REVISTA ANTI-HORÁRIO: Soluções no Litoral

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REVISTA ANTI-HORÁRIO

SOLUÇÕES SOLUÇÕES NO LITORAL

Curso de Jornalismo da UEPB 02 Concepção editorial: Expediente Revista Anti-Horário Ano II Número 2 Agosto 2023 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 01Nathália Aguiar Reportagem/Revisão de texto 02 Angélica de Araújo Reportagem 03 Matheus Gabriel Lima Reportagem/Fotografia 04 Milena Ferreira Reportagem/Fotografia 05 Thaylanny Maria Almeida Reportagem/Fotografia 06 Letícia Ferreira Reportagem/Diagramação/ Fotografia/Projeto Gráfico 07 Eva Leite Reportagem/Fotografia 08 Emilly Dantas Reportagem/Fotografia 09 Laura Paiva Reportagem 10 Mateus Ronelle Marques Reportagem 11 Antonio Simões Carta ao leitor Professor Orientador Antonio Simões Editora Letícia Ferreira Foto da Capa Emily Dantas 12 13 12 Rillery Venâncio Reportagem/Fotografia 13 Gabryele Martins Reportagem/Fotografia 14 Ana Beatriz Santos Reportagem/Edição 14

Carta ao leitor

Aviso aos navegantes

A vida surgiu na água e, hoje, sem os oceanos dificilmente estaríamos vivos. Eles são importantes, por exemplo, para a modulação do clima do planeta. Porém, para variar, ações equivocadas de uma parcela da humanidade colocam em risco o maior ecossistema do mundo Conforme o Fórum Econômico Mundial de Davos, em 2050, haverá mais plástico do que peixes nos oceanos.

A boa notícia é que tem muita gente lutando para que essa previsão não se torne realidade. Nesta edição, você tem a oportunidade de acompanhar todo o empenho e talento de pesquisadores, professores e estudantes na batalha por mares sem plástico. O trabalho já foi inclusive reconhecido internacionalmente

Outra iniciativa, que ganha destaque por aqui, é a mitigação da degradação dos corais paraibanos Uma das estratégias começa em terra firme, por meio de campanhas de sensibilização Elas são voltadas principalmente para os turistas que pretendem mergulhar nas piscinas naturais do litoral paraibano.

Também vamos contar como restos de peixes e escamas, que acabavam indo para o lixo, viram biojoias pelas mãos de mulheres talentosas As chamadas sereias da Penha aliam com maestria empoderamento feminino, geração de renda e desenvolvimento sustentável. Sem dúvidas, um combo capaz de gerar muitos insights em vocês

Ainda temos entrevistas, poesia, galeria de imagens, bastidores das nossas reportagens, enfim, vários atrativos para você olhar o nosso litoral de alma lavada, mesmo sem cair no mar. Sobretudo, esta edição, publicada na Década da Ciência Oceânica, é a nossa contribuição para defender e aproveitar o litoral de forma sustentável.

Professor Antonio Simôes
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06 SALVANDO GIGANTES AQUÁTICOS SEREIAS DA PENHA Sumário SUMÁRIO 12 16 ÁGUAS POTIGUARAS 04 CRÔNICA 24 28 CULTIVANDO SUSTENTABILIDADE CORAL EU CUIDO 23
Sumário SUMÁRIO 05 36 BASTIDORES O MAR COMEÇA AQUI 43 44 GALERIA DE FOTOS CONHEÇA OS PROJETOS 47 POEMA 46

SEREIASDAPENHA:AARTEDE TRANSFORMARMULHERES

REPÓRTERES: EMILLY DANTAS, MILENA FERREIRA, RILLERY VENÂNCIO

Águas cristalinas, mar levemente agitado, clima agradável, ótimo para repor as energias, essa é a Praia da Penha, uma das últimas praias ao sul de João Pessoa A Penha surgiu de uma vila de pescadores, e, com isso, grande parte da comunidade tem como fonte de renda a pesca. Os restos de peixe e escamas eram descartados em buracos cavados no chão, para minimizar o mau cheiro e evitar afastar os consumidores do pescado Porém, os resíduos continuavam acumulados em local inapropriado. Como forma de solucionar essas situações, surgiu em 2014, o Projeto Sereias da Penha, a partir de um curso ofertado pelo Programa Mulheres Mil para a Praia da Penha de montagem de biojoias, com o objetivo de juntar a sustentabilidade do planeta, o empoderamento feminino e a geração de renda em uma única atividade

A história de Joseane da Silva, 40 anos, moradora do bairro da Penha localizado em João Pessoa-PB, artesã, empreendedora e uma das fundadoras do projeto Sereias da Penha, mostra um pouco de como essas ações têm impactado positivamente a vida de uma mãe, empreendedora e mulher.

Joseane participou do curso desenvolvido para mulheres ribeirinhas pelo pessoal da Penha, juntamente com as praias vizinhas Jacarapé, Seixas, Cabo Branco e Alto Plano E desde então, se apaixonou pela arte de confeccionar biojoias com escamas de peixe, sementes, cordões e miçangas Além de possuir uma capacitação, aprendeu a limpeza e o tratamento da escama de peixe, tudo em busca de melhorar o produto e ter uma formação que ajudaria tanto no seu sustento como no fortalecimento de sua autoestima.

REPORTAGEM
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Lustre feito com conchas Foto: Emily Dantas

Algumas das peças comercializadas

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Fotos: Emily Dantas Peças de artesanato
expostas
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Foto: Emily Dantas

Entenda o processo de produção:

Passo a passo

1º Escolher o modelo da peça e se inspirar.

2º É produzido o crochê (processo de criação de tecidos usando a agulha de crochê) no fio de cobre.

3º A lavagem das escamas é crucial para o tratamento da peça, após a compra da escama é necessário lavar bem para tirar todo o cheiro e resíduos.

4º Logo depois de lavada, é preciso analisar se será preciso cortar ou se será natural a escama para a peça.

5º Agora se inicia a montagem do acessório com todos os materias e é preciso que você utilize a sua criatividade. Aproveite a dica e seja você a sua própria empreendedora!

Artesãs Sereias da Penha produzindo
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Foto: Emily Dantas

Diáriodebordo

No dia 30 de maio, saímos da Universidade Estadual da Paraíba a caminho de João Pessoa para conhecer a história

No dia 30 de maio, saímos da Universidade Estadual da Paraíba a caminho de João Pessoa para conhecer a história das Sereias da Penha A viagem para chegar até nosso destino foi muito legal, ouvimos música durante todo o percurso da Penha A viagem para chegar até nosso destino foi muito legal, ouvimos música durante todo o percurso Ao chegar em João Pessoa, pegamos caminho para irmos à comunidade da Penha Chegando lá, fomos para o Ao chegar em João Pessoa, pegamos caminho para irmos à comunidade da Penha Chegando lá, fomos para o Restaurante Muxima, que é onde fica o ateliê das Sereias O espaço é grande e repleto de peças produzidas pelas Restaurante Muxima, que é onde fica o ateliê das Sereias O é grande e repleto de produzidas pelas Sereias, desde acessórios até artigos de decoração de ambientes, ficamos encantadas. A dona do restaurante, Aline Sereias, desde acessórios até artigos de decoração de ambientes, ficamos encantadas A dona do restaurante, Aline Gouveia, e Joseane da Silva e Ivonete Francisco vieram nos receber para serem entrevistadas. Elas foram muito Gouveia, e Joseane da Silva e Ivonete Francisco vieram nos receber para serem entrevistadas Elas foram muito atenciosas, e a conversa fluiu bastante, foi um momento muito proveitoso. Depois de terminar a entrevista, fomos atenciosas, e a conversa fluiu bastante, foi um momento muito proveitoso Depois de terminar a entrevista, fomos conhecer a Praia da Penha que é de frente ao restaurante, e assim aproveitamos a brisa do mar Momentos depois, nos conhecer a Praia da Penha que é de frente ao restaurante, e assim aproveitamos a brisa do mar Momentos depois, nos despedimos e saímos para conhecer os pontos turísticos do bairro, a escadaria e a estátua de Nossa Senhora da Penha despedimos e saímos para conhecer os pontos do bairro, a escadaria e a estátua de Nossa Senhora da Penha Tiramos fotos, gravamos vídeos e pegamos estrada de volta para Campina Grande Foi um dia incrível e com certeza, Tiramos fotos, gravamos vídeos e pegamos estrada de volta para Campina Grande. Foi um dia incrível e com certeza, essa viagem foi muito marcante para a nossa experiência acadêmica e pessoal essa viagem foi muito para a nossa experiência e pessoal.

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Praia da Penha, em João Pessoa, onde ocorrem as atividades do SereiasdaPenha

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SalvandoGigantesAquáticos

REPÓRTER: LAURA PAIVA

Apesar do grande tamanho, chegando a medir quatro metros de comprimento e pesar até 1.000 kg, o temperamento do Peixe-Boi-Marinho é dócil e cativante Com corpo roliço e cara arredondada, é difícil não simpatizar com ele Sua espécie, porém, é rara: segundo estimativas, existem aproximadamente 130 000 animais no mundo todo e, no Brasil, é um dos mamíferos aquáticos mais ameaçados de extinção, resultado da caça, da captura acidental em redes de pesca, perda de habitats e da ocupação costeira desordenada.

