Revista Estilo - Setembro 2016

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Gente da Gente Ano 06 Ed.03 Jul Ago Set de 2016

Os homens que cresceram juntos com a Porto Freire

DESTAQUE

Fausto Nilo O cantor e compositor Fausto Nilo fala sobre arquitetura, demonstrando suas impressĂľes urbanĂ­sticas com o mesmo humanismo e poesia de suas letras.

GIRO

Machu Picchu, a cidade perdida dos Incas


// EDITORIAL

Editorial

O

Expediente Estilo é uma publicação da Porto Freire Engenharia PRESIDENTE

Jorge Wilson Porto Freire Diretora Técnica

arquiteto, urbanista e também compositor de belas canções, como Dorothy Lamour e Pão e Poesia, Fausto Nilo é o entrevistado desta edição. Ao falar sobre o ‘Fortaleza 2040’, ambicioso projeto público de reordenamento urbana da capital cearense, do qual é coordenador, ele comentou sobre a necessidade de convivência entre os moradores e da interação entre estes e a cidade, cuja função primordial deveria estar a serviço de todos os cidadãos. Na seção Gente da Gente, repetimos a ideia de ouvir a história dos colaboradores mais antigos da Porto Freire. Na edição anterior demos voz às mulheres. Agora, é a vez dos homens relatarem suas experiências na empresa.

Roberta Catrib Diretor Administrativo Financeiro

Felipe Arruda COORDENADORA DE MARKETING

Valdenisia Souza REDAÇÃO

R&B Comunicação JORNALISTA RESPONSÁVEL

Rozanne Quezado PRODUÇÃO E REVISÃO

Rozanne Quezado Lucílio Lessa Valdenisia Souza FOTOS

Jarbas Oliveira e banco de imagens PROJETO GRÁFICO

Raphael Lira DIREÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO

Andréia Sol Promosell Comunicação Fale conosco (85) 3299 6600 gestaomkt@portofreire.com.br

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A Giro sobe a suntuosa montanha peruana e desvela a mais bela façanha do império inca: Machu Picchu. Em um cenário deslumbrante, a cidade, construída há cerca de 500 anos, ainda desafia e intriga os estudiosos e pesquisadores de uma das mais importantes civilizações das Américas. Decorar um apartamento pequeno não uma tarefa fácil. Por isso, a Estilo foi conversar com a arquiteta Tatiana Medina que deu valiosas dicas de como aproveitar bem os pequenos espaços, deixando-os confortáveis, bonitos e com a sensação de serem maiores. A Porto Freire abre suas portas para alunos de escolas de educação profissional estagiarem na empresa. Uma oportunidade que permite aos estudantes vislumbrarem um futuro profissional no mercado de trabalho, inclusive, na própria construtora. Confira o testemunho dos estagiários. Na seção de dicas culturais, a proposta é conferir o último trabalho do cineasta espanhol, Pedro Almodóvar: Julieta. Um filme impactante. Não perca!!


SUMÁRIO

Sumário 04|

Destaque Fausto Nilo arquitetura, humanismo e poesia.

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10| Gente da Gente

Giro

Crescendo junto

Machu Picchu, a cidade perdida dos Incas

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28| À Mesa

No tempero do mar

Tijolo por Tijolo O poder da oportunidade

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// Destaque

“PELAS LETRAS DA

CIDADE” O cantor e compositor Fausto Nilo fala sobre arquitetura. Às voltas com projetos importantes para a cidade de Fortaleza, um dos grandes nomes da música cearense e importante arquiteto e urbanista, responsável por simbólicas obras públicas na capital, falou sobre conceitos fundamentais para uma vida em comunidade. Sobre a reordenação da Avenida Beira-Mar ou o Projeto Fortaleza 2040, que traça um novo desenho para o convívio social em Fortaleza, Fausto demonstra suas impressões urbanísticas com o mesmo humanismo e poesia de suas letras.

Por Lucílio Lessa Fotos Jarbas Oliveira

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// Destaque

“São duas atividades que eu faço com muito esforço e dedicação. “ 6

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Fausto Nilo à frente de um novo desenho para Fortaleza

Revista Estilo\\ Em que momento a arquitetura e a música se encontram em sua vida? Fausto Nilo \\ Na realidade, convivo com uma situação muito especial: ter duas atividades que, convencionalmente, se desenvolvem como duas profissões. A pessoa que tem isso leva muito tempo para aprender a conviver com esse problema. Inevitavelmente, o início é uma tentativa de acomodar os dois conteúdos constantemente na cabeça. São duas zonas que se conectam e se relacionam com os meus próprios valores pessoais, estéticos e sociais. Isso transparece no urbanista e no letrista. É impossível se transformar em outra pessoa. Mas há também um estranhamento por parte das pessoas porque, normalmente, elas não estão habituadas com isso. Há uma tendência a considerar que uma delas é um hobby, o que não é o meu caso. Às vezes, eu levo na brincadeira, mas, de modo geral, sei que não é propriamente isso. Aprendi a conviver com isso de uma maneira bem humorada e tranquila, mas só eu sei o que significa. São duas atividades que eu faço com muito esforço e dedicação.


RE \\ Qual a diferença entre as duas? FN \\ O urbanismo tem um caráter intelectualmente menos espontâneo. Você não pode ser um urbanista só com inspiração. É muito arriscado, pois aquilo que você cria está ligado à compreensão de uma cidade, da sua eficiência para servir às pessoas, os aspectos sociais, econômicos e ambientais. Eu não posso tratar isso como nas letras. Você tem o risco de dar um prejuízo a alguém. As letras, se alguém não gostar delas, ficam esquecidas. Mas uma cidade, não.

Uma obra mais simples você até pode resolver com talento, com uma grande ideia, uma inspiração. Mas o urbanismo, não. Ele precisa disso tudo, mas só se resolve com o conhecimento de determinados padrões construídos. Alguns mudaram, por influência de novas tecnologias, outros permanecem e têm grande universalidade, outros são títulos do lugar que você vive, decorrem da natureza local, da insolação, dos recursos naturais, da maneira como eles se arranjaram. Há ainda as coisas tecnológicas, como as comunicações, o problema da mobilidade. As cidades hoje são grandes, foram acrescidas por uso dos transportes motorizados que lhe obrigam a ter capacidade de diálogo com especialistas de tráfego e vias. Precisamos entender um pouco disso para compartilhas soluções criativas.compartilhas

“Você não pode ser um urbanista só com inspiração”

