O Fluminense - Especial Itaboraí

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Itaboraí PARTE INTEGRANTE DE O FLUMINENSE, NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Domingo, 24, e segunda-feira, 25/1/2016 Projeto Especial

A CIDADE SE REINVENTA

Com criatividade e determinação, município luta para driblar a crise


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Projeto Especial

ITABORAÍ

Domingo, 24, e segunda-feira, 25/1/2016

ENTREVISTA HELIL CARDOZO

EDITORIAL

Seriedade para superar a crise Foco principal de grandes investimentos nos setores público e privado nos últimos anos, em função da construção do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro, o município de Itaboraí sofreu um baque sem precedentes com o anúncio da paralisação das obras do Comperj. E, com o agravante da crise econômica que afeta todo o País, se viu às voltas com problemas imediatos causados por desemprego e desaceleração do crescimento, num cenário de retração e, pior, com uma população bem maior. Afinal, atraídos pela nova Eldorado, milhares de trabalhadores escolheram a cidade para viver, em busca de emprego e melhores condições de vida, trazendo também uma demanda bem maior por serviços básicos essenciais. Em meio a tamanho revés, após um período de desenvolvimento ímpar, Itaboraí conseguiu aliar criatividade e determinação para seguir em frente, garantir que as conquistas não se perdessem e vem dando mostras de competência na gestão municipal. As obras de saneamento e asfaltamento estão a pleno vapor, projetos considerados pioneiros como a clínicaescola para autistas, continuam funcionando e a Prefeitura, nos últimos meses, vem conseguindo atrair novos investidores. A cidade dispõe de infraestrutura adequada para receber mais empreendimentos e conta com uma população que luta para superar a crise econômica com trabalho e criatividade. Exemplos não faltam e, nesta edição, mostraremos alguns deles, em especial o que o município vem realizando para manter o desenvolvimento da cidade. Sandro Giron/Divulgação

Itaboraí

EXPEDIENTE

Diretora de multimídia: Liliane Souzella Editoras-executivas: Sandra Duarte e Simone Porto Diagramação: Wemerson Marreiro Capa: Divulgação/Sandro Giron Redação: Rua Visconde de Itaboraí, 184, Centro, Niterói CEP 24.035-900 – Telefone: (21) 2125-3068 Comercial: (21) 2125-3031, comercial@ofluminense.com.br

Conquistas mantidas e desafios a superar Sandro Giron/Divulgação

Com toda essa crise e a paralisação do Comperj, o senhor acredita na recuperação econômica de Itaboraí? Helil – Sim, claro. Neste momento, estamos cortando gastos para manter nossas conquistas. É hora de rever e até adiar alguns planos para esperar a crise passar e, com certeza, vai passar. Os mais jovens talvez não se lembrem, mas já vivemos tempos muito mais difíceis, de inflação nas alturas, e superamos. O importante é manter o foco e usar a criatividade para driblar as dificuldades até que a economia do País volte à normalidade. O destino da cidade pode ser voltar ao passado? Helil – De modo algum. O que foi feito, os investimentos em saúde, compra de novos equipamentos, modernização do hospital com implementação do Pronto-Socorro Infantil, aquisição de um tomógrafo e melhorias na maternidade não voltam atrás. A Clínica-Escola do Autista, referência em inclusão social no País, continuará em funcionamento. Temos obras em vários bairros graças às parcerias com o Estado e às emendas parlamentares junto ao Orçamento da União. Vamos entregar a maior obra do Minha Casa Minha Vida no Estado: são 3 mil apartamentos na Reta. Essas conquistas representam avanço e não retrocesso. Estamos dando a volta por cima. O que está sendo feito para melhorar a arrecadação? Helil - Estamos estimulando a abertura de novos negócios e a economia criativa. Somos uma cidade preparada, com estrutura de hotéis e centros comerciais, para atrair novos investidores. Acabamos de receber a primeira fábrica do grupo norueguês Jotun na América Latina. Os espaços ociosos estão sendo ocupados com serviços. É o caso do Detran, que agora funciona numa parte do Shopping Itaboraí Plaza, recém-inaugurado. Também conseguimos instalar a Secretaria de Planejamento e o Centro do Empreendedor no Helix, um espaço moderno, com hotel, lojas e até heliponto, a um custo menor do que o que tínhamos nos prédios onde essas secretarias funcionavam antes. O senhor ainda acredita no Comperj? Helil – Não no projeto inicial, que incluía um complexo petroquímico com quatro unidades, duas refinarias e duas usinas de processamento. Mas tenho a certeza de que a refinaria, cujas obras já atingiram 85%, vai acontecer. Temos lutado muito por isso. Com apoio dos prefeitos da região, trabalhadores, sindicatos, comerciantes e empresários fizemos um ato em frente à sede da Petrobras que reuniu cerca de seis mil pessoas em agosto