Visando a uma estratégia socioambiental de conservação e pesquisa para evitar o desaparecimento da espécie no Nordeste do Brasil, em 2013, nasceu o projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho Realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) em parceria com a Petrobras, por meio do Programa “Petrobras Socioambiental”, o projeto é atuante principalmente nos estados da Paraíba, Sergipe e Bahia. Além de resgate, soltura e monitoramento desses animais, o projeto também desenvolve outras atividades, que vão desde pesquisas científicas e acadêmicas até um “Cine Peixe-Boi”, que usa o audiovisual para sensibilizar o público sobre a importância da conservação dessa espécie Veja como é possível salvar essa espécie, na entrevista a seguir realizada com João Carlos Gomes, coordenador do projeto.

Peixe-Boi-Marinho sendo examinado
Acervo Viva o Peixe-Boi-Marinho
Foto:
ENTREVISTA 12

Revista Anti-Horário: Qual é a maior limitação que o “Viva o Peixe-Boi-Marinho” enfrenta e qual foi a solução encontrada para resolver isto?

Sem dúvida, a maior limitação está relacionada às atividades humanas praticadas nesses recursos costeiros que acabam afetando os peixes-boi Isso envolve tanto fluxo inadequado de embarcações motorizadas, quanto atividades praticadas com redes de pesca, que podem causar males aos animais e construções inadequadas, que acabam comprometendo os ambientes costeiros.

A forma de intervir nisso são múltiplas Atuamos, primeiro, com a missão de informar as pessoas dos problemas, dos fatores de ameaça que essas práticas inapropriadas acabam gerando aos peixes-boi e, a partir da informação, tentamos mecanismos para sensibilizar a reversão desses problemas, dando dinâmicas mais apropriadas quando se vai utilizar embarcações motorizadas, quais os procedimentos que deve se fazer do ponto de vista das áreas que os animais estão utilizando, velocidade de embarcação e normas de condução

Dessa forma, atuamos diretamente em políticas públicas propositivas, com instrumentos normativos que, de alguma maneira, possam resguardar a integridade desses ambientes

Revista Anti-Horário: Um dos motivos da ameaça de extinção do peixe-boi-marinho é a caça. Como se dá a conscientização aos pescadores quanto à isso?

No histórico dos peixes-boi no Brasil, a caça foi sem dúvidas um dos principais fatores responsáveis por dizimar populações, culminando na extinção e desaparecimento da espécie em alguns estados, por exemplo Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Porém, desde a década de 80, uma das principais ações em prol da estratégia de conservação da espécie foi a sensibilização das comunidades locais, envolvendo pescadores, moradores locais, agentes públicos e tantos outros, e felizmente a partir da sensibilização estabelecida, de instrumentos, de regramentos, leis que proibiam a caça, fez com que essa desaparecesse Então, a caça dos peixes-boi marinhos não acontece mais. E temos hoje os pescadores, [em] áreas onde a caça acontecia, [como] grandes aliados à estratégia de conservação da espécie Foi um grande marco e é um dos aspectos também positivos essa reversão do padrão comportamental que antes abatia os peixes-boi para ter ali um rendimento a partir da comercialização, para a percepção dos peixes-boi de uma outra dimensão. Atualmente, em muitos desses locais em que a espécie era caçada, hoje os peixes-boi são vistos como grande atrativo para o

turismo, observação da espécie, sendo uma importante aliada dessas comunidades tradicionais.

Revista Anti-Horário: A coleta ativa do lixo no litoral nordestino trouxe resultados positivos para a vida marinha do local? Quais os mais efetivos?

O lixo ainda é um grande problema para a integridade dos recursos costeiros e marinhos e, consequentemente, para várias espécies aquáticas que nesses ambientes habitam O peixe-boi não é diferente disso, é uma espécie que sofre sim com a problemática do lixo, seja em função da ingestão equivocada e acidental de resíduos presos a bancos de algas, folhas de mangues... Inclusive, em alguns casos, já temos evidências de alguns animais que morreram e, na necropsia, foi identificada a presença bastante relevante de conteúdos provenientes de resíduos ingeridos. Esse cenário é muito característico com várias outras espécies aquáticas, como tartarugas e, de fato, isso ainda é um grande problema. É muito importante ainda termos em vista vista que, embora algumas cidades disponham de serviços de coleta de resíduos, muitas vezes o tratamento dos efluentes não acontece e eles são despejados

"TEMOSHOJEOSPESCADORES,[EM]ÁREASONDEACAÇAACONTECIA, [COMO]GRANDESALIADOSÀESTRATÉGIADECONSERVAÇÃODA ESPÉCIE"
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nos recursos hídricos, atingindo os ambientes costeiros e marinhos e causando diversos problemas.

Revista Anti-Horário: Qual a solução para maior conscientização da população em relação à preservação do peixe-boi-marinho no litoral nordestino?

Com relação ao engajamento da sociedade em prol da conservação dos peixes-boi marinhos, acontece ou pode ser intensificada de diferentes formas Ainda é um problema o encalhe de filhotes em função de perda de hábitats Muitas das vezes, esses filhotes, quando encalham, são encontrados por turistas ou pescadores Sempre que possível, comunicar esses eventos é um ponto importante na estratégia integrada de conservação da espécie. Então, sempre que encontrar algum peixeboi encalhado, seja vivo ou morto, é importante notificar Outra forma de colaboração muito importante é não jogar lixo nas praias. Sempre ter muito cuidado com resíduos produzidos porque isso, se descartado de forma inadequada, acaba, como a gente havia mencionado, chegando nesses ambientes costeiros marinhos, comprometendo a integridade de muitas espécies aquáticas. Outro ponto é que pedimos a colaboração àquelas pessoas que utilizam embarcações motorizadas, algumas das vezes em áreas com ocorrência dos peixes-boi, e nesses casos nós sempre pedimos

às pessoas que, antes de acionarem as embarcações verificarem se existe a presença de algum animal no entorno e, se assim houver, que não acionem os motores porque isso pode causar ferimentos bastante sérios nos animais. Em casos de navegação, observar sempre a possibilidade daquele ambiente ter a presença dos peixes-boi Em situações dessa natureza, andar numa rotação mais baixa e sempre atento à presença desses animais, evitando assim os riscos de colisão Essas são algumas das possibilidades de ter a participação direta da sociedade em prol da conservação da espécie

Revista Anti-Horário: Os voluntários têm algum tipo de capacitação para participar do projeto?

O projeto desenvolve alguns cursos voltados para esse processo de engajamento da sociedade. Há cursos de encalhe oferecidos muitas das vezes nas situações em que as pessoas podem encontrar esses animais e assim ter orientações dos procedimentos. Esses eventos são informados dentro de algumas plataformas, algumas mídias do projeto e os interessados serão sempre muito bem vindos

iniciativas realizadas pelo projeto em parceria com a população

Fotos: Acervo Viva o Peixe-Boi-Marinho

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Equipe resgata Peixe-Boi-Marinho

Fotos: Acervo Viva o Peixe-Boi-Marinho

Revista Anti-Horário: Que resultados positivos vocês encontraram desde o começo do projeto em escolas infantis?

Nós partimos de um passado de caça, no qual as pessoas viviam em locais onde a caça era praticada. Hoje essas pessoas já são, desde pequenas, grandes aliadas à estratégia de conservação Isso ocorre por várias ações que são realizadas nas escolas. Nós temos várias inserções em vista de conteúdos que são ministrados e de maneira ainda mais particular na Barra do Mamanguape e também na comunidade de Coqueiro, na Bahia Nós temos ações continuadas com as crianças e com os jovens das localidades usando diferentes práticas de educação ambiental Há cursos de formação, torneios de futebol, participação em assuntos diversos às práticas ambientais,

como ações de reflorestamento e tantos outros temas que são trabalhados na perspectiva de formação de um cidadão ambientalmente mais responsável

Revista Anti-Horário: Quantos animais são salvos por ano pelo projeto?

A atuação da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), instituição que executa as ações com o peixe-boi, iniciou em 1989 Desde então, são vários esforços voltados tanto para conservação e resgate do peixeboi, quanto para outras espécies aquáticas No total, nós temos hoje, aproximadamente 14 mil animais que já foram atendidos dentro dos Estados em que temos atuação, especialmente na Paraíba, Sergipe, Bahia e Alagoas É importante destacar que esse número total não é um valor especificamente para peixe-boi, ele

contempla também outras espécies aquáticas, como tartarugas e aves marinhas. Com relação ao atendimento aos peixes-boi propriamente ditos, na Paraíba, os resgates acontecem por ano em torno de 1 a 2 animais.

Mais informações sobre a missão do Projeto Viva o Peixe-BoiMarinho podem ser encontradas nas redes sociais da fundação.