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// Destaque RE \\ Algumas obras suas são muito significativas para a cidade, como o Dragão do Mar e a Praça do Ferreira. Que metodologias foram utilizadas nesses espaços. FN \\ Esses projetos são típicos e evidentes de serviço ao público. Tenho que planejá-los levando em conta o que vai ser gasto e dominar o possível pretendido coeficiente de uso para que isso tenha um retorno social. Tenho que misturar inspiração e ideias com um conjunto de elementos bem pragmáticos e obter um resultado que fale com a linguagem que a arquitetura e urbanismo falam. A minha arte está envolvida com a criação de arranjos entre natureza, pessoas se movimentando, pessoas em repouso, pessoas em espaços públicos. Esses utensílios indispensáveis à vida metropolitana são coisas gigantescas. Um carro é uma máquina que pode matar pessoas se não estiver sendo bem dirigido. A parte física tem que ser calibrada. Há caminhões gigantescos que ocupam o lugar de vinte e cinco pessoas. Tudo isso eu tenho que ter noção de como dominá-los e colocá-los a serviço da sociedade. RE \\ Que cidade destacaria como modelo de desenvolvimento urbano? FN \\ É muito difícil. Depende da época. Há cidades que já foram maravilhosas e hoje têm dificuldades. Há cidades que não tinham nenhuma significação e hoje são enormes. Elas mudam. Há 100 anos, ainda se acreditava na cidade finita. Você não podia prever isso que está acontecendo aqui, os automóveis ocupando tanto espaço, atropelando pessoas. Não havia essa hipótese. A vida era calma. Mas, em cada época há uma cidade que atinge uma performance de excelência naquilo e depois outras. A cidade de Londres, por exemplo, tinha uma capacidade de planejamento muito grande a partir da revolução industrial até o final da primeira metade do século XX. Hoje, está retornando a planejar e ter essa liderança, mas ficou um tempo mais quieta. Outras cidades, hoje em dia, têm demandas muito fortes. Uma delas é o movimento. Você perde muito tempo, desagrega famílias, colabora com o isolamento de crianças e com a tendência ao crime. Tudo isso por causa da invenção de um transporte que pode fazer com que uma pessoa trabalhe bem longe de sua casa.

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// Destaque

RE \\ Esse é um fator que atrapalha a vida comunitária?

Fortaleza

FN \\ Hoje você tem uma vida em grande isolamento em relação à vida comunitária. As pessoas se ausentam de manhã, só chegam tarde da noite e, nesse intervalo, seus filhos estão ao abandono. Como é que se destrói uma coisa com milênios de prática, que era a vida em vizinhança, misturar bebês, crianças, adolescentes e velhos? Isso explodiu. Além disso, temos uma tecnologia com continuidades deslumbrantes, como a internet, que, como tudo, tem dois lados. Como administrar esses efeitos? A vida de isolamento pela destruição parcial da vida de vizinhança, agora adicionou a solitária vida na tela, o declínio do espaço público como uso intenso e compartilhado, que é a melhor cadeia de transmissão de conhecimento, de convívio, de solidariedade, de intercâmbio, de informação. RE \\ Quais cidades estão dando exemplos positivos de superação de problemáticas urbanas? FN \\ De uns oito anos para cá, as cidades de países pobres começam a dar exemplos interessantes de superação. Acho que todos os urbanistas do mundo começaram a se interessar, até os países ricos, principalmente com respeito ao movimento de pessoas e cargas, as maneiras de viabilizar isso, de descobrir fórmulas baratas. Hoje, não é mais necessário todas as cidades terem metrô, que é caríssimo, mas buscar formas como ônibus especiais em lugares segregados, misturadas com ocorrências de muitas oportunidades. Isso pode tornar a vida mais fácil. Cidades como Bogotá, na Colômbia, que era refém da criminalidade excessiva, estão reconstruindo sua vida urbana. Há também a capital do Vietnã (Hanói), um país que suportou uma guerra terrível contra a maior potência do mundo e está reconstruindo tudo. A China tem feito projetos inovadores, levando as melhores capacidades do mundo para compartilhar com seus urbanistas e arquitetos e desenvolver novas formas de cidade. Hoje em dia existem mais de 160 cidades que são grandes inspirações para urbanistas devido à maneira criativa que estão resolvendo parte dos seus problemas.

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RE \\ Você é coordenador de urbanismo e mobilidade do Fortaleza 2040 e venceu o edital para recuperar a orla da Beira Mar. Poderia falar sobre esses projetos? FN \\ Foi um concurso público nacional (sobre a recuperação da orla). Eu tenho dois parceiros: Ricardo Muratori, colaborador do projeto Fortaleza 2040, e Esdras Santos. Nesses concursos se apresentam os projetos mediante códigos de inscrição e os julgadores escolhem de maneira anônima. Fomos escolhidos por unanimidade e entregamos (o projeto) há cinco anos, todo detalhado, com 150 desenhos só da parte arquitetônica e urbanística. O trecho que vem do Mercado dos Peixes até a Iracema (estátua) é a primeira etapa. A Prefeitura está aguardando uns financiamentos para continuar o projeto, que tem como caráter principal a interpretação dos problemas ambientais, infraestruturais, de construções mergulhadas na água subterrânea e isso vulnerabiliza a zona limite de relação da água do oceano com a água do território subterrâneo. RE \\ Que outros aspectos são contemplados? FN \\ Contemplamos também os problemas de acesso com os automóveis, de segurança, de uso do chão da orla, de acessibilidade para idosos e crianças, de desconforto durante as horas da tarde, de baixa iluminação. São muitos problemas e tudo isso foi contemplado nesse projeto em uma visão muito sistêmica de tudo. Daí, você conclui que não está trabalhando num projeto da Avenida Beira Mar. É um parque litorâneo, na verdade, que tem que contemplar o fluxo de automóveis e faixas de movimento, tem que se antecipar para saber que, se o sucesso dela for gigantesco, tenho que possuir outras opções para automóveis fora dela, dar saídas


Da janela, a ampla vista da cidade em crescimento

a médio prazo, aconselhar a Prefeitura a criar estímulo para a construção de edificações com múltiplos usos que possam ter estacionamento compartilhado das 5 às 9 horas da manhã com usuários da Beira Mar e, no expediente normal, com o usuário dos edifícios. E que compartilhem também à noite. Isso tudo foi pensado. A segurança, o coeficiente de uso em relação aos investimentos. RE \\ E a revitalização do Centro da cidade?

