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VIOLA DA TERRA, CRÓNICAS
No ano de 2018, ao longo de várias semanas, o Jornal “Atlântico Expresso”, da Ilha de São Miguel, publicou uma série de crónicas que escrevi sobre a Viola da Terra.
Quem me conhece e ao trabalho que desenvolvo sabe que o meu principal objectivo, como formador, palestrante, ou em cima dos palcos que percorro, é sempre de explicar e transmitir o que sei, o que pesquiso e vou aprendendo sobre a Viola, nos Açores e não só, procurando desmistificar preconceitos, aproximar diferentes realidades e contextos culturais e realçar a riqueza da nossa diversidade cultural.
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Histórias, características, contextos, intervenientes, afinações, técnicas, simbologia, eventos, diferenças, semelhanças… são tudo informações que importa dar a conhecer, divulgar e debater. Partilhar, questionar, aprender e ensinar um instrumento que não se ensinava… aprendia‑se!
“É difícil aprender Viola”! “Os jovens não se interessam”! “Antigamente é que era”!...
Tudo comentários que ouvimos frequentemente, frases que se repetem no tempo, mas que em nada contribuem para que haja uma efectiva mudança de paradigma.
Acima de tudo, o mais importante é que se fale, toque, divulgue e se aprecie a nossa Viola! Respeitar o passado, beber da essência deixada pelos velhos mestres e, como eles também o fizeram no seu tempo, trazer o nosso cunho pessoal para o que tocamos e garantir a continuidade para as gerações vindouras.
“9 Ilhas 2 Corações” foi o nome que escolhi para a rubrica semanal no Jornal! Não têm de ser os 2 Corações da Viola. É muito mais do que isso: corações que nos unem há séculos, mesmo quando circular entre as Ilhas era privilégio só de alguns, mas em que o bater do pé nos temas mais picadinhos e que convidavam ao baile ou o aperto forte no peito de quem escutava as “Saudades” era igual.
O Tanger da Viola sempre uniu os Açorianos.
Da parte dos leitores fui recebendo boa aceitação. Pessoas que seguiram, semanalmente, a rubrica “9 Ilhas, 2 Corações” foram solicitando textos, outros foram enviando mensagens de apoio. De várias Ilhas dos Açores, Arquipélago da Madeira e Continente Português, fui recebendo diversos contactos de leitores que acompanharam os artigos através do jornal, das redes sociais ou do meu blogue. Algumas destas crónicas foram depois republicadas no Jornal “Ilha Maior”, da Ilha do Pico.
Veio depois o sonho de reunir estes artigos em livro. Algumas crónicas fundiram‑se por abordarem temáticas comuns, outras foram revistas para transmitir uma realidade mais actual.
Decidi estruturar o livro seguindo três critérios: primeiro, temos as crónicas que apresentam a Viola nas suas características e técnicas, repertórios e simbologia. Em segundo lugar, passamos para uma temática de alguns dos contextos onde a nossa Viola intervém. Essas duas partes têm uma abordagem e uma escrita mais pessoal. Algumas delas contam
experiências passadas na primeira pessoa. Na terceira parte, nas últimas crónicas do livro, reuni os artigos que têm uma componente mais factual e onde o texto é mais descritivo. Abordam‑se iniciativas, datas e actividades, com um estilo de narração menos pessoal.
Há ainda muito para escrever, partilhar, debater e dar a conhecer sobre a Viola, mas será um trabalho para aventuras futuras. Este livro compila apenas os artigos escritos no espaço temporal já referido.
Espero que estas crónicas possam ajudar a que se conheça, respeite e compreenda um pouco melhor a nossa Viola e o seu importante papel na nossa Cultura Açoriana.
Rafael Costa Carvalho, Junho de 2021
rcarvalhoazores@gmail.com