"Nós partimos de um passado de caça, onde as pessoas viviam em locais onde a caça era praticada. Hoje essas pessoas já são desde pequenas grandes aliadas à estratégia de conservação."
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ÁGUASPOTIGUARA

REPÓRTERES: NATHÁLIA AGUIAR, LETÍCIA FERREIRA, ANA BEATRIZ SILVA, GABRYELE MARTINS

Baía da Traição. Uma estreita faixa de terra acinzentada, logo após o fim da cidade, corta o território indígena Potiguara e nos leva até o Rio do Aterro A descida até o leito do rio é difícil O sol quente castiga até a pele dos acostumados e torna o trabalho ainda mais pesado. O som das ferramentas contra o solo, porém, é baixo, comparado às risadas e conversas que embalam o trabalho Como em uma brincadeira, há muito conhecida, realizam uma atividade de resgate e esperança, movidos pelo melhor e mais poderoso energizante: um sonho. Os Potiguaras são os primeiros habitantes da Baía da Traição, e no Nordeste, representam um dos mais expressivos povos indígenas Os moradores das Aldeias do Alto do Tambá e Forte demonstram isso, em história, vivência e percurso. Entre as pausas para descansar, compartilham trechos de suas trajetórias, passeando por memórias que deixam claro a luta por direitos e as origens do trabalho de resgate que exercem pelo Rio do Aterro. Acontece que o rio que corta as aldeias foi tomado por uma vegetação exótica conhecida como “Aninga-Açu”

A Montrichardia linifera é uma espécie amazonense que está presente na maioria dos rios brasileiros e que pode chegar a mais de cinco metros de altura Em condições de mata ciliar preservadas, desempenha funções importantes no meio ambiente, como retenção de sedimentos e desintoxicação do solo. Porém, com a degradação da mata ciliar, a Aninga encontra um lugar propício para a reprodução desequilibrada, ocupando todo o espaço assoreado e substituindo a vegetação nativa. A principal consequência é a obstrução da passagem dos rios, que acabam totalmente encobertos pelos blocos de lama e raízes

Esse é o problema enfrentado pelas Aldeias do Alto do Tambá e do Forte. O Rio do Aterro sofreu, na década de 70, uma dragagem feita pelo Governo da Paraíba, acarretando perda de sinuosidade e profundidade, o que favoreceu a formação de pântanos e a sedimentação do afluente

da Aninga
REPORTAGEM
Rio do aterro, afluente do Rio Sinimbu Foto: Gabryele Martins
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Por muitos anos, a comunidade tentou limpar trechos do rio, mas nunca efetivamente. Francisco Neto, conhecido como Sedinha, de 64 anos, foi criado brincando nas águas que dele fluiam e viu suas duas faces; antes, limpo e depois, inutilizável A perda foi grande Sedinha, recordando sua infância, relembra também de uma época mais fácil para o rio “Essa água a gente bebia, tomava banho, ninguém nunca adoeceu. Eu nasci e me criei aqui dentro. Nas antigas, a gente mesmo que limpava, juntava 10, 12, 20 homens, rapidinho limpava aquela parte e todo mundo ficava feliz”, conta.

A relação direta que os moradores tinham com as águas que corriam ali, de lavar roupa até pegar água para cozinhar, com o passar do tempo e com a chegada da água encanada, se perdeu A comunidade para de limpar o rio e então, a Aninga o fecha, deixando-o encoberto por suas raízes

Há cerca de dois anos, no entanto, incomodados com a situação, com a impossibilidade de fazer uso dele e com o descaso dos políticos que não efetivaram ações para recuperá-lo, a população se juntou em busca de mudança Em janeiro de 2021, Sedinha e alguns outros moradores organizaram um grupo de homens que tinham o mesmo objetivo e sonho: ver toda a extensão do rio limpa de novo

Dessa forma, nasce o projeto Águas Potiguara, formado por indígenas Potiguara das aldeias Alto do Tambá e Forte, que apesar de ter poucos anos de atuação, tem uma missão antiga: recuperar os rios do território. Aos sábados, o grupo se reúne, e embalados por conversas, realizam o trabalho braçal, que exige força e técnica, e só acaba quando dá fome “A hora que me chamar eu tô aqui A gente vai brincando, rindo e fazendo, aqui é tudo assim O que vale aqui é ser brincalhão, trabalhador e respeitador”, diz Sedinha

O projeto dá seus primeiros passos ainda durante a pandemia da Covid-19, quando uma barricada é construída para impedir a contaminação dos moradores O engenheiro florestal e liderança potiguara da Aldeia do Alto do Tambá, Poran Potiguara, de 33 anos, nos conta que enquanto sentinelas, eles conversavam e relembravam a infância às margens do rio Decidiram, então, iniciar o processo de limpeza das águas

O assoreamento no local é um problema antigo, que há muito incomodava a comunidade Potiguara de Baía da Traição

A falta de limpeza no curso d’água e suas margens trouxe um abandono social, que por sua vez afastou a comunidade do convívio com o rio. A situação se agravou tanto que em certos trechos é possível caminhar sobre o flumen, que está tomado de vegetação

Para solucionar o problema, recorreram ao conhecimento dos ancestrais, que experimentaram mais profundamente a relação de harmonia com o Rio do Aterro e já faziam a manutenção das margens “Os mais velhos que coordenam o trabalho. Eles que vão guiando ‘Ó o rio passa aqui, o rio não passa aqui Abre desse jeito, ou não abre’ ” , informou o engenheiro

Retira da Aninga
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Foto: Letícia Ferreira

Retira da Aninga-açu no trecho que será limpo

Foto: Letícia Ferreira

Após demarcarem um ponto de início para a limpeza, foi a hora de cortar a aninga-açu, para evitar que ela voltasse a se espalhar de forma desequilibrada e revertesse os avanços conquistados “Quando a gente tava lá embaixo [no início] e a gente não sabia onde era o rio, a técnica pra descobrir onde era o rio foi essa, tirar a bota e pisar pra sentir a água passando por baixo.”, relatou Poran. Sem auxílio de máquinas, o grupo se utilizou de foices, facas e enxadas para cortar, de forma braçal, as raízes da aninga, que haviam tomado conta de todo o leito do rio "A gente só tinha coragem", relata Sedinha Conforme o caminho foi sendo reaberto, a água, que antes estava lamacenta, passou a correr cada vez mais clara, permitindo a reutilização do trecho, limpado e devolvendo a relação da comunidade com o flumen.

"Pra mim isso é tudo na vida Eu agradeço muito a 'esses menino novo' aí que tão fazendo o trabalho que antes a gente fazia e eles tão continuando Eles não têm reclamação em nada, só é brincando e favorecendo a equipe", diz Sedinha, com felicidade, pelo resultado que a equipe está conseguindo e que não servirá apenas para a geração atual, mas também para as futuras.

Para Poran, “Eu vejo como um legado, eu não tô trabalhando pra mim Por mais que a gente esteja envolvido, é um trabalho que vai ser para as próximas gerações ” Para isso, porém, é preciso que no futuro, a comunidade abrace o trabalho desenvolvido pelo Águas.

Potiguaras limpam rio do Aterro

Foto: Letícia Ferreira

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Por esse motivo, a equipe que participa da recuperação busca conscientizar as aldeias Alto Tambá e Forte, construindo um sentimento profundo pela educação ambiental, engajando os mais jovens para que sigam com as ações e evocando nos mais velhos a memória afetiva com o rio e seus entornos. Após finalizada a recuperação do Rio do Aterro, a missão do Águas Potiguara ainda não estará concluída Na verdade, a limpeza do Aterro é o primeiro passo para um caminho longo de resgate. Usando os mesmos conhecimentos técnicos, o projeto pretende promover a recuperação de outros rios do Território Potiguara, a exemplo do Sinimbu. É preciso saber que reviver um curso de água não é tão simples e tudo depende do grau de poluição e impacto causados no flumen. Portanto, por vezes, a utilização das técnicas que os Potiguara aplicam, talvez não seja eficiente como tem sido até então no Rio do Aterro Além do conhecimento técnico, também, é necessário que a população que reside no entorno do rio esteja comprometida com a recuperação do mesmo

O próximo passo para o Águas, no entanto, ainda será aplicado nos limites do Aterro. O projeto pretende reflorestar as margens do rio com espécimes nativas, que vão impedir o assoreamento ao drenar a água da chuva para o canal do rio e também evitarão que plantas como a aninga causem desequilíbrio no local

A gratidão pelo que alcançaram até o momento, é nítida Para Poran, “Ver o rio vivendo novamente não tem preço. não tem nada que se compare a isso”. De fato, a solução empregada pelos indígenas Potiguara para recuperação do Rio do Aterro, vai além da preservação de um recurso natural: é a preservação do legado de um povo. Além de fornecer a reutilização do rio, há fortalecimento cultural, das vivências históricas e do sagrado que mora escondido nas águas, que pelo trabalho e coragem de alguns, viverá. No Rio do Aterro, mas principalmente, no coração e na história do povo Potiguara

Retirada manual das raízes Aninga-Açu
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Fotos: Letícia Ferreira e Gabryele Martins

Pertencentes à família Tupi-Guarani, a população Potiguara ocupava uma área litorânea que ia da Paraíba até o Maranhão, e chegava a quase cem mil habitantes. Em meados do Século XV, durante o processo de colonização, a comunidade sofreu genocídio, enquanto lutava contra os portugueses Desde então, iniciou-se a resistência dos Potiguara pelas terras e tradições. Ao longo dos anos, o povo nativo lutou fortemente contra os lusitanos, estabelecendo aliança com franceses e holandeses, mas quando estes foram expulsos do país, alguns dos indígenas entraram em um acordo de paz com os portugueses, os outros precisaram fugir

Embora houvessem leis que se propunham a protegê-los, como a Lei Régia e a Lei das terras, os indígenas estavam entregues à "sorte", mesmo que vivessem tranquilamente pelo litoral da Paraíba Depois de estarem parcialmente estabelecidos, em meados do século XX, suas terras foram novamente invadidas e roubadas Primeiro, por companhias, depois por áreas urbanas e indústrias, começando então os desmatamentos, a poluição e depredação da fauna e flora local, como as matas ciliares

Praia em Baía da Traição
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Foto: Letícia Ferreirao

As matas ciliares são coberturas vegetais nativas de extrema importância para lagos e rios; quando preservadas, atuam, de fato, como cílios, protegendo essas águas de erosões e possíveis contaminações, possibilitando, assim, que as condições naturais daquele espaço sejam mantidas. A ocupação dessas áreas se dá principalmente pela presença do recurso hídrico e a fertilidade do solo. A apropriação desses locais acarreta na maioria dos casos o desmatamento dessa vegetação, que acontece através de diversas atividades, como o aumento de áreas para agricultura e pecuária, a expansão de área para moradia, e claro, a poluição

Uma das primeiras consequências a ser percebida é a descaracterização do ambiente, além da erosão das margens, percebe-se a mudança na vegetação e as espécies originárias perdem lugar para vegetações exóticas.

