhuma. Espero daqui a 20/30 anos que o grosso do meu trabalho mais pessoal represente um bocadinho do que vivemos nos dias de hoje, mas será apenas como eu, Anna Balecho, o vi. Na minha opinião, existe uma necessidade enorme em conceptualizar tudo, como se uma descrição erudita tornasse a obra mais válida. Nunca foi a forma como me aproximei da fotografia e espero que nunca seja. 6. Quais os momentos de maior orgulho/ realização, maior dificuldade e maior desilusão advindos das tuas experiências fotográficas?


A maior dificuldade é sem dúvida lidar com budgets de digital quando eu trabalho, tanto quanto posso, com negativo ou recusar aquelas borlas, que até queres muito fazer porque o projecto é interessante, mas não podes de forma nenhuma fazê-lo sem budget. A Memories All at Discount Rates (o solo show em Lisboa), em Outubro de 2012, foi um daqueles momentos em que respirei fundo e pensei que tanto suor e lágrimas estava a valer a pena. Ter uma marca de Los Angeles a enviar-me peças para fotografar, quando podiam facilmente escolher alguém do mesmo continente, também me deixa de sorriso na cara.


7. O que te inspira? Quase tudo, e falo a sério, até o meu namorado a fazer a cama já me deu vontade de fotografar. Há uns tempos li o Just Kids da Patti Smith e queria fazer mil coisas mas não fiz nada. Pesquiso muito, vejo muito o que já foi feito, leio muito. Há uns dias li “de perto nada é normal” no meio de uma frase completamente random e já estou a trabalhar numa série de fotografias que associo a esse título. Não interessa de onde vem a inspiração porque pode vir de qualquer lado. Este tipo de inspirações funciona muito como impulsos para mim. 8. Já colaboraste com a Dazed Digital, a Contributor e, neste momento, estás na Vogue Portugal Online. Que outras colaborações ou trabalhos gostarias de fazer? Esta colaboração com a Vogue é num formato diferente. É uma rubrica quinzenal não é um trabalho pontual ou um editorial como nos outros casos. Quero fazer mais lookbooks. Já fiz alguns e é uma criação na qual gosto de participar, as marcas com que trabalhei até agora deram-me bastante liberdade criativa e, talvez por isso, tenha ficado com vontade de experimentar mais. 9. Como é um dia de trabalho normal da Anna Balecho? Muito mais no networking e mails que a fotografar, infelizmente. Espero que nos próximos tempos possa ter ajuda e só fotografe.


FOTOGRAFIA

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10. Hoje a fotografia está massificada graças à internet [Flickr, Pinterest], aos programas como o Photoshop e meios como os iPhones. Como interpretas esta tendência e que consequências, boas ou más, pode incutir na área – qualidade do material, situação do fotógrafo profissional, etc. - ? Podíamos falar disto a noite toda… Acho que o truque (como em todas as áreas criativas onde isto pode acontecer) é relativizar. Todos os dias vai aparecer alguém a fotografar com 35mm ou alguém com skills no Photoshop a aplicar filtros que imitam o grão do filme... Não vais perder o sono, nem ficar amargo ou encarar a tua fotografia de forma diferente por causa disso, eu pelo menos não o faço. Claro que não é fixe teres alguém a pedir um valor muito abaixo do praticado, mas cada um sabe aquilo que quer e o que compra. encarar a tua fotografia de forma diferente por causa disso, eu pelo menos não o faço. Claro que não é fixe teres alguém a pedir um valor muito abaixo do praticado, mas cada um sabe aquilo que quer e o que compra. Por outro lado, acho que só pode ser bom todos terem acesso a experimentar e testar várias coisas. Isso pode e deve ser aplaudido e bem-vindo, certo? Honestamente, a massificação da fotografia e de outras formas de arte/ comunicação bem usadas é uma arma brutal, parte de cada um usá-lo ou não a seu favor. 11. Se não fosses fotógrafa o que serias? Gosto de pensar que seria uma boa copy, ahah.


