Pulp Feek #20

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A Mesa de Pedra

Rafael Marx

fusões do que deveriam se dignar rapazes de uma década e quase meia. Naquele verão, como todo bom verão, Raylock havia nos arrumado uma missão. No caso, encontrar quaisquer coisas fantásticas que pudesse haver nas florestas ao norte do rio, onde era dito pelos mais velhos que druidas haviam se reunido em tempos distantes, antes do vapor mover máquinas, e, portanto, seria assim uma terra de coisas medonhas. Eu estava convencido de que isso tudo era uma estratégia mal-concebida pelos mais velhos para nos manter afastados do perigo da mata, e a prova maior da má concepção era o fato de ser justamente a lenda que atraíra meu amigo para tais locais, me levando por tabela. Fazia já semanas que mapeávamos a área mais ao sul e próxima do rio e nem sinal de qualquer tipo de fada, duende ou pote de ouro ao final do arco-íris. Raylock dizia que aquilo não era mapear, mas esquadrinhar, e que na pior das hipóteses seríamos os maiores conhecedores da floresta, o que de fato seria vantajoso como terreno de brigas. Naquela tarde, entretanto, eu estava um pouco entediado com a tarefa e não parava de tentar convencer meu amigo a desistir por aquele dia, para que pudesse voltar ao bairro e passar o final da tarde tacando pedrinhas na janela de Camille. Camille, que viria a ser minha esposa, era pouco mais jovem que nós, e filha de um açougueiro que se vira com a sorte de fornecer ao quartel local do treinamento militar. “Muito

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