Rio do Aterro
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Foto: Gabryele Martins

Diáriodebordo

O dia 27 de maio de 2023 marcou nossa trajetória dentro do Jornalismo como nenhum outro. Acordamos super cedo numa manhã fria de sábado, quando a neblina ainda encobria os prédios em Campina Grande, e embarcamos numa viagem rumo ao Litoral Norte da Paraíba, mais especificamente à Baía da Traição, para entrevistar membros do projeto Águas Potiguara

Por si só o clima de uma viagem para produção de uma reportagem animaria estudantes que desejam vivenciar o Jornalismo, mas o que encontramos no Território Indígena Potiguara tocou profundamente dentro da gente

O trabalho do projeto no rio do Aterro vai muito além da recuperação da paisagem natural das margens do aquífero Ele percorre também a ancestralidade do povo Potiguara, fortalecendo a relação do grupo com o Sagrado e preservando a tradição oral que sustenta a memória coletiva daquelas pessoas.

Não há como visitar o rio, conhecer as ações desempenhadas, conversar com os Potiguara e voltar para casa do mesmo jeito

Para além da construção da pauta, das pesquisas, do agendamento de entrevistas, da realização destas, da apuração, da fotografia, das incontáveis transcrições de áudio, da escrita, da revisão, estarmos inseridas naquele contexto foi revigorante. A possibilidade de viver o que o Jornalismo tem de melhor, que é conhecer pessoas, contar as histórias que jamais estariam na agenda da mídia tradicional e dar voz àquilo que precisa reverberar, é inegociável Que bom que aprendemos logo

O sol quente, o pé na lama, as raízes sendo arrancadas, a água se tornando cada vez mais cristalina, as risadas, as histórias, a solução encontrada para o problema de assoreamento, a sensação de encontrar o Divino e até mesmo o pirão de peixe no final do serviço, jamais serão esquecidos, pelo contrário, estarão eternizados dentro de nós.

Certamente voltamos mudadas de Baía da Traição Mais experientes no quesito jornalístico e revigoradas no lado espiritual O nosso dia no rio do Aterro, entre os Potiguaras provou que Heráclito de fato estava certo ao afirmar que “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”.

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Nova Rota

Da extensa faixa de terra foi possível avistar brancos europeus a desembarcar de suas caravelas.

Chamada Capitania de Itamaracá, antes de nomeada já era terra, antes de portugueses e franceses, tabajaras e potiguaras; e antes da conquista em livros, foi tomada.

A vida de aldeias dizimadas apenas apontava o que estava por vir, muito além da Tragédia de Tracunhaém, a tragédia da vida. Algas feitas de micro plástico se balançam e enganam, matam e sufocam, mas não alimentam. As correntezas são turvas para quem precisa nadar, os navios deixam rastros, não mais de odisseias, são manchas de óleo, que mancham e desmancham vidas.

Do Koio Maru foram vistos os jovens corpos das baleias assassinadas, os rios e mares que outrora foram berço de vida e economia, já não enchem as redes, e estampam as capas de jornais semanalmente nas listas de “praias impróprias para banho”.

Os corais agora brancos, já não me parecem diafragmas funcionais, os rios soterrados escondem memórias de dias melhores, e da minha atlântica quase nada sobrou.

Hipnotizados pela triste dança das ondas quase esquecemos de boiar, nem piratas ou sereias podem nos socorrer, seremos nós os salva-vidas de uma história que ainda não terminou. Minhas mãos ainda podem limpar, seja areia, mares ou rios; as tuas talvez possam transformar o latão em ouro e o marisco em arte; as deles, eventualmente possam ensinar, de novo a nadar o bicho que sem morada quase morreu.

E com as nossas? Ah…Com as nossas somos capazes de plantar, de colher, de estudar, melhorar, restaurar, de ressignificar. Ressignificar um destino iminente, onde os prazos já estão por fim no calendário da vida, e a sustentabilidade me parece a única saída para um feriado prolongado.

CRÔNICA
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Letícia Ferreira

CULTIVANDO SUSTENTABILIDADE

Caracterização geomorfológica e pedológica

Foto: Acervo Embrapa/ Josué Francisco

REPÓRTERES: LETÍCIA FERREIRA, NATHÁLIA AGUIAR

Em um país onde a produção é capaz de alimentar 1,6 bilhões de pessoas, mais de 33 milhões de sua população encontra-se em situação de insegurança alimentar E para onde vai o nosso alimento? Em 2020, o Brasil exportou 167 milhões de toneladas de alimento, boa parte desses, produzidos através da monocultura, sistema que cultiva uma única espécie vegetal (cultura).

A monocultura da exportação ocorre em latifúndios que estão concentrados nas mãos de poucos e que para existir, demanda a substituição da vegetação original através de derrubadas e queimadas de milhões de hectares em todo o Brasil, comprometendo diversos biomas. As implicações da concentração do agronegócio, atingem de forma direta a economia e sociedade, desde as expropriações e reapropriações de terra, à queda do preço dos alimentos no mercado, colocando a produção regional em risco Por isso se faz cada vez mais necessário o estudo de tecnologias e pesquisas voltadas para a agricultura familiar e a monocultura para subsistência.

A pesquisa "Prospecção tecnológica por meio da análise pedológica, climática e da distribuição espacial das áreas cultivadas com mangabeira nos estados de Sergipe, Paraíba e Rio Grande do Norte" foi realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e busca através do estudo da produção da Mangabeira (Hancornia speciosa Gomes), evidenciar os benefícios ambientais e econômicos de seu cultivo , além de apontar tecnologias e formas de implementação dessa cultura em novas áreas Conversamos com o pesquisador da Embrapa, Josué Francisco da Silva, sobre o estudo e suas prospectivas

Mangabeira

A mangaba tem o significado do seu nome indígena – “coisa boa de comer” Podendo ser encontrada nas baixadas litorâneas e tabuleiros do Nordeste, a Mangabeira é uma das maiores fontes de matéria-prima na agroindústria de sorvetes e sucos no Centro Oeste e no Nordeste

É uma árvore hermafrodita de porte médio, que vegeta em solos pobres, profundos e arenosos, o que facilita seu cultivo

A sua produção ocorre principalmente através do extrativismo, porém, nos últimos anos, com o crescimento de seu cultivo, mostrou-se uma atividade econômica relevante para comunidades de agricultores e agroextrativistas

ENTREVISTA
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Revista Anti-Horário: Qual a justificativa ou relevâncias da pesquisa realizada, e quais seus objetivos?

A pesquisa faz parte do projeto Sustentabilidade dos Sistemas de Produção Cultivada em Territórios dos Tabuleiros

Costeiros e Baixada Litorânea da Região Nordeste (Sismangaba), coordenado pela Embrapa, em parceria com a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), a Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), e teve por finalidade construir e compartilhar conhecimentos e tecnologias, visando melhorias nos sistemas de produção de mangabeira cultivada em territórios dos Tabuleiros

Costeiros e Baixada Litorânea do Nordeste, por meio de contribuições agronômicas, ambientais, econômicas e sociais

Para tanto foram mapeadas e caracterizadas as áreas cultivadas com mangaba nos estados de Sergipe, Paraíba e Rio Grande do Norte e avaliada a sustentabilidade dos sistemas de cultivo da mangabeira, bem como levantadas e analisadas informações socioeconômicas dos agricultores e consumidores de mangaba

Revista Anti-Horário: Na prática, como as melhorias propostas para a produção de mangaba podem favorecer a geração de tecnologias?

Durante a pesquisa foram identificados três sistemas de produção de mangabeira que

foram caracterizados como extrativistas, agroextrativistas e cultivados São sistemas que guardam semelhança entre si, mas também muitas diferenças. Nós focamos no sistema cultivado, uma vez que o sistema extrativista foi bem estudado por nossa equipe em Sergipe e será alvo de outra pesquisa na Paraíba que foi aprovada, mas ainda aguardamos a liberação de recursos para iniciar

Revista Anti-Horário: Quais as vantagens e benefícios do sistema de produção cultivado ou agrícola?

Esse sistema é desenvolvido basicamente pelos agricultores e consiste no plantio de mangabeira, diferentemente do extrativista e agroextrativista que envolve a coleta de frutos em mangabeiras nativas. Todos os sistemas têm vantagens e desvantagens No caso do sistema cultivado, os agricultores possuem terra e podem plantar a cultura da forma como lhe aprouver.

Revista Anti-Horário: Qual a importância do estudo prospectivo das áreas de cultivo?

As informações coletadas são importantes porque não existem dados de pesquisas sobre os sistemas de produção dessas áreas, inclusive sobre número de cultivos e as redes de produção e comercialização e políticas públicas voltadas para cultivo de mangabeiras e seus atores.

Revista Anti-Horário: Como a pesquisa pode vir a contribuir com o alcance das metas propostas pelo ODS 2 que diz respeito à fome zero e agricultura sustentável?