de 2015. A partir daquele momento, mostramos que não estamos de braços cruzados, e abrimos o diálogo com o novo presidente da companhia. Ele nos garantiu que as negociações com grupos estrangeiros para a retomada da obra da refinaria estão avançadas. Que boa notícia o senhor teria para os itaboraienses neste momento? Helil – Mesmo com todas as dificuldades, conseguimos pagar o 13º salário dos servidores efetivos e comissionados no fim de 2015. As grandes obras também continuam. O primeiro trecho da 22 de Maio, por exemplo, está quase pronto. São melhorias que fazem diferença para quem vive aqui. O que a população pode esperar para 2016? Helil – Para este ano já temos garantidos recursos para mais obras, entre elas, quatro novas áreas de lazer. Vamos iniciar segundo trecho da 22 de Maio e ampliar as obras de abastecimento de água, especialmente na região de Cabuçu, Curuzu e São José. Estamos em negociação com um grupo chinês para abertura de um pólo logístico às margens do futuro Arco Metropolitano. A ampliação das obras e a retomada do crescimento são nossa meta.

O prefeito Helil Cardozo elenca melhorias e diz que Itaboraí vai continuar crescendo


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Obras não param, apesar da crise Cerca de 50 ruas de quatro bairros de Itaboraí passam por obras de infraestrutura e asfaltamento Fotos de Sandro Giron/Divulgação

Pela primeira vez na história de Itaboraí, os bairros de Nova Cidade, Quissamã, Bairro Chic e Meu Sossego estão recebendo obras de pavimentação. Até o final de 2016, 50 ruas terão sido beneficiadas com asfalto, calçadas, meios fios e obras de drenagem. As melhorias já começaram a ser feitas. Em Nova Cidade, as obras começaram em 17 das 20 ruas beneficiadas, e oito delas estão prontas. Os recursos para as melhorias são fruto de um convênio entre a Prefeitura de Itaboraí e o Ministério das Cidades, e também de emendas parlamentares ao Orçamento da União. A dona de casa Nilda Santos, de 43 anos, acompanhou cada etapa da obra e o dia a dia dos operários. “Antes, nem os carros conseguiam passar em dias de chuva. No meu portão ficava uma enorme poça de lama quando chovia”, relembra Nilda.

Nelson Motta, Saturnino Dias e Nilton Oliveira comemoram as melhorias

Eli zabet h da Conceição, 63, que mora há dois anos em Nova Cidade, diz ter tirado a sorte grande. “A q u i e r a u m l u g a r e m que quase ninguém queria m or a r p or c a u s a d a d i f iculdade de acesso. Agora, é daqui para melhor”, disse a moradora.

Parceria Há, ainda, uma parceria entre a Prefeitura e o Governo do Estado que já garantiu a pavimentação de 42 vias dos bairros Joaquim de Oliveira e Ampliação. Além do asfalto, calçadas e meios fios, também há rampas de acessibilidade para portadores de

Davi Gomes da Silva elogia as obras na Rua Maria Constância de Aguiar

necessidades especiais. “Muita coisa foi feita e sabemos que há muito a fazer. Mesmo diante da queda de mais de 50% na receita em 2015, estamos nos esforçando para cumprir os contratos já firmados antes deste cenário de crise”, explica o prefeito Helil Cardozo.

Equipes levam o asfalto à Rua Orminda Abreu, no bairro de Nova Cidade, uma das regiões de Itaboraí beneficiadas com as novas frentes de obras

Uma nova avenida A Avenida 22 de Maio, principal via de Itaboraí, com 9 quilômetros de extensão, também está sendo revitalizada. Além de nova pavimentação, a via será duplicada em diversos trechos, ganhará uma nova ponte em Venda das Pedras, ciclovia, acessibilidade, uma praça com Centro de Convenções e área para produção e comércio de objetos de cerâmica, além de equipamentos modernos de iluminação com fiação subterrânea e áreas de convivência. Mesmo vivendo uma realidade muito melhor agora, o aposentado João Batista, de 78 anos não esquece os dramas que já viveu no passado. “Quando chovia, lama e esgoto desciam do morro e escorriam para dentro do meu quintal. Ficávamos ilhados. Pensei que não seríamos mais lembrados, mas depois de tantos anos de espera, agora estamos sendo recompensados”, disse João. Juntos, os pastores Saturnino Dias, de 77 anos, Nelson Motta, de 84, e Milton Oliveira, de 49, também acompanharam a chegada do asfalto na Rua Orminda Abreu. “Q ua ndo che g uei na região, há 30 anos, era somente la ra nja, hav ia m poucos moradores e muita lama. A comunidade agradece e fica feliz com as melhorias”, afirma Saturnino Dias.