O projeto da orla contemplará da Beira Mar à Praia de Iracema

FN \\ Todo centro de cidade, num plano urbano, é um capítulo à parte, dada a importância que ele tem. Historicamente, ele é o lugar de comercialização intensa, de referência, de busca de visitantes turísticos para compreender a história da cidade, lugar das celebrações, da justiça, dos grandes signos da administração e gestão pública. O plano do Centro busca reestruturar esse arranjo de conveniências de uma zona central sólida, bem estruturada e reabilitada. Mas, eu só posso fazer isso se tiver próximo uma intensa presença da matriz principal das urbanizações qualificadas, que é a residência. Tenho que ter pessoas que se sintam responsáveis, incluídas e pertencentes àquilo. São habitantes

“Precisamos tratar o Centro não mais como aquele tamanhozinho de uma pequena cidade” que têm que retornar ao Centro, porque ele está em decréscimo há muito tempo. As pessoas estão indo embora. Ele teve grande impacto dessa estrutura habitacional ocupada pelo comércio popular. O urbanismo que nós praticamos não pretende e nem busca medidas que reduzam negócios num lugar pobre como o nosso em busca de negócios, mas aquela parte comercial que está lá é considerada, no nosso projeto, a coisa que sustentou o declínio do Centro também. Ela vai ser apoiada para ter seu crescimento e estabilidade cada vez mais. Nós precisamos tratar o Centro não mais como aquele tamanhozinho de uma pequena cidade, mas um Centro expandido que vai da Rua João Cordeiro a José Bastos e que vai da praia até a Domingos Olímpio.

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// Destaque

RE \\ Que outras políticas foram pensadas para o local? FN \\ As políticas principais contemplam ainda a excessiva motorização no seu núcleo. Faremos um sistema construído de estacionamentos periféricos que possibilitam acessos diversificados, facilitando o acesso a todas as coisas que interessam para fora e para dentro do núcleo, numa distância razoável, com o apoio de sistemas locais de transporte eficiente, tipo bonde elétrico, por exemplo, que circule no Centro e se conecte à Praia de Iracema,

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parte importante desse Centro expandido, pois ali estão as grandes oportunidades evidentes que misturam moradias com qualidade cultural, turística, artística, gastronômica e de hotelaria. O Plano Fortaleza 2040 é de extensões, porque há previsão de crescimento populacional até 2040 e, ao mesmo tempo, de reuso, reciclagem e correção de coisas. Não é só construir coisas novas, um projeto de urbanismo também é calibrar a qualidade da fórmula urbana, para ela servir a todos os cidadãos, sem diferença de classe, de crença, nem raça.

RE \\ Qual a conclusão que se chega ao fazer um plano para uma cidade como Fortaleza? FN \\ Fazer um plano urbano para uma cidade pobre como Fortaleza é trabalhar para as crianças e os idosos, pois teremos um acréscimo da população idosa notável até 2040. Isso produz demandas físicas parciais de circulação e de serviços. Não se esquecendo dos jovens e adultos. Todos têm importância, mas é necessário incluir esses dois extremos.


RE \\ Para finalizar, uma pergunta para o compositor de músicas que encantam o Brasil na voz de intérpretes famosos, como Fagner, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Nara Leão, Morais Moreira e Elba Ramalho: o que as suas letras refletem? FN \\ Elas refletem o mesmo homem, com o mesmo conhecimento. Vou refletir meus valores numa letra de música, um conjunto ideológico que me orienta. Você percebe que não há discrepância de ser o mesmo autor, mas a letra é uma poesia, é livre, não há risco de envolver dinheiro de ninguém. Portanto, é uma arte com outro padrão de expressão. Os objetos que você usa para se expressar são diferentes, porque em um (arquitetura) é distância, altura, comprimento, proximidade, movimento. O outro (música), são palavras que remetem a essas coisas, mas não são elas próprias.

O projeto é de extensões, porque há previsão de crescimento populacional até 2040

Fazer um plano urbano para uma cidade pobre como Fortaleza é trabalhar para as criançase os idosos

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// Gente da Gente

Crescendo

junto

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Assim como ocorreu na última edição da Estilo, elencamos alguns dos funcionários mais antigos da construtora, a fim de entender melhor o porquê de tantos anos de atuação em uma mesma empresa. Desta vez, quem revela suas histórias são homens que construíram suas trajetórias lado a lado com a Porto Freire.

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// Gente da Gente

E

stimular o crescimento profissional e apostar na capacidade dos funcionários é premissa da Porto Freire Engenharia. De uma ponta a outra da empresa, os casos de quem galgou oportunidades se multiplicam, ganhando coro a partir de uma palavra comum nos discursos: reconhecimento. Esse sentimento une profissionais que, nesta matéria, representam tantas outras histórias na construtora. Trajetórias de funcionários que há anos dedicam seu tempo e talento à empresa, e que em troca recebem a confiança e o incentivo para crescerem juntos. Que o diga o corretor de imóveis Lauro Barbosa. Há 27 anos, ele dava seus primeiros passos na Porto Freire. “Trabalhava em supermercado e portarias de prédios. Fui convidado a ajudar um rapaz nas entregas, como office-boy, quando recebi um incentivo da Dona Marisa, esposa do Seu Jorge (Porto Freire), para fazer um curso de corretagem. Ela já tinha me visto passando informações sobre empreendimentos e me deu esse incentivo”, diz. Lauro é o corretor mais antigo em atividade na empresa. Perguntado se ainda tem o mesmo entusiasmo do início, ressalta que tudo o que construiu foi por meio do trabalho e a partir daquela oportunidade, portanto, procura fazer jus a ela. Nas quase três décadas na construtora, são muitas as situações marcantes para Lauro, mas uma se destaca pelo testemunho de vitória. “Tem um morador do Parque del Sol que diz que eu fui o anjo da guarda da família dele, porque vendi a coisa certa, no momento certo. Aqui ele criou os filhos. Acho isso muito forte”, diz, emocionado. “Um morador do Parque del Sol diz que eu fui o anjo da guarda da família dele “

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// CRESCIMENT0 Outro que cresceu junto com a construtora foi o diretor financeiro Felipe Arruda, há 22 anos na Porto Freire. À época, Felipe foi admitido como estagiário de engenharia civil, tendo passado, desde então, por diferentes obras e conseguido a sua primeira grande oportunidade três anos após a admissão, quando, já formado, assumiu a construção de um dos condomínios. “Outras oportunidades foram surgindo, até que enveredei para a área financeira”, diz ele. Por incentivo da construtora, Felipe fez MBA em finanças, assumindo, posteriormente, a coordenação do setor financeiro e passando tempos depois à direção.

“Há por aí quem diminua o papel do estagiário. Eu digo que foi graças aos trabalhos confiados a mim, enquanto estagiário, que fui conhecendo a empresa. Um simples processo de arquivar uma nota fiscal, saber de onde ela vem, como aquilo foi realizado dentro da obra até chegar ao pagamento, isso tudo serviu para eu entender todo o processo dentro da construtora. E esse passo a passo, entendendo cada área, foi importante para o meu crescimento profissional. Tenho muito a agradecer aos meus gestores e hoje faço o mesmo com os nossos estagiários”, ressalta Felipe.