Na ODS 2, que trata da Fome zero e agricultura sustentável, pretende contribuir sobretudo com a meta 2.4 “Até 2030, garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo ” A pesquisa pretende contribuir com subsídio para as políticas públicas que fortaleçam sistemas de produção sustentáveis de mangaba

Revista Anti-Horário: Como os estudos do cultivo da mangabeira podem impactar as comunidades e o meio ambiente?

A cultura da mangaba tem caráter conservacionista e grande potencial para composição de sistemas agroecológicos e, sob o ponto de vista da sustentabilidade, possui efeitos socioeconômicos e ambientais positivos pela utilização reduzida ou nenhuma de insumos químicos e maquinário, e pela renda obtida com outros produtos na entressafra da mangaba.

Revista Anti-Horário: Quais foram os maiores desafios e obstáculos encontrados para realização da pesquisa?

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O principal obstáculo foi a quase total ausência de registros e informações de cultivos de mangabas, assim como a área de abrangência geográfica que foi muito grande contemplando três estados do Nordeste. O segmento de processadores de mangaba também foi um grande desafio, porque as informações prestadas não eram muito precisas.

Revista Anti-Horário: A mangabeira é utilizada por comunidades tradicionais não apenas como fonte de alimento, mas também como fonte de renda. Sabendo disso, como a pesquisa pode vir a contribuir não apenas para alcance das metas propostas pelo ODS 2, mas também para o ODS 8, que visa o trabalho decente e crescimento econômico?

Revista Anti-Horário: Como foi feita a comunicação com os agricultores? Houve em algum momento, durante a pesquisa, capacitação dirigida a eles? Se sim, como foi recebida?

A sequência de etapas da pesquisa caracteriza-se por expedições, visitas, diálogos com membros da equipe ali residentes e levantamento de dados de forma investigativa em todos os municípios do litoral dos três estados com vistas à identificação de áreas de cultivo de mangabeira e de agricultores plantadores No segundo momento, foram realizadas as visitas técnicas aos agricultores familiares e as entrevistas consentidas com questões semiestruturadas. A equipe sempre foi bem recebida em todos os estabelecimentos e os agricultores foram bastante gentis e mostraram grande prestimosidade em colaborar.

Revista Anti-Horário:

Ao que se deve a crescente demanda por produtos da sociobiodiversidade como a mangaba?

À mudança de hábitos de consumo, à disponibilização de produtos desconhecidos e ditos “exóticos” e à valorização de produtos saudáveis, com características nutracêuticas e provenientes de comunidades tradicionais e agricultores familiares têm favorecido frutas nativas, como a mangaba e outras

Todas as 98 áreas mapeadas, exceto duas, foram caracterizadas como de agricultura familiar A pesquisa encontrou que, segundo os agricultores, deveria haver uma compra garantida ou uma processadora de polpa nas comunidades Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a necessidade de se promover maior acesso dos agricultores familiares aos programas governamentais de aquisição de alimentos. Isso pode melhorar a comercialização e inserção da mangaba nos mercados e consequentemente favorecer a melhoria da condição econômica dos agricultores.

Revista Anti-Horário: Em caso de implantação em novas áreas, quais características que foram observadas a partir desta pesquisa são recomendadas para a análise?

O sistema de produção de mangaba é caracterizado como típico da agricultura familiar, com baixo investimento no plantio e manutenção, o que tem favorecido a satisfação dos agricultores com a cultura Apesar de os sistemas de produção de mangaba demandarem poucos insumos, observou-se ainda, por exemplo, o uso de fertilizantes minerais sem orientação técnica e de alguns produtos inseticidas químicos De um modo geral, a pesquisa científica e a extensão rural devem valorizar o saberfazer dos agricultores e estabelecer um diálogo entre os atores envolvidos em relação a todas as etapas do sistema de produção, seja tecnificado ou baseado no saber popular.

Análise do solo

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Foto: Acervo Embrapa/Josué Francisco

O estudo realizado, buscou além de mapear a distribuição espacial das áreas cultivadas, apresentar a caracterização geomorfológica, pedológica e climática das áreas de cultivo na mangabeira nos estados de Sergipe, Paraíba e Rio Grande do Norte Segundo a pesquisa, o cultivo da mangabeira mostrou-se viável sob todos os pontos caracterizados e possível de expansão para outras áreas da Baixada Litorânea e dos Tabuleiros Costeiros, além disso, existem muitas outras áreas com características semelhantes nos três estados, que podem vir a desenvolver a cultura, ampliando essas áreas de cultivo

Ainda aponta a possibilidade de reflorestamento de áreas desmatadas e degradadas com a planta, pois de acordo com a pesquisa, a mangabeira é fácil de vegetar e produzir em solos considerados pobres

O estudo da mangaba é relevante por sua contribuição para a biodiversidade, segurança alimentar, desenvolvimento econômico, sustentabilidade e preservação ambiental Ao compreender melhor o cultivo dessa fruta tropical e seu ecossistema, podemos tomar e cobrar medidas mais informadas para seu manejo, conservação e uso sustentável.

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Caracterização com amostras de solos Foto: Acervo Embrapa/ Josué Francisco

MONITORAMENTOOBJETIVA MITIGARADEGRADAÇÃODOS CORAISNOLITORALPARAIBANO

REPÓRTERES: MATHEUS ASSIS, MATEUS RONELLE, THAYLANNY ALMEIDA

O fluxo de turistas nas piscinas naturais, em João Pessoa, é intenso e aumenta o desgaste do ambiente marinho devido às ações decorrentes dessa atividade, como o aumento da temperatura e a poluição do ambiente. Inconformada com a situação, Cristiane da Costa Sassi, doutora em ciências biológicas, percebeu que algo precisava ser feito para amenizar esse problema. Assim, surgiu um projeto voltado ao monitoramento dos recifes e ao engajamento permanente dos visitantes em medidas de conservação da biodiversidade e usos futuros desses ecossistemas. Nasceu, em 2018, o Projeto de Extensão “Coral Eu Cuido”, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), coordenado por Cristiane, professora na UFPB. A ação conta também com a colaboração da psicopedagoga Viviane Pessoa, que trabalha a questão da psicologia ambiental e do engajamento social, e com a participação dos próprios alunos vinculados à instituição. O estudante de biologia João Carlos integra o projeto desde 2022 e ressalta que muitas pessoas não fazem ideia de que pequenas ações podem trazer grandes prejuízos ao ambiente marinho: “Muita gente não imagina que um simples ato pode impactar tanto esses ambientes. Porque os recifes são muito importantes, e quando você afeta os recifes, não está afetando apenas esse ecossistema, como todos ao seu redor”, explica o estudante.

REPORTAGEM
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Estudante faz análise dos corais em João Pessoa. Divulgação: Coral eu Cuido

Entretanto, a iniciativa surgiu bem antes disso Em 2007, a professora Cristiane Sassi já vinha trabalhando com pesquisas relacionadas a essa área, fazendo acender um alerta para a criação de alguma ação social voltada para a conservação “Comecei a perceber que apenas a pesquisa não bastava, precisava trazer uma devolutiva para o povo e orientar essas pessoas quanto a visitar o ambiente de uma forma menos depredatória”, destaca Cristiane.

Foi a partir disso que começou o primeiro projeto voltado para pesquisas e ações sociais em 2013, com o financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que continua apoiando a iniciativa Mas, apenas em 2018, ganha vida, apresentando um modelo de gestão integrada e participativa visando a preservação dos recifes costeiros da Paraíba, sobretudo no Bessa e no Seixas Campanhas de sensibilização, monitoramento da saúde dos corais e o compartilhamento de informações no site e Instagram, são algumas soluções encontradas pelos colaboradores do projeto, visando amenizar essa problemática. “A ideia é que o projeto se torne um modelo para o Estado e para todos os recifes da Paraíba, para que assim possamos ter um turismo sustentável e responsável”, pontua Cristiane Sassi

“A ideia é que o projeto se torne um modelo para o Estado e para todos os recifes da Paraíba, para que assim possamos ter um turismo sustentável e responsável”
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Equipe do Coral eu Cuido no laboratório destinado para a iniciativa. Foto: Thaylanny Almeida

AImportânciadosCorais

Os recifes de corais são as florestas tropicais dos oceanos e é um dos ecossistemas mais diversos do mundo Segundo Amanda Vasconcelos - Mestre em Ecologia e Monitoramento Ambiental, ao contrário do que muitos pensam, os pulmões do mundo são os corais, não a floresta amazônica. Isso é justificado pelo processo de simbiose que as colônias de corais fazem com múltiplas espécies de microalgas em todo o oceano, resultando numa biodiversidade ampla e sem precedentes Segundo dados do Instituto Brasileira de Floresta, as algas são responsáveis pela produção de 54% do oxigênio disponível Aliás, o equilíbrio do ecossistema proporcionado pelos recifes de corais é muito importante, pois espécies de peixes, algas e crustáceos acabam integrando essa colônia, mantendo assim uma equidade no espaço marinho e terrestre

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Monitoramento dos Corais

A pesquisa é feita em campo pela equipe do projeto ‘Coral Eu Cuido’ Eles utilizam uma corda chumbada e uma fita métrica para medir o diâmetro das colônias de corais. Essa metodologia é fundamental para ter o conhecimento da saúde desses seres vivos. O registro de dados ocorre embaixo d’água com o uso de uma prancheta de PVC, para evitar o desgaste e a alteração dos dados

O chamado "cartão de cor" utilizado pela equipe foi desenvolvido pela universidade australiana Queensland. Este cartão é importante para saber se os corais estão com algum tipo de branqueamento, que é a perda de nutrientes devido às condições naturais e ações humanas Dessa forma, ocorre a verificação do estado de saúde desses animais marinhos e a análise das condições ambientais, como temperatura, salinidade e profundidade.