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Pará, o mestre do dominó Morador do Jardim Imperial organiza campeonatos na recém-reformada Praça Elias Saraiva Fotos de Sandro Giron/Divulgação

Mestre de obras e quase profissional do dominó, Pará não menciona a idade, nem revela o nome verdadeiro. Quando não está trabalhando, é fácil encontrá-lo em Itaboraí. Basta ir à Praça Elias Saraiva, no bairro Jardim Imperial. Depois que o local foi reformado e ganhou um espaço exclusivo para o jogo, ele comanda e organiza rodadas diárias, sempre muito disputadas. “Há 20 anos eu construí aqui uma mesinha de cimento para jogar dominó. Mas o espaço era precário. Com a reforma, ficou tudo muito diferente. A praça, que era reduto de bêbados e desocupados, agora é frequentada por aposentados, crianças e famílias. O clima é outro, temos cada vez mais tranqüilidade e parceiros para nosso joguinho”, diz Pará. As peças de dominó utilizadas hoje pelo grupo foram um presente do prefeito, no dia da reinauguração da praça. “Ele já conhecia a minha história e fez questão de manter a tradição. Mandou construir

A Praça Elias Saraiva passou por reforma completa e hoje oferece, além do dominó, várias atividades para adultos e crianças

Pará comanda as disputas de dominó

as novas mesas e me deu de presente quatro jogos novos”, lembra Pará. No Jardim Imperial, além da reforma da praça com as mesas de dominó, também foram instaladas mesas de damas e carteado, e ainda espaços

plantas ornamentais. A praça foi uma das seis inauguradas pela Prefeitura. Também foram contemplados o distrito de Manilha e as regiões de Apollo II, Venda das Pedras e Itambi, essa última com duas praças.

para as crianças e idosos. O lugar também recebeu as primeiras lixeiras automáticas de material reciclado do Estado, iniciando o programa piloto de coleta seletiva de lixo na cidade. Para completar a decoração, postes de luz foram de-

corados com fotos de moradores locais, escolhidos pela própria comunidade, e o paisagismo foi projetado com o uso de plantas ornamentais produzidas em Itaboraí, que está entre os principais produtores f luminenses de

Palco de espetáculos renovado

Teatro João Caetano de Itaboraí passa por primeira grande reforma desde a década de 80

O Teatro Municipal João Caetano foi o primeiro do Brasil a receber, em 1863, o nome do dramaturgo nascido na cidade. Atualmente, a casa passa por sua primeira grande reforma, desde a década de 80. A obra é executada pela prefeitura com recursos de R$ 1,2 milhão de emendas parlamentares ao orçamento do Ministério do Turismo. O teatro vai ganhar iluminação cênica, poltronas, novo telhado, pintura e caixa d´água, além de uma reforma total na rede elétrica e instalação de rampas para o acesso de pessoas com deficiência. O local estava sem condições de funcionamen-

Sandro Giron/Divulgação

to e havia sido interditado. “Agora vamos poder garantir um espaço novo aos frequentadores. Trata-se não só de investimento em cultura, mas da valorização do patrimônio da nossa cidade”, diz o presidente da Fundação Cultural de Itaboraí, Cláudio Rogério Dutra. Há muitos anos, a produtora e diretora Derly Gouveia, 69 anos, acompanha a trajetória do teatro e torcia pelas obras. “Dou parabéns pela iniciativa. Essa reforma já era para ter acontecido há muito tempo. Itaboraí não pode ficar sem teatro”, diz Derly, que preside o grupo teatral João Caetano.

