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AFINAÇÕES DA VIOLA

A Viola de Arame em Portugal tem variantes na sua forma de afinar. Temos exemplos de afinações idênticas entre Regiões, de afinações diferentes dentro da mesma Região, como podemos ter afinações que aparentam ser completamente distintas, mas onde há uma semelhança na relação dos intervalos musicais (distância de uma nota a outra), que as aproxima muito mais do que é comum pensar‑se.

Há quem sinta a necessidade de tentar encontrar e justificar a existência de uma afinação original e comum a todas as Violas de Arame. Entendo que é, da mesma forma, importante aceitar essa diversidade como algo que surgiu dentro do contexto de cada local, fruto do passar dos anos, das necessidades de quem tocava, da exigência do repertório, sendo esta diferença motivo de grande riqueza para todos, e nunca o contrário.

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Nos Açores temos diferentes afinações, de acordo com determinada Ilha e com as características do instrumento. Mesmo dentro da mesma Ilha, pontualmente, há alterações à afinação da Viola, para se tocar este ou aquele tema.

No entanto, são duas as afinações principais e mais utilizadas. No caso das Ilhas de Santa Maria e de São Miguel, a Viola afina em Ré, Si, Sol, Ré, Lá (afinação da ordem mais aguda para a mais grave). Temos, depois,

nas restantes sete Ilhas (Terceira, Pico, Faial, São Jorge, Graciosa, Flores e Corvo), uma outra afinação, onde só se altera, em relação à fórmula anterior, a 1.ª ordem de cordas, a mais aguda (ordem “prima”), passando o Ré a ser afinado em Mi. A afinação nessas Ilhas é de Mi, Si, Sol, Ré, Lá. Estas são as afinações da Viola de 12 cordas divididas em 5 ordens.

Fig. 3 – Esquema de afinação da Viola de 5 Ordens (1ª ordem em Ré) Fig. 4 – Esquema de afinação da Viola de 5 Ordens (1ª ordem em Mi)

Na Ilha Terceira, no caso da Viola de 6 ordens, a afinação é Mi, Si, Sol, Ré, Lá, Mi.

Temos, depois outros casos peculiares, como nas Flores, de onde recebi um testemunho de um músico que lá fez recolhas, em que um dos tocadores de Viola afinava a primeira ordem em Ré para tocar um “Fado Antigo”, referindo estar a “afinar à moda de São Miguel”.

Na Ilha de São Miguel era comum alterar‑se a afinação da 5ª ordem (a mais grave) baixando‑a de Lá para Sol, para se tocarem as “Sapateias”. Também poderia ocorrer em mais algum tema executado na tonalidade de Sol. Esta alteração permitia ao Tocador ter o “Bordão de Sol” como uma espécie de “nota pedal” que vai sendo pulsada em intervalos

regulares, ao longo da execução da melodia, para manter a sustentação de som. Esta situação ainda se verifica nos nossos dias.

Quanto mais formos investigando, conhecendo e conversando com Tocadores de várias Ilhas, de várias idades, melhor poderemos compreender as particularidades das nossas Violas. Há as generalizações sobre estas temáticas que são importantes conhecer e que ajudam a diferenciar mais facilmente cada caso, mas cada Tocador e cada Viola têm a sua história pessoal.

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