Amanda é uma das integrantes mais antigas e engajadas do projeto Ela destaca a divisão dos sítios nas praias em que a equipe do ‘Coral, Eu Cuido’ monitora: “Tanto no Bessa, quanto no Seixas, nós utilizamos 4 sítios de coleta de dados. Desses 4 sítios, 2 são locais de alto uso e 2 de baixo uso, nas duas áreas Alto uso é onde recebe grande visitação turística, ou seja, onde os caiaques do Bessa vão e onde os Catamarãs do Seixas vão A parte de baixo uso é onde não tem visitação turística, nós chegamos como se fosse uma área-controle. É feita uma comparação dessas áreas, para termos um balanço geral da situação daquele espaço marinho ” , conclui Amanda

Tabela de PVC e Cartão de cor para coleta de dados submarinos. Foto: Thaylanny Almeida

Esses sítios são locais determinados pela equipe e servem de parâmetro para comparações, estudos e pesquisas Segundo a coordenadora Cristiane, o monitoramento dos corais é feito duas vezes por mês, quando a maré está favorável para coleta de dados. Uma equipe de mergulho vai aos locais definidos e faz todas as anotações nas pranchetas de PVC O grupo utiliza um protetor-solar desenvolvido pela marca americana Australian Gold que não agride os corais, pois eles são bastante sensíveis a determinados componentes dos variados produtos utilizados pela população.

1 - Tubos de ensaio contendo amostras de microalgas

2,3,4 - Modelos de espécimes de corais e esponja

5 - Tabela de Cnidários presentes no litoral paraibano

Fotos: Thaylanny Almeida

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Campanhas

de

As ações desenvolvidas pelo projeto têm como objetivo principal ensinar e conscientizar a população que visita as praias: "A gente explica um pouquinho como ocorre e a partir dessa demonstração nós falamos sobre as práticas conscientes, que é o que eles podem praticar ao visitar os ambientes das piscinas naturais, curtindo o passeio sem agredir o ambiente ” , conta Amanda

Durante os períodos de maré baixa, o projeto organiza uma pequena estrutura próxima aos pontos de embarque dos Catamarãs para dialogar com os turistas que irão fazer o passeio. Nessa estrutura, tematizada com o título “Vêm para a tenda do Coral Eu Cuido”, buscam informar e sensibilizar os visitantes sobre a vida dos corais e da fauna marinha, através de banners, cartilhas, amostras e dinâmicas didáticas, como a pescaria consciente, voltada para o público infantil Já nos Catamarãs, atualmente, a equipe disponibiliza um áudio explicativo, para que as orientações sejam passadas durante o trajeto.

Além da praia, o time também atua no Aquário Paraíba, que é um parceiro do projeto. Há uma programação da tenda no aquário que ocorre, pelo menos, duas vezes ao mês: “No aquário a abordagem é bem diferente, pois as pessoas param, escutam, interagem e fazem perguntas. Diferente da praia, que é a maior correria, porque a galera só quer embarcar no catamarã, aí ficamos implorando para conversar um pouco”, relata Amanda, que complementa: “Às vezes temos que maneirar na fala e não dá pra falar tudo, é uma coisa mais resumida, mais objetiva ”

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Materiais utilizados para conscientização das crianças sobre preservação: Jogo de pescaria e Cartilha educativa. Fotos: Thaylanny Almeida

Sensibilização

Com o intuito de envolver ainda mais as pessoas na causa, no site do projeto, foi criada uma aba intitulada “Cientista Cidadão”, ou seja, os banhistas que encontrarem algum coral branqueado, por exemplo, podem tirar uma foto e mandar através do formulário disposto na aba para ajudar a equipe nesse trabalho de preservação.

“Quando estamos na praia fazendo as ações de conscientização, costumamos dizer para as pessoas que estão indo visitar os recifes sobre essa proposta, para que elas possam colaborar no nosso monitoramento”, comenta a estudante de biologia Larissa Monteiro, que faz parte do projeto desde o ano passado Porém, a coordenadora Cristiane alertou para o fato de não terem recebido muitos formulários e que ainda é necessário muito trabalho e divulgação para que mais pessoas conheçam essa iniciativa

O site apresenta uma linguagem de fácil compreensão, trazendo uma visão geral sobre o projeto, os integrantes que compõem a equipe, as ações que vêm sendo realizadas e uma galeria de fotos, todas tiradas por eles quando vão mergulhar. Aborda o conteúdo de uma forma didática, ao utilizar um mapa interativo para que os leitores conheçam um pouco mais dos Recifes e Corais da Costa Paraibana.

Além de contar com gráficos e dados das áreas monitoradas referentes às doenças, grau de branqueamento e o estado de saúde desses corais

Além disso, também contam com um perfil no Instagram onde são postados vídeos, fotos, vlogs e posts informativos sobre assuntos referentes às ciências biológicas e ao próprio projeto e eventos que a equipe participa. Assim, o público fica atento aos dias em que as ações sociais estão sendo realizadas nas praias para irem até lá conhecer um pouco desse trabalho, caso desejem.

Membros do projeto explicam para visitantes a importância da conservação dos corais. Divulgação: Coral Eu Cuido
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E os Resultados?

Apesar da iniciativa do projeto Coral Eu Cuido ser importante para a preservação dos Recifes Costeiros da Apesar da iniciativa do projeto Coral Eu Cuido ser importante para a preservação dos Recifes Costeiros da Paraíba, muito ainda precisa ser feito para evitar o seu desaparecimento e assegurar que os corais continuem Paraíba, muito ainda precisa ser feito para evitar o seu desaparecimento e assegurar que os corais continuem sendo um dos pilares fundamentais para o garantia do nosso oxigênio, pois como destaca a Mestre em sendo um dos pilares fundamentais para o garantia do nosso oxigênio, pois como destaca a Mestre em Ecologia Amanda: “Os recifes de corais são o verdadeiro pulmão do mundo” Segundo ela, não é uma tarefa Ecologia Amanda: “Os recifes de corais são o verdadeiro pulmão do mundo”. Segundo ela, não é uma tarefa fácil realizar a computação desses dados e, acredita que ainda não chegaram aos resultados almejados com a fácil realizar a computação desses dados e, acredita que ainda não chegaram aos resultados almejados com a preservação dos corais. preservação dos corais

Ação na praia: Os membros do projeto realizam duas vezes por mês ações de conscientização e monitoramento dos corais. Divulgação: Coral Eu Cuido

As ações do projeto ajudam a mitigar o problema, porém, possuem limitações, visto que para ter maiores

As ações do projeto ajudam a mitigar o problema, porém, possuem limitações, visto que para ter maiores resultados é necessário que o turismo leve em consideração a condição de fragilidade do ambiente ao visitar resultados é necessário que o turismo leve em consideração a condição de fragilidade do ambiente ao visitar as piscinas naturais “É uma das nossas propostas de sensibilização começar a conversar com os agentes de as piscinas naturais. “É uma das nossas propostas de sensibilização começar a conversar com os agentes de turismo e os órgãos ambientais, como a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA) e a turismo e os órgãos ambientais, como a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA) e a Secretaria do Meio Ambiente, para que, assim, quando existir um alto percentual de corais doentes e Secretaria do Meio Ambiente, para que, assim, quando existir um alto percentual de corais doentes e branqueados, houvesse uma redução no número de pessoas visitando esses espaços, porque os corais branqueados, houvesse uma redução no número de pessoas visitando esses espaços, porque os corais podem se recuperar dependendo das condições”, destaca a coordenadora Cristiane Sassi. podem se recuperar dependendo das condições”, destaca a coordenadora Cristiane Sassi

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Diáriodebordo

No dia 26 de maio, fomos à João Pessoa para conhecer melhor o projeto “Coral Eu Cuido”, da UFPB Ao

No dia 26 de maio, fomos à João Pessoa para conhecer melhor o projeto “Coral Eu Cuido”, da UFPB. Ao chegarmos no local, a idealizadora Cristiane Sassi e alguns integrantes nos recepcionaram de forma positiva. chegarmos no local, a idealizadora Cristiane Sassi e alguns integrantes nos recepcionaram de forma positiva Eles foram bastante atenciosos e mostraram um pouco do laboratório de algas e o espaço disponibilizado Eles foram bastante atenciosos e mostraram um pouco do laboratório de algas e o espaço disponibilizado para que possam trabalhar a iniciativa Além de explicar detalhadamente como tudo funcionava, desde as para que possam trabalhar a iniciativa. Além de explicar detalhadamente como tudo funcionava, desde as pesquisas aos métodos utilizados para o monitoramento e a coleta de dados A equipe nos trouxe uma breve pesquisas aos métodos utilizados para o monitoramento e a coleta de dados A equipe nos trouxe uma breve experiência da importância dos animais marinhos, em especial os corais, e de como devemos protegê-los. experiência da importância dos animais marinhos, em especial os corais, e de como devemos protegê-los

Toda a vivência foi enriquecedora para o nosso conhecimento e, ao fim da entrevista, nos presentearam com

Toda a vivência foi enriquecedora para o nosso conhecimento e, ao fim da entrevista, nos presentearam com brindes e fizeram o convite para voltarmos mais vezes brindes e fizeram o convite para voltarmos mais vezes