Funcionários da Prefeitura trabalham nas obras do importante prédio histórico


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Fotos de Sandro Giron/Divulgação

Na Escola Municipal João Batista Cáfaro, as obras de reforma e ampliação já foram concluídas

Áreas de lazer e recreação oferecem mais opções aos alunos na Escola Municipal Romeu Simões

Mais de 50 escolas reformadas Programa Revita, da Prefeitura de Itaboraí, já beneficiou mais de 20 mil estudantes Itaboraí celebra a chegada de 2016 com 53 escolas municipais contempladas com obras de ampliação, manutenção e reforma. Iniciado em 2013, o Programa Revita já beneficiou mais de 20 mil alunos do município. Em 2016, outras 12 unidades escolares vão receber mel hor ias, incluindo a construção de quadras poliesportivas e salas de informática. Entre as unidades que já f ica ra m pronta s, a Escola Municipal João Batista Cáfaro agradou bastante a pais e alu-

ele já ter começado a estudar em uma sala nova. Certamente, isso o motivou bastante a vir às aulas”, diz Tuane. Todos os distritos de Itabora í já t ivera m unidades escolares contempladas. Os t raba l hos são f ina nciados com verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb) e incluem nos. Mãe do menino Kauan, a reforma nas redes elétrica e dona de casa Tuane Martins hidráulica, troca de telhado, aprovou o resultado. construção de novos banhei“Meu filho entrou aqui no ros, refeitórios e pintura, além colégio neste ano e fiquei mui- de aplicação de revestimentos to feliz com a oportunidade de nas paredes e adaptação dos

Este ano, mais 12 escolas irão receber obras de melhorias, quadras e salas de informática

mais conforto aos profissionais e alunos, o que ref lete na qua l idade do ensi no e da aprendizagem. Já alcança mos ma is da metade da rede, contemplando escolas que nunca haviam passado sequer por manutenção em suas estruturas”, diz Susilaine Duarte, secretária municipal de Educação e Cultura. espaços para acessibilidade A s a mpl iações i ncluem de pessoas com deficiência e a inda novas sa las de au la, mobilidade reduzida. locais de circulação e a cons“O objetivo do Revita é me- t r uç ão de á re a s ad m i n i slhorar as unidades escolares, trativas, como secretaria e pa ra que possa m oferecer almoxarifado.

Mais da metade das unidades da rede municipal já passou por obras, ampliação e manutenção

Novas salas de aula, espaços reformados e com mesas e carteiras novas são algumas das melhorias oferecidas aos alunos, professores e funcionários da Escola Municipal Romeu Simôes


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Empresas que cr

Considerado um local estratégico para os negócios, Itaboraí consegue superar problemas e atrai investidores

Uma cidade de oportunidades. É assim que grandes e pequenos empresários têm v isto Itabora í at ua l mente, mesmo em meio à crise econômica agravada pela paralisação das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Empreendedores identificam na região um local estratégico para a implementação de novos negócios, de pequeno e grande porte, o que vai contribuir para a recuperação da arrecadação municipal, encolhida em mais de 50% desde março de 2015. Entre os grandes empreendimentos, Itaboraí recebeu, no ano passado, a fábrica da nor ueg uesa Jotun, inaug urada em novembro. A pr imeira unidade de produção da companhia na A mérica Latina foi instalada no bairro do Calundu, com geração de 100 empregos. A empresa produzirá 10 milhões de litros de tinta naval por ano. “Itaboraí é um local estratégico para a Jotun por por estar perto dos estaleiros de Niterói, próx i mo da sa ída para Macaé e no município do Comperj, que daqui a alguns anos irá, de fato, virar realidade”, analisa o diretor-geral da empresa, Ferran Bueno. O empreend i mento foi construído numa área de 130 mil metros quadrados, com investimento total de mais de R$ 100 milhões. O príncipe herdei ro da Nor uega, Haakon Magno, participou da inauguração. Outras grandes empresas ta mbém acred ita m no potencial de Itaboraí. A francesa

Weber Saint Goban, fabricante da argamassa Quartzolit, escolheu a cidade para instalar uma de suas unidades de produção em 2014. Na ocasião, foram gerados 70 empregos e investidos R$ 20 milhões. Já a Biofibra é 100% nacional. Fundada há 17 anos na Região Serrana do Rio, se estabeleceu em Itaboraí e acredita na cidade, mesmo depois da interrupção de suas atividades no Comperj, onde atuava no tratamento de efluentes. Em 2015, a companhia montou sua própria Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e presta serviço a diversas indústrias. “Mesmo fora do Comperj, t raba l ha mos pa ra crescer. Estabelecemos parcerias com a Prefeitura, e temos um com- A norueguesa Jotum, que produz tinta naval e tem nos estaleiros seu foco de negócios, foi inaugurada em novembro em Itabo promisso de contribuir com a cidade, principalmente nesse momento de d i f icu ldades. Precisamos estar juntos”, afirma Ronaldo Lepsch, diretor da Biofibra. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Itaboraí, Luiz Fernando Guimarães, explica que os empresários têm enxergado na c idade u m g r a nde potencial de crescimento. Ele lembra que o município conta, hoje, com uma grande infraestrutura de hotéis e prédios comercia i s con st r u ídos a partir da expectativa da construção do Comperj. Out ro a specto destacado por Lu i z Fer na ndo é a iminente conclusão do Arco Metropolitano, que vai ligar Manilha diretamente ao Porto de Itaguaí, o que fará de Itaboraí um local estratégico para o setor de logística. A Biofibra, especializada no tratamento de efluentes, já presta serviço a várias empresas A francesa Weber Saint Goban, fabricant