FOTOGRAFIA

Não sei. Dentro do mundo da Comunicação se pudesse experimentava muito mais coisas. Está nos meus planos criar uma revista de raiz, vamos ver. 12. Quando não estás a trabalhar, o que gostas de fazer? Gosto muito da minha casa, dos meus livros/ revistas, do Chiado, de um bom café, de sushi e de vinho. O que gosto de fazer está sempre relacionado com algum dos referidos. Infelizmente, ou não, na nossa casa não estabelecemos bem o limite do trabalho. Há sempre um email a responder, um shoot a marcar, um site que quero ver porque tem algo interessante… Habituei-me a viver assim, mas tenho sempre a sensação que me falta tempo, que há sempre algo por fazer. Acho que a fronteira entre o lazer e o trabalho está cada vez menos definida para mim. Acordar às 9h00 e poder ficar no sofá com a chávena de café agarrada a duas revistas é um luxo que me faz muita falta. Dito isto tudo, sou muito feliz com a minha vida e com o que construi até agora. 13. O que vamos ouvir e ler sobre a Anna Balecho num futuro próximo? Espero que vos possa falar sobre um solo show em 2014 - ando à procura do spot e sponsor certo. Mais que ouvir falar de mim espero que possam ver, cada vez mais, fotografias minhas por ai. Site: annabalecho.com Facebook: facebook.com/AnnaBalechoPhotography

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MĂşsica / entrevista


anarchicks ANARCHICKS por Pedro Henrique Ribeiro Fotos: Vanda Noronha

Que melhor programa se pode ambicionar para um Sábado à noite, do que assistir a uma boa noite de concertos? Pela módica quantia de 6€, isso era possível no dia 12 de Outubro de 2013, no GNRation – Braga. Cheguei cedo, para poder falar com os membros da organização e também para conhecer melhor o espaço. É um local excelente em todos os aspectos. Moderno, original, bonito, com um staff super disponível, sempre prontos a receber os convidados com um largo sorriso. Tudo corria bem e a noite prometia. Introduzidos pelos excelentes e electrizantes “Bed Legs”, as Anarchicks vieram a Braga presentear os seus fãs com um concerto de apresentação do seu álbum de estreia “Really?”, fazendo com uma atitude repleta de energia. Definitivamente estas quatro raparigas são cheias de estilo e rebeldia qb, fazendo-nos rapidamente “abanar o capacete”. No final do espectáculo, fomos falar com as Anarchicks.

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Música / entrevista

Radar Magazine (RM): Boa noite. Sei que é impossível, mas para quem não vos conhece, quem são as Anarchicks? Anarchicks: As Anarchicks são quatro miúdas que pegaram nos seus instrumentos para fazer um rock… “visceral”. RM: Como e porquê surgiu este projecto? Anarchicks: Porque tínhamos todas muita vontade de fazer música e fazer barulho, e tínhamos de fazê-lo todas juntas e surgiu com contactos via facebook, juntámo-nos e resultou tudo muito bem. RM: Não é habitual em Portugal, termos uma banda composta só por mulheres. Pretendem marcar a diferença? Anarchicks: A questão aqui não é tentar marcar a diferença. Nós queremos fazer rock, que é aquilo que gostamos de fazer, já todas tocávamos antes de nos conhecer e de este projecto existir, portanto não foi uma coisa que surgisse de repente, pois todas temos muitos anos de música. Agora, nós achamos que tem que haver mais bandas com mulheres em Portugal e vamos lá miúdas! Siga pegar nessas guitarras, baterias e baixos e “toca a tocar!” O sexo é meramente um detalhe. RM: Então consideram que um projecto destes já fazia falta no panorama nacional.

Anarchicks: Existe claramente uma lacuna, mas nós não pensamos que queríamos preencher uma lacuna, nós pensamos sim que queríamos fazer a música que gostamos e formou-se assim uma banda, uma amizade e tudo isto tem surgido de uma forma muito natural. Pode ser que nós consigamos abrir um precedente para outras miúdas fazerem as suas próprias bandas, pois andam por aí imensas raparigas que querem tocar e fazer bandas, mas só falta juntarem-se e concretizarem aquilo que querem. RM: Em Janeiro editaram o álbum “Really?” Como o descrevem? Anarchicks: Uma chapada de rock! Tem uma panóplia de emoções, cada música tem uma identidade e uma história diferente, mas na generalidade é apenas rock puro e duro. No final de tudo, é o culminar do início do nosso trabalho que compusemos, e certamente que poderão esperar coisas diferentes no futuro. RM: O processo de criação é feito em conjunto, ou cada um desempenha o seu papel? Anarchicks: Cada um desempenha o seu papel, conjuntamente (risos). É quase anárquico o nosso processo de criação, basta uma puxar o fio do novelo e do nada já estamos todas alinhadas. Duma maneira mais técnica, as coisas surgem basicamente dum “jam”; uma ou duas pessoas