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A equipe do projeto integra docentes, estudantes, voluntários e colaboradores em prol da sustentabilidade

Foto: Acervo do Mares Sem Plástico

REPÓRTERES: ANGÉLICA ARAÚJO, EVA LEITE

A poluição plástica é um problema global Uma das preocupações de maior destaque é a presença de lixo plástico nos oceanos, e há décadas, entidades governamentais, assim como ações independentes da própria sociedade, buscam entender o cenário e trazer respostas Segundo o diagnóstico realizado pelo Blue Keepers, projeto que faz parte da Plataforma de Ação pela Água e Oceano do Pacto Global da ONU, no Brasil, estima-se que um cidadão produza 16 kg de lixo plástico por ano. O estudo aponta também que 33% do plástico produzido em todo o Brasil acaba chegando ao oceano por diversos meios

A pesquisa, realizada entre julho de 2021 e abril de 2022, tem como objetivo unir empresas, governos e sociedade pelo combate à poluição dos mares, seguindo os preceitos do 14º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS-14) e da Agenda 2030, promovida pela ONU. É dentro de um cenário com maiores incidências de mudanças climáticas e ameaças aos ecossistemas, antes apenas previstas, e hoje observadas em diversas partes do planeta, que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) tem realizado negociações com o propósito de discutir essa temática, apontando não apenas os problemas, mas soluções reais e possíveis, com o apoio de todas as nações

Em seu relatório mais recente, “Fechando a torneira: como o mundo pode acabar com a poluição plástica e criar uma economia circular”, publicado em maio de 2023, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) aponta que o ciclo do plástico precisa ser revisto, partindo de ideais e práticas sustentáveis que envolvam política e mercado, desde a criação, ao consumo e descarte dos resíduos Ou seja, para o desenvolvimento de políticas e soluções sustentáveis, torna-se importante compreender o problema, suas extensões e os caminhos possíveis para reverter a situação global. Nesse sentido, o papel da humanidade é, hoje, mais do que nunca, buscar soluções para reverter o cenário de impacto da poluição plástica Mas, por onde começar? Há quatro anos, um projeto de extensão vinculado à Universidade Federal da Paraíba (UFPB) busca, através da educação, bem como por meio de campanhas e intervenções práticas, mostrar como a preservação dos mares pode ser uma iniciativa de todos

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Integrante durante limpeza e triagem do lixo coletado.

Foto: Acervo do Mares Sem Plástico

Mares Sem Plásticos

João Pessoa é uma cidade banhada por uma região litorânea considerada um dos oásis da região nordeste do país, abrangendo 24 km de extensão ao longo de nove praias. A capital paraibana é conhecida pelas belas orlas e paisagens naturais de encher os olhos. Mas, só nos últimos quatro anos, foram mais de 4 toneladas de lixo plástico coletadas no litoral do estado, resultado do trabalho árduo e incansável de limpeza e educação ambiental promovido pelo projeto Mares Sem Plásticos (MSP).

Quem coordena a iniciativa é a Prof ª Dr ª Cláudia de Oliveira Cunha, do Departamento de Química e Centro de Ciências Exatas e da Natureza, da UFPB. O projeto institucional também está enquadrado na ODS-14 (Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável) e teve início em 2019. Ele vai muito além da superfície do problema que é a poluição plástica, estendendo-se às linhas de pesquisa, à educação ambiental e à participação da comunidade através de ações de limpeza, campanhas e intervenções, além de realizar cursos, oficinas e palestras, que contam com massivo apoio de uma equipe interdisciplinar formada por docentes, estudantes, voluntários e colaboradores

O trabalho de campo do Mares Sem Plástico envolve principalmente a limpeza das praias, a triagem do lixo coletado e a catalogação dos dados. Ao todo, o projeto já realizou monitoramento sazonal dos resíduos no ambiente de seis praias de João Pessoa: Cabo Branco, Tambaú, Manaíra, Jardim Oceania, Bessa e Intermares. Como explica a professora Cláudia Cunha: “Dentro de uma ação de coleta, existe todo esse trabalho, que muitos acham que é só limpar a praia e catar lixo, mas, na verdade, não é isso É algo maior ” Para além da parte prática, a educação ambiental é um dos pontos mais trabalhados dentro do projeto. Por isso, a coordenadora destaca a importância de engajar a sociedade por meio de ações educacionais, mostrando aos banhistas o impacto do plástico nos ecossistemas marinhos e promovendo o descarte correto desses resíduos, um tipo de abordagem que o projeto utiliza, e que já impactou mais de 400 pessoas diretamente nas praias da cidade

A coleção de lixo marinho do projeto é utilizada como ferramenta didática nas ações

Foto: Eva Leite

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A conscientização é parte fundamental do combate à poluição plástica, e não basta apenas conhecer o ciclo de produção, uso e descarte dos resíduos plásticos, ou entender os riscos que o consumo desenfreado causa para a saúde ou o meio ambiente, mas também incentivar a adoção de práticas mais sustentáveis Uma mudança nos hábitos de consumo, aliada a iniciativas políticas e econômicas pode, até 2040, reduzir em 80% a poluição plástica, segundo o relatório da PNUMA O mundo precisa de uma mobilização massiva para a causa, com ações que começam hoje, no presente, e por isso, o estudo aponta medidas possíveis, e urgentes, baseadas em soluções sistêmicas, como mudanças nas políticas e regularização da produção dos plásticos, desde o material de fabricação ao design desses produtos, em um ciclo que envolve o incentivo ao banimento dos

plásticos de uso único, e ao desenvolvimento de plásticos biodegradáveis Dessa maneira, é possível falar sobre uma economia sustentável, que cuida do meio ambiente, e que conta com expressiva contribuição observada nas universidades

O Mares Sem Plástico foi idealizado como um projeto de ações educacionais externas, mas a partir da execução dessas atividades, outras problemáticas ganharam atenção e passaram a ser potencialmente estudadas e inseridas nas linhas de pesquisa, sob a autoria dos alunos voluntários Hoje, o projeto desenvolve pesquisas no Laboratório de Estudos em Química Ambiental (LEQA), do Departamento de Química da UFPB, que visam monitorar a presença de plásticos nos mares e avaliar os fatores de transmissão de microplásticos na atmosfera, como relata Cláudia Cunha: “Os microplásticos são partículas muito

pequenas, na escala nano ou micro, que chamamos de plástico invisível e está disperso no ar e no nosso corpo, seja através da água que a gente consome ou da comida Não apenas os animais marinhos, mas também os alimentos industrializados, têm a presença desses poluentes”. E o trabalho científico não para por aí: outro estudo de destaque se refere ao uso de bitucas de cigarro para fabricação de papel biodegradável: “As bitucas que recolhemos nas limpezas de praia são trazidas para o laboratório, onde fazemos a recuperação desse material através da produção de papel. Com isso, avaliamos o tratamento, fazendo um papel semente, que é todo artesanal, e durante a confecção da folha na tela, colocamos também algumas sementes de plantas e observamos a germinação”, explica a coordenadora do projeto

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Quanto mais comprometida a população, maior a chance de construir um mundo mais sustentável Foto: Acervo do Mares Sem Plástico

Um dos itens mais comuns achados nas coletas são

Em contrapartida, os macro plásticos, resíduos sólidos e visíveis, chegam ao ambiente marítimo através do descarte incorreto do esgoto, rios poluídos, bueiros e materiais de pesca, por exemplo. O acúmulo de lixo plástico ameaça o habitat marinho, e é nas ações de limpeza de praia que o Mares Sem Plástico procura observar de perto o problema. Durante a coleta nas praias, o material passa por uma triagem minuciosa pelas mãos dos voluntários, seguindo para a limpeza, análise, pesagem e catalogação dos resíduos. Através desse monitoramento, é possível obter um panorama sobre os riscos e medidas para preservação do ambiente costeiro e dos recursos marinhos. Investigando a origem e o comportamento da liberação dos resíduos plásticos, tanto em ambiente externo quanto interno dos ecossistemas terrestre e marítimo, é possível quantificar soluções assertivas e medidas ambientais para fabricação do plástico Cada agente tem um papel a cumprir, e este é um trabalho de formiguinha valioso para a humanidade: “Falamos muito sobre o impacto da poluição, mas também temos que dar a solução”, afirma a coordenadora do projeto.