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crescem na crise Fotos de Sandro Giron/Divulgação

oraí e já gerou cem empregos diretos

te de argamassa, instalou uma unidade na cidade

Oportunidade para pequenos negócios A paralisação nas obras do Comperj v irou oportunidade para o casal de soldadores Cássia Moreira, 47 anos, e Paulo Cunha, 38. Demitidos do empreendimento, eles preferiram não retornar para a terra natal, no Espírito Santo. Ficaram e investiram em Itaboraí. Com a ajuda do Centro do Empreendedor, criado pela Prefeitura para agilizar a abertura de novos negócios, eles se cadastraram como Microemprendedor Individual (MEI) e montaram o próprio negócio: a Casa da Empada, que vende cerca de 300 empadas por dia. Quando há encomenda para festas, o número ultrapassa 500 unidades. “Em 2009, Itaboraí era a bola da vez. Na época, eu e meu marido chegamos a ganhar, juntos, R$ 14 mil por mês. Mas veio a paralisação do Comperj, e, quando menos esperávamos, ficamos sem receber”, lembra Cássia. A solução foi resgatar uma antiga receita de família. Inicialmente, as empadas eram vendidas de porta em porta, até aparecer a oportunidade de alugar uma pequena loja. A Casa da Empada inspirou uma cliente do casal, a bióloga aposentada Neuza Valadares, 68 anos, a produzir bolos caseiros para vender no estabelecimento. O sucesso gerou mais um cadastro no MEI. Hoje, a ex-aposentada já conta com quatro pontos de venda. “A Cássia me incentivou a fazer algo de produtivo.

Cássia, após ficar desempregada, resgatou receita de família e investiu no ramo da gastronomia ao lado do marido

Centro do Empreendedor da Prefeitura agiliza abertura de negócios na cidade Ela mesma fez contato com Centro do Empreendedor de Itaboraí para que eu pudesse legalizar o negócio”, conta Neuza.

Neuza, Paulo e Cássia usaram a criatividade e hoje são microempresários

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Fotos de Sandro Giron/Divulgação

O conjunto habitacional Residencial Viver Melhor Itaboraí, que está sendo erguido no bairro Esperança (antiga Reta) é a maior obra do programa Minha Casa, Minha Vida em andamento no Estado do Rio

Construindo o próprio sonho

Operários do Minha Casa, Minha Vida estão inscritos para ocupar uma das 3 mil unidades na Reta

O programa Minha Casa, Minha Vida em Itaboraí bem que poderia se chamar “Minha Obra, Minha Casa”. Boa parte dos 675 operários que atuam na construção de 3 mil moradias do Residencial Viver Melhor Itaboraí, no bairro Esperança (antiga Reta), vive na região e concorre a uma das unidades do conjunto habitacional. Trata-se da maior obra do programa Minha Casa, Minha Vida em andamento no Estado

do Rio. Ao todo, são 80 blocos de apartamentos de cinco andares cada um, destinados a moradores de Itaboraí com renda familiar até R$ 1,6 mil. Pessoas que vivem em áreas de risco serão priorizadas. “A realização desse empreendimento é resultado de muita luta da Prefeitura para conseguir trazer essa obra para a cidade. Além de proporcionar moradia digna à nossa população, estamos gerando empre-

gos. Um das solicitações que fizemos foi que a construtora priorizasse a contratação de mão de obra local”, diz o prefeito Helil Cardozo. Muitos operários se inscreveram para concorrer a um dos apartamentos, e trabalham com a esperança de serem contemplados com a casa própria. “Além de estar empregado, ainda há a possibilidade de eu estar trabalhando na construção da minha casa. Sou um pro-

O bombeiro hidráulico Rogério dos Santos trabalha com dedicação e espera conseguir um imóvel

fissional, sempre trabalho com empenho, mas numa situação dessas, a satisfação é maior”, afirma o bombeiro hidráulico Rogério Santos, de 39 anos, junto ao filho, de 22, que também trabalha na obra e sonha com a conquista do imóvel. O pedreiro Jorge Luiz Barbosa da Silva, 44 anos, também está na expectativa de ser um dos sorteados. “Hoje eu moro de aluguel, e sonho com uma dessa casas. O

fato de estar construindo algo que poderá ser meu dá um gostinho especial. “, diz Jorge Luiz. Além das moradias, também serão construídos no conjunto um posto policial, praça poliesportiva, escola, creche para 300 crianças, campo de futebol e centro social. A previsão é de entrega das unidades habitacionais em agosto deste ano. Quem for beneficiado pagará uma prestação mensal entre R$ 25 e R$ 85.