De estagiário em engenharia à diretor financeiro

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// Gente da Gente

//Multidisciplinaridade A aposta na multidisciplinaridade dos funcionários é observada também pelo coordenador do setor de Inteligência, Wenderson Nunes, há 10 anos na construtora. “A Porto Freire tem algo que talvez não seja bom para quem não gosta de desafios, mas eu acho excelente. Ela exige de você. A construtora exige conhecimento de várias áreas, então, não adianta ficar preso em uma só coisa”, diz. Segundo Wenderson, a dinâmica da empresa colaborou para que ele seguisse com projetos profissionais.

“A minha formação é em administração de empresas, então, fiz MBA em administração de negócios e acabei fazendo também em controladoria. Fui buscando áreas que pudessem agregar”, conta. Ele ressalta que as oportunidades de aprendizado acabaram direcionando-o à vida acadêmica como professor universitário.

A Porto Freire exige conhecimento de várias áreas

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// oportunidade As oportunidades também não passaram em branco na trajetória do gerente do departamento de Tecnologia da Informação, André Lima. Há 12 anos na construtora, André revela que ainda na seleção, ao ser perguntado pela sua futura gestora sobre onde queria chegar na empresa, ele saiu com essa. “No seu cargo”, diz. O resultado? Foi contratado.

“Me especializei e quando a minha gerente assumiu um cargo na gerência administrativa, participei de uma seleção interna e fiquei no lugar que era dela, assumindo a coordenação na área de TI. Tudo o que eu conquistei na vida foi com as oportunidades que me foram confiadas aqui”, destaca.

Na entrevista, André profetizou: chegar à gerência de TI

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// Gente da Gente

//Amizade Quem ouve tantos relatos de conquistas deve imaginar o esforço e superação para chegar a toda essa realização profissional. Hoje, um dos líderes do seu setor, o corretor Tadeu Moreira, 11 anos de Porto Freire, sabe bem o significado disso. Vindo de outras áreas de atuação, chegou inseguro em uma área totalmente nova para ele, mas, não demorou a dizer a que veio.

“Eu nunca quis ser consultor comercial. Tinha medo desse contato, dessa responsabilidade. Quando cheguei aqui, me senti na arena com os leões, pois eu não sabia de nada. Mas, eu sempre tive muito apoio da empresa e dos meus amigos. Somos uma família. Antes de amigos, somos irmãos. Aqui ninguém passa a perna no outro. Em empresas anteriores eu não consegui viver o que eu vivi aqui”, comenta Tadeu.

“Sempre tive apoio da empresa e dos amigos. Aqui ninguém passa a perna no outro

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O compromisso e a satisfação evidentes no discurso de Tadeu são perceptíveis também no depoimento do Heráclito Costa. Há 12 anos na Porto Freire, ele começou sua trajetória como cliente. “Trouxe minha família para cá. Meu pai mora em um empreendimento dessa empresa, eu também comprei, minha sobrinha comprou, meu irmão comprou. É uma conquista, uma maneira de juntar toda a família”, afirma. Ele comenta sobre o elo que une a todos.

“Fazemos parte de um setor muito competitivo no mercado, mas, aqui, a gente se sente bem quando um colega vende ou quando o colega compra um imóvel. Nos sentimos bem com o crescimento pessoal e profissional do outro. E a empresa, seja por meio da dinâmica de trabalho ou pelas capacitações em filosofia e tantos outros temas, incentiva isso”, ressalta.

“Nos sentimos bem com o crescimento pessoal e profissional do outro”

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// Bem viver

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Truques que vão

A ‘ MPLIAR’ o seu apartamento

Os apartamentos compactos seguem em alta nas grandes metrópoles. Jovens solteiros, recém-casados, divorciados. O perfil dos moradores varia, mas a pergunta é sempre a mesma: como deixar o pequeno espaço mais confortável e até com a sensação de ser mais amplo? A Estilo ensina alguns truques que vão dar mais praticidade e beleza ao seu lar.

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// Bem viver

Q

uando a nutricionista Gisele Maria Gonzalez deixou o amplo apartamento que dividiu por dez anos com o seu ex-marido e foi morar no imóvel que acabara de comprar, não imaginou o choque que teria ao entrar em sua nova morada. “O apartamento antigo tinha 200 m2. O novo, creio que nem chega 80m2. Quando abri a porta e vi o tamanho dele, quase desmaio. Pensei: onde vou colocar todas as minhas coisas e como vou viver em um espaço tão apertado”, conta. No processo de mudança, ela encontrou, naquele pequeno apartamento, a oportunidade de deixar para trás coisas que já não serviam. Para deixar o seu apartamento com a ‘cara’ que queria, Gisele contou com a ajuda de uma amiga que tem boa noção de decoração de ambientes. “Pensamos no branco

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para ampliar os espaços e dar essa ideia de clareza. Aí, como eu tinha um tapete preto e branco super charmoso, decidimos apostar na combinação P&B na decoração da sala, colocando algum detalhe que quebrasse um pouco o gelo, como a parede de pedra. Todo o apartamento foi pensando em cores suaves para deixar os ambientes mais leves e com sensação de amplitude. Tem a minha cara”, brinca. No processo de mudança, ela encontrou, naquele pequeno apartamento, a oportunidade de deixar para trás coisas que já não serviam. “Às vezes, nos apegamos a coisas que não têm muita valia em nosso dia a dia. No novo lar, encontrei uma nova forma de viver, usando apenas o essencial. E descobri que um apartamento pequeno tem lá suas vantagens: evita que acumulemos coisas inúteis e, além de ser prático e fácil de arrumar, quando bem organizado, pode se transformar em um lugar cheio de charme”, ressalta.