surgem com uma ideia, trabalhamos essa ideia em estúdio e depois é uma questão de juntar as peças do puzzle. RM: “Restraining Order” foi o single que escolheram para o lançamento do vosso disco. Existem alguma razão em especial para terem escolhido este tema em detrimento de outro? Anarchicks: Para já era o mais consensual, mas também por ser a faixa, em traços gerais, que melhor representa o nosso som. RM: Disponibilizaram o vosso tema para download gratuito. A realidade da quebra de venda de discos e o aumento dos downloads ilegais, preocupa-vos?

Anarchicks: Claro que não! Somos totalmente a favor de downloads de música, porque nós temos que pensar que não é fazer downloads ilegais que vai prejudicar uma banda. O download gratuito de músicas proporciona que o trabalho das bandas chegue a mais pessoas, e são essas pessoas que depois vão aos nossos concertos e é isso que nós queremos. RM: Consideram então os downloads gratuitos como uma mais-valia. Anarchicks: Sim! Não só para nós mas para todos os artistas. Qual é o objectivo de fazeres música? Para estar guardada em casa? A música faz-se para chegar ao ouvinte, senão nada disto faz sentido.

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MĂşsica / entrevista


Nos nossos concertos, muita da nossa energia vem do público por isso queremos que a nossa música chegue ao maior número possível de pessoas. E quem realmente gosta da banda acaba sempre por comprar o CD. RM: Este ano tem sido muito positivo para as Anarchicks. Qual foi o momento mais marcante dos muitos que tiveram? Anarchicks: O Superbock Superrock e jantar com a Peaches! Mas principalmente o Superbock. Nunca mais viveremos um festival de verão da mesma forma! RM: Como foi actuar hoje em Braga e o que acharam do público bracarense? Anarchicks: Foi muito fixe! Este público foi muito caloroso, participativo e houve uma troca muito bonita de entusiasmo e energia. RM: Alguma mensagem que queiram transmitir aos vossos fãs? Anarchicks: Se gostarem de nós sigamnos nas redes sociais. Nós temos todo o gosto em tocar para vocês, e queremos fazer mais músicas boas. Falem connosco, que nós aqui estaremos para vos ouvir, e façam bandas! Muitas bandas. Queremos tocar com bandas novas, principalmente com miúdas.

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Projecto empreendedor

PEACE OF CAKE Licenciada em Artes Digitais e Multimédia, Mariana Carvalho é desde sempre uma apaixonada por doces. Numa fase em que necessitou de escape criativo, surge a Peace of Cake. A Radar quis conhecer melhor o mundo (doce) desta designer de formação que cria verdadeiras obras de arte em forma de bolos e cupcakes.

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“Que a crise não seja o motivo porque criam algo. Que seja a vossa paixão e talento que vos leve a dar esse passo”

A Peace of Cake é um projecto português que nasceu pelas mãos de Mariana Carvalho, uma jovem designer sem qualquer tipo de formação na área da pastelaria que viu na pastelaria o seu escape criativo, numa altura em que o cupcake começava a ganhar destaque e fama em Portugal. A escolha do nome surgiu da expressão “it’s peace of cake” mas acaba por ter muito mais significado já que o objectivo de Mariana sempre foi criar um serviço que permitisse ao cliente ter festas perfeitas com o mínimo de preocupação, mas também porque iniciou este projecto apenas com cupcakes: “Achei que seria engraçado, pois os cupcakes são apenas um pedaço de bolo, certo?” Na Peace of Cake, Mariana oferece todo o tipo de serviços associados à preparação de uma festa ou evento, e é exactamente isso que destaca este projecto da concorrência: “aqui o cliente encontra o serviço de doça-ria e/ou salgados, a criação de material gráfico, a decoração do espaço, e até uma loja online para que