O pedreiro Jorge Luiz Barbosa da Silva também sonha com o sorteio de uma das unidades


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Saúde para gestantes e bebês Itaboraí amplia número exames e consultas pré-natal e comemora avanços no atendimento Sandro Giron/Divulgação

Um levantamento do Departamento de Vigilância Epidemiológica de Itaboraí mostra que, das 3.603 gestantes que tiveram bebês em 2014 no Hospital Municipal Desembargador Leal Junior (HMDLJ), apenas 0,6% delas não realizaram qualquer consulta de pré-natal. O índice de 99,4% de mães que receberam o atendimento representa um grande avanço no município. Um dos exemplos da melhora no atendimento é o da manicure Angélica da Mata, de 36 anos, que horas antes de dar à luz seu terceiro filho demonstrava tranquilidade, após ter feito oito exames pré-natal durante a gestação. “Na minha primeira gravidez, eu até tentei fazer o pré-natal inteiro, mas havia tantos problemas para conseguir marcar consultas que acabei desistindo. Agora, o agendamento é feito pelo próprio médico. Eu já sabia os dias e os horários que tinha que ir ao posto”, explica Angélica. Os exames e consultas são realizados em uma das em 44 Unidades de Saúde da Família

Angélica da Mata destaca a facilidade para marcação de exames e consulta para o pré-natal

(USF) do município e ajudam a evitar doenças como sífilis, HIV ou infecções prejudiquem a desenvolvimento do bebê. Em 2015, em comparação com 2013, houve uma redução de 65,5% no número de gestantes sem o pré-natal. Atualmente, o índice de mulheres sem

Íris Cristina é uma das mães beneficiadas pelo projeto

acompanhamento durante a gestação é o menor desde quando o levantamento passou a ser feito, em 2010.

registrada somente uma morte, segundo o Sistema de Informação Sobre Mortalidade do Ministério da Saúde enquanto, em 2013, foram quatro casos. Queda nos óbitos Ou seja, uma redução de 75%. Outro indicador de melhoCom apoio da Un iversiria é o declínio do número de dade do Estado do R io de óbitos maternos. Em 2014, foi Janeiro (Uerj) e da Secretaria

de Estado de Saúde, Itaboraí está capacitando 20 médicos e enfermeiros, que atuam na Estratégia da Saúde da Família com curso de pré-natal, para auxiliar no atendimento das gestantes. Desde 2013, três turmas foram contempladas, sem custos para a cidade.

Projeto inovador resgata a autoestima

Terapia com Florais de Bach já beneficiou 150 pessoas diagnosticadas com câncer em Itaboraí Um projeto adotado pela Prefeitura de Itaboraí e pioneiro no Sistema Único de Saúde (SUS) utiliza Florais de Bach pa ra recupera r a autoestima e a vitalidade de pacientes diagnosticados com câncer. A terapia age de forma complementar ao tratamento com medicamentos convencionais e tem como objetivo o equilíbrio emocional do paciente. Desde que foi adotado, mais de 150 pessoas foram beneficiadas. “Saber que minha filha pas-

saria um momento delicado na saúde me chocou muito. A terapia com floral foi como ‘água no fogo’, me acalmando e ajudando a organizar meus pensamentos”, conta Eva Meneses, de 68 anos e mãe de Marilene de Oliveira, de 48 anos, diagnosticada com câncer. Cada floral tem um tipo de função específica, e age de forma diferenciada no organismo. Eles ajudam a reduzir sensações como medo, estresse, ansiedade, tristeza e angústia. Por isso, antes de fazer uso, o

paciente passa por uma avaliação detalhada com uma equipe multidisciplinar, que identifica a essência ou a combinação ideal para cada caso. “Eu tinha medo do que poderia acontecer na cirurgia. É g ra nde a t ra nsformação após o uso do floral”, revela Marilene. Como a i nda representa u ma nov idade no ser v iço público, os florais não são custeados pelo SUS. Por meio de parcerias, a Prefeitura garante a todos os pacientes descontos