Cores suaves deixam os ambientes mais leves e com sensação de amplitude

A decoração em P&B deu um charme especial ao apê de Gisele


// Cores e espelhos O uso de cores claras nas paredes proporciona, realmente, a noção de mais espaço, garante a arquiteta da Porto Freire, Tatiana Medina. Mas, ela diz que também é possível apostar no uso de uma cor mais forte para dar mais vida ao ambiente. “Naturalmente, as cores claras facilitam a visibilidade do espaço até por conta da iluminação que refletem. Porém, quando mais fortes, as cores bem aplicadas, aliadas a uma iluminação eficiente, promovem a sensação de movimento e amplitude aos espaços. O segredo é saber combinar. Um profissional da área, como um arquiteto ou decorador, pode ser fundamental nesse momento”, ressalta. Outra dica para ampliar ambientes é a utilização de espelhos, que produzem sensação de profundidade. “Sejam em grandes folhas ou composição de pequenas peças, os espelhos são muito bem-vindos quando se tem a intenção de ampliar os espaços. Mas, é importante que estejam sempre limpos, pois é um ponto de atrativo da casa”, observa Tatiana. Em relação aos móveis, o uso de peças visualmente leves, como mesa com tampo de vidro ou cadeiras transparentes de acrílico,

É possível inserir uma cor mais forte para dar mais vida ao ambiente clean.

são aliados dos apartamentos pequenos. Outra dica é dar preferência a sofás pequenos, de dois lugares, que ocupam menos espaço. Se a parede for branca, o sofá pode ser de cor ou com estampas claras. “Móveis soltos grandes e muito pesados, visualmente, não se encaixam muito bem em espaços reduzidos. Dê preferência a estantes vazadas e móveis abaixo da linha da visão. Móveis antigos com ares “retrô” são

aceitos com parcimônia e podem ocupar até o posto de objeto de arte quando bem inseridos. Aproveite bem as áreas de paredes para prateleiras com livros e alguns adornos. Quadros bem distribuídos complementam a composição. Mas, não abuse da quantidade de objetos para não correr o risco de deixar o ambiente muito carregado”, afirma Tatiana.

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// Bem viver

// Integração e planejamento A integração de ambientes é outra forma de valorizar os espaços do imóvel. Unir a sala de estar/jantar com a cozinha é uma boa maneira de criar um ambiente mais amplo. Este espaço pode ser separado por um balcão com bancos, pelo uso de cores diferentes nas paredes ou no piso. Mas, a arquiteta chama a atenção sobre o cuidado na hora de derrubar a parede. “Antes de qualquer martelada, certifique-se de que seu apartamento não se compõe de paredes estruturais. Para tanto, consulte um profissional antes de quebrar a parede. Se ela não tiver o papel de suporte do apartamento, pode ser retirada sem problemas”, garante.

Sem porta, a cozinha se comunica com a sala de jantar

// Sob medida Em apartamentos pequenos, cada canto vale ouro. Por isso, se puder, contrate um marceneiro e invista em móveis planejados. Não é a opção mais barata, mas, pode ser pensado como um excelente investimento para que cada centímetro do apartamento seja bem aproveitado, deixando o imóvel mais prático, confortável e mais bonito. Alguns móveis, como sofás e camas, podem ser feitos com compartimentos secretos que funcionam como gavetas e baús para guardar objetos. Para a cozinha, os armários podem ser desenhados de modo que abriguem, de forma organizada, todos os eletrodomésticos e utensílios. Mesas que fecham quando não estão sendo usadas ajudam a ganhar espaço na cozinha.

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Integrar os ambientes valoriza os espaços do apê

Gavetões abaixo da pia podem acomodar panelas e outros objetos. Um guarda-roupa feito sob medida vai fazer toda a diferença no quarto, além de proporcionar o espaço ideal para roupas, sapatos e demais objetos. As portas do guarda-roupa podem ter espelho, que ajudam a dar mais amplitude ao ambiente.

Móveis projetados dão mais praticidade ao imóvel


O uso de espelho produz sensação de profundidade e de aumento dos ambientes.

Na sala, um painel embutido com rack, além da televisão e outros equipamentos eletrônicos, pode abrigar também puffs, quando estes não estiveram sendo usados. A bancada na pia do banheiro com gavetas e/ou prateleiras pode guardar desde objetos de higiene pessoal até roupas de banho. Outra dica importante para deixar o banheiro mais ‘clean’ é usar um grande espelho sobre a pia e o box de vidro. Box de vidro e espelho ‘ampliam’ o banheiro

//apoSTE NaS plaNTaS As plantas, além de não custarem muito caro, ajudam a embelezar a casa. Elas dão vida e boas vibrações aos ambientes. Em apartamentos pequenos podem ser usadas penduradas no teto ou na parede. “Na varanda ou área de serviço, é possível fazer uma pequena horta. Além de conferir mais charme ao seu lar, ainda vai garantir ingredientes fresquinhos hora de preparar aquela salada”, diz Tatiana Medina, lembrando que é preciso observar a quantidade de sol e água que cada uma necessita.

Plantas dão vida e embelezam o ambiente

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// Giro

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A cidade perdida dos

Incas Ao chegar à Machu Picchu, no topo da montanha, se compreende porque este magnífico santuário está entre as Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Cercado por uma natureza exuberante, uma arquitetura que impressiona e muito mistério, é um dos cenários mais encantadores e intrigantes do mundo. A Estilo convida você a aventurar-se pelas ruínas que contam da grandiosidade de um povo que comandou, por quase dois séculos, um dos maiores impérios das Américas.

Por Rozanne Quezado Fotos Roberto Lefkovics

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// Giro

Quando, em 1911, o explorador americano Hiram Bingham subiu a suntuosa montanha de quase 2.500 metros de altitude e, em meio a uma densa vegetação, avistou um dos lugares mais procurados pelos arqueólogos nos últimos séculos, exclamou: “Alguém acreditará no que encontrei?”. Ele estava diante das ruínas de Machu Picchu. A descoberta revelou ao mundo a mística cidade perdida dos Incas, que estava há 400 anos encoberta pela selva peruana. Passados mais de cem anos desta descoberta e este símbolo do poder do império inca continua envolto em mistérios e lendas. A sua arquitetura e localização ainda provocam discussão entre historiadores e estudiosos. Entre as muitas perguntas sem respostas: com que finalidade a cidade foi construída e o que provocou o seu abandono?

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Estudos arqueológicos datam a construção de Machu Picchu do século 15. No topo de uma montanha, superando os desafios da engenharia, os incas ergueram uma cidade de pedras, com templos, habitações, praças e outras edificações. O local é dividido em duas partes: a zona agrícola, com grandes terraços, onde eram feitos os plantios, e a área urbana, com casas, templos e mausoléus.

// Enigmas Para alguns pesquisadores, Machu Picchu era uma fortaleza preparada, estrategicamente, para proteger o soberano inca nos tempos de guerra. Em tempos de paz, era usada para as férias da família real. Outros consideram que a função da cidade era mais acadêmica: a sua posição servia para estudos astronômicos. Um exemplo


é a pedra Intihuatana (no idioma quíchua, “onde se amarra o Sol”), situada no ponto mais alto da cidade, uma espécie de relógio solar, posicionado em função dos pontos cardiais, que servia para estudar as estações do ano, as ligações com o mundo celestial e as melhores épocas para plantio e colheita. O lado místico do povo inca reforça, para muitos, o sentido espiritual de Machu Picchu, que seria um lugar sagrado, usado para rituais religiosos. A sua construção no topo de uma montanha, na Cordilheira dos Andes, remete à proximidade com o divino. Os incas adoravam o sol, os rios e as montanhas e acreditavam extrair certo poder da ligação física com estes deuses. A maioria das edificações têm significados espirituais, como o Templo do Sol, o Templo das Três Janelas e a Praça Sagrada, onde ocorriam diferentes rituais, além da pedra Intihuatana, que está alinhada com os picos das quatro principais montanhas da região e é tida como poderoso centro de energia. Turistas de todo o mundo chegam ao santuário em busca de espiritualidade e autoconhecimento.

