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DA VIOLA, SUAS CORDAS E SEUS NOMES

Começo por apresentar a nossa Viola: as suas características e os vários nomes por que é conhecida nas nossas Ilhas e no nosso País.

A Viola tocada nos Açores é um instrumento com a caixa em forma de “8”, com tampo harmónico paralelo às costas, sendo constituída por 12 cordas.

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Estas 12 cordas são dispostas em 5 ordens (parcelas), sendo a 1.ª, 2.ª e 3.ª ordem dupla e a 4.ª e 5.ª ordem tripla (do som mais agudo para o mais grave).

Tentando simplificar, isto quer dizer o seguinte: em comparação, por exemplo, com um “Violão”, mais conhecido de todos, este tem 6 cordas e a cada corda corresponde uma ordem simples: 6 cordas = 6 ordens, uma vez que cada corda é tocada/pressionada individualmente. No caso da Viola da Terra, sempre que se pressiona uma ordem de cordas estamos a pressionar, em simultâneo, 2 cordas (ordens duplas) ou 3 cordas, (ordens triplas). Daqui que tenhamos um instrumento com 12 cordas, mas divididas em 5 ordens.

Fig. 1 – Esquema da viola com 5 ordens de cordas

No entanto, no caso da ilha Terceira, temos uma excepção a estas características, uma vez que a Viola que hoje mais se toca naquela Ilha é a de 15 cordas: Viola de 6 ordens. Temos, neste caso, um instrumento que tem a 1.ª, 2.ª e 3.ª ordem dupla e a 4.ª, 5.ª e 6.ª ordem tripla. Esta Viola também aparece, pontualmente, nas Ilhas Graciosa e de São Jorge.

Apesar de haver exemplares do instrumento e registos da sua existência no passado, a Viola de 12 cordas na Ilha Terceira é, hoje, um instrumento que quase não se toca, exceptuando um ou outro tocador mais resiliente.

Fig. 2 e 2.1 – Viola de 12 cordas e Viola de 15 cordas

Há ainda registo de uma Viola de 18 cordas, com 7 ordens (3 duplas e 4 triplas), da qual se conhece pelo menos um exemplar na Ilha Terceira.

Fig. 2.2 – Viola de 18 cordas

Nos tempos mais antigos, as nossas Violas eram apenas denominadas de “Violas”, sem distinções por Regiões nem pelas suas diferentes características. De Norte a Sul do País e nos seus dois Arquipélagos tocava‑se “a Viola”. Com o passar dos tempos, a nossa Viola passou a chamar‑se de “Viola de Arame”: ganhou esse nome por as suas cordas serem de Arame.

A título de exemplo, nas recolhas do Professor Artur Santos, nos Açores, na década de 50 e 60, vem sempre referido o executante como tocador de “Viola de Arame”. Não só ele como outros investigadores referem‑se assim à “Viola” tocada nos Açores e em todo o território Português.

Entretanto, com a necessidade de se identificar de modo mais imediato as Violas em cada Região, definiram‑se nomes por que passaram a ser conhecidas: Viola Braguesa, Viola Beiroa, Viola Toeira, Viola Amarantina, Viola Campaniça, Viola de Arame Madeirense e, no caso dos Açores, Viola da Terra.

Esta família de 7 Violas de Arame Portuguesas (podendo haver outros nomes utilizados em cada Região) é a que é mais conhecida e, de certo modo, aceite pelos que tocam, investigam e escrevem sobre a Viola em Portugal.

No caso dos Açores, o nome de Viola da Terra é o que prevaleceu e é o mais conhecido de todos. No entanto, há quem chame o instrumento de Viola Regional, Viola Açoriana, Viola Terceirense (no caso da Viola de 15 Cordas) e, ainda, de Viola de Dois Corações, podendo haver ainda mais designações utilizadas.

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