de 30% em farmácias de manipulação locais, desde que apresentado o receituário da Secretaria Municipal de Saúde, emitido pela terapeuta. “O floral não elimina o uso de medicamentos. Ao contrário, os potencializa”, explica a psicóloga e terapeuta Genise Machado, que tem quatro especializações na área de Saúde e é precursora do projeto em Itaboraí. Ainda de acordo com Genise Machado, o uso dos florais não gera efeitos colaterais e

pode ser utilizadas tanto em crianças, quanto em adultos. Eles foram criados pelo médico inglês Edward Bach nos anos 30 e, desde 1976, contam com a recomendação da Organização Mundial da Saúde. No Brasil, somente a partir de 2006 a Portaria nº 971, do Ministério da Saúde, autorizou a prática nas unidades de saúde públicas. Itaboraí estuda, agora, levar esse modelo de forma gradual para todas as 39 unidades de atenção básica do município.


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Ponto final no preconceito Projeto pioneiro da Prefeitura de Itaboraí, Clínica-Escola do Autista é modelo para outras cidades Sandro Giron/Divulgação

Prestes a completar dois anos de funcionamento, a Clínica-Escola do Autista de Itaboraí continua sendo a única instituição pública do país a tratar exclusivamente pessoas com autismo de forma gratuita e multidisciplinar. A unidade, mantida pela Prefeitura, é vinculada à Secretaria Municipal de Educação e faz parte da rede municipal de ensino. A equipe da clínica-escola é formada por um médico neuropediatra, psicólogas, psicopedagogas, fisioterapeutas, nutricionistas, professoras e terapeutas ocupacionais. Também compõe a equipe a idealizadora do projeto, Berenice Piana, mãe de um jovem autista, de 20 anos, e inspiradora da Lei Federal 12.764, que institui no Brasil a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Berenice é também moradora de Itaboraí e coordenadora do grupo Vida Azul, instituição de apoio a familiares de autistas. “É importantíssimo que as

Referência no País, a clínica-escola oferece atendimento multidisciplinar gratuito a dezenas de pessoas, de todas as idades

pessoas tenham consciência desse projeto. Não queremos segregação, mas um tratamento correto e digno, que faz toda a diferença na vida dos autistas e de seus familiares”, diz Berenice, ressaltando que o período na clínica-escola ajuda o autista a ser incluído no ensino regular.

Resultados são motivo de orgulho O prefeito de Itaboraí, Helil Cardozo, comemora os primeiros resultados do projeto. Ele garante que vai manter o f uncionamento da Clínica, apesar das dificuldades financeiras enfrentadas pela

administração, e anunciou que pretende ampliar suas instalações. “Já estamos em busca de parcerias para aumentar a capacidade de atendimento e const r u ir u ma sede própria pa ra a Clínica-Escola do Autista. Hoje, o prédio é

alugado, e já temos procura por vagas até de pessoas de cidades de fora do Estado do Rio de Janeiro”, diz o prefeito, que há dois meses conheceu um casal de Juiz de Fora (MG), que se mudou para Itaboraí em busca de tratamento para o filho, de seis anos. A cl í n ica-escola atende clinicamente a 115 pessoas com aut ismo, de toda s a s idades. Em 2015, foi iniciado o programa pedagógico, que visa inserir no ensino regular autistas que ainda estão fora da escola. A secretária de Educação, Susilaine Duarte, destacou o empenho da equipe como ponto fundamental para o sucesso do projeto. “O t r a ba l ho n a C l í n ic a-Escola é também um aprendizado para nós. Estamos a cada dia nos surpreendendo com o desempenho dos autistas. Com eles, aprendemos a lidar cada vez melhor com as diferenças, como tem que ser”, avalia Susilaine.

Excelente recomeço na melhor idade Itaboraí tem primeira escola exclusiva para idosos no País e concorre à Medalha Paulo Freire

Número reduzido de alunos em salas climatizadas e aulas com ritmo próprio. Assim são as turmas do projeto Educação de Jovens e Adultos (EJA) voltado exclusivamente para idosos em Itaboraí. A ideia, inédita no país, partiu da professora Ana Cardozo, primeira-dama e coordenadora do projeto Vida em Movimento, que oferece atividades para pessoas com mais de 50 anos na cidade. “No meio dos jovens, eles se sentem deslocados e inibidos a interagirem em sala de aula. Um outro fator relevante é o turno. As escolas convencionais que oferecem o EJA só têm o