// A eficiência inca

Machu Picchu é o maior exemplo de uma estrutura urbana eficiente. A cidade intriga até hoje a engenharia moderna.

Cem anos depois de descoberta, Machu Picchu continua cercada de mistérios e lendas

Machu Picchu é o maior exemplo de uma estrutura urbana eficiente. O domínio da arquitetura e engenharia era notável. A forma como a cidade foi construída intriga até hoje a engenharia moderna. Enormes blocos de pedras usadas na construção das edificações foram polidos e milimetricamente encaixados lado a lado, sem argamassa, numa época em que, na região, não se conhecia ferramentas de ferro e máquinas para transportá-los. Para proteger a cidade das chuvas torrenciais e terremotos que ocorrem com frequência na região, os projetistas incas criaram terraços escalonados nas encostas da montanha que controlavam os deslizamentos e evitavam a erosão. Além de servir como sistema de drenagem, estes terraços eram usados para o setor agrícola, onde se plantava desde arroz e feijão até quinoa, tornando o lugar autossustentável. Engenhosos sistemas de canais abasteciam a cidade com 16 fontes de água potável.

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// Giro

Nos dias atuais, os peruanos celebram o Sol como faziam seus antepassados

// O imperio Inca Para entender a grandiosidade de Machu Picchu é importante conhecer um pouco a história do povo inca, que surgiu no Peru por volta de 1.000 d.C e se tornou um das civilizações mais avançadas das Américas. A formação do seu império ocorreu a partir do século 13. A capital era Cusco (que significa “Umbigo do Mundo”). Até 1533, quando houve a invasão espanhola e o massacre dos nativos, os incas já dominavam grande parte da América do Sul, do Equador ao Chile e parte da Argentina, com uma população em torno de 15 milhões de pessoas. As conquistas territoriais se intensificaram a partir do reinado de Pachacuti (“O transformador da terra”). Credita-se a ele a construção de Machu Picchu. Para resolver o problema de comunicação entre os povos conquistados (a escrita não havia chegado à região), o governo criou um grupo de mensageiros que, por meio de uma extensa rede de estradas, era responsável pelo tráfego de notícias.

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Tendo o espírito comunitário como base, a sociedade era extremamente organizada. Foi criado um sistema tributário que servia para manter os mais velhos e os doentes e fazer estocagem de alimentos para evitar a fome nos tempos de má colheita ou de guerra. Eles tinham domínio de técnicas agrícolas e de construção, além de conhecimento astronômico. Cultivaram em torno de 700 espécies vegetais. Para escoar a produção,

construíram estradas e trilhas por toda a Cordilheira dos Andes que desafiam os construtores atuais. Ao conquistar o Peru, os espanhóis destruíram totalmente a cultura inca, restando apenas ruínas dos grandes templos e palácios. Machu Picchu escapou porque não foi localizada pelos exterminadores.

Cerimônias religiosas mantêm as tradições realizadas pelos incas


Cerca de 70% das edificações de Machu Picchu foram reconstruídas

Terraços escalonados atuavam como sistema de drenagem e eram usados para a agricultura

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// Giro

A Praça Sagrada é o principal templo de Machu Picchu

// Saiba mais Machu Picchu, no idioma quíchua, significa ‘velha montanha’. Do que restou das ruínas, apenas 30% são construções originais, as demais edificações foram reconstruídas. A melhor época para visitar Machu Picchu vai de maio a setembro, quando chove menos e as temperaturas são mais amenas durante o dia. Os meses de julho e agosto concentram um número excessivo de turistas e seria melhor evitar essa época.

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A pedra Intihuatana ou relógio solar ajudava a conhecer as melhores épocas para plantio e colheita


Águas Calientes é a porta de entrada para Machu Picchu

// Como chegar A saída tem início em Cusco, que fica à uma hora de avião da capital, Lima. Só há duas maneiras de se chegar a Machu Picchu: de trem, com duração de 3 a 4 horas, ou a pé, seguindo pelas trilhas, que levam de três a cinco dias. A última estação é o povoado de Águas Calientes. Para chegar a Machu Picchu, quem não arrisca subir os 9 km até o topo da montanha, há ônibus que saem a cada 5 minutos durante todo o dia. A viagem dura uns 25 minutos.

// Onde ficar É possível voltar a Cusco no mesmo dia. Para quem quer visitar uma vez mais Machu Picchu, pode-se pernoitar em Águas Calientes, um simpático vilarejo cercado de montanhas. Há bons hotéis e ótimos restaurantes, além de um grande mercado de artesanato local.

A gastronomia é outro atrativo do Peru // O que comer A gastronomia inca mesclada com a tradição espanhola e africana dá um sabor especial à cozinha peruana. Nos restaurantes de Águas Calientes, com cardápios locais e internacionais, é possível provar algumas iguarias, como ceviche, ajji de gallina e chuño cola (um guisado de origem inca, preparado com caldo de carne, arroz, salsicha, grão de bico e batatas).

Contornando a linha férrea, diversos restaurantes oferecem cardápios variados

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// À Mesa

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Com uma gastronomia que mescla a sofisticação dos pratos internacionais com o gosto característico da cozinha regional, o restaurante O Mar Menino é uma excelente pedida para quem deseja ter uma experiência nova na capital cearense.

mar

No tempero

do

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// À Mesa

Equipe do Mar Menino responsável pelo sucesso do restaurante

O jeito leve e ao mesmo tempo sofisticado do restaurante O Mar Menino tem a ver com a personalidade do seu idealizador, o publicitário e chef Leonardo Gonçalves. Depois de viajar por vários pontos do mundo, estagiando em sofisticados restaurantes, ele colocou em prática, há cerca de oito meses, uma proposta gastronômica que mistura cozinha internacional com um toque regional. Para além destas combinações culinárias, o tempero que chama mais atenção ao saborear as histórias do restaurante é a perceptível paixão motivadora de outra mistura que define bem O Mar Menino, a gastronomia e o mar.