possa envolver-se na parte decorativa se assim o desejar. Deste modo garantimos que o resultado final é coeso, harmonioso e único!”, afirma. Confessa, no decorrer da conversa, que não teve de lidar com grandes obstáculos na hora em que se lançou neste projecto, acrescentado que o desafio está em manter a marca e fazê-la crescer. Com mais de 7 mil gostos na página do Facebook, esta jovem empreendedora afirma que chegar até aqui foi um processo bastante trabalhoso. “Num negócio deste género o passapalavra é chave, por isso cada like é fruto de muita dedicação! “ Além dos serviços que oferece, a Peace of Cake dá, pontualmente, alguns workshops. Além disso, disponibiliza alguns artigos na sua loja online que surgiu para preencher uma lacuna no mercado das festas. “ Era difícil encontrar, em Portugal, produtos que fossem de encontro às necessidades de um mercado cada vez mais exigente, que não quer pratos de papel com personagens de desenhos


Projecto empreendedor

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Projecto empreendedor

animados ou palhinhas e talheres de plástico.” Em jeito de despedida, Mariana quis deixar uma pequena mensagem aos nossos leitores: “Que a crise não seja o motivo porque criam algo. Que seja a vossa paixão e talento por determinada àrea o que vos leva a dar esse passo, ou até salto! Para mim este ponto é fulcral. As pessoas têm tendência em enveredar por determinada àrea de negócio porque está na moda, veja-se a quantidade de pessoas que faz cake design hoje em dia por exemplo, e na minha opinião isso acaba por desvirtuar qualquer área de negócio. É essencial inovar e ter estilo próprio.” Para terem acesso ao doce portefólio de Mariana Carvalho e para encomendarem as suas obras de arte, basta acederem à página da Peace of Cake no facebook (facebook.com/itspeaceofcake) ou ao blog do projecto (peaceofcakedesign. blogspot.com)

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por Rui Veloso


TECNOLOGIA

Tablet Magalhães No seguimento do netbook Magalhães e dos equipamentos tecnológicos dedicados às crianças, a JP Inspiring Knowledge anunciou o substituto do famoso portátil para os mais pequenos. Mas não será agora um portátil mas sim um tablet, que trata características bastante interessantes onde se destaca um ecrã de 10.1’’, um processador ATOM a 1,6GHz e sistema operativo Android versão 4.0.4. Este tablet uma vez que será essencial-

Microscópio Low-Cost

mente utilizador por crianças será resistente

O website Instructables lançou recente-

a quedas, pó e água de modo a atingir um

mente um artigo e vídeo sobre como

tempo de duração alto. De destacar que o

construir um microscópio funcional

tablet irá trazer já instalado um conjunto de

pela módica quantia de 10 euros.

ferramentas para aprendizagem interativa no

Para o uso deste microscópio apenas

ensino.

será necessário a camara fotográfica de um smartphone, uma lente de um apontador laser, uma pequena lâmpada LED e uma estrutura que facilite a colocação destes componentes e a focagem. Isto poderá ser uma ideia a colocar em prática por exemplo no ensino onde muitas vezes as escolas se vem retraídas na compra deste tipo de material devido aos preços elevados dos microscópios. A essência desta técnica assenta na lente do laser que vai dar capacidade microscópica à camara do smatphone. Os mais interessados poderão consultar o seguinte vídeo de modo a criarem o seu próprio microscópio Low-cost: youtube.com/watch?v=KpMTkr_aiYU

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TECNOLOGIA

ScreenX

cinema com esta tecnologia. Para quan-

Na demanda por uma experiência ainda

do a chegada desta tecnologia às nossas

melhor no cinema, na Coreia do Sul existe

casas? Será que existirão paredes livres para

um sistema que está a ter uma adesão

podermos visualizar filmes neste formato?

bastante grande e que tem como principal trunfo a projeção em 270. Esta projeção é