Sandro Giron/Divulgação

horário da noite, a maioria dos idosos prefere o período diurno”, explica Ana. Reconhecida pelo MEC por ser a primeira EJA com turmas exclusivas para idosos do Brasil, a escola funciona com 54 alunos acima dos 50 anos, divididos em cinco turmas do primeiro ao quinto ano. As aulas são diárias no polo central do Vida e Movimento. A unidade compõe a rede de ensino do município em prédio anexo à Escola Municipal Therezinha de Jesus Pereira da Silva. No total, 126 pessoas com mais de 50 anos já passaram pelo EJA Idosos. O projeto já mudou a vida

Maria Ferreira Arruda frequenta as aulas exclusivas para idosos em Itaboraí

de pessoas como Maria Sousa da Silva, de 65 anos, que havia parado de estudar na 2ª série

do Ensino Fundamental, com apenas 12 anos, para trabalhar na roça junto do pai. Da mesma

forma, o casal Pedro Baldoíno, de 82 anos, e Gecilda Barbosa de Azevedo, 70, conseguiu aprender a ler e escrever no EJA Idosos. Itaboraí está entre os 10 municípios do Brasil que concorrem à Medalha Paulo Freire, concedida pelo Ministério da Educação pelo trabalho desenvolvido na EJA.“A matriz curricular própria e o investimento na educação continuada dos professores nos credenciou a estar entre as 10 melhores experiências educacionais de alfabetização de adultos no Brasil. Um outro diferencial é o EJA para idosos”, explica a coordenadora Adriana Barbosa.


ITABORAÍ

Domingo, 24, e segunda-feira, 25/1/2016

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Projeto Especial

Fotos de Sandro Giron/Divulgação

Projeto social, em parceria com a Prefeitura de Itaboraí, ensina artes marciais a 70 crianças

Exemplo para os novos atletas, Íris Tang Sing está sempre presente para orientar os participantes

De Itaboraí para o mundo

Esperança olímpica do Brasil no taekwondo, Íris Tang Sing inspira alunos da rede municipal Íris Tang Sing, 25 anos, foi primeira atleta brasileira de taekwondo a garantir vaga nas Olimpíadas do Rio 2016. A jovem, moradora de Itaboraí, treina desde os 13 anos no distrito de Porto das Caixas e conhece de perto as dificuldades de quem sonha com um futuro no esporte. Ela é madrinha de um projeto social realizado em parceria com a Prefeitura, que ensina taekwondo a 70 crianças e jovens das escolas municipais. O projeto funciona na mesma academia onde ela treina e é

coordenado por seu treinador, Diego Ribeiro, 29 anos. Os treinos com a garotada acontecem em Porto das Caixas e também no Espaço de Desenvolvimento da Educação Integral (Eadi), no Centro de Itaboraí. As aulas são ministradas por Diego e sua equipe. Íris também participa dos treinos, sempre que possível. “Eu já treinei na laje, no jardim e suei muito para pagar academia e crescer no esporte. Nesse projeto, as crianças não pagam nada. Isso contribui para

As competições, sonho das crianças, começam a virar realidade

permanência delas nos treinos. Eu quero que Itaboraí se torne referência no esporte. Para 2016, quero mais gente na nossa equipe juvenil”, afirma Íris. A Prefeitura é responsável por pagar o salário dos professores, fornecer a todos os estudantes o Dobok – roupa usada na modalidade - e custear o transporte para que os jovens atletas possam participar de competições. Nova Geração Responsável pelo descobrir

o talento de Íris quando ela tinha apenas 13 anos e por colaborar para ascensão de mais dois jovens atletas para a Seleção Brasileira - Davilani Cruz e Lucas Neves - o treinador Diego Ribeiro já começa e pensar nas próximas promessas do esporte. “Dentro do projeto com a Prefeitura já vemos grandes talentos para as futuras competições mundiais. Crianças que, após serem lapidadas,, terão tudo para ser grandes atletas”, explica Diego.

Diego e Íris já viraram referência para os jovens de Porto das Caixas. Mãe de um dos meninos que treina no projeto, Maria da Silva, de 50 anos, faz questão de acompanhar todos os treinos de João Pedro, de 9 anos. “Para treinar com o Diego é preciso tirar boas notas e ter bom comportamento na escola. O Pedro se tornou um menino ainda mais disciplinado depois que passou a frequentar o projeto”, explica Maria Silva.

Íris, atleta olímpica, não abre mão do trabalho voluntário em Itaboraí Crianças precisam comprovar bom desempenho também na escola


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Projeto Especial

ITABORAĂ?

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