“Morei a vida inteira na beira da praia. Depois de uma temporada de 13 anos em São Paulo, voltei. Então, o restaurante é a história desse menino do mar que foi para longe e uma bela hora volta e se encontra com o velho amigo, daí surgiu o nome O Mar Menino”, revela Leonardo, ressaltando que é comum a expressão “cearensês”, Marmenino, ser tida como a inspiração para o nome do restaurante.

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Pratos sofisticados atraem a clientela e viram referĂŞncia do local

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// À Mesa

A madeira predomina na decoração do restaurante

// Trivial, mas nem tanto As pesquisas para o restaurante começaram antes mesmo de Leonardo pensar em um dia abrir o local, há uns 10 anos, quando idealizou o blog “Trivial, mas nem tanto”. De lá para cá, o aprendizado com a alta gastronomia resultou em uma incursão profissional que culminou, em 2013, com o projeto “Quero ser cozinheiro”, no qual Leonardo publicava nas redes sociais o relato das experiências pelas cozinhas dos grandes restaurantes em que trabalhou de graça, por um ano, em países da America Latina. “Eu fui investindo nisso, comprando livros e estudando bastante, pois tinha ficado na minha cabeça aquela coisa de querer fazer a transição e cozinhar profissionalmente”, diz. Das redes para os pratos foi um pulo. Após um tempo trabalhando em São Paulo, voltou para Fortaleza, quando a partir da amizade e conselhos de outros chefs cearenses, resolveu abrir o restaurante.

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“Estava em São Paulo, trabalhando em uma grande agência e comecei a fazer esse blog. As pessoas curtiam. Então, conheci alguns chefs que começaram a me seguir, me acompanhar e me davam dicas. Foi quando desenvolvi essa coisa de cozinhar cada vez mais e estudar muito. Cheguei a ter um mini bistrô na garagem de casa, onde recebia pessoas para jantar, entre 2007 e 2010”, lembra.


// DESIGN E Aconchego “A Dora Coelho, minha esposa, é arquiteta e começou a fazer o projeto de reestruturação do prédio. A gente pegou o espaço em boas condições, mas queria fazer uma coisa que tivesse a ver com a nossa proposta”, diz. Design de peças, Dora criou móveis exclusivos para o restaurante, que dão uma sensação de aconchego ao local. Bancos, cadeiras, mesas foram todos desenhados por ela. “Reunimos coisas que tivessem significado para a gente, afinal, era a construção de um sonho, então tinha que ter a nossa cara”, destaca o chef, que abriu mão da formalidade para criar um ambiente moderno e com personalidade.

// Ambientação No local, a predominância do uso da madeira chama a atenção. Em volta do salão principal, por exemplo, há tábuas recortadas com pinturas desgastadas, onde se destaca o verde, em homenagem à cor do mar cearense. Livros pessoais como Capitães de Areia, O Velho Mar e Moby Dick, e objetos que remetem ao mar, dão um toque todo especial à decoração. A música, comandada por DJ, dá especial atenção ao jazz, preferência da clientela. “O bar tem como público principal aquele cara adulto, já de meia idade, que não quer os restaurantes caríssimos, mas também não quer os barzinhos de esquina, que são maravilhosos, mas onde eles não se sentem bem em frequentar”, avalia Leonardo.

Os móveis foram criados com exclusividade pela arquiteta Dora Coelho...

... Ela também assina a decoração do Mar Menino

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// À Mesa

Destaque do menu: piaba frita com creme de pipoca

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// pRaToS Aliado ao ambiente descontraído, o O Mar Menino ganha identidade própria na oferta de pratos pouco convencionais. O cardápio traz 15 entradas e seis pratos, além das três sobremesas - cheesecake de queijo coalho com goiabada, torta de chocolate amargo com doce de leite e mousse de chocolate amargo. Um dos destaques no menu é a piaba frita com creme de pipoca, resultado de uma brincadeira gastronômica, pois a piaba é crocante e a pipoca tem um pouco do mar. Outra pedida é a panelinha de frutos do mar com polvo, peixe e camarões cozidos, molho de tomate e vinho tinto, servida com torradinha. O camarão defumado com abóbora e caldo de cogumelos é outro prato que conquistou a clientela. “O legal é que eu consigo determinar a origem de cada produto. Por exemplo, os camarões vêm da Quixaba e a gente defuma com casca de aroeira. As abóboras vêm de São Benedito. O queijo coalho é do Jaguaribe. Os cogumelos são plantados em Guaramiranga e a gente finaliza com alguns brotos que são plantados em Cascavel”, diz Leonardo. Segundo o chef, a proposta é fazer uma busca por sabores. “Trabalhar essa cultura é como abrir um piano de muitas e muitas teclas. Você precisa saber o que tem para começar a tocar. Descobri até um peixe novo, pego de forma artesanal e sempre enviado para mim com menos de 24 horas de pescado”, diz, ressaltando que “o custo acaba passando para o preço final do prato. Mas a gente espera que as pessoas percebam a qualidade, o trabalho de pesquisa que vem de muito tempo. E a gente vai mostrando esse trabalho”.

Pratos a base de frutos do mar frescos dão o tom do cardápio

Entre as bebidas, a atração são as caipirinhas e caipiroscas feitas com produtos locais e misturas inusitadas, como limão com rapadura, cajá com pimenta rosa e manga com pimenta.

Endereço: Avenida Barao de Studart, 1043 Fortaleza - (85) 3039-5359 ,

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// Tijolo por Tijolo

O poder da oportunidade Iniciar-se no mercado de trabalho requer determinação, talento e oportunidade. Na Porto Freire, estudantes do ensino profissionalizante dão os primeiros passos para o futuro.

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H

á três anos na Porto Freire Engenharia, a assistente de setor pessoal Larissa Vinhas, 20 anos, parece ter nascido pronta. O jeito sereno e a segurança ao falar surpreendem pela pouca idade, mas na verdade são reflexos de alguém que cedo decidiu tomar conta do seu futuro. “Meu pai trabalha como motorista e minha mãe é dona de casa. Eles sempre fizeram tudo para eu crescer, me incentivando através das atitudes deles. Então, tive um espelho dentro de casa, a minha família”, diz, com aquele jeito de gente nascida para vencer.

Obstinação é algo que também sobra em Mávio Costa, 18, estagiário do setor de Tecnologia da Informação há pouco mais de um ano. E some-se a isso muito talento e criatividade. “Me identifiquei com essa área desde os 10 anos. Aprendi tudo em casa, vendo vídeos na internet, procurando ler sobre o assunto e tirando as dúvidas na escola com os meus professores. Com 11 anos, ia sozinho para o centro da cidade fazer curso de informática e de edição de imagens”, lembra. A emoção que toma conta de Celiana Rocha, 17 anos, enquanto ela fala de sua ainda curta

experiência como estagiária na construtora, aponta que o discurso dos colegas não lhe soa estranho, afinal, se aproxima da sua própria história de vida. Filha de uma auxiliar administrativa e de um policial, ela, assim como Larissa e Mávio, busca no exemplo de trabalho da família e no próprio esforço o combustível para realizar seus sonhos. “Estou aqui há três meses e a expectativa está aumentando. Bate aquele nervosismo. Mas estou procurando cada dia mais alcançar meus objetivos e crescer”, ressalta.