Além da estrutura para o desenvolvimento das pesquisas, o LEQA abriga ainda a Coleção de Lixo Marinho (COLIMAR), acervo com os materiais coletados nas ações do projeto, que faz parte da Rede Brasileira de Coleção de Lixo Marinho Re-COLIXO Com uma diversidade de itens, desde os mais comuns como tampas de garrafas, a objetos de origem de países estrangeiros, a coleção é preservada e aberta para visitação, além de ser utilizada como ferramenta didáticocientífica nas atividades de educação ambiental

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Equipe durante limpeza de praia Foto: Acervo do Mares Sem Plástico as bitucas de cigarro Foto: Eva Leite O projeto chega a encontrar lixo plástico de origem estrangeira nas praias de João Pessoa Foto: Acervo do Mares Sem Plástico

Sementes da preservação ambiental

O projeto Mares Sem Plástico entendeu a importância de educar para o futuro pouco tempo após dar início às atividades nas praias. Segundo a coordenadora, foi observado um grande número de crianças que, acompanhadas dos responsáveis, participavam e demonstravam interesse nas ações do projeto Foi então que surgiu o projeto Guardiões do Mar, que oferece oficinas educativas e atividades lúdicas para o público infantil nas praias, escolas e associações, buscando abordar a sustentabilidade desde a primeira infância através de ferramentas pedagógicas: “Levamos as crianças para fazer esse trabalho e disseminar o conhecimento sobre o descarte correto, a forma certa de tratar o lixo, desde a compra até o descarte”, conta Antonio Marcos, estudante de Engenharia Ambiental (UFPB) e voluntário do projeto há um ano Ações como essas destacam a necessidade de uma educação abrangente para construir uma geração futura mais comprometida com a preservação dos oceanos E, por isso, o projeto busca deixar uma sementinha de conscientização por onde passa. Afinal, ela é a base para construir uma sociedade onde a sustentabilidade possa ser levada a sério. Seja na pintura de um muro ou de um bueiro, na instalação de coletores de bitucas, em palestras nas escolas e nas campanhas em feirinhas, ou ainda com a presença forte nas redes sociais, o Mares Sem Plástico chega longe, e consegue cada vez mais fazer alguém entrar nessa onda sustentável Quanto mais comprometida a população, maior a chance de construir um mundo melhor e, para o projeto, isso implica em fechar mais parcerias público-privadas. A professora Cláudia Cunha relata que o Guardiões do Mar se depara com dificuldades que limitam a expansão do projeto: “Em algumas comunidades, os alunos não têm material para as atividades, então tentamos fechar parcerias Mas, muitas das vezes, não há essa reciprocidade”

Por outro lado, o engajamento de voluntários e colaboradores no desenvolvimento das ações é uma crescente que anima o projeto Para Antonio Marcos, o Mares Sem Plástico já possui estrutura forte, com vasto portfólio de atividades e capacidade de se dividir em subgrupos de atuação, bem como conta com presença marcante na mídia e redes sociais, alcançando públicos diversos: “É importante que outras iniciativas tenham em quem se apoiar, pois o país tem uma faixa de litoral muito grande, então acho que de certa forma o projeto não impacta apenas aqui, mas também em outras partes do Brasil”

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Através de oficinas lúdicas, o projeto leva conscientização para o público infantil Foto: Acervo do Mares Sem Plástico

Além das fronteiras

A repercussão do Mares Sem Plástico chegou a nível internacional Em maio de 2023, a coordenadora Cláudia Cunha integrou a delegação brasileira na segunda sessão do Comitê Intergovernamental de Negociações (INC2) em Paris, França, na sede da UNESCO, para discutir medidas e soluções contra a poluição plástica, também em ambiente marítimo O convite veio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), e representa o reconhecimento dos esforços do Mares Sem Plástico, que são traduzidos continuamente em ações, números, pesquisas e, principalmente, em pessoas impactadas pelas atividades do projeto: “Foi uma experiência única estar numa plenária debatendo um assunto tão importante, vendo o que cada nação pensa para a realização de um acordo global contra a poluição plástica Fomos muito bem representados pelo Ministério de Relações Exteriores, essa participação também promoveu conexões com o Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Saúde Então, foi um momento muito rico”, relata Cláudia

E, assim como a educação, a arte também conecta e comunica. Isabelly Dias, estudante de Ciências Biológicas (UFPB), conta que está no Mares Sem Plástico há dois anos, e uma das atividades mais marcantes em que participou foi na produção da exposição (A)MAR, realizada em março de 2023. Foi o segundo evento artístico promovido pelo projeto, com o objetivo de mostrar, através dos materiais coletados nas limpezas, reflexões acerca da poluição plástica, na forma de obras de arte e mostras fotográficas. A realização dessas atividades partiu das mentes criativas dos voluntários, que reuniram ideias e inovação para criar, em conjunto, obras únicas em um significativo espaço para manifestação do pensamento sustentável, de que cada peça possui uma história para contar, seja por meio da arte, ou no cotidiano Pelos muros da cidade, ou nos bueiros das calçadas, o projeto também deixa a sua marca

Através das intervenções artísticas, a sociedade é instigada a fazer parte do combate à poluição plástica, e tomar conhecimento de que “o mar começa aqui”, a partir da iniciativa individual e coletiva de preservá-lo

Além das exposições, o projeto possui ainda os próprios produtos que integram a lojinha do Mares Sem Plástico: canudos de inox, bottons, lixeirinhas e ecobags são alguns deles Todo o valor arrecadado com a venda dos produtos são revertidos para constante desenvolvimento e manutenção das atividades do projeto.

Por meio de ações como essas, três destaques do ciclo sustentável seguem em valorização: reutilizar, reciclar e reorientar “Nós estamos na década do oceano, que vai de 2021 a 2030, estamos trabalhando essa temática da preservação, e principalmente combatendo a poluição plástica A gente nunca é responsável apenas pelo que descartamos, mas também pelo que consumimos Trabalhamos com crianças na primeira infância para que realmente exista um caminho de transformação, que eles consigam colocar em prática o que não fomos capazes de fazer Precisamos pensar a poluição plástica como um problema global, e fazendo isso primeiramente a partir da nossa casa, do consumo, dos nossos hábitos no dia a dia, cada um praticando os conceitos de sustentabilidade Tudo faz a diferença”, explica Cláudia Cunha E o objetivo é ir cada vez mais além, disseminando a economia circular e hábitos sustentáveis, mostrando que a sociedade pode e deve participar desse trabalho, por meio da ciência cidadã A coordenadora do projeto aponta que as expectativas para os próximos anos são envolver a comunidade nas pesquisas científicas, trazendo turmas de ensino médio para dentro dos laboratórios, e permitindo que sejam originadas mais soluções para a poluição plástica

À medida que os oceanos continuam enfrentando ameaças como o lixo marinho, iniciativas como o Mares Sem Plástico se destacam como faróis de esperança

Mais de 4 toneladas de lixo plástico já foram coletados nas ações do projeto Foto: Acervo do Mares Sem Plástico

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Diáriodebordo

Buscar soluções no litoral é abraçar um verdadeiro mar de potencialidades que existem e resistem bem além

Buscar soluções no litoral é abraçar um verdadeiro mar de potencialidades que existem e resistem bem da região costeira do estado. O projeto Mares Sem Plásticos foi um divisor de águas quanto à forma que da região costeira do estado O projeto Mares Sem Plásticos foi um divisor de águas quanto à forma que pensávamos a poluição em geral, mas especificamente o lixo nos mares. Não apenas em relação ao descarte pensávamos a poluição em geral, mas especificamente o lixo nos mares Não apenas em relação ao descarte correto, mas também no que tange o consumo e pequenas escolhas que fazem a diferença no dia a dia O correto, mas também no que tange o consumo e pequenas escolhas que fazem a diferença no dia a dia. O MSP realiza seus trabalhos com base no cumprimento de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, MSP realiza seus trabalhos com base no cumprimento de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e procura, através da ação coletiva e científica, encontrar soluções para proteger o planeta e guiar a e procura, através da ação coletiva e científica, encontrar soluções para proteger o planeta e guiar a sociedade nesta missão sociedade nesta missão.

A experiência de conhecer de perto esse projeto, que tem espaço na UFPB e para além dela, é algo que nos fascina enquanto integrantes do Anti-Horário e nos deixa felizes em saber que, agora, sempre terá esse fascina enquanto integrantes do Anti-Horário e nos deixa felizes em saber que, agora, sempre terá esse apoio, parceria e conhecimentos registrados na revista A contribuição do Mares Sem Plástico foi o que nós apoio, parceria e conhecimentos registrados na revista A contribuição do Mares Sem Plástico foi o que nós procuramos transmitir nesta reportagem e reforçar, mais uma vez: a educação como base fundamental e procuramos transmitir nesta reportagem e reforçar, mais uma vez: a educação como base fundamental e agente transformador Não tem como pensar em mudança sem conhecimento, e esse é um dos temas que agente transformador. Não tem como pensar em mudança sem conhecimento, e é um dos temas que está sempre em pauta nas atividades desenvolvidas pelo Anti-Horário está sempre em pauta nas atividades desenvolvidas pelo Anti-Horário

A experiência de conhecer de perto esse projeto, que tem espaço na UFPB e para além dela, é algo que nos

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BASTIDORES 43

B E L E Z A S D O L I T O R A L

GALERIA
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POTIGUARAS
ÁGUAS
SEREIAS DA
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MARES
SEM PLÁSTICO VIVA O PEIXE-BOI-MARINHO EMBRAPA TABULEIROS COSTEIROS CORAL EU CUIDO
PENHA

Acendam o Litoral

Acendam o farol

Meu barco já tem navegado há um tempo

Acendam a luz do sol

E me deixem sentir o vento

Tenho sentido a imensidão do mundo Assim como quando firmo os pés à beira-mar Desejo mergulhar no mar a fundo

Emergir apenas para respirar

Sinto tanta falta de ti Sinto tanto a sua falta, meu litoral

Fonte de cultura, riqueza e beleza

Oh, meu esbelto país tropical

Sinto falta do meu povo Quando tomam suas praias Pescando e catando conchas na areia

Sinto falta do meu povo Comendo, sorrindo, vivendo À melodia do doce canto da sereia

Mas sereias têm se manchado de óleo Peixes aprenderam a se afogar

Corais coloridos branquearam

Anseio pelo dia em que isso irá mudar

Oh, meu litoral

Volta para mim e eu voltarei para ti A luz do Farol, ainda não vi

Mas o nascer do sol está a refletir

Te prometo que jamais sairei daqui Prometo jamais aposentar meus anzóis

Mas quando meu corpo envelhecer e esfriar Aquece minha alma com a brisa de teus lençóis

Matheus Assis

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