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pessoas e das comunidades tem por húmus vital o amor. Ele é o presente essencial; todo o resto, em virtude do amor, transforma-se também num dom5. “Desde os primeiros dias, o ser humano não vive só de pão; ele tem necessidade da presença do outro, desta primeira modelagem inteiramente sensitiva da relação. (...) Se esta necessidade de viver a presença amorosa se afirma desde a infância, a necessidade da criança vai se confirmar ao longo de seu desenvolvimento: ‘O ser humano não vive somente de pão’. A criança tem necessidade de ser amada por seu pai e por sua mãe, mas ela precisa também que seus pais ‘se amem’. É neste chão magnético da relação conjugal, dentro desta relação privilegiada entre o pai e a mãe que a criança lançará as raízes de seu equilíbrio afetivo e de sua capacidade de se abrir ela mesma às relações”6. Elementos fundamentais: um ser de encontro no amor Do próprio interior do ser humano brota um chamado ao amor familiar. Trata-se de um mistério que o diferencia na ordem da criação. “Notemos que os animais se acasalam e geram seres semelhantes a si; e as mesmas plantas, também por profundo desígnio da natureza, possuem o pólen de suas flores destinado de umas para as outras para o despontar de novas sementes. Mas não constituem famílias. Só os seres humanos, por sua psicologia, por sua capacidade de conviver no amor, constroem famílias, vivem em família, e não podem romper, sem consequências de frustração, os laços familiares”7.

É uma evidência que o ser humano é “um ser de encontro”8. O nascer não significa que estamos prontos e amadurecidos para a vida. Há uma moldagem do ser fisiológico e do psicológico que vai se completando após o nascimento na relação com o ambiente (a mãe, o pai, os irmãos, o lar... ou quem vier substituí-los, na falta eventual destes). “Aqui descobrimos o alto valor do relacionamento, que não é vínculo consecutivo à formação do ser humano, mas constitutivo. Ou seja, não é que eu existo e depois passo a me relacionar. Sem relacionar-me, não existo como pessoa, não me constituo como ser humano integral”9. No relacionamento, estabelece-se uma “trama afetiva”, cria-se um campo de amparo e acolhimento. Assim, o amamentar, o limpar um bebê... é acolher, é incluí-lo num âmbito de ternura, sendo fundamental para todo o desenvolvimento ulterior do ser humano, pois aí se constitui o encontro modelar. A partir deste encontro, a criança realizará depois outras formas de encontro (com pessoas, com os colegas, com a comunidade, com a natureza, com a cultura, com a tradição, com valores etc). “Se não puder encontrar-se com nada nem ninguém, a criança terá barrado seu desenvolvimento pessoal, estará asfixiada espiritualmente e ficará destruída como pessoa”10. “É necessário aqui sublinhar que o amor é a realização mais completa das possibilidades do homem. É a atualização máxima da potencialidade intrínseca da pessoa. Esta encontra no amor a maior plenitude do próprio ser, da própria existência objetiva. O amor é o ato que realiza do modo mais completo a existência da pessoa”11.

Comunicações . Março de 2014

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