Evento Apple

conseguida através da colocação de telas

Depois da apresentação dos novos iPhones

laterais no cinema. Para que se obtenha

a Apple preparou mais um evento onde se

a melhor experiência possível é necessário

esperaram bastantes novidades, e onde as

que os filmes sejam gravados com três

expectativas não saíram defraudadas. Entre

camaras de modo a não haver problemas

as novidades destaca-se a apresentação

de redimensionamento de imagem aquan-

do novo iPad Air, que contará com cerca

do da projeção nestes ecrãs. A Coreia do

de 30% menos de espessura e menos 200g

Sul pretende em 2014 ter já 30 salas de

que o seu antecessor, afirmando-se como


de a Apple anunciar que o seu novo sistema operativo o OS X Maverick ser gratuito para os seus utilizadores. Boas novidades da Apple nesta keynote, de onde se espera já com entusiamo as próximas novidades da marca.

Samsung Glass No início deste ano a Samsung avançou com o pedido de patente na Coreia do Sul para um dispositivo que deverá ser o concorrente direto do Google Glass, sendo que foi agora aprovado o pedido da mesma. Ao nível estético será bastante parecido com o Google Glass sendo que ao nível das funcionalidades que apresentará, será similar ao Galaxy Gear. Segundo a descrição da Samsung será um gadget dedicado ao desporto e que estará ligado ao smartphone do o tablet mais fino e leve do mundo. Este novo tablet chegará a Portugal a partir de 1 de Novembro e terá preços a partir de 489 euros. Foi também apresentada a nova geração dos iPad Mini que contam agora com ecrãs Retina e um novo SoC, Apple 7. A empresa anunciou também no evento as novas linhas de computadores portáteis e

utilizador. Possuirá também auscultadores

pessoais com especial enfase no aumento

integrados assim como uma lente onde será

de autonomia e diminuição de peso no

disponibilizada informação ao cinema com

caso dos portáteis MacBook, e uma diminu-

esta tecnologia. Para quando a chegada

ição de cerca de 8 vezes do tamanho no

desta tecnologia às nossas casas?Será que

caso dos computadores pessoais da marca.

existirão paredes livres para podermos visu-

Outra novidade de destaque foi o facto

alizar filmes neste formato?

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RADAR SPOTS

ID BESPOKE SHOES 100% manual, 100% português, 100% Ernesto.

por Patrícia Silvério www.pumps-fashion.com


RADAR SPOTS

iD Bespoke Shoes é uma submarca de sapa-

tos da iD Values, no seu conceito exclusivamente masculino que apresenta o refinar do Bespoke de Luxo. O projeto nasceu da paixão por sapatos confeccionados pelas mãos especiais de um português sapateiro: o Ernesto. Paulo Marques explica-nos “O Ernesto é um parceiro de Excelência que faz dos nossos iD shoes um quadro, feito à medida do cliente, com tudo o de melhor que um sapato pode ter... completamente feito pelas mãos de um artista português que olha ao seu trabalho com um amor infinito. Além de qualquer questão comercial, merecem ser olhados e apreciados”. A ideia de criar a linha de sapatos surge da premência em responder à necessidades dos clientes da iD Values, “Havia a procura por parte dos nossos clientes, não havia oferta da nossa parte. Não o tínhamos feito até hoje porque não tínhamos ainda conseguido um artista/ parceiro com a qualidade e diferencia-

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RADAR SPOTS

ção que nos é exigida pelos nossos clientes , isto até conhecermos o Ernesto, claro”. O conceito da iD Bespoke Shoes diferencia-se pela confecção de um sapato único e irrepetível, 100% manual, que tenha o melhor material do mundo, ao gosto e medida específica de cada cliente. Este sapato destaca-se por ser um produto diferenciador e exclusivo. O Atelier iD VALUES é um espaço vintage, assumidamente antigo, coberto de história e de património da arte de fazer sapatos em Portugal e é aqui que o Senhor Ernesto desenvolve todo o seu trabalho, num processo de fabrico manual que ele próprio aprimorou durante décadas de trabalho. A iD Bespoke Shoes está preparar uma nova linha de sapatos exclusivamente para senhora, personalizada pela blogger Pumps. Esta nova parceria será lançada muito brevemente e a Radar saberá tudo em primeira mão.