Coordenador de DH, Felipe Teixeira (à direita) conversa com os estagiários

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// Tijolo por Tijolo

// Oportunidade Em um mundo no qual as oportunidades não chegam para todos, o que seria dos sonhos de pessoas como Celiana, Mávio, Larissa, e se não fosse a aposta de empresas nos jovens em aprendizado? É o que faz a Porto Freire ao buscar novos talentos por meio das escolas estaduais de educação profissional instituídas no Ceará, contribuindo, desta forma, para a educação e a formação de futuros profissionais. As escolas de educação profissional têm funcionamento em tempo integral, organizando e integrando o ensino médio à educação profissional. Como a própria definição oficial diz, elas configuram cenários de cidadania que articulam o direito à educação e ao trabalho. “Normalmente, o período de estágio é no segundo semestre do terceiro ano do ensino médio. É quando eles vão para dentro das empresas, a fim de colocar em prática o conhecimento que adquiriram. A maioria tem entre 17 e 18 anos. E tem sido uma experiência muito rica, não apenas em questões profissionais, mas porque a gente vai aprendendo sobre as dificuldades que eles têm, o que oportuniza ações para um melhor apoio”, avalia o coordenador de Desenvolvimento Humano da Porto Freire, Felipe Teixeira.

Celiana, Mávio e Larissa contam suas experiências na Porto Freire

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// Parceria Na construtora, os setores para a atuação dos estudantes são diversos, como as áreas de tecnologia da informação, setor pessoal, financeiro, SAC, atendimento, edificações e segurança do trabalho. Os jovens que integram o programa são remunerados pelo governo e após este período, aqueles que se destacaram em sua área acabam contratados como estagiários da construtora ao entrarem na universidade, como é o caso de Larissa e Mávio. “Quando eu terminei a escola ainda era menor de idade, tinha 17 anos. Para seguir no estágio, eu tinha que estar em alguma instituição de ensino. O Felipe me orientou a iniciar um curso em uma instituição particular até eu ser aprovado no vestibular para poder continuar. Quando entrei na faculdade, saí dessa instituição e passei a estagiário de nível superior”, orgulha-se Mávio. Perguntado se o trabalho na construtora traz um retorno para o exercício futuro da sua profissão, Mávio é enfático. “Sim, porque eles entendem que o estágio é um período no qual a gente está ali para colocar em prática o que aprende no curso técnico ou na faculdade, respeitando principalmente os nossos horários”, complementa. Celiana faz coro com o comentário do colega. “As orientações que recebemos são muito importantes. A gente está na escola, vendo a parte teórica, colhendo informações, e aqui nós colocamos na prática tudo aquilo que aprendemos. Quando eu cheguei, estava muito apreensiva, mas tudo foi além das minhas expectativas. Eles se sentam com a gente, tiram dúvidas e cada dia eu aprendo mais”, diz.

// Apoio Uma das que tiraram dúvidas de Celiana foi a própria Larissa, que já sentiu na pele a expectativa desse começo. “A gente fica envergonhado, com medo, ansioso se vão gostar do nosso trabalho ou não. Mas tudo é aprendizado. Foi assim que me ensinaram. Quando comecei, minha família chegou a fazer uma comemoração. Ficaram muito orgulhosos”, diz, emocionada. Perguntada sobre o que pensa para o futuro, Larissa conta sobre os seus sonhos. “Quando eu vi que estava crescendo, agradeci muito a Deus, pois é difícil entrar cedo no mercado de trabalho. A maioria dos meus amigos ainda hoje luta para conseguir uma oportunidade. Eu consegui um emprego, consegui entrar na faculdade, tudo isso aos 18 anos. Hoje, eu penso em ir mais longe, fazer uma pós-graduação, abrir um escritório de contabilidade”, vislumbra.

Os estudantes celebram a oportunidade de trabalho dada pela Porto Freire

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//Estilo Indica

A volta de Pedro Almodóvar ao cinema traz um drama recheado de culpas. Um sentimento que silencia os personagens. Daí, o filme se chamar, inicialmente, Silêncio, para depois receber o nome da protagonista: Julieta. Uma mulher que se deixa levar pela dor frente às tragédias que mudam, em distintas etapas, o rumo de sua vida.

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silêncio de Julieta

m “Julieta” não vamos encontrar o mesmo brilho de filmes anteriores de Pedro Almodóvar, como “Tudo sobre minha mãe” e “Fale com ela”, que lhe renderam dois Oscars, consagrando-o como um dos mais importantes cineastas da atualidade. Mas, é possível ver os traços que marcaram a carreira deste irreverente diretor espanhol: a história gira em torno do universo feminino e os dramas que afetam a sua alma. Mesclando passado e presente, com uma atuação brilhante das atrizes Adriana Ugarte e Emma Suarez, que dividem o mesmo personagem, Julieta, o filme deixa de lado as cores intensas que costumam acompanhar o ambiente cinematográfico de Almodóvar, para dar lugar a tons mais sóbrios, mais comedidos. Da mesma forma, ao contrário das mulheres fortes, que escancaram seus sentimentos, outra marca dos seus filmes, vamos encontrar personagens frágeis e reprimidos.

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E é na repressão dos sentimentos que está o cerne da história. As tragédias que abalam a vida dos personagens, sobretudo, da protagonista, geram culpas que são silenciadas e influenciam as suas atitudes. Baseado em três contos do livro “A fugitiva”, da premiada escritora canadense Alice Munro (Nobel de Literatura), o roteiro, que, inicialmente, ganhou o título de um dos contos, Silêncio, descreve a história de uma mãe que, depois de ter sido abandonada, sem qualquer explicação, por sua filha de 18 anos, decide apagar qualquer vestígio dela em sua vida. Aparentemente, consegue se reestruturar, encontra um amor e com ele planeja deixar a Espanha para viver em Portugal. Um dia antes da viagem, ela reencontra uma amiga de infância de sua filha e tudo desmorona à sua volta. Desiste da viagem e do namorado, volta a morar no prédio onde vivia com a sua filha e decide escrever para ela, de quem não tem notícias há 12 anos, contando a sua história. Aí, se releva todo o drama do personagem e do filme.


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