Facebook: facebook.com/iDVALUES

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LITERATURA

À Cabeceira IMAGEM IKEA

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Miopia e astigmatismo

Sono

NUNO MARKL

haruki murakami

“O meu nome é Nuno Markl. Aqui dentro falo de bifes, lagostas, leitões, circos, touradas, a minha barriga de camionista, as minhas pernas de Popeye, os meus pulsos de bailarina, cães, gatos, filmes para adultos, acordo ortográfico, Scrabble, dinheiro, empresas, cronistas cor-de-rosa, censos, lojas chinesas, música pop, televisão, assaltos, os 40 anos, saladas, telemóveis, praia, almoços de trabalho, filmes, séries, patuscadas, beijos, vandalismo, Espanha, TV Shop, spam, futebol, feiras medievais, sinais, e há-de haver mais qualquer coisa que agora me escapa. É questão de ler. Mas em casa. Não é aqui na loja sem pagar. Pronto.”

«Há dezassete dias que não durmo.» Assim tem início a história que Haruki Murakami imaginou e escreveu sobre uma mulher que, certo dia, deixou de conseguir dormir. Pela calada da noite, enquanto o marido e o filho dormem o sono dos justos, ela começa uma segunda vida. E, de um momento para o outro, as noites tornam-se de longe mais interessantes do que os dias... mas também, escusado será dizer, mais perigosas.

SINOPSES

wook.pt


EM CARTAZ O quinto poder estreia: 14 de novembro No filme, Benedict Cumberbatch é Julian Assange, um dos fundadores do WikiLeaks. Ao lado de Daniel (Daniel Brühl), Julian acede a documentos do governo e de grandes empresas e, aos poucos, começa a divulgá-los. Quando um arquivo ainda mais secreto cai nas suas mãos, a dupla encontra um empasse: o que lhes acontecerá se aquelas informações vazarem?

MALAVITA estreia: 14 de novembro Um chefe da máfia e a sua família são enviados para uma pacata cidade em França, ao abrigo do Programa de Proteção de Testemunhas, após terem denunciado os seus amigos do crime. Apesar dos esforços do Agente Stansfield para os “manter na linha”, Fred Blake, a sua mulher Maggie e os seus filhos, Belle e Warren, não conseguem evitar recorrer aos velhos hábitos de resolver os problemas ao estilo da “família”. O caos instala-se

quando os seus antigos companheiros da máfia os tentam encontrar e quando isso acontece, as situações são resolvidas da forma mais improvável...


CINEMA

O Conselheiro estreia: 21 de Novembro Um thriller intenso sobre um advogado criminalista que ao ser atraído para o emocionante e perigoso mundo do tráfico de droga, percebe que a sua decisão momentânea o conduz a uma espiral descendente de acontecimentos imparáveis e de consequências fatais...

Os Jogos da Fome: em Chamas Estreia: 28 de Novembro A continuação das Aventuras de Katniss Everdeen, num futuro não muito distante, onde os E.U.A. sucumbiram a secas, guerras, fogos e fome, e deram lugar a Panem, dividido em 12 Distritos.

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NO RADAR os espectáculos que não vais querer perder 1. Pixies 9 de novembro de 2013, 21h00 Coliseu dos Recreios, Lisboa 2. Scott Matthew 14 de novembro de 2013, 21h00 Centro Cultural de Belém, Lisboa 3. The glockenwise 15 de novembro de 2013, 00:00 MusicBox, Lisboa 4. Minta & The Brook Trout 23 de novembro de 2013, 00:00 Rua Tapas & Music Bar, Porto 5. Panda bear 13 de dezembro de 2013, Lux, Lisboa 6. AnNa Calvi 16 de dezembro de 2013, 21:00 Casa da música, Porto

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e ainda...

Emmy curl 10 de novembro de 2013 – 17:00 fnac algarve, albufeira birds are indie 30 de novembro de 2013 – 23:30 Teatro Virgínia, Torres Novas nouvelle vague 13 de dezembro de 2013 – 22:00 Pavilhão Multiusos, Fundão


radar magazine


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